A Sociologia Marxista

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A Sociologia Marxista
Marx nas Ciências Sociais e no mundo social
- Diferentemente de Durkheim e Weber, na vasta obra do alemão Karl Marx
(1818-1883) não há uma preocupação explícita com a elaboração de uma disciplina
sociológica, já que o pensamento de Marx tende ao holístico;
No entanto, suas idéias tiveram enorme impacto nas Ciências Sociais –
constituindo-se numa das fontes mais importantes da Sociologia – assim como na
política e em vários outros âmbitos intelectuais e sociais;
- O pendor menor de Marx pela disciplinarização do saber acadêmico e maior
preocupação com a transformação social refletem-se na sua biografia. Marx não
chegou a ocupar posições de mando nas universidades e sua militância política
(evidente em muitas de suas obras – como o célebre Manifesto do Partido
Comunista [1848]) causaram-lhe uma série de dificuldades pessoais, como
perseguições, exílio e penúria econômica.
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Conhecimento sociológico e
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A dialética de Hegel
- Talvez a influência mais significativa no pensamento Marx seja a do filósofo Georg
Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) que postulava a dialética como um movimento
histórico e um método de apreensão do conhecimento;
- Na dialética hegeliana a compreensão dos fenômenos ocorre pela captura
intelectual de uma unidade dialética, que só pode ser vislumbrada em algo (por
exemplo, o “finito”) se o seu oposto (o “infinito”) também for articulado à reflexão;
- O pensamento dialético operaria a partir da “tese” e da “antítese”, em busca de
uma “síntese”, que seria um raciocínio superior, mas ainda passível de superação
nesse movimento contínuo da reflexão entre o particular e a totalidade;
Georg Wilhelm
Friedrich Hegel
(1770-1831)
Fonte: Wikipédia
- Marx funda seu método de análise, o chamado materialismo histórico (ou
materialismo dialético histórico) na crítica (e potencial superação) ao “idealismo”
da posição de Hegel. Isso porque enquanto para Hegel haveria uma Idéia Absoluta
que regeria a marcha rumo à sua própria realização, entre teses/antíteses e
contínuas sínteses provisórias, para Marx são os homens historicamente situados
que fazem esse movimento.
O materialismo histórico dialético
- Em termos sintéticos, para Marx, o “ideal” nasce do material, da realidade que os
homens vivem (daí o “materialismo”), situado na história (o “histórico”),
realizando-se em lutas (contradições) sociais que – em sua trajetória histórica –
possuem um caráter “dialético”;
O amigo e
colaborador
de Marx,
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Friedrich
- Desse modo: “Aplicada aos fenômenos historicamente produzidos, a ótica dialética Engels (1820-1895)
cuida de apontar as contradições constitutivas da vida social que resultam na
Fonte: Wikipédia
negação e superação de determinada ordem” (Oliveira e Quintaneiro, 2002, 29);
- É por isso que se nota que na essência do método marxista de análise está a
contradição.
Superestrutura e infra-estrutura social
- De acordo com o ponto de vista materialista de Marx, o elemento primordial da
realidade social é o modo como os homens produzem suas condições de existência,
ou seja, a base econômica da sociedade.
- E esta base é o fundamento das instituições políticas e sociais do Estado, bem como
das diferentes estruturas ideológicas de uma sociedade (arte, política, filosofia,
religião, direito etc.);
- Assim, segundo o conhecido esquema marxista, as idéias (superestrutura)
derivam, em última análise, da base material de uma sociedade (infra-estrutura); e
as idéias dominantes em qualquer época são as da classe dominante, procurando
manter sua dominação.
Karl
Marx (1818-1883)
Fonte: Wikipédia
Modos de produção e mudança social
- Para compreender como Marx vê o desenvolvimento histórico, é importante
detalhar mais a noção de “base econômica”. Esta é constituída de determinadas
relações sociais de produção e forças produtivas, que possuem determinado estágio
de desenvolvimento conforme a época.
- A idéia de “forças produtivas” resume os elementos essenciais à produção
(tecnologia, instrumentos, matéria-prima etc.) e as “relações sociais de produção”
dizem respeito ao modo como os meios de produção são distribuídos e o produto é
apropriado;
- Da conjunção entre certa organização de forças produtivas e relações sociais de
produção resulta determinado modo de produção (por exemplo, o capitalismo) e é a
partir da sucessão entre modos de produção que se dá a mudança histórica,
segundo Marx.
A “luta de classes” como motor (e lei) da história
- Se é a sucessão entre os modos de produção que gera a mudança histórica e social,
o que faz com que um modo de produção supere outro? Segundo Marx, isso ocorre
devido à luta de classes;
- A luta de classes seria, então, o motor da história, sendo um conceito que
permitiria compreender o passado e o futuro da humanidade (até a síntese final que
seria o “comunismo”);
- A luta de classes pode ser definida como as relações de antagonismo existentes
entre classes sociais (a dominante e a explorada), que levam a uma superação
dialética no plano da história, em outro estágio;
- São exemplos de situações de lutas de classe (e correspondentes modos de
produção): escravos e patrícios na Antiguidade (escravismo), servos e senhores
feudais (feudalismo), trabalhadores e capitalistas (capitalismo). Grosso modo, no
esquema dicotômico apresentado, a classe dominante é a proprietária dos meios de
produção, ao contrário da classe explorada;
- É no sentido exposto que Marx afirma no Manifesto Comunista que toda história
humana tinha sido a história da luta de classes, na qual a classe explorada era a
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agente de mudança.
A crítica do capitalismo em Marx
- Marx dedicou grande parte de sua obra – principalmente seu trabalho mais
elaborado, O Capital (Livro 1 – 1867) – à análise do capitalismo;
- De um lado, Marx reconhecia o caráter revolucionário, dentro da história humana,
desse modo de produção e o papel da burguesia no mesmo;
- De outro lado, criticava os aspectos alienantes e anti-emancipação humana que
observara, afirmando que o estágio de superação do capitalismo e conseqüentes
relações sociais – via luta de classe – seria a posterior sociedade sem classes do
“comunismo” (após a “ditadura do proletariado” e o socialismo que a vitória dos
explorados pelo capitalismo produziria);
- Um dos pontos criticados por Marx no capitalismo era a alienação que o sistema
produzia no trabalhador, já que este:
:: Não se reconhecia nos produtos que elaborava,
:: Perdia o domínio em relação às condições do trabalho
(que poderia sequer ser compreendido pelo ele), sendo
sua energia mental e física sugada por atividades que
não lhe diziam respeito e,
:: Por fim, o capitalismo fazia com que o trabalho
humano – o que distingue os homens dos animais –
não fosse livre, passando a ser algo apenas ligado à
sobrevivência.
- Assim, Marx acreditava que a existência humana degradava-se, em função do
capitalista só reconhecer o homem enquanto um ser a explorar. O desempregado, o
miserável e o doente eram vistos como “fantasmas” inúteis para o capitalista;
- Ao não reconhecer a humanidade de todos os homens, o próprio burguês estaria
desumanizando-se. Por isso, a transformação no modo de produção (rumo ao
socialismo) também emanciparia o capitalista.
A “mais-valia” e o “fetichismo da mercadoria”
- O capitalismo, para Marx, era o reino da mercadoria, sendo esta uma categoria
central desse sistema, e toda mercadoria possuiria dois tipos de valor:
:: Valor de uso, correspondente ao tipo de necessidade a
que ela responde (comer, vestir etc.) e
:: Valor de troca, que é derivado do tempo de trabalho
socialmente necessário para produzir a mercadoria;
- Assim, no mercado do capitalismo, as trocas são regidas por essa abstração do
trabalho humano (o “valor de troca”) e, mesmo, do valor de uso;
- Como para Marx o trabalho é a única fonte de geração do valor, e o trabalhador
vende sua força de trabalho (uma mercadoria) por um valor menor do que aquele
que cria, essa diferença gera a “mais valia” que é apropriada pelo capitalista,
tornando-se parte da riqueza do mesmo. Essa taxa de exploração do trabalhador é
mascarada pela ideologia igualitária do capitalismo;
- Ao mesmo tempo, a ideologia capitalista, segundo Marx, obscurece a relação
(homens/trabalho) que existe na troca de mercadorias, alienando os homens de
suas reais relações (humanas) no mercado;
- Desse modo, parece a muitas pessoas que as mercadorias possuem vida própria,
uma relação mágica entre si. Isso é o que Marx chamou de o “fetichismo da
mercadoria”, que faz com que os valores pareçam uma propriedade natural das
coisas;
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- “Através da forma fixa em valor-dinheiro, o caráter social dos trabalhos privados e
as relações entre os produtores se obscurecem. É como se um véu nublasse a
percepção da vida social materializada na forma dos objetos, dos produtos do
trabalho e de seu valor” (Oliveira e Quintaneiro, 2002, 55).
O marxismo como teoria crítica revolucionária
- Ao dedicar-se à crítica do capitalismo a obra marxista buscou afirmou-se como um
meio para a tomada de consciência necessária para o fim da exploração capitalista,
ou seja, uma teoria voltada à praxis;
- O fim do capitalismo, que traria em si seus elementos de superação, seria
inevitável, segundo o modelo histórico marxista, e o grupo social que mudaria a
realidade seria aquele em situação de antagonismo com a burguesia dominante: o
proletariado;
- É famosa, como uma síntese do que imaginava ser a tarefa de sua filosofia, a frase
de Marx: “os filósofos até agora apenas interpretaram o mundo, de vários modos;
agora é preciso transformá-lo”.
Críticas ao marxismo
- O pensamento de Marx recebeu muitas críticas e ainda recebe (sobretudo com o
fim do chamado “socialismo real”), porém sua obra não deixa de ocupar um lugar
de referência no pensamento social;
- Entre as restrições à reflexão de Marx, destacam-se a posição do filósofo Karl
Popper (1902-1994), que critica o “historicismo” de Marx, que prejudicaria sua
compreensão científica da realidade;
- Outra crítica (senão ao marxismo, pelo menos a suas implicações na realidade) é o
fato, destacado por filósofos da Escola de Frankfurt, que o proletariado dos países
desenvolvidos, graças às políticas de distribuição de renda e bem-estar social,
deixara de ser um agente interessado na revolução. Esse grupo estaria, desde
meados do século XX, na verdade, bem integrado ao sistema capitalista (embora
numa posição subalterna e alienada, para os frankfurtianos);
Também importante, em termos das críticas recebidas pelo marxismo, é a questão
do determinismo econômico que estaria embutido no esquema explicativo de Marx.
Referências
OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro e QUINTANEIRO, Tania. Karl Marx. In:
QUINTANEIRO, Tânia et al. Um toque de clássicos, Belo Horizonte, Ed. UFMG, pp.
27-66, 2002.
Animação com trecho do “Manifesto Comunista”
Verbete “Karl Marx” na Wikipédia
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