Pró-Reitoria de Graduação Curso de Letras Trabalho de Conclusão de Curso VERBOS DENOMINAIS NA ÁREA DA INFORMÁTICA NO PORTUGUÊS DO BRASIL Autora: Jemima Cassimiro Albuquerque Leite Orientadora: Prof. MSc. Déborah Christina de Mendonça Oliveira Brasília - DF 2011 JEMIMA CASSIMIRO ALBUQUERQUE LEITE VERBOS DENOMINAIS NA ÁREA DA INFORMÁTICA NO PORTUGUÊS DO BRASIL Monografia apresentada ao curso de graduação em Letras da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciada em Letras/Português e suas respectivas literaturas. Orientadora: Prof. MSc. Déborah Christina de Mendonça Oliveira Brasília - DF 2011 Monografia de autoria de Jemima Cassimiro Albuquerque Leite, intitulada VERBOS DENOMINAIS NA ÁREA DA INFORMÁTICA NO PORTUGUÊS DO BRASIL, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada em Letras da Universidade Católica de Brasília, em onze de maio de 2011, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: Prof. MSc. Déborah Christina de Mendonça Oliveira (Orientadora) Letras - UCB Prof. MSc. Vera Lúcia Cordeiro da Conceição (Membro da Banca) Letras - UCB Prof. MSc. Layane Rodrigues de Lima (Membro da Banca) Letras - UCB Brasília - DF 2011 Dedico este trabalho aos meus pais, Francisco e Maria e ao meu marido André. AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus por ter me sustentado e me dado forças até aqui. A minha família, Francisco (pai), Maria (mãe) Elias e Elizeu (irmãos) e André (marido) sou grata pela motivação que me deram. Agradeço a minha mãe que sempre me apoiou e me incentivou a continuar e por seu amor imensurável e incondicional que tem por mim. Sou grata à professora orientadora deste trabalho, Déborah Christina que sempre me compreendeu e me incentivou, pelo empréstimo de material bibliográfico e por suas ricas sugestões dadas ao longo desta pesquisa. Às professoras Vera Lúcia, Deise Ferrarini e Layane Rodrigues pelo apoio e atenção que sempre tiveram comigo durante esta graduação. Por fim, agradeço aos meus amigos de graduação: Cíntia Bernadelle, Renata Passos, Frederico Nobre, Carla Azevedo, Maria Lúcia e Carolina Sávia, pela amizade, incentivo e alegria que sempre me proporcionaram. “Não me corrija. A pontuação é a respiração da frase, e minha frase respira assim. E se você me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar”. Clarice Lispector RESUMO O foco do presente trabalho é a análise dos verbos denominais na área da informática no português do Brasil, tais como: blogar, orkutar e downlodar. O estudo dessas construções foi realizado com base na terminologia especializada, uma vez que se observou que o nível da produtividade e o uso desses verbos eram constantes. Os pressupostos teóricos desta pesquisa estão pautados nos estudos da morfologia, que estuda a estrutura da palavra. Uma vez que analisa os processos para essa realização, a morfologia permite o estudo dos aspectos que constituem o porquê de se formarem novas palavras e as regras necessárias para tais formações. Além disso, nota-se que a partir do momento que surgem novas necessidades na língua, novos vocábulos são criados, com a finalidade de suprirem essa necessidade, principalmente, na área tecnológica em que novas terminologias são criadas a todo o momento; por isso, muitas palavras estrangeiras são aportuguesadas e incorporadas à língua. Assim, verificaremos como se deu a formação dos verbos criados a partir de substantivos da área da informática, ou seja, dos verbos denominais. Palavras-chave: Formação de palavras. Informática. Morfologia. Verbos denominais. ABSTRACT The focus of this paper is the analysis of denominal verbs, linked to computer area on Brazilian Portuguese, such as: blogar, orkutar and downlodar. The study of these constructs was based on specialized terminology, since it was observed that the level of productivity and use of these verbs were constant. The basis for effective theoretical assumptions of this research is morphology, which studies the words’ structure. Since analyzes the processes for achieving this, the morphology allows the study of aspects including why to form new words and rules necessary for such formations. Also, it is observed that from the moment that new needs arise in the language, new words are created, in order to meet this need, especially in the technological area in which new terms are created all the time; that is why many foreign words are incorporated to the language. Thus, we will observe how verbal constructions are created from nouns on informatics area, the denominal verbs. Keywords: Denominal verbs. Informatics. Morphology. Word formation. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO 1 – PRESSUPOSTOS TEÓRICOS 12 1.1 Morfologia 12 1.2 Morfologia flexional 13 1.2.1 Flexão nominal 14 1.2.2 Flexão verbal 15 1.3 Morfologia derivacional 1.3.1 Derivação sufixal 17 17 1.4 A formação de novas palavras 19 1.5 Regras de Formação de Palavras (RFP’s) 21 1.6 Produtividade lexical 22 1.7 Empréstimos 23 1.8 Neologismos 24 CAPÍTULO 2 - VERBOS DENOMINAIS 25 2.1 Verbos denominais e sua formação 25 2. 2 Caracterizando os verbos denominais 26 2.3 A significação dos verbos denominais 27 CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DOS VERBOS DENOMINAIS NO CAMPO DA INFORMÁTICA 3.1 A influência da informática na criação de novas palavras 29 3.2 Verbos denominais na área da informática 29 3.3 Análise dos verbos denominais catalogados 30 CONSIDERAÇÕES FINAIS 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36 ANEXOS 38 29 9 INTRODUÇÃO A presente monografia tem como objeto de pesquisa os novos verbos denominais no português do Brasil, decorrentes de termos da informática. A informática está sempre inovando e revolucionando nossas vidas e o que está sendo visto neste estudo é a facilidade com que os verbos dessa área estão sendo incorporados na língua portuguesa. A pesquisa irá analisar as construções dos novos verbos da informática, tais como: backupear e downloadar, entre outros, cuja significação era garantida pelo uso do nome (backup) em uma construção com verbo suporte, como em: “Vou fazer um backup”, mas que agora assumem a forma de verbos lexicalizados. O campo da informática sempre está em transformação e em formação, por isso é que proporciona a criação constante de novos termos. Esses que, muitas vezes, nem são percebidos pelas pessoas que os usam, pois a maioria delas já considera as terminologias como parte integrante da língua. Isso se dá pelo avanço contínuo da tecnologia, pois o que era novo ontem passa a ser velho hoje. Todos os dias surgem mudanças e com elas vem a necessidade da criação de novas palavras. No caso da informática, a grande maioria dos termos é de origem estrangeira, particularmente, de origem inglesa, e que passam a ser incluídos no vocabulário da língua. O mais interessante é a rapidez com que tudo acontece a nossa volta. Com os nomes específicos da informática não foi diferente; foram evoluindo porque os usuários dessas palavras foram transformando-as até que chegassem à forma de verbos lexicalizados. Este trabalho tem por objetivo mostrar como são formadas e como surgem novas palavras, definir o que são verbos denominais e analisar sua estrutura e o processo de construção no campo da informática. Para tanto, veremos qual o lugar desses verbos dentro da morfologia. Estudar a estrutura da palavra não é tarefa fácil, visto que há muito a ser descoberto nesse ramo. Conforme destacado em Chomsky (1970), a morfologia derivacional passou a integrar o léxico, pois até então fazia parte da sintaxe, com isso, tornou-se possível perceber que a estrutura das palavras é diferente da estrutura das 10 sentenças. Dessa maneira, nota-se que o léxico é que permite a formação de palavras e não a sintaxe1. De acordo com Camara Jr. (1970), a morfologia divide-se em flexional, que não permite que se criem novas palavras por meio de primitivos e em derivacional, que permite a criação de novos lexemas. Novas palavras são criadas, em geral, quando surge a necessidade de nomear objetos e eventos, isso acontece pela dinamicidade da língua porque está em constante renovação. Basilio (1987) destaca que a formação de novas palavras é atribuída a três funções centrais: a função de mudança categorial, a função expressiva de avaliação e a função de rotulação, as quais serão detalhadas mais adiante. Nesse sentido, muitas vezes, a língua sofre influência de outras línguas e acaba integrando palavras estrangeiras ao vocabulário, conforme apontado por Ilari (2003). E são estrangeiros os verbos com os quais iremos trabalhar no decorrer da pesquisa. Assim, os verbos a serem estudados na pesquisa presente são chamados de verbos denominais (dorovante VD’s). O verbo faz parte de uma classe aberta, conforme destacado por Bassani (2009), o que permite a formação de novos verbos nas línguas. No que se refere aos VD’S na área da informática, esses surgem a partir de um substantivo e têm sua terminação, em geral, segundo a primeira conjugação, ou seja, com a desinência em –ar, que caracteriza uma ação definida ou em –ear como outra opção para a estrutura -ar. Nisto, os VD’s permanecerão com o sentido que o substantivo formador possui. Para o embasamento teórico da pesquisa foram utilizados livros, dissertações de mestrado, resenhas e um Dicionário de Informática online, intitulado DicWeb2. Os verbos foram pesquisados no site de buscas Google, escrevia-se a forma verbal com a terminação em –ar e –ear e verificava-se se existia algo contextualizado. A monografia está estruturada em três capítulos. No capítulo 1, serão apresentados os pressupostos teóricos, que embasarão o trabalho: a Morfologia. Nesse capítulo, abordamos a morfologia flexional, a morfologia derivacional, a derivação 1 Este trabalho não adota o modelo da Morfologia Distribuída como modelo de análise dos fatos em estudo. A Morfologia Distribuída postula a formação de palavras dentro do próprio componente sintático, argumentando em favor da formação dos itens lexicais a partir de raízes não marcadas quanto à categoria gramatical. 2 O Dicionário DicWeb está disponível em: http://www.dicweb.com/index.htm#. 11 sufixal, a formação de novas palavras, as Regras de Formação de Palavras, a produtividade lexical e os neologismos. Dessa maneira, será apresentado um breve histórico dos estudos da Morfologia a partir dos estudos de Chomsky (1970) e Mateus et al (1989); além disso será discutido o processo de formação de palavras que será embasado nos estudos de Rocha (1999) e Basílio (1980, 1987 e 2004). Já a questão dos neologismos será caracterizada de acordo com Coutinho (1976). No capítulo 2, apresentaremos a definição do que são verbos denominais, sua formação e caracterização, segundo Bassani (2009), e a influência da informática na criação de novas palavras. O capítulo 3 analisará os verbos denominais no campo da informática, discutindo sua formação e o processo de construção neles instituído. 12 CAPÍTULO 1 – PRESSUPOSTOS TEÓRICOS Neste capítulo apresentaremos os pressupostos teóricos desta monografia, que terão sua base na morfologia. Na seção 1.1 a morfologia será abordada em uma visão geral, na seção 1.2 continuaremos a falar da morfologia, porém estabelecendo conceitos da morfologia flexional, na seção 1.3 falaremos da morfologia derivacional, na seção 1.4 teremos a explicação de como são formadas novas palavras e é por isso que na seção 1.5 estudaremos as regras necessárias para tais formações. A produtividade lexical aparece logo em seguida, na seção 1.6, sendo que, por meio, dela descobrimos se uma nova palavra é produtiva, ou seja, aceita, falada, ou não. Já as duas últimas seções explicam palavras estrangeiras que são incluídas em nosso vocabulário, por isso as denominações empréstimos, na seção 1.7 e neologismos na seção 1.8. 1.1 MORFOLOGIA O temo morfologia vem do grego morphê (forma) e logos (estudo, tratado), ou seja, é o estudo das formas, das estruturas das palavras. Em Rosa (2002), encontram-se dois sentidos para o termo forma. O primeiro significado é plano de expressão e depois plano de conteúdo. Assim, passam a existir dois contextos para a realização: unidades com significados formados pelos sons; e palavras que têm suas próprias regras, que são de unidades maiores. Por isso, os conceitos de palavra e morfema receberam explicações diferentes. O morfema ficou sendo a unidade básica da morfologia, já a palavra é a estrutura composta refletida em outras palavras que ainda estão em formação. Antes do século XIX a morfologia não era vista diferente da gramática. Apenas no século XX, estruturalistas americanos observaram que a palavra possui estrutura interna e que era analisável em morfemas, os quais são unidades mínimas da palavra. Por isso o léxico constitui-se de morfemas. Chomsky (1970) apresenta uma nova teoria no âmbito da sintaxe, segundo a qual a morfologia derivacional foi retirada da sintaxe e encaixada no léxico. Chomsky também sugere que a formação de deverbais deva receber tratamento morfológico e não 13 sintático. Com isso, a estrutura da palavra é diferente da estrutura das sentenças em suas propriedades básicas. Assim, o léxico é considerado produtivo, pois podem ser formados itens novos, com funções diferentes, por meio de prefixos e sufixos. Desse modo, pode-se dizer que morfema é um signo mínimo e a morfologia busca entendê-lo, avaliá-lo e observar suas combinações, dessa forma, surgem as palavras, porém as combinações são feitas de maneira hierárquica. A morfologia se ocupa da organização interna das palavras e da formação de novos itens lexicais, Anderson (1982, apud Rocha, 1999). Dessa maneira, a morfologia divide-se em flexional e derivacional. Os morfemas derivacionais são irregulares e assistemáticos, não possuem concordância, pois são exigidos de acordo com o parâmetro da frase, porém, além disso, pode ser ou não usado. Isso dependerá do falante. Pode-se encontrar em Camara Jr. (1970) a divisão entre uma morfologia flexional e uma morfologia derivacional ou lexical. A flexional não permite a criação de novas palavras a partir de primitivos. O que acontece é apenas a inclusão de um sufixo flexional ou uma desinência que é colocada no radical a fim de promover uma adequação sintática. Já a derivacional permite a criação de novas palavras na língua. Apenas é acrescida a junção de um afixo derivacional a um radical que já exista, mas também pode ser pela subtração de um afixo quando ocorre a derivação regressiva. É a partir da divisão entre morfologia derivacional e flexional que surge a separação nos processos de formação no léxico e na sintaxe. Sendo a derivação pertencente ao campo do léxico e a flexão ao campo da sintaxe. Apresentaremos essas diferenças nas seções seguintes. 1.2 MORFOLOGIA FLEXIONAL Quando falamos em morfologia e no processo de formação das palavras, temos que destacar dois conceitos básicos para que possamos entender esse processo. Assim, destacaremos a morfologia flexional, essa não será aprofundada, pois o nosso foco do estudo será a morfologia derivacional. 14 1.2.1 Flexão nominal A morfologia flexional possui algumas características em sua formação, como a de que os morfemas têm que ser regulares e sistemáticos. Passando a concordância a ser exigida na formação de frases e os morfemas a serem usados não dependerá da vontade do falante. Os substantivos e os adjetivos são inclusos na morfologia flexional, desse modo temos a flexão de número, distribuído em duas classes singular e plural, o singular é apenas um elemento e o plural, dois ou mais elementos. Exemplo: a caneta/ as canetas. Quando falamos dos adjetivos, é importante ressaltar que são flexionados em concordância com os nomes. De acordo com Mateus et al (1989, p. 367) “ [...] os nomes são obrigatoriamente integrados num dos dois grupos - masculino e feminino - por que se distribui a categoria gramatical do gênero”. Em relação à concordância, a própria frase é quem irá dizer o que será concordado. Na flexão nominal, o número do substantivo irá concordar conforme a estrutura da frase. Rocha (1999, p. 200) afirma que: A natureza da frase pode exigir, sim, que um adjetivo, um pronome ou um artigo sejam usados no singular ou no plural com a finalidade de concordar com um substantivo. Nesse caso, pode-se falar que a concordância “é imposta pela própria natureza da frase”, mas tal não se dá, como vimos, com o substantivo. O plural de todas as formas no português será marcado com S seguindo as devidas flexões, então, acrescenta-se S em formas terminadas em vogal ou semivogal sendo ou não nasal, tal como nos exemplos: casa/casas, lã/lãs. Nas formas terminadas em r, s e z acrescenta-se ES, como em: computadores, holandeses e capazes. Já as formas terminadas em l, o plural é feito com is: animais e anéis. Nas formas terminadas em ão o plural se alterna em ãos, ães e ões, pela supressão de um n intervocálico: mãos, pães e corações. A marca do gênero é determinada por um especificador (o/a), por distinção entre sexos, podendo ou não vir com morfemas de gênero na unidade lexical, como em: o professor/ a professora, o fantasma, pai/ mãe, boi/ vaca. Entretanto, algumas formas vêm com os morfemas de gênero já identificado em sua unidade lexical, como por exemplo: menino/ menina, duque/ duquesa. 15 1.2.2 Flexão verbal Os verbos em português têm a seguinte estrutura: o RADICAL (RAD), VOGAL TEMÁTICA (VT) e os morfemas de TEMPO e PESSOA (TP). Dessa forma, o RAD e a VT dão origem ao TEMA. A conjugação do verbo é definida pela VT, podendo ser: aprimeira (amar); e- segunda (correr) e i- terceira (partir). A conjugação é feita na forma do infinitivo, mas sempre com a VT presente. Segundo Mateus et al (1989, p. 371), “ [...] os verbos irregulares do Português pertencem à segunda e à terceira conjugações. Estas duas conjugações não são produtivas, os verbos que se formam actualmente integram-se na primeira conjugação”. Dessa forma, a língua recorre à primeira conjugação para a criação de novos verbos, pois as demais são consideradas, de certa forma, improdutivas. Conforme apontado por Coutinho (1976, p. 273): Além de produtiva, é também esta conjugação a que mais resistência oferece. Ao passo que verbos de todas as conjugações têm passado à primeira: torrere - *torrare (torrar), mijere-*mejare (mijar), minuere-minuare (minguar), fidere- *fidare (fiar), molliere-*molliare (molhar) (¹), escasseiam os exemplos em que verbos da primeira conjugação tenham passado às outras (itálicos do autor). O português tem os tempos simples: Presente do Indicativo (PRES IND); Imperfeito do indicativo (IMP IND); Perfeito do Indicativo (PERF IND); Mais-QuePerfeito do Indicativo (MQPERF IND); Imperativo (IMPER); Infinitivo não flexionado (INF não FLEX); Infinitivo Flexionado (INF FLEX); Gerúndio (GER); Particípio Passado (PP); Futuro do Indicativo (FUT IND). Para esses tempos existem morfemas temporais e morfemas de pessoas, que serão apresentados a seguir nas tabelas 1 e 2, extraídas de Mateus et al (1989, p. 372374): TEMPO PRES IND PERF IND IMPER PRES CONJ IMP IND MQPERF IND IMP CONJ FUT CONJ GER MORFEMA Ø Ø Ø e (1.ª conj.) a (2.ª e 3.ª conj.) va (1.ª conj.) a (2.ª e 3.ª conj)¹ ra sse re ndo 16 PP INF FUT IND COND do re r+e/ r+a² r+ia Tabela 1 PESSOA I [+ sing] II [+ sing] III [+ sing] I [- sing] II [- sing] III [- sing] (TEMPO) PRES IND PERF IND FUT IND outros tempos PERF IND IMPER outros tempos PERF IND outros tempos todos os tempos MORFEMA 0 i (semivogal [j]) 0 ste 0 s u (semivogal [w]) 0 mos PERF IND outros tempos PERF IND outros tempos stes (d)es¹ ram m Tabela 2 Assim, a flexão verbal é percebida na pessoa, número, tempo e modo do verbo, que são expressos por meio de morfemas flexionais ou desinências. Exemplo: passeávamos. A concordância na flexão verbal é feita da seguinte maneira: os morfemas verbais de pessoa e número são exigidos pela natureza da frase. Assim, concordam com o sujeito: (1) Nós não falamos com esta mulher. (2) Vós trouxestes a comida. Com relação ao tempo e ao modo, eles são exigidos de acordo com a situação em que o falante se encontra. Diferentemente, os morfemas verbais integram um sistema fechado, sem depender do falante para criar novas formas verbais de um verbo. Exemplo disso são as formas verbais, tais como malufar ou fotologar, cujas flexões já existiam à disposição do falante, sem que o falante necessite criá-las. 17 1.3 MORFOLOGIA DERIVACIONAL A morfologia constitui seu estudo na análise da estrutura interna das palavras. A flexão, a derivação e a composição são processos morfológicos que ajudam na definição das regras de formação de palavras, por sua vez, essas podem ou não alterar a categoria sintática da palavra. Neste trabalho, atentaremos-nos às regras de derivação. Conforme Mateus et al (1989, p. 386) “ [...] as regras de derivação são instâncias de um processo que selecciona uma forma derivante (radical ou palavra) e dá origem a uma forma derivada (palavra)”. Ao falarmos em formas derivantes, podemos observar que a palavra poderá ter uma estrutura interna simples, como na palavra flor. Ou ainda poderá ter uma estrutura interna complexa, como em: formal. Não são todas as classes de palavras que admitem a aplicação das regras derivacionais, apenas nomes, verbos e adjetivos. Já as que admitem a inclusão de formas derivadas são nomes, verbos, adjetivos e uma subclasse de advérbios, como é o caso dos advérbios de modo formados em -mente. Existem outros tipos de derivação, tais como: a parassintética, a regressiva, a imprópria; entretanto, em nosso estudo, iremos focar na derivação sufixal. 1.3.1 Derivação sufixal Conforme afirmado anteriormente, novos substantivos, adjetivos, verbos e advérbios são formados pela derivação sufixal. Por isso, classificamos o sufixo em: nominal, união a um radical, dando origem a um substantivo ou a um adjetivo. Exemplos: port -eira, pap -udo. Entre os sufixos nominais existem os aumentativos e os diminutivos, os quais possuem valor lógico e afetivo. Exemplos de aumentativos: caldeir -ão, dent -uça, boc -arra. Exemplos de diminutivos: voz -inha, cão -zinho, ri acho. Existem ainda outros sufixos nominais, como os que formam substantivos a partir de outros substantivos como, por exemplo: boi -ada, port -al, gastr -ite. Há também sufixos que formam substantivos a partir de adjetivos, como em: leal -dade, tol -ice, pobr -eza. Exemplos de sufixos que formam substantivos de substantivos e de adjetivos são as palavras: federal -ismo, hero -ísmo, reumat -ismo. Sufixos que formam 18 substantivos e adjetivos de outros substantivos e adjetivos são: simbol -ista, bud -ista, dent -ista. Já nas palavras lembr -ança, toler -ância, estud -ante, encontramos sufixos que formam substantivos de verbos. Os sufixos que formam adjetivos de substantivos são encontrados em: jud -aico, escol -ar, pont -udo. E os sufixos que formam adjetivos de verbos encontram-se em: dur -ável, tard -io, quebrad -iço. O sufixo também é classificado em verbal, ocorrendo quando se aglutina a um radical, originando um verbo. Os verbos novos da língua, geralmente, são formados pela adição da terminação -ar a substantivos e adjetivos como nos vocábulos: orkut- ar, reset- ar, fotolog- ar. Desse modo, a constituição da terminação -ar se dá pela vogal temática -a-, caracterizando os verbos da primeira conjugação e do sufixo -r, que pertence ao infinitivo impessoal. Segundo Cunha e Cintra (2007, p. 115): São tais sufixos que transmitem a esses verbos matizes significativos especiais: FRENQÜENTATIVO (ação repetida), FACTITIVO (atribuição de uma qualidade ou modo de ser), DIMINUTIVO e PEJORATIVO. Mas, como neles a combinação de SUFIXO + VOGAL TEMÁTICA (-a-) + SUFIXO DO INFINITIVO (-r) vale por um todo, costuma-se considerar não o sufixo em si, mas o conjunto daqueles elementos mórficos, o verdadeiro SUFIXO VERBAL. Alguns exemplos de sufixos verbais são: cabec -ear, ferv -ilhar, chuv -iscar, util -izar. A primeira conjugação é a mais produtiva na formação de novos verbos, como já afirmado. No entanto, a segunda conjugação possui um sufixo que possibilita a formação de novos verbos, trata-se do sufixo -ecer (ou -escer), como nos exemplos: anoit -ecer e flor -escer. Por último, temos o sufixo classificado como adverbial. Essa classificação possui apenas o sufixo -mente, que nos vocábulos é acrescentado a um adjetivo em sua forma feminina. Exemplo: perigosa- mente. Nota-se que o sufixo ligado a um adjetivo indica uma circunstância, muitas vezes a de modo. 19 1.4 A FORMAÇÃO DE NOVAS PALAVRAS Um dos objetivos centrais das línguas é garantir a comunicação e a interação entre os indivíduos, tentando atender às novas necessidades comunicativas de um grupo de falantes. O léxico é quem categoriza os “objetos”, assim surgem as palavras que são indispensáveis na construção de enunciados. As novas palavras surgem a partir da necessidade manifestada. Com isso, os falantes passam a adquirir palavras novas, justamente porque a língua é dinâmica e viva e está em um constante processo de mudança e renovação. Dessa maneira, é feita a expansão do léxico, palavras já existentes na língua dão origem a novas palavras por meio dos processos de formação de palavras. Conforme Basilio (2004, p. 11), existem o léxico mental e léxico virtual: Em conseqüência, o léxico mental é, em grande parte, virtual. De fato, o léxico provê estruturas, por exemplo, para aproveitar qualquer palavra de uma classe para a formação de uma palavra equivalente em outra classe. Assim todas as palavras de uma classe existiriam virtualmente nas outras classes. Mas só virtualmente, não na realidade. Na realidade, algumas existem, outras não. As palavras não são apenas um conjunto que compõe o léxico de uma língua. Para se definir a palavra deve-se analisar as várias possibilidades de explicações. Por outro lado, as palavras podem aparecer de várias maneiras porque podem ser flexionadas. Ou seja, o verbo amar é uma unidade lexical, já as diversas maneiras flexionadas desse verbo seriam os chamados vocábulos. Há também as palavras que possuem mais de um significado, fenômeno denominado de polissemia. Porém quando existe a mesma forma fonológica, mas os significados são diferentes, denomina-se homonímia. A formação de novas palavras pode ser atribuída ao valor do sistema linguístico ou função semântica. Têm-se três funções nessa formação de acordo com Basilio (1987): a primeira é a função de mudança categorial, que surge por exigência do sistema linguístico. São palavras criadas a partir da necessidade de adaptação, assim uma palavra de certa classe gramatical é inserida em outra, como em: santidade, universal etc. A segunda é a função expressiva de avaliação, em que o sujeito falante é a maior influência, podendo criar itens afetivos, enfáticos e intensificadores, como nos 20 exemplos: filhinho, paizinho etc. Essa função pode ser também cumulativa, ou seja, há mudança categorial e é utilizada a função expressiva. A terceira função é a de rotulação, que ocorre de acordo com a necessidade que surge de nomear algo, o que a liga com a pragmática, a tecnologia etc. Exemplos: tancredar, deletar, sacoleiro etc. Não há limites para se formar novas palavras, pois a todo instante um novo item lexical é formado na língua portuguesa, por isso existe o estudo da formação, podendo ser: esporádica, quando surge uma palavra complexa, nova, criada pelo falante sob o impulso do momento. Exemplo: desmorre. A formação institucionalizada trata-se da formação de uma palavra que não existia, mas passa a existir e ser implantada na língua, a partir do momento em que o número de falantes é relevante. Exemplo: imexível. Muitas vezes, falamos ou lemos e não percebemos que já conhecíamos a palavra. Diariamente, formamos novas palavras, podendo-se acrescentar afixos para que ocorra a mudança de classe e também um acréscimo semântico em uma significação já existente. Para Basilio (1987), a palavra é uma unidade linguística básica, facilmente reconhecida por falantes em sua língua nativa. As palavras eram entendidas como elementos indivisíveis, unidades mínimas, no entanto, quando se observou que as palavras eram formadas a partir de outras, ela foi considerada como unidade complexa. A morfologia, em seu âmbito geral, estuda as classes de palavras, que de acordo com Basilio (1987), podem ser definidas pelos critérios semânticos, que dão significados às palavras e classes; morfológicos, quando colocamos palavras em diferentes classes e o sintático, quando temos palavras atribuídas a classes a partir de suas posições estruturais, ou funções que desempenham em uma estrutura. Com isso, observaremos que a definição de verbo pode se dar por diferentes critérios. No critério semântico, o verbo é definido como ações, estados ou fenômenos, porém o problema surge quando aparecem substantivos que exprimem o mesmo, por isso deve haver acréscimo na definição ou maior dimensão morfológica no momento do enunciado. No critério morfológico, verbos são bem definidos pela morfologia, pela sua particularidade, a flexão verbal. E no critério sintático, têm-se uma definição a partir da função sintática desempenhada pelo verbo, como por exemplo, núcleo do predicado verbal. 21 As palavras que são criadas passam por diferentes processos de formação e têm maior ou menor produtividade. Novas palavras são formadas no português a todo tempo, por meio de processos de formação: sufixação (que é responsável por 90% da formação de novas palavras), prefixação e composição. Ainda nesse processo, atribuemse novos sentidos a essas palavras e a palavras que já existam na língua. 1.5 REGRAS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS (RFP’S) As palavras tendem a evoluir, surgindo assim novas formações. É notório aparecerem em uma conversa, principalmente quando é informal, ou por impulso. É possível ver os falantes criando novas palavras, contudo são entendidas pelo ouvinte, pois estão dentro dos padrões de normalidade da língua. Ao contrário dos estruturalistas, Aronoff (1976, apud Rocha, 1999) defende a ideia de que os processos regulares de formação de palavras possuem sua base na própria palavra, ou seja, a palavra nova é formada quando é aplicada uma regra regular a uma palavra que já exista. A partir dessa teoria acredita-se que o princípio das Regras de Formação de Palavras (dorovante RFP’s) sejam os já presentes na língua. As RFP’s aparecem quando o falante produz um novo item lexical. Com isso, a palavra derivada passa a carregar o significado especializado do verbo. A gramática subjacente, segundo o gerativismo, explica que todo falante é capaz de entender a formação de novas palavras porque possui uma gramática internalizada. Por isso a gramática da língua permite que o falante reconheça e crie novos itens lexicais. Em Basilio (1980), encontramos a denominação Regras de Análise Estrutural (dorovante RAE’s), esta permite que o falante da língua conheça a estrutura das palavras, por essa razão se torna capaz de avaliar a estrutura de vocábulos derivados. Desse modo, o falante realiza uma análise estrutural nas palavras, para assim compreendê-las; isso acontece porque a maioria das palavras criadas é derivada de palavras já conhecidas. Assim, quando o falante realiza esse procedimento ele está empregando uma Regra de Análise Estrutural. Assim teremos: [[X] a] Y] b ou: A RAE de saturação é: [[saturar]V -ção]S 22 ou ainda: blogar [[blog]S -ar]V Já em Rocha (1999), verifica-se que as RFP’s se dão por relações paradigmáticas. Portanto, uma regra é aplicada em um conjunto de palavras, esse conjunto pode ser chamado de base das regras, pois a regra, seja ela sintática ou fonológica, é válida apenas para aquele conjunto específico. Por isso, o falante realiza um processo morfo-semântico ao criar e entender as novas palavras criadas. 1.6 PRODUTIVIDADE LEXICAL Quando falamos em produtividade lexical, não devemos confundir com o conceito de competência lexical, Oliveira (2005, p. 21) aponta que: “[...] por competência lexical entende-se o conhecimento internalizado que o falante tem do léxico da sua língua”. Já o conceito de produtividade não é esclarecedor, mas problemático. A produtividade acontece a partir de uma Regra de Formação de Palavras (RFP’s), que permite que sejam formadas outras palavras na língua. Segundo Rocha (1999) para haver produtividade, a palavra criada tem que ser formada pelo falante e ser aplicada em um contexto específico, ou seja, que esteja conforme a necessidade que ele tenha. A palavra não é denominada existente apenas por constar em um dicionário, muitas palavras usadas no cotidiano das pessoas não são registradas nele, enquanto palavras que já caíram em desuso continuam lá. As palavras têm a possibilidade de existirem ao se encaixarem nas RFP’s, assim há palavras que não podem existir na língua por não estarem de acordo com as regras. Outras até são possíveis, porém os falantes rejeitam, não as utilizando. Ainda há palavras possíveis de acordo com a RFP, mas são acionadas somente quando o falante sente a necessidade, ficando na chamada Inércia Morfológica, como por exemplo: atingimento, efetuação etc. Pode-se afirmar que existem palavras recém-criadas pelos falantes que não são dicionarizadas e palavras dicionarizadas não conhecidas pelos falantes, por serem regionalismos ou arcaísmos. Entretanto, existem as palavras que constando ou não no 23 dicionário são conhecidas e fazem parte do léxico da língua, são denominadas palavras reais. A língua é viva e dinâmica, por isso a qualquer instante podem surgir novas palavras, novas formações na linguagem formal, jornalística etc. Então, quando falamos na possibilidade de se criar novos itens lexicais, estamos nos referindo à produtividade. Dessa maneira, são criadas novas palavras dentro de uma regularidade, por meio das RFP’s. Saindo das regras, podem ocorrer irregularidades morfológicas ou semânticas. Portanto, a produtividade acontece porque a língua é livre de controle de estímulos, podendo realizar inúmeros processos produtivos de expressão do pensamento. 1.7 EMPRÉSTIMOS A renovação de palavras se dá conforme o que a língua tem a oferecer. Portanto, uma nova palavra (neologismo) pode surgir por meio de um empréstimo feito a outra língua. Assim, tornam-se constantes os empréstimos, principalmente de países que detêm maior poder econômico. Dentre tantos, o mais destacável é os Estados Unidos; pode-se notar na língua portuguesa o quanto de expressões, palavras do inglês ela possui. O empréstimo pode ser visto de forma sincrônica, em que a palavra apresenta fonemas estranhos ao português. Exemplos: marketing, out-door. O estrangeirismo também pode ser apenas gráfico, ou seja, a palavra tem sua pronúncia de acordo com a fonologia do português. Exemplos: voley, show, boy. A língua portuguesa considera empréstimo a contribuição estrangeira que passou a fazer parte da língua, após sua total constituição. É importante compreender os elementos envolvidos na criação e recebimento de novas palavras na língua. As novas palavras tanto servem para expressar significados antigos ou novos. Segundo Gutiérrez (1998, apud Neves, 2006), a criação de novas palavras pode ser efetivada pela neologia formal, ou seja, a própria criação de uma nova palavra; pela neologia de sentido, dar um novo sentido a uma palavra presente na língua e pela neologia sintática, mudar a categoria gramatical da palavra. 24 A língua portuguesa sofreu influência das línguas com as quais esteve em contato. De acordo com Ilari (2003, p.73): Nenhuma língua escapa de sofrer influências externas; no patrimônio lexical mais antigo da língua portuguesa já se encontram palavras criadas em outras línguas, em particular o provençal, o espanhol e o árabe. Outras línguas que exerceram influência sobre o português do Brasil são o francês, o italiano e o alemão, além é claro, das línguas africanas e das línguas indígenas brasileiras. A língua que exerce hoje a mais forte influência sobre o português do Brasil é o inglês. No início, as palavras estrangeiras são bem diferentes do português, depois com mudanças a pronúncia e a grafia passam a originar novas palavras. 1.8 NEOLOGISMOS Palavras ou expressões novas que são acrescentadas na língua são denominadas neologismos. Também é considerado neologismo quando um vocábulo assume um novo significado, um novo sentido. O léxico está em constante renovação, pois na língua nada é definitivo, entretanto a língua está sujeita a transformações e reformações. A entrada de novas palavras ao vocabulário de uma língua deve-se também ao avanço tecnológico; é nesse sentido que Coutinho (1976) afirma que a necessidade é que irá fazer a criação de uma nova palavra. Para que novas palavras sejam criadas além de suprir uma necessidade, elas devem seguir as regras morfológicas em seu processo de formação. Segundo Coutinho (1976, p. 217): As fontes mais comuns do neologismo são a nomenclatura técnica, a importação estrangeira e a gíria. Mas pode ele ainda resultar dos processos ordinários, utilizados pelo idioma, na formação de vocábulos novos, isto é, da derivação e da composição (itálicos do autor). A nomenclatura técnica pode ser formada por elementos gregos. Outra parte de neologismo é a importação estrangeira, estes são adaptados a língua e colocados em circulação. Já a gíria é utilizada por pessoas de uma mesma profissão,como os jargões, também existem os bordões da Tv, que são considerados gírias. Dessa forma, os neologismos são divididos em intrínsecos, criados dentro da língua, seguindo os processos normais de formação, e extrínsecos que surgem da importação estrangeira. 25 CAPÍTULO 2 - VERBOS DENOMINAIS Neste capítulo, explicaremos o que são verbos denominais, como são formados, por quais processos passam os nomes para se tornarem verbos, quais as características desse tipo de verbo, como são interpretados e o que se torna relevante para a formação de sua significação. 2.1 VERBOS DENOMINAIS E SUA FORMAÇÃO Como já afirmado, o verbo faz parte de uma classe aberta, ou seja, novos verbos podem surgir sem que haja restrições quanto ao número. O verbo pode ser definido semanticamente ou gramaticalmente; na primeira, o verbo tem por finalidade a predicação, na segunda o verbo ocupa o núcleo do predicado verbal. É comum vermos verbos formados a partir de substantivos, aproveita-se a noção que o substantivo expressa para que se caracterize uma ação. Segundo Bassani (2009), a formação de verbos com adjetivos recebem as características do adjetivo durante o processo. Exemplo: Joana emagreceu. Então, nota-se a mudança de estado de Joana que emagreceu. Porém, o substantivo também pode formar um verbo e significar mudança de estado. Os dois processos existentes no português para a formação de verbos são: a sufixação e a derivação parassintética. Na sufixação acrescenta-se aos substantivos e adjetivos as estruturas -izar, -ar e -ear. A estrutura -izar indica mudança de estado, por isso é usada em verbos que derivam de adjetivos. As construções em -ar indicam ações definidas pelo substantivo base, também atuam como instrumento ou como agente virtual. As formações em -ear indicam interação na representação do ato verbal ou como outra opção fonológica em -ar. Já nas formações parassintéticas, notam-se as terminações: -ecer, en- Adj-ece, em-S/ Adj-ar, e a- S/ ADJ-ar. Exemplo: enlouquecer, anoitecer, encurtar, alongar etc. Existem três possibilidades de se formarem verbos denominais (VD’s). Segundo Basilio (1993), primeiramente, por afixação ao radical, sendo esses as unidades mínimas formadoras de palavras e deles derivam-se tanto um substantivo quanto um verbo, como em: perfum- perfume- perfumar. 26 Depois por derivação, que ocorre com verbos formados por adição de um sufixo formador de verbos (-ar) a um substantivo, e também os que são formados por adição simultânea de prefixo e sufixo ao substantivo. Os processos derivacionais podem ser chamados de derivação sufixal e derivação parassintética. Além disso, há os verbos formados por conversão; acontece quando uma vogal temática é colocada no substantivo, o que o colocaria em uma conjugação verbal. Esse processo seria em âmbito flexional. Assim temos: perfum -e; perfum -a; perfum -ar 2. 2 CARACTERIZANDO OS VERBOS DENOMINAIS Existem dois processos morfológicos pelos quais passam os verbos denominais brasileiros que são: sufixação e derivação parassintética. A interpretação dos verbos denominais na língua portuguesa é feita a partir da interação do conhecimento do mundo, juntamente com o conhecimento linguístico. Os que vêm de uma língua estrangeira têm um acréscimo do sufixo verbal -ar, como é o caso de blog- blogar. Isso é o que se chama de derivação imediata em bases consonantais atemáticas de natureza adjetiva ou substantiva. A derivação em base atemática também pode vir com acréscimo e/ ou supressão de morfemas, como em: zipzipar. Conforme Bassani (2009), os verbos denominais, os quais são formados a partir de substantivos e com o acréscimo do sufixo verbal -ar, faz referência com o mundo, exigindo conhecimento sobre ele. Os substantivos exprimem o mesmo significado dos verbos denominais, designam um ato a se realizar, têm, portanto, a mesma motivação. Substantivos ao se tornarem verbos denominais perdem suas características gramaticais e passam a ser um radical morfológico, porém mantêm seu significado geral. O verbo é considerado denominal quando é formado a partir de um nome que pode ser um substantivo ou adjetivo. A formação é construída a partir da junção a um nome, de uma vogal temática verbal (a, e, ou i) e uma marca de flexão infinitiva (-r, assim teremos delet -a -r) ou também pode ser acrescido uma marca finita se o verbo for flexionado (“eu delet -ei o arquivo”). Existem também afixos “verbalizadores”: -ec- ou - 27 iz- atuantes em verbos como: amanhecer e cristalizar. Entretanto, as marcas verbais podem ou não ser fonologicamente realizadas. Para a formação de um verbo, é necessário que haja adição de morfemas ao nome. Por isso, existem alguns processos para essa formação: a) Derivação sufixal (substantivo + sufixo): Perfume + -ar > perfumar Aroma + -izar > aromatizar b) Derivação parassintética (prefixo + substantivo + sufixo): a - + noite + -ecer > anoitecer en- + caixote + -ar > encaixotar O verbo denominal , etimologicamente surgiu por meio de uma base nominal. Por isso, muitos ainda se perguntam se um nome veio do verbo ou o verbo veio do nome. É por essa razão que fica difícil interpretar o VD na fala. Então, estuda-se o denominal por uma perspectiva sincrônica e diacrônica. Além disso, para saber se a palavra é ou não denominal verifica-se sua etimologia, pois muitas vezes a palavra adquire outro(s) significado(s), porém mantém sua forma etimológica. 2.3 A SIGNIFICAÇÃO DOS VERBOS DENOMINAIS Os verbos formados a partir de um substantivo assumem o significado do substantivo, porém alguns verbos perderam a significação que carregavam do substantivo. No entanto, conforme Bassani (2009), para que esse seja analisado, identifica-se a estrutura argumental do verbo e suas partes morfológicas, então, verificase a ligação existente entre o significado do substantivo e o do verbo denominal. Nisso, muitos verbos não apresentam nenhuma relação de significação com o substantivo formador. A diferença na significação do substantivo é observada ao vermos sentenças formadas com verbos denominais. Segundo Bassani (2009, p. 28): 28 Observamos que há um primeiro grupo em que é possível atribuir duas interpretações às sentenças, uma em que o verbo mantém relação semântica com o substantivo e outra e outra em que o verbo parece ter perdido essa relação. Percebe-se também uma subdivisão em relação aos tipos de substantivos que expressam circunstâncias de instrumento, maneira ou espaço delimitado (martelar, engarrafar, selar, entre outros) e há outros substantivos, que apesar de também serem concretos, não expressam essas circunstâncias (apontar, traçar) (itálicos da autora). Porém, verbos que são formados por substantivos concretos como desfrutar < fruto e abstratos como arrumar < rumo, parecem não ter mais nenhuma relação com o substantivo formador. Entretanto, existem verbos que ainda mantêm relação de significado com o substantivo formador, tais como: misturar, enfrentar e os próprios verbos da informática como: hackear, fotologar, internetar etc, podendo-se chegar à conclusão de que o sentido dos substantivos que os formam permanece no verbo. 29 CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DOS VERBOS DENOMINAIS NO CAMPO DA INFORMÁTICA Neste capítulo, será retomado o fato de a informática contribuir para a formação de novas palavras e a análise dos verbos denominais dessa área, com exemplificações para caracterizar seu processo de formação. Também será observada a formação dos verbos em questão a partir de substantivos, o fato de serem de 1ª conjugação e os verbos que alternam em –ar e em –ear. 3.1 A INFLUÊNCIA DA INFORMÁTICA NA CRIAÇÃO DE NOVAS PALAVRAS Já se foi o tempo que a informática era uma área isolada na vida da sociedade. Atualmente, ela está presente até nas menores atividades do cotidiano. O Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa de A. Houaiss (2009) traz a seguinte definição para o termo informática: “o ramo do conhecimento dedicado ao tratamento da informação mediante o uso de computadores e demais dispositivos de processamento de dados”. Por ter se tornado tão comum, muitas pessoas nem percebem o quanto falam de terminologia, outras já consideram as tais terminologias como parte integrante de seu vocabulário. Assim, a informática é, sem dúvida, uma ferramenta de acesso no que envolve a linguagem humana. Com o avanço da ciência, cresce a tecnologia e com ela uma nova realidade. Com isso, surge a necessidade de novas palavras, essas vêm com a tecnologia, pois não se importa apenas ela, mas também suas terminologias, que são adaptadas à língua que as recebe, tarefa atribuída aos estudos linguísticos. Desse modo, surgem os estudos das unidades terminológicas, que expressam o conhecimento especializado. 3.2 VERBOS DENOMINAIS NA ÁREA DA INFORMÁTICA A informática, sem dúvida, contribui constantemente na criação de novos vocábulos, principalmente de verbos a partir de substantivos, que aqui são chamados de 30 verbos denominais. A formação e a produtividade desses verbos têm crescido de maneira avassaladora, o que contribui para ampliar o léxico na língua e transmitir o conhecimento especializado na área da informática. A realidade tecnológica já é parte integrante de nossa vida e as novidades que a acompanham são incorporadas ao nosso cotidiano, principalmente na língua, que é a melhor forma de comprovar essas mudanças, visto que falamos o que vivemos. Prova disso é a matéria intitulada “As novas do Aurélio”, veiculada na edição de dezembro de 2010 da revista Língua Portuguesa, que apresenta as novas palavras incluídas na 5ª edição do Dicionário Aurélio. A nova versão ganhou palavras que foram criadas de acordo com a necessidade da tecnologia na área da biologia, da botânica, da genética. Além disso, foram incluídos novos verbetes que usamos com frequência, porém não eram dicionarizados, tais como band-aid, o qual foi aportuguesado para bandeide, mochileiro, entre outros. Ademais, foram listados no dicionário palavras na área da informática do chamado “internetês”; apesar do próprio “internetês” não ter entrado. Desse modo, verbos como blogar e tuitar, esse já aportuguesado, ganharam entradas na nova edição do Aurélio. É relevante ressaltar que para uma palavra ganhar uma entrada no dicionário não basta ter, simplesmente, surgido. Por isso, ela passa por um processo de análise em que se observa se ela realmente foi incorporada pela sociedade, ou seja, se é um vocábulo produtivo que tem relevância nos hábitos e ações das pessoas. 3.3 ANÁLISE DOS VERBOS DENOMINAIS CATALOGADOS A análise dos verbos denominais na área da informática busca a compreensão da formação desses verbos. No presente trabalho foram catalogados 85 verbos denominais dessa área; desses serão escolhidos alguns para serem analisados nesta seção. Para esse entendimento, teremos que buscar algumas bases teóricas, a fim de proporcionar uma melhor descrição do fenômeno. Como já afirmado neste trabalho, o verbo formado a partir de um nome é chamado de denominal, podendo ser o nome um substantivo ou um adjetivo, conforme 31 apontado por Bassani (2009). No caso dos VD’s da informática, os verbos são formados a partir de um substantivo da área. Dessa forma, o verbo denominal surge por meio de uma base nominal, mas para a sua formação é necessário que haja a adição de morfemas ao substantivo, isso é possível pelo processo de formação da derivação sufixal (substantivo + sufixo) como é observado no substantivo orkut: orkut + -ar > orkutar. Nesse caso, o sufixo acrescido se trata de um sufixo verbal, esse acompanha os substantivos que vêm de uma língua estrangeira, que é o caso dos verbos considerados nesta pesquisa, pois quando se importa a tecnologia, importam-se também as terminologias da área. A derivação ocorre por meio do acréscimo de morfemas, como em: logoff + ar> logoffar; flash + ear> flashear e twitter + ar> twittar. Assim, serão analisados a seguir verbos denominais da informática, com sentenças retiradas do site de buscas Google, que exemplificam a produtividade desses vocábulos. Os verbos a seguir foram formados a partir da derivação sufixal, em que há o acréscimo do sufixo verbal –ar nos substantivos. Assim temos: Blog + -ar> blogar. (3) Aqui estão reunidos vários textos que ensinam os conceitos básicos da arte de blogar. Delete + -ar> deletar. Nesse verbo, temos evidenciada a perda da vogal (e). (4) Como deletar os últimos sites pesquisados no Internet Explorer? Download + -ar> downlodar. (5) O que é "downloadar"? Facebook + -ar> facebookar. (6) Facebookar ou não facebookar. Fotolog + -ar> fotologar. (7) Eu vim fotologar pra você amiga. Link + -ar> linkar. (8) Fazendo minha declaração de direitos autorais do blog, percebi que, de fato, poucas pessoas sabem linkar corretamente. 32 Zip + -ar> zipar. (9) Ele oferece a opção de zipar o arquivo e, ao mesmo tempo, distribuí-lo em múltiplos disquetes. Start + -ar> startar. (10) Olá pessoal, estou com problemas em startar o dhcp server, segue abaixo as mensagens e dhcpd.conf para análise. Nesses verbos, fica evidenciado que a primeira conjugação verbal (-ar) é a mais utilizada pela língua para a criação de novos verbos, por ser mais produtiva e resistente, conforme apontou Coutinho (1976). Segundo o referido autor, as demais são consideradas improdutivas e até migram para a primeira conjugação, porém são escassos os verbos de primeira conjugação que migram para outras conjugações. As construções dos verbos denominais analisados com terminação -ar fornecem a informação de uma ação definida pelo substantivo base. Há também verbos denominais que têm a terminação -ear, esses indicam interação na representação do ato verbal ou apenas uma escolha fonológica em -ar, como nos exemplos a seguir: Scanner + -ar> scannear. (11) Tenho diversas revistas antigas que gostaria de scannear e guardar como se fosse uma revista digital. Cracker + -ear> crackear. (12) Como faço para crackear um jogo de pc? Backup+ -ear> backupear. (13) Como backupear os SMS no SD card no Galaxy 5? Hacker + -ear> hackear. (14) Para hackear passwords que estão criptografados através de bolinhas e asteriscos, simplesmente utilize o programa Asterisk Key. Há verbos ainda que alternam em -ar e -ear, a estrutura –ar é encontrada em blogs de profissionais da área da informática e -ear nos fóruns de perguntas, mas a 33 expectativa é que eles passem a ser definidos em –ar, pois é a tendência atual do português brasileiro. Assim temos: Photoshop: photoshopar ou photoshopear. (15) Vamos photoshopar? (16) Como photoshopear um vídeo? Chat: chatar ou chatear. Esse verbo com a terminação em -ear se torna homônimo com um verbo do português brasileiro que significa aborrecer. (17) Chatar no facebook. (18) Chatear e fazer amigos. Overclock: overclockar ou overlockear. (19) Asus P7H55-M/BR impossível de overclockar. (20) Como overclockear um k6-2 500. A interpretação dos verbos denominais na área da informática exige conhecimento prévio do indivíduo. Exemplo disso são as sentenças que foram analisadas, pois têm terminologias específicas da área da tecnologia, por esse motivo é que além dos conhecimentos lingüísticos o indivíduo precisa estar em interação com o mundo. Quanto à significação dos verbos, esses permanecem com o mesmo significado de seus substantivos formadores, conforme afirmado em Bassani (2009), designando um ato a se realizar, tendo assim, portanto, a mesma motivação de formação do substantivo derivante. 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta pesquisa, foi analisada a formação de verbos denominais na área da informática no português do Brasil. Para tal nos baseamos nos estudos morfológicos. No capítulo 1, apresentamos os pressupostos teóricos referentes aos estudos morfológicos, em que encontramos uma visão geral desses estudos. Explicamos que a morfologia é o estudo da forma, da estrutura das palavras. Chomsky (1970) apresenta sua visão da morfologia, sendo que a estrutura das palavras é diferente da estrutura das sentenças. Dessa forma, classifica o morfema como signo mínimo, cabendo a morfologia entendê-lo. As diferenças entre morfologia flexional e derivacional também foram colocadas em nossos estudos, pois é relevante o fato da morfologia flexional não permitir a criação de novas palavras na língua a partir de primitivos e a derivacional permitir. Nele também se explica a derivação sufixal (substantivo + sufixo), essa é essencial para nosso estudo, pois os verbos denominais passam por esse processo de formação como zip + -ar> zipar. Após isso, analisamos o processo de formação de palavras, por quais processos precisam passar e quais regras seguir para termos palavras formadas de acordo com os critérios da língua, conforme descrito em Basilio (1987), para assim verificarmos se a palavra criada supre a carência que o falante tem a partir de sua produtividade, ou seja, se é utilizada, incorporada na língua como afirma Rocha (1999). Essa necessidade surge porque a língua se movimenta constantemente, com a finalidade de acompanhar os avanços da sociedade, principalmente os tecnológicos que importam as terminologias da tecnologia. Os neologismos são exemplos disso por acrescentarem novas palavras ao léxico de nossa língua. No capítulo 2, verificamos o que são verbos denominais, segundo Bassani (2009), que consistem em verbos formados a partir de um nome, podendo ser um substantivo ou um adjetivo, em nosso estudo tratam-se de substantivos. Também se verificoram as suas características, interpretações e significações. Por fim, no capítulo 3, analisamos os verbos denominais na área da informática; para isso, explicamos a influência que a informática exerce na criação de novas palavras e os verbos denominais dessa área, os quais aumentam tanto em número quanto em 35 produtividade. A análise foi feita com alguns dos verbos que foram catalogados, em que se verificou o processo de formação, sendo formados a partir da derivação sufixal, ou seja, com o acréscimo do sufixo verbal -ar, assim temos: fotolog + -ar> fotologar. Observamos também que a maioria dos verbos catalogados mantiveram a terminação em –ar e alguns em -ear, como forma de variação fonológica. Outros verbos alternavam em -ar e -ear. Mas, o que mais chamou nossa atenção foi o fato de que a maioria os verbos encontrados fazem parte da primeira conjugação verbal -ar, o que mostra o nível de resistência e produtividade dessa conjugação. Assim sendo, o conhecimento com o mundo é essencial para que o indivíduo obtenha a interpretação desses novos vocábulos, pois a interação que ele possui com essa área irá ajudá-lo na relação de significação com as terminologias. Desse modo, o significado do verbo permanecerá o mesmo, pois carregará a carga semântica de seu substantivo formador. Portanto, os verbos denominais têm crescido na língua portuguesa para atender a necessidade que a língua tem. Assim os verbos que antes não eram lexicalizados se apresentam na língua como verbos denominais para acompanhar tanto a tecnologia quanto os falantes. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASILIO, Margarida. Estruturas lexicais do português: uma abordagem gerativa. Petrópolis: Vozes,1980. ___________. Teoria lexical. São Paulo: Ática, 1987. ___________. Verbos em –a(r) em português: afixação ou conversão? Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, v. 9, nº. 2, p. 295-304, 1993. ___________. Formação e classes de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. BASSANI, Indaiá de Santana. Formação e interpretação dos verbos denominais do português do Brasil. 2009. 281 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, São Paulo. Disponível em: < www.teses.usp.br/..../ INDAIA_DE_SANTANA_BASSANI.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2010. ___________. Verbos denominais e a relação sincrônica com os substantivos formadores: Descrições. ReVEL, vol. 7, n. 12, 2009. Disponível em: <http://www.revel.inf.br/site2007/_pdf/14/artigos/revel_12_verbos_denominais.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2011. CAMARA JUNIOR, Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, 1970. COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. 7. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1976. CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 4. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2007. CHOMSKY, Noam. Remarks on Nominalization. In: JACOBS, R.; ROSENBAUM, P. (Ed.) Readings in english transformational grammar. Waltham, MA: Blaisdell, 1970. DICWEB. Dicionário de Informática Online. Disponível em: <http://www.dicweb.com/index.htm#>. Acesso em: 20 ago. 2010. HOUAISS. Antônio. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Objetiva. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: <http://castordownloads.net/?p=11810>. Acesso em: 25 ago. 2010. 37 ILARI, Rodolfo. Introdução ao estudo do léxico - brincando com as palavras. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2003. MATEUS, Maria Helena Mira et al. Gramática da língua portuguesa. 4. ed. Lisboa: Caminho, 1989. NATALI, Adriana. As Novas do Aurélio. Língua portuguesa, ano 5, nº 62, p. 52-55, dez. 2010. NEVES, Luiz Henrique Santana. Uma análise léxico- terminológica dos predicados complexos no Português: as construções com verbos- suporte na área de informática. 2006. 100 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Departamento de Linguística, Línguas Clássicas e Vernácula. Universidade de Brasília, Brasília. OLIVEIRA, Déborah Christina de Mendonça. Nominalizações no Português do Brasil: aspectos morfossintáticos e semânticos. 2005. 102 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Departamento de Linguística, Línguas Clássicas e Vernácula. Universidade de Brasília, Brasília. ROCHA, Luiz Carlos de Assis Rocha. Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte: UFMG, 1999. ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2002. 38 ANEXOS 39 Lista de verbos catalogados A B Backup: backupear – Cópia. Ban: banear- Forma reduzida para o verbo To Banish (banir). Comando efetuado pelo IRCop, em uma rede IRC, para expulsar definitivamente alguém que esteja incomodando. Cf. Rick. Bitmap: bitmapar- Representação digital de uma imagem, por um conjunto de bits. Blog: blogar- curruptela de weblog. Body: bodar- 1. Tag utilizada na construção de páginas HTML que delimita o corpo de um documento. 2. Conteúdo de uma mensagem de correio eletrônico, separadamente do cabeçalho. Bot: botear- Forma reduzida da palavra rebot. Programa utilizado em redes IRC para proteger e manter um canal em ordem, principalmente na ausência de um operador. Boot: bootar- O termo é usado para designar a execução de rotina automática que limpa a memória do computador, carrega o sistema operacional e prepara o sistema para o uso normal. Bounce: bouncear- Diz-se da mensagem do correio eletrônico devolvida ao emitente, por falha na entrega, causado por endereço inexistente ou equivocado. Bridger: bridgear- Dispositivo que conecta segmentos de redes permitindo a transmissão de dados entre elas. Broadcast: broadcastear- Difusão de sinais em que um mesmo conteúdo é transmitido para todos os receptores. Browser: browsear- Navegador. 40 Buffer: buffar ou buffear- Área reservada na memória de um computador para armazenamento temporário de dados que aguardam seu processamento. Bug: bugar- Erro na lógica de um programa que o impede de funcionar corretamente. Bullet: bulletar- Símbolo tipográfico, de formato variado, usado para destacar um bloco de texto. C Cello: cellar- Programa de navegação pela internet. Chat: chatar ou chatear- Programa que possibilita conversa em tempo real pelo computador entre internautas. Chrome: chromear: cromar. Click (clique): clickar- Onomatopeia que expressa um estalido seco, semelhante ao produzido toda vez que um dos botões do mouse é acionado. Compact: compactar- Recurso utilizado por um programa compactador. Cracker: crackear- Aficionado por informática, profundo conhecedor de linguagem de programação, que se dedica à compreensão mais íntima do funcionamento de sistemas operacionais e a desvendar códigos de acesso a outros computadores. Quebra senhas de acesso a redes, provedores, programas e computadores com fins criminosos. D Debug: debugar- Trabalho de pesquisa e correção de erros (bugs) de lógica e sintaxe em um programa. Defacer: defacear- Hacker que desfigura a home Page de um site, deixando-a em branco ou pichando frases sem sentido ou de protesto. 41 Delete: deletar- Ato de apagar alguma informação no computador. Disigner: disignear- É o profissional que está diretamente ligado a atividades relacionadas ao design. Download: downlodar- Ato de transferir cópias de um arquivo ou programa de um site ou de uma página da Web de um servidor para o computador do usuário. O mesmo que baixar. E E-book: ebookar- Toda a publicação digital lida por meio de um computador. F Facebook: facebokar- Rede social que permite o conhecimento acerca do “eu”, dos outros e a realidade vivida por cada um. Fake: fakear: falso File: filear- Arquivo Firefox: firefoxar- É um navegador livre e multi-plataforma. A intenção da fundação é desenvolver um navegador leve, seguro, intuitivo e altamente extensível. Firewall: firewallear- Dispositivo de segurança que monitora o tráfego de informação entre uma rede de computadores e a internet. Fireworks: fireworksar- É um editor de imagens, um software que se utiliza como ferramenta para desenhar, compor gráficos, projetar etc. Flash: flashear- Software desenvolvido para a criação de páginas na Web e seus componentes gráficos interativos como botões, banners etc. Flood: floodar- Diz-se, em uma rede IRC, da repetição desnecessária de uma mensagem ou da remessa de um texto excessivamente longo, enviados em um curto espaço de tempo. 42 Flog: flogar- Blog de fotos. Fotolog: fotologar- É um blog de fotos, ou seja, sites que permitem que você coloque fotos na Internet com facilidade e rapidez. G Google: googlar- Buscador da Web. H Hacker: hackear- Aficionado por informática, profundo conhecedor de linguagem de programação, que se dedica à compreensão mais íntima do funcionamento de sistemas operacionais e a desvendar códigos de acesso a outros computadores. Não invade sistemas com fins criminosos, mas para ampliar seus conhecimentos. Host: hostar ou hostear- Computador central que controla e armazena programas e dados utilizados por outros computadores conectados a uma rede. O mesmo que servidor. Hot site: hotsitar- Ferramenta de marketing para Internet que consiste em manter um website no ar. I Input: inputar- Designação para a informação enviada para processamento em um computador. Internet: internetar- Conjunto de redes de computadores, que se comunicam por meio dos protocolos TCP/IP. 43 J K Kick: kickear- “Chute”, comando efetuado pelo IRcop, em uma rede IRC, para afastar temporariamente alguém que esteja incomodado. Kill: killear- “Matar”, termo utilizado para designar a desconexão compulsória de um usuário de rede IRC, por mau comportamento. L Link: linkar- Vínculo Load: loadear- Carga, carregado. Log: logar- “Registro”, arquivo utilizado para registro de informações como solicitações de uma máquina ou sistema. Logoff: logoffar- Comando de desconexão em uma rede de comunicação. Logout: logoutear- O mesmo que logoff. Lurk: lurkar- Modalidade de participação em um grupo de discussão ou conferência on-line, em que a pessoa apenas ouve. M Mouse: mousear- Periférico que controla os movimentos do cursor na tela do computador, permitindo a abertura de programas e de menus e a seleção e execução de diversas funções por meio de um clique, entre outras funções. MSN: msnar- Software de troca de mensagens instantâneas pela internet. Mux: muxear- Multiplexador. 44 N Net: netar- Forma reduzida para Network, rede. O Orkut: orkutar- Site de relacionamentos que propõe o reencontro de pessoas e até mesmo novas amizades. Overclock: overclockar ou overlockear- Técnica que consiste em alterar as configurações da placa-mãe e do processador, a fim de aumentar a capacidade do microcomputador. P Patch: patchear- Remendo- Em programação de computadores diz-se da correção de uma deficiência no desempenho de uma rotina ou programa já existente. Photoshop: photoshopar ou photoshopear- É um software caracterizado como editor de imagens bidimensionais do tipo raster. Pixel: pixelar ou pixelear- Menor unidade de representação de uma imagem em um monitor. Poker: pokear- fisionomia. Q R Rebot: rebotar- Repelir. 45 Reboot: rebootar- Reinício. Reload: reloadear- Atual. Restart: restartar- Recomeço. Reset: resetar- “Recompor”, programa utilizado para reiniciar um computador. Ripper: ripar- Programas que copiam digitalmente arquivos de som de um CD para o disco rígido de um computador. Router: routear- Roteador. S Scanner: scannear- Periférico usado para digitalizar imagens e textos impressos. Screp: screpar- Pequeno recado. Script: Conjunto de comandos e parâmetros escritos numa determinada linguagem. Setup: setupear- Tempo decorrido para a troca (ferramenta, programa, equipamento) de um processo em execução até a inicialização do próximo processo de linguagem de programação para a execução automática de tarefas. Site: sitear- Conjunto de documentos escritos em linguagem HTML, pertencentes ao mesmo endereço (URL), disponível na Internet. Sniff: sniffear- “Farejador”, programa que monitora o fluxo de dados numa rede. Spam: spamar ou spamear- Mensagem não solicitada enviada por correio eletrônico a um grande número de destinatários. Start: startar- Ato de iniciar algo. Sumit: sumitar- Comando de linguagem HTML que define a criação, em uma página Web, de um botão que permite o envio de dados para um website. T 46 Twitter: twittar- Uma espécie de microblog, site da Internet do qual se pode escrever o que está acontecendo no exato momento. Uma espécie de diário em tempo real. U Unzip: unzipar- Ato de descompactar um arquivo de extensão. Zip. Upgrade: upgradear- Termo que designa a versão mais nova de um programa. Upload: uploadar- Ato de transferir para um computador remoto cópias de um arquivo ou programa. V W Wap: wapar- Método utilizado por hackers e crackers para encontrar redes desprovidas de proteção contra invasão. Wav: wavear- Formato de arquivo sonoro desenvolvido pela Microsoft e IBM para a plataforma Windows. Worm: wormar- Modalidade de disco, em que as informações gravadas não podem ser apagadas ou alteradas. X Y Yahoo: yahooar- Um dos primeiros e mais prestigiados mecanismos de busca da Web. 47 Z Zip: zipar- Forma genérica de referir-se a um arquivo compactado no formato zip.