Day after 1 Queda do Ibovespa, alta do dólar. O impacto do anúncio feito ontem (9) de rebaixamento do rating soberano do Brasil pela agência classificadora de risco Standard & Poor’s, que levou o país a perder o grau de investimento que deteve por sete anos, deverá dar a tônica do noticiário dos próximos dias. O Brasil deteve o grau de investimento por 2.690 dias Day after 2 Em seu blog, o jornalista Fernando Rodrigues notou que a entrevista do ministro Levy ao Jornal da Globo na madrugada de hoje (10) foi pautada pelo improviso e pela pressa. Para Rodrigues, as declarações de Levy teriam exposto as contradições do governo Dilma Rousseff, que defende cortar despesas mas aparentemente não teria um plano para tal. E reforçado a percepção de fragilidade do ministro. Outro jornalista, Ricardo Noblat, argumentou em seu blog que agora é que Levy não sai do governo: “Seria acusado de abandonar o navio com um grande rombo no casco”. Day after 3 Para a jornalista Míriam Leitão, a perda do grau de investimento é apenas mais um episódio de uma sucessão de equívocos do governo federal na condução da economia. Em seu blog, ela viu a decisão da Standard & Poor’s como “a crônica de um rebaixamento anunciado”, após as pedaladas fiscais, gastos excessivos e isenções tributárias adotadas até recentemente por Brasília. Em linha semelhante, seu colega Geraldo Samor, da Veja Online, avaliou que a decisão da agência “foi muito mais um veredito do mundo sobre nossa ingovernabilidade atual do que propriamente um ‘basta’ ao cenário fiscal preocupante”. Olhar externo Segundo o Financial Times, a situação econômica negativa do Brasil e a perda do grau de investimento derrubaram o real nesta quinta-feira a um nível quase igual “ao do seu nível mais baixo de todos os tempos, registrado 13 anos atrás”. O FT destaca que os R$ 3,9068 por dólar nesta quinta-feira significam uma desvalorização da moeda brasileira acima de 30% este ano, “o pior índice entre todos os mercados emergentes. A entrevista Trechos da entrevista da presidente Dilma ao jornal Valor de hoje (10): Levy “Ele não vai [sair]. O Joaquim tem a minha confiança.” Renúncia “Eu não saio daqui. Não devo nada.” Reforma ministerial “Eu direi qual é a reforma na hora que ela sair.” Economia “O Brasil tem um grande problema momentâneo.” Dívida pública “Para cada uma dessas variáveis [crescimento econômico, juros sobre a dívida e administração fiscal], vamos olhar como é que fica.” Lula “Passaram a vida inteira querendo que eu brigasse com Lula. [Ele] é uma das pessoas com quem eu mais concordo na vida.” Ortodoxos x heterodoxos “Eu estou na fase confunciana. Eu sou a favor do caminho do meio e da harmonia. [O embate entre as linhas dos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa] é um falso problema.” Novamente o impeachment A oposição promete usar o rebaixamento da nota de crédito do Brasil como combustível para propagar a ideia do impeachment. Os partidos de oposição e dissidentes governistas formalizaram na Câmara dos Deputados a criação de um movimento que visa ejetar a presidente do assento presidencial. Em poucas horas, mais de 100 mil pessoas já haviam aderido. Carlos Sampaio (PSDB-SP), líder de seu partido na Câmara, diz que 280 parlamentares da Casa já estão decididos a votar a favor da abertura de um processo de impeachment. São necessários 342 votos. O Brasil em três momentos 1962 O presidente francês Charles De Gaulle teria dito que o Brasil não era um país sério, em meio a uma disputa entre os dois países sobre a pesca de lagostas. Na verdade, a frase teria sido dita pelo embaixador brasileiro na França, Carlos Alves de Souza Filho. 2008 A agência de classificação de risco Standard & Poor’s concede ao país o grau de investimento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma: “O Brasil foi declarado um país sério”. 2015 A mesma Standard & Poor’s rebaixa a classificação do país, retirando o grau de investimento. “Essa classificação não significa que o Brasil esteja em uma situação em que não possa cumprir as suas obrigações”, afirma a presidente Dilma em entrevista ao jornal Valor Econômico de hoje (10).