Pró-Reitoria de Graduação Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda Trabalho de Conclusão de Curso MOBILE MARKETING E SUA APLICAÇÃO NA PUBLICIDADE Autor: Guilherme Franco de Paula Orientadora: Tatiana Castro Mota Brasília - DF 2011 2 GUILHERME FRANCO DE PAULA MOBILE MARKETING E SUA APLICAÇÃO NA PUBLICIDADE Monografia apresentada ao curso de graduação em Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Comunicação Social Habilitação em Publicidade e Prograganda. Orientador: Prof.ª Tatiana Castro Mota BRASÍLIA 2011 3 Monografia de autoria de Guilherme Franco de Paula, intitulada “Mobile marketing e sua aplicação na publicidade”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social - Habilitação em Publicidade e Propaganda, defendido e aprovado em 24 de novembro, pela banca abaixo assinada: ___________________________________________________________________ Prof.ª Tatiana Castro Mota Orientadora ___________________________________________________________________ Prof.ª Valesca Ottoni Teatini de Andrade Lobo ___________________________________________________________________ Prof.ª Raquel Cantarelli Vieira da Cunha BRASÍLIA 2011 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a minha família pelo suporte e apoio ao longo de toda essa caminhada. Aos meus amigos que me aguentaram, principalmente, neste final de curso, onde só falava sobre este trabalho. Agradeço também aos amigos feitos ao longo da universidade, pois sem eles não teria chegado até aqui. Agradeço também a minha orientadora Tatiana por toda a paciência e dedicação. 5 RESUMO Pretendo demostrar com esse trabalho como o mobile marketing tem se tornado uma realidade em muitos planos de comunicação e uma ferramenta potente na divulgação de produtos e marcas. Para tanto utilizarei de pesquisas e dados que mostram a força do mobile no cenário brasileiro e utilizarei a campanha “Fique por Dentro” da empresa estatal brasileira Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), realizada de novembro de 2009 até o atual momento, novembro de 2011. Percebemos então que o mobile é uma ferramenta que já vêm sendo utilizada que está conquistando seu espaço dentro do ambiente virtual e da publicidade. Palavras-chave: Mobile Marketing, Marketing Digital, Mobile, Celular 6 ABSTRACT I intend to demonstrate in this work as mobile marketing has become a reality at many levels of communication and a powerful tool in the promotion of products and brands. To do so will use research and data that show the power of mobile in the Brazilian and the campaign will use "The Inside" of the Brazilian state company Infraero (Brazilian Company of Airport Infrastructure), held from November 2009 until the present moment, November 2011. We realized that the mobile is a tool that is already being used that is taking its place within the virtual environment and advertising. Keywords: Mobile Marketing, Marketing Digital, Mobile, Cellular 7 SUMARIO 1.Introdução e Problematização 9 1.1.Apresentação Definir o que é mobile aqui 9 1.2.Objetivos 11 1.2.1.Gerais 11 1.2.2.Específicos 11 1.3.Justificativas 12 1.4.Metodologia 14 2.Nova Cultura 16 2.1.Cibercultura 16 2.2.Mobilidade 19 2.3.Convergência 21 3.Celular 24 3.1.Aparelho Celular 24 3.2.Cenário do Celular no Brasil 26 4.Marketing 33 4.1.Marketing Tradicional 33 4.2.Marketing Digital 35 4.3.Mobile Marketing 39 4.3.1.RFID 45 4.3.2.Bluetooth 46 4.3.3.SMS / MMS 49 4.3.4.GPS 53 4.3.5.Mobile Tagging 55 4.3.6.Mobile TV 58 4.3.7.Banners Mobile 58 8 4.3.8.Aplicativo 59 5.Análise 62 5.1.Análise de Campanha (Voos On-Line) Infraero 62 5.2.Campanha 63 5.2.1.SMS 66 5.2.2.Bluetooth 67 5.2.3.Aplicativo 68 6.Considerações Finais 74 7.Bibliografia 76 9 1.Introdução e Problematização 1.1.Apresentação Atualmente vivemos na era da velocidade, da multiplicidade, na qual uma infinidade de anúncios publicitários tentam captar a atenção de diferentes consumidores. Devido a essa rapidez dos dias atuais, e da adaptação desses sujeitos com a publicidade no seu cotidiano, muitos anúncios passam desapercebidos pelo público-alvo. Em razão desse fato, marcas empresariais com o auxilio das tecnologias vêm buscando novas formas de comunicação com seus consumidores, como por exemplo, podemos citar o mobile, a internet, totens interativos e flash mob. Para compreender como as tecnologias e os novos formatos de comunicação estão sendo utilizados devemos entender primeiro como o novo consumidor está relacionando-se com o mundo, com as pessoas, com as novas tecnologias e, principalmente, com as marcas e produtos. Pode-se observar que a publicidade considerada tradicional ou “off-line” baseia-se em um anúncio pouco interativo que tem como objetivo informar e divulgar um produto, marca ou ideia. Entretanto, percebe-se que o novo consumidor está buscando uma maneira de comunicar-se, interagir. Esse consumidor quer dizer o que pensa sobre a marca e comunicar com ela. Essa é a nova forma de comunicação, por meio da interação, que o novo consumidor deseja e é o ponto crucial de meu interesse diante dos novos rumos da comunicação. Segundo Hugo Grant1 o celular é o equipamento que mais possibilita até o momento uma interação rápida. Este que antes era apenas um aparelho telefônico móvel, passou a ser também um equipamento que permite jogar e ouvir rádio. Os novos celulares, smartphones, além das possibilidade já mencionadas, possuem 1 (RAMON, Et. al , 2007, p.7) 10 acesso instantâneo a internet por meio das redes sem fio (Wi-Fi)2, WAP3, 3G4 ou 4G 5. Essas novas tecnologias nos mobiles permitem que o usuário acesse o mundo a partir de um aparelho que cabe na palma da mão. ! O celular no Brasil tem um índice de penetração e de afinidade altos na população brasileira das classes A, B, C com mais de 18 anos, segundo dados do TGI IBOPE coletados de Agosto de 2009 a Janeiro de 2010. Além disso, o país possui mais de 185 milhões de linhas de telefonia celular, conforme dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)6. Com base nesses dados, temos uma plataforma que permite uma comunicação direcionada e com dispersão quase nula da mensagem, pois no mobile ao realizar uma campanha temos como direcionar com mais exatidão o público-alvo desejado. ! Diante desse cenário e da relevância que o mobile passa a ter na vida das pessoas, este trabalho tem como objetivo entender o que é o mobile marketing e como este tem sido utilizado nas campanhas publicitárias. ! Para isso será abordado, a partir do segundo capítulo, a nova cultura em que estamos vivendo. No terceiro capítulo discutiremos a evolução do celular e o cenário do mobile no Brasil, no quarto capítulo o marketing e suas vertentes, como o marketing digital e o mobile marketing. No quinto capítulo será realizada a análise da campanha “Fique por Dentro” da Infraero. 2 É uma protocolo de comunicação sem fio de rede local, cuja denominação técnica é 802.11b. Oferece intercomunicação entre, no máximo, dez dispositivos e acesso sem fio à internet a uma velocidade de até 11 Mbps. Possui raio de ação de até 100 metros em espaços abertos e de 45 metros em ambientes fechados com parede. Atualmente essa tecnologia está sendo instalada em espaços públicos como universidades, hotéis, aeroportos e cafeterias, onde há grande potencial e se consegue uma ampla implementação. (ROMÁN et al., 2007, p. 94) 3 (WAP) Wirelees Application Protocol, serviço que possibilita acesso ao correio eletrônico e a páginas da web de texto através da telefonia celular, pagers e outros dispositivos. Adapta os serviços da internet ao celular (notícias, e-mail, entretenimento, etc.), não apresentando gráficos e animações próprios de página web. Trata-se de uma navegação otimizada para dispositivos com capacidade gráficas limitadas como os celulares atuais. (ROMÁN et al., 2007, p. 93) 4 Terceira geração de aparelhos celulares 5 Quarta geração de aparelhos celulares 6 http://www.mobilepedia.com.br/noticias/confirmado-brasil-tem-mais-celulares-do-que- habitantes 11 1.2.Objetivos 1.2.1.Gerais Realizar um estudo que permita a compreensão do que é o mobile marketing e como este tem sido utilizado nas campanhas publicitárias atualmente, com foco na campanha “Fique por Dentro” da Infraero, realizada de dezembro de 2009 até o atual momento. 1.2.2.Específicos - Verificar como o celular passou de apenas um aparelho de telefonia para um meio de comunicação convergente. - Analisar como o mobile marketing está crescendo na publicidade. - Verificar as diversas formas que podemos trabalhar o mobile marketing. - Ilustrar o uso do mobile na campanha Fiquer Por Dentro. 12 1.3.Justificativas Primeiramente, a escolha do tema mobile marketing se deve ao fato do meu interesse (usuário) pelo celular, smartphone, e também por estar conectado à internet, redes sociais e aplicativos, recebendo informação e interagindo com pessoas e marcas por meio da plataforma mobile. Isso possibilita-me o acesso e a participação em campanhas desenvolvidas e destinadas a essa plataforma. A temática desenvolvida nesse trabalho surgiu também pela curiosidade de como o mobile tem sido utilizado pelas agências de publicidade na criação de campanhas interativas, que se destacam das que são realizadas somente nos meios de massa tradicionais. uma pessoa geralmente vê 300 mensagens publicitárias por dia; o meio com maior penetração é a TV, e seu consumo é de 219 minutos por dia; a cota de publicidade na TV é de 13%, o que significa que um indivíduo vê em média, 29 minutos de publicidade por dia, equivalente a 86 comerciais. (ROMÁN et al., 2007, p. 3) Outro fator que deve ser levado em consideração é que o investimento publicitário no mobile vem aumentando e isso cria um mercado promissor com muitas possibilidades para novos investimentos e uma área a ser explorada pelos profissionais de comunicação o mobile marketing é uma ferramenta muito potente que geralmente obtém taxas de resposta muito superiores a outras ações de marketing direto, normalmente entre 5% e 15%. (ROMÁN et al., 2007, p. 16) A experiência profissional também contribuiu para a escolha deste assunto, pois trabalhar em agência de publicidade no departamento de mídia possibilitou-me o entendimento das características dos meios de comunicação. Mostrou também como o cliente se comporta ao analisar um plano de mídia e como ocorre na hora de realizar o corte para ter a sua campanha adequada à verba que realmente possui. É nesse momento que o mobile era retirado do plano por ser um meio pouco conhecido no mercado. 13 a falta de modelos comerciais claros, bem definidos, variados e comuns a todas as operadoras, para que empresas de qualquer porte possam adotálo; e a falta de listas de celulares opt-in 7 para iniciar ações. (ROMÁN et al., 2007) E, por fim, o assunto aqui tratado é recente e não há muita publicação, o que faz esta monografia ter relevância acadêmica e técnica, pois poderá contribuir para o crescimento e desenvolvimento da temática. Corresponde ao conjunto de regras segundo as quais as mensagens de marketing ou de caráter comercial só são enviadas para aqueles que expressem, prévia e explicitamente, o seu consentimento 7 14 1.4.Metodologia O mobile marketing é uma vertente do marketing que vem crescendo e tomando novos rumos à medida que a plataforma mobile e, principalmente os celulares, vão evoluindo tecnologicamente e se confirmando como uma ferramenta que não pode faltar na vida das pessoas. Para conseguir compreender o que é o mobile marketing é necessário que, primeiro, compreendamos o que é o marketing e como é aplicado, para depois, entendermos como o celular - que, no inicio, era apenas um aparelho de comunicação móvel que permitia as pessoas falarem enquanto estavam se movimentando - tornou-se uma ferramenta imprescindível à vida dos seres humanos. (ROMAN, 2007). Cada vez mais, atividades da vida diária do indivíduo são realizadas de forma móvel: desde solicitar informações, conectar-se à internet e controlar a conta bancária, até divertir-se, relacionar-se, procurar um lugar para jantar, ouvir música, jogar e gravar vídeos e fotos. Tudo isso de forma cada vez mais rápida! “Navegar já era, é hora de voar”.8 (ROMÁN et al., 2007, p 1) Mas, antes de compreendermos o porquê o celular tornou-se imprescindível para o indivíduo, faz-se necessário entender a cultura que estamos vivendo, a cibercultura, a mobilidade e a convergência que esse aparelho proporciona. Para isso, foi feito uma pesquisa bibliográfica com alguns autores como: Henry Jenkins, que analisa a convergência e a narrativa do storytelling; Philip Kotler e Martha Gabriel, teóricos do marketing, marketing digital e mobile marketing e André Lemos, teórico da cibercultura e mobilidade. Além da pesquisa bibliográfica, foi realizada uma pesquisa documental com base em pesquisas e dados não divulgados de forma completa para o mercado9 e em revistas e sites destinados ao assunto. A escolha da campanha “Fique por Dentro” da Infraero se deve ao fato de ser uma campanha desenvolvida ao longo de dois anos, o que possibilitou uma análise detalhada dos dados colhidos nesse período, e por ter sido considerada pela 8 Do original: “Navegar ha muerto, es tiempo de volar”, slogan de uma campanha de telecomunicação espanhola 9 Pesquisas pagas como o TGI Ibope e pesquisas internas das agências e dos clientes que não foram divulgadas. 15 revista Proxxima uma das cinco melhores campanhas a trabalhar o meio mobile em 2010. 16 2.Nova Cultura 2.1.Cibercultura Em 1962 os diretores William Hanna10 e Joseph Barbera11 criaram o desenho animado Os Jetsons12. O desenho se passava num futuro distante onde os carros eram naves espaciais, a cidade não era mais no solo, mas sim no céu, os empregados eram robôs inteligentes e haviam formas de comunicação móvel com holografia13. O modo em que os personagens principais da família Jetson (George, Jade, Judy, Eiroy e Astro) vivia era parecido com algumas situações da nossa vida contemporânea. Entretanto, alguns anos passaram-se e ainda não vivemos completamente da mesma forma que os Jetsons. Porém, de 1962 para cá transformações ocorreram. Não estamos vivendo nos céus, mas as tecnologias mudaram as formas como nos relacionamos. Essa forma de relacionamento com o mundo, provocada pelo surgimento das novas tecnologias, forma uma nova sociedade, uma nova cultura intitulada por alguns estudiosos (LEVY, 2000; LEMOS, 2003) de cibercultura. A cibercultura não é novidade ou uma criação de Hanna e Barbera ou apenas uma cultura que surgiu no século XXI, mas é uma “cultura contemporânea marcada pelas tecnologias digitais” (LEMOS, 2003). Sendo assim, já vivemos a cibercultura há algum tempo e ela pode ser definida segundo André Lemos como: [...] a forma sociocultural que emerge da relação simbiótica entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base micro-eletrônica que surgiam com a convergência das telecomunicações com a informática na década de 70. (LEMOS, 2003, p.11) Da mesma forma que Lemos define a cibercultura como uma relação entre a sociedade e novas tecnologias, Pierry Lévy, autor do livro Cibercultura, a define 10 Cartunista e animardor estadunidense. Foi diretor da unidade da Metro-Goldwyn-Mayer onde criou diversos desenhos animados como Tom & Jerry, Os Flinstones, Zé Colméia, Scooby-Doo, Os Jetsons entre outros. Além de ser fundador da empresa de animações Hanna-Barbera. (Wikipédia, 2010) 11 Cartunista estadunidense que junto com William Hanna criou diversos desenhos animados como Os Flinstones, Os Jetsons, Zé Colméia, Scooby-Doo, Tom & Jerry entre outros. Além de ser cofundador da empresa de animações Hanna-Barbera (Wikipédia, 2010) 12 Série animada criada e produzida pela empresa Hanna-Barbera nos anos de 1962 e 1963 que mostrava o que seria o futuro da Humanidade. (Wikipédia, 2010) 13 Forma de registrar e apresentar uma imagem em três dimensões por meio de lasers que se unem em um ponto formando uma imagem. 17 também como uma relação entre sociedade e novas tecnologias para o desenvolvimento de um novo espaço, o ciberespaço: [...] o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais ), de prática, de atitudes, de modo de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço (LÉVY, 2000, p. 17) As tecnologias digitais já estão presentes em nossas vidas há pelo menos 30 anos, podemos então perceber a partir das citações que elas se intensificam na década de 70, quando os primeiros Personal Computers (PC) começam a fazer parte da vida da população (LEMOS, 2003; 2009). No inicio, o acesso aos computadores era uma exclusividade dos militares e das universidades para uso interno, depois passou para uso de empresas e de uma pequena parcela da população. Com a internet, a partir da década de noventa, a relação com o mundo e a maneira como nos comunicamos é novamente modificada. A relação de espaço e tempo se altera. Antes para nos comunicarmos, relacionarmos e obtermos informações era preciso encontros presenciais, cartas e telégrafos. Entretanto, com as novas tecnologias podemos estar em um local e agir em outro de forma rápida, ter a informação no minuto em que ela ocorreu como no caso do terremoto de 2010 em São Francisco e da ocupação da Favela da Rocinha em novembro de 2010 no Rio de Janeiro, no qual a notícia foi informada pela internet em menos de 2 minutos. “O fenômeno do colapso do tempo e espaço na propagação da informação propiciado pelas tecnologias digitais móveis está transformando o mundo em um mundo em tempo real.” (GABRIEL, 2010, p.90). Essas novas tecnologias permite-nos criar e compartilhar conteúdos no ambiente virtual - o ciberespaço - que pode ser compreendido como uma rede de computadores interligados. [...] é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. [...] não apenas uma infra-estrutura material de comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga [...]. (LÉVY, 2000, p.17) Percebemos então que a cada nova tecnologia e/ou nova mídia criada a relação do ser humano com o mundo é alterada. 18 Cada transformação midiática altera a nossa percepção espaço temporal, chegando na contemporaneidade a viverciarmos uma sensação de tempo real, imediato, “live”, e de abolição do espaço físico-geográfico. (LEMOS, 2003, p. 3) A partir do século XX, com o surgimento de uma nova fase da sociedade da informação e o desenvolvimento da computação sem fio, temos mudanças nas experiências sociais, na ausência do espaço urbano e na forma de produzir e receber a informação, pois agora “[...] com o Wi-Fi e as tecnologias GSM14 de telefonia móvel, comunidades eletrônicas se formam dentro de um mesmo espaço urbano, com encontros presenciais.” (LEMOS, 2003, p.8). Essas novas comunidades ocorrem porque, anteriormente, para que o usuário pudesse acessar ou se comunicar por meio da internet, ele teria que estar em um local fixo, pois o computador era ligado a internet por meio de um cabo. Com a nova tecnologia WI-Fi é possível se conectar a internet pelo wireless15 em ambientes abertos e ou ao ar livre permitindo a mobilidade. A maioria dos aparelhos de comunicação (telefone, televisão, copiadora, fax etc.) trarão, de uma forma ou de outra, interfaces com o mundo digital e estarão interconectados. Poderíamos dizer o mesmo de um número crescente de máquinas, de aparelhos de medição, de objetos “nômades” (PDAs - assistentes pessoais digitais - telefones celulares etc), de veículos de transporte individual etc. [...] convergem para uma extensão e uma multiplicação dos pontos de entrada no ciberespaço. (LÉVY, 2000, p. 38) 14 É o Sistema Global para Comunicação Móvel (Groupe Special Mobile). Foi desenvolvido na segunda geração da tecnologia de telefonia móvel e é o padrão mais popular do mundo para telefones celulares. 15 É uma rede sem fio referente a rede de computadores ou de dispositivos móveis que permite acesso a internet. 19 2.2.Mobilidade Quando pensamos em mobilidade, pensamos na capacidade de locomoção, de ser móvel, de podermos ir de um lugar para o outro e para onde quisermos. Essa característica, anteriormente, era somente atribuída aos seres vivos que podiam andar e se deslocar para diversos locais. No inicio, o ser humano se locomovia somente por meio dos seus pés, mas com o passar do tempo, tecnologias possibilitaram que esse deslocamento ocorresse de forma mais rápida, mais confortável e sem o uso da força física, como por exemplo, nos carros e aviões de hoje em dia. Diante dessa transformação, podemos verificar que o futuro da humanidade caminha para um mundo móvel, pois “o futuro é mobile porque a natureza do homem é mobile [...]” (GABRIEL, 2010, p. 159) Um exemplo disso é que com as tecnologias evoluindo, chegamos ao ponto em que várias delas já se tornaram móveis: o relógio de pulso, o notebook, o celular e outros que cabem dentro de pastas ou dentro dos bolsos. Cada vez mais, atividades da vida diária do indivíduo são realizadas de forma móvel: desde solicitar informações, conectar-se à internet e controlar a conta bancária, até divertir-se, realicionar-se, procurar um lugar para jantar, ouvir música, jogar e gravar vídeos e fotos. Tudo isso de forma cada vez mais rápida! “Navegar já era, é hora de voar”. (ROMÁN et al., 2007, p.1) Os aparelhos que antes eram grandes, o que impossibilitava de serem carregados facilmente, diminuíram de tamanho e isso permitiu que estejam presentes conosco em qualquer lugar. Para Lemos (2005, 2007) estamos na “era da conexão” que diz respeito a fase dos computadores coletivos móveis. A cultura comtemporânea é a cultura da mobilidade e, ainda, segundo o autor citado, essa mobilidade pode ser compreendida em quatro níveis. O primeiro corresponde ao do homem ser móvel, o que permite seu deslocamento; o segundo é relacionado ao social e permite que os indivíduos possam trocar de status social e de papel na sociedade; o terceiro é a capacidade do indivíduo se diferenciar dos demais, mesmo estando igual; o quarto, o que diretamente nos interessa, refere-se à mobilidade informacional que possibilita a desterritorialização comunicacional e a promessa de um mundo de “... dispositivos interconectados em rede que fornecerão conteúdo 20 relevante e informação para qualquer lugar que o usuário esteja” (SANTAELLA, 2008, p. 99) Essa desterritorilização comunicacional possibilita que as informações que antes eram somente anunciadas a uma população, em um local físico e único através dos meios de comunicação de massa, agora sejam transmitidas a toda a população da terra por meio das redes interconectadas, redes essas de acesso a internet sem fio, redes de telefonia que espalhadas pelo mundo implementam e ampliam os territórios informacionais. (LEMOS, 2007) Como anteriormente citado, o surgimento das novas tecnologias alterou nossas relações pessoais e a noção de tempo. Com a mobilidade, a definição de espaço se torna outra. Segundo Santaella (2008) temos que compreender a diferença entre espaço e lugar, sendo o primeiro uma estrutura do mundo, ou seja, o ambiente no qual objetos e eventos ocorrem; e o lugar sendo a maneira como o espaço é utilizado. Dessa forma estamos em um lugar, local físico, mas podemos estar nos comunicando através de uma conversa, ou acessando um espaço virtual, “o espaço físico se mescla ao espaço eletrônico” (Lemos, 2005). Ainda, segundo Lemos a sociedade de hoje está interconectada e pode ser considerada uma sociedade nômade, não no sentido que tinha anteriormente, onde os nômades buscavam um local para abrigo, água e comida, mas sim um local (escolas, universidades, praças) para conseguir acesso a rede de computadores, internet. Essa nova noção de espaço definida pela mobilidade, permitiu o acesso instantâneo à informação e o relacionamento por espaços virtuais por meio das redes sem fio a partir da World Wide Web (WWW), além de possibilitar por meio da geolocalização o mapeamento dos locais. Esse mapeamento é realizado por tags 16 (etiquetas), a partir de dispositivos celulares, tablets17 , palms18 e smartphones19, 16 Tag, etiqueta, é um metadado, uma palavra-chave ou termo associado a uma informação. Uma tag eletrônica é uma forma de vigilância não sub-reptícia em que um dispositivo eletrônico de GPS é colocado em um carro ou em uma pessoa 17 Dispositivo pessoal em forma de uma prancheta que pode ser usado para acesso a internet, visualização de fotos, vídeos, leitura de livros, jornais e revistas. Apresenta uma tela touch screen. 18 É um computador com dimensões reduzidas com grande capacidade computacional, cumprindo as funções de agenda e sistema informático de escritório elementar, com possibilidade de conexão com computadores pessoais e a rede Wi-Fi para acesso a internet. 19 É o telefone celular com funcionalidades avançadas que podem ser estendidas por meio de programas (aplicativos) executados no seu sistema operacional. E que tem como principais características a capacidade de conexão com redes de dados para acesso a internet e a capacidade de sincronismo dos dados com os computadores pessoais. 21 possuidores de GPS20 integrado. Essas etiquetas possibilitam integrar o ambiente virtual e real com dados relevantes sobre os locais “etiquetados” que podem ser acessados pela internet. As mídias locativas são utilizadas para agregar conteúdo digital a uma localidade, servindo para funções de monitoramento, vigilância, mapeamento, geoprocessamentos (GIS), localização, anotação ou jogos. Dessa forma, os lugares e objetos passam a dialogar com dispositivos informacionais, enviando, coletando e processando dados a a partir de uma relação estreita entre informação digital, localização e artefatos digitais. (Santaella, 2008, p. 97) Dentre todos os dispositivos apresentados (celulares, tablets, palms e smartphones) o celular foi o aparelho que conseguiu reunir a maior quantidade de funcionalidades em um único aparelho, o que o tornou imprescindível para o ser humano. É um atributo do celular, o que o torna móvel como o ser humano. Por isso ele está o tempo todo conosco, como se fosse uma parte de nós, no bolso, nas mãos, na bolsa. Assim, o conteúdo também se torna móvel. (ERTHAL, 2011) 2.3.Convergência O celular conseguiu convergir várias mídias em uma única plataforma. Mas o que é a convergência? A convergência é quando utilizamos vários meios de comunicação para informar ou divulgar um conteúdo, marca e/ou produto, sendo que cada meio é utilizado para contar um pedaço dessa história. Para Jenkins (2009) convergência é: fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam (JENKINS, 2009, p. 29) Esses conteúdos disseminados por diversas mídias para contar uma narrativa é denominado como transmídia, e pode ser definido como “o suporte 20 GPS (Global Position System) é o sistema global de posicionamento que permite a localização de um objeto a partir da triangulação dos satélites no espaço sideral. 22 colaborativo de múltiplas mídias para entregar uma única história ou tema, na qual a narrativa direciona o receptor de um meio para o próximo, conforme a força de cada meio para o diálogo.” (FILGUEIRAS, et al, 2008). Essa nova forma de comunicação por diversos meios permite formas distintas da recepção da mensagem e altera a relação entre as tecnologias existentes, indústrias, mercados, gêneros e públicos. Além de modificar também a forma como a indústria passa a se relacionar com esse público que agora tem o poder de criar seu próprio conteúdo. Por sua vez, a convergência dos meios de comunicação impacta o modo como consumimos esses meios. Um adolescente fazendo lição de casa pode trabalhar ao mesmo tempo em quatro ou cinco janelas no computador: navegar na internet, ouvir e baixar arquivos de MP3, bater papo com os amigos, digitar um trabalho e responder e-mails, alternando rapidamente as tarefas. E fãs de um popular seriado de televisão podem capturar amostras de diálogos no vídeo, resumir episódios, discutir sobre roteiros, criar fan fiction (ficção de fã), gravar suas próprias trilhas sonoras, fazer seus próprios filmes - e distribuir tudo isso ao mundo inteiro pela internet” (JENKIS, 2009, p. 44) Esse é o novo cenário, onde o consumidor passou a ser ativo, e decide o que, como e quando quer. Com esse novo poder, o usuário por meio do celular conseguiu ter todas as ferramentas necessárias para criar e disponibilizar o seu conteúdo. Nossos telefones celulares não são apenas aparelhos de telecomunicações; eles também nos permitem jogar, baixar informações da internet, tirar e enviar fotografias ou mensagens de texto. Cada vez mais, estão nos permitindo assistir a treilers de filmes, baixar capítulos de romances serializados ou comparecer a concertos e shows musicais em lugares remotos. (JENKINS, 2009, p. 43) Com isso podemos afirmar que o celular se tornou uma nova plataforma e uma nova mídia. A convergência das mídias tradicionais, jornal, rádio, televisão, revista e internet fizeram dele uma plataforma em que é possível acessar, visualizar, assistir e ler todo o conteúdo dessas mídias em um único local, tornando o celular uma plataforma. Além disso o celular possui uma linguagem própria, estabelecida 23 inicialmente pelos envios de mensagem SMS21, depois pelas MMS22, bluetooth23 e agora a do mobile. Essa coexistência de todas as mídias em um único local provocou o surgimento de uma nova cultura, a cultura da convergência “onde as velhas e novas mídias colidem, onde a mídia corporativa e a mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneira imprevisíveis.” (JENKINS, 2009, p. 27). Uma prova de que o celular tornou-se o exemplo máximo da convergência é o relato de Henry Jenkins em seu livro “A Cultura da Convergência”, em que conta a busca por um celular que somente fizesse ligações telefônicas. Ele não desejava câmera de vídeo, câmera fotográfica, acesso a internet, MP3 player, jogos, reprodução de vídeos e nem toques polifônicos. Em todas as lojas em que passara os vendedores diziam que esse tipo de aparelho não existia mais e em alguns locais até riram da busca por tal aparelho em vista dos atuais. Jenkins então relata: Fui informado, loja após loja, de que não fazem mais celulares de função única. Ninguém os quer. Foi uma poderosa demonstração de como os celulares se tornaram fundamentais no processo de convergência das mídias. (JENKINS, 2009 p.3) 21 (SMS) Shor Message Service, serviço presente em telefones celulares que permite o envio de mensagens curtas de texto com até 160 caracteres entre telefones móveis, fixos e outros dispositivos de mão. (ROMÁN et al., 2007) 22 (MMS) Multimedia Message Service, serviço que permite reunir em uma única mensagem de texto formatado, vídeo e áudio de alta qualidade, o que amplia muito as possibilidades de comunicação dos SMS . (ROMÁN et al., 2007) 23 Tecnologia de transmissão de dados que possibilita a criação de redes de áreas pessoais (personal area networks), permitindo aos usuários transmitir dados em uma velocidade de 1 Mbps a uma distância de até 10 metros. (ROMÁN et al., 2007) 24 3.Celular 3.1.Aparelho Celular A partir do conceito de mobilidade podemos entender melhor o que o aparelho de comunicação móvel, o celular, se tornou para as nossas vidas. O celular tem sua origem na década de 80, e inicialmente era muito mais pesado do que os atuais e o tempo de vida útil da bateria era muito baixo, o que era um empecilho para um aparelho que tinha como objetivo permitir que o usuário não precisasse estar preso a um lugar para utilizá-lo. O primeiro aparelho celular foi o Dyna Tac 8000x da fabricante Motorola que pesava aproximadamente 1 quilo, e media 25 centímetros. Apesar de ser tão grande e pesado foi esse aparelho que iniciou a era do celular. No início sua finalidade era servir apenas para a telefonia, ou seja, permitir que pudéssemos nos comunicar. Com a segunda geração (2G) de telefones na década de 90, novas tecnologias trouxeram mais utilidades para o celular como o serviço de SMS, ringtone 24 e o display colorido. A partir de então, ele não seria mais apenas um dispositivo de voz, mas sim, uma plataforma de convergência, pois passou a possuir mensagens multimídia, que possibilitaram ao usuário enviar e receber mensagens com músicas, fotos e mais informações do que apenas texto, além de possuir câmeras de imagem e de vídeo, jogos e vários outros aplicativos. Atualmente, estamos na terceira geração (3G). Na qual a tecnologia que mais se destacou foi a GPRS25 que possibilitou aos celulares uma maior velocidade no tráfego de informações pela rede. Com essa geração vieram os smartphones com suas novas possibilidades de interação, sensorialidade e com sistemas operacionais parecidos com os dos PC’s. Com os smartphones a tecnologia touch screen 26 popularizou-se e o nível de interação que ela trouxe mudou completamente o cenário, que anteriormente era apenas o de apertar botões pré determinados. Agora, podemos utilizar nossos dedos para realizar diversos comandos, e fazer vários movimentos como o de aumentar e 24 Ringtone é o toque do telefone ao receber uma chamada. 25 (GPRS) Serviço de Rádio de Pacote Geral é uma tecnologia que aumenta as taxas de transferências de dados das redes GSM existentes 26 É a tecnologia que possibilita que uma tela seja sensível ao toque. 25 diminuir uma imagem com dois dedos, de voltar uma página do navegador da internet, tocar e dar zoom em uma foto ou texto e de deslizar o dedo e fazer um desenho. Essa nova tecnologia trouxe uma sensorialidade (ERTHAL, 2011) ao celular que é a do tato, agora as nossas ações na superfície sensível têm uma reação instantânea no aparelho, esse poder de interação traz uma experiência diferente, pois podemos fazer do jeito que bem entendemos os movimentos para que o aparelho corresponda. Em 29 de junho de 2007 chega ao mercado norte americano o celular que modificou o cenário da telefonia mundial e que é o smartphone mais cobiçado do mercado. A fabricante de computadores Apple entra no mercado da telefonia móvel com o seu novo produto o iPhone. Os celulares deixaram de ser apenas telefones para se tornarem terminais mutlmídias, destacando-se pela alta velocidade de transmissão de dados. As telas coloridas, a miniaturização dos componentes e as baterias de longa duração são algumas das transformações da telefonia sem fio que contribuíram para que os “tijolos” se transformassem em IPhones.[...] (FREITAS, ROSSITER, PATRIOTA, 2010, p.16) Desde então o celular tornou-se a plataforma que possibilitou a convergência de várias mídias e de várias tecnologias. [...] o celular aparece como um grande exemplo da convergência midiática, abrangendo, ainda, os conceitos de interatividade e mobilidade. Pois, além de sua função telefônica, ele passa a ser um dispositivo que permite o acesso a internet, ao rádio, assistir televisão, tirar fotos, filmar, jogar games, acessar o GPS, entre outras funções, tornando-se, assim, uma eficaz ferramenta de entretenimento e produção de conteúdos. (FREITAS, ROSSITER, PATRIOTA, 2010, p.15) Percebemos que o celular é a plataforma que conseguiu convergir tudo em um aparelho pequeno e portátil, sendo o perfeito exemplo da mobilidade. Então podemos agora entender de maneira mais prática o que é a mobilidade que nos referimos no item anterior. Mobilidade seria a possibilidade de o ser humano poder se comunicar, interagir, produzir e consumir conteúdo de qualquer lugar. Ele não precisa mais estar conectado a um cabo ou a um PC para poder gerar e consumir o que deseja e na hora em que deseja. Segundo Lemos (2007) as tecnologias móveis estão tornando as cidades “desplugadas” onde o usuário móvel, interliga máquinas, pessoas e espaços urbanos. 26 3.2.Cenário do Celular no Brasil O cenário do mobile no Brasil é bem favorável ao mobile marketing, que será conceituado mais à frente, pois o celular está presente em todo o país. Podemos afirmar isso porque para que o mobile marketing funcione e tenha resultado é necessário que tenhamos uma base consistente de aparelhos mobile. Em 2009 o Brasil tinha 8 (oito) celulares para cada 10 (dez) habitantes (ANATEL, 2009). Este é um dado relevante visto que o preço dos celulares há dois anos ainda eram elevados, não permitindo que a população brasileira no geral tivesse acesso a esses aparelhos. Entretanto, as formas de aquisição desses aparelhos foram ficando mais acessíveis devido a sua popularização e por ter surgido novas tecnologias. Em dezembro de 2009 segundo dados da ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), existiam 173.959.368 aparelhos no país, sendo que 82% eram celulares pré pagos e 18% pós pagos como mostra o gráfico a baixo. Gráfico 1 - Quantidade de acessos/Planos de serviço/Unidade por região - Dezembro/2009 Fonte:http://sistemas.anatel.gov.br/SMP/Administracao/Consulta/AcessosPrePosUF/ tela.asp?SISQSmodulo=18267. Acesso em 13 nov. 2011 Esse dado é importante, pois mostra o cenário dos dispositivos móveis de telefonia no país e que tipo de ferramentas do marketing móvel poderão ser 27 utilizadas com maior eficácia. Estas ferramentas serão discutidas em um outro capítulo. Outro dado relevante de dezembro de 2009 é a quantidade de acessos a internet móvel. Segundo o gráfico abaixo (Gráfico 2) houve mais de 8,5 milhões de acessos a internet a partir de terminais móveis, sendo que a maioria dos acessos foram realizados por Terminais de Dados (máquinas de cartão de crédito e débito, modens USB e celulares que possuíam acesso a rede 2G) e o restante pela rede 3G representado no gráfico pela legenda WCDMA que é a tecnologia que possibilita o acesso a rede 3G. Gráfico 2 - Consolidado de Tecnologia - Dezembro/2009 Fonte: http://sistemas.anatel.gov.br/SMP/Administracao/Consulta/ ConsolidadoDadosMesaMes/tela.asp?SISQSmodulo=18940. Acesso em 13 nov. 2011. Este ambiente já mostrava que o mercado para a telefonia móvel era favorável principalmente quando pensávamos que o número de aparelhos celulares era o mesmo da população brasileira. Os dados sobre o acesso a internet móvel também já eram positivos, pois a quantidade de acessos realizados a partir de dispositivos mobiles já estava próxima a quantidade de acessos por Terminais de Dados (máquinas de cartão de crédito e débito, modens USB e celulares que possuíam acesso a rede 2G). Dois anos depois, em 2011 percebemos, conforme o gráfico a seguir, que o cenário da telefonia móvel brasileira continua igual se pensarmos na relação de 28 aparelhos pós-pagos e pré-pagos. Os aparelhos pré-pagos ainda são maioria, pois com eles o usuário pode escolher o quanto de dinheiro e créditos deseja colocar, controlando melhor as suas despesas e gastos com esse tipo de serviço. Verificamos também que a quantidade de aparelhos pré e pós pagos cresceu em todas as regiões do país proporcionalmente. A base de celulares no país é de 220.352.712 27 aparelhos, enquanto a população brasileira é de 192.376.496. Em 2009 tinhamos 8 celulares para cada 10 brasileiros, agora em 2011 temos 1,14 celulares para cada brasileiro. A base de celulares cresceu muito e se antes o cenário para o mobile era interessante, agora ele é uma realidade. Gráfico 3 - Quantidade de Acessos / Plano de Serviço / Unidade por Região - Julho/2011 Fonte: http://sistemas.anatel.gov.br/SMP/Administracao/Consulta/AcessosPrePosUF/ tela.asp?SISQSmodulo=18267. Acesso em 13 nov. 2011 Analisando os dados de acesso a internet pela telefonia móvel, em julho de 2011, constatamos também o aumento do uso dessa tecnologia. Em 2009 a quantidade de acessos a partir de uma rede de dados, banda larga residencial ou empresarial, era maior que pelo 3G, mas em 2011 verificamos que o cenário mudou. A rede 3G cresceu mais de 500% em um espaço de tempo menor que 2 anos. Essa mudança de cenário mostra que o Brasil possui uma capacidade ainda não explorada para o uso do mobile marketing. 27 ANATEL (2011) 29 Gráfico 4 - Consolidado de Tecnologia - Julho/2011 Fonte: http://sistemas.anatel.gov.br/SMP/Administracao/Consulta/ ConsolidadoDadosMesaMes/tela.asp?SISQSmodulo=18940. Acesso em 13 nov. 2011 Em fevereiro deste ano a agência de publicidade WMcCann e a agência digital Pontomibi juntas com o instituto de pesquisas Ipsos realizaram uma pesquisa28 sobre o cenário do mobile no Brasil. A pesquisa foi realizada em 10 (dez) dos principais centros urbanos do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba e Porto Alegre, com homens e mulheres com idades entre 14 e 59 anos, das classes A, B e C que são usuários de celulares convencionais e smartphones. A pesquisa apresentou dados impressionantes, que afirmam que o mobile no Brasil é um mercado a ser explorado, além de confirmar os dados dos gráficos apresentados anteriormente. De acordo com a pesquisa, temos no país uma base de 19 milhões de aparelhos smartphones, sendo que mais da metade, 9,5 milhões, foram adquiridos há menos de seis meses. Esta base tende a aumentar quando 44% dos usuários de aparelhos convencionais disseram que em um período máximo de seis meses desejam trocar seus celulares por smartphones. 28 Fonte: http://www.slideshare.net/GrupoPontomobi/pesquisa-mobilize-2010?from=ss_embed 30 Gráfico 5 -Tempo em que se dará a troca de aparelho Fonte: Revista Proxxima - Edição julho/2011 O perfil dos usuários de smartphones (telefones inteligentes) são, em sua maioria, estudantes e trabalhadores que precisam de um acesso rápido a informação ou que estão sempre nas ruas. Outro dado interessante é que este tipo de aparelho tem conquistado inclusive as donas de casa que o utilizam principalmente para o seu entretenimento. Isso mostra que os smartphones deixaram de ser apenas um celular para se tornar um objeto de desejo de consumo. Quando analisamos a Gráfico 6 - Perfil de quem possui um smartphone - por atuação Fonte: Revista Proxxima - Edição julho/2011 penetração dos telefones inteligentes nas classes sociais, verificamos que este se encontra mais presente na classe A, aproximadamente 50%, visto que o custo desses aparelhos são altos. O iPhone 4 e o Sansung Galaxy S, dois aparelhos que são os principais 31 desejos de consumo, têm seus preços em torno de dois mil reais cada. Entretanto a penetração dos celulares inteligentes também é alta nas classes B e C. Isso mostra que o poder de consumo principalmente da classe C está alto, pois estão conseguindo ter acesso a esse tipo de tecnologia, confirmando que esta é uma parcela da população que corresponde a um mercado em expansão e com grande oportunidade. Gráfico 7 - Penetração do smartphone por classe social Fonte: Revista Proxxima - Edição julho/2011 A pesquisa também verificou que a diferença de idade entre os usuários de smartphones é pequena, visto que 29,5% possuem entre 18 e 24 anos, 35% entre 25 e 34 anos e 33% entre 35 e 44 anos. Com base nesses dados verificamos que os celulares inteligentes estão presentes e são utilizados por todas as faixas etárias e classes sociais. Isso significa que seus aplicativos e seus utilitários, como máquinas fotográficas e de vídeo, jogos, GPS e muitas outras funções são utilizadas e são os principais motivos de sua aquisição. Contudo, o que diferencia o smartphone de um aparelho convencional que também possui algumas ferramentas como câmeras e jogos é o acesso a internet. Dentre os usuários de celulares no país, 41% acessam a rede mundial de computadores por meio do celular, sendo que 47% usam a banda larga móvel, 3G. Este dado é extremamente relevante para o cenário do mobile, pois isso mostra que mais pessoas acessam a internet pela rede de banda larga móvel do que pela rede de banda larga fixa. 32 Gráfico 8 - Penetração do smartphone por classe social Fonte: Revista Proxxima - Edição julho/2011 Estes dados, como mencionado, mostram a força do mobile e só colaboram para que o mobile marketing seja cada vez mais empregado no país. 33 4.Marketing 4.1.Marketing Tradicional Já apresentamos o que é interatividade, convergência e o cenário do mobile no Brasil, então, podemos abordar o conceito do mobile marketing, pois para compreendermos exatamente o que é e como utilizá-lo, precisamos desses conceitos. Se formos definir literalmente mobile marketing ele será o marketing realizado em telefone celular. Entretanto, como apresentado, o mobile não se limita apenas ao celular, mas sim, a todos os dispositivos móveis com acesso ou não a internet. Para conseguirmos chegar a uma definição correta faz-se necessário entender em que campo do marketing o mobile está. Vimos que o mobile é uma plataforma digital, então podemos classificá-lo como uma ferramenta do marketing digital, porém segundo Martha Gabriel (2010; p.105) “...marketing digital não existe o que existe é o marketing e o seu planejamento estratégico é que determinará que plataformas ou tecnologias serão usadas - digitais ou não”. Sendo assim, temos que entender primeiramente o que é marketing para depois compreender o marketing digital e então o marketing mobile. Kotler (2003) define o marketing como “atividade humana dirigida para satisfazer necessidades e desejos por meio de troca”. Partindo desse conceito, verificamos que o ser humano já realiza o marketing há muito tempo, pois na idade média havia o escambo de produtos de acordo com a necessidade. Hoje, continuamos praticando a troca, mas de forma diferente, não mais trocamos produtos por produtos, mas dinheiro, conquistado por nosso trabalho, por produtos. O ser humano possui necessidades e desejos, mas precisamos entender a tênue diferença entre estes conceitos dentro do ambiente do marketing. Maslow, teórico comportamental, explica, a partir da pirâmide da hierarquia das necessidades, como o ser humano age para satisfazer primeiro suas necessidades e depois para satisfazer seus desejos. A definição de necessidade pode ser compreendida como as características essenciais e comuns a qualquer ser humano, ou seja, se alimentar, ter higiene e outras necessidades básicas, enquanto o desejo é construído em cima das 34 necessidades podendo variar de acordo com a sociedade e a cultura em que está inserido. Gráfico 9 - Pirâmide da hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Ficheiro:Hierarquia_das_necessidades_de_Maslow.svg Podemos concluir e compreender que se uma pessoa tem a necessidade de se alimentar, o seu desejo, caso for um brasileiro, pode ser de um churrasco ou de uma feijoada, enquanto para um japonês, pode ser um yakisoba ou um sushi. A partir desse entendimento temos que deixar claro que o marketing não cria necessidades, pois a necessidade parte do que o ser humano precisa naquele momento. Entretanto, baseado na necessidade que o indivíduo possui o marketing pode criar vários desejos e é nisso em que os profissionais do marketing e publicitários trabalham. Entretanto a pirâmide está invertida. Se o marketing utiliza os desejos das pessoas, torna-se preciso entender, compreender e saber quais são e qual a melhor forma de satisfazê-los. Para isso, o marketing conta com algumas ferramentas que possibilitam a análise desse cenário. Uma delas é o plano de marketing que se estrutura nos 4 P’s e na análise SWOT. Os quatro P’s do marketing significam, praça, produto, preço e promoção. Segundo o livro Gestão de Marketing, o produto é o que satisfaz a necessidade e o desejo do cliente; o preço é o valor a ser pago para a aquisição desse produto; a praça é o local físico onde se encontra o produto e onde ocorre a troca; e a promoção é a forma de comunicar ao público-alvo, consumidores, sobre o produto, preço e praça e 35 estimular que ele realize a troca. A outra ferramenta é a análise SWOT que significa strength, weakness, opportunities, threats. Ou seja, força, fraquezas, oportunidades e ameaças. Esta ferramenta, ou melhor, análise do cenário, possibilita que a empresa possa determinar a melhor forma para posicionar-se diante do seu ramo e junto ao consumidor, de forma institucional ou de vender o produto que é oferecido. É a partir desses processos de análises de mercado que o marketing determinará a sua estratégia, montará o plano de comunicação e qual a melhor forma de divulgar o que deseja. 4.2.Marketing Digital Como afirmado anteriormente por Martha Gabriel, o marketing digital não existe. Ele é apenas o marketing, já conhecido, utilizado nas plataformas digitais. Contudo o termo marketing digital continuará sendo utilizado por ser um termo já difundido em nossa cultura. Portanto, sempre que for empregado neste trabalho o termo marketing digital fará referência ao marketing no ambiente digital. O marketing quando utilizado nos meios de comunicação tradicionais possui algumas peculiaridades e isso não seria diferente no ambiente digital. Conrado Vaz em seu livro Google Marketing (2010) afirma que há uma grande diferença na forma de se trabalhar no ambiente tradicional e no digital. Na internet, a propaganda dá lugar à publicidade 29, o marketing de interrupção dá lugar ao marketing de relacionamento e de permissão, a forma dá lugar ao conteúdo, a via de mão única dá lugar ao diálogo e a participação, o corporativo ao flexível e orgânico, a “campanha” à idéia, o marketing de massa ao relacionamento com o indivíduo, os segredos da instituição à transparência absoluta, a empresa cede lugar ao consumidor e o spam, lugar ao viral [...] (VAZ, 2010, p.33) Sendo assim, há uma diferença entre o marketing realizado no rádio, televisão, jornal e revista. Nestes meios a mensagem é mais direta, sem uma interação muito efetiva com o receptor, mas não se pode afirmar que não há interatividade, pois, com um anúncio em uma revista o anunciante pode solicitar que 29 Entende-se por propaganda a divulgação patrocinada de um produto, marca ou empresa, ou seja, um anúncio pago, por exemplo. Publicidade seria o ato de tornar público - fazer com que seu produto, marca ou empresa seja divulgada de maneira espontânea no mercado. 36 o leitor encaminhe uma carta com uma resposta ou um comentário e isso é interação. As novas tecnologias, a internet, as plataformas digitais, a cibercultura e a mobilidade permitiu-nos uma inversão no modo de comunicar-nos. Essa inversão caracteriza-se por uma maior interação que os meios digitais de comunicação nos proporcionaram e também porque agora “somos” conectados a rede. [...] “estar conectado” para “ser conectado”. “Estar” conectado significa que você eventualmente entra e sai da internet, como era na época das conexões discadas.... “Ser” conectado siginifica que parte de você está na rede - você vive em simbiose com ela. (GABRIEL, 2010 p.74) Esse “ser” conectado permite a troca de informação muito mais rápida e ao invés de esperarmos, podemos agora ir até ela. Para uma maior compreensão do que está sendo discutido, destaco as plataformas que o marketing vem utilizando no meio digital; • Páginas digitais • E-mail • Realidade Mista • Mobile • Redes Sociais • Buscas • Jogos e Entretenimento • Interação por voz • Vídeo Cada plataforma desta possui tecnologias com características específicas para a interação e comunicação que se deseja alcançar com o marketing. As tecnologias estão exemplificadas no gráfico 10. 37 Plataformas e Tecnologias Digitais de Marketing Páginas Digitais • Sites e Blogs Buscas • Google, Bing, Yahoo, etc. E-mail Jogos e Entretenimento online • Texto / Vídeo-in-email Realidade Mista • • • • Realidade Virtual: Second Life / The Sims Virtualidade Aumentada Realidade Aumentada Realidade Pura Mobile • • • • • • • • Tecnologias Emergentes • • • • Interface de Voz (v-commerce) Web TV Podcasting Vídeo imersivo Social Media Mobile Tagging e QR Code Bluetooth GPS RFID SMS / MMS Aplicativos Mobile TV Banners • • • • • • • Orkut, MySpace, Facebook, Linkedin Slide Share, You Tube, Del.icio.us RSS Feed FlickR Twiiter Digg etc Gráfico 10 - Plataformas e Tecnologias Digitais de Makerting Fonte: Martha Gabriel (2010, p.108) Cada uma dessas tecnologias possui um modo de utilização diferenciado, conforme mencionado, e isso permite ao profissional do marketing no meio digital alcançar o usuário de diversas formas, por meio de tecnologias distintas utilizando a mesma plataforma ou plataformas diferentes. O que significa que o usuário pode ser impactado por uma campanha no Twitter e no Facebook, que fazem parte da plataforma Social Media, ou por um link patrocinado e ou em um banner em um site, no caso cada uma dessas tecnologias pertencem a uma plataforma diferente. Comparando às mídias “off-line” seria a mesma coisa que ser impactado por um anúncio em duas revistas diferentes e por um anúncio em um jornal e um comercial na televisão. Das plataformas apresentadas a que será estudada nessa monografia será o mobile, tema do próximo capítulo. O marketing digital também nos proporcionou muitas outras vantagens como a de conseguir saber e conhecer o gosto e o comportamento dos usuários. Ferramentas como o behavior targeting 30 possibilita aos profissionais do marketing 30 Behavior Targeting é a técnica utilizada para segmentar as pessoas em função do seu comportamento na web, ou seja ele mapeia as informações das páginas em que o internauta passa e assim possibilita um maior acerto quando da propaganda. 38 traçar o caminho que o usuário realiza ao navegar pela rede. Isso permite saber o que ele gosta, como ele gosta e de que forma acessa, aumentando assim a probabilidade do usuário ser impactado pela publicidade. A partir dessas informações o jornal The Wall Street Jounal criou a ferramenta What They Know31 que siginifica “o que eles sabem”. Essa ferramenta tem o mesmo objetivo do behavior targeting, entretanto, ela não revela o caminho, mas mostra quais informações do internauta podem ser retiradas pelos sites 3. A ferramenta tem a seguinte descrição: O marketing está espionando os usuários da internet - observando e gravando os cliques das pessoas e construindo e vendendo dossiês completos de suas atividades e interesses. A série What They Know documenta os novos usos de ponta dessa tecnologia de rastreamento na internet. O The Wall Street Journal analisou os arquivos de rastreamento instalado nos computadores das pessoas pelos 50 websites mais populares dos Estados Unidos, mais o WSJ.com (website do jornal). O jornal também criou um ‘índice de exposição’ (que determina o grau em que cada um desses websites expõe os visitantes ao monitoramento), estudando as tecnologias de rastreamento que elas instalam e as políticas de privacidade que guiam o seu uso. (GABRIEL, 2010 p.93) Essa técnica de análise do conteúdo e de mapeamento das informações não é uma prática apenas adotada por sites norte americanos. Em agosto de 2011 o portal Terra32 também lançou sua ferramenta de behavior targeting. Outra coisa que deve ficar clara é que esse mapeamento não é distribuído pelas empresas que o fazem e que não é, por isso que deixaremos de utilizar a internet. Essas técnicas e ferramentas apenas ajudam o marketing a ser mais acertivo em suas campanhas e estratégias. Também deve ficar claro que o marketing digital não é melhor que o marketing tradicional por causa de suas ferramentas. Uma ação totalmente voltada para o digital pode não ser tão efetiva quanto uma ação somente no tradicional. Como já mencionado neste trabalho a melhor ação de marketing é aquela que utiliza todas as ferramentas e que consegue contar uma história utilizando a convergência das mídias. Outro ponto forte do marketing digital e que vem sendo explanado ao longo de todo o trabalho, é o da geração de conteúdo por meio do usuário. Se alguma 31 http://blogs.wsj.com/wtk 32 www.terra.com.br 39 característica tem que ser bem trabalhada e compreendida no meio digital é esta. O poder do usuário é ilimitado e rápido. A interatividade e a experiência que o usuário tem com a marca ou com o produto pode ser transmitida instantaneamente para o mundo e isso significa duas coisas: experiência positiva ou negativa. Caso a experiência seja positiva, a empresa cativou o consumidor, entretanto se for negativa ela acabou de provocar uma disseminação negativa para sua marca entre milhares de possíveis consumidores. Verificamos no principal ponto do marketing digital uma ferramenta que pode ser considerada uma “faca de dois gumes”, que tanto pode ser importante para a marca como destrutiva. Dessa forma, tem que haver um meio de controlar e de saber o que é dito sobre uma empresa no ambiente virtual. A ferramenta utilizada para isso é o monitoramento, que varre todas as redes sociais e sites da internet em busca do que foi dito sobre determinada empresa. E é dessa forma que as empresas conseguem responder aos consumidores. Sendo assim, é possível confirmar a afirmação da Martha Gabriel apresentada no início deste capítulo, em que ela afirma que o marketing digital não existe como um marketing diferente do tradicional, mas sim, as suas formas de comunicar e de interagir são diferentes por causa do meio em que está inserido e porque suas plataformas permitem uma maior interação, mas os princípios para o seu planejamento são os mesmos. 4.3.Mobile Marketing O mobile como vimos é uma plataforma do marketing digital e será trabalhada e descrita nesse estudo. Para iniciar o assunto do mobile marketing vou ressaltar a frase dita por Hugo Grant, Consumer Promotions & gerente de emarketing da Coca-Cola Iberian Division. O celular como ferramenta de marketing aumenta a capacidade de comunicação, é um canal espetacular para provas e para ações promocionais muito participativas. 33 33 RAMON, Et. al , 2007, p.7 40 Partindo dessa afirmação, percebemos que ele cita apenas o celular como uma maravilhosa ferramenta. Como já discutido, o celular não é a única tecnologia do mobile, mas sim, o primeiro dispositivo a conseguir integrar a internet em um aparelho móvel. Isso é o essencial para que possa ser caracterizado como mobile. Então quais são os dispositivos que englobam o mobile? São todos os equipamentos móveis que possuam acesso a internet, por meio de uma rede wireless ou por meio da rede móvel, 3G. Portanto, telefones celulares, smartphones, consoles de video-games (PSP e Nitendo 3DS), tablets (iPad e Samsung Galaxy TAB), Personal Digital Assistent (PDA) (Palm e PDA Motorola) e e-book readers (Kindle) são exemplos de dispositivos que englobam esse grupo. A Figura 1 serve para exemplificar melhor quais são os dispositivos/ equipamentos e tecnologias. Figura 1 - Plataforma, Dispositivos, Tecnologia Fonte: Guilherme Franco Já sabemos, portanto, que as tecnologias acima citadas são utilizadas pelo marketing no ambiente mobile, mas o que é realmente mobile marketing? Segundo Facchetti et al., (2005 apud Kotler et al., 2002) é “qualquer forma paga de apresentação impessoal e promoção de bens, serviços, idéias por uma empresa identificada, usando equipamento wireless, ou sem fios, como meio de comunicação.”. Outra definição é a da Mobile Marketing Association (MMA), Associação de Marketing Mobile, que afirma ser “qualquer ação de marketing, propaganda ou promoção de venda que utilize um canal de comunicação “móvel””. (CASAS, 2009, p.38). 41 Novamente percebemos que não existe um novo marketing. O que existe é a aplicação dos conceitos do marketing em um novo ambiente ou em uma plataforma. Mas da mesma forma que o marketing digital tem suas peculiaridades em relação ao marketing tradicional, o mobile marketing também possui suas particularidades. O que diferencia o meio móvel dos demais é que principalmente o celular, o maior representante desse meio, está conosco a todo momento e em todos os locais. E quando não estamos com ele chegamos a dizer que “estamos nus”. Podemos afirmar que o celular é um canal de comunicação super eficiente, pois está 24 horas com as pessoas. Associando essa dependência que desenvolvemos e a possibilidade de fazer aproximadamente tudo por meio do celular, concluímos que temos um novo controle remoto universal. [...] o celular está se convertendo no controle remoto interativo de nossas vidas, com o qual podemos desde nos comunicar com uma marca, opinar, participar de uma pesquisa e controlar uma maquina de refrigerantes, até participar de uma promoção, fazer downloads de conteúdos, conversar num chat, comprar entradas e dar instruções ao banco etc. (Ramon et al, 2007, p.17) Visto isso, e como já exemplificado nos capítulos de cibercultura, convergência e interatividade, no que se refere ao celular, o mobile consegue estar conosco em todo o lugar, possuindo assim a mobilidade do ser humano; a convergência de agrupar diversas ferramentas e mídias em um único suporte; a interatividade que possibilita a troca rápida de informação por diversas formas; e por último ter o poder e a capacidade de traçar a posição através da geolocalização. Tudo o que foi estudado até agora nessa monografia é o que um profissional de marketing tem que saber para conseguir integrar da melhor forma o mobile em seu planejamento. Antes de esclarecer quais as tecnologias da plataforma mobile e como as utilizar em uma campanha, apresentaremos alguns dados diferentes dos mostrados no capítulo sobre celular, que são dados de como o consumidor interage com o aparelho e de como está o mercado do mobile. 42 Como apresentado, o mobile está em plena evolução e expansão e isso pode ser identificado pelo aumento da quantidade de aparelhos smartphones que estão sendo adquiridos e principalmente, quando verificamos que o investimento e o consumo de serviços também está em expansão. Segundo as previsões do eMarketer, empresa voltada para análise do meio digital, o faturamento das categorias; jogos, música e vídeo no mobile deve triplicar até 2014 nos Estados Unidos conforme o gráfico abaixo. Gráfico 11 - Tendência de aumento do consumo de jogos, música e vídeo como conteúdos móveis até 2014 Fonte: http://www.emarketer.com/Report.aspx?code=emarketer_2000702 Em fevereiro de 2011 a empresa IHS34 realizou uma pesquisa sobre a mercado mundial de aplicativos móveis contemplando todas as stores35 de aplicativos existentes, Apple App Store; BlackBerry App World; Nokia Ovi Store e Google Android Market, e constatou que o mercado deve crescer aproximadamente 82% em relação a 2010, movimentando assim aproximadamente 4 bilhões de dólares. Outro dado importante do avanço do mobile pode ser notado em épocas próximas a datas especiais como: Dia das Crianças, Dias dos Pais, Dias das Mães e 34 35 http://www.mobilepedia.com.br/noticias/mercado-de-apps-deve-chegar-a-us-39-bilhoes-em-2011 Stores, lojas virtuais em que as empresas, Apple, BlackBerry, Nokia e outras disponibilizam os aplicativos para venda. 43 Natal. Em pesquisa recente realizada pelo instituto Nielsen36 apontou que o presente mais desejado pelas crianças no “Dia das Crianças” era um smartphone. Thiago Gustavo Gomes Moreira, diretor de Telecom da Nielsen Brasil, afirma que os celulares, principalmente os smartphones são os principais pedidos das crianças, que querem acessar redes sociais, games e enviar torpedos. Segundo o Teletime, o dia da criança representa um grande volume de vendas. (MOBILEPEDIA, 2011)37 Visto estes dados podemos afirmar que o celular e o mobile estão cada vez mais presentes e que o mobile marketing é uma ferramenta muito potente e importante. Percebemos isso pelos hábitos de consumo e comportamento do usuário perante essa plataforma. No inicio do ano de 2011 a PontoMobi, empresa do ramo mobile, coletou alguns dados sobre os hábitos de consumo 38 . • “20% dos consumidores americanos utilizam seus celulares para navegar e pesquisar produtos mensalmente. Na faixa 18-34 anos esta porcentagem sobe para 32%” (DIETRICH, 2011) • “13% de todos os consumidores dos EUA e 23% do grupo 18-34 anos afirmaram fazer compras em seu celular pelo menos quatro vezes por ano” (DIETRICH, 2011) • “62% dos usuários de celular na América Latina afirmaram ter usado seu aparelho em dezembro de 2009 para pelo menos uma das seguintes atividades: ligar, enviar mensagem de texto ou uma foto para perguntar a alguém sobre produto que iriam comprar; acessar à internet para pesquisar mais informações sobre o produto: resenhas, detalhes, comparar preços, promoções; comprar diretamente do telefone celular.” (DIETRICH, 2011) 36 É um instituto de pesquisa de mercado presente em todo mundo. http://br.nielsen.com 37 Fonte: http://www.mobilepedia.com.br/noticias/celular-e-o-presente-mais-procurado-para-o-dia-dascriancas 38 Fonte: http://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/ponto_de_vista/2011/05/31/Mobileme.html 44 Além dessa coleta de dados, a PontoMobi em parceria com a agência W/ McCann realizou uma pesquisa39 no Brasil sobre o mobile, alguns trechos da pesquisa já foram apresentados anteriormente neste trabalho, e comprovam que: • mais de 50% dos proprietários de smartphone gostaria que houvesse mais conteúdo para acessar através do celular; • 29,1% dos entrevistados já acessam na mesma frequência ou mais, os sites de notícias através do celular; • 31,4% dos entrevistados já acessam na mesma frequência ou mais, o email através do celular; • 30,3% dos entrevistados já acessam na mesma frequência ou mais, as ferramentas de busca através do celular; • 33% dos entrevistados já acessam na mesma frequência ou mais as redes sociais através do celular. No caso do Twitter esse acesso aumenta para 42,9%; • 14,5% dos entrevistados já realizaram compras em sites ou aplicativos de comércio eletrônico via celular; • 22,3% dos entrevistados já utilizam o serviço de banking online via celular. Esses dados comprovam a força dessa tecnologia e como o usuário se relaciona cada vez mais com ela. Devido a esses números de mercado e hábitos de consumo é que o mobile marketing tem conseguido cada vez mais fazer parte das campanhas publicitárias. Já foi mencionada a definição e as caracteristicas do mobile marketing, mas quais são as ferramentas que esse marketing utiliza? As ferramentas foram apresentadas na Figura 9, apresentada no capítulo do marketing digital e aqui a trabalharemos da seguinte forma: quais são suas vantagens e desvantagens e modo de utilização. As ferramentas presentes na plataforma mobile são: 39 A pesquisa completa pode ser acessada através do link: http://www.slideshare.net/ GrupoPontomobi/pesquisa-mobilize-2010?from=ss_embed 45 • RFID • Bluetooth • SMS/MMS • GPS • Mobile Tagging • Mobile TV • Banners • Aplicativos Móveis 4.3.1.RFID O RFID (Radio Frenquency Identification), em português, frequência de rádio identificada, ou melhor, tags40 são sensores aplicados a objetos ou produtos com a função de identificar ou rastrear por meio de ondas de rádio. Esses sensores são identificados por aparelhos, que decodificam essas ondas de rádio sem estarem próximos a eles, recolhendo assim informações contidas nas tags. Esse tipo de tecnologia é utilizada em crachás de edifícios. Nessa situação sua aplicação é simples e registra apenas informações como o nome do portador do crachá e a empresa em que trabalha. Entretanto o RFID pode armazenar muito mais informação do que apenas nomes como o exemplo a seguir. Outra vantagem é o fato de essas tags terem a capacidade de descrever muitas informações sobre os objetos em que estão fixadas, podendo até descrever situações de estado, como temperatura, alertando, por exemplo, quando um pacote de leite não é mais adequado ao consumo por mudanças de temperatura. (GABRIEL, 2010, p.162) 40 Etiquetas 46 Para o mobile essa ferramenta está possibilitando o mobile payment que é a incorporação de um RFID com as informações do cartão de crédito. Isso permitirá que ao invés de carregarmos cartões de crédito como hoje em dia, carregaremos apenas o celular e a partir dele efetuaremos nossas compras. O funcionamento se dará da mesma forma que o crachá, ao aproximar o celular do decodificador ele lerá as informações e aprovará a transação. Essa tecnologia, segundo o site MobilePedia, estará presente em mais de 7 mil lojas da rede fast-food Subway41 . No Brasil a primeira experiência com o mobile payment, ocorreu no ano de 2009 quando a Visa, Banco do Brasil, Figura 2 - Mobile Payment Fonte: http://www.mobilepedia.com.br/ cases/subway-aceitara-mobile-payment Bradesco e Cielo tentaram um projeto piloto com o aparelho Nokia 6212, entretanto não vingou. O único projeto de mobile payment em execução no Brasil é o da operadora de telefonia OI que é o OI Paggo42. Entretanto, esse projeto não utiliza a tecnologia RFID, mas sim através do pagamento utilizando o número do celular e sendo cobrado na fatura do número da OI. Apesar de todas as vantagens do RIFD a sua maior desvantagem está no preço de cada sensor, que é de aproximadamente R$ 1,00 real. Esse valor é muito alto dependendo da sua utilização. 4.3.2.Bluetooth O bluetooth é a tecnologia sem fio que permite a troca de dados através de redes PAN (Personal Area Networks), com um alto grau de segurança, em uma 41 A notícia completa pode ser acessada através do link; http://www.mobilepedia.com.br/cases/ subway-aceitara-mobile-payment 42 http://novaoi.oi.com.br/portal/site/NovaOi/menuitem.e45de4d5df2322fb72871a31f26d02a0/? vgnextoid=84d9d0c9f3b10210VgnVCM10000021d0200aRCRD. Acesso em: 13 nov. 2011 47 distância de até 100 metros entre um aparelho e outro. Essa tecnologia tem sido muito empregada para conexão de periféricos à computadores, como mouses sem fio, fones de ouvidos, controles de vídeo games e outras funções do gênero. Entretanto na publicidade o seu uso tem sido voltado para experiência de interação com a marca. Essas interações ocorrem, pois o usuário verifica que é possível e então aciona o seu bluetooth para poder interagir com ela. A maior vantagem dessa tecnologia é o fato de “ser preciso na seleção do target que deseja atingir. Afinal, aqui está um dos grandes benefícios do Bluetooh: levar a publicidade exatamente onde está seu público.” (CAVALLINI, 2010, p.59). Contudo para que esse tipo de ação seja bem executada e gere os resultados esperados “é fundamental entregar um conteúdo relevante, útil e certeiro” (CAVALLINI, 2010, p.59). Esse conteúdo pode ser um papel de parede, um ringtone ou até mesmo um cupom de desconto. O que vale nessa ação é que o consumidor se dispõe a interagir com a marca e ter aquilo o que está sendo oferecido. Esse é o caso dos dois cases que serão demostrados a seguir. Em novembro de 2010 em São Paulo ocorreria o Circuito Halls, evento que contava com a presença de diversos DJs internacionais e que já tinha acontecido em outras cidades brasileiras. Para a divulgação do circuito em São Paulo foi preparado alguns dispositivos de bluetooth, que Figura 2 - Dispositivo Bluetooth Circuito Halls Fonte: http://www.mobilizado.com.br/bluetoothmarketing/bluetooth-marketing-circuito-halls foram colocados em três lojas de conveniência AM/PM que faziam parte dos pontos de vendas. Nelas o público que iria ao evento poderia baixar através do celular ringtones e papéis de parede exclusivos. A outra ação ocorreu em agosto de 2009 na loja da C&A localizada no Shopping Morumbi em São Paulo. Nessa ocasião a empresa colocou o totem da Figura 13 na entrada da sua loja, no qual continha a seguinte informação: “Ative seu bluetooth agora. E ganhe 10% de desconto para usar em toda a loja.”. Quem 48 ativasse o bluetooth receberia em seu celular o coupon da Figura 14, que concedia ao consumidor os 10% de desconto. Figura 3 - Dispositivo Bluetooth C&A Fonte: http://www.mobilepedia.com.br/cases/mobile-coupons-via-bluetooth-na-ca-mobile-marketing Figura 4 - Coupon de desconto recebido via Bluetooth na C&A Fonte: http://www.mobilepedia.com.br/cases/mobile-coupons-via-bluetooth-na-ca-mobile-marketing Em ambas as ações, as empresas forneciam conteúdo de relevância o que fazia com que o público que tivesse interesse no que era oferecido e interagisse com os totens. Essa interação gera experiência com a marca que é exatamente o objetivo das ações. 49 Essa tecnologia possui duas desvantagens: o alto consumo da bateria nos aparelhos se permanecer ligada e a incompatibilidade com todos os dispositivos que a possuem. 4.3.3.SMS / MMS O SMS (Short Message Service) é a tecnologia que permite ao celular encaminhar mensagens de texto entre dispositvos móveis com até 160 caracteres. Essa é a tecnologia mais antiga utilizada como ferramenta de marketing, pois como pode ser vista no capítulo sobre o celular, ela apareceu na segunda geração de aparelhos e é uma das ferramentas mais utilizadas atualmente. Pesquisa como a da Pew Internet and American Life Project43 realizada nos Estados Unidos mostram que a média de torpedos trocados entre adolescentes é de 50 mensagens por dia, sendo que essa troca de mensagens é maior entre as garotas, que podem chegar a enviar até 80 mensagens diariamente. Entre os adultos a média é mais baixa, apenas 10 mensagens por dia. 43 http://www.mobilepedia.com.br/noticias/sms-e-o-preferido-dos-jovens-norte-americanos 50 A força do SMS ainda pode ser confirmada pela pesquisa realizada pela Lab42, empresa de pesquisas online, realizada entre os estudantes da Universidade do Alabama e teve como objetivo analisar os hábitos dos adolescentes em relação ao uso das mensagens de texto pelo celular. Com os dados da pesquisa a empresa montou o infográfico da Figura 5. Percebemos que 71% dos entrevistados preferem encaminhar mensagens de texto do que ligar; um dado importante é que 45% dos adolescentes enviam 30 mensagens por dia, sendo que mais da metade dessas mensagens, 54% são apenas para bater papo e 20% para combinar com os amigos o que fazer. O estudo ainda mostra que o MMS (Multimidia Messaging Service) não é tão popular quanto o SMS, pois apenas 6% dos adolescentes encaminham mais de 3 MMS por dia, 19% encaminham de 1 a 3 mensagens multimídia por dia, 51% enviam menos de 1 por mês e 24% nunca encaminharam um MMS. Quando comparados os dados do MMS com o SMS verificamos que apesar dos telefones inteligentes possibilitarem cada vez mais esse tipo de mensagem, a multimída não tem Figura 5 - Geração do Texto Fonte: http://www.mobilepedia.com.br/noticias/ jovens-preferem-enviar-sms sido tão utilizada quanto a mensagem 51 por texto. Um motivo pode ser, que em geral, o MMS custa em torno de 3 vezes mais que o SMS. As duas pesquisas só confirmam a força do SMS, mas elas foram realizadas nos Estados Unidos. Entretanto os dados apresentados nas pesquisas se assemelham ao que acontece aqui no Brasil. Percebemos que a cada dia enviamos mais mensagens de texto do que ligamos para as pessoas. Segundo Fernando Roman [...] o mobile marketing é uma ferramenta muito potente, que geralmente obtém taxas de resposta muito superiores a outras ações de marketing direto, normalmente entre 5% e 15%; além disso, é mais barato que o marketing direto, já que o custo de um SMS é menos que o de um envelope [...] (ROMÁN et al, 2007, p.16) Mas como o SMS é utilizado nas campanhas publicitárias? Eles são utilizados no envio de mensagens contendo apenas texto, como as encaminhadas pelas operadoras de telefonia informando sobre promoções e informações referentes a ela ou de forma interativa como no caso da ação realizada pela Carefree, absorvente higiênico feminino e o painél interativo da Coca-Cola. A ação da Carefree consistia em uma interação realizada em banheiros femininos de alguns bares e restaurantes da cidade de São Paulo. Nos banheiros era instalado uma vending machine, Figura 6, que era ativada pelo envio de um SMS. Quando confirmado o SMS, a máquina liberava uma amostra do produto. Os resultados da ação foram excelentes. Durante a ação houve mais de dez mil interações entre o público-alvo e o produto. A ação toda pode ser conferida através do link http://vimeo.com/9680162. Um exemplo de MMS é a ação realizada pela Coca-Cola para divulgar a Copa do Mundo Figura 6 - Vending Machine da Carefree Fonte: http:// www.mobilepedia.com.br/cases/ vending-machine-da-carefreemobile-marketing 52 de 2010 no Brasil, onde realizou um crossover44 de mídias através de um painél interativo, outdoor, que era atualizado por fotos. Essas fotos eram enviadas por mensagens MMS e assim que a foto passasse pela aprovação, ela poderia ser a próxima a aparecer no painel conforme as Figuras 7 e 8. Figura 7 - Painel interativo Coca Cola Fonte: http://www.mobilizado.com.br/cases-em-destaque/cocacola-realiza-acao-interativa-para-operiodo-da-copa Figura 8 - Painel interativo Coca Cola Fonte: http://www.mobilizado.com.br/cases-em-destaque/cocacola-realiza-acao-interativa-para-operiodo-da-copa 44 Crossover é quando duas mídias distintas são inseridas em uma só, como no caso apresentado no painel interativo da Coca-Cola. 53 A ação ocorreu em nove cidades brasileiras, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Cuiabá, Belo Horizonte, Fortaleza, Salvador, Manaus e Curitiba. Outra vantagem da mensagem por texto é que quando encaminhada por uma empresa para um usuário, ele com certeza a lerá mesmo que não o interesse, pois ela ficará aparecendo no visor do telefone. Esse é um lado positivo e negativo. Positivo porque a empresa conseguirá impactar quem deseja e negativo porque quem a ler pode não gostar de ter recebido tal mensagem. 4.3.4.GPS O GPS (Global Position System), em português, sistema global de posicionamento é um sistema que funciona a partir da triangulação entre satélites para determinar o local em que se encontra um objeto. Sua maior aplicação atualmente tem sido para vigilância de veículos, mapeamento e navegação, entretanto essas são apenas umas das suas inúmeras utilidades. Para o mobile marketing o GPS tem a função de saber aonde está o usuário e isso “cria uma infraestrutura extremamente interessante para todo tipo de ação de geolocalização no marketing” (GABRIEL, 2010, p.170). Ainda segundo Martha Gabriel Considerando-se que tudo o que fazemos depende do local onde estamos, a geolocalização proporcionada pelos dispositivos GPS tem um grande potencial para ações que confiram valor relacionado não apenas ao local onde as pessoas estão em um dado momento, mas também por onde passaram (GABRIEL, 2010, p.171) Essa possibilidade de saber aonde está o usuário, onde ele foi e o que foi fazer em determinado local possibilita traçar um perfil exclusivo para cada pessoa que utiliza o sistema em seu celular. Aplicativos como o Foursquare e o “Locais Próximos” do Facebook permitem que o usuário realize o check-in45 em locais em que frequenta. A partir desse check-in é possível traçar os perfis dos usuários. O 45 Check-in é o ato de se apresentar em um local ou de informar que você está lá. 54 marketing móvel está aproveitando-se desses aplicativos para criar ações de interação e experiências de marca. A rede Spoleto utilizando o aplicativo Foursquare realizou a seguinte ação. Através dos check-in realizados nas lojas do Spoleto o usuário iria acumulando pontos e visitas a esse estabelecimento conforme a Figura 9 ao lado em que representa o check-in na loja do Spoleto localizada no Aeroporto Juscelino Kubsticheck em Brasília. Sendo assim, o usuário que realizasse a maior quantidades de check-in, ou seja, que fosse mais vezes a um dos estabelecimentos participantes da promoção receberia uma refeição do Spoleto caso fosse o “mayor” da loja nas sextasfeiras conforme a Figura 10. Esse tipo de ação gera uma interação entre o consumidor e a loja. E não é apenas isso! O aplicativo em sua maioria das vezes está associado as redes sociais com o Facebook e o Twitter e a cada vez que o Figura 9 - Demonstração de um Check-In Fonte: Guilherme Franco de Paula usuário realiza um check-in em um local, ele informa a todos os seus amigos, Facebook, ou seguidores, Twitter, em que local está. Com isso ele passa a ser uma referência positiva para o estabelecimento, pois informa aos seus amigos que esteve lá. Entretanto existem controvérsias em relação a exposição de que utilizam aplicativos com geolocalização. Isso ocorre porque o usuário informa o local em que está e em que momento chegou e com quem está. Figura 10 - Ação Spoleto + Foursquare Fonte: http://www.spoleto.com.br/ index.php/foursquare 55 4.3.5.Mobile Tagging Segundo Martha Gabriel, mobile tags46 são códigos de barras bidimensionais (2D) que permitem encriptar URL’s entre outros tipos de dados, esses dados podem ser descodificados por dispositivos móveis e ou computadores pessoais que possuam câmera. O processo de descodificação se chama mobile tagging, que é o processo de acionar a câmera do dispositivo móvel a partir de um programa, apontar para o tag e com o acesso a internet descodificar a mensagem, conforme a Figura 11. Figura 11 - Processo de Mobile Tagging Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Mobile_tagging O mobile tag mais utilizado e conhecido é o QR Code (Quick Response Code), e depois o Data Matrix e o Beetagg. Esses são os mais populares, sendo que o QR Code e o Data Matrix são descodificados por um mesmo sistema, enquanto o Beetagg é decodificado por outro. Além dos citados, existem outros como pode ser visto na Figura 12. Figura 12 - Processo de Mobile Tagging Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cb/Codes4.png 46 Etiqueta 56 Além da diferença de ser decodificado por outro sistema, o Beetagg, possui a característica da personalização. Ao contrário do QR Code, ele pode conter uma logo, uma imagem colorida ou qualquer outro elemento no código, possibilitando que seja exclusivo. O mobile tag pode ser comparado aos códigos de barra, Figura 13, pois ambos possuem a característica de armazenar dados ou mensagens. Entretanto existe uma grande diferença; enquanto o código de barra armazena apenas dados numéricos com até 20 dígitos, o mobile tag possibilita que sejam armazenados 7.089 caracteres numéricos; 4.296 caracteres ou um código binário de até 8 bits. Ou seja, por possuir uma capacidade de Figura 13 - Código de barras Fonte: http:// professornivaldo.no.comunidades.net/ 1357859366/101_codigo_barras.jpg armazenamento muito maior e um sistema simples de leitura por dispositivos móveis ou por computadores pessoais com câmera, possibilita que seja utilizado em diversas ocasiões, como uma propaganda, uma intervenção em uma galeria de arte, na área comercial, ou até mesmo como arte. Essa possibilidade múltipla de utilidade e de formas de interação permite que seja uma ferramenta convergente, visto que a partir de uma mídia offline, local em que o mobile tag se localiza, é possível que o usuário vá para um ambiente virtual ou que possa ter uma experiência fora da realidade em que está inserido. Por detrás do Mobile Tagging está tanto a ideia de uma convergência absoluta de mídias (pois as tags podem “conduzir” quaisquer tipos de mídias [vídeos, textos, páginas, músicas, aplicativos, etc.]) quanto a de uma plataforma perfeita para processos transmídias, pois as tags podem ser usadas para conduzir as pessoas de uma mídia para outra durante o storytelling. (GABRIEL, 2010, p.176) Essa convergência e esse mix de mídia, transmídia, pode ser compreendido perfeitamente na campanha de lançamento do novo Beetle 2012 da Volksvagen no mês de agosto de 2011. 57 Para o lançamento do carro, a Volks preparou uma ação transmídia utilizando o mobile tag em suas propagandas, Figura 14, espalhadas pela cidade. Quando o dispositivo móvel era direcionado para essas propagandas uma interação ocorria e o usuário tinha uma experiência de realidade aumentada, “ambiente que mistura dados reais com virtuais, ampliando a gama de informação que obtemos do mundo real.” (Mobilizado, 2010, p.88) Figura 14 - Imagem da empena com o mobile tag do New Beetle 2012 da Volksvagen. Fonte: http://theinspirationroom.com/daily/2011/volkswagen-beetle-juiced-up-with-ar/ Segundo Martha Gabriel (2010, p.176) “a disseminação das Mobile Tags está intensamente associada à popularização da banda larga móvel”, sendo assim como podemos ver anteriormente nos dados do crescimento dessa rede e do aumento da base de celulares no Brasil, podemos esperar cada vez mais o uso dessa ferramenta. Entretanto para que a ação de mobile tag funcione perfeitamente ela depende de um dispositivo móvel que possua uma câmera e acesso a internet. Caso um dos dois, internet ou câmera falhe o indivíduo não poderá acessar o conteúdo, prejudicando assim a comunicação. 58 4.3.6.Mobile TV O mobile TV, televisão móvel, é a tecnologia que permite que aparelhos portáteis recebam o sinal da televisão ou que possibilite a transmissão via stream47. O serviço de mobile TV é oferecido por algumas operadoras como Oi, TIM e Claro. Nesse caso o cliente dessas operadoras ao invés de assistir a TV consumindo o pacote de dados que adquiriu, compra um pacote de horas dos canais que deseja, vídeo por demanda, você só paga pelo que deseja assistir. Além desse tipo de serviço a televisão móvel também está presente nos novos aparelhos que possuem o receptor da TV digital, que é enviado pelas antenas de televisão da mesma forma que recebemos o sinal nas televisões de nossas casas. Outro serviço que está crescendo muito é o Netflix48 , serviço que permite que o assinante possa assistir a diversos filmes e séries por stream. 4.3.7.Banners Mobile Essa pode ser considerada a ferramenta mais tradicional apresentadas até agora. Os banners em sites móveis possuem as mesmas características que os utilizados em sites da web. Isso porque os sites estão criando sites móveis, pois como podemos observar no capítulo sobre o cenário do mobile no Brasil, o consumo da internet por esse meio tem aumento muito. Não é apenas nos sites móveis que encontramos os banners, eles também estão presentes em alguns aplicativos. Em sua maioria os banners são inclusos somente em aplicativos gratuitos e segundo Cavallini (2010), a inserção dos banners em aplicativos gratuitos representam a contrapartida, ou seja, a empresa disponibiliza o aplicativo gratuitamente, entretanto vende espaços para outras empresas anunciarem no aplicativo. Na Figura 15 temos a representação de um banner no site móvel do portal Globo.com e de um banner no aplicativo dos canais ESPN Brasil. 47 Stream é a tecnologia que permite que um vídeo seja transmitido ao vivo ou a partir de um servidor por meio da internet. 48 Netflix, serviço de vídeo sob demanda por meio do stream. http://www.netflix.com.br 59 Figura 15 - A esquerda, banner no site mobile da Globo.com e a direita banner no aplicativo da emissora de televisão ESPN. Fonte: Guilherme Franco de Paula 4.3.8.Aplicativo De todas as tecnologias que o mobile marketing utiliza podemos considerar os aplicativos como a principal, pois, como foi demonstrado ao longo de toda a discussão sobre o mobile marketing os aplicativos sempre são citados como base para o uso de outra ferramenta ou tecnologia. Os aplicativos já fazem parte do mercado há muito tempo, desde o início com os PDA, como os da Palm. Já possuímos aplicativos, como Word, Excel e outros para diversas funções, entretanto foi com os smartphones que os aplicativos realmente começaram a se configurar como uma grande força para o marketing digital. Apesar de fazerem parte do mercado mobile há anos, os aplicativos móveis foram alavancados apenas depois do surgimento do iPhone. A facilidade de compra e instalação de aplicativos nessa plataforma ajudou a disseminar a cultura da utilização de aplicativos mobile. (GABRIEL, 2010, p.186) 60 Com essa facilidade de compra e instalação e com o aumento da base de smartphones e principalmente com o modelo de negócios implementado pela Apple os aplicativos começaram a fazer parte da vida dos usuários desse tipo de mobile. O modelo que a Apple utilizou em sua loja, Apple Store, foi que desenvolvedores pudessem criar aplicativos para seus produtos no caso, iPhone. Esses aplicativos seriam avaliados por ela e se aprovados iriam fazer parte da Apple Store. A receita que esse aplicativo gerasse seria destinada em sua maior parte para os desenvolvedores. Isso foi uma novidade e a alavanca para o mercado de aplicativo, pois anteriormente as outras empresas, como a Palm, ficavam com a maior parte da receita gerada pela venda dos aplicativos. [...] A Loja da Apple. Com seus mais de 185 mil aplicativos e mais de 4 bilhões de downloads [...], criaram um novo ecossistema que facilitou o processo de desenvolvimento e publicação de aplicativos, bem como resolveu a complexidade até então de distribuição e também o acesso do consumidor final. (CAVALLINI, 2010, p.79) Percebemos então que o mercado de aplicativos tornou-se um mercado bastante atraente porque a partir desses produtos, empresas começaram a se especializar nesse ramo. Segundo a pesquisa da Research2guidance49 em 2010 o mercado de aplicativos para smartphones movimentou mais de US$ 2,2 bilhões e para 2013 espera-se que esse mercado movimente US$ 15 bilhões. Ou seja, um aumento de mais de 680% em apenas 3 anos. Dessa forma, o aumento da oferta de opções de hardware mobile e a quantidade de aplicativos disponíveis, aliado à crescente disseminação da cultura de seu uso, têm tornado os aplicativos móveis uma plataforma bastante interessante para o marketing, tanto como produto (aplicativo próprio de marcas) como mídia (banners em aplicativos de terceiros). (GABRIEL, 2010, p.186) Sendo assim empresas como Cinemark, Vivo, Claro, TIM, TAM, Gol, Infraero e muitas outras começaram a fazer aplicativos para consolidar uma relação entre usuário (consumidor) e marca (empresa). Com esses aplicativos as empresas conseguem se comunicar de forma interativa e direta e permite que o usuário tenha acesso rápido às informações, além de poder compartilhar o conteúdo oferecido pelas empresas caso deseje. Esse trabalho tem como objetivo a partir de agora 49 Fonte: http://www.mobilepedia.com.br/noticias/mercado-de-aplicativos-movimeta-22-bilhoes-dedolares 61 analisar a campanha Voos On-Line desenvolvida pela Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) ao longo do ano de 2011. 62 5.Análise 5.1.Análise de Campanha (Voos On-Line) Infraero A Infraero é a empresa do Governo do Brasil vinculada a Secretaria de Aviação Civil que administra os aeroportos brasileiros. Como administradora de mais de 60 aeroportos no Brasil, cabe a ela, preservar e manter a infra-estrutura, melhorar as condições dos aeroportos e realizar a expansão quando estes ficam sobrecarregados. Sendo assim, a Infraero é alvo de criticas e de reclamações constantemente, pois no Brasil o sistema aéreo possui problemas, entretanto nem todas as falhas ocorridas dentro dos aeroportos são de responsabilidade da Infraero. Momentos como o apagão do sistema aéreo em 2006, logo após o acidente entre o voo 1907 da empresa Gol Linhas Aéreas e o avião Legacy colocaram a Infraero e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em destaque, e a elas foram atribuídas toda a culpa do acidente e do caos aéreo que estava por se instalar. Esse caos aéreo até hoje não foi resolvido na sua totalidade, pois os aeroportos ainda não possuem toda a estrutura e infra-estrutura necessárias para a realização de um serviço de qualidade. Isso fica claro em épocas próximas as férias, meses de junho e julho e dezembro e janeiro, ou próximo a feriados. Nessas épocas, atrasos, cancelamentos de voos, bagagens extraviadas, falta de informação e muitos outros problemas vêm a tona. Alguns dos problemas não são de responsabilidade da Infraero, mas sim das empresas de aviação (Tam, Gol, Avianca, Azul, etc), no entanto, mesmo que o problema não seja da Infraero, a empresa estatal acaba por ser a culpada pela população e imprensa. Além destes problemas sazonais, o Brasil será cede dos dois maiores eventos esportivos do mundo, a Copa do Mundo FIFA em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Eventos como esses precisam de estruturas em todas as áreas e principalmente na área da aviação, pois por serem eventos mundiais recebem turistas de todas as partes do mundo. A Copa do Mundo, principalmente, necessita que as seleções tanto quanto seus torcedores se desloquem de uma cidade para outra por causa do calendário de jogos, e para isso é necessário uma infra-estrutura que permita essa locomoção. Visto esse cenário e tendo como base o estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2010, Gráfico 11, em relação ao tráfego real e 63 a capacidade de operação dos aeroportos, percebemos que ainda não estamos preparados para eventos desse porte. Gráfico 11 - Tráfego real x capacidade de operação - julho/2010 Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/desastresaereos/sistema-de-aeroportos-do-brasil-estasaturado/n1237719749693.html Como podemos verificar o número de pedidos de pousos e decolagens é superior a capacidade máxima que os aeroportos suportam. Devido a isso, o Governo Federal e a Infraero começaram a traçar planos de ações para melhorar a estrutura aeroportuária para os usuários domésticos e para atender a demanda dos eventos de 2014 e 2016. 5.2.Campanha Em 2009 a Infraero realizou uma pesquisa 50 em seus aeroportos para verificar o conhecimento do público que os frequenta. Essa pesquisa tinha como 50 Dados parciais da pesquisa realizada pela Infraero em 2009. Os dados completos não foram divulgados. 64 objetivo saber se os passageiros conhecem os órgãos que compõem o sistema aéreo, a quem recorrer caso algum problema aconteça dentro do aeroporto e a quem repassar alguns tipos de informações. A pesquisa revelou que a maior parte dos passageiros interpretam os acontecimentos ocorridos dentro dos aeroportos como responsabilidade da Infraero. Isso apenas confirmou o que já era esperado, o público que frequenta os aeroportos brasileiros não tem conhecimento da responsabilidade de cada empresa que compõem o sistema aeroportuário brasileiro. A pesquisa também confirmou que a imagem da empresa estatal estava negativa, pois todos os problemas eram atribuídos a ela, por seus passageiros e ou pela imprensa. Com base nesses resultados a Infraero recorreu a sua agência de publicidade Arcos Comunicação para a realização de uma campanha publicitária de cunho informacional e institucional. Esta tinha como objetivos: criar uma plataforma de comunicação junto aos usuários dos aeroportos, modificar o caráter do relacionamento tradicional entre a Infraero e seu público, ou seja, aproximar-se do público oferecendo informações necessárias para melhorar a experiência da viagem e esclarecer a responsabilidade das empresas que estão presentes nos aeroportos. Nesse momento foi realizada a primeira etapa do marketing, que é a análise do cenário, a identificação dos problemas e a definição dos objetivos a serem alcançados. Com base nos resultados apresentados, nas informações coletadas e no briefing, a agência Arcos Comunicação começou a trabalhar na campanha. Foi definido que a campanha iniciaria no final de novembro de 2009, pois como já mencionado, era um período de grande movimentação nos aeroportos. O conceito desenvolvido foi o “Fique por Dentro” e a partir dele foi montada toda a linha visual e estratégica de comunicação. A campanha foi dividida em duas fases, a primeira iniciada em novembro de 2009 e a segunda em dezembro de 2010. A primeira fase da campanha era de caráter mais informacional e ocorreu em 11 (onze) aeroportos, os mais movimentados do país. Em cada aeroporto foram instaladas mensagens em locais estratégicos e mais relevantes para o público que o frequenta. Essas mensagens traziam informações sobre o processo de check-in, como funciona o embarque remoto por meio dos ônibus e demais responsabilidades que cambem a Infraero. Nos aeroportos em questão foram distribuídos o “Guia do 65 Passageiro”, com todas as informações para que o passageiro tenha uma excelente viagem. Ao longo da primeira fase da campanha, constatou-se que os passageiros já tinham mais conhecimento das responsabilidades da Infraero e das empresas que complementam o sistema aeroportuário. Esses resultados foram excelentes, pois a população e a imprensa começaram a dividir as responsabilidades dos eventuais problemas que ocorriam dentro dos aeroportos. Entretanto a campanha não estava finalizada, faltava por em prática a segunda fase e esta foi lançada em dezembro de 2010. A segunda fase da campanha possuía de forma geral a mesma identidade visual da primeira, porem as peças foram humanizadas e ganharam mais destaque gráfico. Foram adicionados dez personagens que representam os tipos étnicos brasileiros. Essas peças foram instaladas em 16 (dezesseis) aeroportos, 11 (onze) da primeira fase e mais 5 (cinco) na segunda. Agora o objetivo era ampliar a comunicação entre a Infraero e o público, para isso foram adicionados novos canais de comunicação. A campanha deixou de ocorrer somente dentro dos aeroportos, e passou a ser veiculada em revistas, internet e mobile. Nesse momento da campanha houve o início do uso do marketing digital e do crossover de mídias, pois como já estudado anteriormente, o marketing digital sozinho pode não conseguir resolver todos os problemas, mas se estiver associado ao marketing tradicional teremos uma campanha que conta uma história de diversas formas e por diversos meios. Essa nova estratégia foi utilizado para trazer uma interação que não existia na primeira fase e para aproximar a Infraero do seu público. Os meios digitais foram utilizados para trazer uma maior interatividade como já mencionado. Para isso foi desenvolvido um hotsite 51 para a campanha, com presença e monitoramento das redes sociais (Facebook, Twiiter, Orkut, Formspring e Foursquare), e o desenvolvimento do aplicativo mobile “Voos Online” para smartphones, além da disponibilização do “Guia do Passageiro” por meio de SMS e Bluetooth nos aeroportos. O meio revista foi utilizado para informar sobre a campanha e divulgar o aplicativo. 51 Hotsite da campanha: http://www.infraero.gov.br/fiquepordentro/#/home 66 Iremos nos deter na segunda fase da campanha “Fique por Dentro” da Infraero. Como mencionado, as tecnologias do mobile utilizadas foram o SMS, o Bluetooth e o aplicativo “Voos Online”. Para iniciar essa análise é importante ressaltar que da mesma forma que o marketing digital não possui sucesso ao ser planejado sozinho o “marketing móvel não funciona sozinho e é mais eficaz quando integrado a outros canais de comunicação.” (CASAS, 2009, p.38) 5.2.1.SMS Na campanha o SMS foi utilizado em dois momentos. Um para divulgação e envio do “Guia do Passageiro” e outro como plataforma de comunicação entre os passageiros e a Infraero. No primeiro momento o usuário deveria enviar uma mensagem para um número e assim que essa mensagem chegasse no servidor, este enviaria o link para o download no celular de quem o solicitou. Desta forma o passageiro estava buscando a informação presente no guia. A partir desse modo de solicitação o número de guias distribuídos aumentou muito. A outra forma de utilização do SMS foi para envio de sugestões e opiniões dos passageiros, essas mensagens enviadas eram respondidas por uma equipe da própria Infraero. Para a divulgação desse uso, estava instalado nos aeroportos o cartaz da Figura 16. Figura 16 - Cartaz de informação sobre o como o passageiro poderia enviar sugestões e opiniões Fonte: http://www.infraero.gov.br/fiquepordentro/pdf/infraero_impresso.pdf 67 Dessa forma a Infraero conseguiu ter uma intereção com os passageiros que estavam nos aeroportos no momento em que estavam tendo algum problema, ou que pensaram em uma forma de melhorar o serviço ou até mesmo enviar criticas a respeito dos serviços prestados. Os dados não foram disponibilizados, entretanto foi um sucesso conforme informado pela equipe responsável, da Arcos Comunicação, pela campanha em entrevista realizada no dia 30 de setembro de 2011. 5.2.2.Bluetooth ! O bluetooth foi utilizado quase que da mesma forma que o SMS, mas neste caso, ele não possibilitava a comunicação entre passageiro e empresa. Foi utilizado apenas para distribuir os guias e enviar dicas para a viagem. Como vimos no capítulo sobre as tecnologias do mobile, ele possui uma desvantagem que é não funcionar com todas as plataformas e ter que estar ativo para que o usuário receba a informação. Para isso a campanha contava com o cartaz da Figura 17. Figura 17 - Cartaz de informação de como obter por bluetooth o Guia do Passageiro e outras dicas. Fonte: http://www.infraero.gov.br/fiquepordentro/pdf/infraero_impresso.pdf Este cartaz informava ao passageiro a possibilidade de possuir o guia em seu celular e ter acesso a qualquer momento e em qualquer lugar. Novamente 68 percebemos que é o usuário, o passageiro, que está buscando a informação, pois é ele que terá que ativar as configurações de seu celular para acessar o conteúdo. Com a ação de bluetooth foram distribuídos mais de 500 mil guias, ou seja, foram 500 mil pessoas que buscaram pela informação no local em que mais precisavam, no aeroporto. 5.2.3.Aplicativo Dentre todas as tecnologias e meios utilizados na segunda fase da campanha “Fique por Dentro”, o aplicativo “Voos Online” foi o que obteve os melhores resultados e a maior repercussão na mídia. Foi considerado pela revista PROXXIMA, da Editora Meio e Mensagem, como um dos cinco aplicativos mais relevantes lançados até dezembro de 2010. O aplicativo foi desenvolvido pela agência Click Isobar sob a supervisão da agência Arcos Comunicação. O aplicativo tinha como objetivo ser o meio de maior interação da campanha, pois com ele o usuário poderia verificar os voos de todos os aeroportos do país, ter acesso ao guia, a telefones úteis e ainda poderia compartilhar as informações nas redes sociais. Tudo isso está acessível em um aparelho móvel, smartphone, que cabe na palma da mão e que como já verificamos está com o usuário o tempo todo. Com isso a Infraero conseguiu aprimorar a sua comunicação com o passageiro, antes, durante e depois dele passar pelo aeroporto. Abaixo a imagem da interface da primeira versão do aplicativo. 69 Figura 18 - Interface do aplicativo Voos Online Fonte: Arcos Comunicação Como podemos verificar na imagem acima a primeira versão do aplicativo tem uma interface simples que permite que o usuário tenha acesso a todas as informações logo que iniciado. Na figura a imagem do meio mostra o “Guia do Passageiro” com as dicas para antes, durante e depois do voo , a imagem da direita mostra o serviço de busca dos voos. Todas as ferramentas do aplicativo podem ser acessadas pelo menu na parte inferior do aplicativo o que permite que o usuário acesse tanto o guia, quanto o serviço de localização de voos ou os telefones úteis. Nos 13 (treze) primeiros dias que sucederam o lançamento do aplicativo, os usuários do iPhone deixaram registradas 20 (vinte) avaliações na Apple Store, o que fez com que o aplicativo conseguisse a marca de 3,5 estrelas de 5 (cinco) possíveis conforme a figura abaixo. 70 Figura 19 - Rating do aplicativo Fonte: Apple Store A primeira versão do aplicativo teve mais de 85 (oitenta e cinco) mil downloads na Apple Store em quatro meses, ficou entre os “Top 25” da Apple App Store Brasil durante as 3 (três) semanas que sucederam o seu lançamento. Foi um dos 3 (três) aplicativos mais baixados na categoria “Travel” e um dos 60 (sessenta) mais baixados na categoria “Todos” da Apple App Store Brasil. Esses dados são relevantes, pois são dados apenas do aplicativo para o smartphone da Apple (iPhone). Os dados do aplicativo que opera na plataforma Android não foram divulgados. Apesar de todo sucesso que o aplicativo teve durante os primeiros meses, foi visto que era necessário uma nova versão para corrigir algumas falhas que foram expostas por usuários ao longo do uso. Essa possibilidade de adaptação do aplicativo e correção, faz com que ele seja mutável e que responda instantaneamente às necessidades do público, além de fidelizá-lo. Com essa agilidade a Infraero conseguiu cativar o público que já possuía o aplicativo, pois respondeu com eficiência as sugestões e reclamações, e conquistou novos usuários por sua funcionalidade e facilidade no uso. As principais alterações da nova versão foram em relação a interface e ao fluxo de navegação. A seguir imagens da nova interface do aplicativo. 71 . Figura 20 - Interface da nova versão do aplicativo Voos Online Fonte: Guilherme Franco Figura 21 - A esquerda o “Guia do Passageiro” e a direita “os voos do aeroporto de Brasília.” Fonte: Guilherme Franco 72 Figura 22 - Imagem do detalhe do voo Fonte: Guilherme Franco Além da mudança do visual, que trouxe uma interface mais limpa e simples o que permitiu uma melhor navegabilidade, a segunda versão trouxe novas utilidades como a marcação de voos, o detalhamento da rota, temperatura e distância a ser percorrida entre um aeroporto e outro. Mas a principal mudança ficou por conta do novo fluxo de navegação. Segundo Frederick van Amstel em sua palestra no Intercon 2011 “o aplicativo tem que ser útil, tem que ser relevante, com boa navegabilidade e que o usuário consiga ter uma boa experiência”. Por isso o fluxo foi alterado permitindo que o usuário pudesse navegar de forma mais fácil entre as três principais funções do aplicativo. A nova versão registrou até agosto de 2011, 74 (setenta e quatro) mil atualizações e a marca de 200 (duzentos) mil downloads no mês de outubro. Por causa dessas mudanças o aplicativo conseguiu tal marca e segundo a superintendente de Marketing de Comunicação Social da Infraero, Léa Cavallero “Essa atualização atende à necessidade de interação e compartilhamento de mais informações pelos usuários, além de aproximar a Infraero de seus clientes”52. 52 Fonte: http://www.proxxima.com.br/proxxima/mobile/noticia/2011/08/05/20110805-Infraeromoderniza-aplicativo-mobile.html 73 A campanha ainda não acabou, mas os resultados obtidos até agora têm sido satisfatórios principalmente por causa do aplicativo que ainda está no “Top 75” da Apple App Store Brasileira. 74 6.Considerações Finais Há mais de 20 anos, desenhos e filmes de ficção apresentavam ao espectador um aparelho que cabia no bolso e que possibilitava a comunicação com qualquer pessoa e em qualquer lugar. Hoje esse aparelho já faz parte das nossas vidas, só que com muito mais utilidade do que na época dos filmes futuristicos. Esse aparelho é o celular. Como foi apresentado ao longo deste estudo, o celular que conhecemos hoje foi fruto da constante evolução tecnológica que permitiu que passasse de apenas um aparelho de comunicação entre duas pessoas para um aparelho de multi conexões. Verificamos que o desenvolvimento da internet permitiu que o ser humano pudesse estar conectado com o mundo, tivesse acesso a qualquer tipo de informação e principalmente quebrou a barreira do tempo e do espaço. Com isso houve a desterritorialização, processo que permitiu que a informação esteja acessível a qualquer pessoa em qualquer momento, pois tudo está conectado no ciberespaço. O ciberespaço trouxe para o ser humano um novo ambiente, um ambiente em que além de receber informações é possível criar e compartilhar. Esse fenômeno veio com a internet. Com o aumento do número de usuários conectados à internet e com o desenvolvimento de novas tecnologias, o ser humano começou a ficar independente dos fios. Tecnologia como o wireless foi responsável pelo inicio da mobilidade dos aparelhos. Isso permitiu que os equipamentos possuíssem a principal característica do ser humano que é a mobilidade. Se antes apenas com a internet já era possivel ter acesso a informação em qualquer lugar, agora a informação poderá ser acessada do meio da rua, sem mais a presença de um cabo. Estas transformações mudaram o modo como consumimos a informação, e para isso o marketing e a publicidade tiveram que achar novos meios de se comunicar com esse público que é móvel. Essa nova forma não é necessariamente uma nova maneira, mas sim, um novo jeito de utilizar os conceitos do marketing em novos ambientes, nesse caso o digital. Com isso temos o marketing digital que nada mais é do que a utilização dos conceitos do próprio marketing. Percebendo esta mobilidade e o avanço dos celulares e dos smartphones o marketing passou a investir nesse tipo de comunicação, mobile marketing. Nessa nova forma de comunicação as empresas começaram a se comunicar com o usuário aonde ele 75 está, como no caso da campanha da Infraero, em que a comunicação se dava no momento em que o usuário mais precisava: antes, durante e depois de passar pelo aeroporto. Os resultados até agora são favoráveis, como analisamos ao longo desta monografia, e como podemos perceber o mercado está em crescimento, pois a cada dia novas linhas de celulares são habilitadas e smartphones vendidos. Esses dados também podem ser comprovados por meio da pesquisa realizada pela Ericcson53, que apresenta dados que o tráfego de informação pela rede móvel crescerá 60% até 2016 e que a base de aparelhos de alto consumo de dados, como os que possuem o sistema IOS54 e Android 55, terão um aumento em sua base de mais de 460%, enquanto os demais terão um aumento de 320%. Isso mostra que em 2016 teremos aproximadamente 5,26 bilhões de aparelhos smartphones no mundo. Conclui-se que o mobile marketing, já promissor, tenha um futuro ainda mais prometedor, porque estamos no início e temos um mercado inteiro para explorar. 53 http://imasters.com.br/noticia/22707/mercado/trafego-de-dados-em-dispositivos-moveis-aumentaraquase-dez-vezes-ate-2016 54 55 Sistema operacional do smarphone, iPhone da empresa Apple Sistema operacional desenvolvido pela empresa Google que roda aparelhos smartphones de diversas empresas como a Motorola, Samsung e outras. 76 7.Bibliografia Advantage through, Wireless Technology. Londres, Elsevier, 2006. ASSOCIATION, Mobile Marketing. Mobile Marketing. Disponível em: <http:// mmaglobal/main>. Acesso em: 13 nov. 2011 ASSOCIATION, Mobile Marketing. Mobile Marketing Brasil 2009/2010. Disponível em: <http://mmaglobal.com/files/ MOBILE_MARKETING_BRASIL.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2011 BRASIL, Mobile Marketing. O que é mobile marketing. Disponível em: <http:// www.mobileadvertisingbrasil.com.br/>. Acesso em: 13 nov. 2011. 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E tudo isso uso do celular permitiu que as pessoas realmente vivessem uma nova cultura, uma cultura que possibilitou ao ser humano ser conectado a tudo o que tínhamos a imagem de um aparelho que coubesse no bolso e que possibilita nos comunicarmos com qualquer pessoa apenas como um sonho ou um futuro distante. Duas décadas passaram e temos um aparelho que faz muito mais do que imaginávamos. O celular se desenvolveu junto com as tecnologias da computação e da internet. Acompanhou O mobile não é mais uma plataforma ou uma tecnologia que vai ser tornar um potente canal de comunicação. Ele já é um canal de comunicação forte e que vem crescendo e podemos perceber isso ao longo deste trabalho. A está cada dia mais presente na vida das pessoas. Isso pode ser confirmado pelos números demostrados, mas principalmente no capítulo que faz referência ao mobile no Brasil. Vimos ao longo deste trabalho que o marketing móvel não existiria se a tecnologia não tivesse 80 trazer a maior intereção da campanha, Como estudado e um meio de coleta de informações no momento em que estava ocorrendo, o feedback era instantâneo. , pois ainda possui o objetivo de informar a responsabilidade de cada empresa, pois a cada ano os aeroportos recebem mais passageiros, sendo que alguns desses estão em sua primeira viagem. Além dos 11 (onze) aeroportos positivados na primeira fase, foram positivados mais 5 (cinco) totalizando 16 (dezesseis) aeroportos mas diferente da anterior que foi quase que exclusivamente de cunho informacional dentro dos aeroportos essa tinha como objetivo aumentar sua visibilidade e para isso foi incluído novos canais de comunicação que possibilitaram uma interação com o usuário. A campanha agora possuía novos canais de comunicação, entretanto continuou com a instalação das mensagens em locais estratégicos dentro dos 11 (onze) aeroportos da primeira fase e em mais 5 (cinco), totalizando 16 (dezesseis) aeroportos. que também podia ser acessado e baixado pelo hot-site desenvolvido para a campanha, http://www.infraero.gov.br/fiquepordentro/#/home . Para a divulgação do hot-site e da campanha foi utilizado um crossover de mídias “off-line” e “on-line” e para isso foi escolhido os meios revista e internet. 81 Nesse momento da campanha temos o uso do marketing no meio digital, utilizando a mesma linha visual e estratégica que estava sendo utilizada nos meios de massa. Em pesquisa realizada em 2009 pela Infraero revelou que a maior parte dos passageiros interpretam como sendo responsabilidade da empresa praticamente tudo o que acontece nos aeroportos. Essa atribuição de tudo que acontece de errado a Infraero prejudica sua imagem. Em outubro de 2010 a Infraero solicitou a sua agência de comunicação , Arcos Comunicação o planejamento e o desenvolvimento da campanha “Fique por Dentro”. A campanha tinha com objetivo informar aos passageiros e frequentadores dos aeroportos os serviços prestados pela Infraero e pelas as demais empresas que prestam serviços nos aeroportos brasileiros. A campanha foi desenvolvida principalmente destro dos aeroportos, onde ocorreu a adesivação e a utilização da mídia indoor (totens e rede de televisão interna), além de revistas de bordo e divulgação na internet, em portais e sites regionais. Como mencionado a campanha tinha o objetivo de informar os passageiros das competências das empresas e para isso foi criado o Guia do Passageiro que era distribuído nos aeroportos. A campanha teve duração de aproximadamente 7 (sete) meses, de dezembro a junho, e foi obteve bons resultados. A campanha alcançou os objetivos que era conscientizar os passageiros. Com esse objetivo alcançado a campanha se desenvolveu para outra campanha a Voos Online. e o Guia do Passageiro. Além, de revistas de bordo, turísticas e do segmento da aviação. A campanha teve duração de aproximadamente 6 meses e teve bons resultados, pois passageiros qu comea melhorar as condições dos aeroportos do país. 82 e que demandam uma locomoção interna necessita de uma infra-estrutura de locomoção para conseguir realizar momentos difíceis, pois com isso foi a tona uma falha na cobertura dos radares no território brasileiro e o questionamento sobre a qualidade do serviço prestado. Outro momento em que sempre a Infraero passa por pressão tanto da sociedade quanto da imprensa são nas datas próximas as férias ou a feriados prolongados, onde a população em sua maioria decide viajar, e com isso os aeroportos ficam lotados, ocorre atrasos e/ou cancelamento de voos, bagagens são extraviadas ou violadas. Esses são problemas que sempre são pautas dos programas jornalísticos exibidos pelas televisões ou pelos jornais e revistas do país. Além de problemas sazonais como esses tem o fato de o Brasil ser cede de dois dos maiores eventos esportivos do mundo em um período curto. Em menos de 3 anos realizaremos a Copa do Mundo FIFA e dois anos depois as Olimpíadas de 2016 que será realizada no Rio de Janeiro. Eventos desse porte precisam de estruturas em que foi constatada uma área escura no sistema de radares e o caos que ocorre em praticamente todo dinal de ano Entretanto a imprensa e a própria população brasileira atrela todos os problemas ocasionados no aeroporto a Infraero. Isso ocorre por falta de conhecimento de ambas e por essas e outras a imagem que a Infraero possui não é de uma empresa que se preocupa com os usuários do sistema de transporte aéreo brasileiro. Além disso o Brasil será cede da Copa do Mundo FIFA em 2014 e das Olimpíadas em 2016. Pensando em como esclarecer junto a sociedade brasileira os Cabe a Infraero cuidar da estrutura e Por ser a administradora dos aeroportos a Infraero na maioria das vezes re 83 Vinculada à Secretaria de Aviação Civil, a Infraero administra desde grandes aeroportos brasileiros até alguns tão pequenos que ainda não recebem voos comerciais regulares e são aeroportos que têm como função representar a soberania nacional em áreas longínquas. Ao todo são 66 aeroportos, 69 Grupamentos de Navegação Aérea e 51 Unidades Técnicas de Aeronavegação, além de 34 terminais de logística de carga. Estes aeroportos concentram aproximadamente 97% do movimento do transporte aéreo regular do Brasil. Em números, isso equivale a 2,6 milhões de pousos e decolagens de aeronaves nacionais e estrangeiras, transportando cerca de 155,3 milhões de passageiros, por ano. A Infraero também atua em aeroportos equipados para funcionar como plataforma de helicópteros e outros cuja vocação está na logística de carga aérea. A infraestrutura aeroportuária brasileira, que pode ser equiparada aos padrões internacionais, está sendo modernizada para atender à demanda dos próximos anos. Para isso, a empresa pratica um plano de obras arrojado, executado com receita própria, em praticamente todos os aeroportos por ela administrados e que gera mais de 50 mil empregos em todo o Brasil. O foco da Infraero, em todas as suas ações, está na segurança e no conforto dos usuários do transporte aéreo, além de sua responsabilidade social e Ambiental. Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) 84 a quantidade de aplicativos começaram a crescer e a ficar indispensáveis para quem os possui. é a tecnologia do mobile que mais se assemelha a internet. Da mesma forma que a internet possui sua Em 2010 para promover a nova linha de produtos da Calvin Klein foi instalado na cidade de Nova Iorque em um prédio uma empena contendo um mobile tag como pode ser visto na Figura 24. Esse uso cada vez maior do mobile tag, segundo Martha Gabriel “está intensamente associada à popularização da banda larga móvel” (GABRIEL, 2010, p. 176) pode ser atribuído a disseminação cada vez maior da banda larga movel, Ou seja, o tag possibilita que seja utilizado em muitos outros locais e assim se diferencia por permitir que uma logo ou nome seja inserido. Isso permite a criação de um diferencial, uma personalização do tag. Mas Esses três são os mais tradicionais, sendo que o QR Code e o Data Matrix são decodificados por um mesmo sistema, enquanto o Beetagg é decodificado por outro. Entretanto existem muitos outros tipos de Diferentemente das tradicionais códigos de barras, Figura 21, que são codificados e decodifcados apenas por um sistema, por sistemas diferentes, ou seja, apenas o sistema que a decodificou pode a descodificar, ques a cada sistema 85 O usuário que realizasse o check-in em uma sexta-feira em uma das unidades do Spoleto e esse fosse o “major” do estabelecimento receberia a sua refeição de graça. e assim que realizasse a sua confirmção no local fosse co o “major” do estabelecimento, ou seja fosse a pessoa que mais vezes esteve lá nos últimos dias receberia u Para os clientes que possuissem o status de “majors” do estabelecimento usabilidade São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Cuiabá, Belo Horizonte, Fortaleza, Salvador, Manaus e Curitiba para Começou ontem a divulgação do Circuito Halls. O evento que já passou por várias cidades e que conta com a presença de diversos DJs internacionais, chega a São Paulo no dia 18 de novembro. Três lojas AM/PM fazem parte dos pontos de venda de ingressos. Nelas, totens Bluetooth foram colocados para entregar interatividade ao público do evento. Ao interagir, as pessoas recebem um Wallpaper e um Ringtone exclusivos. A maior vantegem dessa tecnologia é o fato do usuário ir atrás que vai atrás da informação, pois ele tem interesse no que está sendo oferido entre dois dispositivos móveis. A rede possui alto grau de segurança e possui um alcance de até 100 metros de distânciaa. meados de 2009 a Visa, o Banco do Brasil, o Bradesco e a Cielo empreenderam um projeto piloto de NFC baseado no handset Nokia 6212 que não “decolou”. com ela cada vez mais. 86 e como apresentado nos capítulos anteriores é uma plataforma que permite que a mobilidade, interatividade, convergência e experiência tanto com o aparelho tanto com o que se deseja, além de ter uma base de mais de 2 celulares por pessoas e o número de telefones inteligentes estarem aumentando a cada momento. Novamente é importante ressaltar que da mesma forma que somente o marketing digital não tem sucesso sendo planejado sozinho o “marketing móvel não funciona sozinho e é mais eficaz quando integrado a outros canais de comunicação.” (LAS CASAS,------, p.38) que as ferramentas do marketing são utilizadas como base em um meio diferente do que se iniciou, contudo parte do mesmo principio. Toda essa nova forma de comunicação está associada as novas tecnologias que já citamos e é por causa delas que percebemos essa inversão de fazer a comunicação. Inversão essa de papeis, onde antigamente tínhamos as empresas buscando o consumidor e agora o consumidor buscando a empresa e seus produtos. E o que mais possibilitou essa busca do consumidor pela empresa foi a internet, nesse momento voltamos a falar sobre a cibercultura e a mobilidade. [...] “estar conectado” para “ser conectado”. “Estar” conectado significa que você eventualmente entra e sai da internet, como na era na época das conexões discadas.... “Ser” conectado siginifica que parte de você está na rede - você vive em simbiose com ela. (GABRIEL, 2010 p.74) Essa mudança do “estar” para o “ser” e as novas tecnologias permitiram essa mudança de cenário proporcionado pelas novas tecnologias 87 entretanto ele não cria a necessidade, mas cria o desejo e é em cima do desejo das pessoas que age da forma mais intensa. É em cima dos desejos das pessoas que as empresas trabalham, montam seus planos de marketing e seus planos de comunicação e suas estratégias. se formos considerar as trocas realizadas na era medieval em que era havia a troca de um produto pelo outro Marketing Digital Para compreender de forma clara o que é o marketing digital é necessário entender o que é o marketing em sua origem, porque segundo Martha Gabriel em seu livro Marketing na era digital “...marketing digital não existem o que existe é o marketing e o seu planejamento estratégico é que determinará que plataformas ou tecnologias serão usadas - digitais ou não.” (GABRIEL, 2010; p.105). Partindo dessa afirmação podemos deduzir que o marketing digital é apenas uma nomenclatura do marketing, onde, o meio digital é utilizado como uma ferramenta. Segundo Philip Kotler o “marketing é a atividade humana dirigida para satisfazer necessidades e desejos por meio de troca”. (KOTLER, 2003). Bibliografia ERTHAL, Ana. Os 6 m´s do Mobile. 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