Centro Universitário Positivo – UnicenP Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas – NCET Engenharia da Computação Vanessa Freire POLARÍMETRO DIGITAL Curitiba 2006 Centro Universitário Positivo – UnicenP Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas – NCET Engenharia da Computação Vanessa Freire POLARÍMETRO DIGITAL Monografia apresentada à disciplina de Projeto Final de Curso, como requisito parcial à conclusão do Computação. Curso de Orientador: Engenharia Prof. da Alessandro Zimmer Curitiba 2006 2 TERMO DE APROVAÇÃO Vanessa Freire Polarímetro Digital Monografia aprovada como requisito parcial à conclusão do curso de Engenharia da Computação do Centro Universitário Positivo, pela seguinte banca examinadora: Prof. Alessandro Zimmer Prof. Dr. Adriana Cursino Thomé Prof. Valfredo Pilla Junior 3 AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Alessandro Zimmer, pela idéia do projeto e pelo apoio cientifico e metodológico na implementação desse projeto. Ao meu amor, André Marés, pelo incentivo, paciência, dedicação e por nunca ter permitido que eu desistisse. Aos meus pais Marcia Manzke e Luiz Fernando Freire pelo esforço que fizeram para que hoje eu pudesse estar concluindo este curso de graduação e por me mostrarem, em todos os momentos de dificuldades, que sem luta não há conquista. Ao meu filho Guilherme pelos momentos de alegria e descontração que me deram forças para sempre continuar. As verdadeiras amizades conquistadas ao longo desses anos, dentre elas Cristina Biz e Cristiane Nass. Agradeço a todos que direta ou indiretamente ajudaram-me a chegar aqui hoje... Muito obrigada por tudo. 4 SUMÁRIO 1. Introdução...................................................................................... 13 2. Fundamentação Teórica................................................................14 2.1 Polarimetria...........................................................................................14 2.1.1 Filtros polarizadores.................................................................17 2.2 Estudo da Luz.......................................................................................18 2.2.1 Ondas eletromagnéticas...........................................................18 2.2.2 Polarização da luz....................................................................19 2.2.2.1 Luz polarizada............................................................19 2.3 Rotação Óptica.....................................................................................21 2.3.1 Rotação especifica...................................................................22 2.3.2 Elementos de simetria molecular..............................................23 2.4 Estudo dos componentes do sistema................................................23 2.4.1 Motor de passo.........................................................................23 2.4.1.1 Parâmetros importantes..............................................24 2.4.1.2 Funcionalidades..........................................................24 2.4.1.3 Tipos de motores........................................................24 2.4.3.1 Motores de passo unipolares......................................25 2.4.3.2 Motores de passo bipolares........................................26 2.5 Microcontrolador..................................................................................28 3. Especificação Técnica...................................................................30 3.1 Especificação de Hardware.................................................................32 3.1.1 Firmware...................................................................................36 3.2 Especificação de Software..................................................................37 3.2.1 Funções....................................................................................36 4 . Projeto............................................................................................39 4.1 Projeto de Hardware..............................................................................39 4.2 Projeto de Software................................................................................40 4.2.1 Diagrama de Casos de Uso.....................................................40 4.2.2 Diagrama de Seqüência...........................................................41 5 4.2.3 Diagrama de Classe.................................................................43 5. Resultados e Validação.................................................................44 6. Conclusão.......................................................................................48 7. Estudo de Viabilidade Técnica – Econômica..............................49 8. Cronograma de Desenvolvimento................................................50 9. Referências Bibliográficas............................................................51 10. Anexos..........................................................................................52 10.1. Esquemáticos....................................................................................53 10.2. Artigo Científico................................................................................58 10.3. Manual do Usuário............................................................................64 10.4 Manual Técnico..................................................................................75 6 LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Esquema óptico de um polarímetro....................................................15 Figura 2.2 – Polarímetro analógico.........................................................................16 Figura 2.3 – Polarímetro digital...............................................................................16 Figura 2.4 – Comportamento dos filtros polarizadores...........................................17 Figura 2.5 – Gráfico do espectro visível.................................................................18 Figura 2.6 – Onda plano polarizada........................................................................19 Figura 2.7 – Onda não polarizada..........................................................................20 Figura 2.8 – Placa polarizadora..............................................................................20 Figura 2.9 – Motor de passo unipolar.....................................................................25 Figura 2.10 – Motor de passo bipolar.....................................................................27 Figura 2.11 – Esquema elétrico típico para um driver de motor de passo.............28 Figura 3.1 – Diagrama em blocos do sistema........................................................32 Figura 3.2 – Pinagem do conversor ADC0808.......................................................33 Figura 3.3 – Circuito amplificador de ganho 10......................................................34 Figura 3.4 – Motor de passo...................................................................................35 Figura 3.5 – Engrenagem para redução 10X1........................................................35 Figura 3.6 – Polarímetro digital...............................................................................36 Figura 3.7 – Diagrama de estados do motor..........................................................36 Figura 3.8 – Fluxograma do firmware.....................................................................37 Figura 3.9 – Interface gráfica do software..............................................................38 Figura 4.1 – Diagrama de casos de uso.................................................................40 Figura 4.2 – Diagrama de seqüência “Gerar Curva”...............................................41 Figura 4.3 – Diagrama de seqüência “Parar Curva”...............................................42 Figura 4.4 – Diagrama de seqüência “Calibrar Curva”...........................................42 Figura 4.5 – Diagrama de seqüência “Desligar”.....................................................42 Figura 4.6 – Diagrama de classes..........................................................................43 Figura 5.1 – Curva de calibração............................................................................44 Figura 5.2 – Glicose diluída em água.....................................................................45 Figura 5.3 – Curva da glicose................................................................................46 7 Figura 5.4 – Curva da sacarose..............................................................................47 Figura 8.1– Cronograma de desenvolvimento........................................................50 Figura 10.1– Kit didático para microcontrolador 8031............................................53 Figura 10.2 – Conversor ADC0808.........................................................................54 Figura 10.3 – Esquemático do fotodiodo................................................................55 Figura 10.4 – Esquemático do sensor de temperatura ..........................................55 Figura 10.5 – Interface do motor de passo.............................................................56 Figura 10.6 – Diagrama em blocos.........................................................................60 Figura 10.7 – Fluxograma do firmware...................................................................61 Figura 10.8 – Fluxograma do software...................................................................62 Figura 10.9 – Curva de calibração .........................................................................62 Figura 10.10 – Curva da glicose.............................................................................62 Figura 10.11– Curva da sacarose...........................................................................63 Figura 10.12 – Diagrama sistêmico do polarímetro................................................68 Figura 10.13 – Menu Arquivo..................................................................................69 Figura 10.14 – Comportamento da amostra...........................................................69 Figura 10.15 – Análise............................................................................................70 Figura 10.16 – Conectando à porta serial...............................................................70 Figura 10.17 – Conectando à rede elétrica.............................................................70 Figura 10.18 – Fechando o polarímetro..................................................................71 Figura 10.19 – Ligando o polarímetro.....................................................................71 Figura 10.20 – Curva de calibração........................................................................72 Figura 10.21 – Reset..............................................................................................73 Figura 10.22 – Curva de análise da glicose............................................................74 Figura 10.23 – Laser...............................................................................................78 Figura 10.24 – Filtros polarizadores.......................................................................79 Figura 10.25 – Funcionamento dos filtros polarizadores........................................80 Figura 10.26 – Tubo de ensaio para polarímetros..................................................80 Figura 10.27– Sensor de temperatura LM35..........................................................81 Figura 10.28 – Esquemático do sensor de temperatura LM35...............................82 Figura 10.29 – Fotodiodo OPT101.........................................................................82 8 Figura 10.30– Esquemático do fotodiodo OPT101.................................................82 Figura 10.31– Motor de passo................................................................................83 Figura 10.32 – Engrenagens..................................................................................83 Figura 10.33– Interface de Potencia para o motor de Passo.................................84 Figura 10.34 – Esquemático para o conversor ADC0808......................................85 Figura 10.35 – Kit Didático para o 8031.................................................................86 Figura 10.36 – Tela do software após a analise da glicose....................................87 Figura 10.37 – Diagrama em blocos do Polarímetro Digital...................................89 Figura 10.38 – Placa de circuito impresso do ADC0808.......................................90 Figura 10.39 – Placa de circuito impresso do 8031................................................90 Figura 10.40 – Placa de circuito impresso do sensor de temperatura LM35..........92 Figura 10.41 – Placa de circuito impresso do OPT101..........................................93 Figura 10.42 – Fluxograma do Software.................................................................94 Figura 10.43 – Fluxograma do Firmware................................................................96 9 LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 – Rotação óptica das substâncias........................................................23 Tabela 2.2 – Atuação de um motor de passo unipolar...........................................26 Tabela 2.3 – Atuação de um motor de passo bipolar de quatro fases...................27 Tabela 4.1 – Sinais de interface.............................................................................39 Tabela 7.1 – Estudo de viabilidade técnico-econômica..........................................49 Tabela 10.1 – Relação de componente e referencia da placa do conversor A/D...90 Tabela 10.2 – Relação de componente e referência do kit didático.......................92 Tabela 10.3 – Placa de circuito impresso do sensor de temperatura LM35...........93 Tabela 10.4 – Placa de circuito impresso do fotodiodo OPT101........................... 93 10 RESUMO Esse trabalho descreve um sistema óptico digital onde é possível analisar o comportamento do plano polarizado de um feixe de luz, após passar por substâncias opticamente ativas. Tal sistema é conhecido como Polarímetro Digital. O Polarímetro possui aplicações em variadas áreas como na industria farmacêutica para medir a rotação óptica em medicamentos ou na refinaria de açúcar para inspecionar a concentração da solução de açúcar no processo industrial. Também é usado na medicina para medir o teor de açúcar e de proteína na urina, alem de grande aplicação na industria alimentícia onde se inspeciona o teor de açúcar e teor de amido de temperos de comidas. No campo de pesquisa é utilizado no desenvolvimento de novos produtos e em pesquisas relacionadas à astrofísica. A tecnologia digital aplicada no aparelho visa maior facilidade de operação. O aparelho basicamente é formado por um emissor de luz monocromática , um filtro polarizador fixo, um tubo contendo a amostra e um filtro polarizador para análise, que ao ser automaticamente rotacionado registra o ângulo em graus do plano polarizado da luz. A análise é feita via software onde é possível visualizar gráficos de calibração e comportamento do sistema. 11 ABSTRACT This work describes a digital optic system where it is possible to analyze the behavior of a light beam polarized plan, after passing through for an opticaly active substance. Such system is known as Digital Polarimeter. The Polarimeter has applications in several areas as in the pharmaceutical industry to measure the optical rotation in medicines, in the sugar refinery to inspect the concentration of the sugar solution in the industrial process. It is also used in medicine to measure the sugar and protein grade in urine, and a great application in the food industry where it inspects the sugar and starch grades of food spices. In the research field it is used during the development of new products and in research related to astrophysics. The digital technology used aims a greater precision in the result analysis and greater ease of use operation. The device basically is formed by a monochromatic light emitter, a fixed polarizing filter, a pipe containing the substance sample and a polarizing filter for analysis, that rotates automatically registering the angle in degrees of the light’s polarized plan. The whole process is analysed by a software where it is possible to visualize the calibration graphics and the behavior of the system. 12 1. Introdução A natureza transversal das oscilações eletromagnéticas resulta na existência de estados de polarização específicos para o campo eletromagnético. A forma exata que a luz irá apresentar, ou seja, seu estado de polarização, e como é possível observar, produzir, alterar e utilizar estes estados, é uma parte essencial da pesquisa em diversos campos da ótica. Em alguns dispositivos, a polarização da luz desempenha um papel importante. Como exemplo podemos citar a analise do o grau de rotação molecular de substancias utilizando um polarímetro, o qual se baseia em estudos sobre polarização da luz para ser desenvolvido. O grau de rotação molecular pode alterar completamente as características de uma substancia, por exemplo, podemos citar que o que difere o sabor laranja para o sabor limão (mesma estrutura molecular) é simplesmente o seu grau de rotação molecular. (BEL BRASIL, 2000) As usinas de açúcar utilizam o polarímetro para avaliar a quantidade de sacarose / glicose presente em uma amostra durante o processo de fabricação. Sua aplicação no campo produtivo se concentra no controle do processo e no controle de qualidade. É utilizado na industria farmacêutica, química, usinas de açúcar, alimentícias, petrolíferas, etc. No campo da pesquisa é utilizado no desenvolvimento de novos produtos. Atualmente existem polarímetros acoplados à instrumentos da astrofísica gerando mais uma ampla área de pesquisa e desenvolvimento. O objetivo desse trabalho é a construção de um polarímetro digital que tem por função gerar um gráfico da curva de intensidade da luz - rotação do filtro detector. O polarímetro digital é composto por três partes principais descritas abaixo: • Aquisição: Compreende a parte óptica do sistema, onde um feixe de luz monocromático e polarizado passa por uma substância opticamente ativa, e de acordo com a rotação molecular da substância, o plano polarizado do feixe também é rotacionado. Um filtro polarizador detector rotacional tem a função de detectar tal variação no ângulo do plano polarizado da luz. 13 • Detecção: Desempenha a característica digital do polarímetro, onde informações referentes à intensidade da luz analisada e ângulos de rotação do filtro detector, são tratadas e microcontroladas. • Análise: Interface onde o usuário final terá acesso via PC das informações tratadas no sistema. Um gráfico da curva de intensidade da luz - rotação do filtro analisador será plotado na tela do computador para verificação do comportamento óptico da substância analisada. A grande motivação desse projeto é o desenvolvimento e construção de um aparelho digital de fácil operabilidade, alta precisão e baixo custo. 2. Fundamentação Teórica 2.1 Polarimetria Polarimetria é uma técnica usada para analisar sustâncias usando conceitos de polarização da luz. O aparelho utilizado para aplicações da técnica de polarimetria é o polarímetro. 2.1.1 Polarímetros Um instrumento capaz de medir o estado de polarização da luz é chamado de polarímetro. Essas medições são realizadas através da leitura de intensidades de luz após sua passagem por alguns dispositivos ópticos, de forma a obter não apenas o estado de polarização como também o grau de polarização da luz. A Figura 2.1 representa o funcionamento básico de um polarímetro. 14 Feixe de luz após passar pela substancia Onda não polarizada Onda paralela ao eixo de simetria Feixe de luz resultante Figura 2.1 – Esquema óptico de um polarímetro Um emissor de luz monocromática envia um feixe de luz até o primeiro filtro polarizador. A luz não polarizada é aquela que vibra transversalmente em todas as direções, perpendiculares a um eixo de propagação. Ao atravessar o filtro polarizador, a luz emergente, polarizada, que vibra num único plano de vibração, atravessa o pequeno tubo cilíndrico transparente com a substância em análise. Varias substâncias transparentes, que são caracterizadas por uma falta de simetria em sua estrutura molecular ou cristalina, apresentam a propriedade de girar o plano da luz polarizada (MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE ANÁLISE QUÍMICA, 1977) . Essas substâncias são chamadas de opticamente ativas. Se para a luz polarizada for necessário girar o analisador para a direita ou para a esquerda para verificação do seu pico de intensidade, a substância é opticamente ativa: dextrógira (desvio para a direita) ou levógira (desvio para a esquerda). Em polarímetros analógicos, é necessária a rotação manual do filtro detector através de uma roda manual de rotação dial e um observador deve acompanhar o feixe de luz. Um instrumento manual é típico é mostrado na Figura 2.2. O funcionamento básico em polarímetros analógicos ocorre de modo que a radiação monocromática de uma lâmpada de sódio é tornada paralela por um colimador e polarizada por um prisma de calcita. Em seguida ao polarizador há uma pequena calcita auxiliar arranjada para interceptar a metade do feixe. A radiação então passa pela amostra que está contida em um tubo de vidro de comprimento conhecido fechado em ambas as extremidades por placas de vidro 15 claras, depois através do analisador e vai ocular para observação visual (MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE ANÁLISE QUÍMICA, 1977). Contudo esse arranjo não é satisfatório porque exige do observador identificar a posição onde a radiação transmitida é zero, o que não se pode fazer com precisão. Há uma posição particular do analisador em que as radiações que passam pelas duas metades do feixe são exatamente iguais em energia. Isso fornece um ponto de referencia mais satisfatório, pois a observação visual consiste em comparar exatamente as energias dos dois meio-feixes em algum nível intermediário, para o que é bem adequado o uso da vista. Filtro detector rotacional Tubo contendo a amostra Lente para observação Filtro polarizador fixo Roda manual Fonte de luz Figura 2.2 – Polarímetro analógico Fonte: http://www.auxilab.es/imagenes/polarime/50404000.jpg Atualmente existem polarímetro digitais que facilitam a análise de substâncias, porém são de custos consideravelmente elevados o que dificultam a sua aquisição. A Figura 2.3 representa um polarímetro digital da marca Jasco – série P1000. Figura 2.3 – Polarímetro digital Fonte: http://www.satia-jasco.com.ar/imagenes/polarimetro.jpg 16 2.1.2 Filtros Polarizadores Os filtros polarizadores ou Polaróides são basicamente placas de plástico flexível, que tem sua polarização estabelecida durante seu processo de fabricação. A direção de polarização é estabelecida estirando-a de modo que as moléculas se alinhem todas paralelamente entre si. Desta forma quando um trem de ondas de uma luz comum incidir sobre o filtro, será transmitido apenas o componente paralelo à orientação do filtro. Caso sejam utilizados dois filtros polarizadores no trajeto luminoso, será de extrema importância conhecer-se o ângulo formado entre as orientações de propagação de ambos, pois dele dependerá a intensidade luminosa transmitida, este fenômeno é equacionado pela Lei de Malus: I = Im cos 2 θ Equação 2.1 – Lei de Malus Onde: I = intensidade transmitida Im = intensidade máxima de transmissão θ = ângulo entre as direções de propagação dos filtros Segundo a Lei de Malus a intensidade luminosa transmitida será máxima quando o ângulo θ assumir os valores 00 e 1800 ( orientação paralela ) e mínima quando o ângulo θ assumir os valores 900 e 2700 ( orientações ortogonais ). A Figura 2.4 representa o comportamento dos filtros ópticos em relação a um ângulo θ de 90°. Sendo assim a intensidade da luz transmitida após passar pelo segundo filtro polarizador é mínima. Onda não polarizada 17 2.2 O Estudo da Luz 2.2.1 Ondas Eletromagnéticas A grande contribuição de Maxwell foi mostrar que a óptica, o estudo da luz visível, é um ramo do eletromagnetismo e que um feixe de luz é uma configuração de campos elétricos e magnéticos que se propagam (HALLIDAY, 1991). É difícil imaginarmos até que ponto somos banhados pela radiação eletromagnética das várias regiões do espectro. Somos também entrecruzados por sinais de rádio e televisão. Microondas de sistemas de radar e de sistemas de transmissão de telefonia podem nos alcançar. Temos ondas eletromagnéticas provenientes de lâmpadas elétricas, de blocos de motores aquecidos de automóveis, de maquinas de raios X, de relâmpagos e de matérias radioativos existentes no solo. Ondas eletromagnéticas também são emitidas em sentidos opostos. Sinais de televisão, transmitidos na Terra desde 1950, estarão sendo captados eventualmente por habitantes de outros planetas que já possuem técnicas sofisticadas, num raio que abrange cerca de 400 estrelas (HALLIDAY, 1991). A região visível do espectro eletromagnético é naturalmente, de particular interesse para nós. A Figura 2.5 mostra a sensibilidade relativa do olho de um suposto observador padrão para radiações de vários comprimentos de onda. Figura 2.5 – Gráfico do espectro visível 18 Os limites do espectro visível não são bem definidos, porque a curva de sensibilidade do olho aproxima-se assintoticamente da linha de sensibilidade zero tanto para os maiores quanto para os menores comprimentos de ondas. Em muitas experiências, são usados chapas fotográficas ou detectores eletrônicos fotossensíveis em lugar do olho humano. 2.2.2 Polarização da Luz Uma onda eletromagnética polarizada teu seu campo elétrico oscilando em somente uma direção (HALLIDAY, 1991). A onda eletromagnética transversal da Figura 2.6 é polarizada (mais especificamente plano polarizada) na direção y, o que significa que as vibrações do vetor campo elétrico são paralelas a essa direção em todos os pontos ao longo da onda. Figura 2.6 – Onda plano polarizada O plano definido pela direção de propagação (o eixo x) e a direção de polarização (eixo y) é chamado de plano de vibração. 2.2.2.1 Luz Polarizada Nas fontes de onda de rádio e microondas, os radiadores elementares, que são elétrons em movimento de vaivém na antena transmissora, atuam em unissonância; dizemos que eles formam uma fonte coerente. Entretanto nas fontes 19 comuns de luz, tais como o sol ou uma lâmpada fluorescente, os radiadores elementares, que são átomos constituintes da fonte, atuam independentemente uns dos outros. Por causa dessa diferença, a luz emitida de tais fontes numa dada direção consiste em muitas ondas independentes cujos planos de vibração se acham orientados aleatoriamente, em torno da direção de propagação como na Figura 2.7, a onda é dita não polarizada. Figura 2.7 – Onda não polarizada Podemos transformar luz originalmente não polarizada em luz polarizada fazendo-a passar por uma placa polarizadora. No plano da placa consiste uma direção característica chamada direção de polarização. A direção da placa é estabelecida durante o processo de fabricação, quando certas moléculas de cadeia longa são inseridas numa placa de plástico flexível e estirando-a de modo que as moléculas se alinhem paralelamente uma as outras. Tal placa absorve a radiação polarizada numa direção paralela às moléculas longas, a radiação perpendicular a elas é transmitida. Na Figura 2.8 somente os componentes elétricos verticais são transmitidos pela placa, os componentes horizontais são absorvidos. Isso transforma a luz originalmente não polarizada em luz polarizada. Quando se faz passar luz originalmente não polarizada através de uma placa polarizada a intensidade transmitida é um pouco menos da metade da intensidade original. 20 Coloquemos no trajeto luminoso uma segunda placa polarizadora P2, analisadora. Girando-se P2 em torno da direção de propagação, há duas posições defasadas uma da outra de 180°, nas quais a intensidade da luz transmitida quase se anula, essas são as direções para qual as placas são perpendiculares entre si. Sendo Em a amplitude da luz polarizada que incide em P2, a amplitude da luz que emerge vale Emcos•, onde • é o ângulo entre as direções de polarização das placas. Lembrando que a intensidade de uma onda eletromagnética é proporcional ao quadrado da amplitude podemos usar a Equação 2.1 para mostrar que a intensidade transmitida I varia com • de acor do com a expressão onde Im é o valor máximo da intensidade transmitida. Esse máximo ocorre quando as direções de polarização das placas são paralelas (• = 0° ou 180°) e assim a luz transmitida através da região de superposição é agora um mínimo (HALLIDAY, 1991). 2.3 Rotação óptica Algumas substâncias, sólidas ou liquidas, possuem a capacidade de produzir um desvio no plano da luz polarizada. São chamadas de substancias opticamente ativas. Quando esse desvio é para a direita (no sentido horário) dizemos que a substancia é dextrógira (representada pela letra d ou pelo sinal de +(positivo)). Quando o desvio é para a esquerda (no sentido anti-horário) dizemos que a substancia é levógira (representada pela letra I ou pelo sinal de – (negativo)). Quando uma substância opticamente ativa é atravessada pela luz polarizada, ocorre uma variação no plano de vibração, que é passado para um analisador, que faz a leitura do ângulo de rotação (desvio do plano). A atividade óptica se desenvolve nos casos: (QUÍMICA 2000 - WAGNER XAVIER ROCHA, 1999). 1. Algumas substâncias, sólidas ou líquidas, possuem a capacidade de produzir um desvio no plano. 2. Quando nos líquidos, estes devem ser formados por moléculas assimétricas. 21 2.3.1 Rotação especifica Os enantiômeros possuem propriedades físicas e químicas idênticas, pois são o mesmo composto, com igual número e tipo de átomos e ligações. Registrase apenas uma característica diferente: a rotação causada no plano da luz polarizada. Apenas o sentido da rotação é diferente. A magnitude da rotação é a mesma. Se, por exemplo, num dos isômeros, a rotação específica é de + 5,756o, no outro é de - 5,756o. Quando se misturam os enantiômeros em quantidades iguais, tem-se uma mistura racêmica ou racemato, opticamente inativa. Isso porque as moléculas levógiras anulam o efeito das dextrógiras sobre a luz polarizada e vice-versa. Numa substância opticamente ativa, não contaminada pelo respectivo enantiômero, a rotação provocada pelas moléculas não é anulada, já que nenhuma molécula pode ser considerada como imagem em espelho plano de outra, seja qual for a distribuição em que elas se encontrem no espaço (QUÍMICA 2000 - WAGNER XAVIER ROCHA, 1999). A rotação específica pode ser dada pela Equação 2.2: [α] = α / l.e Equação 2.2 – Rotação especifica Onde: [α] - rotação específica α - desvio no plano da luz polarizada (em graus) l - comprimento do tubo e - concentração da substância (em g/ml) OBS: Caso se trate de uma substância pura não diluída, a concentração é substituída pela densidade dessa substância. 22 2.3.2 Elementos de simetria molecular Os principais elementos de simetria molecular são o plano, o eixo e o centro. As moléculas que apresentam pelo menos um desses elementos são simétricas e, conseqüentemente, não têm atividade óptica, ou seja, não desviam o plano da luz polarizada. São por isso ditas opticamente inativas. No entanto, moléculas que apresentam apenas o eixo de simetria (não possuem plano nem centro de simetria) podem apresentar atividade óptica. Estas moléculas são ditas dessimétrica. As moléculas que não apresentam nenhum desses elementos de simetria são assimétricas e ditas opticamente ativas, pois têm atividade óptica. (QUÍMICA 2000 - WAGNER XAVIER ROCHA, 1999) Algumas substâncias diluídas e suas especificas rotações são representadas na Tabela 2.1. Tabela 2.1 - Rotação óptica das substâncias Substancia ativa Solvente Cânfora Calciferol Calciferol Colesterol Sulfato de quinina Acido l-tartárico Tártaro de sódio e postássio Sacarose Glicose Frutose Lactose Álcool Clorofórmio Acetona Clorofórmio Água Água Água Rotação Especifica +43,8 +52,0 +82,6 -39,5 -220 +14,1 +29,8 Água Água Água Água +66,5 +52,7 -92,4 +55,4 2.4 Estudo dos componentes do sistema 2.4.1 Motor de passo O motor de passo é um transdutor que converte energia elétrica em movimento controlado através de pulsos, o que possibilita o deslocamento por passo, onde 23 passo é o menor deslocamento angular. A vantagem do motor de passos em relação aos outros motores é a estabilidade. Para obter uma rotação especifica de um certo grau, calculamos o número de rotação por pulsos o que nos possibilita uma boa precisão no movimento. 2.4.1.1 Parâmetros importantes • Rotação em ambas as direções, • Variações incrementais de precisão angular, • Repetição de movimentos bastante exatos, • Um torque de sustentação à velocidade zero, • Possibilidade de controle digital. 2.4.1.2 Funcionalidade Normalmente os motores de passo são projetados com enrolamento de estator polifásico o que não foge muito dos demais motores. O número de pólos é determinado pelo passo angular desejado por pulsos de entrada. O motores de passo tem alimentação externa. Conforme os pulsos na entrada do circuito de alimentação, este oferece correntes aos enrolamentos certos para fornecer o deslocamento desejado. 2.4.1.3 Tipos de motores Os motores de passo podem ser bipolares, que requerem duas fontes de alimentação ou uma fonte de alimentação de polaridade comutável, ou unipolares, que requerem apenas uma fonte de alimentação. Em ambos os casos as fontes utilizadas são de tensão contínua e requerem um circuito digital que produza as seqüências para produzir a rotação do motor. No controle de um motor de passo nem sempre é necessária a implementação de uma estratégia de realimentação, mas a utilização de um encoder, ou de outro sensor de posição poderá assegurar 24 uma melhor exatidão sempre que for essencial. A vantagem de operar sem realimentação é que deixa de ser necessário um sistema de controle em malha fechada. 2.4.1.3.1 Motores de passo unipolares Os motores de passo unipolares são facilmente reconhecidos pela derivação ao centro em cada um dos enrolamentos. O número de fases é duas vezes o número de bobinas, uma vez que cada bobina se encontra dividida em duas. Na Figura 2.9 temos a representação de um motor de passo unipolar de 4 fases. Normalmente, a derivação central dos enrolamentos está ligada ao terminal positivo da fonte de alimentação e os extremos de cada enrolamento são ligados alternadamente à terra para assim inverter a direção do campo gerado por cada um dos enrolamentos. Figura 2.9 - Motor de passo unipolar Fonte: http://aquarius.ime.eb.br/~pinho/micro/trabalhos/Mecatronica_TP1.pdf Na Figura 2.9 ainda podemos ver o corte transversal de um motor com um passo de 30 graus. O enrolamento 1 encontra-se distribuído entre o pólo superior e pólo inferior do estator do motor, enquanto que o enrolamento 2 encontra-se distribuído entre o pólo esquerdo e o pólo direito do estator. O rotor é um magnete permanente com seis pólos (3 pólos sul e 3 pólos norte), dispostos ao longo da circunferência do rotor. Para uma resolução angular maior, o rotor deverá conter proporcionalmente mais pólos. Tal como apresentado na Figura 2.9, a corrente a fluir da derivação central do enrolamento 1 para o terminal a faz com que o pólo superior do estator seja um pólo norte enquanto que o pólo inferior seja um pólo sul. Esta situação provoca 25 uma deslocação do rotor. Se for removida a alimentação do enrolamento 1 e for alimentado o enrolamento 2, o rotor irá deslocar-se 30º, ou seja, um passo. Para obter uma rotação contínua do motor, deverão ser alimentados alternadamente os enrolamentos do motor. Na Tabela 2.2, podemos perceber que, assumindo uma lógica positiva, em que o valor lógico 1 significa fazer passar a corrente num dos enrolamentos, a seqüência mostrada, produzirá um deslocamento de oito passos (8´30=240º) (UNIVERSIDADE DE COIMBRA - DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELETROTÉCNICA E DE COMPUTADORES – 2002). Tabela 2.2 – Atuação de um motor de passo unipolar Fonte: http://aquarius.ime.eb.br/~pinho/micro/trabalhos/Mecatronica_TP1.pdf 2.4.1.3.2 Motores de passo bipolares Ao contrário dos motores de passo unipolares, os motores bipolares requerem um circuito de atuação bem mais complexo. Os motores de passo bipolares são proporcionam um maior torque comparativamente a um motor unipolar do mesmo tamanho. 26 Figura 2.10 - Motor de passo bipolar Fonte: http://aquarius.ime.eb.br/~pinho/micro/trabalhos/Mecatronica_TP1.pdf Os motores bipolares são constituídos por enrolamentos separados que devem ser atuados em ambas direções para permitir o avanço de um passo, ou seja, a polaridade deve ser invertida durante o funcionamento do motor. O padrão de atuação do driver é de todo semelhante ao obtido para o motor de passo unipolar em full-step, mas em vez de 0’s e 1’s temos o sinal da polaridade aplicada às bobinas. Um exemplo de aplicação pode ser encontrado na Tabela 2.3, onde é implementada a estratégia de atuação do driver referente ao motor apresentado na Figura 2.10. A Figura 2.11 reapresenta um esquema elétrico típico para um driver para motor de passo. (UNIVERSIDADE DE COIMBRA - DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELETROTÉCNICA E DE COMPUTADORES – 2002) Tabela 2.3 – Atuação de um motor de passo bipolar de quatro fases Fonte: http://aquarius.ime.eb.br/~pinho/micro/trabalhos/Mecatronica_TP1.pdf 27 Controlador Motor de passo Figura 2.11 – Esquema elétrico típico para um driver de motor de passo. Fonte: http://aquarius.ime.eb.br/~pinho/micro/trabalhos/Mecatronica_TP1.pdf 2.5 Microcontrolador O Microcontrolador corresponde a um microprocessador e seus periféricos típicos, todos juntos num só chip. (MICROCONTROLADOR 8051 – DETALHADO, 2000) Um microcontrolador típico possui: • UCP (Unidade Central de Processamento); • RAM (Memória de Acesso Aleatório) - memória de dados; • EPROM/PROM/ROM - memória de programa;· Dispositivos de E/S (Entrada e Saída) - serial e/ou paralelo; • Contadores / Temporizadores; • Controlador de interrupção. 28 Por incluir somente as características específicas para a tarefa (controlar), seu custo é relativamente baixo. Um microcontrolador típico possui instruções para manipulação de bits, acesso direto a E/S (Entrada/Saída), e rápido e eficiente processo de interrupção. Microcontroladores são uma “solução em um chip” que reduz drasticamente o número de componentes e o custo do projeto. Há uma grande gama de aplicações para os microcontroladores, e os mesmos são muito encontrados em aplicações dedicadas, como fornos de microondas, televisores, videocassetes, aparelhos de som, controle de motores de automóveis e instrumentação. Na robótica são usados em larga escala, onde diversos microcontroladores controlam, cada um, tarefas específicas e se comunicam com um microcontrolador central, microcomputadores ou até mesmo um computador. Os microcontroladores também são utilizados para a aquisição de dados, pois suas características como tamanho reduzido, baixo consumo de energia e flexibilidade fazem com que o mesmo possa ser utilizado, por exemplo, em balões meteorológicos. Ainda neste tipo de aplicação temos a aquisição de dados em estações meteorológicas (pluviosidade, velocidade do vento). Existe uma grande variedade de microcontroladores disponíveis. De acordo com o poder de processamento e características que são necessárias para desenvolver cada projeto pode-se escolher microcontroladores de 4, 8, 16 ou até 32 bits. Complementando, versões especializadas incluem características específicas para comunicações, processamento de sinais, processamento de vídeo e outras tarefas. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA – 1999) 29 3. Especificação Técnica O sistema proposto deve ser capaz de determinar o grau de rotação do plano polarizado da luz monocromática, ao incidir em determinadas substâncias opticamente ativas, analisando assim, seu o grau de rotação molecular. O projeto é dividido em três partes: • Aquisição 1. Laser emitindo um feixe de luz monocromática; 2. Filtro polarizador fixo, responsável pela polarização linear do feixe; 3. Superfície que comporta a substância a ser analisada; 4. Filtro polarizador detector rotacional que detecta o ângulo do plano polarizado do feixe após passar pela substância; 5. Sensor de temperatura para controlar a temperatura da amostra; 6. Fotodiodo para determinar a variação da intensidade da luz. • Detecção 1. Motor de passo para rotacionar o filtro detector; 2. Interface para controlar via microcontrolador a rotação do motor; 3. Amplificador para o sinal proveniente do sensor de temperatura; 4. Conversor Analógico / Digital; 5. Microcontrolador para leitura e processamento das informações dos sensores e controle do motor de passo. • Análise 1. Sistema composto por botões onde é possível ligar e desligar o sistema; 2. Software para calibração e análise do sistema. A luz monocromática é aquela que é constituída de um único comprimento de onda ou variável em um intervalo bastante estreito. Devido a esse fato, foi 30 selecionada como fonte de luz do sistema, um laser com comprimento de onda de 690nm. O Laser é alimentado por uma fonte externa de corrente continua, evitando que ruídos provenientes da rede elétrica prejudiquem o desempenho do sistema. O feixe emitido pelo laser passa por um filtro polarizador fixo que possui seu eixo de simetria a um ângulo de 180°, fazendo com que o plano da luz também se torne linearmente polarizado à 180°. O feixe plano polarizado atravessa um tubo cilíndrico transparente contendo uma amostra da substância que se deseja analisar. Se a substância possuir atividade óptica, fará com que o plano polarizado do feixe rotacione de acordo com sua rotação molecular. O filtro detector é rotacionado, não permitindo a passagem de radiações perpendiculares ao seu eixo de simetria. Quando o plano polarizado for paralelo ao eixo de simetria do detector, este permitirá a passagem total do feixe de luz. Um fotodiodo, acoplado atrás do filtro detector, recebe as informações referentes às diferentes intensidades do feixe de luz a medida em que o filtro é rotacionado. A energia radiante recebida pelo fotodiodo é transformada em sinal elétrico, esse sinal passa por tratamento, amplificação e conversão. O Microcontrolador controla o motor de passo que proporciona a rotação do filtro detector, também recebe o sinal proveniente do fotodiodo e estabelece uma relação entre o ângulo de rotação do filtro e sua respectiva intensidade da luz naquele instante. Um sensor de temperatura analisa a temperatura da substância, pois esse fator pode alterar sua rotação óptica. Essa informação também é enviada ao microcontrolador. Finalmente a analise do comportamento da substância é verificada via software que recebe os dados necessários via porta serial. Um gráfico de intensidade da luz - rotação do filtro detector faz possível compreender a atividade óptica da substância em análise. A Figura 3.1 representa o diagrama em blocos do polarímetro. 31 Figura 3.1- Diagrama em blocos do sistema 3.1 Especificação de Hardware O hardware desenvolvido para o polarímetro faz uso da placa contendo a arquitetura básica para o microcontrolador 8031. O Diagrama esquemático da placa está detalhado em anexo a esse documento. Os demais componentes utilizados no projeto são listados abaixo: • Conversor Analógico/ Digital Para que o microcontrolador possa processar os sinais analógicos provenientes dos sensores, torna-se necessário que esses sejam convertidos para dados digitais. O conversor selecionado para o projeto é o ADC0808 da National Semiconductor, ele possui 8 entradas multiplexadas e resolução de 8 bits. 32 O fotodiodo e o sensor de temperatura ocupam as entradas IN0 e IN1 do conversor, respectivamente. Os 8 bits de saída são necessário devido à alta precisão envolvida no mecanismo do projeto. As saídas do conversor são ligadas ao port P1 do microcontrolador e estão representadas com maior detalhe no diagrama esquemático em anexo a esse documento. Figura 3.2 – Pinagem do conversor ADC0808 Fonte: National Semiconductor. Datasheet ADC0808. P 02 A saída do conversor é ligada ao port 1 do microcontrolador, sendo que o bit menos significativo ocupa o pino P1.0 e o mais significativo ocupa o P1.7. A seleção de entrada é feita através de uma lógica usando o pino A15 e o latch 74LS373. Quando A recebe nível lógico 0 o fotodiodo é selecionado, quando A recebe nível lógico 1 o sensor de temperatura é selecionado • Sensor de Temperatura Acoplado ao recipiente da amostra, o Sensor de Temperatura LM35 da National Semiconductor, aumenta a precisão no sistema, assegurando que a temperatura da substância não afetará os resultados finais analisados. O sensor opera em temperaturas de -55°C até 150°C e sua resposta é de 10mV por °C. Para que fosse possível trabalhar com a conversão foi necessário inserir um 33 amplificador operacional para aumentar o ganho total para uma escala entre 0V e 5V. O ganho estimado para manter o sinal entre 0V e 5V é de 10. Para circuitos desse tipo o ganho é calculado como A = 1 + R1 / R2. O circuito foi desenvolvido com resistores de 1K para R1 e 9K para R2. O Circuito do ganho é representado na figura a seguir: VIN VOUT 2 1K ADJ 3 + 1 2 - LM350/TO TEMP LM324 11 1 U2A 4 U1 3 TEMP 9K VCC Figura 3.3 – Circuito amplificador de ganho 10 • Fotodiodo O fotodiodo OPT101 da Burr-Brown é responsável pela detecção da intensidade do feixe de luz a medida em que o filtro detector é rotacionado. O componente possui resposta em freqüência e combina um fotodiodo com amplificador internamente. Seu diagrama esquemático é ilustrado em anexo. • Interface para motor de passo Para que o microcontrolador possa controlar o motor de passos torna-se necessário o uso de uma interface de potencia. O diagrama esquemático da interface está demonstrado no anexo a esse documento. 34 • Motor de passo O projeto do Polarímetro digital requer uma alta precisão ocasionando alta precisão nos passos do motor. Para que isso ocorra foi usado um motor de passo de 1,8° por passo, acoplado a um mecanismo de redução para que a precisão do motor aumente para um valor mais próximo ao encontrado em polarímetros digitais comerciais que possuem em média uma resolução de 0,001°. A Figura 3.4 mostra um motor de passo. Figura 3.4 – Motor de passo Figura 3.5 – Engrenagem para redução 10x1 O Diagrama Esquemático do projeto encontra-se em anexo a esse documento e com ele é possível visualizar a pinagem dos respectivos componentes utilizados no projeto. O polarímetro digital proposto possui de um sistema óptico que consiste em um laser com comprimento de onda variando de 650nm e 690nm e filtros polarizadores lineares utilizados em máquinas fotográficas. Toda a parte óptica do sistema está embutida em uma caixa de madeira escura de forma que nenhuma luz exterior interfira nos resultados esperados, conforme a figura 3.6. 35 Figura 3.6 – Polarímetro Digital 3.1.2.1 Firmware Também conhecido como software embarcado, trata-se de um software que controla o hardware diretamente. É armazenado permanentemente em um chip de memória de hardware, como uma ROM ou EPROM. Suas principais funções são: • Enviar sinais digitais responsáveis pelo controle do motor de passo; • Receber sinais digitais, referente a informações do sensor de temperatura e do fotodiodo; • Estabelecer uma relação entre a intensidade da luz fornecida pelo fotodiodo e o grau de rotação do motor de passo; • Enviar dados digitais via porta seria. O firmware foi desenvolvido na linguagem C de programação,na plataforma Keil uVision 3. A Figura 3.7 consiste em um diagrama de estados do motor Cont < 2000 Cont >2000 Cont = 2000 Circuito ligado Motor girando Motor parado 36 A Figura 3.8 representa o fluxograma do firmware utilizado no projeto Figura 3.8 – Fluxograma do firmware 3.3 Especificação de Software 3.3.1 Funções O software tem por finalidade realizar a interação do usuário com o sistema desenvolvido. Através do software é possível que o usuário visualize os resultados referentes aos dados trabalhados ao longo de todo o processo de polarização. 37 As principais funções do software são: • Gerar gráfico de intensidade da luz x rotação do filtro polarizador • Calibrar e Parar a curva que descreve o comportamento do sistema • Desligar o sistema Basicamente o software desenvolvido para o polarímetro, plota um gráfico onde é possível visualizar o comportamento da intensidade da luz a medida em que o filtro analisador é rotacionado. Os pontos do gráfico, onde a intensidade da luz é zero, representam que o eixo óptico do filtro polarizador encontra-se exatamente na posição perpendicular ao ângulo do plano da luz, não permitindo assim, a passagem da mesma. O pico da intensidade da luz é caracterizado pela posição do plano polarizado paralelo ao eixo óptico do filtro analisador, permitindo assim a passagem total do feixe de luz. A Figura 3.9 representa a interface gráfica que faz a interação do sistema com o usuário final. Figura 3.9 – Interface Gráfica 38 4. Projeto 4.1 Projeto de Hardware Todos os esquemáticos relativos ao diagrama em blocos da figura 3.1 são mostrados na seção de anexos desse documento. Abaixo está a tabela 4.1 que relacionam os sinais de interface entre os blocos de hardware. Tabela 4.1 – Sinais de Interface RÓTULO TIPO DE BARRAMENTO FD Dados LÓGICA DE OPERAÇÃO / AMPLITUDE 0 a 5V TEMP Dados 0 a 5V CTR Controle 0/1 IN1 Controle 0/1 IN2 Controle 0/1 IN3 Controle 0/1 IN4 Controle 0/1 FUNÇÃO Saída do fotodiodo para conversão A/D Saída do sensor de temperatura para conversão A/D Seleciona a entrada do conversor A/D Ativa a bobina 1 do motor de passo Ativa a bobina 2 do motor de passo Ativa a bobina 3 do motor de passo Ativa a bobina 4 do motor de passo 4.2 Projeto de Software O Software foi desenvolvido em linguagem C++ de programação através da ferramenta C++ Builder 6.0. A seguir são representados os diagramas relativos à lógica do software que é executado no microcomputador. 39 4.2.1 Diagrama de Casos de Uso Os casos de uso especificam o comportamento do sistema ou parte(s) dele e descrevem a funcionalidade do sistema desempenhada pelos atores. Podemos imaginar um caso de uso como um conjunto de cenários, onde cada cenário é uma seqüência de passos a qual descreve uma interação entre um usuário e o sistema. A Figura 4.1 ilustra os casos de uso observados no sistema Sistema Gerar Curva Parar Calibrar Usuário Desligar Figura 4.1 – Diagrama de Casos de Uso • Gerar Curva: gera a curva referente a intensidade de luz transmitida pelo fotodiodo em relação ao ângulo do motor de passo; • Parar: Congela a imagem da curva para que o usuário possa analisar o seu comportamento; • Calibrar: O motor de passo volta à posição original e a curva é reinicializada; • Desligar: O usuário desativa o sistema. 40 4.2.2 Diagramas de Seqüência Consiste em um diagrama que tem o objetivo de mostrar como as mensagens entre os objetos são trocadas no decorrer do tempo para a realização de uma operação. A Figura 4.2 ilustra o diagrama de seqüência do caso de uso gerar curva, O usuário inicia o processo de aquisição da curva onde visualiza o comportamento do fotodiodo em relação ao ângulo do motor de passo. A Figura 4.3 representa a possibilidade do ator externo “congelar” a imagem da curva para analisar precisamente a resposta do fotodiodo. A calibração da curva ocorre no momento em que há necessidade da curva ser reinicializada. Na figura 4.4 é ilustrado o diagrama de seqüência em que o ator externo interage na calibrando o sistema. A Figura 4.5 representa o diagrama de seqüência em que o ator externo pode desligar o sistema. Sistema Usuário gerarCurva() Figura 4.2 – Diagrama de seqüência “Gerar Curva” 41 Sistema Usuário pararCurva() Figura 4.3 - Diagrama de seqüência “Parar Curva” Sistema Usuário CalibrarCurva() Figura 4.4 - Diagrama de seqüência “Calibrar Curva” Sistema Usuário Desligar() Figura 4.5 - Diagrama de seqüência “Desligar” 42 4.2.3 Diagrama de Classes Os diagrama se classes ilustram atributos e operações de uma classe e as restrições como que os objetos podem ser conectados ; descrevem também os tipos de objetos no sistema e os relacionamentos entre estes objetos. CSerial -FPorta:AnsiString -bInicializado:bool -dcbStatus:DCB -hComm:HANDLE -Timeouts: COMMTIMEOUTS +CSERIAL(in Porta: AnsiString, in Velocidade:unsigned short) +~CSERIAL() + Enviar(in *Buffer:unsigned char, in &BufferSize: int):bool + Receber(in *Buffer:unsigned char, in &BufferSize:int):bool +LimpaBuffer():void -SetTimeouts():void UFrmPrincipal -*fotodiodo:CFotodiodo -*fotodiodo:CTemperatura -*vetor:double -cont:int -nPorta:AnsiString UfrmPrincipal (in Owner: Tcomponent*) +getSize() :int +getVetor():double* Plotar(in vettor:double*):void Calibrar():void Parar():void Desligar():void CThreadTemperatura -*temperatura: CTemperatura -nporta: AnsiString +CThreadLeitura(in *temperatura: CTemperatura, in porta: AnsiString #Execute():void CThreadFotodiodo -*fotodiodo: CFotodiodo -nporta: AnsiString +CThreadLeitura(in *fotodiodo: CFotodiodo, in porta: AnsiString #Execute():void Figura 4.6 – Diagrama de Classes 43 5. Resultados e Validação A curva de calibração foi obtida com a presença de água mineral no tubo de ensaio do polarímetro. Desta forma o aparelho demonstrou os picos de intensidade máxima e mínima nos ângulos esperados. Uma vez que os filtros polarizadores estavam em posições paralelas na horizontal, e não há desvio no plano polarizado da luz, esperava-se que em 0° ou 180° a intensidade de luz captada pelo fotodiodo fosse máxima. Quando o filtro rotacional encontra-se no ângulo de 90° ou 270°, perpendiculares a 0° ou 180°, esperava-se que o fotodiodo registrasse intensidades mínimas como pode ser verificado na figura 5.1. Figura 5.1 – Curva de calibração 44 A curva de calibração demonstra exatamente o comportamento de um feixe de luz passante por filtros polarizadores. Para cada 0,18° do filtro polarizador detector acontece uma leitura do valor referente à intensidade de luz naquele instante. No campo Rotação Óptica é possível analisar se a substância tem a propriedade de alterar o comportamento do plano polarizado da luz. No caso da água, verificou-se, ao final da leitura, que sua rotação óptica marcou 0°, ou seja, o plano da luz não foi alterado. O segundo teste realizado foi com a presença de 50g glicose diluída em 30g de água, inserido no tubo de ensaio especial para polarímetros como pode ser visto na figura 5.2. Neste caso a glicose apresentou uma alteração no ângulo de polarização da luz de 48,6° como pode ser verificado na Figura 5.3. Figura 5.2 – Tubo de ensaio para polarímetro 45 Figura 5.3 – Curva de Glicose Comparando os resultados obtidos no aparelho desenvolvido com os resultados obtidos com um polarímetro analógico, verificamos um erro de aproximadamente 5° nessa análise. Esse erro é considerado significativo quando se trata de um aparelho de precisão. Os erros encontrados podem ter sido provocados pela precisão inferior dos filtros polarizadores utilizados no protótipo bem como a analise não foi feita em ambiente climatizado a 25°C. Na terceira análise foi verificado o comportamento do plano de polarização da luz ao passar por 30g de sacarose diluída em 50g de água. Nesse caso a sacarose apresentou uma rotação óptica de 60,3°, conforme a Figura 5.4. 46 Figura 5.4 – Curva de Sacarose Em leituras analisadas com polarímetros comerciais a sacarose apresenta uma variação de 68° no plano polarizado da luz. Para se obter resultados precisos e satisfatórios quando se trata de polarimetria é necessário realizar medições em laboratórios climatizados e com medidas precisas de concentração e densidade das substâncias. A utilização de filtros polarizadores precisos também são essenciais para uma análise satisfatória. 47 6. Conclusão Este trabalho buscou inicialmente introduzir o conceito de polarização da luz e como esta pode ser útil na análise de substâncias químicas. O polarímetro desenvolvido teve como finalidade explorar esses conceitos com a utilização de componentes de baixo custo, uma vez que polarímetros digitais comerciais possuem um custo elevado. O protótipo desenvolvido verificou uma diferença entre os ângulos do plano polarizado de um feixe de luz após passar por glicose e sacarose diluídas. Foi possível verificar que houve uma rotação óptica provocada pelas substancias, porém algumas limitações do polarímetro como a falta de precisão nos filtros polarizadores, comprometeram a precisão nos resultados obtidos. O aparelho apresenta um erro de aproximadamente 10% que pode ser reduzido se a análise for feita em um laboratório climatizado à 25°C e os filtros polarizadores forem de maior precisão. 48 7. Estudo de Viabilidade Técnica - Econômica Tabela 7.1 - Estudo de Viabilidade Técnica – Econômica COMPONENTE QUANTIDADE Motor de passo 1 Filtro Polarizador 2 Microcontrolador 1 Sensor de temperatura 1 Fotodiodo 1 Conversor A / D 1 Placa da arquitetura 8031 1 Componentes Discretos 40 Software C++ Builder 6 1 Mecânica 1 Hora de Trabalho 650 TOTAL CUSTO EM R$ 20,00 80,00 8,00 5,90 19,00 8,00 10,00 20,00 1800,00 100 10 TOTAL PARCIAL EM R$ 20,00 160,00 8,00 5,90 19,00 8,00 10,00 20,00 2670,5 100,00 6500,00 9520,9 49 8. Cronograma de Desenvolvimento Figura 8.1 - Cronograma de desenvolvimento 50 9. Referências Bibliográficas HALLIDAY, D. Fundamentos de Física 4, Ótica e Física Moderna, Rio de Janeiro: LTC, 1991. NICOLOSI, D. Microcontrolador 8051 Detalhado, São Paulo: Érica LTDA, 2000. EWING, G. W. Métodos Instrumentais de Análise Química. Vol. I, Ed da USP, SP, 1977. PERTENCE A. J. Amplificadores operacionais e filtros ativos: teoria, projetos, aplicações e laboratório, São Paulo : MAKRON , c1996 ERICSSON. Stepper Motor Basics.http://www.solarbotics.net/library/pdflib/pdf/motorbas.pdf. Consultado em 27/04/2006 MICROCHIP TECHNOGOLY INC. Stepping Motors Fundamentals. http://ww1.microchip.com/downloads/en/AppNotes/00907a.pdf.Consultado em 27/04/2006 NATIONAL SEMICONDUCTOR http://cache.national.com/ds/DC/ADC0808.pdf . Consultado em 15/05/2006 NATIONAL SEMICONDUCTOR http://cache.national.com/ds/LM/LM35.pdf. Consultado em 15/05/2006 BURR-BROWN http://pdf1.alldatasheet.com/datasheet-pdf/view/56811/BURRBROWN/OPT101.html . Consultado em 05/06/2006 51 10. Anexos 52 10.1 Esquemáticos Figura 10.1 - Kit didático para microcontrolador 8031 53 Figura 10.2 – Conversor ADC0808 54 VCC U1 2 4 C1 1 3 8 0.01uF -IN OUT 5 FD FB VS -V COM OPT101 Figura 10.3 – Esquemático do fotodiodo 1 VIN VOUT ADJ LM350/TO 2 1K 3 + 1 2 - TEMP LM324 11 3 U2A 4 U1 9K VCC Figura 10.4 – Esquemático do sensor de temperatura 55 Figura 10.5 – Interface do motor de passo 56