Rússia implanta base militar nas ilhas de Nova Sibéria

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Rússia implanta base militar
nas ilhas de Nova Sibéria
A presença militar russa no Ártico, bem como a
construção desta base, é carregada de um significado
geoestratégico profundo Foto: ITAR-TASS
Ação é resposta da Rússia às crescentes ameaças à “segurança
nacional” e também representa defesa aos interesses econômicos
do país na região.
No início de setembro, na ilha de Wrangel, localizada no mar
de Chukchi, a Rússia deu início à construção de uma base
militar batizada de Estrela Polar. Oficiais e funcionários
viverão e trabalharão no campo militar que tem por objetivo a
defesa e controle da área localizada na chamada Rota do Mar do
Norte, precisamente no cruzamento dos hemisférios oriental e
ocidental. Está planejada também a construção de uma pequena
cidade de apoio na ilha de Kotelni, localizada a oeste das
ilhas de Nova Sibéria.
A Rússia enviou à região uma frota de navios de transporte com
todos os materiais e ferramentas necessários à construção da
cidade e da base que será equipada com pista de pouso.
A flotilha foi composta das seguintes embarcações: o navio
antisubmarino Admiral Lévtchenko, o navio anfíbio de
desembarque Gueórgi Pobedonosets, o navio-tanque Serguêi
Óssipov, o navio de resgate Pamir e o rebocador de alto-mar
Aleksandr Púshkin, provenientes do Mar Báltico. Em
determinados trechos da rota, principalmente onde o gelo era
mais espesso, a frota foi acompanhada por navios quebra-gelo
da companhia russa Rosatom.
“O principal objetivo desta força-tarefa, destacada a partir
da frota do Mar Báltico, é transportar para as ilhas de Nova
Sibéria pessoal, equipamentos e víveres. A partir deste ano,
esta missão será permanente”, declarou o almirante Vladímir
Koroliov, comandante da Frota do Norte.
A presença militar russa no Ártico, bem como a construção
desta base, é carregada de um significado geoestratégico
profundo.
Início da batalha do Ártico
Em dezembro do ano passado, o vice-primeiro-ministro russo,
Dmítri Rogôzin, afirmou que logo uma “grave batalha pelo
Ártico” se desenrolaria no “âmbito virtual”, apesar da
“seriedade dos envolvidos”. O status jurídico internacional do
território ártico, rico em recursos naturais, ainda não está
definido. Influenciam na determinação os Estados Unidos,
Canadá, Rússia, Dinamarca, Islândia e Noruega, países cujos
litorais são banhados pelos mares do oceano Ártico.
Na disputa jurídica também participam países que não possuem
fronteiras com a região, tais como Finlândia, China, Japão,
Coreia do Sul, Índia e até mesmo Brasil. Neste cenário, a
Rússia tem mais interesse em defender seus interesses na
região, principalmente por possuir uma Zona Econômica
Exclusiva, de largura de 200 km a partir de sua costa. Até
recentemente não havia tropas russas na região.
O contínuo aquecimento global, através do degelo ártico, tem
tornado economicamente viável a exploração da Rota do Mar do
Norte, principalmente na ligação do oceano Pacífico com os
portos europeus, encurtando as viagens por rotas tradicionais
do oceano Índico e do canal de Suez em duas semanas. As novas
descobertas de jazidas de hidrocarbonetos também reacendeu o
interesse das diversas potências pela região.
Em discurso no Fórum da Juventude Seliger, o presidente russo,
Vladímir Pútin, afirmou que a Rússia reativará sua
infraestrutura militar e de defesa civil no Ártico não com o
objetivo de confrontar ou ameaçar alguém, mas para garantir a
segurança da rota marítima do norte, que tem se tornado
intensa.
Segurança nacional
A questão do Ártico é ainda analisada por um outro aspecto
estratégico-militar, sobretudo agora, quando as relações dos
Estados Unidos e Otan com a Rússia estão degradadas. Para a
Rússia, a questão é de extrema relevância, uma vez que
Washington aumentou o número de bases militares e alocou seus
mísseis perto das fronteiras do país, e seus navios de guerra
aparecem regularmente nos mares Báltico e Negro. A Rússia tem
receio de que logo os Estados Unidos e a Otan se estabeleçam
no Ártico, ameaçando o complexo de mísseis estratégicos
implantados nos Urais e na Sibéria.
O Canadá, por exemplo, já realiza voos regulares com seus
drones sobre regiões polares adjacentes à zona russa e cresce
o número de exercício militares com países estrangeiros. As
nações árticas estão todas, sem exceção, em processo de
modernização profunda de suas forças armadas, levando em
consideração o novo teatro de operações do Ártico.
A Rússia, em resposta a estes movimentos, construiu os
aeródromos da ilha de Wrangel e de Franz Josef, bem como
reformou as pistas abandonadas de Tiksi, Vorkuta, Anadir e
Cabo Schmidt.
Enquanto veste o Ártico com sua “camuflagem”, a Rússia
declarou que a calota polar ártica é uma “zona de paz” e
convidou os outros Estados limítrofes à cooperação mútua
durante a utilização de seus recursos. No entanto, o país faz
questão de enfatizar seus direitos à posse desta região do
planeta.
FONTE: Gazeta Russa
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