CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS DIRETORIA DE GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE LINGUAGEM E TECNOLOGIA BACHARELADO EM LETRAS Campus I – Belo Horizonte Análise de Livro Didático Alunas: Giordana Micheli, Jessica Olinda, Tathyane Damazo. Professora: Renata O uso do livro didático sempre fez parte da jornada estudantil, no entanto saber como inseri-lo dentro de sala para que seja bem aceito e efetivo também é importante. Um dos problemas enfrentados por professores é a falta de interesse do aluno na sala de aula, como por exemplo, ler os clássicos literários não está entre os hábitos dos estudantes, e podemos até dizer que não é um hábito dos brasileiros em geral, independente do grau de escolaridade, situação econômica ou pelo o ambiente cultural em que está imerso. Com o avanço tecnológico e o advento da internet e de todas as possibilidades trazidas por ela, os jovens tem acessos a um número imensurável de informações, os textos produzidos nesse meio são objetivos e devem expor o conteúdo em textos pequenos. Diante de diversas opções de leitura: sites, blogs e redes sociais; torna-se um desafio criar nos jovens o gosto pela leitura, mas ainda pela leitura de clássicos literários. O interesse nessa área não pode ser desenvolvido de forma forçada, no entanto o livro didático pode ser uma das maneiras de introduzir aos estudantes o universo literário com o objetivo de, no mínimo, obter conhecimentos sobre esse universo. Considerando a necessidade de estabelecer uma ligação entre o universo escolar e os interesses dos alunos os autores de livros Didáticos da nona série, buscam fazer uma imersão das tecnologias no material acadêmico e com isso despertar o interesse pela literatura e o português. Eles fazem isso ao mostrar que estudar essa disciplina é conhecer os diversos gêneros de comunicação. Este trabalho deseja perceber como são tratados os textos literários no material didático, isso porque o livro escolhido foi aprovado pelo Programa Nacional do Livro Didático –PNLD, que segundo Cafiero & Corrêa (p.279): [...] “tem cuidado para que a literatura esteja presente nos manuais destinados ao ensino fundamental. Para tanto, um dos itens avaliados nos manuais diz respeito à presença significativa de textos literários em todos os volumes das coleções. Mas, como só a presença de textos literários nos manuais não é garantia de um trabalho efetivo com literatura na sala de aula, e como é preciso cuidar também da qualidade do material selecionado para evitar alguns equívocos, outros dados são também apontados nas análises feitas pelo PNLD: os gêneros selecionados são diversificados? Os autores são representativos no espaço da produção literária?; os textos selecionados contribuem para ampliar o repertório literário do aluno?; os recursos estéticos e estilísticos são explorados com pertinência? Há incentivo na leitura de outros materiais como, por exemplo, a leitura de uma obra literária completa?”. É pensando nessas questões que analisaremos o primeiro capítulo do livro didático “Projeto Teláris, Português para o 9º ano”, dos autores: Ana Trinconi Borgatto, Terezinha Bertin e Vera Marchezi, editora Ática, 2012, São Paulo, 1ª edição, 1ª impressão. Esta obra possui quatro volumes, para os alunos do 6º ao 9º Ano. O livro escolhido divide os capítulos por gêneros literários como: Poemas e formas de linguagem, Contos com linguagem breve em tempos de comunicação rápida, Conto, Romance e outros. O capítulo escolhido foi o de “Poemas e formas de linguagem”. Por se tratar de gênero literário especifico analisaremos quais foram os textos selecionados, quais foram os autores mais frequentes e tentaremos responder as questões levantadas pelo PNLD. O capítulo é constituído pelas seguintes partes: Leitura; Interpretação de texto; Prática de oralidade; Outras linguagens; Língua: usos e reflexões, Produção textual e outros textos do mesmo gênero. Os poemas utilizados são representações das linguagens verbais, não verbais. As obras são de autores recorrentes como Fernando Pessoa, José Paulo Paes, Castro Alves e também autores como Arnaldo Antunes, Sergio Capparelli e Mauricio de Souza. A interpretação de texto é feita por atividades que em sua grande parte abordam questões de literatura, mas que também estudam aspectos gramaticais. A prática oral possibilita que o professor desenvolva trabalhos em equipe na sala de aula. No item língua: usos e reflexão tratar da estrutura do gênero abordado bem como as linguagens e seus recursos estilísticos. Como forma de desenvolver o que foi aprendido o capítulo termina com a produção de um texto do gênero textual abordado. Diante do exposto, podemos perceber que o livro didático em questão apresenta uma diversidade de textos literários que exploram autores clássicos e também obras mais “populares”, trabalhando assim a diversidade de linguagem que abrange o gênero poema e também suas diversas formas de se apresentar, e ainda, os recursos estilísticos desse gênero. Os autores ainda usam textos literários para estabelecer comparações entre o gênero poema, além de utilizar os mesmos para aplicar conceitos de literatura e desenvolver questões gramaticais. Os exercícios são elaborados de forma a trabalhar tanto a literatura quanto a gramática. Os conceitos literários são mostrados ao longo do capítulo em meio a exercícios. O livro não trabalha só a parte escrita, mas também a oralidade. A proposta de tratar as diferentes linguagens e diversos gêneros, como linha de interesse no avanço das tecnologias e dos meios de comunicação, está exposta e exemplificada no conteúdo do livro. Ele segue o que a introdução do capitulo propôs e assim por diante, os autores irão utilizar os mesmos recursos nos próximos, no entanto com conteúdo diferente. Pode-se concluir com a base teórica de Bakthin e seu o método sociológico que analisa o Livro Didático de Português como: [...] um enunciado num gênero discursivo, que apresenta, por determinação histórica, forma composicional complexa e cheia de intercalações (BAKHTIN, 1934-35/1975) e estilo didático de gênero, mas que permite, a cada locutor/autor (BAKHTIN, 1920-24/1979) comunicar seus temas em estilo próprio (BAKHTIN, 1952-53/1979), a partir das apreciações de valor (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1929) que exerce sobre esses temas e seus interlocutores (os professores, os alunos, os avaliadores do Ministério, os editores) (p. 74). O livro didático analisado contém o que Bakhtin menciona como um estilo próprio, isso é, cada autor envolvido traz para o livro especificidades e características que julgam importante para o aprendizado do aluno. Através desse dinamismo pode-se ver que o livro possui os elementos necessários para um livro ser considerado didático, como estratégias pedagógicas, a forma como a literatura é abordada é um exemplo, eles utilizam a maneira mais próxima da realidade desta geração. Esse mecanismo de aproximação do real pode facilitar a abordagem do professor que é uma peça importante para que o livro seja bem usado e que cumpra o propósito final que é ensinar a matéria proposta e o mais importante, fazer com que o leitor/aluno se interesse pelo assunto e com isso aprender. Serviço ISBN: 9788508157617 Formato: 20.5x27.5 cm Edição: 1 Ano da edição: 0 Páginas: 352 Referências