CARACTERIZAÇÃO DO VOLUME, DENSIDADE, GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO INICIAL DE SEMENTES DE MAMONA EM DIFERENTES FAIXAS DE PESO Daniel Kühner Coelho1 Liv Soares Severino 2 Gleibson Dionízio Cardoso3 RESUMO O peso de determinado volume de sementes é um dado necessário para o planejamento e execução de ações como acondicionamento, transporte e armazenamento da mamona e este peso varia muito em função da densidade e das dimensões das sementes. Para determinação do peso e do volume das sementes, dentro de cada faixa prepararam-se cinco amostras de 50 sementes e, posteriormente, determinou a densidade das mesmas. Utilizando estes dados calculou-se a densidade. Sementes de cada faixa de peso foram também semeadas em vasos plásticos de 10 L em delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições. Aos 20 dias após o plantio, registrou-se o número de plantas emergidas, o número de folhas verdadeiras, altura, área foliar e peso da parte aérea. Objetivou-se estudar interação entre o peso de sementes de mamona e as características físicas e fitotécnicas das sementes da cultivar Nordestina. É provável que as sementes mais pesadas disponham de mais reserva de energia e nutrientes, possibilitando que a planta cresça mais rapidamente nas fases iniciais; é notório também que, se as plantas estivessem competindo por luz, a altura seria maior nas plantas originadas de sementes mais pesadas, pois as reservas seriam direcionadas para crescimento em altura. Palavras-chave: Ricinus communis, densidade, crescimento, semente, volume 1 Mestrando em Eng. Agrícola, UFCG/COPEAg, Rua Papa João XXIII, 790. Bairro Jardim Paulistano. CEP.: 58106-108, Campina Grande, PB, e-mail: [email protected] 2 Pesquisador M.Sc. da Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz 1143, CP 174, CEP.: 58107- 720, Campina Grande, PB, e-mail:, [email protected] 3 Pesquisador M.Sc. da Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz 1143, CP 174, CEP.: 58107- 720, Campina Grande, PB, e-mail:, [email protected] 1 INTRODUÇÃO Para obtenção de sementes de mamona de alta qualidade é essencial que se conheçam suas propriedades biológicas e físicas (SHEPETINA et al., 1986), que podem ter grande influência sobre os aspectos agronômicos. O peso de determinado volume de sementes é um dado necessário para o planejamento e execução de ações como acondicionamento, transporte e armazenamento da mamona e este peso varia muito em função da densidade e das dimensões das sementes. Shepetina et al.(1986) relatam que sementes separadas por tamanho (através de peneiras) não diferem significativamente em características como germinação ou vigor e as plantas provenientes dessas sementes também não diferem em produtividade. Porém, se sementes de mesmo tamanho (separadas por peneiras) forem, em seguida, separadas por peso, serão detectadas grandes diferenças no desenvolvimento inicial e na produtividade das plantas delas geradas, isto é, o tamanho da semente não tem influência direta sobre sua biologia, mas sim a densidade. Rocha (1986) concluiu que sementes de mamona pequenas tiveram maior percentagem de emergência, mas menor velocidade de emergência. A densidade das sementes, também chamada peso específico, é influenciada por vários fatores: presença de ar (espaços vazios) em seu interior, composição química, maturidade, teor de óleo e umidade. A quantidade de espaços também pode ser expressa como “porosidade”, que é um índice que reflete a proporção de espaços vazios dentro da semente. Objetivando-se estudar interação entre o peso de sementes de mamona e as características físicas e fitotécnicas, sementes da cultivar Nordestina de um único lote foram separadas por faixas de peso, conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1. Faixas de peso utilizadas para separar sementes de mamona da Cultivar BRS 149 Nordestina em quatro classes. Faixa de peso Intervalo de peso (g) I 0,36 a 0,45 II 0,46 a 0,55 III 0,56 a 0,65 IV 0,66 a 0,75 2 MATERIAL E MÉTODOS Para determinação do peso e do volume das sementes, dentro de cada faixa prepararam-se cinco amostras de 50 sementes, as quais foram pesadas e mergulhadas numa proveta contendo água suficiente para cobri-las completamente. Estimou-se o volume das sementes pela diferença entre a medida da água antes e depois da inserção da amostra. Utilizando estes dados calculou-se a densidade (peso dividido pelo volume). Sementes de cada faixa de peso foram também semeadas em vasos plásticos de 10 L (10 sementes por vaso) em delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições. Aos 20 dias após o plantio, registrou-se o número de plantas emergidas (estande), o número de folhas verdadeiras, altura, área foliar e peso da parte aérea. A área foliar foi calculada pela fórmula 0,2439 x (P + T)2,0898, em que P é o comprimento da nervura principal e T é a média das duas nervuras laterais. Em cada balde foram analisadas todas as plantas emergidas e obtida uma média representativa da parcela. Em todos os dados procedeu-se à análise de regressão segundo (Ferreira, 1996) e ao cálculo dos coeficientes de regressão onde houve significância (p<0,05) no efeito linear ou quadrático. Para se realizar o cálculo dos coeficientes de regressão, utilizou-se o valor do peso médio da amostra de 50 sementes (já descrito anteriormente) como variável independente. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O resumo da Análise de Variância está apresentado na Tabela 2. O volume e a densidade das sementes tiveram efeito linear e quadrático; entre as características agronômicas, apenas houve efeito sobre a área foliar (efeito quadrático) e sobre o peso da parte aérea (efeito linear). Na Tabela 3 estão apresentados os valores de todas as características estudadas. O volume e a densidade são intimamente ligados ao peso da semente (Figuras 1 e 2), mas esta relação não é linear, evidenciando que outras características além destas duas influenciam o peso. Nas sementes que pesam entre 0,35g e 0,45g, a densidade média foi de 0,68; porém naquelas mais pesadas, a densidade permaneceu próxima a 0,8, indicando que as sementes leves possuem muitos espaços vazios enquanto as sementes mais pesadas têm menor porosidade e o seu maior peso se deve ao aumento de volume. Tabela 2. Resumo da análise (Quadrados Médios) de regressão do volume, densidade, percentual de emergência, número de folhas, altura, área foliar e peso da parte aérea, em função de sementes separadas por faixas de peso. Campina Grande, 2004 Fonte de variação G.L Faixas (3) Efeito linear 1 Efeito quadrático 1 Efeito cúbico 1 Resíduo 16 CV (%) ns Número de % de Volume Densidade emergência folhas 0,0775** 0,0172** 0,1833ns 0,093 ns 0,2275** 0,0399** 0,01 ns 0,112 ns ns 0,044 ns 0,0048* 0,0111** 0,05 ns ns 0,0146** 0,0005 0,25 0,138 ns 0,0007 0,00054 3,075 0,052 3,8 3,0 28,1 9,0 Área foliar Altura 0,889 ns 806,2* 1,714 ns 879,4ns 0,286 ns 1.220,8* 0,982 ns 1.040,8* 2,874 217,2 16,6 19,8 Peso da parte aérea 0,085* 0,166* 0,084ns 0,066ns 0,022 16,4 , * e ** - Respectivamente não-significativo e significativo a 5% e 1% de probabilidade, pelo Teste F Tabela 3. Valores de peso, densidade, percentual de emergência, número de folhas, altura, área foliar e peso da parte aérea nas sementes separadas por faixas de peso e nas plantas delas originadas. Campina Grande, 2004 Faixa 1 Faixa 2 Faixa 3 Faixa 4 Peso médio (g) 0,40 0,51 0,59 0,70 Volume (ml) 0,58 0,65 0,74 0,87 Densidade 0,680 0,778 0,802 0,805 % de emergência 58 60 62 60 Número de folhas 2,5 2,3 2,6 2,6 Altura 10,0 9,7 10,5 10,7 Área foliar 75,0 58,2 74,8 89,3 Peso da parte aérea 0,9 0,8 0,9 1,1 Nos resultados obtidos com as sementes que foram postas para germinar, há indicativo de que o peso da semente não tem influência sobre características ligadas ao desenvolvimento da planta (percentual de emergência e número de folhas), mas influencia características ligadas ao crescimento (área foliar e peso da parte aérea). Nas plantas originadas das sementes mais pesadas, a área foliar (Figura 3) foi 19% maior e o peso da parte aérea (Figura 4) foi 22% maior, ambas em relação às sementes mais leves. Figura 1. Equação de regressão entre o peso (g) e Figura 2. Equação de regressão entre o peso (g) e o volume (ml) da semente de mamona densidade da semente de mamona BRS BRS 149 Nordestina. Campina 149 Nordestina. Campina Grande, PB, Grande, PB, 2004 2004 Figura 3. Equação de regressão entre a área foliar e o peso da semente plantada. Campina Grande, PB, 2004 Figura 4. Equação de regressão entre o peso da parte aérea da planta e o peso da semente plantada. Campina Grande, PB, 2004 4 CONCLUSÃO É provável que as sementes mais pesadas disponham de mais reserva de energia e nutrientes, possibilitando que a planta cresça mais rapidamente nas fases iniciais; é notório também que, se as plantas estivessem competindo por luz, a altura seria maior nas plantas originadas de sementes mais pesadas, pois as reservas seriam direcionadas para crescimento em altura. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, P.V. Estatística experimental aplicada à agronomia. 2ed. Maceió: Edufal, 1996. 606p. ROCHA, R.C. Comportamento de plântulas de mamona (Ricinus communis), em função do tamanho da semente, profundidade de plantio, classe textural do solo e pré-embebição. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 1986. 55p. (Dissertação de Mestrado). SHEPETINA, F.A.; SEVAST’YANOVA, L.B. Seed Technology. In: Moshkim, V. A. Castor. New Delhi: Amerind, 1986. p.175-178.