O cinema como recurso pedagógico no ensino de história Cinema as educational resource in school history Cine como recurso educativo en la história de la escuela RESUMO Na cultura contemporânea a imagem exerce um poder sobre a comunicação dos espectadores e sujeitos sociais. O cinema além de ser uma imagem em movimento é, também, uma arte e como tal, faz parte da expressão e produção humana. Desse modo é considerado pelos historiadores um documento histórico, passível de ser interpretado e analisado. Sem dúvida é um instrumento de apoio a um projeto pedagógico que prime pela construção do conhecimento histórico a partir de uma interação dinâmica entre professor e aluno. Observado os problemas de motivação por parte dos educandos e educadores no que tange o ensino e o aprendizado de História o cinema entra como um recurso pedagógico no ensino e compreensão de História, para abolir a idéia de ensino cansativo e enfadonho e também para auxiliar os professores quanto à diversificação dessa forma de mediação didática que vem sendo aplicada á disciplina de História nas escolas. Desse modo, o interesse dos alunos será despertado e o professor poderá ensinar-lhes a observar uma imagem de forma crítica e reflexiva, pois, é possível ensinar História através de outros documentos históricos que vão além do documento escrito e do livro didático. Palavras-chave: História; Cinema; Educação. ABSTRACT In contemporary culture the image has a hold on the audience communication and social subjects. The film also be a moving image is also and art and as such, forms part of the human expression and production. Thus, it is considered by historians as a historical document, which can be interpreted and analyzed. No doubt it is a means of supporting an educational project that prime construction of historical knowledge from a dynamic between teacher and student. Observed problems of motivation among students and educators regarding teaching and learning of history, the film comes as a pedagogical tool in teaching and understanding of history, to abolish the idea of teaching tiring and boring and also to help teachers and diversification of this form of mediation that has been applied for teaching the discipline of history in schools. Thus, students’ interest is aroused and the teacher can teach them to observe as image of a critical and reflexive, because it is possible to teach history through other historical documents that go beyond the written document and the textbook. Keywords: History; Cinema; Education. RESÚMEN Em la cultura contemporânea de la imagen ejerce um poder sobre la cominicación de los espectadores y sujetos sociales. El cine edemas de ser uma imagen em movimento tambien es um arte y, como tal, parte de la expresión humana y la producción. Por lo tanto, es considerado por los historiadores um documento histórico que pueden ser interpretados y analizados. Sin duda, es una herramienta de apoyo a un projecto pedagógico que la construccion principal del conocimiento histórico a partir de una interacción dinâmica entre el profesor y el estudiante. Problemas observados de motivación entre los estudiantes y los educadores sobre la enseñanza y el aprendizaje de la historia entra em el cine como recurso didactico em la enseñanza y la comprensión de la historia, para abolir la idea de la enseñanza tedioso y aburrido, y también para ayudar a los profesores como diversificaccíon de esta forma de enseñar que la mediación ha sido aplicada disciplina de la historia en las escuelas. Por lo tanto, el interés de los estudiantes se encenderá y el profesor puede enseñarles a observar uma imagen criticamente reflexivo y por lo tanto es posible enseñar historia a través de otros documentos históricos que van más allá de la escritura y libros de texto. Palabras clave: Cine; Historia; Educación 1 INTRODUÇÃO Na contemporaneidade a cultura da imagem tem influenciado na comunicação e no cotidiano das pessoas. Por esse motivo, é considerada pelos historiadores como um documento, uma fonte histórica. Devido a sua vasta disseminação a cultura audiovisual se faz presente em vários níveis de acesso do espectador, desde os meios de comunicação audiovisuais, até nas imagens do cotidiano (fotos, outdoors, revistas) do espectador está acostumado a ver. A presente proposta de pesquisa busca descobrir se outros recursos pedagógicos contribuem para o conhecimento em sala de aula contrapondo a antiga lógica do ensino de História enfadonho, cansativo e decorativo para que as aulas se tornem mais agradáveis e atrativas. Este trabalho também se propõe a mostrar a importância de utilizar em sala de aula outros recursos didáticos além do livro didático recursos como: imagens, música e filmes nas aulas de História a fim de explorar ao máximo toda reflexão que o filme e estas mídias podem proporcionar em uma análise do panorama descritivo e na contribuição do cinema como recurso pedagógico no ensino de História. Observando os sérios problemas de motivação por parte de alunos e professores no que tange o ensino/aprendizagem de História, este trabalho se propõe a ser, dentro dos limites a que está sujeito, um auxílio aos professores. Para que esses objetivos fossem cumpridos foi realizada como fundamentação metodológica uma pesquisa bibliográfica em livros, revistas e artigos científicos relacionados ao tema. 2 A RELAÇÃO CINEMA E HISTÓRIA Sem dúvida, o trabalho do historiador consiste em interpretar os fatos históricos ou as experiências humanas, por meio da análise de registros que foram deixados por uma sociedade em um determinado tempo e local. A atual discussão da teoria da história considera-se fonte histórica os mais variados documentos escritos, tanto oficiais como obras literárias e material jornalístico. Também são fontes históricas as expressões artísticas, desde as pinturas rupestres da Pré-história, passando pela música e escultura, até as artes mais modernas como o cinema, objeto aqui estudado, e a fotografia. Enfim, tudo o que nos permite perceber alguma coisa a respeito das pessoas que produziram o material torna-se um documento histórico. Atualmente o cinema é considerado uma fonte histórica, porém segundo Marc Ferro isso nem sempre foi assim: Sem pai nem mãe, órfã, prostituindo-se em meio ao povo, a imagem não poderia ser uma companheira desses grandes personagens que constituem a sociedade do historiador: artigos de leis, tratados de comércio, declarações ministeriais, ordens operacionais, discursos [...]. (Ferro, 2010, p. 29). A imagem fílmica não poderia ser considerada documento, pois o historiador não pode trabalhar com documentos reunidos por uma “montagem não controlável”, por um truque, o historiador tem que mostrar provas do que está dizendo. Mas não pode deixar de pensar que a escolha dos documentos, a forma de reuni-los também pode ser considerada uma montagem, um truque, uma vez que tendo a possibilidade de escolher os mesmos documentos os historiadores não terão a mesma interpretação de um determinado fato. Marc Ferro foi um dos primeiros historiadores a empregar o filme como fonte documental e viu que esse documento possuía um caráter ideológico, político, social e cultural de uma determinada cultura e/ou sociedade e de seus interesses ideológicos. Nem sempre tratados de forma explícita, mas que podem ser observados nas entrelinhas das imagens expostas no filme. Partir da imagem, das imagens. Não buscar nelas somente ilustração, confirmação ou o desmentido do outro saber que é o da tradição escrita. Considerar as imagens como tais, com o risco de apelar para outros saberes para melhor compreendelas [...] Qual é a hipótese? Que o filme, imagem ou não da realidade, documento ou ficção, intriga autêntica ou pura invenção é História. E qual o postulado? Que aquilo que não aconteceu [...] as crenças as intenções, o imaginário do homem, são tão História quanto a História. (Ibid.: 2010, p. 32). A partir da década de 1960, uma nova corrente historiografia, denominada Nova História, trouxe uma nova perspectiva aos estudos históricos, contribuindo para o surgimento de diferentes reflexões, métodos de abordagens e objetos de estudos, dando importância a sujeitos e objetos que até então eram desprezados pela historiografia tradicional e possibilitando trabalhar novas fontes, além da escrita “não vistas como neutras e imparciais, mas passíveis de análise crítica”. (Reali, N.G.) No final da década de 1970, Marc Ferro, pensa o cinema, como documento histórico, próprio para a análise histórica. Toda fonte documental, podendo esta ser escrita, arqueológica, oral, dentre outros, em específico neste estudo o cinema, para ser considerado legítimo na construção do saber histórico necessita ser questionado pelo pesquisador, pois o objeto de estudo foi produzido em determinado tempo, local e, com isso sofre as influências de sua época, e de quem o criou. O filme é fruto da sociedade que o produziu, ele mostra de forma indireta os valores, as convicções que orientam as ações, os costumes, a mentalidade coletiva, os sentimentos, as paixões, os interesses e os sofrimentos. O historiador precisa saber antes de qualquer coisa, que não existe verdade em relação ao passado, que a história é feita de interpretações. Dessa forma o filme jamais mostrará o fato histórico exatamente como aconteceu, mas sim a representação de um determinado grupo tem do que aconteceu, tem-se assim, a consciência da inevitabilidade de certo anacronismo. O cinema é uma fonte documental que recentemente passou a fazer parte da gama de documentos a ser utilizado pelos historiadores. Em nossa cultura contemporânea a imagem desempenha grande poder sobre a convicção dos sujeitos históricos e, como vimos, é tido como documento. Desse modo, tem o poder em passar para os alunos algo de concreto, que mexa com o imaginário e ao mesmo tempo possam criar um olhar crítico enquanto espectadores e também protagonistas da construção da História. Contudo, tomando os devidos cuidados, pois é parte do trabalho do professor desmistificar que o filme, principalmente os filmes históricos, que para o educando é sinônimo de realidade. A escola e conseqüentemente as aulas precisam acompanhar as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade contemporânea. E com isso, tem a função de tornar as aulas mais atrativas para que os alunos se interessem em aprender. É inegável o fato que a atual sociedade está vivendo em um mundo em que a tecnologia está em constante evolução e fazendo cada vez mais parte do nosso diaa-dia, nesse sentido, é interessante o professor utilizar esses elementos tecnológicos em suas aulas como no caso, o uso de um novo documento, para poder analisar, compreender e aprender História, ou seja, o filme cinematográfico. O professor de História tem a função de descobrir e trabalhar com novos métodos, com novas fontes documentais, deixando de ser escravo do livro didático tornando suas aulas mais dinâmicas, motivando seus alunos e enfim acabar com a História tradicional a qual exalta os grandes homens e dos grandes fatos e de que só aprende História quem memoriza. Práticas que infelizmente ainda são vistas nas aulas de História. Os métodos tradicionais de ensino têm sido questionados com maior ênfase. Os livros didáticos, difundidos amplamente e enraizados questionados nas em práticas relação escolares, aos passaram conteúdos e a ser exercícios propostos. A simplificação dos textos, os conteúdos carregados de ideologias, os testes ou exercícios sem exigência de nenhum raciocínio são apontados como comprometedores de qualquer avanço que se faça no campo curricular formal. Dessa forma, o ensino de História atualmente está em processo de mudanças substantivas em seu conteúdo e método. [...] a História tem permanecido distante dos interesses do aluno [...] Reafirmar sua importância no currículo não se prende somente com uma preocupação com a identidade nacional, mas sobretudo, no que a disciplina pode dar como contribuição específica ao desenvolvimento dos alunos como sujeitos conscientes, capazes de entender a História como conhecimento, como experiência e prática de cidadania. (PCN História e Geografia, 1997, p. 25). Segundo Mônica Lima (2009), uma das idéias que ganhou espaço foi a de que o professor não apenas repassa conhecimentos, mas cria e reproduz um saber próprio quando constrói sua aula. O professor é mais que um intermediador entre o conhecimento acadêmico e o ensino escolar. Pensando nisso acredita-se na possibilidade deste trabalho, por intermédio do professor, chegar à sala de aula e contribuir para a reflexão sobre a História utilizando novas fontes documentais como a sétima arte. 3 A ARTE CINEMATOGRÁFICA E A EDUCAÇÃO: O CINEMA NA SALA DE AULA No século XXI a imagem tornou-se elemento central na vida dos homens, graças ao desenvolvimento dos meios de comunicação de massa e, sem dúvida, tornou-se também um importante veículo de difusão de conhecimento. Em meio a tantas transformações culturais, surge a necessidade de repensar a escola inserida nessa sociedade que sofreu transformações. Devido a esse pensamento o audiovisual ganhou espaço na educação, dessa forma, o cinema entrou nas escolas, como uma nova ferramenta que auxilia o professor no processo de ensino e aprendizagem. Porém, a questão a ser pensada é a maneira como ele vem sendo utilizado pelos professores1. Para muitos estudiosos o cinema deve ser visto como uma forma de obter conhecimento da História A função didática da relação cinema-História se substancia na utilização de um novo método aplicado ao ensino: o uso da linguagem cinematográfica como instrumento auxiliar na formação histórica, com a finalidade de integrar, orientar e estimular a capacidade de análise dos estudantes. (Nóvoa, 1998, p.5) As imagens vêm sendo utilizadas pela sociedade humana desde a préhistória, com diversas finalidades e, sem dúvida, fazem parte do cotidiano das pessoas, não podendo ser desconsideradas. Sendo assim, trabalhar com o filme em sala de aula é um meio de levar o conhecimento histórico e aproximá-lo dos estudantes. O cinema, há mais de cem anos, permite ao homem produzir e consumir uma variedade de imagens que servem tanto para entretenimento passivo, ou seja, um 1 Ver capítulos 4 Estratégias de trabalho com o cinema na escola: pequeno compêndio de sugestão de trabalho e 4.1 Sugestão de analise do filme Germinal baseada nos estudiosos acima arrolados e concluí. consumidor da imagem, quanto para a difusão de idéias, emoções e expressões mais elaboradas. A produção fílmica, inicialmente destinada ao cinema, conquistou um espaço ainda mais significativo com o advento da televisão, do vídeo e da multimídia. Com uma linguagem versátil, compreende, além de um corpo de conhecimento notável, mecanismos que interagem com outras linguagens, dialogando com várias expressões artísticas tais como: o teatro, a dança, a literatura, a poesia, a música, a moda, as histórias em quadrinhos, a fotografia e outras artes plásticas. Essa combinação envolve todos os sentidos e amplia ainda mais a materialidade de um filme. Desde sua invenção, o cinema compreende temas gerais, científicos, filosóficos, históricos, cotidianos, políticos ou culturais, registrando por meio da imagem em movimento todos os tipos de assuntos. Não há nenhuma novidade em dizer que o cinema, nesse sentido, constitui uma linguagem de formação. Entretanto, é visto com frequência de forma superficial e subjetiva, descaracterizando seu potencial como linguagem de conhecimento. Dessa forma todo filme requer compreensão como suporte efetivo de pensamento e da reflexão e pode ser utilizado como recurso didático para uma formação mais profunda, reflexiva e crítica. Segundo Duarte (2006) ver filmes é uma prática tão importante, do ponto de vista da formação cultural e educacional das pessoas, quanto a leitura de obras literárias, filosóficas, sociológicas e tantas mais. Sendo o filme usado como meio de ensinar tem a oportunidade de enfocar aspectos históricos, literários e cinematográficos, seja em forma separada ou em conjunto. Desse modo, há a possibilidade de serem trabalhados temas transversais, estabelecidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), estes temas constituem uma possibilidade do saber, da memória, do raciocínio, da imaginação, dentre outros, ou seja, da interdisciplinaridade dos saberes. “A utilização do cinema na escola pode ser considerada, em linhas gerais, num grande campo de atuação pedagógica” (Napolitano, 2005, p.12). O cinema é uma ferramenta de trabalho motivadora, bem como um instrumento capaz de envolver uma interdisciplinaridade e conteúdos programáticos em um mesmo momento. Um dos motivos mais importantes para o uso do cinema na educação é que o cinema motiva para a aprendizagem. Não se deve esquecer, no entanto, que levar o cinema para a sala de aula não é tarefa fácil. A atividade escolar com o cinema deve ir além da experiência do dia-a-dia: assistir um filme na escola não deve ser como fazê-lo em casa ou no cinema. O professor tem papel fundamental nessa atividade, possuindo uma posição de mediador que irá propor leituras mais ambiciosas, incentivando os alunos a se tornarem expectadores mais exigentes e críticos. “O professor deve se mostrar como um espectador crítico e experiente para que os alunos aprendam a se posicionar frente ao que vêem”, explica Silvinha Meireles, coordenadora do programa Cine-Educação da cinemateca brasileira de São Paulo. 4 ESTRATÉGIAS DE TRABALHO COM O CINEMA NA ESCOLA: PEQUENO COMPÊNDIO DE SUGESTÃO DE TRABALHO. Segundo João Luis de Almeida Machado1 para trabalhar com o filme em sala de aula é necessário que o professor se prepare antecipadamente para isso, o primeiro passo é a escolha do filme a ser exibido aos alunos sendo essencial que se respeite a faixa etária dos mesmos, tomando cuidado para não passar um filme que seja inadequado para a idade dos alunos. Na escola o nosso compromisso profissional deve ser de prezar pela formação integral, plena e adequada de nossos pupilos. Nesse sentido, ao passar filmes, o professor deve preocupar-se em apresentar filmes adequados à faixa etária dos estudantes, pois isto certamente constitui uma demonstração de respeito com o público com o qual está lidando. É aconselhável que o professor utilize filmes “como apoio às atividades previstas na grade curricular, como apoio a aulas expositivas, leituras, trabalhos em grupo”, ou seja, o filme deve ser usado como uma atividade para completar algo que esteja sendo trabalhado e não descontextualizado. O planejamento faz toda a diferença por orientar as ações (...) os vícios por sua vez, relaciona-se a hábitos perniciosos como apresentar o filme para apenas ocupar o tempo da aula, utilizar filmes sem planejamento anterior, usar produções sem conhecimento prévio. 1 MACHADO, João Luis Almeida. Vários artigos in www.planetaeducacao.com.br. Depois de escolhido o filme de acordo com o conteúdo, com a disciplina e também de acordo com a faixa etária dos alunos o professor deve assistir ao filme e fazer anotações sobre o mesmo. Antes de trabalhar com a turma, ou seja, como uma etapa fundamental que deve ser realizada previamente para que sua aula utilizando o filme dê certo, você deve fazer anotações sobre o material escolhido (...) É hora de escrever sobre o que viu. Parece muito fácil à primeira vista, o que procede se pensarmos que o essencial é reproduzirmos o que foi apresentado. No entanto, nosso olho clínico, de especialistas em determinados assuntos tem que ir mais longe do que aquilo que nossos alunos e outras pessoas que não dominam o assunto conseguem! Ainda segundo Machado essa etapa de realizar as anotações irá facilitar a preparação de atividades para serem trabalhadas com os alunos e ao apresentar o filme para os estudantes o professor poderá chamar-lhes a atenção para os aspectos que considerar fundamentais nos trechos visualizados. Não é recomendável que os alunos façam anotações durante a apresentação do filme, pois isso dispersa a atenção para os detalhes da trama, do cenário, do figurino, entre outros elementos que podem ser utilizados pelo professor em atividades posteriores. Aulas expositivas que transcorrem depois da apresentação devem ser utilizadas para referendar os pontos importantes disponibilizados pelo filme, aprofundar o assunto e introduzir idéias que tenham passado desapercebidas, sem que tenham sido mencionadas; novamente cabe ao professor utilizar os recursos complementares para que suas aulas sejam elucidativas, interessantes e para que a atenção e a participação dos educandos sejam contínua. Outra etapa a ser seguida pelos professores que desejam trabalhar com o filme, destacada por Machado é a preparação do professor sobre o assunto abordado no filme para não correr o risco de passar por constrangimentos de não saber sanar a dúvida de algum aluno no momento da aula. Não podemos nos esquecer de nós mesmos, nossa preparação e relação ao tema ( se as leituras estão em dia, se os pormenores do assunto são conhecidos, o que tem saído de novo sobre tal temática, as resenhas publicadas nos principais jornais e revistas sobre o assunto, se o filme escolhido já foi analisado por especialistas em educação e cinema) (...) Noeli Gemelli Reali1 pesquisadora no assunto destaca que o vídeo não deve ser usado como “tapa-buraco”, ou seja, colocar o vídeo quando há um problema inesperado ou também exibir um vídeo sem muita ligação com a matéria segundo ela: “não é satisfatório didaticamente exibir o filme sem discuti-lo, sem integrá-lo com o assunto da aula”. De acordo com Realli o primeiro critério apresentado para a utilização do vídeo em sala de aula é o planejamento “traçar objetivos, como: qual a contribuição pedagógica, reflexiva que o filme e as atividades relacionadas podem proporcionar aos estudantes”. Para isso é necessário apresentar aos alunos a ficha técnica do filme antes da exibição do mesmo, fazer indicações e comentários sobre o filme. Também há a possibilidade de trabalhar com “grupos simples com tarefas diversas, os estudantes são provocados a analisar o filme sob diversos ângulos”. Outra forma interessante de trabalhar com filmes é utilizá-los em duplas, utilizando dois filmes com posições divergentes sobre um mesmo assunto. 1 REALI, Noeli Gemelli O filme como documento histórico. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1918-6.pdf> 4.1 SUGESTÃO DE ANÁLISE DO FILME GERMINAL BASEADA NOS ESTUDOS ACIMA ARROLADOS. Ficha Técnica: País/Ano de produção:- França, 1993 Duração/Gênero:- 158 min., drama Disponível em vídeo Direção de Claude Berri Elenco:- Gerárd Depárdieu, Miou-Miou, Jean Carmet, Renaud, Jean-Roger Milo. Germinal é um filme francês de 1993 baseado no livro de Émile Zola de mesmo nome. Germinal refere-se ao início dos movimentos grevistas e de uma atitude por parte dos trabalhadores das minas de carvão do século XIX na França em relação à exploração de seus patrões. Nesse período alguns países passavam pela industrialização ao lado da pioneira Inglaterra, dentre eles a França, palco das ações representadas no filme. A forma como as ações ocorrem no filme torna os acontecimentos chocantes, esse discurso agressivo do diretor Berri tem a intenção de chamar a atenção para as dificuldades sofridas pelos operários no século XIX. Inseridos na escuridão das minas de carvão, sujo, roubado, esgotado, trabalhando em condições desumanas, sujeitos a acidentes que podem tirar-lhes a vida ou mutilá-los, recebendo baixos salários, cumprindo longas jornadas de trabalho, assim é mostrado o operário francês no filme, diante dessas condições o que resta aos trabalhadores é lutar contra aqueles que os oprimem. A história do filme gira em torno de uma família de operários de uma mina de carvão na França no século XIX vivendo em situação de penúria, o chefe dessa família se vê obrigado a tomar providências e é estimulado pela chegada de outro operário que possui experiência em termos de formação de movimentos reivindicatórios. O primeiro passo é criar condições de sobrevivência para os trabalhadores, tendo em vista que uma greve poderia se estender por um longo período, por isso criaram um fundo de resistência, com o qual todos os operários deveriam contribuis. A diminuição dos salários e a despreocupação dos patrões em relação à segurança dos trabalhadores aumentam ainda mais as tensões. Paralelo ao problema dos trabalhadores pode-se acompanhar a burguesia e o seu cotidiano luxuoso com o total descaso com o mundo que existe ale dos seus portões. Sem dúvida trabalhar com Germinal é necessário um planejamento prévio através do qual o professor tenha clareza quanto aos objetivos relativos à utilização do filme. Definir qual a relação entre o filme e os conteúdos que estão sendo trabalhados em sala de aula, no caso do filme Germinal é interessante que seja trabalhado com os alunos do segundo ano do Ensino Médio juntamente com o conteúdo sobre a Revolução Industrial para que os alunos possam compreender as conseqüências sociais da Revolução Industrial. Nesse planejamento o professor deve pensar quais elementos principais devem ser abordados antes, durante e depois do filme. Sugerimos que seja disponibilizada aos alunos a ficha técnica do filme previamente à apresentação do mesmo. No planejamento o professor deve apresentar as atividades que serão realizadas com a exibição do filme e do texto a ser lido com relação ao tema da aula. Antes de exibir aos alunos o professor deve assisti-lo para apreender o sentido e o tema do filme, pois é importante desconstruir a narrativa fílmica, com seus múltiplos personagens e situações-chaves. O rigor analítico e a precisão de detalhes são decisivos. Deve-se distinguir o eixo temático principal e os temas significativos primários e secundários sugeridos pelo filme, ou seja, seus eixos temáticos principais e de segunda ordem. Em Germinal o eixo temático principal são as conseqüências sociais causadas pela Revolução Industrial e a situação em que vivia a classe trabalhadora, já os temas secundários são o surgimento da Internacional Comunista, o anarquismo, a luta de classes e o movimento trabalhista. Pode ser realizado um trabalho paralelo entre a leitura de trechos do livro, sendo supervisionada pelo professor, e também leitura de textos dos intelectuais que abordam os temas das lutas de classes, com uma explanação oral feita pelo professor sobre as condições em que se desenvolveu o movimento trabalhista ao longo do século XIX na Europa, esse trabalho fará a compreensão do filme e os problemas entre patrões e empregados sejam mais bem compreendidos pelos estudantes. É papel do professor capacitar-se teoricamente em relação ao tema do filme, mediar a prática reflexiva, favorecer o estudo prévio dos elementos teórico- analíticos, evitar o subjetivismo, procurando cruzar as informações e solicitar um relatório de análise do filme feito individualmente ou em grupo. Propomos que a atividade seja realizada em grupos, pois, desse modo, os alunos podem trocar idéias entre si, despertando uns nos outros a atenção quanto a aspectos que não foram percebidos, discutindo questões propostas pelo professor e a partir disso escreverem sobre o que viram e compreenderam. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos argumentos abordados neste trabalho e da pesquisa realizada pode-se pensar que é possível e necessário utilizar o cinema em sala de aula, uma vez que o cinema contribui para o ensino/aprendizagem de História, porém, o que não deve acontecer é utilizar a imagem sem contextualizá-la e sem um planejamento prévio. O cinema sendo um documento histórico e uma arte que engloba outras artes, tais como: música, dança, pintura, escultura, teatro e a literatura, deve ser utilizado pelo professor como recurso didático para uma formação mais profunda, reflexiva e crítica de seus alunos. O cinema, desde que usado de maneira coerente, motiva os alunos para a aprendizagem e vai além do conteúdo ilustrativo, dinâmico, belo e mágico para situar-se como uma importante ferramenta de apoio a um projeto pedagógico que prime reflexão e construção do conhecimento a partir de um relacionamento aberto e dinâmico entre professor/alunos. Deste modo, é evidente que o cinema contribui para a aprendizagem de História e também para a formação crítica dos alunos, uma vez que, a utilização de novos documentos e novos métodos de ensino estimula os educandos a aprender e a se interessarem pelos estudos desde que, sejam tomadas as devidas precauções para a utilização dessa poderosa ferramenta de trabalho que sem dúvida é a sétima arte. REFERÊNCIAS BITTENCOURT, Maria Circe. Ensino de história: fundamentos e métodos. 3. Ed. São Paulo: Cortez, 2004. 408 p. BRASIL. Secretaria de educação fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história e geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997. 166 p. 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