O cinema como recurso pedagógico no ensino de história Cinema

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O cinema como recurso pedagógico no ensino de história
Cinema as educational resource in school history
Cine como recurso educativo en la história de la escuela
RESUMO
Na cultura contemporânea a imagem exerce um poder sobre a comunicação dos
espectadores e sujeitos sociais. O cinema além de ser uma imagem em movimento
é, também, uma arte e como tal, faz parte da expressão e produção humana. Desse
modo é considerado pelos historiadores um documento histórico, passível de ser
interpretado e analisado. Sem dúvida é um instrumento de apoio a um projeto
pedagógico que prime pela construção do conhecimento histórico a partir de uma
interação dinâmica entre professor e aluno. Observado os problemas de motivação
por parte dos educandos e educadores no que tange o ensino e o aprendizado de
História o cinema entra como um recurso pedagógico no ensino e compreensão de
História, para abolir a idéia de ensino cansativo e enfadonho e também para auxiliar
os professores quanto à diversificação dessa forma de mediação didática que vem
sendo aplicada á disciplina de História nas escolas. Desse modo, o interesse dos
alunos será despertado e o professor poderá ensinar-lhes a observar uma imagem
de forma crítica e reflexiva, pois, é possível ensinar História através de outros
documentos históricos que vão além do documento escrito e do livro didático.
Palavras-chave: História; Cinema; Educação.
ABSTRACT
In contemporary culture the image has a hold on the audience communication and
social subjects. The film also be a moving image is also and art and as such, forms
part of the human expression and production. Thus, it is considered by historians as
a historical document, which can be interpreted and analyzed. No doubt it is a means
of supporting an educational project that prime construction of historical knowledge
from a dynamic between teacher and student. Observed problems of motivation
among students and educators regarding teaching and learning of history, the film
comes as a pedagogical tool in teaching and understanding of history, to abolish the
idea of teaching tiring and boring and also to help teachers and diversification of this
form of mediation that has been applied for teaching the discipline of history in
schools. Thus, students’ interest is aroused and the teacher can teach them to
observe as image of a critical and reflexive, because it is possible to teach history
through other historical documents that go beyond the written document and the
textbook.
Keywords: History; Cinema; Education.
RESÚMEN
Em la cultura contemporânea de la imagen ejerce um poder sobre la cominicación
de los espectadores y sujetos sociales. El cine edemas de ser uma imagen em
movimento tambien es um arte y, como tal, parte de la expresión humana y la
producción. Por lo tanto, es considerado por los historiadores um documento
histórico que pueden ser interpretados y analizados. Sin duda, es una herramienta
de apoyo a un projecto pedagógico que la construccion principal del conocimiento
histórico a partir de una interacción dinâmica entre el profesor y el estudiante.
Problemas observados de motivación entre los estudiantes y los educadores sobre
la enseñanza y el aprendizaje de la historia entra em el cine como recurso didactico
em la enseñanza y la comprensión de la historia, para abolir la idea de la enseñanza
tedioso y aburrido, y también para ayudar a los profesores como diversificaccíon de
esta forma de enseñar que la mediación ha sido aplicada disciplina de la historia en
las escuelas. Por lo tanto, el interés de los estudiantes se encenderá y el profesor
puede enseñarles a observar uma imagen criticamente reflexivo y por lo tanto es
posible enseñar historia a través de otros documentos históricos que van más allá de
la escritura y libros de texto.
Palabras clave: Cine; Historia; Educación
1 INTRODUÇÃO
Na contemporaneidade a cultura da imagem tem influenciado na comunicação
e no cotidiano das pessoas. Por esse motivo, é considerada pelos historiadores
como um documento, uma fonte histórica. Devido a sua vasta disseminação a
cultura audiovisual se faz presente em vários níveis de acesso do espectador, desde
os meios de comunicação audiovisuais, até nas imagens do cotidiano (fotos,
outdoors, revistas) do espectador está acostumado a ver.
A presente proposta de pesquisa busca descobrir se outros recursos
pedagógicos contribuem para o conhecimento em sala de aula contrapondo a antiga
lógica do ensino de História enfadonho, cansativo e decorativo para que as aulas se
tornem mais agradáveis e atrativas.
Este trabalho também se propõe a mostrar a importância de utilizar em sala de
aula outros recursos didáticos além do livro didático recursos como: imagens,
música e filmes nas aulas de História a fim de explorar ao máximo toda reflexão que
o filme e estas mídias podem proporcionar em uma análise do panorama descritivo e
na contribuição do cinema como recurso pedagógico no ensino de História.
Observando os sérios problemas de motivação por parte de alunos e
professores no que tange o ensino/aprendizagem de História, este trabalho se
propõe a ser, dentro dos limites a que está sujeito, um auxílio aos professores. Para
que esses objetivos fossem cumpridos foi realizada como fundamentação
metodológica uma pesquisa bibliográfica em livros, revistas e artigos científicos
relacionados ao tema.
2 A RELAÇÃO CINEMA E HISTÓRIA
Sem dúvida, o trabalho do historiador consiste em interpretar os fatos históricos
ou as experiências humanas, por meio da análise de registros que foram deixados
por uma sociedade em um determinado tempo e local. A atual discussão da teoria
da história considera-se fonte histórica os mais variados documentos escritos, tanto
oficiais como obras literárias e material jornalístico. Também são fontes históricas as
expressões artísticas, desde as pinturas rupestres da Pré-história, passando pela
música e escultura, até as artes mais modernas como o cinema, objeto aqui
estudado, e a fotografia. Enfim, tudo o que nos permite perceber alguma coisa a
respeito das pessoas que produziram o material torna-se um documento histórico.
Atualmente o cinema é considerado uma fonte histórica, porém segundo Marc
Ferro isso nem sempre foi assim:
Sem pai nem mãe, órfã, prostituindo-se em meio ao povo, a
imagem não poderia ser uma companheira desses grandes
personagens que constituem a sociedade do historiador:
artigos de leis, tratados de comércio, declarações ministeriais,
ordens operacionais, discursos [...]. (Ferro, 2010, p. 29).
A imagem fílmica não poderia ser considerada documento, pois o historiador
não pode trabalhar com documentos reunidos por uma “montagem não controlável”,
por um truque, o historiador tem que mostrar provas do que está dizendo. Mas não
pode deixar de pensar que a escolha dos documentos, a forma de reuni-los também
pode ser considerada uma montagem, um truque, uma vez que tendo a
possibilidade de escolher os mesmos documentos os historiadores não terão a
mesma interpretação de um determinado fato.
Marc Ferro foi um dos primeiros historiadores a empregar o filme como fonte
documental e viu que esse documento possuía um caráter ideológico, político, social
e cultural de uma determinada cultura e/ou sociedade e de seus interesses
ideológicos. Nem sempre tratados de forma explícita, mas que podem ser
observados nas entrelinhas das imagens expostas no filme.
Partir da imagem, das imagens. Não buscar nelas somente
ilustração, confirmação ou o desmentido do outro saber que é o
da tradição escrita. Considerar as imagens como tais, com o
risco de apelar para outros saberes para melhor compreendelas [...] Qual é a hipótese? Que o filme, imagem ou não da
realidade, documento ou ficção, intriga autêntica ou pura
invenção é História. E qual o postulado? Que aquilo que não
aconteceu [...] as crenças as intenções, o imaginário do
homem, são tão História quanto a História. (Ibid.: 2010, p. 32).
A partir da década de 1960, uma nova corrente historiografia, denominada
Nova História, trouxe uma nova perspectiva aos estudos históricos, contribuindo
para o surgimento de diferentes reflexões, métodos de abordagens e objetos de
estudos, dando importância a sujeitos e objetos que até então eram desprezados
pela historiografia tradicional e possibilitando trabalhar novas fontes, além da escrita
“não vistas como neutras e imparciais, mas passíveis de análise crítica”. (Reali,
N.G.)
No final da década de 1970, Marc Ferro, pensa o cinema, como documento
histórico, próprio para a análise histórica. Toda fonte documental, podendo esta ser
escrita, arqueológica, oral, dentre outros, em específico neste estudo o cinema, para
ser considerado legítimo na construção do saber histórico necessita ser questionado
pelo pesquisador, pois o objeto de estudo foi produzido em determinado tempo, local
e, com isso sofre as influências de sua época, e de quem o criou. O filme é fruto da
sociedade que o produziu, ele mostra de forma indireta os valores, as convicções
que orientam as ações, os costumes, a mentalidade coletiva, os sentimentos, as
paixões, os interesses e os sofrimentos. O historiador precisa saber antes de
qualquer coisa, que não existe verdade em relação ao passado, que a história é feita
de interpretações. Dessa forma o filme jamais mostrará o fato histórico exatamente
como aconteceu, mas sim a representação de um determinado grupo tem do que
aconteceu, tem-se assim, a consciência da inevitabilidade de certo anacronismo.
O cinema é uma fonte documental que recentemente passou a fazer parte da
gama de documentos a ser utilizado pelos historiadores. Em nossa cultura
contemporânea a imagem desempenha grande poder sobre a convicção dos
sujeitos históricos e, como vimos, é tido como documento. Desse modo, tem o poder
em passar para os alunos algo de concreto, que mexa com o imaginário e ao
mesmo tempo possam criar um olhar crítico enquanto espectadores e também
protagonistas da construção da História. Contudo, tomando os devidos cuidados,
pois é parte do trabalho do professor desmistificar que o filme, principalmente os
filmes históricos, que para o educando é sinônimo de realidade.
A escola e conseqüentemente as aulas precisam acompanhar as mudanças
que vêm ocorrendo na sociedade contemporânea. E com isso, tem a função de
tornar as aulas mais atrativas para que os alunos se interessem em aprender. É
inegável o fato que a atual sociedade está vivendo em um mundo em que a
tecnologia está em constante evolução e fazendo cada vez mais parte do nosso diaa-dia, nesse sentido, é interessante o professor utilizar esses elementos
tecnológicos em suas aulas como no caso, o uso de um novo documento, para
poder analisar, compreender e aprender História, ou seja, o filme cinematográfico.
O professor de História tem a função de descobrir e trabalhar com novos
métodos, com novas fontes documentais, deixando de ser escravo do livro didático
tornando suas aulas mais dinâmicas, motivando seus alunos e enfim acabar com a
História tradicional a qual exalta os grandes homens e dos grandes fatos e de que
só aprende História quem memoriza. Práticas que infelizmente ainda são vistas nas
aulas de História.
Os métodos tradicionais de ensino têm sido questionados com
maior ênfase. Os livros didáticos, difundidos amplamente e
enraizados
questionados
nas
em
práticas
relação
escolares,
aos
passaram
conteúdos
e
a
ser
exercícios
propostos. A simplificação dos textos, os conteúdos carregados
de ideologias, os testes ou exercícios sem exigência de
nenhum raciocínio são apontados como comprometedores de
qualquer avanço que se faça no campo curricular formal.
Dessa forma, o ensino de História atualmente está em
processo de mudanças substantivas em seu conteúdo e
método. [...] a História tem permanecido distante dos interesses
do aluno [...] Reafirmar sua importância no currículo não se
prende somente com uma preocupação com a identidade
nacional, mas sobretudo, no que a disciplina pode dar como
contribuição específica ao desenvolvimento dos alunos como
sujeitos conscientes, capazes de entender a História como
conhecimento, como experiência e prática de cidadania. (PCN
História e Geografia, 1997, p. 25).
Segundo Mônica Lima (2009), uma das idéias que ganhou espaço foi a de que
o professor não apenas repassa conhecimentos, mas cria e reproduz um saber
próprio quando constrói sua aula. O professor é mais que um intermediador entre o
conhecimento acadêmico e o ensino escolar. Pensando nisso acredita-se na
possibilidade deste trabalho, por intermédio do professor, chegar à sala de aula e
contribuir para a reflexão sobre a História utilizando novas fontes documentais como
a sétima arte.
3 A ARTE CINEMATOGRÁFICA E A EDUCAÇÃO: O CINEMA NA SALA DE AULA
No século XXI a imagem tornou-se elemento central na vida dos homens,
graças ao desenvolvimento dos meios de comunicação de massa e, sem dúvida,
tornou-se também um importante veículo de difusão de conhecimento.
Em meio a tantas transformações culturais, surge a necessidade de repensar a
escola inserida nessa sociedade que sofreu transformações. Devido a esse
pensamento o audiovisual ganhou espaço na educação, dessa forma, o cinema
entrou nas escolas, como uma nova ferramenta que auxilia o professor no processo
de ensino e aprendizagem. Porém, a questão a ser pensada é a maneira como ele
vem sendo utilizado pelos professores1.
Para muitos estudiosos o cinema deve ser visto como uma forma de obter
conhecimento da História
A função didática da relação cinema-História se substancia na
utilização de um novo método aplicado ao ensino: o uso da
linguagem cinematográfica como instrumento auxiliar na
formação histórica, com a finalidade de integrar, orientar e
estimular a capacidade de análise dos estudantes. (Nóvoa,
1998, p.5)
As imagens vêm sendo utilizadas pela sociedade humana desde a préhistória, com diversas finalidades e, sem dúvida, fazem parte do cotidiano das
pessoas, não podendo ser desconsideradas. Sendo assim, trabalhar com o filme em
sala de aula é um meio de levar o conhecimento histórico e aproximá-lo dos
estudantes.
O cinema, há mais de cem anos, permite ao homem produzir e consumir uma
variedade de imagens que servem tanto para entretenimento passivo, ou seja, um
1
Ver capítulos 4 Estratégias de trabalho com o cinema na escola: pequeno compêndio de sugestão
de trabalho e 4.1 Sugestão de analise do filme Germinal baseada nos estudiosos acima arrolados e
concluí.
consumidor da imagem, quanto para a difusão de idéias, emoções e expressões
mais elaboradas. A produção fílmica, inicialmente destinada ao cinema, conquistou
um espaço ainda mais significativo com o advento da televisão, do vídeo e da
multimídia. Com uma linguagem versátil, compreende, além de um corpo de
conhecimento notável, mecanismos que interagem com outras linguagens,
dialogando com várias expressões artísticas tais como: o teatro, a dança, a
literatura, a poesia, a música, a moda, as histórias em quadrinhos, a fotografia e
outras artes plásticas. Essa combinação envolve todos os sentidos e amplia ainda
mais a materialidade de um filme.
Desde sua invenção, o cinema compreende temas gerais, científicos,
filosóficos, históricos, cotidianos, políticos ou culturais, registrando por meio da
imagem em movimento todos os tipos de assuntos. Não há nenhuma novidade em
dizer que o cinema, nesse sentido, constitui uma linguagem de formação.
Entretanto,
é
visto
com
frequência
de
forma
superficial
e
subjetiva,
descaracterizando seu potencial como linguagem de conhecimento. Dessa forma
todo filme requer compreensão como suporte efetivo de pensamento e da reflexão e
pode ser utilizado como recurso didático para uma formação mais profunda, reflexiva
e crítica.
Segundo Duarte (2006) ver filmes é uma prática tão importante, do ponto de
vista da formação cultural e educacional das pessoas, quanto a leitura de obras
literárias, filosóficas, sociológicas e tantas mais. Sendo o filme usado como meio de
ensinar
tem
a
oportunidade
de
enfocar
aspectos
históricos,
literários e
cinematográficos, seja em forma separada ou em conjunto. Desse modo, há a
possibilidade de serem trabalhados temas transversais, estabelecidos pelos
Parâmetros
Curriculares
Nacionais
(PCN),
estes
temas
constituem
uma
possibilidade do saber, da memória, do raciocínio, da imaginação, dentre outros, ou
seja, da interdisciplinaridade dos saberes.
“A utilização do cinema na escola pode ser considerada, em linhas gerais,
num grande campo de atuação pedagógica” (Napolitano, 2005, p.12). O cinema é
uma ferramenta de trabalho motivadora, bem como um instrumento capaz de
envolver uma interdisciplinaridade e conteúdos programáticos em um mesmo
momento. Um dos motivos mais importantes para o uso do cinema na educação é
que o cinema motiva para a aprendizagem.
Não se deve esquecer, no entanto, que levar o cinema para a sala de aula
não é tarefa fácil. A atividade escolar com o cinema deve ir além da experiência do
dia-a-dia: assistir um filme na escola não deve ser como fazê-lo em casa ou no
cinema. O professor tem papel fundamental nessa atividade, possuindo uma posição
de mediador que irá propor leituras mais ambiciosas, incentivando os alunos a se
tornarem expectadores mais exigentes e críticos. “O professor deve se mostrar
como um espectador crítico e experiente para que os alunos aprendam a se
posicionar frente ao que vêem”, explica Silvinha Meireles, coordenadora do
programa Cine-Educação da cinemateca brasileira de São Paulo.
4 ESTRATÉGIAS DE TRABALHO COM O CINEMA NA ESCOLA: PEQUENO
COMPÊNDIO DE SUGESTÃO DE TRABALHO.
Segundo João Luis de Almeida Machado1 para trabalhar com o filme em sala
de aula é necessário que o professor se prepare antecipadamente para isso, o
primeiro passo é a escolha do filme a ser exibido aos alunos sendo essencial que se
respeite a faixa etária dos mesmos, tomando cuidado para não passar um filme que
seja inadequado para a idade dos alunos.
Na escola o nosso compromisso profissional deve ser de
prezar pela formação integral, plena e adequada de nossos
pupilos. Nesse sentido, ao passar filmes, o professor deve
preocupar-se em apresentar filmes adequados à faixa etária
dos
estudantes,
pois
isto
certamente
constitui
uma
demonstração de respeito com o público com o qual está
lidando.
É aconselhável que o professor utilize filmes “como apoio às atividades
previstas na grade curricular, como apoio a aulas expositivas, leituras, trabalhos em
grupo”, ou seja, o filme deve ser usado como uma atividade para completar algo que
esteja sendo trabalhado e não descontextualizado.
O planejamento faz toda a diferença por orientar as ações (...)
os vícios por sua vez, relaciona-se a hábitos perniciosos como
apresentar o filme para apenas ocupar o tempo da aula, utilizar
filmes sem planejamento anterior, usar produções sem
conhecimento prévio.
1
MACHADO, João Luis Almeida. Vários artigos in www.planetaeducacao.com.br.
Depois de escolhido o filme de acordo com o conteúdo, com a disciplina e
também de acordo com a faixa etária dos alunos o professor deve assistir ao filme e
fazer anotações sobre o mesmo.
Antes de trabalhar com a turma, ou seja, como uma etapa
fundamental que deve ser realizada previamente para que sua
aula utilizando o filme dê certo, você deve fazer anotações
sobre o material escolhido (...) É hora de escrever sobre o que
viu. Parece muito fácil à primeira vista, o que procede se
pensarmos que o essencial é reproduzirmos o que foi
apresentado. No entanto, nosso olho clínico, de especialistas
em determinados assuntos tem que ir mais longe do que aquilo
que nossos alunos e outras pessoas que não dominam o
assunto conseguem!
Ainda segundo Machado essa etapa de realizar as anotações irá facilitar a
preparação de atividades para serem trabalhadas com os alunos e ao apresentar o
filme para os estudantes o professor poderá chamar-lhes a atenção para os
aspectos que considerar fundamentais nos trechos visualizados.
Não é recomendável que os alunos façam anotações durante a apresentação
do filme, pois isso dispersa a atenção para os detalhes da trama, do cenário, do
figurino, entre outros elementos que podem ser utilizados pelo professor em
atividades posteriores.
Aulas expositivas que transcorrem depois da apresentação
devem ser utilizadas para referendar os pontos importantes
disponibilizados pelo filme, aprofundar o assunto e introduzir
idéias que tenham passado desapercebidas, sem que tenham
sido mencionadas; novamente cabe ao professor utilizar os
recursos
complementares
para
que
suas
aulas
sejam
elucidativas, interessantes e para que a atenção e a
participação dos educandos sejam contínua.
Outra etapa a ser seguida pelos professores que desejam trabalhar com o
filme, destacada por Machado é a preparação do professor sobre o assunto
abordado no filme para não correr o risco de passar por constrangimentos de não
saber sanar a dúvida de algum aluno no momento da aula.
Não
podemos
nos
esquecer
de
nós
mesmos,
nossa
preparação e relação ao tema ( se as leituras estão em dia, se
os pormenores do assunto são conhecidos, o que tem saído de
novo sobre tal temática, as resenhas publicadas nos principais
jornais e revistas sobre o assunto, se o filme escolhido já foi
analisado por especialistas em educação e cinema) (...)
Noeli Gemelli Reali1 pesquisadora no assunto destaca que o vídeo não deve
ser usado como “tapa-buraco”, ou seja, colocar o vídeo quando há um problema
inesperado ou também exibir um vídeo sem muita ligação com a matéria segundo
ela: “não é satisfatório didaticamente exibir o filme sem discuti-lo, sem integrá-lo com
o assunto da aula”.
De acordo com Realli o primeiro critério apresentado para a utilização do
vídeo em sala de aula é o planejamento “traçar objetivos, como: qual a contribuição
pedagógica, reflexiva que o filme e as atividades relacionadas podem proporcionar
aos estudantes”.
Para isso é necessário apresentar aos alunos a ficha técnica do filme antes
da exibição do mesmo, fazer indicações e comentários sobre o filme. Também há a
possibilidade de trabalhar com “grupos simples com tarefas diversas, os estudantes
são provocados a analisar o filme sob diversos ângulos”. Outra forma interessante
de trabalhar com filmes é utilizá-los em duplas, utilizando dois filmes com posições
divergentes sobre um mesmo assunto.
1
REALI, Noeli Gemelli O filme como documento histórico. Disponível em:
<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1918-6.pdf>
4.1 SUGESTÃO DE ANÁLISE DO FILME GERMINAL BASEADA NOS ESTUDOS
ACIMA ARROLADOS.
Ficha Técnica:
País/Ano de produção:- França, 1993
Duração/Gênero:- 158 min., drama
Disponível em vídeo
Direção de Claude Berri
Elenco:- Gerárd Depárdieu, Miou-Miou, Jean Carmet, Renaud, Jean-Roger Milo.
Germinal é um filme francês de 1993 baseado no livro de Émile Zola de
mesmo nome. Germinal refere-se ao início dos movimentos grevistas e de uma
atitude por parte dos trabalhadores das minas de carvão do século XIX na França
em relação à exploração de seus patrões. Nesse período alguns países passavam
pela industrialização ao lado da pioneira Inglaterra, dentre eles a França, palco das
ações representadas no filme.
A forma como as ações ocorrem no filme torna os acontecimentos chocantes,
esse discurso agressivo do diretor Berri tem a intenção de chamar a atenção para as
dificuldades sofridas pelos operários no século XIX.
Inseridos na escuridão das minas de carvão, sujo, roubado, esgotado,
trabalhando em condições desumanas, sujeitos a acidentes que podem tirar-lhes a
vida ou mutilá-los, recebendo baixos salários, cumprindo longas jornadas de
trabalho, assim é mostrado o operário francês no filme, diante dessas condições o
que resta aos trabalhadores é lutar contra aqueles que os oprimem.
A história do filme gira em torno de uma família de operários de uma mina de
carvão na França no século XIX vivendo em situação de penúria, o chefe dessa
família se vê obrigado a tomar providências e é estimulado pela chegada de outro
operário que possui experiência em termos de formação de movimentos
reivindicatórios. O primeiro passo é criar condições de sobrevivência para os
trabalhadores, tendo em vista que uma greve poderia se estender por um longo
período, por isso criaram um fundo de resistência, com o qual todos os operários
deveriam contribuis. A diminuição dos salários e a despreocupação dos patrões em
relação à segurança dos trabalhadores aumentam ainda mais as tensões. Paralelo
ao problema dos trabalhadores pode-se acompanhar a burguesia e o seu cotidiano
luxuoso com o total descaso com o mundo que existe ale dos seus portões.
Sem dúvida trabalhar com Germinal é necessário um planejamento prévio
através do qual o professor tenha clareza quanto aos objetivos relativos à utilização
do filme. Definir qual a relação entre o filme e os conteúdos que estão sendo
trabalhados em sala de aula, no caso do filme Germinal é interessante que seja
trabalhado com os alunos do segundo ano do Ensino Médio juntamente com o
conteúdo sobre a Revolução Industrial para que os alunos possam compreender as
conseqüências sociais da Revolução Industrial.
Nesse planejamento o professor deve pensar quais elementos principais
devem ser abordados antes, durante e depois do filme. Sugerimos que seja
disponibilizada aos alunos a ficha técnica do filme previamente à apresentação do
mesmo. No planejamento o professor deve apresentar as atividades que serão
realizadas com a exibição do filme e do texto a ser lido com relação ao tema da aula.
Antes de exibir aos alunos o professor deve assisti-lo para apreender o
sentido e o tema do filme, pois é importante desconstruir a narrativa fílmica, com
seus múltiplos personagens e situações-chaves. O rigor analítico e a precisão de
detalhes são decisivos.
Deve-se distinguir o eixo temático principal e os temas significativos primários
e secundários sugeridos pelo filme, ou seja, seus eixos temáticos principais e de
segunda ordem. Em Germinal o eixo temático principal são as conseqüências
sociais causadas pela Revolução Industrial e a situação em que vivia a classe
trabalhadora, já os temas secundários são o surgimento da Internacional Comunista,
o anarquismo, a luta de classes e o movimento trabalhista. Pode ser realizado um
trabalho paralelo entre a leitura de trechos do livro, sendo supervisionada pelo
professor, e também leitura de textos dos intelectuais que abordam os temas das
lutas de classes, com uma explanação oral feita pelo professor sobre as condições
em que se desenvolveu o movimento trabalhista ao longo do século XIX na Europa,
esse trabalho fará a compreensão do filme e os problemas entre patrões e
empregados sejam mais bem compreendidos pelos estudantes.
É papel do professor capacitar-se teoricamente em relação ao tema do filme,
mediar a prática reflexiva, favorecer o estudo prévio dos elementos teórico-
analíticos, evitar o subjetivismo, procurando cruzar as informações e solicitar um
relatório de análise do filme feito individualmente ou em grupo.
Propomos que a atividade seja realizada em grupos, pois, desse modo, os
alunos podem trocar idéias entre si, despertando uns nos outros a atenção quanto a
aspectos que não foram percebidos, discutindo questões propostas pelo professor e
a partir disso escreverem sobre o que viram e compreenderam.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos argumentos abordados neste trabalho e da pesquisa realizada
pode-se pensar que é possível e necessário utilizar o cinema em sala de aula, uma
vez que o cinema contribui para o ensino/aprendizagem de História, porém, o que
não deve acontecer é utilizar a imagem sem contextualizá-la e sem um
planejamento prévio. O cinema sendo um documento histórico e uma arte que
engloba outras artes, tais como: música, dança, pintura, escultura, teatro e a
literatura, deve ser utilizado pelo professor como recurso didático para uma
formação mais profunda, reflexiva e crítica de seus alunos.
O cinema, desde que usado de maneira coerente, motiva os alunos para a
aprendizagem e vai além do conteúdo ilustrativo, dinâmico, belo e mágico para
situar-se como uma importante ferramenta de apoio a um projeto pedagógico que
prime reflexão e construção do conhecimento a partir de um relacionamento aberto e
dinâmico entre professor/alunos.
Deste modo, é evidente que o cinema contribui para a aprendizagem de
História e também para a formação crítica dos alunos, uma vez que, a utilização de
novos documentos e novos métodos de ensino estimula os educandos a aprender e
a se interessarem pelos estudos desde que, sejam tomadas as devidas precauções
para a utilização dessa poderosa ferramenta de trabalho que sem dúvida é a sétima
arte.
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