Qualidade da semente de abóbora em função do armazenamento de botões florais Ariane da Cunha Salata1; Erick Vinicius Bertolini1; Antonio Ismael Inácio Cardoso1. 1 UNESP – FCA Depto Produção Vegetal (C. Postal 237, 18603-970, Botucatu, SP). E-mail: [email protected] RESUMO O objetivo desse trabalho foi verificar a influência do armazenamento de botões florais masculinos por diferentes períodos, na qualidade de sementes de abóbora cultivar Piramoita. O experimento foi conduzido no período de agosto a dezembro de 2005. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, com quatro repetições e cinco tratamentos: polinização manual com flor aberta no dia (zero dia de armazenamento) e polinização manual com botões armazenados por 1, 2, 3 e 4 dias. Há uma perda da qualidade das sementes quando se aumenta o período de armazenamento, reduzindo o vigor e a germinação. Palavra chave: Curcubita moschata, polinização manual, germinação, vigor. ABSTRACT Squash seed quality in function of flowers buttons storage The objective of this work was to verify of influence of storage of male flowers buttons masculine for different periods, in squash seed quality of cultivar Piramoita. The experiment was set out from August to December of 2005. It was used randomized blocks design, with four repetitions and five treatments: manual pollination with flower opened in the day (zero day of storage) and manual pollination with stored buttons for 1, 2, 3 and 4 days. The greater the storage period, the lesser the seed quality, with reducing seed germination and vigor. Keywords: Curcubita moschata, manual pollination, germination, vigor. As abobrinhas são, na sua maioria, plantas monóicas, sendo a polinização manual de flor feminina uma alternativa utilizada na produção de sementes de híbridos, assim como no melhoramento genético. Para isto, é necessário que se disponibilize, quando da abertura das flores femininas, de flores masculinas para polinizá-las. Muitas vezes, mesmo programando-se a semeadura de ambos os genitores, pode não ocorrer a coincidência de florescimento, levando-se, então, a perda das flores femininas e/ou masculinas, por defasagem de apenas um ou poucos dias, o que pode provocar perdas significativas de alguns cruzamentos (Laura, 2003). Uma alternativa para suprir a falta de flores masculinas, seria o armazenamento de grãos de pólen, como ocorre em diferentes espécies, porém a conservação de grãos de pólen em cucurbitáceas é inviável (Nepi e Pacini, 1993). Laura (2003) obteve sucesso com a conservação de flores masculinas recém-abertas por até 2 dias para posteriores cruzamentos e produção de sementes. Porém, destaca que esta técnica seria mais apropriada para melhoramento genético do que para produção comercial de sementes. Entretanto, segundo Barden e Hanan (1972), o corte de flores no estádio de botão deve ser o preferido, quando possível, por ser o manuseio facilitado e as flores se conservarem por mais tempo. Entretanto, algumas flores não apresentam total abertura ou murcham precocemente quando cortadas nesse estádio. O objetivo deste trabalho foi verificar a viabilidade de armazenamento de botões florais masculinos de abóbora por diferentes períodos, na qualidade de sementes da cultivar Piramoita. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental pertencente ao Departamento de Produção Vegetal, setor de Horticultura da FCA/UNESP, Campus de Botucatu. O experimento foi constituído por cinco tratamentos: polinização manual com flor masculina aberta no dia em que se realizou o cruzamento manual (zero dia de armazenamento) e polinização manual com botões armazenados por 1, 2, 3 e 4 dias, em solução de água, colocadas em geladeiras na temperatura de 7o C. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com cinco plantas por parcela e quatro repetições. As polinizações controladas foram realizadas diariamente. No final da tarde eram colhidos botões florais masculinos, que estavam mudando a cor da pétala de branco para amarela caracterizando um botão que abriria no dia seguinte para se efetuar o cruzamento com botões armazenados por 1 a 4 dias, conforme o tratamento. Os pedúnculos foram cortados com padronização do comprimento (15 cm) e imediatamente mergulhados em béqueres contendo água, e levados para geladeira. Além da conservação das flores masculinas, as flores femininas foram ensacadas em “pré-antese” na tarde anterior ao cruzamento. Após a polinização, as flores femininas foram ensacadas novamente para protegê-las de possíveis polinizações realizadas por insetos. Em cada planta foram deixados 2 frutos. Para a extração das sementes, os frutos foram cortados e as sementes lavadas em peneira, retirando-se a polpa. As sementes foram secadas à sombra por 72 horas. A limpeza, para retirada das chochas e danificadas, foi feita em aparelho separador por densidade (modelo 'De Leo Tipo 1', calibrado em uma abertura correspondente a 50% da área da saída do ar). Foi realizado o teste padrão de germinação conforme recomendação de Brasil (1992), onde se considera a 1a leitura (4º dia) como teste de vigor e a leitura final (8 dias) como potencial de germinação. Nesse trabalho foi obtido o índice de velocidade de germinação, conforme recomendação de Maguire (1962), utilizando o mesmo teste padrão de germinação, com leituras diárias. Após realização de análise de variância, os dados foram submetidos a análise de regressão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com quatro dias de armazenamento não houve pegamento de frutos. A produção de sementes foi, portanto, nula, não podendo ser analisada a sua qualidade. Observou-se uma redução linear na germinação final das sementes com aumento no período de armazenamento dos botões florais (Figura 1). Já para a 1a leitura (porcentagem de germinação no quarto dia) e índice de velocidade de germinação, observou-se maior vigor nos tratamentos com 0 e 1 dia de armazenamento, caindo os valores com o aumento do período de armazenamento (Figuras 2 e 3). Conclui-se, portanto que há uma perda da qualidade das sementes quando se 90 Germinação 4º dia (%) Germinação 8º dia (%) aumenta o período de armazenamento, reduzindo o vigor e a germinação das sementes. 80 70 60 50 y = -12,302x + 83,449 R2 = 0,75** 40 30 0 1 2 3 4 Dias de armazenamento dos botões florais 60 50 40 30 y = -9,2663x2 + 17,87x + 43,7 R2 = 0,98* 20 10 0 1 2 3 4 Dias de armazenamento dos botões florais Figura 1. Porcentagem de germinação das Figura 2. Porcentagem de germinação das sementes no oitavo dia em função do sementes no quarto dia em função do tempo de armazenamento dos botões tempo de armazenamento dos botões florais, FCA/UNESP. Botucatu-SP, 2005. florais, FCA/UNESP. Botucatu-SP, 2005. IVG 35 30 25 20 15 10 y = -5,1875x2 + 8,9295x + 25,375 2 5 R = 0,99** 0 0 1 2 3 4 Dias de armazenamento dos botões florais Figura 3. Índice de velocidade de germinação (IVG) de sementes em função do tempo de armazenamento dos botões florais, FCA/UNESP. Botucatu-SP, 2005. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARDEN, L. E; HANAN, J. J. Effect of ethylene on carnation keeping life. Journal of the American Society for Horticultural Science, v.97, p.785-788, 1972. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNAD/CLAV, 1992. 365 p. LAURA, V. A. Conservação de flores de aboboreira ‘Piramoita’ para cruzamentos e produção de sementes. 2003. 52 p. Tese (Doutorado em Agronomia/ Horticultura) Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2003. MAGUIRE, J. D. Speed of germination –aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Science, Madison, v.2, n. 1, p. 176-177, 1962. NEPI, M.; PACINI, E. Pollination, pollen viability and pistil receptivity in Curcurbita pepo. Annals of Botany, v. 72, p. 527-536, 1993.