Escola Estadual “Pedro Mestre” Decreto nº 5302 de 16/07/ 1957 Resolução nº 9.314,de 16/12/1998 R. Presidente Antonio Carlos, 432 – Telefax (35) 3225 1364 CEP 37 225.000 Carmo da Cachoeira - MG PROJETO “O PRAZER DE LER E ESCREVER COM DONA GRAMÁTICA E O SENHOR PORTUGUÊS” Professora Maria José Avelar Dominguito – Língua Portuguesa e Inglesa JUSTIFICATIVA Muito se tem questionado a respeito do ensino de gramática nas aulas de língua portuguesa e em como ela deve ou não ser ensinada. Diante de uma nova metodologia proposta pela educação, o qual baseiam-se em estudos e pesquisas relacionadas ao fracasso de não se trabalhar a gramática contextualizada, os professores estão cada um a sua maneira, inovando e criando estratégias de ensino para esse processo de aprendizagem. Em vista disso, surge também outro questionamento, em relação ao ensino de língua portuguesa nas escolas, pois ao educador compete o ensino da gramática normativa para o cumprimento dos Parâmetros Curriculares Nacionais, CBC (Currículo/MG), os quais servem de referência para o trabalho de todas as disciplinas nos três níveis para a formação escolar dos discentes (Formação continuada). Observa-se uma grande dificuldade em relação à aprendizagem, por parte desses, de acordo com a norma culta imposta devido à cultura dos estudantes que, muitas vezes, é incompatível levando os mesmos a concluírem a vida escolar sem saberem ler e escrever adequadamente. O projeto História e Gramática propõe alternativas lúdicas para ensinar e minimizar as barreiras existentes entre o educando e a gramática, em Língua Portuguesa, nos anos finais do ensino fundamental, no tópico, Classes Gramaticais. Consciente dessa realidade, o professor de língua portuguesa, poderá fazer uso de novos recursos didáticos, a fim de garantir um ensino eficaz que leve o aluno a ter verdadeiramente uma aprendizagem significativa. Em relação à linguagem oral do aluno Bagno (2000) afirma que: É importante enfatizar que a assimilação crítica dos estudos linguísticos e a necessidade de se estabelecer um maior contato do professor com a língua materna é a proposta da linguística: valorizar a língua falada pelo aluno. Considerando que a gramática não deve ser tida como uma verdade única, absoluta e acabada antes, porém seus conceitos devem ser relativizados, para que alcance o educando do século XXI. A gramática deve conter uma boa quantidade de atividades de pesquisa, que possibilitem ao aluno a produção de seu próprio conhecimento linguístico, como uma arma eficaz contra a reprodução irrefletida e acrítica da doutrina gramatical normativa (BAGNO, p.87, 2000). Através desse conceito, é possível perceber que a gramática em si não justifica seu papel de única fonte para o ensino da língua nas escolas, tanto do ponto de vista teórico quanto do prático, bem como o código normativo da linguagem, tomado no geral. Muitos gramáticos levam ao estágio da angústia os professores e os alunos, para o estudo gramatical, em virtude das divergências entre os mesmos. Então o professor deve deixar de lado o comodismo e a repetição da doutrina gramatical e ser mais dinâmico ministrando o conteúdo de forma reflexiva em atividades contextualizadas, interdisciplinares, individuais ou coletivas de forma que o aluno passe a conhecer as variedades da língua e aplique-as na produção oral e escrita. É importante ressaltar que o ensino de gramática, não deve ocorrer apenas para proteger ou conservar a composição da língua, mas para auxiliar o usuário e falante no conhecimento de sua própria língua materna, possibilitando-lhe as características essenciais que pertencem à sua cultura. Deve ser também, um ensino harmonioso na relação entre o ensino da gramática normativa e a contextualizada, sem descartar as nomenclaturas, terminologias e regras, as quais são fundamentais para o desenvolvimento social e cultural dos alunos. Ao perceber que uma parcela significativa dos alunos da E. E. Pedro Mestre apresentavam certa desmotivação em seu processo de ensino-aprendizagem quanto ao uso da gramática a opção foi a de fazer uso de uma estratégia pedagógica. A referida estratégia tem uma aplicabilidade criativa e lúdica que busca introduzir, trabalhar e consolidar as 10 (dez) classes de palavras. A partir do desenvolvimento das atividades relacionadas ao projeto foi possível perceber que os alunos demonstraram interesse resultando numa mudança de comportamento em relação ao estudo da gramática, bem como o avanço em seu processo de aprendizagem. Os passos da aplicação do projeto possuem uma estrutura com base na contação de histórias – estratégia apreciada pelos alunos – usando as classes de palavras como personagens de uma história que tem como referência dois personagens principais: O Senhor Português (o pai) e a Dona Gramática (a mãe). Os filhos, portanto, são: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Preposição, Conjunção, Interjeição e Advérbio. O caráter lúdico das atividades tem possibilitado um domínio cada vez maior dos alunos em relação à produção e interpretação textuais. O presente projeto justifica-se pela necessidade em divulgar uma postura pedagógica de que ensino de gramática não deve ser restringido apenas a regras, e, para que isso não ocorra dessa forma, o professor deve deixar o comodismo e a timidez de lado e ser mais dinâmico e criativo ministrando o conteúdo de forma reflexiva, com atividades contextualizadas, interdisciplinares, individuais e/ou coletivas, de maneira que o aluno se sinta à vontade para questionar e expor suas opiniões acerca do que está sendo ministrado, e dessa forma, tirando todas as suas conclusões, adquirindo as habilidades inseridas no Currículo, quanto as 10 classes de palavras, objeto do presente projeto. Os alunos de 6° ano, após serem investigados e observados pelo professor regente de Língua Portuguesa, demonstraram um interesse muito grande por histórias contadas reais e fantásticas. Tornou-se hábito, uma vez por semana, a contação de histórias. Posteriormente, todas as atividades alusivas à atividade, tornaram-se agradáveis e de fáceis desenvolturas na sua elaboração. Ortografia, produção, compreensão textual e leitura tornaram-se propostas bem aceitas pelos educandos. Houve desenvoltura e pouca resistência na confecção dos mesmos. A gramática era vista durante as aulas com certo desprezo, apesar de inúmeras tentativas em apresentá-la mesmo de forma contextualizada. Em relação a sua aplicabilidade Soares (1988) afirma que: “[...] se faz sim necessário o ensino de gramática, justo para munir os alunos de um instrumento de luta para inserir-se de modo mais efetivo e eficaz na sociedade: o uso da linguagem adequado às mais diversas situações comunicativas em que eles estiverem inseridos, que vão além das situações escolares e se estendem para quaisquer situações de sua vivência no meio social. (SOARES, 1988) . De acordo com o autor, esse universo não deve permanecer na base de regras por regras, com base em frases soltas, e sim, deve ser um ensino mais objetivo e aprofundado, de maneira que o aluno tenha gosto e prazer em estudar a gramática para se expressar, comunicar, falar e escrever bem, de maneira que facilite o seu desenvolvimento intelectual e linguístico, cabendo à escola preparar o educando para a sociedade, seja ela familiar ou não. A importância da gramática na escola é percebida através da escrita, da fala, e da leitura, até porque estamos inseridos em uma sociedade contemporânea, na qual a aprendizagem é essencial para se ingressar no mercado de trabalho por meio de concursos públicos que exigem dos concorrentes um conhecimento contextualizado de gramática, dependendo dessa forma, das regras da gramática normativa. As provas são elaboradas baseadas nos currículos escolares com propostas pedagógicas, onde a gramática normativa está inserida. Neste caso o aluno deve conhecer a estrutura, os usos e o funcionamento da língua portuguesa em seus níveis fonológicos, morfológicos, lexicais e semânticos, que é onde o professor deve enfatizar aos alunos tais informações com bastante precisão, segurança e determinação. De forma espontânea e despojada, as classes de palavras tornam-se personagens de pequenas histórias contadas para os alunos. Os personagens principais são Senhor Português que casa-se com Dona Gramática e da união tiveram 11 filhos: Substantivo, Artigos (Gêmeos) sendo uma menina e um menino, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Preposição, Conjunção, Interjeição, Advérbio. Uma história é contada para cada classe gramatical, usando ora, teatro de fantoche, ora dramatização teatral. Os personagens tomam vida no cenário escolar e os alunos passam a entender o papel de cada nome e sua função. Após cada apresentação, os alunos são estimulados a desenvolver interpretação e produção textuais, atividades ortográficas e gramaticais de acordo com o objeto de estudo e das leituras sugeridas. As dez classes são divididas de acordo com a complexidade das turmas. Durante a vigência do projeto apresentado, quatro (04) delas foram desenvolvidas: Substantivo, Artigo, Adjetivo e Numeral. Em 2015, o mesmo trabalho terá sequência, até que se consolide no 8º ano todas as classes gramaticais. Assim, o 9° ano usufruirá das facilidades da absorção dos conteúdos necessários a sua conclusão. OBJETIVO GERAL Fazer uso de estratégias diferenciadas e lúdicas que promovam aprendizagens significativas da gramática normativa nas séries finais do Ensino Fundamental, com ênfase no 6º ano e consequentemente possibilitar espaços prazerosos de leitura. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Fazer uso de histórias envolvendo 13 (treze) personagens que vivem os papéis das classes gramaticais; Compreender a função das classes gramaticais no texto de forma prazerosa; Possibilitar o desenvolvimento de uma escrita mais próxima da norma culta da língua materna; Colaborar para que os alunos possam ser capazes de reconhecer e fazer uso das classes gramaticais no universo da linguagem oral e escrita. AVALIAÇÃO O Projeto tem possibilitado aos alunos uma aprendizagem mais significativa e prazerosa na medida em que eles vêm realizando atividades articuladas à compreensão, interpretação e produção de textos. Houve uma significativa mudança na postura das turmas em relação à aprendizagem, explicitadas na forma como as atividades são feitas, e nos registros e no aproveitamento. Como o projeto tem como foco a contação de história envolvendo a fantasia, desencadeou prazer na leitura, além da gramática contextualizada. Os registros são realizados no caderno e estes são avaliados cotidianamente e também quando um novo personagem passa a fazer parte da família gramatical. REFERÊNCIAS BAGNO, Marcos. Dramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Ed. Loyola, 2000. SOARES, Magda. Linguagem e Escola: uma perspectiva social. 5. ed. São Paulo: Ática, 1988.