FABRICIO WIDAL DE ALBUQUERQUE_95_64422

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CERRADO PANTANAL
PÓS - GRADUAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA
FABRICIO WIDAL DE ALBUQUERQUE
PROTOCÓLO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE POR CICLOS DE VIDA
NA ESF FERNANDO MOUTINHO I / CORUMBÁ - MS
CORUMBÁ – MS
2011
FABRICIO WIDAL DE ALBUQUERQUE
PROTOCOLO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL POR CICLOS DE VIDA
NA ESF FERNANDO MOUTINHO I / CORUMBÁ - MS
Projeto de intervenção a ser apresentado
à Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul, como requisito para a conclusão
do Curso de Pós Graduação à nível de
Especialização em Atenção Básica em
em Saúde da Família.
Orientador(a): Rosemarie Fernandes da Silva
CORUMBÁ – MS
2011
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela vida e por me dar a oportunidade de realizar este
trabalho.
A minha tutora que me ajudou na elaboração deste.
E a minha esposa Luciana e meus filhos João Victor e Luiz Gustavo que são a inspiração da
minha vida.
RESUMO
A odontologia tem sofrido muitas transformações desde de seu inicio no Brasil. Da fase de
exodontia passando para a restauradora chegou-se a conclusão de que somente tratamento
clínico não era suficiente para reduzir as doenças bucais. É de suma importância que além de
tratar, o cirurgião dentista, invista tempo para a prevenção e promoção da saúde dos pacientes.
As orientações sobre sua saúde bucal devem ser relacionadas com a saúde geral para que o
paciente tenha a noção do processo saúde-doença, e assim possa não só cooperar, mas
participar do seu tratamento fazendo a parte que é de sua responsabilidade. Assim foi feito um
protocolo visando a prevenção e promoção da saúde trazendo orientações específicas para
cada ciclo da vida, desde a gestante até os idosos.
Unitermos: educação, saúde bucal, prevenção
ABSTRACT
Dentistry has undergone many transformations since its beginning in Brazil. From the tooth
extraction phase to the restoration phase came to the conclusion that only medical treatment
was not sufficient to reduce the oral diseases. It is critical that in addition to treating, the
dentist uses the time for prevention and health promotion of patients. The guidance on oral
health must be related to general health in order to the patient has the notion of health-disease
process, and therefore, the patient may not only cooperate, but participate of his treatment
performing the part which is his responsibility. This was done a protocol aimed at prevention
and health promotion bringing specific guidelines for each life cycle, from pregnancy to old
age.
Key words: education, oral health, prevention.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO....................................................................................................06
2.REVISÃO DALITERATURA............................................................................08
3.OBJETIVOS........................................................................................................13
3.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................................13
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................13
4.METODOLOGIA.................................................................................................14
5.DESENVOLVIMENTO.......................................................................................15
5.1 CICLOS DE VIDA.........................................................................................15
5.1.1 A GESTANTE.............................................................................................15
5.1.2 A INFÂNCIA...............................................................................................15
5.1.3 A ADOLESCÊNCIA...................................................................................16
5.1.4 O ADULTO..................................................................................................16
5.1.5 O IDOSO......................................................................................................17
6.DISCUSSÃO E RESULTADOS.........................................................................18
7.CONCLUSÃO......................................................................................................19
8.REFERÊNCIAS...................................................................................................20
6
1
INTRODUÇÃO
Saúde não é apenas ausência de doença, segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS) “é um estado que nos capacita a levar uma vida social e economicamente produtiva.”
A saúde é um direito humano básico, sendo a saúde bucal um componente importante da
saúde geral.
No serviço publico de saúde a odontologia nunca esteve em destaque quanto nos dias
atuais. Através dos anos o tipo de tratamento odontológico que é oferecido nos postos de
saúde do Brasil tem se modificado, principalmente com o inicio do Programa de Saúde da
Família e hoje Estratégia de Saúde da Família. Com isso a população que até bem pouco
tempo atrás era conhecida como “desdentada” vem obtendo um tratamento odontológico de
qualidade, e assim aumentando a sua qualidade de vida .
Sabemos pelas diretrizes das Políticas de Saúde Bucal que a maior parte do tempo de
atendimento dentro de nossas unidades de saúde é centrado no tratamento curativo e em
atendimento a emergências que aparecem em nossos consultórios diariamente (“75% a 85%
das horas contratadas devem ser dedicadas à assistência” (BRASIL, 2004, p. 4).
Essa grande demanda por tratamento curativo vem de longa data, e em parte pelo
tipo de assistencialismo que era oferecido nas unidades básicas de saúde. Com o avanço dos
anos e também com a mudanças nas políticas publicas de saúde, e aí esta incluída a saúde
bucal, esta tentando haver uma mudança nos tipos de serviços oferecidos pela saúde publica,
não só voltados para a parte curativa / reparadora mas levando os pacientes a terem um senso
de prevenção para se assim evitar futuros episódios de doença / dor ( 25 a 15% das horas
contratadas devem ser investidas na prevenção através de palestras educativas e outros tipos
de ações educativas e também das visitas domiciliares onde também podem ser feitas
orientações sobre saúde).
“A saúde começa pela boca” ouvimos freqüentemente essa frase, mas nós
profissionais de saúde temos um grande desafio a nossa frente. Tentar ensinar aos nossos
pacientes a importância de se ter uma saúde bucal adequada, e isso é um processo a longo
prazo pois todo e qualquer tipo de mudança de hábito leva tempo, mas se não fizermos nada
vamos sempre estar fixados em tratar cáries e gengivas inflamadas e sanar dores dia após dia.
7
Nós cirurgiões dentistas temos não só obrigação com o tratamento restaurador dos
pacientes, mas também o dever de ensiná-los /orientá-los sobre:
- como escovar os dentes e utilização do fio dental,
- dieta adequada não cariogênica,
- importância da preservação dos elementos dentários para uma perfeita mastigação,
para a fala e também pela estética,
- cuidados com os dentes decíduos para a preservação do espaço dos dentes
permanentes, mastigação e fala
- aleitamento materno por tempo ideal (mínimo 06 meses) para o desenvolvimento
correto das estruturas da cavidade oral (arcadas, músculos, posicionamento da língua)
- cuidados com a higiene oral da gestante e do bebê
- cuidado coma higiene oral dos hipertensos e diabéticos (prevenção de infecções que
podem causar problemas de saúde geral para estes pacientes, por exemplo endocardite
bacteriana)
Diante disto precisamos de uma revisão no tipo de educação em saúde bucal que está
sendo ofertada por nós cirurgiões dentistas aos nossos pacientes, e conscientizá-los da
importância da prevenção para uma melhor saúde bucal que vai ser refletida na sua saúde
geral. Hoje é de suma importância medidas que promovam a saúde da população, e isso
requer estratégias sociais e políticas que assegurem sua aceitação, implantação e efetividade.
Foi realizado um protocolo de higiene bucal para cada ciclo de vida que será
aplicado na ESF Fernando Moutinho I. Devemos ter em mente que a educação não é só
ensinar e informar sobre conhecimentos que para a maioria dos pacientes é técnico, mas leválos a ter consciência e responsabilidade no processo saúde – doença. Devemos levá-los a
querer participar do tratamento fazendo a parte que lhes é cabida.
8
2
REVISÃO DA LITERATURA
A odontologia iniciou-se no Brasil em 1884 com o primeiro curso de Odontologia
por decreto de D. Pedro II. A prática nessa época tinha como objetivo apenas o alívio da dor,
o dentista fazia apenas exodontias. Posteriormente passou-se a uma “odontologia
restauradora” tentando intervir antes do aparecimento da dor. (BUISCHI, 1996, p. 614).
O tratamento curativo tradicional esperava o aparecimento da cárie, a cavidade para
se tratar depois. Logo este mostrou-se ineficiente, pois por melhor que fosse a restauração
realizada não impedia que o paciente tivesse outra lesão de cárie. O tratamento restaurador
trata apenas do sintoma e não da doença cárie, não resolvendo o problema de saúde do
paciente. (BUISCHI, 1996, p. 614).
A odontologia restauradora representou um grande avanço em relação a simples
extração de dentes. Estudos demonstraram que dentes com cárie que foram restaurados com
amalgama 50% destas foram perdidas após 08 anos de uso, e esse número sobe para 90% após
15 anos de uso, e no caso das resinas compostas estas são ainda menos duráveis. Chegamos a
conclusão que o prognóstico de um dente hígido é infinitamente superior ao de um dente
restaurado com a melhor técnica e material que possa existir. (BUISCHI, 1996, p. 614).
Assim surgiu uma nova fase dentro da odontologia: a prevenção. O cirurgião dentista
tem que desempenhar um papel importante não só no tratamento dos sintomas das doenças
bucais, mas também no seu controle e prevenção. (BUISCHI, 1996, p. 614).
Segundo Maria Eugenia Tollendal (1991, p. 37) precisamos de uma “Atitude
Preventiva”. Atitude esta que deve estar presente em três etapas:
- no estado de saúde (higiene e métodos preventivos)
- no estado pré-clinico (prevenir logo na primeira manifestação)
- no estado clinico (dentro do quadro terapêutico).
Assim para se ter uma prática preventiva o cirurgião deve desempenhar sua parte
(orientação e tratamento) e o paciente deve fazer a sua (captar todas as informações
necessárias para manter sua saúde bucal). Para haver essa mudança de atitude precisa-se:
Informação
Hábito
Interesse
Busca
Comportamento preventivo
Conhecimento
Experimentação
9
Dados apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1978 mostraram
que só o tratamento restaurador foi ineficiente para evitar a progressão da doença cárie. Como
exemplos temos o índice CPOD da Nova Zelândia e Japão.
Idade
Nova
Japão
Zelândia
13-14 anos
11
35-44 anos
07
22
11
Tabela 1 – Índice CPOD Nova Zelândia / Japão
Na Nova Zelândia o índice CPOD entre 13-14 anos teve predominância de dentes
obturados e zero o número de dentes hígidos; entre 35-44 anos houve predominância de
dentes extraídos (neste país houve uma experiência onde toda a população escolar foi tratada
curativamente). No Japão o índice CPOD entre 13-14 anos foi de 7 com predominância de
dentes obturados e já entre 35-44 anos houve predominância de dentes obturados e extraídos.
Assim concluiu-se que apenas o tratamento restaurador por mais que seja extensivo a toda a
comunidade mostrou-se oneroso e ineficiente, não sendo o elemento essencial do tratamento
odontológico. (OMS, 1978).
No município de Corumbá em 2001 o índice CPOD era de 2,28 e no ano de 2011
este índice baixou para 1,77, isso é o reflexo de uma política de saúde que investiu tempo na
prevenção e promoção da saúde junto com o tratamento curativo (SMS/Corumbá – MS)
Com os números desses estudos temos as bases cientificas para a promoção da saúde
bucal. A cárie atinge cerca de 96% da população brasileira, mas só tratar de cavidades não irá
resolver o problema. Assim ocorre com as doenças periodontais, placa, calculo, gengivite
marginal crônica tem prevalência em adultos e jovens embora em menor número quando
comparados com a cárie. (BUISCHI, 1996, p. 615).
Para se ter sucesso no tratamento das doenças bucais, cárie e doença periodontal,
deve-se ter combinados o tratamento restaurador e a prevenção e promoção da saúde. Os
pacientes precisam ter a consciência que o êxito do tratamento também é de sua
responsabilidade e não só do cirurgião dentista. (BUISCHI, 1996, p. 615).
10
Para se mudar o modo de cuidar, tratar e acompanhar a saúde das pessoas é preciso
mudar também os modos de aprender e ensinar. Segundo Brandão (1995, p. 47), “a educação
do homem existe por toda parte e, muito mais que a escola, é o resultado da ação de todo o
meio sociocultural sobre os seus participantes. É o exercício de viver e conviver o que educa.
E a escola de qualquer tipo é apenas um lugar e um momento provisório onde isto pode
acontecer”.
Há a necessidade de ações educativas não só dentro, mas também fora da unidade de
saúde e dentro da área de abrangência da ESF como escolas e associações de moradores.
Carmo (2005) ressalta que a educação deve ter como base a emancipação dos sujeitos, daí a
necessidade do envolvimento do educador com a realidade dos educandos.
Desenvolver novas práticas de educação em saúde exige mudanças que envolvem um
processo complexo que passa pela formação de pessoas na área da saúde (universidade e
escolas técnicas); modelo de atenção à saúde proposto para o município (gestão, política);
educação dos trabalhadores de saúde (educação permanente); acesso à educação formal dos
cidadãos (fundamental, médio e superior); educação de sujeitos-chave em saúde (professores,
ACS, merendeiras, etc.); inserção da educação em saúde em currículos escolares formais
(livros e cartilhas); implantação nas escolas e unidades de saúde de espaços adequados para
algumas atividades em saúde bucal (escovódromos); disponibilização de material (escovas,
creme dental, fio dental) para higiene bucal (em quantidade e qualidade adequado às
necessidades locais); adequação da merenda escolar (dieta balanceada); adequação da
comercialização de produtos cariogênicos nas escolas municipais; inserção de novos técnicos
para desenvolvimento de ações coletivas em saúde bucal (Técnico em Higiene Dental –
THD); divulgação dos índices epidemiológicos para os diferentes sujeitos da comunidade
(informação/ comunicação em saúde); divulgação na mídia escrita, falada e eletrônica de
ações positivas em saúde bucal (criação de audiovisual sobre saúde bucal envolvendo a
comunidade); entre outras ações (BRASIL, Diretrizes da Politica Nacional de Saúde Bucal
2004).
Estamos caminhando para uma nova estrutura de saúde bucal sendo que não o
cirurgião dentista deve estar preparado para fazer não só o diagnóstico das condições bucais,
avaliar os risco das doenças, inclusive com seus comprometimentos sistêmicos, capazes de
entender a prática odontológica como parte de um todo, visando a saúde integral, tanto dos
indivíduos como da coletividade, trabalhando em ESB e multiprofissional, interagindo com a
comunidade educando não só em assuntos relacionados com a saúde bucal, mas também no
processo de saúde-doença. (ARAÚJO, 2000, p. 498).
11
Para que os princípios básicos do SUS como universalização, eqüidade e integralidade
sejam alcançados devemos sempre considerar no planejamento das ações de saúde, e aí
incluída a saúde bucal, os costumes locais, hábitos alimentares, a maneira de como a
comunidade se apropria das informações e de como as utiliza, oferta e distribuição dos
produtos de higiene bucal, acesso a água tratada e fluoretada e as condições de trabalho a que
se expõem as diferentes e grupos sociais. Dependendo de cada realidade, isto é das
características sociais e epidemiológicas de cada população-alvo pode-se combinar várias
ações de saúde. (ARAÚJO, 2000, p. 498).
“Um melhor entendimento das atividades humanas é básico para quase
todo avanço em programa de saúde bucal. Em face à carência da aceitação pública
de um método prático como a fluoretação, ou com a baixa utilização dos serviços de
atenção quando eles tem estado facilmente disponíveis, o dentista algumas vezes
atribui seus fracassos a um fenômeno palpável chamado ‘indiferença pública’ ou
‘ignorância pública’.” (FOUSP, Manual do Aluno,1999 p. 209).
Sem informações consideráveis sobre o paciente, sua família, seus
antecedentes familiares, relações sociais, experiências, percepções, motivos, crenças,
interesses e valores, não é possível formular atividades expressivas e efetivas e
programas de educação em saúde bucal. É essencial que o estímulo selecionado seja
apropriado à ação desejada. Deve ser estabelecido um vínculo entre o educador e o
educando. (ARAÚJO, 2000, p. 501).
A prevalência mundial das doenças bucais é uma lembrança constante da
necessidade quase universal de programas efetivos de educação em saúde bucal. Tanto
em países desenvolvidos quanto nos que estão em desenvolvimento têm-se aumentado
o interesse e ênfase na aproximação educacional na prevenção e controle dos
problemas de saúde. Isso se deve ao reconhecimento de que muitos dos fatores
causadores e perpetuadores da doença e a manutenção e melhoria da saúde são
problemas de comportamento pessoal e de grupo, mais do que exposição ambiental.
(ARAÚJO, 2000, P. 501).
Uma vez que a saúde bucal é uma parte integrante da saúde geral, os
programas de saúde bucal deveriam ser vistos como componentes essenciais para os
programas de saúde globais. Todos os programas de saúde coletiva, não importando
seu grau de simplicidade, deve sempre fornecer alguns meios de satisfazer as
necessidades da saúde bucal. (ARAÚJO, 2000, p. 501).
12
A transmissão de informações tem elevado potencial para produzir alterações
nas condições de produção das doenças e portanto preveni-las. Os fatores
determinantes para uma boa saúde não é só o acesso a bens e serviços próprios da
saúde, mas também as condições gerais de vida. (ARAÚJO, 2000, p. 502).
O processo de educação em saúde não deve ser só em saúde bucal, mas um
processo amplo de integração da comunidade num sistema de transformação através
do conhecimento, fazendo parte da construção da cidadania, resgatando valores,
beneficiando a todos e tornando a saúde bucal uma realidade. (ARAÚJO, 2000, p.
502).
13
3
OBJETIVOS
3.1
OBJETIVO GERAL
Elaborar um protocolo de Educação em Saúde para ser utilizado pela ESB da
ESF Fernando Moutinho I no município de Corumbá.
3.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Fazer com que o paciente entenda os fatores determinantes no processo saúde
doença (por que tenho que aprender isso?).
- Melhorar a auto-estima e autocuidado.
- Reduzir a incidência das doenças bucais na população atendida.
- Ensinar o que é dieta cariogênica e não cariogênica.
- Reconhecer os fatores de risco e agravos à saúde bucal e também geral (fumo,
álcool, drogas, estresse,etc.
- Informar os responsáveis por idosos, hipertensos, diabéticos sobre os
cuidados com a sua saúde bucal e geral
- Desenvolver a competência e habilidades de pais e familiares para que
favoreçam que as crianças desenvolvam hábitos de autocuidado para a prevenção da cárie e
doenças da gengiva.
- Orientar os pais a trazerem seus filhos a partir do aparecimento do primeiro
dente decíduo, para assim reduzirem o medo e ansiedade com relação ao tratamento
odontológico.
- Orientar as gestantes sobre o pré-natal e primeiro ano de vida do bebê
garantindo a saúde bucal do bebê.
- Sensibilizar e orientar os adolescentes para que se engajem em ações de
cuidado com a saúde bucal.
- Ampliar conhecimentos e potencializar habilidades para a prevenção de
perdas dentárias e outras afecções da cavidade bucal (em especial as decorrentes do uso de
próteses).
- Difundir informações e formas de acesso aos serviços de referência para a
realização de tratamento odontológico especializado.
14
4
METODOLOGIA
Este protocolo foi elaborado através de perguntas que serão colocadas e
respondidas pelo próprio profissional elucidando as principais dúvidas dos pacientes sobre o
tratamento odontológico e a sua relação com a sua saúde geral.
15
5
DESENVOLVIMENTO
Este protocolo tem enfoque por ciclos de vida começando pela gestação, passando
para infância, adolescência, depois fases adulta e idosa.
Serão dadas informações acerca das principais características com relação à saúde
bucal e sua relação com a saúde geral, procurando esclarecer as dúvidas mais freqüentes dos
pacientes.
5.1
CICLOS DE VIDA
5.1.1. A Gestante
O estado de saúde bucal apresentado durante a gestação tem intima relação com a
saúde geral da gestante, e pode influenciar diretamente na saúde geral e bucal do bebê.
Durante o período de gestação pode ocorrer uma série de alterações no organismo da gestante
que facilitam o aparecimento de problemas bucais:
- aumento da acidez bucal;
- alterações hormonais e aumento da vascularização gengival;
- náuseas, vômitos aumento na produção de saliva ou sialorréia;
- mudança dos hábitos alimentares;
- diminuição dos cuidados com a higiene bucal;
Principais dúvidas relacionadas com a saúde bucal das gestantes que serão abordadas:
1. A gestante pode apresentar maior risco de perda de dentes?
2. É normal a gengiva sangrar durante a gravidez?
3. A gestante pode receber tratamento odontológico?
4. Existem riscos quanto a utilização de anestésico local?
5. Deve-se evitar radiografias odontológicas durante a gravidez?
6. Existe algum fortificante que assegure uma boa dentição para o bebê?
7. Quando os dentes do bebê começam a se formar?
8. Os alimentos que a gestante ingere afetam os dentes do bebê que vai nascer?
9. O uso de medicamentos durante a gestação pode prejudicar os dentes do bebê?
10. Tomar flúor durante a gravidez beneficia os dentes do bebê?
11. Que cuidados a gestante deverá ter com relação a saúde bucal do bebê?
5.1.2 A Infância
O projeto SB Brasil – Levantamento das condições de saúde bucal do brasileiros
constatou que 27% das crianças de 18 à 36 meses apresentam pelo menos 01 dente cariado.
Nas crianças com a até 05 anos 60% apresentam cárie. E em crianças com até 12 anos o
índice CPOD (cariados, perdidos e obturados) dos dentes permanentes é de 2,8. Diante disso
o inicio do contato precoce com o dentista é imprescindível para um melhor controle da cárie
nessas idades.
16
As dúvidas que serão abordadas são:
1. Por que a amamentação natural é importante para o desenvolvimento da dentição do bebê?
2. Quando deve ser iniciada a limpeza da boca do bebê?
3. Beijar o bebê na boca ou experimentar sua comida pode provocar cárie?
4. Quando vão aparecer os dentes de leite?
5. Por que os dentes do bebê podem cariar?
6. Se os dentes de leite são temporários por que devem ser tratados?
7. Quem deve fazer a higiene da criança?
8. Quais os cuidados alimentares necessários para se prevenir a cárie no bebê e na criança?
9. O que dizer sobre a criança que chupa o dedo?
10. Qual a chupeta ideal?
11. Como fazer exercícios de sucção para favorecer o tônus muscular e o crescimento facial
ordenado?
5.1.3 A Adolescência
A saúde bucal dos adolescentes tem grande importância, pois é nesse período que os
dentes permanentes com maior risco de cárie irrompe na boca. É uma fase caracterizada por
ambigüidades, tensões, conflitos, descobertas e muita intensidade na vivência de diferentes
situações da vida quer sejam elas boas ou ruins. Tudo é urgente e o tempo é a régua para se
medir essa intensa ansiedade. Assim como eles ‘não tem tempo” ou “não consideram algumas
coisas tão importantes” acabam negligenciado os cuidados com a higiene do corpo e
principalmente da boca, já que estes cuidados foram delegados a eles pelos pais. Logo, a cárie
é bem acentuada nesse período. É nessa fase que os cuidados com a saúde bucal e geral
devem ser redobrados pois é aí que se forma o desenvolvimento de um estilo de vida que vai
refletir em sua conduta e comportamentos futuros. Alguns assuntos que se tornam necessários
serem abordados:
1. Além da cárie que outros problemas podem ocorrer na boca?
2. Qual o principal agravo dessa fase?
3. Aumento do risco de trauma, o que fazer se um dente sair inteiro após um tombo?
5.1.4 O Adulto
Na vida adulta os principais problemas bucais são as cáries em volta de restaurações
(cáries recorrentes) e nas raízes dentárias, além das doenças periodontais. Deve ser dada
atenção a identificação precoce de determinadas patologias em especial a diabetes,
hipertensão arterial e o câncer bucal. Os pacientes devem ser orientados na prevenção, busca
do tratamento e controle dos fatores de risco relacionados com estas doenças e a sua relação
com os problemas bucais. Principais assuntos que devem ser abordados:
1. Quais as relações existentes entre doenças bucais, tratamentos odontológicos e problemas
cardíacos?
2. Por que a halitose e outros problemas bucais podem ser um sinal para o diabetes
descontrolado?
17
3. Quais são os fatores de risco para o câncer bucal?
4. Quais são os principais sintomas do câncer bucal?
5.1.5 O Idoso
Cerca de 70% dos idosos necessitam de algum tipo de tratamento odontológico, 25 a
40% percebem isso e 20 a 35% procuram tratamento. Para o atendimento aos pacientes idosos
devemos considerar alguns fatores como: uso de medicamentos contínuos, estado físico e
emocional, insegurança, estilo de vida e o risco do aparecimento de patologias bucais como o
câncer de boca. Assuntos que devem ser tratados:
1. O idoso é um “paciente especial”?
2. Quais são os principais agravos à saúde bucal do idoso?
3. Quais as relações entre saúde bucal e qualidade de vida no idoso?
4. Quais são os cuidados necessários com relação ao uso de próteses?
5. Quanto tempo é necessário para se acostumar com as dentaduras?
18
6
DISCUSSÃO E RESULTADOS
A avaliação da receptividade dos conhecimentos informados pode ser feita por:
- proporção de pacientes atendidos que demonstram ter ampliado seu conhecimento acerca
dos fatores determinantes do processo saúde-doença bucal e dos meios de prevenção.
- proporção de pacientes atendidos que demonstraram ter desenvolvido habilidades
relacionadas ao equilíbrio do meio bucal, reduzindo o risco pessoal de desenvolver cárie e
doença periodontal.
- proporção de pacientes que melhoraram seu quadro clínico.
- proporção de pais que demonstraram saber supervisionar a escovação das crianças.
- proporção de gestantes que demonstraram ter ampliado seu conhecimento e desenvolveram
habilidades relacionadas ao pré-natal e cuidados no primeiro ano de vida do bebê.
- proporção de pacientes atendidos na unidade de saúde de acordo com as suas necessidades
de tratamento de patologias passíveis de prevenção e controle.
- proporção de idosos atendidos com fatores de risco comuns a saúde bucal e geral que
passaram a controlar níveis tensionais e / ou níveis glicêmicos de acordo com as necessidades
apresentadas.
Na ESF Fernando Moutinho I avaliação dos resultados deste projeto será feita em 01
(um) ano após o inicio do mesmo, e será feito pelos seguintes tópicos:
- proporção de pacientes que melhoraram seu quadro clínico.
- proporção de pais que demonstraram saber supervisionar a escovação das crianças.
- proporção de gestantes que demonstraram ter ampliado seu conhecimento e desenvolveram
habilidades relacionadas ao pré-natal e cuidados no primeiro ano de vida do bebê.
- proporção de idosos atendidos com fatores de risco comuns a saúde bucal e geral que
passaram a controlar níveis tensionais e / ou níveis glicêmicos de acordo com as necessidades
apresentadas.
Após a analise dos resultados, estes serão apresentados à Secretaria Municipal de
Saúde onde será proposto que o protocolo seja usado nas demais equipes de saúde da família.
19
7
CONCLUSÃO
Estamos em um período de transformação da história da odontologia com muitas
mudanças na execução e planejamento das ações publicas de saúde bucal, com um aumento
do acesso aos bens e serviços de saúde.
A saúde bucal deve ser pensada de forma total onde há a identificação dos problemas
(diagnóstico situacional), definição dos métodos ou propostas de intervenção e organização da
oferta de serviços sendo que estes podem ser de abordagem individual ou coletiva.
A forma de agir vai depender da situação e realidade da cada comunidade. É certo que
deverá haver uma combinação de tratamento curativo e prevenção com promoção da saúde
para que assim se possa chegar não só a “Saúde para todos no ano 2000”, mas a “Saúde para
todos com Eqüidade”.
20
REFERÊNCIAS
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Saúde Bucal. Curitiba, 2004
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World Health Organization, 1978.
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