5.9 Três Razões pelas quais Cristo Sofreu e Morreu

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Três Razões pelas quais Cristo Sofreu e Morreu 1[1]
Romanos 6.1-14
Introdução
Encerrando este trimestre que trata de temas da atualidade, após ter abordado questões
de nosso cotidiano que nos afligem e aprender como lidar com elas estudando a Palavra
de Deus, é importante que tenhamos em mente a "velha história". A história que
parecemos saber de cor, mas de que nos esquecemos com freqüência. A história de
Jesus morto na cruz em nosso lugar.
Afinal, por que Jesus sofreu e morreu e que relevância tem isso para mim hoje? Fazer
essa conexão é fundamental. John Piper escreveu um livro chamado A paixão de Cristo
em que ele enumera 50 razões, ou propósitos, pelas quais Cristo sofreu e morreu.
Veremos três delas nesta lição. Jesus sofreu e morreu...
I. Para que morramos para o pecado e vivamos para a justiça
“... carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que
nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça" 1 Pedro 2.24
Por mais estranho que pareça, a morte de Cristo em nosso lugar e por nós significa que
nós morremos. Talvez alguém pense que ter um substituto para morrer em seu lugar
significa que ele escapa da morte. É claro que escapamos da morte. Da morte eterna de
miséria sem fim e separação de Deus. Jesus disse: "Eu lhes dou a vida eterna; jamais
perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão" ao 10.28). "Todo o que vive e crê em
mim não morrerá, eternamente" ao 11.26). A morte de Jesus realmente significa que todo
o que nele crê não perece, mas tem a vida eterna ao 3.16).
Mas existe outro sentido em que morremos precisamente porque Cristo morreu em nosso
lugar e por nossos pecados. "Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os
nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados..." (lPe 2.24). Ele morreu para
que vivamos; e morreu também para que morrêssemos. Quando Cristo morreu, eu, como
crente em Cristo, morri com ele. A Bíblia é clara: "fomos unidos com ele na semelhança
da sua morte" (Rm 6.5). "Um morreu por todos; logo, todos morreram" (2Co 5.14).
A fé é a evidência de que estamos unidos em Cristo dessa maneira profunda. Os crentes
foram "crucificados com Cristo" (GI 2.20). Olhamos para trás, para sua morte, sabendo
que na mente de Deus nós estávamos lá. Nossos pecados estavam sobre ele e a morte
que merecíamos acontecia nele. O batismo significa essa morte com Cristo. "Fomos, pois,
sepultados com ele na morte pelo batismo" (Rm 6.4). A água é como um túmulo. recebêla é um retrato da morte. Tê-Ia recebido é retrato de nova vida. E tudo isso é um retrato
do que Deus está fazendo "pela fé". "Tendo sido sepultados com ele no batismo, fostes
ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos" (Cl
2.12).
Sendo assim, ser cristão significa morte para o pecado. O velho eu que amava o pecado
morreu com Jesus. O pecado passa a ser como uma prostituta que não é mais bonita. Ela
é quem matou o meu Rei e a mim mesmo. Assim, o crente está morto para o pecado, não
é mais dominado por seus atrativos. O pecado, a prostituta que matou meu amigo, não
tem mais apelo. Tornou-se meu inimigo.
Agora em novidade de vida sou movido pela justiça. "Carregando ele mesmo em seu
corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós... vivamos para a justiça" (1 Pe
2.24). A beleza de Cristo, que me amou e se entregou por mim, é o desejo de minha
alma. E sua beleza é a justiça perfeita. O mandamento que agora amo obedecer é este (e
eu o convido a atender comigo este mandamento): "... oferecei-vos a Deus, como
ressuscitados dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de
justiça" (Rm 6.13).
II. Para que morramos para a lei e frutifiquemos para Deus
"... meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo,
para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que
frutifiquemos para Deus." Romanos 7.4
Quando Cristo morreu por nós, nós morremos com ele. Deus olhou para nós que cremos
como quem está unido a Cristo. Sua morte por nossos pecados foi nossa morte nele. Mas
o pecado não foi a única realidade que matou a Jesus e a nós. A lei de Deus também o
fez. Quando quebramos a lei pelo pecado, a lei nos sentencia à morte. Se não houvesse
lei, não haveria castigo. Onde não há lei, também não há transgressão (Rm 4.15). Mas "...
tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o
mundo seja culpável perante Deus" (Rm 3.19).
Não havia como escapar da maldição da lei. Ela era justa e nós éramos culpados. Só
havia um modo de nos libertar. Alguém tinha de pagar a pena. Foi para isso que veio
Jesus. "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso
lugar" (Gl 3.13).
Sendo assim, a lei de Deus não pode nos condenar se estivermos em Cristo. Seu domínio
sobre nós é duplamente quebrado. Por um lado, as exigências da lei foram cumpridas por
Cristo em nosso favor. Ele guardou perfeitamente a lei e isso foi creditado em nossa
conta. Por outro lado, a penalidade da lei foi paga pelo sangue de Cristo.
É por isso que a Bíblia ensina claramente que estar bem com Deus não é questão de
guardar a lei. "Ninguém será justificado diante dele por obras da lei" (Rm 3.20). "O homem
não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus" (G12.16). Não
existe esperança de estar em paz com Deus por guardar a lei. A única esperança está no
sangue e na justiça de Cristo, que é nossa somente pela fé. "Concluímos, pois, que o
homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei" (Rm 3.28).
Como, então, podemos agradar a Deus, se nos encontramos mortos para sua lei e ela
não mais nos domina? A lei não é a expressão da boa e santa vontade de Deus? (Rm
7.12). A resposta bíblica é que, em vez de pertencermos à lei, que exige e condena,
agora pertencemos a Cristo, que exige e concede. Anteriormente, a justiça nos era
exigida do lado de fora, em letras escritas na pedra. Mas agora a justiça surge de dentro
de nós como um desejo no nosso relacionamento com Cristo. Ele está presente e é real.
Pelo seu Espírito ele nos auxilia em nossa fraqueza. Uma pessoa viva substituiu uma lista
letal. "A letra mata, mas o espírito vivifica" (2Co 3.6).
Por essa razão a Bíblia diz que o novo caminho da obediência é frutificador, e não
guardador da lei. "... meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do
corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os
mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus" (Rm 7.4).
III. Para nos capacitar a viver para Cristo e não para nós mesmos
"Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste,
para que vejam a minha glória." João 17.24
"Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para
aquele que por eles morreu e ressuscitou." 2 Coríntios 5.15
Muitas pessoas se perturbam com a idéia de que Cristo morreu para exaltar a Cristo. Em
sua essência, 2 Coríntios 5.15 diz que Cristo morreu para que vivamos por ele. Noutras
palavras, ele morreu por nós para que nós o valorizemos muito. Ou seja, Cristo morreu
para Cristo.
Ora, isso é verdade. Não é um jogo de palavras. A essência do pecado é que não
conseguimos glorificar a Deus. Isso inclui não glorificar ao Filho (Rm 3.23). Mas Cristo
morreu para levar sobre si esse pecado e nos livrar do mesmo. Ele carregou a desonra
que havíamos amontoado sobre ele com nosso pecado. Ele morreu para dar a virada
nisso. Cristo morreu para a glória de Cristo.
Cristo é único. Ninguém mais consegue agir dessa maneira e chamá-la de amor. Cristo é
o único ser humano do universo que também é Deus, portanto, de valor infinito. Ele é de
beleza infInita em toda a sua perfeição moral. É infinitamente sábio, justo, bom e forte.
"Ele ... é o resplendor da glória e a expressão exata do ... Ser [de Deus], sustentando
todas as coisas pela palavra do seu poder" (Hb 1.3). Vê-Io e conhecê-lo satisfaz mais do
que possuir todos os bens da terra.
Aqueles que o conheciam melhor disseram
o seguinte:
"... o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras
considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus,
meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para
ganhar a Cristo" (Fp 3.7,8).
"Cristo morreu para que vivêssemos por ele" não significa "para que o ajudássemos".
[Deus] "não é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse" (At
17.25). Nem Cristo. "... pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc 10.45). Cristo morreu, não para
que pudéssemos ajudá-lo, mas para que o pudéssemos ver e prová-lo como de valor
infinito. Morreu para nos desmamar dos prazeres venenosos e nos enlevar com os
prazeres de sua beleza. Nisso somos amados e ele é honrado. Não são objetivos que
competem entre si. São o mesmo.
Jesus disse aos seus discípulos que tinha de ir para que pudesse enviar o Espírito Santo,
o Ajudador (Jo 16.7). Passou então a lhes dizer o que o Consolador faria quando viesse:
"Ele me glorificará" (Jo 16.14). Cristo morreu e ressurgiu para que o víssemos e o
glorificássemos. É essa a maior ajuda que existe no mundo. É amor. A oração mais
repleta de amor feita por Jesus foi: "Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam
também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória" (Jo 17.24). Foi para isto
que Cristo morreu. Isto é amor. Sofrer para nos conceder prazer eterno, ou seja, ele
mesmo.
Conclusão
A morte de Cristo é imagem clara de sacrifício, de entrega. Como cristãos que
professamos ser, temos de nos lembrar disso constantemente. Morremos com Cristo para
o pecado e agora vivemos para ele. A mortificação do pecado deve ser uma constante em
nossa vida, assim como o empenho na prática da justiça e na frutificação. Sequer
podemos dizer que não somos capazes, pois é o próprio Cristo que nos capacita.
Aplicação
Como as pessoas vêem a mortificação do pecado em suas vidas? Você seria capaz de
elaborar um quadro que demonstre quanto você tem frutificado?
Autor. Marcelo Smeets (Adaptação do capítulo 30,31 e 32 do livro A Paixão de Cristo, de
John Piper)
Fonte: Lição 13 da revista Nossa Fé - Atualidade, pg 46-48, editora Cultura Cristã.
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