ZH 2º CADERNO DISCOS MESTRINHO & NICOLAS KRASSIK NASCENTE De Gabriel Grossi e Félix Júnior ENCONTROS De Arthur Dutra e Zé Nogueira lançamentos A MÚSICA DE OSVALDO LACERDA PARA CLARINETA VOLUME 1 De Cristiano Alves HERALDO DO MONTE Os grandes mestres do fole nordestino Sivuca, Dominguinhos e Luiz Gonzaga são lembrados no novo disco dos acordeonistas cariocas Kiko Horta e Marcelo Caldi. A Orquestra de Sopros Pro Arte empresta um caráter erudito brasileiro às releituras contemporâneas de clássicos populares dos homenageados e a temas de Horta e Caldi, pianistas de formação. Essa espécie de suíte sertaneja inclui sucessos como De onde vem o baião, de Gilberto Gil. Dez faixas, independente, R$ 39,90 6 PEDRO E RENATA, DIVULGAÇÃO DUAS SANFONAS E UMA ORQUESTRA De Kiko Horta e Marcelo Caldi ZERO HORA | SEGUNDO CADERNO TERÇA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2016 A estreia da dupla formada pelo sanfoneiro brasileiro Mestrinho e pelo violinista francês Nicolas Krassik inclui versões virtuosísticas de músicas de Jacob do Bandolim, Garoto, Dominguinhos e Chico Buarque, entre outros. Os instrumentistas se conheceram tocando no Fé na Festa, grupo que acompanhava Gilberto Gil. Transitando entre o jazz e o instrumental brasileiro, Mestrinho e Krassik interpretam Formosa (Baden Powell e Vinicius de Moraes), Melodia sentimental (Villa-Lobos) e Feira de mangaio (Sivuca e Glória Gadelha), além de temas próprios. Onze faixas, Biscoito Fino, R$ 29,90 Parceiros há mais de 15 anos, Gabriel Grossi (harmônica) e Félix Júnior (violão de sete cordas) resolveram homenagear dois gênios em um disco cujo subtítulo é A música de Hermeto & Guinga. Os solistas criaram arranjos novos e inspirados para oito temas dos ídolos, além de comporem uma música para cada um deles. O repertório inclui Suíte norte sul leste oeste, Balaio e Fátima, de Hermeto Pascoal, e Senhorinha, Di menor e Baião de Lacan, canções com melodias de Guinga. Dez faixas, Biscoito Fino, R$ 29,90 O primeiro disco do duo formado pelo compositor e vibrafonista Arthur Dutra e pelo saxofonista Zé Nogueira é uma viagem sonora requintada e minimalista. Acompanhados pelo contrabaixista Bruno Aguilar, os solistas passeiam por 11 longas faixas – quatro delas com as presenças dos convidados Guinga (voz), Lorrah Cortesi (voz) e Marcos Suzano (percussão). Os “encontros” alternam composições próprias com temas como Nuvens douradas (Tom Jobim) e Nó na garganta (Guinga). Onze faixas, Som Livre, R$ 29,90 O compositor, arranjador e guitarrista paulistano Lourenço Rebetez misturou jazz e percussão de candomblé em CD Uma música em que todos são protagonistas GUITARRISTA LOURENÇO REBETEZ estreia em disco com o ótimo “O corpo de dentro” ROGER LERINA [email protected] A O clarinetista niteroiense Cristiano Alves registrou 10 peças do compositor paulistano Osvaldo Lacerda (1927 – 2011) neste primeiro volume, acompanhado de outros renomados solistas eruditos como o pianista Ricardo Ballestero e o trompista Philip Doyle. O repertório inclui as Variações sobre uma velha modinha, composição para clarineta e orquestra de cordas. Alves pretende lançar um segundo volume dedicado a Lacerda em 2017 – quando se completam 90 anos de nascimento do discípulo de Camargo Guarnieri e Aaron Copland. Dez composições, independente, R$ 29,90 Um dos maiores nomes da música instrumental brasileira, o compositor, arranjador e instrumentista recifense Heraldo do Monte batizou simplesmente com seu nome o 15º disco da carreira. Mestre da viola caipira, o músico de 81 anos apresenta, em formato de trio de violões e percussão, sete composições próprias e dois clássicos do choro: Lamentos (Pixinguinha e Vinicius de Moraes) e Doce de coco (Jacob de Bandolim). Nove faixas, Biscoito Fino, R$ 29,90 O CORPO DE DENTRO De Lourenço Rebetez Instrumental, independente, 10 faixas, R$ 29,90. Cotação: notável estreia em disco do guitarrista Lourenço Rebetez não se parece em nada com a de um virtuoso do instrumento. Em O corpo de dentro, o paulistano de 30 anos até toca em metade das faixas – mas o interesse do músico é mesmo mostrar seu talento como compositor e arranjador, dono de uma capacidade singular para colocar em harmonia sopros, percussão e acompanhamentos no primeiro plano. O resultado é uma sonoridade densa e complexa, em que todos os instrumentos assumem o protagonismo musical ao mesmo tempo, sem destaques individuais sobrepondo-se ao todo. – Primeiro eu componho, depois penso se tem espaço para a guitarra. Componho no piano. Meu interesse é fazer a composição e o arranjo juntos – explica Rebetez em entrevista a Zero Hora por telefone. Segundo o instrumentista, o excelente álbum recém-lançado começou a surgir em 2009, quando retornou ao Brasil depois de três anos de estudos intensos nos Estados Unidos, na prestigiadíssima Berklee College of Music de Boston, onde se formou em composição de jazz. Influenciado pelo estilo de escrita para conjuntos musicais de ícones jazzísticos como Duke Ellington, Gil Evans, Maria Schneider e Charles Mingus, em que os temas centrais e os solos fazem parte do mesmo tecido harmônico, o guitarrista encontrou a embocadura certa para seu trabalho quando conheceu a música do compositor e arranjador baiano Letieres Leite, criador da pulsante Orkestra Rumpilezz. – Comecei a pesquisar os toques afro-brasileiros que são menos conhecidos, como vassi, opanijé, aguerê e barravento. Fiquei completamente louco quando ouvi o Letieres Leite e a orquestra dele, estudei com ele. Gosto muito do som dos atabaques do candomblé, especialmente o rum, o tambor mas grave, que quebra o ritmo e é tocado de uma maneira melódica. No disco, a percussão forma um naipe como os metais, não é decorativa – diz Rebetez, lembrando que ele próprio tem ascendência baiana. Em O corpo de dentro, o autor reuniu um eclético grupo de músicos jovens como ele: nos sopros, amigos que tocam em São Paulo em big bands ou acompanhando cantores em musicais, quase todos com formação em bandas de igrejas evangélicas ou em faculdades de música; nas percussões, instrumentistas de Salvador egressos dos terreiros de candomblé. A produção é de Arto Lindsay, músico americano que já trabalhou com nomes como Caetano Veloso, David Byrne, Marisa Monte, Laurie Anderson, Marc Ribot, Bill Frisell e Arnaldo Antunes. – Achava que seria legal ter um produtor experiente. Conhecia o Arto de encarte, de ver o nome dele em discos que eu gosto. O Arto tem um background completamente oposto ao meu. Eu não queria fazer um disco de jazz purista, queria alguém que trouxesse coisas para além do universo hi-fi do jazz. Ele se entusiasmou pelo projeto. Apesar da nossa formação oposta, temos muitas afinidades. Arto dizia que ele era o antimúsico e eu era o supermúsico – resume o brasileiro. Os 10 temas do álbum foram batizados com nomes ilustrativos, como Ozu (referência ao cineasta japonês Yasujiro Ozu) e Sombrero. – Os títulos são imagéticos, remetem a sugestões visuais, a atmosferas. Birjand é uma cidade do Irã e remete a Isfahan, música de Duke Ellington que também é o nome de outra cidade daquele país. Ímã tem a ver com os dois polos rítmicos desse tema. Pontieva é o nome de uma orquídea.