Núcleo de Extensão e Especialização Programa de Pós-Graduação em Filosofia SEXTA FILOSÓFICA POR QUE NIETZSCHE? SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 8 de maio de 2015 das 18:30 às 19:30 Todos comunicadores deverão chegar pelo menos 10 minutos antes do início da sessão. Cada comunicador terá 20 minutos para sua exposição. A ordem das comunicações aqui exposta não corresponde à ordem das apresentações no momento da sessão. A discussão será feita somente após a apresentação de todas as comunicações. RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES Pela individuação, pelo conhecimento, alteridade e possibilidade crítico-dialógica Mauro Tarcísio Machado Borges (Mestrando em Educação, UEMG) Resumo: “Sozinho vou agora, meus discípulos! Também vós, ide embora, e sozinhos! Assim quero eu. (...) O homem do conhecimento não precisa somente amar seus 1 inimigos, precisa também odiar seus amigos. Paga-se mal a um mestre, quando se continua sempre a ser apenas o aluno. E por que não quereis arrancar minha coroa de louros? Vós me venerais, mas, e se um dia vossa veneração desmoronar. Guardai-vos que não vos esmague uma estátua! (...) Ainda não vos havíeis procurado: então me encontrastes. Assim fazem todos os crentes, por isso importa tão pouco toda crença. Agora vos mando me perderdes e vos encontrardes; e somente quando me tiverdes todo renegado eu retornarei a vós...”. (Excertos de NIETZSCHE, F. Obras incompletas. São Paulo, Abril, 1974, p.375 [Os Pensadores; 32]). O que Nietzsche almeja é propor reflexão e interiorização permanentes quanto à pluralidade de possibilidades de manifestação do real, mormente aquilo que toca o âmago do sujeito nas suas dimensões antropológica, epistemológica e axiológica. Nesse sentido, para Nietzsche, a procura da verdade deve prevalecer sobre desejos, inclinações e laços de amizade. Buscar um encontro consigo mesmo no sentido da racionalidade filosófica é promover rupturas significativas que possibilitam abertura ao outro, ao mundo e à transcendência. O perspectivismo, a superação, as incursões pela literatura, pela história, pela política, além da filosofia são centrais no pensamento de Nietzsche e fazem de sua contribuição filosófica algo atual e instigante. Que a poética filosófica do referido filósofo nos ajude a pensar mais condignamente como lidar com os valores do mundo contemporâneo, seus constructos e toda a lógica cientificista e tecnológica que atravessa nosso cotidiano. Uma leitura psico-existencial da morte de Deus em Nietzsche Paulo Roberto de Oliveira (Professor do Curso de Direito da UEMG/Diamantina, Mestre em Filosofia/FAJE) Resumo: O problema de Deus é tão antigo quanto a própria filosofia. A resposta negativa sobre Deus é intuída por diversas ciências, sejam elas humanísticas ou naturais. Em Nietzsche encontramos um tema sobre a negatividade de Deus e da religião através de uma expressão que se tornou famosa no pensamento ocidental: “Deus está morto”. Esta sentença que representa o leitmotiv da predicação de Zaratustra, é o tema central da filosofia nietzschiana. Sabemos também que diversos autores contemporâneos desmistificam o fenômeno religioso negando a existência de Deus. Observa-se que os argumentos sobre a não existência do ser divino possui uma estrutura comum, porém, as razões que levam o homem a professar uma religião é divergente entre os pensadores. Contudo, pretendemos mostrar através dessa pesquisa que é possível realizar uma leitura psico-existencial sobre a “morte de Deus” em Nietzsche. Para tanto, iremos analisar o pensamento sobre Deus em Freud e Sartre, o primeiro enquanto fundador da psicanálise empírica e o segundo como fundador da psicanálise existencial. Essa metodologia se justifica na medida em que a “morte de Deus” perpassa a existência humana em sua atividade frente ao mundo de forma consciente e também inconsciente. Percebe-se que em Nietzsche a fundamentação da “morte de Deus” está interligada com tema do Niilismo, bem como na temática do Übermensch. Nessa problemática encontramos a moralidade, pois a religião é uma engenhosa construção humana que delimita o bom e mau, sendo que o mau é aquele que não adere aos preceitos da religião e o bom (o pobre) tem consciência da bondade divina e de sua misericórdia para com o povo. Para Freud a ideia de Deus decorre das relações afetivas mal sucedidas. Segundo ele existe uma “ilusão religiosa” sobre um Deus que alivia as dores e as dificuldades da humanidade. Em Sartre o tema sobre negatividade teológica está no bojo da existência, isto é, Deus está para além da 2 contingência humana e suas manifestações: tédio, angústia e náusea. Por fim, nossa pretensão é articular a ideia sobre a “morte de Deus” em Nietzsche a partir de uma leitura psico-existencial da obra: “Assim falou Zaratustra”. Essa obra revela diversas questões existenciais que estão no nível da psique humana, como, por exemplo, o tema do sentido da existência. Essa temática é fundamental na elaboração dessa pesquisa. Niilismo e a décadence do Ocidente em Nietzsche Bruno Vignoli (Mestrando em Ciências da Religião, PUC Minas, bolsista CAPES) Resumo: No pensamento de Nietzsche ainda que o niilismo não seja entendido como a causa da décadence e sim como sua sustentação e sua lógica (cf. Fragmentos póstumos, KSA, 14[86]), o tipo de homem niilista negador da vida que triunfou contamina o Ocidente com suas enfermidades, contribuindo para a manutenção da décadence enquanto movimento da interpretação moral que enfraquece e adoece o homem em geral. Ao analisarmos principalmente os escritos póstumos da primavera de 1888, podemos verificar que, em Nietzsche, a décadence do ocidente não é apenas um fato isolado em determinado período histórico, mas sim um processo que se dá ao longo do tempo. A ascensão dos valores metafísicos que colocam em xeque o valor da vida é, para Nietzsche, representada por uma filosofia que enxerga nessa valoração um declínio. Neste sentido, Sócrates e Platão são entendidos pelo filósofo alemão como décadents. São fisiologicamente contrários à vida na medida em que seus juízos são falsos, podendo apenas ser tomados como sintomas de declínio (cf. GD/CI, O Problema de Sócrates, § 2). No cristianismo se identifica também uma noção de decadência. O cristianismo é maléfico por propagar a culpa e o ressentimento e ainda por seu altruísmo estabelecer a proteção e conservação dos débeis e dos fracos (Cf. Fragmentos póstumos, KSA, 14[5]). Na modernidade, a desvalorização dos valores metafísicos e cristãos que se faziam predominantes também é compreendida como décadence. Além dos malefícios morais, Nietzsche percebe em seu tempo uma relação entre a moral e o declínio cultural que tem Richard Wagner como expressão da decadência (cf. WA/CW, prólogo). Desse modo, nosso interesse nessa comunicação é de descrever dois momentos em que Nietzsche percebeu a décadence do Ocidente como doença moral. O primeiro na ascensão dos valores metafísicos e religiosos e o segundo na desvalorização desses valores no momento da “morte de deus”, possibilitando uma articulação com o diagnóstico do niilismo em dois vieses, o niilismo negativo e o niilismo reativo. 3