Abandonar III CAPÍTULO Joãozinho o garoto desamparado que estava sendo levado para o outro abrigo, estava realmente triste não sabia como seria o seu viver dali por diante. No outro abrigo pelo menos não era o paraíso, mas ele estava aprendendo a conviver mesmo com os garotos de natureza briguenta, seus amigos deixados para traz, sua garota Aninha que só de pensar seu coração aumenta o compasso, aquela adolescente linda, órfã também mas convicta no teu modo de pensar. Aninha ao descrever o quanto sentia falta de sua mãe, fez Joãozinho voltar a desejar ter os pais tão desejado e ao mesmo tempo falar aquela triste frase do fim do II Capítulo: --- Mas porque eu ainda não tenho pais!?... Neste enlevo todo, depois de uma viajem e tanto, Joãozinho chegou no seu destino, o abrigo ou orfanato como queiram. Aquela casa imensa, notava-se ali algo de misterioso, como se tivesse retratado várias histórias tristes, muitos mas muitos mesmo abandonos. Até no extenso pomar tinha algo de tristeza. Ah! Os garotos colocados ali eram aqueles especiais, considerados de difícil relacionamento, com profissionais especializados na educação. Viram que Joãozinho se enquadrava assim. Na tua ficha estava escrito: --- Hiperatividade --- Inteligência elevada --- Agressividade quase no limite Esqueceram ou não puderam perceber que embora tudo isto, naquele garoto estava uma capacidade estupenda de amar. Ao coloca-lo ali no meio de mentes intempestivas, algumas tão revoltadas que a sementinha do amor em vez de ir germinando mais, ia morrendo gradativamente. E ao coloca-lo ali... Joãozinho observando atentamente aquela casa imensa, no seu cérebro privilegiado ia prescrevendo sua jornada naquele abrigo de aspecto quase fúnebre. Quantos garotos, dezenas talvez. As brigas naturalmente seriam inevitáveis, mas as amizades sinceras e duradouras também deveriam aparecer. Seu cérebro parecia equacionar tudo, que aconteceriam naquela casa cheia de garotos abandonados como ele. Deve ser por isto que ele sentia medo. Nos teus pensamentos retrocederam nos tempos. Naqueles tempos de seus 9 anos que viviam nas ruas. Um dia antes dele ser capturado para ser colocado no abrigo, depois de muito perambular, estando desiludido como o mundo. Imaginem, apenas 9 anos e tanta desilusão! Diversas vezes ele tinha ouvido falar de Jesus, tinha uma noção de como isso era importante, abaixo o poema que realmente com ele aconteceu: O MENINO E AS ESTRELAS Ele no seu abandono só tinha o desabafo com as imensidões de estrelas!... Esta noite estou vendo o céu, está cheio de estrelas cintilantes, contemplo-as, mas meu corpo está ao leo, oh! Felicidade, porque não me vens só por instantes? Porque a minha vida não tem belezas iguais a estas imensidões de estrelas? Não tenho pais nem amigos e jamais terei riquezas, só possuo vocês na noite pra admira-las!... Disseram-me que uma de vocês guiou os reis, para verem o menino Jesus que nascia, guia-me também antes que chegue o dia. No dia vocês desaparecem e eu ficarei novamente ao leo porque não poderei vê-las no céu!... No mundo eu perambulo quase sonâmbulo, me atacam, destes maus tratos me definho, sou alguém que vai caminhando sem rumo, sou um ser que vai sofrendo sem qualquer ninho, não, pode ser o paraíso aqui, nestas tristezas imensas, ao admira-las tanto, oh! estrelas belíssimas, eu penso que o céu está aí com felicidades intensas! Os versos ainda estavam nos seus pensamentos quando uma voz autoritária falou pra ele ir para os seus aposentos. CONTINUA...