22 OUT | 2014 JAQUES MORELENBAUM – CELLOSAM3ATRIO ED MOTTA QUARTET 21:00 SALA SUGGIA Jaques Morelenbaum – CelloSam3aTrio Jaques Morelenbaum violoncelo Lula Galvão guitarra Marcelo Costa bateria Saudade do Futuro, Futuro da Saudade Foi no rádio da cozinheira que trabalhava em sua casa que o violoncelista, compositor, arranjador e produtor Ja‑ ques Morelenbaum descobriu o samba. Os seus pais não tinham um só disco de música brasileira: “Eu sou filho de imigrantes, a primeira geração de brasileiros, e des‑ de muito pequeno busco a minha identidade, pois meu berço é a cultura europeia: quando eu era garoto, tudo o que me cercava era a música clássica.” A mãe era profes‑ sora de piano, e o pai violinista, tendo­‑se tornado maes‑ tro no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Sempre pre‑ sente em concertos sinfónicos, bailados e óperas, Jaques iniciou aulas de piano aos seis anos, e optou pelo violon‑ celo aos 12. Colaborou com Antonio Carlos Jobim durante 10 anos, Egberto Gismonti por 5 anos e Caetano Veloso por 14 anos, do qual foi director musical e arranjador. Mas a lista de grandes personalidades musicais internacionais com quem tem trabalhado é infindável e inclui Sting, Cesária Évora, Juliette Greco, Michel Legrand, John Scofield, Ma‑ dredeus, Mariza, Rui Veloso, Paulo Flores, Milton Nasci‑ mento, Chico Buarque, Maria Bethânia, Ryuichi Sakamo‑ to, entre muitos outros. Participou em 700 álbuns como violoncelista, arranjador, compositor, maestro e produ‑ tor, e faz música para cinema. O seu primeiro disco em nome próprio surge agora através do CelloSam3aTrio, com o título Saudade do Futuro, Futuro da Saudade (Biscoito Fino), e nele faz questão MECENAS PROGRAMAS DE SALA de homenagear quase todos os mestres com quem tocou: Tom Jobim, Gilberto Gil, Caetano Veloso, João Donato, além de outros que fizeram parte de sua formação musi‑ cal, com destaque absoluto para João Gilberto. “Eu que‑ ria aprender o samba e elegi um professor: João Gilberto. Minha bíblia, minha escola de samba foi o álbum branco de João Gilberto, gravado em 1973. Transcrevi nota por nota, acorde por acorde, ritmo por ritmo, clássicos deste disco que me interessavam.” O repertório é centrado na música daqueles que considera serem os seus “mestres”: “João Gilberto, que eu sempre toco em meus shows, Tom Jobim, com quem toquei durante dez anos, Egberto Gis‑ monti que não está neste disco mas cuja música sempre me inspirou, Gilberto Gil, Caetano Veloso.” O tema “Re‑ ceita de Samba”, de Jacob do Bandolim, foi uma suges‑ tão de Lula Galvão. O álbum inclui também duas compo‑ sições de Morelenbaum (“Maracatuesday” e “Ar Livre”), “Abaporu” (Lula Galvão) e “Fla x Flu” (Luizão Paiva). Para lembrar João Gilberto, entrou no repertório “Tim­‑tim por tim­‑tim” (Haroldo Barbosa/Geraldo Jaques). MECENAS CASA DA MÚSICA MECENAS CICLO JAZZ APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL CASA DA MÚSICA Ed Motta Quartet Ed Motta composição, piano e voz Miguel Casais bateria Paulinho guitarra Hannes Huefken baixo Ed Motta: AOR AOR é uma sigla norte­‑americana inventada pelas es‑ tações de rádio, nos anos 70, para a expressão “Album Oriented Rock” ou “Adult Oriented Rock”. Os significa‑ dos e estéticas associadas são várias: gravações de dife‑ rentes géneros de música como funk, soul, música brasi‑ leira, argentina, francesa, ou italiana, reggae, etc. Um dos melhores exemplos é a lendária banda soul/funk Earth Wind & Fire, chamada AOR devido à produção extrema‑ mente cuidada. No Brasil, refira­‑se os nomes de Lincoln Olivetti, Guilherme Arantes, Roupa Nova, Rita Lee, Lucia Turnbull, Claudia Telles e êxitos, ainda hoje tocados, de Dalto, Marcos Sabino, Renato Terra, Biafra, Rádio Taxi, Don Beto, Ivan Lins nos anos 80, etc. […] A minha música sempre partilhou esta estética. [O meu novo álbum AOR] é um dos mais intrincados que já fiz. As misturas foram feitas ao ritmo de uma semana por can‑ ção, quando na maior parte dos discos, especialmente no Brasil, é feita em um dia. O técnico de som foi Mario Leo, um dos maiores talentos que já encontrei na área. Na cultura AOR, o que se pretende é um som cintilan‑ te, tal como se quer um baixo extremamente grave no re‑ ggae. No mundo da música pop, a delicadeza é errada‑ mente interpretada como frieza, maneirismo. No AOR, a perfeição técnica é uma virtude, tal como no jazz e na música clássica. […] As letras das minhas canções foram escritas por ar‑ tistas por quem tenho grande respeito: Chico Amaral (sa‑ xofonista que participa no disco), Adriana Calcanhotto, a diva do AOR brasileiro Rita Lee, a artista de banda de‑ senhada Edna Lopes e o grande artista argentino Dante Spinetta. Cantor, compositor e coleccionador de discos, Ed Mot‑ ta atravessou influências como o disco, rock, soul e funk, e é hoje um dos autores mais sofisticados da MPB, com ligações ao jazz e à música erudita. Tornou­‑se conheci‑ do através da banda Conexão Japeri, formada com o gui‑ tarrista Comprido (Luiz Fernando) e contratada pela Warner em 1988, tendo então lançado Ed Motta & Conexão Japeri. Em 1990 lançou­‑se numa carreira a solo com o disco Um Contrato Com Deus. Ao longo dessa década, destacam­‑se canções compostas em parceria com o le‑ trista Aldir Blanc e a banda sonora do filme Pequeno Dicionário Amoroso, além do CD Manual Prático para Festas, Bailes e Afins. Regressando ao jazz e à MPB, em 2000 apresentou­‑se com o concerto “Músicas Antigas e Algu‑ mas Inéditas”. Cantou em filmes de animação da Disney. Em 2002 lançou o disco Dwitza, com uma lingua‑ gem fortemente marcada pelo jazz, e em 2005 Aystelum, onde sobressaem os cruzamentos de estilos e a sofistica‑ ção harmónica. Em 2012, compôs para a mini­‑série Subúrbia da Rede Globo, inspirando­‑se nas bandas sono‑ ras soul e funk dos filmes blaxploitation dos anos 70. Em 2013, lançou o álbum AOR numa edição dupla com tex‑ tos em português e em inglês, nomeado para o Grammy Latino e que já deu origem a várias digressões na Europa. ed motta A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE