Jemima Cassimiro Albuquerque Leite

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Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Letras
Trabalho de Conclusão de Curso
VERBOS DENOMINAIS NA ÁREA DA INFORMÁTICA NO
PORTUGUÊS DO BRASIL
Autora: Jemima Cassimiro Albuquerque Leite
Orientadora: Prof. MSc. Déborah Christina de
Mendonça Oliveira
Brasília - DF
2011
JEMIMA CASSIMIRO ALBUQUERQUE LEITE
VERBOS DENOMINAIS NA ÁREA DA INFORMÁTICA
NO PORTUGUÊS DO BRASIL
Monografia apresentada ao curso de
graduação em Letras da Universidade
Católica de Brasília, como requisito
parcial para obtenção do Título de
Licenciada em Letras/Português e suas
respectivas literaturas.
Orientadora: Prof. MSc. Déborah
Christina de Mendonça Oliveira
Brasília - DF
2011
Monografia de autoria de Jemima Cassimiro Albuquerque Leite, intitulada
VERBOS DENOMINAIS NA ÁREA DA INFORMÁTICA NO PORTUGUÊS DO
BRASIL, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada em
Letras da Universidade Católica de Brasília, em onze de maio de 2011, defendida e
aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:
Prof. MSc. Déborah Christina de Mendonça Oliveira
(Orientadora)
Letras - UCB
Prof. MSc. Vera Lúcia Cordeiro da Conceição
(Membro da Banca)
Letras - UCB
Prof. MSc. Layane Rodrigues de Lima
(Membro da Banca)
Letras - UCB
Brasília - DF
2011
Dedico este trabalho aos meus pais,
Francisco e Maria e ao meu marido
André.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus por ter me sustentado e me dado forças até
aqui. A minha família, Francisco (pai), Maria (mãe) Elias e Elizeu (irmãos) e André
(marido) sou grata pela motivação que me deram. Agradeço a minha mãe que sempre
me apoiou e me incentivou a continuar e por seu amor imensurável e incondicional que
tem por mim.
Sou grata à professora orientadora deste trabalho, Déborah Christina que sempre
me compreendeu e me incentivou, pelo empréstimo de material bibliográfico e por suas
ricas sugestões dadas ao longo desta pesquisa.
Às professoras Vera Lúcia, Deise Ferrarini e Layane Rodrigues pelo apoio e
atenção que sempre tiveram comigo durante esta graduação.
Por fim, agradeço aos meus amigos de graduação: Cíntia Bernadelle, Renata
Passos, Frederico Nobre, Carla Azevedo, Maria Lúcia e Carolina Sávia, pela amizade,
incentivo e alegria que sempre me proporcionaram.
“Não me corrija. A pontuação é a
respiração da frase, e minha frase
respira assim. E se você me achar
esquisita, respeite também. Até eu fui
obrigada a me respeitar”.
Clarice Lispector
RESUMO
O foco do presente trabalho é a análise dos verbos denominais na área da
informática no português do Brasil, tais como: blogar, orkutar e downlodar. O estudo
dessas construções foi realizado com base na terminologia especializada, uma vez que
se observou que o nível da produtividade e o uso desses verbos eram constantes. Os
pressupostos teóricos desta pesquisa estão pautados nos estudos da morfologia, que
estuda a estrutura da palavra. Uma vez que analisa os processos para essa realização, a
morfologia permite o estudo dos aspectos que constituem o porquê de se formarem
novas palavras e as regras necessárias para tais formações. Além disso, nota-se que a
partir do momento que surgem novas necessidades na língua, novos vocábulos são
criados, com a finalidade de suprirem essa necessidade, principalmente, na área
tecnológica em que novas terminologias são criadas a todo o momento; por isso, muitas
palavras estrangeiras são aportuguesadas e incorporadas à língua. Assim, verificaremos
como se deu a formação dos verbos criados a partir de substantivos da área da
informática, ou seja, dos verbos denominais.
Palavras-chave: Formação de palavras. Informática. Morfologia. Verbos denominais.
ABSTRACT
The focus of this paper is the analysis of denominal verbs, linked to computer
area on Brazilian Portuguese, such as: blogar, orkutar and downlodar. The study of
these constructs was based on specialized terminology, since it was observed that the
level of productivity and use of these verbs were constant. The basis for effective
theoretical assumptions of this research is morphology, which studies the words’
structure. Since analyzes the processes for achieving this, the morphology allows the
study of aspects including why to form new words and rules necessary for such
formations. Also, it is observed that from the moment that new needs arise in the
language, new words are created, in order to meet this need, especially in the
technological area in which new terms are created all the time; that is why many foreign
words are incorporated to the language. Thus, we will observe how verbal constructions
are created from nouns on informatics area, the denominal verbs.
Keywords: Denominal verbs. Informatics. Morphology. Word formation.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
9
CAPÍTULO 1 – PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
12
1.1 Morfologia
12
1.2 Morfologia flexional
13
1.2.1 Flexão nominal
14
1.2.2 Flexão verbal
15
1.3 Morfologia derivacional
1.3.1 Derivação sufixal
17
17
1.4 A formação de novas palavras
19
1.5 Regras de Formação de Palavras (RFP’s)
21
1.6 Produtividade lexical
22
1.7 Empréstimos
23
1.8 Neologismos
24
CAPÍTULO 2 - VERBOS DENOMINAIS
25
2.1 Verbos denominais e sua formação
25
2. 2 Caracterizando os verbos denominais
26
2.3 A significação dos verbos denominais
27
CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DOS VERBOS DENOMINAIS NO CAMPO
DA INFORMÁTICA
3.1 A influência da informática na criação de novas palavras
29
3.2 Verbos denominais na área da informática
29
3.3 Análise dos verbos denominais catalogados
30
CONSIDERAÇÕES FINAIS
34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
36
ANEXOS
38
29
9
INTRODUÇÃO
A presente monografia tem como objeto de pesquisa os novos verbos
denominais no português do Brasil, decorrentes de termos da informática. A informática
está sempre inovando e revolucionando nossas vidas e o que está sendo visto neste
estudo é a facilidade com que os verbos dessa área estão sendo incorporados na língua
portuguesa. A pesquisa irá analisar as construções dos novos verbos da informática, tais
como: backupear e downloadar, entre outros, cuja significação era garantida pelo uso
do nome (backup) em uma construção com verbo suporte, como em: “Vou fazer um
backup”, mas que agora assumem a forma de verbos lexicalizados.
O campo da informática sempre está em transformação e em formação, por isso
é que proporciona a criação constante de novos termos. Esses que, muitas vezes, nem
são percebidos pelas pessoas que os usam, pois a maioria delas já considera as
terminologias como parte integrante da língua.
Isso se dá pelo avanço contínuo da tecnologia, pois o que era novo ontem passa
a ser velho hoje. Todos os dias surgem mudanças e com elas vem a necessidade da
criação de novas palavras. No caso da informática, a grande maioria dos termos é de
origem estrangeira, particularmente, de origem inglesa, e que passam a ser incluídos no
vocabulário da língua.
O mais interessante é a rapidez com que tudo acontece a nossa volta. Com os
nomes específicos da informática não foi diferente; foram evoluindo porque os usuários
dessas palavras foram transformando-as até que chegassem à forma de verbos
lexicalizados.
Este trabalho tem por objetivo mostrar como são formadas e como surgem novas
palavras, definir o que são verbos denominais e analisar sua estrutura e o processo de
construção no campo da informática. Para tanto, veremos qual o lugar desses verbos
dentro da morfologia.
Estudar a estrutura da palavra não é tarefa fácil, visto que há muito a ser
descoberto nesse ramo. Conforme destacado em Chomsky (1970), a morfologia
derivacional passou a integrar o léxico, pois até então fazia parte da sintaxe, com isso,
tornou-se possível perceber que a estrutura das palavras é diferente da estrutura das
10
sentenças. Dessa maneira, nota-se que o léxico é que permite a formação de palavras e
não a sintaxe1.
De acordo com Camara Jr. (1970), a morfologia divide-se em flexional, que não
permite que se criem novas palavras por meio de primitivos e em derivacional, que
permite a criação de novos lexemas. Novas palavras são criadas, em geral, quando surge
a necessidade de nomear objetos e eventos, isso acontece pela dinamicidade da língua
porque está em constante renovação. Basilio (1987) destaca que a formação de novas
palavras é atribuída a três funções centrais: a função de mudança categorial, a função
expressiva de avaliação e a função de rotulação, as quais serão detalhadas mais adiante.
Nesse sentido, muitas vezes, a língua sofre influência de outras línguas e acaba
integrando palavras estrangeiras ao vocabulário, conforme apontado por Ilari (2003). E
são estrangeiros os verbos com os quais iremos trabalhar no decorrer da pesquisa.
Assim, os verbos a serem estudados na pesquisa presente são chamados de
verbos denominais (dorovante VD’s). O verbo faz parte de uma classe aberta, conforme
destacado por Bassani (2009), o que permite a formação de novos verbos nas línguas.
No que se refere aos VD’S na área da informática, esses surgem a partir de um
substantivo e têm sua terminação, em geral, segundo a primeira conjugação, ou seja,
com a desinência em –ar, que caracteriza uma ação definida ou em –ear como outra
opção para a estrutura -ar. Nisto, os VD’s permanecerão com o sentido que o
substantivo formador possui.
Para o embasamento teórico da pesquisa foram utilizados livros, dissertações de
mestrado, resenhas e um Dicionário de Informática online, intitulado DicWeb2. Os
verbos foram pesquisados no site de buscas Google, escrevia-se a forma verbal com a
terminação em –ar e –ear e verificava-se se existia algo contextualizado.
A monografia está estruturada em três capítulos. No capítulo 1, serão
apresentados os pressupostos teóricos, que embasarão o trabalho: a Morfologia. Nesse
capítulo, abordamos a morfologia flexional, a morfologia derivacional, a derivação
1
Este trabalho não adota o modelo da Morfologia Distribuída como modelo de análise dos fatos em
estudo. A Morfologia Distribuída postula a formação de palavras dentro do próprio componente sintático,
argumentando em favor da formação dos itens lexicais a partir de raízes não marcadas quanto à categoria
gramatical.
2
O Dicionário DicWeb está disponível em: http://www.dicweb.com/index.htm#.
11
sufixal, a formação de novas palavras, as Regras de Formação de Palavras, a
produtividade lexical e os neologismos. Dessa maneira, será apresentado um breve
histórico dos estudos da Morfologia a partir dos estudos de Chomsky (1970) e Mateus
et al (1989); além disso será discutido o processo de formação de palavras que será
embasado nos estudos de Rocha (1999) e Basílio (1980, 1987 e 2004). Já a questão dos
neologismos será caracterizada de acordo com Coutinho (1976).
No capítulo 2, apresentaremos a definição do que são verbos denominais, sua
formação e caracterização, segundo Bassani (2009), e a influência da informática na
criação de novas palavras.
O capítulo 3 analisará os verbos denominais no campo da informática,
discutindo sua formação e o processo de construção neles instituído.
12
CAPÍTULO 1 – PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Neste capítulo apresentaremos os pressupostos teóricos desta monografia, que
terão sua base na morfologia. Na seção 1.1 a morfologia será abordada em uma visão
geral, na seção 1.2 continuaremos a falar da morfologia, porém estabelecendo conceitos
da morfologia flexional, na seção 1.3 falaremos da morfologia derivacional, na seção
1.4 teremos a explicação de como são formadas novas palavras e é por isso que na seção
1.5 estudaremos as regras necessárias para tais formações. A produtividade lexical
aparece logo em seguida, na seção 1.6, sendo que, por meio, dela descobrimos se uma
nova palavra é produtiva, ou seja, aceita, falada, ou não. Já as duas últimas seções
explicam palavras estrangeiras que são incluídas em nosso vocabulário, por isso as
denominações empréstimos, na seção 1.7 e neologismos na seção 1.8.
1.1 MORFOLOGIA
O temo morfologia vem do grego morphê (forma) e logos (estudo, tratado), ou
seja, é o estudo das formas, das estruturas das palavras. Em Rosa (2002), encontram-se
dois sentidos para o termo forma. O primeiro significado é plano de expressão e depois
plano de conteúdo. Assim, passam a existir dois contextos para a realização: unidades
com significados formados pelos sons; e palavras que têm suas próprias regras, que são
de unidades maiores. Por isso, os conceitos de palavra e morfema receberam
explicações diferentes. O morfema ficou sendo a unidade básica da morfologia, já a
palavra é a estrutura composta refletida em outras palavras que ainda estão em
formação.
Antes do século XIX a morfologia não era vista diferente da gramática. Apenas
no século XX, estruturalistas americanos observaram que a palavra possui estrutura
interna e que era analisável em morfemas, os quais são unidades mínimas da palavra.
Por isso o léxico constitui-se de morfemas.
Chomsky (1970) apresenta uma nova teoria no âmbito da sintaxe, segundo a
qual a morfologia derivacional foi retirada da sintaxe e encaixada no léxico. Chomsky
também sugere que a formação de deverbais deva receber tratamento morfológico e não
13
sintático. Com isso, a estrutura da palavra é diferente da estrutura das sentenças em suas
propriedades básicas. Assim, o léxico é considerado produtivo, pois podem ser
formados itens novos, com funções diferentes, por meio de prefixos e sufixos.
Desse modo, pode-se dizer que morfema é um signo mínimo e a morfologia
busca entendê-lo, avaliá-lo e observar suas combinações, dessa forma, surgem as
palavras, porém as combinações são feitas de maneira hierárquica.
A morfologia se ocupa da organização interna das palavras e da formação de
novos itens lexicais, Anderson (1982, apud Rocha, 1999). Dessa maneira, a morfologia
divide-se em flexional e derivacional. Os morfemas derivacionais são irregulares e
assistemáticos, não possuem concordância, pois são exigidos de acordo com o
parâmetro da frase, porém, além disso, pode ser ou não usado. Isso dependerá do
falante.
Pode-se encontrar em Camara Jr. (1970) a divisão entre uma morfologia
flexional e uma morfologia derivacional ou lexical. A flexional não permite a criação de
novas palavras a partir de primitivos. O que acontece é apenas a inclusão de um sufixo
flexional ou uma desinência que é colocada no radical a fim de promover uma
adequação sintática.
Já a derivacional permite a criação de novas palavras na língua. Apenas é
acrescida a junção de um afixo derivacional a um radical que já exista, mas também
pode ser pela subtração de um afixo quando ocorre a derivação regressiva.
É a partir da divisão entre morfologia derivacional e flexional que surge a
separação nos processos de formação no léxico e na sintaxe. Sendo a derivação
pertencente ao campo do léxico e a flexão ao campo da sintaxe. Apresentaremos essas
diferenças nas seções seguintes.
1.2 MORFOLOGIA FLEXIONAL
Quando falamos em morfologia e no processo de formação das palavras, temos
que destacar dois conceitos básicos para que possamos entender esse processo. Assim,
destacaremos a morfologia flexional, essa não será aprofundada, pois o nosso foco do
estudo será a morfologia derivacional.
14
1.2.1 Flexão nominal
A morfologia flexional possui algumas características em sua formação, como a
de que os morfemas têm que ser regulares e sistemáticos. Passando a concordância a ser
exigida na formação de frases e os morfemas a serem usados não dependerá da vontade
do falante.
Os substantivos e os adjetivos são inclusos na morfologia flexional, desse modo
temos a flexão de número, distribuído em duas classes singular e plural, o singular é
apenas um elemento e o plural, dois ou mais elementos. Exemplo: a caneta/ as canetas.
Quando falamos dos adjetivos, é importante ressaltar que são flexionados em
concordância com os nomes.
De acordo com Mateus et al (1989, p. 367) “ [...] os nomes são obrigatoriamente
integrados num dos dois grupos - masculino e feminino - por que se distribui a
categoria gramatical do gênero”.
Em relação à concordância, a própria frase é quem irá dizer o que será
concordado. Na flexão nominal, o número do substantivo irá concordar conforme a
estrutura da frase. Rocha (1999, p. 200) afirma que:
A natureza da frase pode exigir, sim, que um adjetivo, um pronome ou um
artigo sejam usados no singular ou no plural com a finalidade de concordar
com um substantivo. Nesse caso, pode-se falar que a concordância “é
imposta pela própria natureza da frase”, mas tal não se dá, como vimos, com
o substantivo.
O plural de todas as formas no português será marcado com S seguindo as
devidas flexões, então, acrescenta-se S em formas terminadas em vogal ou semivogal
sendo ou não nasal, tal como nos exemplos: casa/casas, lã/lãs. Nas formas terminadas
em r, s e z acrescenta-se ES, como em: computadores, holandeses e capazes. Já as
formas terminadas em l, o plural é feito com is: animais e anéis. Nas formas terminadas
em ão o plural se alterna em ãos, ães e ões, pela supressão de um n intervocálico: mãos,
pães e corações.
A marca do gênero é determinada por um especificador (o/a), por distinção entre
sexos, podendo ou não vir com morfemas de gênero na unidade lexical, como em: o
professor/ a professora, o fantasma, pai/ mãe, boi/ vaca. Entretanto, algumas formas
vêm com os morfemas de gênero já identificado em sua unidade lexical, como por
exemplo: menino/ menina, duque/ duquesa.
15
1.2.2 Flexão verbal
Os verbos em português têm a seguinte estrutura: o RADICAL (RAD), VOGAL
TEMÁTICA (VT) e os morfemas de TEMPO e PESSOA (TP). Dessa forma, o RAD e a
VT dão origem ao TEMA. A conjugação do verbo é definida pela VT, podendo ser: aprimeira (amar); e- segunda (correr) e i- terceira (partir). A conjugação é feita na forma
do infinitivo, mas sempre com a VT presente. Segundo Mateus et al (1989, p. 371), “
[...] os verbos irregulares do Português pertencem à segunda e à terceira conjugações.
Estas duas conjugações não são produtivas, os verbos que se formam actualmente
integram-se na primeira conjugação”.
Dessa forma, a língua recorre à primeira conjugação para a criação de novos
verbos, pois as demais são consideradas, de certa forma, improdutivas. Conforme
apontado por Coutinho (1976, p. 273):
Além de produtiva, é também esta conjugação a que mais resistência oferece.
Ao passo que verbos de todas as conjugações têm passado à primeira: torrere
- *torrare (torrar), mijere-*mejare (mijar), minuere-minuare (minguar),
fidere- *fidare (fiar), molliere-*molliare (molhar) (¹), escasseiam os
exemplos em que verbos da primeira conjugação tenham passado às outras
(itálicos do autor).
O português tem os tempos simples: Presente do Indicativo (PRES IND);
Imperfeito do indicativo (IMP IND); Perfeito do Indicativo (PERF IND); Mais-QuePerfeito do Indicativo (MQPERF IND); Imperativo (IMPER); Infinitivo não flexionado
(INF não FLEX); Infinitivo Flexionado (INF FLEX); Gerúndio (GER); Particípio
Passado (PP); Futuro do Indicativo (FUT IND).
Para esses tempos existem morfemas temporais e morfemas de pessoas, que
serão apresentados a seguir nas tabelas 1 e 2, extraídas de Mateus et al (1989, p. 372374):
TEMPO
PRES IND
PERF IND
IMPER
PRES CONJ
IMP IND
MQPERF IND
IMP CONJ
FUT CONJ
GER
MORFEMA
Ø
Ø
Ø
e (1.ª conj.) a (2.ª e 3.ª conj.)
va (1.ª conj.) a (2.ª e 3.ª conj)¹
ra
sse
re
ndo
16
PP
INF
FUT IND
COND
do
re
r+e/ r+a²
r+ia
Tabela 1
PESSOA
I
[+ sing]
II
[+ sing]
III
[+ sing]
I
[- sing]
II
[- sing]
III
[- sing]
(TEMPO)
PRES IND
PERF IND
FUT IND
outros tempos
PERF IND
IMPER
outros tempos
PERF IND
outros tempos
todos os tempos
MORFEMA
0
i
(semivogal [j])
0
ste
0
s
u
(semivogal [w])
0
mos
PERF IND
outros tempos
PERF IND
outros tempos
stes
(d)es¹
ram
m
Tabela 2
Assim, a flexão verbal é percebida na pessoa, número, tempo e modo do verbo,
que são expressos por meio de morfemas flexionais ou desinências. Exemplo:
passeávamos. A concordância na flexão verbal é feita da seguinte maneira: os morfemas
verbais de pessoa e número são exigidos pela natureza da frase. Assim, concordam com
o sujeito:
(1) Nós não falamos com esta mulher.
(2) Vós trouxestes a comida.
Com relação ao tempo e ao modo, eles são exigidos de acordo com a situação
em que o falante se encontra. Diferentemente, os morfemas verbais integram um
sistema fechado, sem depender do falante para criar novas formas verbais de um verbo.
Exemplo disso são as formas verbais, tais como malufar ou fotologar, cujas flexões já
existiam à disposição do falante, sem que o falante necessite criá-las.
17
1.3 MORFOLOGIA DERIVACIONAL
A morfologia constitui seu estudo na análise da estrutura interna das palavras. A
flexão, a derivação e a composição são processos morfológicos que ajudam na definição
das regras de formação de palavras, por sua vez, essas podem ou não alterar a categoria
sintática da palavra. Neste trabalho, atentaremos-nos às regras de derivação. Conforme
Mateus et al (1989, p. 386) “ [...] as regras de derivação são instâncias de um processo
que selecciona uma forma derivante (radical ou palavra) e dá origem a uma forma
derivada (palavra)”.
Ao falarmos em formas derivantes, podemos observar que a palavra poderá ter
uma estrutura interna simples, como na palavra flor. Ou ainda poderá ter uma estrutura
interna complexa, como em: formal. Não são todas as classes de palavras que admitem
a aplicação das regras derivacionais, apenas nomes, verbos e adjetivos. Já as que
admitem a inclusão de formas derivadas são nomes, verbos, adjetivos e uma subclasse
de advérbios, como é o caso dos advérbios de modo formados em -mente.
Existem outros tipos de derivação, tais como: a parassintética, a regressiva, a
imprópria; entretanto, em nosso estudo, iremos focar na derivação sufixal.
1.3.1 Derivação sufixal
Conforme afirmado anteriormente, novos substantivos, adjetivos, verbos e
advérbios são formados pela derivação sufixal. Por isso, classificamos o sufixo em:
nominal, união a um radical, dando origem a um substantivo ou a um adjetivo.
Exemplos: port -eira, pap -udo. Entre os sufixos nominais existem os aumentativos e os
diminutivos, os quais possuem valor lógico e afetivo. Exemplos de aumentativos:
caldeir -ão, dent -uça, boc -arra. Exemplos de diminutivos: voz -inha, cão -zinho, ri acho.
Existem ainda outros sufixos nominais, como os que formam substantivos a
partir de outros substantivos como, por exemplo: boi -ada, port -al, gastr -ite. Há
também sufixos que formam substantivos a partir de adjetivos, como em: leal -dade, tol
-ice, pobr -eza. Exemplos de sufixos que formam substantivos de substantivos e de
adjetivos são as palavras: federal -ismo, hero -ísmo, reumat -ismo. Sufixos que formam
18
substantivos e adjetivos de outros substantivos e adjetivos são: simbol -ista, bud -ista,
dent -ista.
Já nas palavras lembr -ança, toler -ância, estud -ante, encontramos sufixos que
formam substantivos de verbos. Os sufixos que formam adjetivos de substantivos são
encontrados em: jud -aico, escol -ar, pont -udo. E os sufixos que formam adjetivos de
verbos encontram-se em: dur -ável, tard -io, quebrad -iço.
O sufixo também é classificado em verbal, ocorrendo quando se aglutina a um
radical, originando um verbo. Os verbos novos da língua, geralmente, são formados
pela adição da terminação -ar a substantivos e adjetivos como nos vocábulos: orkut- ar,
reset- ar, fotolog- ar.
Desse modo, a constituição da terminação -ar se dá pela vogal temática -a-,
caracterizando os verbos da primeira conjugação e do sufixo -r, que pertence ao
infinitivo impessoal. Segundo Cunha e Cintra (2007, p. 115):
São tais sufixos que transmitem a esses verbos matizes significativos
especiais: FRENQÜENTATIVO (ação repetida), FACTITIVO (atribuição de uma
qualidade ou modo de ser), DIMINUTIVO e PEJORATIVO. Mas, como neles a
combinação de SUFIXO + VOGAL TEMÁTICA (-a-) + SUFIXO DO INFINITIVO (-r) vale por
um todo, costuma-se considerar não o sufixo em si, mas o conjunto daqueles
elementos mórficos, o verdadeiro SUFIXO VERBAL.
Alguns exemplos de sufixos verbais são: cabec -ear, ferv -ilhar, chuv -iscar, util
-izar. A primeira conjugação é a mais produtiva na formação de novos verbos, como já
afirmado. No entanto, a segunda conjugação possui um sufixo que possibilita a
formação de novos verbos, trata-se do sufixo -ecer (ou -escer), como nos exemplos:
anoit -ecer e flor -escer.
Por último, temos o sufixo classificado como adverbial. Essa classificação
possui apenas o sufixo -mente, que nos vocábulos é acrescentado a um adjetivo em sua
forma feminina. Exemplo: perigosa- mente. Nota-se que o sufixo ligado a um adjetivo
indica uma circunstância, muitas vezes a de modo.
19
1.4 A FORMAÇÃO DE NOVAS PALAVRAS
Um dos objetivos centrais das línguas é garantir a comunicação e a interação
entre os indivíduos, tentando atender às novas necessidades comunicativas de um grupo
de falantes. O léxico é quem categoriza os “objetos”, assim surgem as palavras que são
indispensáveis na construção de enunciados. As novas palavras surgem a partir da
necessidade manifestada.
Com isso, os falantes passam a adquirir palavras novas, justamente porque a
língua é dinâmica e viva e está em um constante processo de mudança e renovação.
Dessa maneira, é feita a expansão do léxico, palavras já existentes na língua dão origem
a novas palavras por meio dos processos de formação de palavras. Conforme Basilio
(2004, p. 11), existem o léxico mental e léxico virtual:
Em conseqüência, o léxico mental é, em grande parte, virtual. De fato, o
léxico provê estruturas, por exemplo, para aproveitar qualquer palavra de
uma classe para a formação de uma palavra equivalente em outra classe.
Assim todas as palavras de uma classe existiriam virtualmente nas outras
classes. Mas só virtualmente, não na realidade. Na realidade, algumas
existem, outras não.
As palavras não são apenas um conjunto que compõe o léxico de uma língua.
Para se definir a palavra deve-se analisar as várias possibilidades de explicações. Por
outro lado, as palavras podem aparecer de várias maneiras porque podem ser
flexionadas. Ou seja, o verbo amar é uma unidade lexical, já as diversas maneiras
flexionadas desse verbo seriam os chamados vocábulos.
Há também as palavras que possuem mais de um significado, fenômeno
denominado de polissemia. Porém quando existe a mesma forma fonológica, mas os
significados são diferentes, denomina-se homonímia.
A formação de novas palavras pode ser atribuída ao valor do sistema linguístico
ou função semântica. Têm-se três funções nessa formação de acordo com Basilio
(1987): a primeira é a função de mudança categorial, que surge por exigência do
sistema linguístico. São palavras criadas a partir da necessidade de adaptação, assim
uma palavra de certa classe gramatical é inserida em outra, como em: santidade,
universal etc. A segunda é a função expressiva de avaliação, em que o sujeito falante é
a maior influência, podendo criar itens afetivos, enfáticos e intensificadores, como nos
20
exemplos: filhinho, paizinho etc. Essa função pode ser também cumulativa, ou seja, há
mudança categorial e é utilizada a função expressiva. A terceira função é a de
rotulação, que ocorre de acordo com a necessidade que surge de nomear algo, o que a
liga com a pragmática, a tecnologia etc. Exemplos: tancredar, deletar, sacoleiro etc.
Não há limites para se formar novas palavras, pois a todo instante um novo item
lexical é formado na língua portuguesa, por isso existe o estudo da formação, podendo
ser: esporádica, quando surge uma palavra complexa, nova, criada pelo falante sob o
impulso do momento. Exemplo: desmorre. A formação institucionalizada trata-se da
formação de uma palavra que não existia, mas passa a existir e ser implantada na língua,
a partir do momento em que o número de falantes é relevante. Exemplo: imexível.
Muitas vezes, falamos ou lemos e não percebemos que já conhecíamos a
palavra. Diariamente, formamos novas palavras, podendo-se acrescentar afixos para que
ocorra a mudança de classe e também um acréscimo semântico em uma significação já
existente. Para Basilio (1987), a palavra é uma unidade linguística básica, facilmente
reconhecida por falantes em sua língua nativa.
As palavras eram entendidas como elementos indivisíveis, unidades mínimas, no
entanto, quando se observou que as palavras eram formadas a partir de outras, ela foi
considerada como unidade complexa.
A morfologia, em seu âmbito geral, estuda as classes de palavras, que de acordo
com Basilio (1987), podem ser definidas pelos critérios semânticos, que dão
significados às palavras e classes; morfológicos, quando colocamos palavras em
diferentes classes e o sintático, quando temos palavras atribuídas a classes a partir de
suas posições estruturais, ou funções que desempenham em uma estrutura. Com isso,
observaremos que a definição de verbo pode se dar por diferentes critérios.
No critério semântico, o verbo é definido como ações, estados ou fenômenos,
porém o problema surge quando aparecem substantivos que exprimem o mesmo, por
isso deve haver acréscimo na definição ou maior dimensão morfológica no momento do
enunciado.
No critério morfológico, verbos são bem definidos pela morfologia, pela sua
particularidade, a flexão verbal. E no critério sintático, têm-se uma definição a partir
da função sintática desempenhada pelo verbo, como por exemplo, núcleo do predicado
verbal.
21
As palavras que são criadas passam por diferentes processos de formação e têm
maior ou menor produtividade. Novas palavras são formadas no português a todo
tempo, por meio de processos de formação: sufixação (que é responsável por 90% da
formação de novas palavras), prefixação e composição. Ainda nesse processo, atribuemse novos sentidos a essas palavras e a palavras que já existam na língua.
1.5 REGRAS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS (RFP’S)
As palavras tendem a evoluir, surgindo assim novas formações. É notório
aparecerem em uma conversa, principalmente quando é informal, ou por impulso. É
possível ver os falantes criando novas palavras, contudo são entendidas pelo ouvinte,
pois estão dentro dos padrões de normalidade da língua.
Ao contrário dos estruturalistas, Aronoff (1976, apud Rocha, 1999) defende a
ideia de que os processos regulares de formação de palavras possuem sua base na
própria palavra, ou seja, a palavra nova é formada quando é aplicada uma regra regular
a uma palavra que já exista. A partir dessa teoria acredita-se que o princípio das Regras
de Formação de Palavras (dorovante RFP’s) sejam os já presentes na língua. As RFP’s
aparecem quando o falante produz um novo item lexical. Com isso, a palavra derivada
passa a carregar o significado especializado do verbo.
A gramática subjacente, segundo o gerativismo, explica que todo falante é capaz
de entender a formação de novas palavras porque possui uma gramática internalizada.
Por isso a gramática da língua permite que o falante reconheça e crie novos itens
lexicais.
Em Basilio (1980), encontramos a denominação Regras de Análise Estrutural
(dorovante RAE’s), esta permite que o falante da língua conheça a estrutura das
palavras, por essa razão se torna capaz de avaliar a estrutura de vocábulos derivados.
Desse modo, o falante realiza uma análise estrutural nas palavras, para assim
compreendê-las; isso acontece porque a maioria das palavras criadas é derivada de
palavras já conhecidas. Assim, quando o falante realiza esse procedimento ele está
empregando uma Regra de Análise Estrutural.
Assim teremos: [[X] a] Y] b
ou: A RAE de saturação é:
[[saturar]V -ção]S
22
ou ainda: blogar
[[blog]S -ar]V
Já em Rocha (1999), verifica-se que as RFP’s se dão por relações
paradigmáticas. Portanto, uma regra é aplicada em um conjunto de palavras, esse
conjunto pode ser chamado de base das regras, pois a regra, seja ela sintática ou
fonológica, é válida apenas para aquele conjunto específico. Por isso, o falante realiza
um processo morfo-semântico ao criar e entender as novas palavras criadas.
1.6 PRODUTIVIDADE LEXICAL
Quando falamos em produtividade lexical, não devemos confundir com o
conceito de competência lexical, Oliveira (2005, p. 21) aponta que: “[...] por
competência lexical entende-se o conhecimento internalizado que o falante tem do
léxico da sua língua”. Já o conceito de produtividade não é esclarecedor, mas
problemático. A produtividade acontece a partir de uma Regra de Formação de Palavras
(RFP’s), que permite que sejam formadas outras palavras na língua.
Segundo Rocha (1999) para haver produtividade, a palavra criada tem que ser
formada pelo falante e ser aplicada em um contexto específico, ou seja, que esteja
conforme a necessidade que ele tenha.
A palavra não é denominada existente apenas por constar em um dicionário,
muitas palavras usadas no cotidiano das pessoas não são registradas nele, enquanto
palavras que já caíram em desuso continuam lá.
As palavras têm a possibilidade de existirem ao se encaixarem nas RFP’s, assim
há palavras que não podem existir na língua por não estarem de acordo com as regras.
Outras até são possíveis, porém os falantes rejeitam, não as utilizando.
Ainda há palavras possíveis de acordo com a RFP, mas são acionadas somente
quando o falante sente a necessidade, ficando na chamada Inércia Morfológica, como
por exemplo: atingimento, efetuação etc.
Pode-se afirmar que existem palavras recém-criadas pelos falantes que não são
dicionarizadas e palavras dicionarizadas não conhecidas pelos falantes, por serem
regionalismos ou arcaísmos. Entretanto, existem as palavras que constando ou não no
23
dicionário são conhecidas e fazem parte do léxico da língua, são denominadas palavras
reais.
A língua é viva e dinâmica, por isso a qualquer instante podem surgir novas
palavras, novas formações na linguagem formal, jornalística etc. Então, quando falamos
na possibilidade de se criar novos itens lexicais, estamos nos referindo à produtividade.
Dessa maneira, são criadas novas palavras dentro de uma regularidade, por meio das
RFP’s. Saindo das regras, podem ocorrer irregularidades morfológicas ou semânticas.
Portanto, a produtividade acontece porque a língua é livre de controle de
estímulos, podendo realizar inúmeros processos produtivos de expressão do
pensamento.
1.7 EMPRÉSTIMOS
A renovação de palavras se dá conforme o que a língua tem a oferecer. Portanto,
uma nova palavra (neologismo) pode surgir por meio de um empréstimo feito a outra
língua. Assim, tornam-se constantes os empréstimos, principalmente de países que
detêm maior poder econômico. Dentre tantos, o mais destacável é os Estados Unidos;
pode-se notar na língua portuguesa o quanto de expressões, palavras do inglês ela
possui.
O empréstimo pode ser visto de forma sincrônica, em que a palavra apresenta
fonemas estranhos ao português. Exemplos: marketing, out-door. O estrangeirismo
também pode ser apenas gráfico, ou seja, a palavra tem sua pronúncia de acordo com a
fonologia do português. Exemplos: voley, show, boy. A língua portuguesa considera
empréstimo a contribuição estrangeira que passou a fazer parte da língua, após sua total
constituição.
É importante compreender os elementos envolvidos na criação e recebimento de
novas palavras na língua. As novas palavras tanto servem para expressar significados
antigos ou novos. Segundo Gutiérrez (1998, apud Neves, 2006), a criação de novas
palavras pode ser efetivada pela neologia formal, ou seja, a própria criação de uma nova
palavra; pela neologia de sentido, dar um novo sentido a uma palavra presente na língua
e pela neologia sintática, mudar a categoria gramatical da palavra.
24
A língua portuguesa sofreu influência das línguas com as quais esteve em
contato. De acordo com Ilari (2003, p.73):
Nenhuma língua escapa de sofrer influências externas; no patrimônio lexical
mais antigo da língua portuguesa já se encontram palavras criadas em outras
línguas, em particular o provençal, o espanhol e o árabe. Outras línguas que
exerceram influência sobre o português do Brasil são o francês, o italiano e o
alemão, além é claro, das línguas africanas e das línguas indígenas
brasileiras. A língua que exerce hoje a mais forte influência sobre o
português do Brasil é o inglês.
No início, as palavras estrangeiras são bem diferentes do português, depois com
mudanças a pronúncia e a grafia passam a originar novas palavras.
1.8 NEOLOGISMOS
Palavras ou expressões novas que são acrescentadas na língua são denominadas
neologismos. Também é considerado neologismo quando um vocábulo assume um novo
significado, um novo sentido. O léxico está em constante renovação, pois na língua
nada é definitivo, entretanto a língua está sujeita a transformações e reformações. A
entrada de novas palavras ao vocabulário de uma língua deve-se também ao avanço
tecnológico; é nesse sentido que Coutinho (1976) afirma que a necessidade é que irá
fazer a criação de uma nova palavra.
Para que novas palavras sejam criadas além de suprir uma necessidade, elas
devem seguir as regras morfológicas em seu processo de formação. Segundo Coutinho
(1976, p. 217):
As fontes mais comuns do neologismo são a nomenclatura técnica, a
importação estrangeira e a gíria. Mas pode ele ainda resultar dos processos
ordinários, utilizados pelo idioma, na formação de vocábulos novos, isto é, da
derivação e da composição (itálicos do autor).
A nomenclatura técnica pode ser formada por elementos gregos. Outra parte de
neologismo é a importação estrangeira, estes são adaptados a língua e colocados em
circulação. Já a gíria é utilizada por pessoas de uma mesma profissão,como os jargões,
também existem os bordões da Tv, que são considerados gírias. Dessa forma, os
neologismos são divididos em intrínsecos, criados dentro da língua, seguindo os
processos normais de formação, e extrínsecos que surgem da importação estrangeira.
25
CAPÍTULO 2 - VERBOS DENOMINAIS
Neste capítulo, explicaremos o que são verbos denominais, como são formados,
por quais processos passam os nomes para se tornarem verbos, quais as características
desse tipo de verbo, como são interpretados e o que se torna relevante para a formação
de sua significação.
2.1 VERBOS DENOMINAIS E SUA FORMAÇÃO
Como já afirmado, o verbo faz parte de uma classe aberta, ou seja, novos verbos
podem surgir sem que haja restrições quanto ao número. O verbo pode ser definido
semanticamente ou gramaticalmente; na primeira, o verbo tem por finalidade a
predicação, na segunda o verbo ocupa o núcleo do predicado verbal.
É comum vermos verbos formados a partir de substantivos, aproveita-se a noção
que o substantivo expressa para que se caracterize uma ação. Segundo Bassani (2009), a
formação de verbos com adjetivos recebem as características do adjetivo durante o
processo. Exemplo: Joana emagreceu. Então, nota-se a mudança de estado de Joana que
emagreceu. Porém, o substantivo também pode formar um verbo e significar mudança
de estado.
Os dois processos existentes no português para a formação de verbos são: a
sufixação e a derivação parassintética. Na sufixação acrescenta-se aos substantivos e
adjetivos as estruturas -izar, -ar e -ear. A estrutura -izar indica mudança de estado, por
isso é usada em verbos que derivam de adjetivos. As construções em -ar indicam ações
definidas pelo substantivo base, também atuam como instrumento ou como agente
virtual. As formações em -ear indicam interação na representação do ato verbal ou como
outra opção fonológica em -ar.
Já nas formações parassintéticas, notam-se as terminações: -ecer, en- Adj-ece,
em-S/ Adj-ar, e a- S/ ADJ-ar. Exemplo: enlouquecer, anoitecer, encurtar, alongar etc.
Existem três possibilidades de se formarem verbos denominais (VD’s). Segundo
Basilio (1993), primeiramente, por afixação ao radical, sendo esses as unidades
mínimas formadoras de palavras e deles derivam-se tanto um substantivo quanto um
verbo, como em: perfum- perfume- perfumar.
26
Depois por derivação, que ocorre com verbos formados por adição de um sufixo
formador de verbos (-ar) a um substantivo, e também os que são formados por adição
simultânea de prefixo e sufixo ao substantivo. Os processos derivacionais podem ser
chamados de derivação sufixal e derivação parassintética.
Além disso, há os verbos formados por conversão; acontece quando uma vogal
temática é colocada no substantivo, o que o colocaria em uma conjugação verbal. Esse
processo seria em âmbito flexional. Assim temos: perfum -e; perfum -a; perfum -ar
2. 2 CARACTERIZANDO OS VERBOS DENOMINAIS
Existem dois processos morfológicos pelos quais passam os verbos denominais
brasileiros que são: sufixação e derivação parassintética.
A interpretação dos verbos denominais na língua portuguesa é feita a partir da
interação do conhecimento do mundo, juntamente com o conhecimento linguístico. Os
que vêm de uma língua estrangeira têm um acréscimo do sufixo verbal -ar, como é o
caso de blog- blogar. Isso é o que se chama de derivação imediata em bases
consonantais atemáticas de natureza adjetiva ou substantiva. A derivação em base
atemática também pode vir com acréscimo e/ ou supressão de morfemas, como em: zipzipar.
Conforme Bassani (2009), os verbos denominais, os quais são formados a partir
de substantivos e com o acréscimo do sufixo verbal -ar, faz referência com o mundo,
exigindo conhecimento sobre ele. Os substantivos exprimem o mesmo significado dos
verbos denominais, designam um ato a se realizar, têm, portanto, a mesma motivação.
Substantivos ao se tornarem verbos denominais perdem suas características
gramaticais e passam a ser um radical morfológico, porém mantêm seu significado
geral.
O verbo é considerado denominal quando é formado a partir de um nome que
pode ser um substantivo ou adjetivo. A formação é construída a partir da junção a um
nome, de uma vogal temática verbal (a, e, ou i) e uma marca de flexão infinitiva (-r,
assim teremos delet -a -r) ou também pode ser acrescido uma marca finita se o verbo for
flexionado (“eu delet -ei o arquivo”). Existem também afixos “verbalizadores”: -ec- ou -
27
iz- atuantes em verbos como: amanhecer e cristalizar. Entretanto, as marcas verbais
podem ou não ser fonologicamente realizadas.
Para a formação de um verbo, é necessário que haja adição de morfemas ao
nome. Por isso, existem alguns processos para essa formação:
a) Derivação sufixal (substantivo + sufixo):
 Perfume + -ar > perfumar
 Aroma + -izar > aromatizar
b) Derivação parassintética (prefixo + substantivo + sufixo):

a - + noite + -ecer > anoitecer

en- + caixote + -ar > encaixotar
O verbo denominal , etimologicamente surgiu por meio de uma base nominal.
Por isso, muitos ainda se perguntam se um nome veio do verbo ou o verbo veio do
nome. É por essa razão que fica difícil interpretar o VD na fala. Então, estuda-se o
denominal por uma perspectiva sincrônica e diacrônica.
Além disso, para saber se a palavra é ou não denominal verifica-se sua
etimologia, pois muitas vezes a palavra adquire outro(s) significado(s), porém mantém
sua forma etimológica.
2.3 A SIGNIFICAÇÃO DOS VERBOS DENOMINAIS
Os verbos formados a partir de um substantivo assumem o significado do
substantivo, porém alguns verbos perderam a significação que carregavam do
substantivo. No entanto, conforme Bassani (2009), para que esse seja analisado,
identifica-se a estrutura argumental do verbo e suas partes morfológicas, então, verificase a ligação existente entre o significado do substantivo e o do verbo denominal. Nisso,
muitos verbos não apresentam nenhuma relação de significação com o substantivo
formador.
A diferença na significação do substantivo é observada ao vermos sentenças
formadas com verbos denominais. Segundo Bassani (2009, p. 28):
28
Observamos que há um primeiro grupo em que é possível atribuir duas
interpretações às sentenças, uma em que o verbo mantém relação semântica
com o substantivo e outra e outra em que o verbo parece ter perdido essa
relação. Percebe-se também uma subdivisão em relação aos tipos de
substantivos que expressam circunstâncias de instrumento, maneira ou
espaço delimitado (martelar, engarrafar, selar, entre outros) e há outros
substantivos, que apesar de também serem concretos, não expressam essas
circunstâncias (apontar, traçar) (itálicos da autora).
Porém, verbos que são formados por substantivos concretos como desfrutar <
fruto e abstratos como arrumar < rumo, parecem não ter mais nenhuma relação com o
substantivo formador. Entretanto, existem verbos que ainda mantêm relação de
significado com o substantivo formador, tais como: misturar, enfrentar e os próprios
verbos da informática como: hackear, fotologar, internetar etc, podendo-se chegar à
conclusão de que o sentido dos substantivos que os formam permanece no verbo.
29
CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DOS VERBOS DENOMINAIS NO CAMPO DA
INFORMÁTICA
Neste capítulo, será retomado o fato de a informática contribuir para a formação
de novas palavras e a análise dos verbos denominais dessa área, com exemplificações
para caracterizar seu processo de formação. Também será observada a formação dos
verbos em questão a partir de substantivos, o fato de serem de 1ª conjugação e os verbos
que alternam em –ar e em –ear.
3.1 A INFLUÊNCIA DA INFORMÁTICA NA CRIAÇÃO DE NOVAS PALAVRAS
Já se foi o tempo que a informática era uma área isolada na vida da sociedade.
Atualmente, ela está presente até nas menores atividades do cotidiano. O Dicionário
Eletrônico da Língua Portuguesa de A. Houaiss (2009) traz a seguinte definição para o
termo informática: “o ramo do conhecimento dedicado ao tratamento da informação
mediante o uso de computadores e demais dispositivos de processamento de dados”.
Por ter se tornado tão comum, muitas pessoas nem percebem o quanto falam de
terminologia, outras já consideram as tais terminologias como parte integrante de seu
vocabulário. Assim, a informática é, sem dúvida, uma ferramenta de acesso no que
envolve a linguagem humana.
Com o avanço da ciência, cresce a tecnologia e com ela uma nova realidade.
Com isso, surge a necessidade de novas palavras, essas vêm com a tecnologia, pois não
se importa apenas ela, mas também suas terminologias, que são adaptadas à língua que
as recebe, tarefa atribuída aos estudos linguísticos. Desse modo, surgem os estudos das
unidades terminológicas, que expressam o conhecimento especializado.
3.2 VERBOS DENOMINAIS NA ÁREA DA INFORMÁTICA
A informática, sem dúvida, contribui constantemente na criação de novos
vocábulos, principalmente de verbos a partir de substantivos, que aqui são chamados de
30
verbos denominais. A formação e a produtividade desses verbos têm crescido de
maneira avassaladora, o que contribui para ampliar o léxico na língua e transmitir o
conhecimento especializado na área da informática.
A realidade tecnológica já é parte integrante de nossa vida e as novidades que a
acompanham são incorporadas ao nosso cotidiano, principalmente na língua, que é a
melhor forma de comprovar essas mudanças, visto que falamos o que vivemos.
Prova disso é a matéria intitulada “As novas do Aurélio”, veiculada na edição de
dezembro de 2010 da revista Língua Portuguesa, que apresenta as novas palavras
incluídas na 5ª edição do Dicionário Aurélio. A nova versão ganhou palavras que foram
criadas de acordo com a necessidade da tecnologia na área da biologia, da botânica, da
genética. Além disso, foram incluídos novos verbetes que usamos com frequência,
porém não eram dicionarizados, tais como band-aid, o qual foi aportuguesado para
bandeide, mochileiro, entre outros.
Ademais, foram listados no dicionário palavras na área da informática do
chamado “internetês”; apesar do próprio “internetês” não ter entrado. Desse modo,
verbos como blogar e tuitar, esse já aportuguesado, ganharam entradas na nova edição
do Aurélio.
É relevante ressaltar que para uma palavra ganhar uma entrada no dicionário não
basta ter, simplesmente, surgido. Por isso, ela passa por um processo de análise em que
se observa se ela realmente foi incorporada pela sociedade, ou seja, se é um vocábulo
produtivo que tem relevância nos hábitos e ações das pessoas.
3.3 ANÁLISE DOS VERBOS DENOMINAIS CATALOGADOS
A análise dos verbos denominais na área da informática busca a compreensão da
formação desses verbos. No presente trabalho foram catalogados 85 verbos denominais
dessa área; desses serão escolhidos alguns para serem analisados nesta seção. Para esse
entendimento, teremos que buscar algumas bases teóricas, a fim de proporcionar uma
melhor descrição do fenômeno.
Como já afirmado neste trabalho, o verbo formado a partir de um nome é
chamado de denominal, podendo ser o nome um substantivo ou um adjetivo, conforme
31
apontado por Bassani (2009). No caso dos VD’s da informática, os verbos são formados
a partir de um substantivo da área. Dessa forma, o verbo denominal surge por meio de
uma base nominal, mas para a sua formação é necessário que haja a adição de morfemas
ao substantivo, isso é possível pelo processo de formação da derivação sufixal
(substantivo + sufixo) como é observado no substantivo orkut: orkut + -ar > orkutar.
Nesse caso, o sufixo acrescido se trata de um sufixo verbal, esse acompanha os
substantivos que vêm de uma língua estrangeira, que é o caso dos verbos considerados
nesta pesquisa, pois quando se importa a tecnologia, importam-se também as
terminologias da área.
A derivação ocorre por meio do acréscimo de morfemas, como em: logoff + ar>
logoffar; flash + ear> flashear e twitter + ar> twittar. Assim, serão analisados a seguir
verbos denominais da informática, com sentenças retiradas do site de buscas Google,
que exemplificam a produtividade desses vocábulos. Os verbos a seguir foram formados
a partir da derivação sufixal, em que há o acréscimo do sufixo verbal –ar nos
substantivos. Assim temos:
Blog + -ar> blogar.
(3) Aqui estão reunidos vários textos que ensinam os conceitos básicos da arte
de blogar.
Delete + -ar> deletar. Nesse verbo, temos evidenciada a perda da vogal (e).
(4) Como deletar os últimos sites pesquisados no Internet Explorer?
Download + -ar> downlodar.
(5) O que é "downloadar"?
Facebook + -ar> facebookar.
(6) Facebookar ou não facebookar.
Fotolog + -ar> fotologar.
(7) Eu vim fotologar pra você amiga.
Link + -ar> linkar.
(8) Fazendo minha declaração de direitos autorais do blog, percebi que, de fato,
poucas pessoas sabem linkar corretamente.
32
Zip + -ar> zipar.
(9) Ele oferece a opção de zipar o arquivo e, ao mesmo tempo, distribuí-lo em
múltiplos disquetes.
Start + -ar> startar.
(10)
Olá pessoal, estou com problemas em startar o dhcp server, segue
abaixo as mensagens e dhcpd.conf para análise.
Nesses verbos, fica evidenciado que a primeira conjugação verbal (-ar) é a mais
utilizada pela língua para a criação de novos verbos, por ser mais produtiva e resistente,
conforme apontou Coutinho (1976). Segundo o referido autor, as demais são
consideradas improdutivas e até migram para a primeira conjugação, porém são
escassos os verbos de primeira conjugação que migram para outras conjugações.
As construções dos verbos denominais analisados com terminação -ar fornecem
a informação de uma ação definida pelo substantivo base. Há também verbos
denominais que têm a terminação -ear, esses indicam interação na representação do ato
verbal ou apenas uma escolha fonológica em -ar, como nos exemplos a seguir:
Scanner + -ar> scannear.
(11) Tenho diversas revistas antigas que gostaria de scannear e guardar como se
fosse uma revista digital.
Cracker + -ear> crackear.
(12) Como faço para crackear um jogo de pc?
Backup+ -ear> backupear.
(13) Como backupear os SMS no SD card no Galaxy 5?
Hacker + -ear> hackear.
(14) Para hackear passwords que estão criptografados através de bolinhas e
asteriscos, simplesmente utilize o programa Asterisk Key.
Há verbos ainda que alternam em -ar e -ear, a estrutura –ar é encontrada em
blogs de profissionais da área da informática e -ear nos fóruns de perguntas, mas a
33
expectativa é que eles passem a ser definidos em –ar, pois é a tendência atual do
português brasileiro. Assim temos:
Photoshop: photoshopar ou photoshopear.
(15) Vamos photoshopar?
(16) Como photoshopear um vídeo?
Chat: chatar ou chatear. Esse verbo com a terminação em -ear se torna
homônimo com um verbo do português brasileiro que significa aborrecer.
(17) Chatar no facebook.
(18) Chatear e fazer amigos.
Overclock: overclockar ou overlockear.
(19) Asus P7H55-M/BR impossível de overclockar.
(20) Como overclockear um k6-2 500.
A interpretação dos verbos denominais na área da informática exige
conhecimento prévio do indivíduo. Exemplo disso são as sentenças que foram
analisadas, pois têm terminologias específicas da área da tecnologia, por esse motivo é
que além dos conhecimentos lingüísticos o indivíduo precisa estar em interação com o
mundo.
Quanto à significação dos verbos, esses permanecem com o mesmo significado
de seus substantivos formadores, conforme afirmado em Bassani (2009), designando
um ato a se realizar, tendo assim, portanto, a mesma motivação de formação do
substantivo derivante.
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta pesquisa, foi analisada a formação de verbos denominais na área da
informática no português do Brasil. Para tal nos baseamos nos estudos morfológicos.
No capítulo 1, apresentamos os pressupostos teóricos referentes aos estudos
morfológicos, em que encontramos uma visão geral desses estudos. Explicamos que a
morfologia é o estudo da forma, da estrutura das palavras. Chomsky (1970) apresenta
sua visão da morfologia, sendo que a estrutura das palavras é diferente da estrutura das
sentenças. Dessa forma, classifica o morfema como signo mínimo, cabendo a
morfologia entendê-lo.
As diferenças entre morfologia flexional e derivacional também foram colocadas
em nossos estudos, pois é relevante o fato da morfologia flexional não permitir a criação
de novas palavras na língua a partir de primitivos e a derivacional permitir. Nele
também se explica a derivação sufixal (substantivo + sufixo), essa é essencial para
nosso estudo, pois os verbos denominais passam por esse processo de formação como
zip + -ar> zipar.
Após isso, analisamos o processo de formação de palavras, por quais processos
precisam passar e quais regras seguir para termos palavras formadas de acordo com os
critérios da língua, conforme descrito em Basilio (1987), para assim verificarmos se a
palavra criada supre a carência que o falante tem a partir de sua produtividade, ou seja,
se é utilizada, incorporada na língua como afirma Rocha (1999). Essa necessidade surge
porque a língua se movimenta constantemente, com a finalidade de acompanhar os
avanços da sociedade, principalmente os tecnológicos que importam as terminologias da
tecnologia. Os neologismos são exemplos disso por acrescentarem novas palavras ao
léxico de nossa língua.
No capítulo 2, verificamos o que são verbos denominais, segundo Bassani
(2009), que consistem em verbos formados a partir de um nome, podendo ser um
substantivo ou um adjetivo, em nosso estudo tratam-se de substantivos. Também se
verificoram as suas características, interpretações e significações.
Por fim, no capítulo 3, analisamos os verbos denominais na área da informática;
para isso, explicamos a influência que a informática exerce na criação de novas palavras
e os verbos denominais dessa área, os quais aumentam tanto em número quanto em
35
produtividade. A análise foi feita com alguns dos verbos que foram catalogados, em que
se verificou o processo de formação, sendo formados a partir da derivação sufixal, ou
seja, com o acréscimo do sufixo verbal -ar, assim temos: fotolog + -ar> fotologar.
Observamos também que a maioria dos verbos catalogados mantiveram a
terminação em –ar e alguns em -ear, como forma de variação fonológica. Outros verbos
alternavam em -ar e -ear. Mas, o que mais chamou nossa atenção foi o fato de que a
maioria os verbos encontrados fazem parte da primeira conjugação verbal -ar, o que
mostra o nível de resistência e produtividade dessa conjugação.
Assim sendo, o conhecimento com o mundo é essencial para que o indivíduo
obtenha a interpretação desses novos vocábulos, pois a interação que ele possui com
essa área irá ajudá-lo na relação de significação com as terminologias. Desse modo, o
significado do verbo permanecerá o mesmo, pois carregará a carga semântica de seu
substantivo formador. Portanto, os verbos denominais têm crescido na língua
portuguesa para atender a necessidade que a língua tem. Assim os verbos que antes não
eram lexicalizados se apresentam na língua como verbos denominais para acompanhar
tanto a tecnologia quanto os falantes.
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Petrópolis: Vozes,1980.
___________. Teoria lexical. São Paulo: Ática, 1987.
___________. Verbos em –a(r) em português: afixação ou conversão? Documentação
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Contexto, 2004.
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___________. Verbos denominais e a relação sincrônica com os substantivos
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vol.
7,
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ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2002.
38
ANEXOS
39
Lista de verbos catalogados
A
B
 Backup: backupear – Cópia.
 Ban: banear- Forma reduzida para o verbo To Banish (banir). Comando efetuado
pelo IRCop, em uma rede IRC, para expulsar definitivamente alguém que esteja
incomodando. Cf. Rick.
 Bitmap: bitmapar- Representação digital de uma imagem, por um conjunto de bits.
 Blog: blogar- curruptela de weblog.
 Body: bodar- 1. Tag utilizada na construção de páginas HTML que delimita o corpo
de um documento. 2. Conteúdo de uma mensagem de correio eletrônico,
separadamente do cabeçalho.
 Bot: botear- Forma reduzida da palavra rebot. Programa utilizado em redes IRC para
proteger e manter um canal em ordem, principalmente na ausência de um operador.
 Boot: bootar- O termo é usado para designar a execução de rotina automática que
limpa a memória do computador, carrega o sistema operacional e prepara o sistema
para o uso normal.
 Bounce: bouncear- Diz-se da mensagem do correio eletrônico devolvida ao emitente,
por falha na entrega, causado por endereço inexistente ou equivocado.
 Bridger: bridgear- Dispositivo que conecta segmentos de redes permitindo a
transmissão de dados entre elas.
 Broadcast: broadcastear- Difusão de sinais em que um mesmo conteúdo é
transmitido para todos os receptores.
 Browser: browsear- Navegador.
40
 Buffer: buffar ou buffear- Área reservada na memória de um computador para
armazenamento temporário de dados que aguardam seu processamento.
 Bug: bugar- Erro na lógica de um programa que o impede de funcionar
corretamente.
 Bullet: bulletar- Símbolo tipográfico, de formato variado, usado para destacar um
bloco de texto.
C
 Cello: cellar- Programa de navegação pela internet.
 Chat: chatar ou chatear- Programa que possibilita conversa em tempo real pelo
computador entre internautas.
 Chrome: chromear: cromar.
 Click (clique): clickar- Onomatopeia que expressa um estalido seco, semelhante ao
produzido toda vez que um dos botões do mouse é acionado.
 Compact: compactar- Recurso utilizado por um programa compactador.
 Cracker: crackear- Aficionado por informática, profundo conhecedor de linguagem
de programação, que se dedica à compreensão mais íntima do funcionamento de
sistemas operacionais e a desvendar códigos de acesso a outros computadores.
Quebra senhas de acesso a redes, provedores, programas e computadores com fins
criminosos.
D
 Debug: debugar- Trabalho de pesquisa e correção de erros (bugs) de lógica e sintaxe
em um programa.
 Defacer: defacear- Hacker que desfigura a home Page de um site, deixando-a em
branco ou pichando frases sem sentido ou de protesto.
41
 Delete: deletar- Ato de apagar alguma informação no computador.
 Disigner: disignear- É o profissional que está diretamente ligado a atividades
relacionadas ao design.
 Download: downlodar- Ato de transferir cópias de um arquivo ou programa de um
site ou de uma página da Web de um servidor para o computador do usuário. O
mesmo que baixar.
E
 E-book: ebookar- Toda a publicação digital lida por meio de um computador.
F
 Facebook: facebokar- Rede social que permite o conhecimento acerca do “eu”, dos
outros e a realidade vivida por cada um.
 Fake: fakear: falso
 File: filear- Arquivo
 Firefox: firefoxar- É um navegador livre e multi-plataforma. A intenção da fundação
é desenvolver um navegador leve, seguro, intuitivo e altamente extensível.
 Firewall: firewallear- Dispositivo de segurança que monitora o tráfego de
informação entre uma rede de computadores e a internet.
 Fireworks: fireworksar- É um editor de imagens, um software que se utiliza como
ferramenta para desenhar, compor gráficos, projetar etc.
 Flash: flashear- Software desenvolvido para a criação de páginas na Web e seus
componentes gráficos interativos como botões, banners etc.
 Flood: floodar- Diz-se, em uma rede IRC, da repetição desnecessária de uma
mensagem ou da remessa de um texto excessivamente longo, enviados em um curto
espaço de tempo.
42
 Flog: flogar- Blog de fotos.
 Fotolog: fotologar- É um blog de fotos, ou seja, sites que permitem que você
coloque fotos na Internet com facilidade e rapidez.
G
 Google: googlar- Buscador da Web.
H
 Hacker: hackear- Aficionado por informática, profundo conhecedor de linguagem
de programação, que se dedica à compreensão mais íntima do funcionamento de
sistemas operacionais e a desvendar códigos de acesso a outros computadores. Não
invade sistemas com fins criminosos, mas para ampliar seus conhecimentos.
 Host: hostar ou hostear- Computador central que controla e armazena programas e
dados utilizados por outros computadores conectados a uma rede. O mesmo que
servidor.
 Hot site: hotsitar- Ferramenta de marketing para Internet que consiste em manter um
website no ar.
I
 Input: inputar- Designação para a informação enviada para processamento em um
computador.
 Internet: internetar- Conjunto de redes de computadores, que se comunicam por
meio dos protocolos TCP/IP.
43
J
K
 Kick: kickear- “Chute”, comando efetuado pelo IRcop, em uma rede IRC, para
afastar temporariamente alguém que esteja incomodado.
 Kill: killear- “Matar”, termo utilizado para designar a desconexão compulsória de
um usuário de rede IRC, por mau comportamento.
L
 Link: linkar- Vínculo
 Load: loadear- Carga, carregado.
 Log: logar- “Registro”, arquivo utilizado para registro de informações como
solicitações de uma máquina ou sistema.
 Logoff: logoffar- Comando de desconexão em uma rede de comunicação.
 Logout: logoutear- O mesmo que logoff.
 Lurk: lurkar- Modalidade de participação em um grupo de discussão ou conferência
on-line, em que a pessoa apenas ouve.
M
 Mouse: mousear- Periférico que controla os movimentos do cursor na tela do
computador, permitindo a abertura de programas e de menus e a seleção e execução
de diversas funções por meio de um clique, entre outras funções.
 MSN: msnar- Software de troca de mensagens instantâneas pela internet.
 Mux: muxear- Multiplexador.
44
N
 Net: netar- Forma reduzida para Network, rede.
O
 Orkut: orkutar- Site de relacionamentos que propõe o reencontro de pessoas e até
mesmo novas amizades.
 Overclock: overclockar ou overlockear- Técnica que consiste em alterar as
configurações da placa-mãe e do processador, a fim de aumentar a capacidade do
microcomputador.
P
 Patch: patchear- Remendo- Em programação de computadores diz-se da correção de
uma deficiência no desempenho de uma rotina ou programa já existente.
 Photoshop: photoshopar ou photoshopear- É um software caracterizado como editor
de imagens bidimensionais do tipo raster.
 Pixel: pixelar ou pixelear- Menor unidade de representação de uma imagem em um
monitor.
 Poker: pokear- fisionomia.
Q
R
 Rebot: rebotar- Repelir.
45
 Reboot: rebootar- Reinício.
 Reload: reloadear- Atual.
 Restart: restartar- Recomeço.
 Reset: resetar- “Recompor”, programa utilizado para reiniciar um computador.
 Ripper: ripar- Programas que copiam digitalmente arquivos de som de um CD para
o disco rígido de um computador.
 Router: routear- Roteador.
S
 Scanner: scannear- Periférico usado para digitalizar imagens e textos impressos.
 Screp: screpar- Pequeno recado.
 Script: Conjunto de comandos e parâmetros escritos numa determinada linguagem.

Setup: setupear- Tempo decorrido para a troca (ferramenta, programa,
equipamento) de um processo em execução até a inicialização do próximo processo
de linguagem de programação para a execução automática de tarefas.
 Site: sitear- Conjunto de documentos escritos em linguagem HTML, pertencentes ao
mesmo endereço (URL), disponível na Internet.
 Sniff: sniffear- “Farejador”, programa que monitora o fluxo de dados numa rede.
 Spam: spamar ou spamear- Mensagem não solicitada enviada por correio eletrônico
a um grande número de destinatários.
 Start: startar- Ato de iniciar algo.
 Sumit: sumitar- Comando de linguagem HTML que define a criação, em uma página
Web, de um botão que permite o envio de dados para um website.
T
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 Twitter: twittar- Uma espécie de microblog, site da Internet do qual se pode escrever
o que está acontecendo no exato momento. Uma espécie de diário em tempo real.
U
 Unzip: unzipar- Ato de descompactar um arquivo de extensão. Zip.
 Upgrade: upgradear- Termo que designa a versão mais nova de um programa.
 Upload: uploadar- Ato de transferir para um computador remoto cópias de um
arquivo ou programa.
V
W
 Wap: wapar- Método utilizado por hackers e crackers para encontrar redes
desprovidas de proteção contra invasão.
 Wav: wavear- Formato de arquivo sonoro desenvolvido pela Microsoft e IBM para a
plataforma Windows.
 Worm: wormar- Modalidade de disco, em que as informações gravadas não podem
ser apagadas ou alteradas.
X
Y
 Yahoo: yahooar- Um dos primeiros e mais prestigiados mecanismos de busca da
Web.
47
Z
 Zip: zipar- Forma genérica de referir-se a um arquivo compactado no formato zip.
Download