faculdade teológica do brasil

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FATEBRA
FACULDADE TEOLÓGICA DO BRASIL
“Entidade Educacional Com Jurisdição Nacional”
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB
www.iprb.com.br
APOSTILA – 09
ESTUDOS SOBRE – O ESPIRITO SANTO
TOTAL – 57 PAGINAS
18 - ASSUNTOS!
A Unção do Espírito na Vida do Cristão
Contemporaneidade dos Dons Espirituais
Contemporaneidade dos Dons Espirituais II
Contemporaneidade dos Dons Espirituais III
O Espírito Santo
Levando a sério os pecados contra o Espírito Santo
Levando o Espírito Santo a Sério
Os crentes Batistas e os Dons Espirituais
Os crentes Batistas e os Dons Espirituais II
Os crentes Batistas e os Dons Espirituais III
Os crentes Batistas e os Dons Espirituais IV
Os crentes Batistas e os Dons Espirituais V
O Espírito Santo, missões e a igreja brasileira
O Espírito Santo no Processo Hermenêutico
O dom, os dons e o fruto do Espírito Santo
O Teólogo do Espírito Santo
O Toque do Espírito
Pentecostes: O Paradoxo de Deus
A UNÇÃO DO ESPÍRITO NA VIDA DO CRISTÃO
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB
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01. INTRODUÇÃO
A igreja hoje está vivendo mais em função do seu passado do que do seu presente. Muitos que
sepultaram a velha vida, estão chorando diante da sepultura, recordando um tempo que já não existe
mais. O que aconteceu? Onde foi parar a alegria, a fé, a ousadia?
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Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação
do Brasil, Psicanalista Clínico, Mestrando em Teologia
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O povo de Deus está voltando a ser um povo errante. Qualquer dificuldade é motivo para se afastar em
busca de um oásis inexistente.
A lista para explicar este tipo de comportamento é grande. Tudo tem uma explicação para apoiar o
afastamento, o desinteresse. Assim vamos colecionando fracassos na família, no trabalho, na igreja
culpando até mesmo a Deus pelas nossas derrotas.
O estudo sobre a unção do Espírito visa restaurar o poder de Deus em nossas vidas. Estamos vivendo
num período muito singular. O mover do Espírito Santo está começando a acontecer em muitos lugares.
Precisamos estar preparados para não deixar esta onda passar sem nos tocar. A hora é de entrega e
disposição de buscar a presença de Deus e a manifestação do Espírito Santo. Que Deus nos ajude!
Há duas questões que precisam ser consideradas no estudo sobre a unção do Espírito Santo:
A primeira é sobre o que o Espírito Santo está dizendo hoje para a igreja?
Sabemos que a verdade de Deus é única e que o seu propósito continua o mesmo desde o início da
criação. Malaquias 3:6
Mas sabemos também que suas revelações são progressivas! João 13:7. Em cada período da história o
Espírito Santo se moveu de acordo com as necessidades da igreja e do povo!
Hoje não temos necessidade de ver um lençol descendo do céu cheio de animais impuros, para
caminharmos na direção indicada por Deus. Atos 10:11-12. Os presbíteros não se reúnem para discutir
se devemos ou não ser circuncidados. Atos 15:1,6.
Nestes dias o Espírito Santo está dispensando à igreja o que ele tem de melhor. Por isso é devemos estar
atentos à sua voz.
Algumas perguntas devemos fazer a nós mesmos:
a. O que estamos realizando tem a ver com o plano de Deus para esses dias?
b. O nosso esforço tem respondido as prioridades do Reino de Deus?
c. A nossa motivação está sendo direcionada para o alvo certo?
A segunda questão é se a igreja está ouvindo com clareza o que o Espírito está dizendo?
Quando não se ouve com clareza a voz do Espírito corre-se o risco de caminhar por caminhos traçados
pela nossa vontade.
Paulo adverte - 1 Coríntios 14:8
02. COMO OUVIR A VOZ DO ESPÍRITO NESTES DIAS?
Em primeiro lugar, examinando o que a Palavra de Deus fala sobre esse período.
Isaías 35 é um texto profético que fala sobre uma grande unção que será derramada sobre o nosso
deserto!
Esta unção será tão grande que o maior desejo de Deus será cumprido.
a. Ver o evangelho sendo pregado a todas as nações. - Mateus 24:14
b. Ver a igreja convivendo com o sobrenatural. - Marcos 16:17
c. Ver o povo buscando a santificação de vida. - 1 Tessalonicenses 4:3
d. Ver as influências satânicas sendo inibidas pelo poder da unção. - Lucas 4:18
Em segundo lugar, estendendo os olhos para o mundo para ver onde o vento está soprando.
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Durante um período o vento soprou em alguns países e modificou completamente a sua paisagem.
A Escócia há cerca de quatrocentos anos estava mergulhada em profundas trevas. O povo vivia numa
pobreza degradante. O sistema feudal, que em outros países já havia sido abolido, ainda predominava
na Escócia. Não existia a classe média. Apenas o clero, a nobreza e o povo. O povo era considerado os
vassalos dos barões. Era escravo no corpo e na mente.
O clero levava uma vida corrompida e imoral. Neste caos surge um homem levantado por Deus
chamado João Knox. Sob o ministério deste homem o país foi transformado completamente.
A Inglaterra também em 1739 experimentou o mover do Espírito através de João Wesley, Charles
Finney, George Whitefield.
Em outros países como Irlanda, Gales, Estados Unidos o sopro do Espírito Santo mudou a vida e o
sistema de governo até então predominante.
Hoje o Espírito continua soprando em muitos outros lugares. A nossa oração é que ele não deixe de
soprar em nosso meio, em nossa igreja, em nosso país.
03. UM GRANDE PERIGO QUE RONDA A IGREJA
Um dos grandes riscos da igreja moderna é o de acreditar:
a. que através de uma organização bem feita;
b. de uma programação eclética;
c. de uma da habilidade em lidar com o povo
Ela produzirá os mesmos resultados que a unção do Espírito produz.
É importante frisar, que sem unção não há trabalho espiritual. Nada pode substituir a ação do Espírito
Santo. Lucas 24:49
04. O QUE É UNÇÃO DO ESPÍRITO?
Hoje esta palavra, que é nova no vocabulário evangélico, já está sendo deturpada e desgastada.
A unção está sendo confundida com muitas práticas realizadas pela igreja.
A unção não é:
a. Um manifestação sentimental!
c. Uma demonstração humana de poder!
d. Uma encenação espiritual!
Unção, é o método que Deus usa através do Espírito Santo para operar a sua vontade na terra. Envolve
todas as graças, habilidades e poderes do Espírito Santo. A Unção é a revelação da presença de Deus no
meio do seu povo.
Ela ao se manifestar afeta todo aquele que é tocado. Quando um homem está ungido tudo o que ele
toca recebe a mesma unção.
05. UM PEQUENO HISTÓRICO BÍBLICO
No Antigo Testamento ninguém podia oferecer sacrifícios se não fosse ungido para tal.
A unção era específica para:
- os reis - 1 Samuel 9:16; 2 Samuel 5:3
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- sacerdotes - Êxodo 28:41; Êxodo 30:32
- profetas - 1 Reis 19:16
Estes eram ungidos para oficiarem diante de Deus. Quem tentou oferecer sacrifícios sem passar pela
unção, foi punido. Levíticos 10:1; 1 Samuel 13:8-9; 13.
Hoje a unção do Espírito Santo nos habilita a exercer:
- a autoridade de um rei - Lucas 10:19
- a interceder como um sacerdote - 1 João 5:16
- a profetizar como um enviado de Deus - Atos 18:9
Lembre-se do seguinte: o mundo hoje requer uma igreja que trabalhe no poder do Espírito Santo. Uma
igreja que saiba depender do Espírito na realização de seus projetos.
Zacarias 4:6.
CONTEMPORANEIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS III
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
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A única evidência do batismo é o falar em línguas?
O que a Bíblia nos mostra como evidência do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas. Em Atos
10.44-46 vemos que "os fiéis que eram da circuncisão" se maravilharam ao presenciar o derramar do
Espírito sobre os gentios. Como eles souberam? "POIS OS OUVIAM FALAR EM LÍNGUAS". Então, ficaram
cheios de unção para engrandecerem a Deus (v.46). No caso de Simão, a mesma coisa. Simão viu ou
ouviu alguma coisa que evidenciou a descida do Espírito aos de Samaria (Atos 8.15-18). Em Pentecostes,
a evidencia maior foram as línguas (Atos 2.4). O batismo dos efésios também foi seguido pelo falar em
línguas (Atos 19.5-6). Todavia, creio que o Espírito não está limitado a determinadas fórmulas. É possível
que um crente seja batizado e somente depois de algum tempo haja a manifestação vocal e
sobrenatural das línguas ou de outros dons. Mas como determinar se o irmão foi batizado no momento
em que começou a falar em línguas ou no momento em que sentiu algo estranho? Particularmente não
conheço casos de batismo sem o dom de línguas, até porque na ocasião do batismo, além das línguas,
nem sempre há manifestações físicas visíveis. Resumindo, o falar em línguas estranhas é uma evidência
segura de que o irmão foi batizado no Espírito Santo. Não estamos falando em falar línguas decoradas
ou em imitações grosseiras. Quem tem discernimento sabe distinguir uma coisa da outra.
CONTEMPORANEIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
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Batismo no Espírito Santo - Dom de Línguas
(PERGUNTAS E RESPOSTAS)
Onde estão na Bíblia as promessas de batismo no Espírito?
R: Isaías 44.3; Joel 2.28-29; Mateus 3.11; Lucas 24.49.
Quando se iniciou o cumprimento dessas promessas?
R: Iniciou-se por ocasião do Pentecostes (Atos 2.1-4), a segunda grande festa sagrada do ano judaico.
Cinqüenta dias após a Páscoa iniciava-se a festa de Pentecostes, também chamada Festas das Colheitas;
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Pentecostes deriva do grego penteekostos , que significa qüinquagésimo. Leiam: E todos foram cheios
do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que
falassem (Atos 2.4).
Houve alguma promessa para que esse batismo ocorresse em gerações futuras?
R: Sim. Atos 2.39: "Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão
longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor chamar".
Quais os exemplos de batismos após o Pentecostes?
R: EXEMPLOS BÍBLICOS:
(a) EM SAMARIA - Atos 8.5-17. Aqui temos o registro detalhado do batismo de irmãos que já eram
crentes em Jesus e haviam sido batizados nas águas (vs. 8,12,14). Os apóstolos, pois, que estavam em
Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João, os quais,
tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. Porque sobre nenhum deles tinha
ainda descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus. Então, lhes impuseram as mãos,
e receberam o Espírito Santo (At 8.14-17). Portanto, foi uma experiência posterior a Pentecostes e
distinta da salvação em Cristo Jesus.
(b) NA CASA DE CORNÉLIO Atos 11.13-15 Aqui o relato de salvação e batismo simultâneos: E, quando
comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós a princípio. E lembrei-me do
dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o
Espírito Santo (At 11.15-16). Aqui Pedro declara que o batismo naquela casa tinha sido igual ao do dia de
Pentecostes: como também sobre nós a princípio.
(c) SAULO Atos 9.10-18 Saulo já era crente (v. 6,15), porém: E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondolhe as mãos, disse: Irmão Saulo [outra prova de que Saulo já era irmão em Cristo], o Senhor Jesus, que te
apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver E SEJAS CHEIO DO ESPÍRITO
SANTO (At 9.17). Experiência posterior a Pentecostes. A missão de Ananias não era pregar a Palavra ou
levar Saulo à conversão, mas somente restabelecer a sua visão e enchê-lo do Espírito.
(d) OS DISCÍPULOS EM ÉFESO Atos 19.1-7 - O fato ocorreu 25 anos depois do batismo coletivo em
Pentecostes (Atos 2.4), já na terceira viagem missionária de Paulo. Vejamos: Enquanto Apolo estava em
Corinto, Paulo, tendo passado pela estrada do interior, chegou a Éfeso. Aí achou alguns discípulos e
perguntou-lhes: Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes? Responderam eles: Não, nem sequer
ouvimos que haja Espírito Santo. Tornou-lhes eles: Em que fostes batizados, então? Responderam: No
batismo de João. Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo de arrependimento, dizendo ao
povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, Jesus. Quando ouviram isto, foram batizados em
nome do Senhor Jesus . Antes de darmos prosseguimento, devemos verificar que as Boas Novas não
haviam chegado àqueles discípulos de João Batista, que eram gentios. Tinham sido batizados em nome
do Pai, de conformidade com o batismo de João. Então Paulo anunciou a vinda, a morte e ressurreição
de Jesus, e eles ouviram, creram e foram batizados (v. 5). Paulo não se limitou a isso. Desejava que eles
recebessem a plenitude do Espírito, tal como ele próprio recebera: E, impondo-lhes as mãos, veio sobre
eles o Espírito Santo, e falavam línguas e profetizavam (v.6).
EXEMPLOS NÃO BÍBLICOS:
Milhões de casos. Não há estatísticas sobre o assunto, mas com certeza há no Brasil milhões de irmãos
batizados no Espírito Santo, ou seja, que passaram pela mesma experiência dos discípulos no dia de
Pentecostes e de outros em anos posteriores, como acima relatado.
Quem batiza no Espírito Santo?
R: O Senhor Jesus: Ele [Jesus] vos batizará com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3. 16; Mt 3.11; At 2.3233).
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Quem pode ser batizado?
R: Somente os salvos, ou seja, os crentes em Jesus. Todos os casos bíblicos ocorreram após haverem
recebido a Palavra, ou simultaneamente. (At 2.38-39).
Quais as condições para o batismo?
R: Buscar, ter sede: Se alguém tem sede vem a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do
seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele dizia do Espírito que haviam de receber os que nele
cressem. O Espírito Santo ainda não fora dado, porque Jesus ainda não havia sido glorificado (Jo 7.3739). Mas não existe um método especial. Deus é soberano na sua vontade. Ele batiza quem quer, como,
onde e quando quer.
Irmãos de Igrejas não pentecostais podem receber o batismo?
R: Podem, e muitos recebem. Alguns continuam na sua própria congregação, outros, por diversos
fatores, vão para igrejas pentecostais. Muitos são os exemplos de batismo de irmãos não pentecostais.
Há alguns meses vi um irmão não pentecostal ser batizado; falou em línguas e falou de sua excepcional
experiência. São muitos os casos.
Qual a evidência desse batismo
R: A evidência bíblica é o falar em línguas.
O falar em línguas é um dom?
R: É e está em 1 Corintos 12, onde se lê também acerca dos demais dons.
Esses dons estão disponíveis hoje, ou só foram concedidos no tempo de Jesus?
R: Todos os dons ali relacionados estão em vigor, não caducaram. A Carta aos Corintos foi escrita em
55/56 anos depois de Cristo, e ali Paulo declara que existe diversidade de dons e de ministérios (v. 4,5).
Ademais, Paulo diz que gostaria que todos vós falásseis em línguas, mas muito mais que profetizásseis
[outro dom] . (1 Co 14.5). E manifesta sua alegria em falar em línguas: DOU GRAÇAS AO MEU DEUS,
PORQUE FALO EM OUTRAS LÍNGUAS MAIS DO QUE TODOS VÓS (1 Co 14.18). Como se vê, Paulo falava
em línguas por onde andava e incentivava os irmãos a fazerem mesmo. Jesus declarou que o dom de
variedade de línguas estaria disposto a todos os que cressem (Mc 16.17).
Qual a finalidade desse dom?
R: Paulo responde: O que fala em língua não fala aos homens, senão a Deus. Com efeito, ninguém o
entende, e em espírito fala mistério. O que fala em língua edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza
edifica a igreja (1 Co 14.2,4).
O batismo no Espírito Santo é condição para a salvação?
R Não. Somos salvos pela graça, mediante a fé no Senhor Jesus. Pentecostais e não pentecostais são
salvos em Cristo, irmãos em Cristo.
Então para que serve o batismo no Espírito?
R: O apóstolo Paulo responde dizendo que toda manifestação sobrenatural do Espírito é dada a cada um
para o que for útil (1 Co 12.7). Se não tivessem nenhuma utilidade, Deus não concederia tais dons.
Também não os teria prometido. Também não teria derramado do seu Espírito sobre os discípulos no
Pentecostes. Uma das finalidades é receber poder. Vejam: Não vos ausenteis de Jerusalém, mas esperai
a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Pois João batizou com água, mas vós sereis
batizados com o espírito Santo, não muito depois destes dias. MAS RECEBEREIS PODER, AO DESCER
SOBRE VÓS O ESPÍRITO SANTO... (At 1.4,5,8).
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O que sente o crente na hora do batismo?
R: Essa pergunta eu fiz a uma centena de irmãos, antes de escrever uma apostila sobre o assunto.
Nenhum deles soube descrever com segurança o que se passou no seu corpo, alma, espírito. A verdade
é que receberam uma infusão de alegria. Algo indescritível e, até certo ponto, incontrolável.
Para expulsar demônios e curar enfermos precisa ser batizado no Espírito?
R: Jesus outorgou tais poderes a todo aquele que crê (Mc 16.17-18).
Devemos buscar os dons espirituais?
R: Paulo responde: Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de
profetizar... o que profetiza, fala aos homens para edificação, exortação e consolação (1 Co 14.1,3).
O ESPIRITO SANTO
Uma Leitura Ortodoxa Oriental A Partir De Paul Evdokímov
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
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Os teólogos cristãos ortodoxos orientais foram os que mais se debruçaram
sobre os estudos da teologia do Espírito Santo. Desde o século VII, em
virtude do debate com a Igreja Romana ocidental e posterior afastamento
dela, produziram uma teologia rica e sofisticada sobre o Espírito Santo,
infelizmente pouco conhecida em nossos seminários e faculdades de
Teologia.
Nesse texto, o professor Marcelo Da Silva Ferreira, mestrando em Teologia e História na Faculdade
Teológica Batista de São Paulo, nos apresenta uma leitura necessária da doutrina do Espírito Santo a
partir do livro do teólogo ortodoxo oriental Paul Evdokímov, "O Espírito Santo na Igreja Oriental",
publicado em 1996, em São Paulo, pela Editora Ave Maria. Sem dúvida, é um estudo pertinente para a
igreja evangélica. [Jorge Pinheiro].
As premissas orientais da teologia patrística
Os ensinamentos dos pais orientais sobre o conhecimento de Deus salientam que o projeto divino da
criação do homem está ligado a promessa de Encarnação do Verbo divino, pois estas duas doutrinas
complementam-se. O Oriente sustenta que a Encarnação seria realizada mesmo fora da queda, como a
expressão do amor divino e termo último da comunhão entre Deus e o homem.
Essa idéia demonstra o aprendizado de Deus dentro de uma natureza a qual ele havia criado, mas não
havia experimentado e na humanidade de Cristo, Deus pode compartilhar de experiências que ele
conhecia, mas como divino não havia passado. A concepção da eucaristia na Igreja demonstra o lugar da
união substancial entre Deus e o homem, esse aspecto nos leva a refletir dentro da ótica ortodoxa que a
ordenança da ceia do Senhor além de lembrar do sacrifício de Cristo e de sua iminente volta, nos faz
pensar que tudo isso foi possível graças a Encarnação do Verbo divino entre nós.
Esse ponto muitas vezes é esquecido por nós que nos concentramos no aspecto do sacrifício e de sua
volta, o que é importante. No entanto, a idéia da Encarnação sendo evocada na ministração da Ceia é de
grande valia.
O homem, como portador de uma certa medida de conhecimento de Deus é capaz de pressentir este
mistério e responder ao desejo divino depositado por Ele no coração humano. A idéia de predestinação,
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diferente do calvinismo, repousa no fato de que todo homem pode responder positivamente ao
chamado divino, porque ele carrega o sopro de vida divino e é justamente isso que o impele a uma
resposta positiva.
Para o Oriente existe uma distinção entre a razão (cérebro) e a inteligência (coração). No entanto, o
verdadeiro conhecimento é sempre caritativo e o amor é sempre intelectivo. Na verdade, o
conhecimento sem amor é puro intelectualismo vazio, inócuo e sem vida, o amor sem intelecto é paixão
cega, sem o alicerce da razão.
O pecado original separou a razão do coração, falseando a faculdade do discernimento e da apreciação.
Essa condição de perversão reclama um ato de fé (metanóia). Para o Oriente, a fé é uma reviravolta de
tudo no ser humano na sua experiência do transcendente.
Podemos dizer que aqui há uma certa semelhança da teologia ortodoxa com a teologia pentecostal no
que diz respeito a uma experiência transcendente. No entanto, os ortodoxos, evocam uma experiência
com o transcendente sem desligar-se de sua base: a teologia bíblica, o que difere nos grupos
neopentecostais mais novos que geralmente têm nas suas experiências com o transcendente um
desligamento do alicerce teológico.
De qualquer forma, seja pentecostal, ortodoxo ou histórico, a experiência com o transcendente é
necessária justamente para vivenciar aquilo que se lê, caso contrário, estaremos vivendo uma fé
puramente intelectual e nossos cultos repletos de tédio e marasmo. O culto verdadeiro compreende
uma experiência com o sobrenatural de Deus e com a revelação sobrenatural da teologia bíblica que é o
nosso alicerce. Teologizar é a tradução dos termos teológicos a comunhão com Deus, relatando o seu
conteúdo.
O kerigma, a didaskália e a catequese fazem parte elemento doutrinal da teologia, no entanto, a Igreja
cultiva a seiva do conhecimento escutando os santos, os Pais, da experiência com o Espírito Santo e do
colóquio com o Verbo, oferecendo a todos na liturgia.
A teologia mística é mais do que conhecimento cerebral é o conhecimento pela revelação de Deus e
pela participação receptiva do lado do homem. Todo conhecimento de Deus deve partir dele e de sua
proximidade.
Os Concílios Ecumênicos sempre tiveram como objetivo esclarecer a via salvadora de forma prática,
respondendo às questões de vida ou de morte. A teologia segundo os Pais da Igreja erige-se em
ministério carismático, pois o conhecimento de Deus é obtido pelo que ele mesmo se dá a conhecer.
Longe de uma experiência puramente enciclopédica, os Pais da Igreja enfatizam a necessidade de uma
receptividade aberta às revelações fulgurantes do Transcendente.
As dimensões positiva e negativa da teologia dos Pais
A dimensão apofática (negação), constituiu o lado negativo da teologia no sentido de negar toda a
tentativa de definição de Deus, justamente pelo fato de que todas as nossas definições não exprimem a
totalidade daquilo que é Deus em si mesmo. Ela realiza um ultrapassar, sem nunca se desligar de sua
base, a teologia da Revelação Bíblica. Esse aspecto negativo constitui o único remédio para a
insuficiência obrigando a transcender-se, por isso, o lado negativo não é um simples corretivo, mas uma
teologia autônoma. O método apofático ensina a atitude correta de todo teólogo: o homem não
especula, mas transforma-se, podendo contemplar pelos olhos da Pomba a Mônada una e trina
escondida na epifania.
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A dimensão catafática (positiva), constitui por sua vez, o lado positivo da teologia e tem um caráter
simbólico, segundo os Pais Orientais, sendo aplicada apenas aos atributos revelados, às manifestações
de Deus no mundo. Ela se constitui num modo inteligível do conhecimento de Deus, que está acima de
qualquer sistema de pensamento. Essa teologia tem seu valor e suas dimensões próprias e aos seus
limites.
Deus é misterioso, incognoscível pela sua própria natureza. Quando o homem procura a Deus, é ele que
é encontrado por Deus.
As particularidades da Teologia dos Pais Orientais
A teologia dos Pais é uma teologia trinitária, elaboradora das definições dogmáticas e da unidade e
diversidade das Pessoas em Deus. O termo homoousios permitiu exprimir o mistério de Deus.
O Oriente acredita que as relações entre as Pessoas da Trindade não são de oposição, nem de
separação, mas de diversidade, de reciprocidade, de revelação recíproca e de comunhão no Pai. A forma
ocidental de uma certa maneira contribuiu para realçar as relações de oposição e de separação.
Os atributos que se referem à natureza comum são inerentes aos Três sem diferenciações. Sendo a
Pessoa Única quando evocada na sua relação com à Fonte que é o Pai. A inascibilidade do Pai, a geração
do Filho e a processão do Espírito são as relações que melhor permitem distinguí-las.
As relações de origem não são o único fundamento das Hipóstases, que as constituiria e as esgotaria do
seu conteúdo.
A teologia do Oriente reserva um caráter sempre ternário ou triplo das relações, suprimindo qualquer
possibilidade de as reduzir à dualidade, à formação de díades no seio da Trindade.
Na Trindade encontram-se reunidos e circunscritos o uno e o múltiplo, no entanto, os Pais não
procuram justificar pela razão o número Três. A própria ciência matemática, não justifica o um absoluto,
sendo assim a unidade composta de Deus, não pode ser explicada através de pensamentos ditos
"lógicos", se a própria ciência não reconhece o um absoluto.
A filosofia latina encara em primeiro lugar a natureza em si mesma e prossegue até o subordinado (a
Pessoa); a filosofia grega encara em primeiro lugar o subordinado e aí penetra depois para encontrar a
natureza. Este ponto explica justamente a facilidade de entendimento e compreensão do método
ortodoxo para o ocidental, partindo das três pessoas como Jesus fez na "Grande Comissão", chega-se
unidade de Deus. Nós atrelados ao pensamento ocidental partimos de Deus para explicar a diversidade
de Pessoas nele. O problema aqui não é o método ser certo ou errado, mas a facilidade que o
pensamento ortodoxo fornece na compreensão da trindade é inegável.
O Oriente vê o perigo quando não é a Monarquia do Pai, mas a natureza una que se erige em princípio
da unidade na Trindade. O princípio de unidade não é a natureza, mas o Pai que estabelece relações de
origem em relação a Ele mesmo, como a única Fonte de qualquer relação.
Para os Pais Orientais confessar a unidade trinitária é reconhecer o Pai como a única fonte das
Hipóstases que simultaneamente recebem dele a mesma e única natureza.
A Hipóstase é a maneira pessoal de se apropriar a mesma natureza, sendo que cada uma delas na sua
realidade única ultrapassa as simples relações de origem. Todos os Pais afirmam a única Fonte
Hipostática do Pai e ao mesmo tempo uma relação íntima entre o Filho e o Espírito inseparavelmente
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concebidos e unidos. A processão do Filho e do Espírito Santo do único Pai foi sempre acentuada
fortemente pelos Pais Orientais.
A beatitude designa, para o Oriente, o infinito da deificação, participação da vida divina e visão da glória
trinitária através da humanidade glorificada do Cristo.
O Pai é a fonte da Verdade, o Filho é o princípio de revelação da Verdade do Pai, o Espírito Santo é o
princípio da sua manifestação dinâmica e vivificante, ele é a Vida da Verdade, o seu Espírito.
LEVANDO A SÉRIO OS PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB
www.iprb.com.br
Texto básico Hebreus 3.7-14
Uma das mais gloriosas promessas da Bíblia Sagrada é a da vinda do Espírito Santo sobre a Igreja de
Cristo. Ele é o Espírito da verdade (Jo 16.13), da alegria, da paz, da justiça (Rm 14.17); é o Consolador, o
Paráclito, nosso Amigo e Companheiro de caminhada com Jesus (Jo 14.16).
No momento da nossa conversão, todos recebemos o Espírito Santo, assim o diz Atos 19.2: "e [Paulo aos
discípulos de Éfeso] perguntou-lhes: Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes?" Nesse instante
especial, dons espirituais nos são conferidos porque o Espírito Santo quer produzir o Seu fruto em nossa
vida. Então, como se explica que haja crentes cujas vidas não demonstram os abençoados dons
espirituais nem a maravilhosa graça do fruto do Espírito?
Diz o Antigo Testamento que dia e noite, contínua e permanentemente, o fogo ardia no altar (cf. Lv 6.813). Que símbolo inspirador, claro, bendito de como o Espírito Santo deve agir em nós, permanente e
continuamente.
Mas não tem sido assim: o modo como certos crentes (mesmo o crente?!) tratam o Espírito Santo é
sinal da presença da "velha criatura". É o caso do filho de Deus que dá lugar à hipocrisia, à fraude, à
desonestidade, à falta de controle, à mentira, e daí por diante. E quando ele age desse modo, torna-se
uma pedra de tropeço para os outros.
Pois é; o descrente peca resistindo ao Espírito Santo (At 7.51) e contra Ele blasfemando (Mt 12.22-32;
Hb 10.29); e o crente em Jesus Cristo peca entristecendo o Espírito ((Ef 4.30) e extinguindo-O ou
apagando-O (1Ts 5.19). Aliás são dois versículos extremamente tristes: "E não entristeçais o Espírito
Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção", diz o da Carta aos Efésios; "Não extingais
o Espírito", adverte Paulo aos tessalonicenses e a nós.
A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO
Este pecado é cometido por descrentes, e é o chamado "imperdoável" (cf. Mt 12.31,32). Há muita idéia
equivocada correndo nossos arraiais evangélicos sobre em que consiste este pecado. Uma é que
ninguém sabe qual é: portanto, nem precisamos nos preocupar... Há quem pense ser uma imoralidade
degradante em que se envolveu, razão porque nunca mais terá perdão; no entanto, 1João 1.9 é
revelador e confortador: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os
pecados, e nos purificar de toda injustiça". Também não é homicídio, nem adultério, nem tóxicos, nem o
divórcio.
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A blasfêmia contra o Espírito Santo consiste na rejeição na graça divina. Ou como os teólogos da Igreja
Antiga diziam: "rejeição do evangelho" (Irineu), "dureza do coração humano rejeitando a obra de Jesus
Cristo" (Agostinho). Pelo texto de Mateus 12 é a rejeição da obra, da divindade, do ministério salvador
de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
A negação da verdade do perdão trazido pelo sacrifício de Jesus, e a conseqüente remissão de pecados,
é não permitir que sejam anulados os pecados. É a rejeição da obra do Espírito de Deus em levar o
arrependimento e ao perdão. Foi o caso de Judas Iscariotes: acompanhou Jesus de perto; participou do
Seu ministério, até; ajudou nos milagres; conhecia os lugares de oração, mas não conhecia Jesus como
Salvador.
Por esse motivo, a blasfêmia contra o Espírito Santo dá como resultado a condenação eterna. Ora, o
perdão em Cristo é o elo de restauração entre Deus e o ser humano. Se não há perdão, não há
redenção, comunhão nem compartilhar com Deus. Estêvão falou sobre isso: "Homens de dura cerviz, e
incircuncisos de coração e ouvido! Vós sempre resistis ao Espírito Santo, assim vós como vossos pais!"
(At 7.51).
É resistência ao Espírito; é tornar o coração como pedra, insensível aos apelos do Espírito. Assim sendo,
não pode haver perdão.
Mas a blasfêmia contra o Espírito Santo é uma atitude que pode ser corrigida, pois Hebreus 3.7,8 o
afirmam "Assim, como diz o Espírito Santo: Hoje se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração,
como no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me provaram, e viram por
quarenta anos as minhas obras"(cf. Sl 95.7,8). Esse horrendo pecado deve ser combatido clamando pelo
Espírito Santo, arrependendo-se e obedecendo : "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos
vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espirito Santo àqueles que pedirem?" (Lc 11.13).
QUANDO O ESPÍRITO SANTO FICA TRISTE (Ef 4.30)
O apóstolo Paulo estava perfeitamente consciente de que por trás do que pensamos, dizemos e
fazemos, há personalidades ativas atuando. São personalidades invisíveis, mas bem presentes. Por essa
razão, ele nos alerta a não dar qualquer oportunidade ao Inimigo-de-nossas-almas: "não deis lugar ao
diabo" (Ef 4.27), bem como nos instrui a não entristecer o Espírito.
Ora, todo pecado é motivo de tristeza para Deus. Por uma razão simples; simples e triste; triste e de
tremendas conseqüências: é que o pecado quebra a nossa comunhão com Ele, e nós fomos chamados a
essa comunhão. Paulo com certeza tinha Isaías 63.10a no coração ao escrever esta advertência:
"Contudo eles foram rebeldes, e contristaram o seu Espírito Santo".
Não esqueçamos que o Espírito Santo é o elo, o vinculo da vida de comunhão. Não esqueçamos,
outrossim, que o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade é, por essência, Santo. E Ele Se entristece
com a falta de santidade dos filhos de Deus, naturalmente; Ele Se entristece com a desunião (Ef 2.18;
4.4); Ele Se entristece com tudo o que não combina com a pureza, com a comunhão, com a santidade,
com a união, com a Sua própria natureza. Ele é o "Espírito da verdade" (Jo 16.13; 14.17). Logo, Ele Se
entristece com a mentira, com a falsidade e a traição.
Ele é o Espírito que nos "sela" para o dia da redenção, ou seja, o Espírito Santo em nós é a garantia, o
selo, e a certeza da vida, e a certeza da herança que nos aguarda. Ele está em nossos corações, e é
Aquele no qual estamos garantidos para o Dia Final (Ef 1.13,14); é Aquele que nos fez reviver em Cristo
(Ef 2.5); é Aquele que nos deu acesso ao Pai por meio de Jesus Cristo (Ef 2.18); é Aquele que nos
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comunica os dons necessários para o nosso serviço (Ef 4.7,8). Portanto, o que pode prejudicar o seu
poder em nós deve terminante, enfática e imediatamente rejeitado.
Enfim, entristecemos o Espírito de Deus cometendo aquilo que não combina com Jesus em pensamento,
palavras e ações:
· Quando mentimos, porque, como vimos, Ele é o Espírito da Verdade (Jo 14.7), já o lembramos. Fora,
então, a falsidade, a mentira e a deslealdade!
· Quando descremos, porque Ele é o Espírito de Fé (2Co 4.13). Fora a ansiedade, a desconfiança, a
dúvida, a preocupação!
· Quando não perdoamos, porque Ele é o Espírito da Graça (Hb 10.29). Abaixo o que é amargo e
malicioso, indelicado e demorado para perdoar!
· Quando nos degradamos, porque Ele é o Espírito de Santidade (Rm 1.4). Que desapareça de nossa vida
o que é impuro, ultrajante e degradante!
QUANDO O ESPÍRITO SANTO É EXTINTO
"Não extingais o Espírito" diz o texto de 1Tessalonicenses. Algumas versões da Bíblia "apagar" em lugar
de "extinguir". E esse é um pecado só cometido pelo que já confessou sua fé em Jesus Cristo. Essa
linguagem ("extinguir", "apagar") retoma a metáfora do Espírito Santo como fogo, ou algo a Ele
associado (cf. Mt 3.11; Lc 3.16; At 2.3; Rm 12.11; 2Tm 1.6). Observe-se que Romanos 12.11 e 2Timóteo
1.6 mostram graficamente o abanar de um fogo de carvão até que as chamas sejam formadas.
Voltando à Carta aos Tessalonicenses, havia na igreja de Tessalônica uma tendência de esmorecer,
abafar as manifestações espirituais, ou seja, o fogo do Espírito. Provavelmente, era uma reação contra o
que pode ter parecido uma ênfase entusiasta ao Espírito. Talvez, mesmo como em Corinto.
Ora, os dons foram dados para o crescimento espiritual do Corpo de Cristo. Se a Igreja for indiferente a
eles ou hostil, o exercício deles será frustrado, apagado. Como então, se extingue o Espírito Santo em
nossas vidas, como pessoas individuais ou como igreja?
· Sem dúvida, por falta de receptividade à vontade do Espírito.
· Por suspeita, ou falta de consideração dos caminhos do Senhor (que não são os nossos).
· Sempre que dizemos "não" a Deus.
Quer dizer que como a brasa apaga quando retirada da fogueira, as vidas dos crentes rebeldes, fechados
à operação de Deus também. Paulo até fez um veemente apelo,
"Rogo-vos, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus" (Rm 12.1,2).
O que apaga o Espírito? Qualquer desafio, qualquer oposição à vontade de Deus. O que O acende? A
submissão, a entrega, o quebrantamento, a decisão de cumprir Seu querer. Um fogo natural é apagado
quando jogamos areia ou água para sufocá-lo. Pois um pecado intencional apaga, extingue o Espírito
Santo. A crítica malvada, a grosseria, o rebaixamento de um trabalho pela palavra de alguém, o
desprezo.
Aí, você, minha irmã, meu irmão, peca contra o Espírito Santo. Você entristeceu o Espírito; você apagou
o Espírito em sua vida, em seu pensamento, em seu testemunho, em suas ações.
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Que fazer agora? Como curar os estragos desse(s) pecado(s) em sua vida espiritual? Lembre-se de que
todo e qualquer pecado entristece o Espírito. Recorde-se, porém, de que só Jesus Cristo pode purificar
do pecado. João escreveu essa evangélica verdade em sua Primeira Carta 1.9: "Se confessarmos os
nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça". E
Paulo o referenda em Tito 3.5.
A confissão é a única condição para a comunhão (1Jo 1.6,7). Afinal, nós somos "selados" pelo Espírito
Santo; somos marcados, separados para Cristo. O que fizermos de errado no corpo ou na mente (na vida
cristã não tem pertinência essa separação), o que não for para a glória de Deus é ofensa como Aquele
que merece 100% de nós. Não 50%, nem 80%, nem sequer 98%.
Quando o irmão, a irmã se batizou nas águas tinha na mente e no coração que o batismo é símbolo de
morte e sepultamento. Morte para o lixo do passado, morte para o pecado, e recomeço de vida em
Cristo Jesus. Você tem levado a sério essa morte para o sistema de coisas desse mundo? Você morreu
para o que não agrada a Deus? Ou continua a viver a velha vida da velha criatura com os velhos vícios,
as velhas atitudes, a vida da criatura que já devia ter morrido há muito tempo? Você pode dizer: " Vivo
não mais eu, mas Cristo vive em mim"?
Quando levamos os pecados contra o Espírito Santo a sério, queremos fazer tudo o que é agradável a
Jesus Cristo, Senhor de nossas vidas. Temos uma visão da coisa hedionda que é o pecado, o pecado
escondido, o pecado secreto, o pecado acariciado tantas vezes.
A Bíblia conta que entre os querubins da tampa da Arca da Aliança (aron haberith) brilhava a Shekinah
(Ex 25.21,22; 29.43; 30.6; Lv 16.2). A Shekinah, a gloriosa presença de Deus brilhava na antiga
dispensação entre os querubins do propiciatória (kapporeth). Hoje, na nova dispensação, chameja nas
frontes dos crentes em Jesus Cristo, lavados por Seu sangue, batizados no Seu Espírito, purificados para
servi-Lo.
Mas Satanás, nosso declarado Inimigo, fez nascer o medo do Espírito Santo entre nós. Já pensaram que
coisa horrível? Que o Espírito Santo, a Chama Divina, a Divina Shekinah queime esse temor. Afinal, nós
amamos o Senhor manifesto como Deus Pai, Criador; Deus Filho, Sustentador e Deus Santo Espírito,
nosso Guia, Conselheiro, Amigo e protetor. Nós cantamos sobre o Espírito Santo. São inspiradoras
expressões as da terceira estrofe do hino 1 do Cantor Cristão (CC),
"A Ti, ó Deus, real Consolador,
Divino fogo santificador
Que nos anima e nos acende o amor,
Aleluia! Aleluia!"
E do 118 CC,
"Jesus, ao céu subindo,
Se penhorou mandar
Seu bom e santo Espírito,
A fim de nos guiar;
E o grande, excelso Guia
Em nós agora está,
O mundo além revela,
Conduz-nos para lá".
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E as grandes verdades doutrinárias do hino 206 do Hinário para o Culto Cristão (HCC),
"Santo Espírito divino, és o Criador,
junto com o Pai e o Filho, nosso Salvador.
Do pecado e do castigo vens nos convencer;
Pelo novo nascimento somos outro ser.
Santo Espírito, vive em mim aqui,
Pois em ti fui batizado quando em Cristo eu cri".
E de tantos outros da nossa riquíssima hinódia.
Pois é; os hinos ensinam doutrina. Mas não é porque cantamos hinos que o Espírito Santo vem sobre
nós; mas porque o Espírito Santo veio sobre nós, e está conosco, é que cantamos e louvamos.
E agora uma palavra aos amigos que não têm certeza da salvação. Quando o Espírito Santo é levado a
sério, entendemos o que seja rejeitar a salvação, insultar o Espírito de Deus, blasfemar contra Ele. A
rejeição da verdade do evangelho produz trevas, caleja, endurece o coração, petrifica-o. Por essa razão,
quem se convence dessa verdade, da verdade de Cristo, da pureza do Seu ensino, da grandiosidade de
Sua obra de salvação, e não se rende ao Salvador, endurece o coração contra Deus.
Receber o conhecimento da verdade (que é Cristo) e rejeitá-la é um pecado voluntário contra o Espírito.
Daí a expressão de Hebreus 10.29: "De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele
que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com o qual foi santificado e ultrajar o
Espírito da graça?" E isso traz condenação sobre condenação.
A Bíblia, no entanto, a Bíblia que é o livro do amor de Deus, ensina que Ele não em leva os tempos da
ignorância (At 17.30), e o próprio apóstolo Paulo, que havia blasfemado contra o Espírito Santo foi salvo
pela graça, pela misericórdia que não leva em conta esses tempos de desconhecimento da misericórdia,
graça, amor e paz, desde que haja confissão e arrependimento: "a mim que outrora fui blasfemo e
perseguidor e injuriador; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade; e a
graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Cristo Jesus" (1Tm1.13).
LEVANDO O ESPÍRITO SANTO A SÉRIO
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB
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Levam todos os crentes em Jesus Cristo o Espírito Santo a sério? A pergunta não é descabida, porque a
própria Escritura Sagrada nos encoraja a não entristecer o Espírito, e a não extingüi-Lo em nossa
experiência de vida espiritual. Uma coisa, no entanto, deve ser enfatizada: a vida cristã foi projetada
para ser de vitórias! E elas dependem do Espírito Santo em nós, conduzindo a nossa vida e a enchendo.
Como vamos afirmar que levamos o Espírito Santo a sério, se Ele não ocupa lugar de seriedade em nossa
vida ou na vida da igreja? Na Escritura Sagrada, ao Espírito Santo é atribuída a mesma dignidade do Pai e
do Filho. Na Carta de Judas está ressaltado: "Vós amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé,
orando no Espírito Santo; conservai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor
Jesus Cristo" (v. 20). A Palavra de Deus ensina, ainda, que toda a Santíssima Trindade, em comunhão
perfeita, trabalha unida, e nenhuma das Suas Pessoas opera de modo separado das outras.
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QUANDO NÓS LEVAMOS O ESPÍRITO SANTO A SÉRIO...
A primeira coisa que se vê na Escritura é que Ele nos põe de pé. No livro do profeta Ezequiel, capítulo
1.28ss, está registrado:
"Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do
resplendor da glória de Deus. Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo
isso, caí com o rosto em terra, disse Ezequiel, e ouvi uma voz, a voz de quem falava. E disse-me:
Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então, quando ele falava comigo, entrou em
mim o Espírito, e me pôs em pé, e ouvi aquele que me falava" .
O Espírito Santo nos põe sempre em pé diante do Senhor. Ele não anda derrubando o crente, pois o
Espírito Santo não é Deus machucando o crente. Vêm acontecendo alguns estranhos movimentos em
algumas igrejas. A esse tipo de anormalidade atribui-se uma pretensa atuação do Espírito de Santidade
(melhor tradução para Ruach haKodesh), que, segundo informam, anda derrubando o crente. Alguém
sopra e a pessoa cai; joga o paletó, cai. Talvez seja outro espírito qualquer, mas, seguramente, não o
Santo Espírito de Deus, que sempre nos põe em pé, como ocorreu com Ezequiel e com João na Ilha de
Patmos. É Deus levantando, soerguendo, dando forças espirituais e morais para a atividade do serviço
do Senhor no dia a dia. O relato do que aconteceu com Ezequiel está em 1.27 a 2.2. Com João, em
Patmos, a narrativa está em Apocalipse 1.12-17.
QUANDO LEVAMOS O ESPÍRITO SANTO A SÉRIO...
Ele nos dá uma visão da glória de Deus. Que coisa maravilhosa! Ainda em Ezequiel (3.12), "Então o
Espírito me levantou, e ouvi por detrás de mim uma voz de grande estrondo, que dizia: Bendita seja a
glória do Senhor, desde o seu lugar".
Isso também aconteceu com Ezequiel, o profeta. E Paulo, o apóstolo, explica o significado da revelação
de Deus, o significado de tirar o véu. Pois é isso o que quer dizer a palavra: tirar a barreira e possibilitar o
acesso a essa glória, a presença de Deus que faz brilhar, luzir, refletir a glória presenciada. O texto de
2Coríntios 3.13ss é sempre lido com emoção. Nele, o apóstolo Paulo diz,
"E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face para que os filhos de Israel não
fitassem o fim daquilo que desvanecia [ele via a glória de Deus, e quando descia do monte, a
glória começava a se apagar do seu rosto, colocando ele um véu para que os filhos de Israel não
vissem esse final da glória de Deus] mas os seus sentidos foram embotados, pois até hoje, à
leitura da antiga aliança,[a leitura do Antigo Testamento, como ainda fazem na Sinagoga.]
permanece o mesmo véu. Não foi removido, porque somente em Cristo é ele abolido.E até hoje,
quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando um deles se
converte ao Senhor então o véu é-lhe retirado. Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito
do Senhor aí há liberdade. Mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo a glória do
Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do
Senhor".
Isso porque nós levamos o Espírito Santo a sério.
QUANDO NÓS LEVAMOS O ESPÍRITO DE DEUS A SÉRIO...
Nós nos inclinamos para o que é espiritual. O Novo Testamento diz que há três qualidades de pessoas:
a natural, e depois, com muita tristeza, diz a Bíblia o crente carnal e o crente espiritual.
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Natural é quem nunca experimentou uma mudança no seu interior, nunca mudou espiritualmente, a
propósito de quem, a Bíblia utiliza a definição: "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de
Deus porque para ele são loucura e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente"
(1Co 2.14).
Uma pessoa natural não entende a autoridade da Bíblia, não compreende a inspiração da palavra de
Deus, não sabe o que é o poder de Deus e para ela a pregação bíblica é coisa sem sentido. É como diz
aqui, "A palavra da cruz é de loucura para os que perecem" (1Co 1.18). E foi, também, por essa razão
que Jesus Cristo disse, "Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus."
Não devia acontecer, mas existe o crente carnal e o espiritual, diz a Palavra Santa. O crente chamado
carnal é o que se deixa levar por seus instintos, pelos sentimentos e não pela vontade de Deus. Esses
sentimentos podem ser de inveja, de ciúme, de raiva ou um mexerico. Paulo o descreve em 1Coríntios 3,
"Eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais [está falando com os crentes, não
esqueçamos], "mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com
alimento sólido, pois ainda não estáveis prontos para isso.Com efeito, ainda agora não estais
prontos. Ainda sois carnais. Pois havendo entre vós inveja e contendas, não sois carnais, e não
andais segundo os homens? Pois, dizendo um: Eu sou de Paulo, e outro: Eu de Apolo, não sois
carnais?"
O crente carnal é aquele que sabe o que é a graça de Deus; entende muito bem o que a graça imerecida
de Deus fez nele. Sabe o que é a salvação em Cristo Jesus; conhece a Escritura Sagrada. Tem perfeita
noção do poder de Deus, já o viu até manifesto. Entende o significado do Corpo de Jesus Cristo que é a
Igreja; sabe a respeito do sustento da igreja através do dízimo. Mas vive como se nada disso existisse.
Alguém pode pensar (porque Paulo diz que: "Eu vos dei leite") que é o crente novo, o irmão que se
converteu há pouco tempo. Há crentes com cinco, dez, vinte, trinta anos e mais tempo de vida cristã,
que lamentavelmente conhecem tudo isso, mas vivem na carne. Acontece que alguns têm medo de
serem chamados de fanáticos. No domingo são "crentões", mas, na segunda, terça, quarta, quinta e
sexta-feiras agem como se Deus não fosse uma realidade para a sua vida e como se Jesus Cristo não
tivesse feito nada por ele para levá-lo ao Pai. É uma pessoa sem amor, sem carinho pelos outros, sem
alegria: é macambúzio, triste. É uma pessoa sem paz, não tem paciência, não é gentil, não é bondoso,
não é digno de crédito, não é manso e não tem domínio próprio. Citamos as características do fruto do
Espírito, em Gálatas 5.22,23. Quando acorda cada dia e todos os dias, tem gosto de segunda-feira
cinzenta, cansada na boca.
Mas a Bíblia diz (e glória a Deus!) que existe o crente espiritual: "Mas o que é espiritual discerne bem a
tudo, e ele de ninguém é discernido (1Co 2.15)". Os outros não o entendem, porque busca as coisas do
Espírito. Para ele a Bíblia tem autoridade, ele a estuda, conhece a Palavra, tem prazer, tem alegria cada
dia da semana e leva a sério o Espírito Santo.
Fique certo, meu irmão querido, querida irmã, que Satanás sabe o tipo de crente que você é. Sabe qual
é o meu e o seu ponto fraco, e se aproveita disso para nos acusar diante de Deus. Afinal de contas, essa
é sua função, não está dito na Bíblia?: "Eu ouvia uma voz que dizia, agora é chegada a salvação, e o
poder, e o reino, e autoridade porque já foi lançado fora o acusador dos nossos irmão" (Ap 12.10).
Há crente carnal que afasta o descrente de Jesus Cristo, e há o crente sal da terra, luz do mundo que
atrai à salvação, que leva a Jesus Cristo. Fale a verdade, meu irmão, quantas pessoas você tem trazido a
Cristo ultimamente? Pense com seriedade. E quantos se afastaram de Jesus, ou, no mínimo, quantos se
afastaram de sua igreja ou de uma organização da igreja por sua culpa?
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Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação
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Uma vida que leva a sério o Espírito Santo, distingue-se por um amor profundo à Palavra. Gosta de lê-la,
e mais ainda, ama estudá-la.
Uma vida que leva a sério o Espírito Santo tem o hábito da oração. Não é a oração por hábito: é o habito
da oração, o que Paulo chama de "orar sem cessar".
É liberal na sua contribuição porque diz a Bíblia: "Mais bem aventurada coisa, é dar do que receber".
Outra distinção é o ganhar vidas para Cristo. Como ganha vidas para Cristo! Uma, duas, e tem alegria de
trazer tantos aos pés de Jesus.
Ainda outra característica da pessoa que leva o Espírito a sério é permitir que Ele, Espírito, se apodere
dessa pessoa e na verdade esse é um anseio da vida, o desejo de ser cheio do Espírito Santo de um
modo altamente consumidor.
Quando levamos o Espírito Santo a sério ocorrem bênçãos extraordinárias na nossa vida. E uma delas,
que nos é dada por direito de salvação, é que não mais existe condenação. Não mais somos acusados
de qualquer coisa negativa do nosso passado: "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que
estão em Cristo Jesus... porque a lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, livrou-me da lei do pecado e da
morte" (Rm 8.1,2). Essa é a primeira grande bênção. O nosso passado não mais nos amedronta, e se
alguém vem lembrar-lhe o que você foi no passado, glorie-se em Cristo, como Paulo dizia, e afirme: "Isso
foi no passado hoje eu sou outra pessoa, eu sou outra criatura. Deus falou em minha vida e Deus tocou
em minha vida através de Cristo".
Quando levamos o Espírito de Deus a sério, deixamos de ser avarentos com o sustento da Causa de
Cristo. Deixamos de ser cheios de ira, porque já abandonamos os sentimentos de amargura, de ódio, e
os substituímos pelo bom senso e damos lugar à paz. Egoístas, querendo o primeiro lugar, o lugar de
destaque, ingratos para com Deus e com o próximo, com o irmão em Cristo, não reconhecendo o bem
que prestam ao reino de Deus, insensíveis ao sofrimento, às carências, às necessidades dos outros.
Somos intolerantes com quem pensa diferentemente de nós e, vezes tantas, temos prejudicado, alguém
e famílias inteiras por causa de uma guerrinha particular, quando lutamos com forças carnais para
destruir aquela pessoa, negligentes que somos com o trabalho do Senhor.
Em uma expressão, somos carnais, influenciados pela velha natureza e não subimos a escada espiritual
que nos leva à vitória. Como tudo isso resulta em graça e paz para a igreja, ou tristeza e miséria para o
povo de Deus... Isso pode trazer luz ou, dependendo de como o Espírito trabalha ou não em nós, trevas,
bênção ou maldição. Depende então da nossa atitude de levamos ou não o Espírito Santo a sério, e
quando o fazemos, cria-se uma unidade na igreja, uma unidade entre os crentes. Na palavra de Deus,
encontramos como Paulo colocou essa questão da unidade: "...procurando e guardar a unidade do
Espírito no vinculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só
esperança da vossa vocação. (Ef 4.3,4). O Espírito Santo cria unidade, mas, nós temos que trabalhar para
obtê-la. E quando nós dissemos, "Eu sou de Paulo", o outro diz, "Pois eu sou de Apolo" e um terceiro
fala, "Eu sou de Cefas" e mais um afirma, "Eu sou de Cristo", sabe o que acontece? Nós criamos
sindicatos, partidos, grupos, facções e igrejinhas dentro dessa unidade espiritual que deve ser a igreja
local. Se não levamos a sério o Espírito de Cristo, tudo isso vai acontecer mesmo. No entanto, a palavra
de Deus tem uma advertência muito pesada (tão pesada quanto clara) quando em 1Coríntios 3.17 diz,
"Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; quem favorecer a desunião da igreja, quem
prejudicar a comunhão que o Espírito quer criar, será destruído por Deus".
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Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação
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Mas quando a igreja leva a sério o Espírito Santo, aí há reconciliação, muito choro às vezes, nessa
reconciliação. Porque Ele é a nossa paz diz o apóstolo, "O qual de ambos os povos fez um e derrubando a
parede de separação que estava no meio, na sua carne ele desfez a inimizade entre judeus e gentios". A
igreja é, realmente, uma comunhão de desiguais. Isso aconteceu no colégio apostólico porque aqueles
doze homens que andaram com Jesus Cristo, eram as pessoas mais desiguais possíveis. Teria sido muito
mais fácil para Jesus ter utilizado doze fariseus para os seus apóstolos, pois eram iguais. Estudando a
história do Judaísmo, vemos que eram homens altamente honrados, tementes a Deus; amantes da
Escritura Sagrada e ortodoxos na doutrina. Criam na ressurreição e eram tão apegados à Lei de Moisés,
que chegaram a elaborar 613 mandamentos em vez de apenas 10. Nesse ponto, viraram fanáticos.
Realmente, Jesus poderia ter usado doze desse honrados homens. Mas, na Sua soberana sabedoria
preferiu chamar doze desiguais. Ele chamou um que era fiscal do imposto de renda, um funcionário
público, um publicano. Há dois mil anos, na Palestina, ser fiscal de renda era considerado algo
abominável, porque a pessoa trabalhava para o Império Romano, não para o povo judeu, não para a
Palestina, não para Israel. O publicano recebia o dinheiro do judeu e o enviava para Roma, razão porque
era odiado. Mateus era um publicano. Havia no colégio apostólico um guerrilheiro. Havia um que era
zelote, o guerrilheiro daquele tempo. Os zelotes faziam guerrilha urbana; andavam com uma faca, um
punhal que recebia o nome de sicar, o qual era escondido dentro do manto. Se ele passasse por uma
viela, num beco e se encontrasse um romano sozinho, matava-o e guardava seu punhal. Pois um dos
apóstolos havia sido zelote. Outros eram pescadores, simples pescadores, e assim por diante. Era uma
verdadeira comunhão de desiguais, que tiveram, no entanto, que andar com Jesus para aprenderem a
ser iguais.
Quando o Espírito Santo é levado a sério, a igreja é capacitada também para a adoração. É importante
verificar que a igreja de Antioquia estava em culto, ministrando perante o Senhor, diz o livro dos Atos
dos Apóstolos, quando Barnabé e Saulo foram escolhidos e separados pelo Espírito para a tarefa de
missões. A seriedade desse empreendimento é tanta que Lucas colocou o registro de que eles estavam
ministrando a Deus, isto é adorando e jejuavam. Não era brincadeira o que eles estavam fazendo,
estavam levando o Espírito a sério.
Quando se leva o Espírito Santo a sério, a pregação se torna autêntica e parte do coração de Deus.
Aliás, há quem se incomode quando o sermão passa dos trinta minutos, por outro lado, a pregação hoje
em dia tem se tornado extremamente pobre. Há púlpitos que só pregam a mesma coisa, não há outra
lição do Senhor. Se é que a lição que é apresentada é realmente do Senhor, e sendo sempre a mesma,
ficando sempre no mesmo lugar, cai no que podemos chamar de "síndrome da enceradeira": ficar
falando a mesma coisa. Para este pregador, a palavra de Deus tem primazia de modo que nada o
afastará de dominicalmente anunciá-la para dar lugar a outras coisas. Porque o Espírito Santo é levado a
sério neste púlpito.
Observe que quando o irmão/a irmã leva o Espírito Santo a sério, as tentações aumentam. Mas as
vitórias são, igualmente, maiores. A renovação interior produzida pelo Espírito de Deus no seu coração
não tem com o que ser comparada. Paulo o disse em Tito no capítulo 3.3-7:
"Outrora nós também éramos insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões
e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas quando
apareceu a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens, não por
obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou
mediante a lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou
ricamente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso Salvador, a fim de que, justificados por sua
graça, sejamos feitos seus herdeiros segundo a esperança da vida eterna"
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Quando você, meu amado, minha querida irmã em Cristo, leva o Espírito Santo a sério, você é por Ele
unido a outros irmãos e irmãs, em todo o mundo, numa grande fraternidade de mãos postas, num
grande círculo de oração, como diz o apóstolo em Efésios 6.18: "E orai em todo o tempo com toda a
oração e súplica no Espírito. Vigiai nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos". E Ele
mesmo, o Espírito, intercede por nós "porque não sabemos o que havemos de pedir como convém" (Rm
8.26; cf. Tg 4.3).
Mas, sobretudo, nosso coração que passou de coração pecador a coração salvo, deixa de ser
simplesmente um coração salvo, para ser um coração salvo e em chamas por causa do Espírito Santo!
OS CRENTES BATISTAS E OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB
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I Co. 12:1-11
Não há como negar, seja o povo batista ou não, o Senhor Deus está realizando uma grande obra, e, de
algum tempo para cá, estamos vivendo um grande "mover do Espírito Santo", isto porque, não tenham
dúvidas, o Senhor, à luz da Sua Palavra, está promovendo no meio do seu povo "um grande avivamento
espiritual".
Numa época como esta, nada mais justo do que exercermos atitudes cautelosas em muitas e
determinadas coisas.
Como Pastor desde meus 20 anos de idade, ordenado na Igreja Batista da Encruzilhada em Recife, hoje
com 53 anos de idade, portanto, 33 anos de Ministério, ouví, estudei e aprendí dos grandes mestres e
professores, livros e estudos dirigidos, etc., muitas coisas que foram ministradas e ensinadas, e,
principalmente sempre lí as lições dos "Pontos Salientes" da Escola Bíblica Dominical, que eram
ministradas nas nossas igrejas e, uma das coisas que se ensinava e escrevia, é que:
1) "os dons cessaram";
2) "não mais haveria a necessidade de manifestações dos dons" e,
3) "as manifestações dos dons eram necessárias naquela época apostólica para o povo poder crer ..."
Todavia, queridos leitores, nós sabemos que não é nada disto, os dons do Espírito Santo são uma
evidência clara no meio do povo de Deus e, os dons do Espírito Santo, não são propriedades exclusivas
de nossos amados irmãos em Cristo, pentecostais ou assembleianos (a quem amamos e respeitamos),
ou dos néo-pentecostais (os quais também amamos), hoje tantos, mas, os "dons do Espírito Santo" são
também uma clara evidência no meio do povo batista, no Brasil e no mundo, numa demonstração
inequívoca, de que a Palavra do senhor é a mesma de ontem e será eternamente, pois o Senhor assim
ministrou: "Passarão os céus e a terra, mas, as minhas palavras não haverão de passar ..." Mateus
24:35.
Não sei por que, tanta gente tem medo de tratar deste assunto e de ministrar ao povo batista, a grande
verdade, de que o Senhor está a realizar grandes maravilhas e, que o "mover do seu Espírito" é, hoje,
uma realidade que ninguém pode negar.
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Não tenham dúvidas, que é por causa desta omissão do líder batista de não querer se expor, e dizer
claramente ao povo que nós os batistas CREMOS NOS DONS DO ESPÍRITO SANTO e, sabemos que,
como diz a Bíblia Sagrada, "o Espírito Santo opera todas essa coisas, repartindo particularmente a cada
um como quer ..." (I Co. 12:11) e, que, a "manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for
útil ..." (I Co. 12:7), portanto, se não for para ser útil, não será dada a manifestação nem será dado o
Dom, é por causa desta omissão que estamos vendo tanta distorção doutrinária no meio do povo
batista.
Humilde e submisso à vontade do Senhor é que pretendo escrever uma série de estudos sobre o
assunto Dons do Espírito Santo, e, para tanto, tenho orado e pedido as orações dos irmãos da Igreja
Batista dos Mares da qual sou o Pastor, para que orem por mim, pois, o que desejo, nada mais é do que
a vontade da Palavra de Deus, e, nos próximos estudos adentrarei de maneira direta numa análise à luz
da Bíblia, sobe os "dons espirituais" e, pasmem, até sobre os "dons de línguas" incontestavelmente um
tabu no meio do povo batista mas, uma realidade insofismável na vida do povo de Deus, contudo,
ensinaremos que ao ser exercido, mediante a dádiva do Espírito Santo, o é, para edificação própria, pois
o que "fala em língua estranha edifica-se a si mesmo" (I Co.14:4) e, este texto, fala mesmo da
"variedade de línguas, isto é, línguas que não correspondem a nenhuma língua conhecida por aquele
que fala..." , conforme está explicado no rodapé da (Bíblia de Estudos Almeida, da Sociedade Bíblica do
Brasil, às páginas 252, do Novo Testamento, edição recente de 1999, Baurerí, São Paulo), mas, ninguém
se espante, porque também iremos dizer que "o amor" além de ser superior aos dons, é sem dúvida o
elemento legitimador do uso dos dons na edificação do povo de Deus, e, o amor não deixa o crente
presunçoso, orgulhoso, achando que é superior aos demais e, nem "orando para que os outros crentes
se convertam", pois, quem recebeu a Jesus e permanece fiél ao Senhor, dia após dia, não tem que se
converter de novo, nem, porque foi a um "encontro tremendo" é que agora se converteu. Cuidado! É
bom ter calma, prudência, mas, que Deus está fazendo uma grande obra, está !
Até ao próximo estudo !
OS CRENTES BATISTAS E OS DONS DO ESPÍRITO SANTO II
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
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I Cor. 12:1-11Mais uma vez me dirijo aos queridos irmãos para trazer algo que merece a nossa reflexão,
sobre esta pessoa maravilhosa da Trindade Santa, o "Espírito Santo", e, o que esta pessoa tão relevante
tem para todos nós, crentes batistas, através dos "dons espirituais".
Os dons do Espírito Santo são os meios inquestionáveis, através dos quais, nós os crentes, membros do
Corpo de Cristo (a Igreja), somos capacitados, habilitados e totalmente equipados para podermos
realizar com autoridade e poder, a obra de Deus.
Meu desejo de escrever sobre este assunto e trazê-lo para o nosso povo batista, sinto ser vontade de
Deus, sobretudo quando me deparo com o que diz a Palavra em I Cor. 12:1, "a respeito dos dons
espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes..." e, é por este motivo, com esteio nas Escrituras
Sagradas, que ouso salientar que sem os dons do Espírito Santo, o Corpo de Cristo, a Igreja do Senhor,
ao contrário de ser um poderoso organismo vivo, cheio de graça e de unção, passaria a ser
simplesmente uma organização social, humana e religiosa, sem o poder e as características espirituais
que a Igreja do Senhor deve carregar consigo.
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Já li com espanto, em algumas lições que mestres antigos ministraram, principalmente nas revistas da
Escola Bíblica Dominical, em que escritores e comentaristas ao questionarem se os dons do Espírito
Santo permanecem nos dias atuais, respondiam ao povo dizendo:
"Alguns sim; outros não (grifo nosso)." (Revista Compromisso - JUERP, 1994, pg. 32), aonde é que está
escrito na Bíblia isto? Em lugar nenhum.
Eu sei que a obra que o Senhor está realizando no meio do povo batista, me confere a condição de dizer
com letras maiúsculas e, se questionado for, se os dons permanecem hoje, responder:
"SIM, TODOS OS DONS DO ESPÍRITO SANTO, NA VIDA DA IGREJA, PERMANECEM NA SUA
INTEGRIDADE, PORQUE A BÍBLIA DIZ QUE SIM" e embora homens queiram negar, prefiro ficar com a
Palavra do Senhor que em I Cor. 12:4 diz: "Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo" (grifo
nosso), isto é, Aquele Espírito Santo que deu e que repartiu, é o mesmo que dá e que reparte hoje, a
cada um, como quer, para a edificação do Corpo de Cristo que é a Igreja do Senhor.
Vale destacar também o fato de que muitos sempre confundiram os nove (09) dons do Espírito Santo,
com fruto do Espírito Santo, que se expressa através de nove (09) características, indispensáveis à
verdadeira vida cristã, isto é, o cristão verdadeiro tem que dar frutos, deve frutificar no seu dia a dia, e
manifestar a todos que com ele convivem, as nove (09) características do fruto do Espírito, quais sejam:
AMOR, GOZO, PAZ, LONGANIMIDADE, BENIGNIDADE, BONDADE, FÉ, MANSIDÃO e TEMPERANÇA,
conforme Gál.5:22. Portanto, é de bom alvitre esclarecer que fruto é uma coisa e, dons outra coisa.
O fruto do Espírito Santo faz o crente sentir a necessidade de ter o seu caráter, moldado pelo caráter do
Mestre, o nosso Senhor Jesus Cristo, enquanto os dons do Espírito Santo, são as capacitações especiais
que o Espírito concede aos cristãos, para com poder, graça e unção, realizar a obra do Senhor.
Sinto-me, pois, à vontade em escrever para o nosso povo batista sobre o tema dos "Dons do Espírito
Santo", não só porque a Palavra de Deus admoesta e ensina aos crentes que assim o busquem: "segui o
amor e buscai com zelo os dons espirituais..." (grifo nosso) - I Cor. 14:1, mas, também, porque ao falar a
Timóteo seu filho na fé, o Apóstolo Paulo querendo encorajá-lo a suplantar as dificuldades e destacando
os grandes problemas que mercê da Graça de Deus, dos mesmos já havia obtido a vitória, Paulo lhe
admoesta dizendo: "reavives o Dom de Deus que há em ti" - II Timóteo 1:6 (Pastor Shedd traduz por
reavivar, usando um verbo que significa fazer o fogo subir com vida, reatiçar, para que Timóteo
permitisse que o Dom que lhe fora dado pelo Espírito ardesse nele), cujo Dom era o de profecia,
recebido pela imposição de mãos do presbitério (I Timóteo 4: 14), mas, me sinto a vontade, sobretudo,
pelo Tema Geral dos Batista Brasileiros em 2001 que é: DESPERTA OS DONS QUE HÁ EM TI! Este tema é
um imperativo e, ao estudá-lo, sem dúvida, "dons" poderão ser despertados.
A partir do próximo estudo, estaremos observando o que a Bíblia Sagrada ensina sobre os dons do
Espírito Santo, conforme mencionaremos a seguir:
a) Palavra do Conhecimento, Palavra de Sabedoria e Discernimento de Espíritos;
b) Dons de Curar, Dons de Operação de Milagres e Dom da Fé;
c) Dom de Variedade de Línguas, Dom de Interpretação de Línguas e Dom de Profecia.
Vamos devagar, com calma e prudência, mas, que Deus está fazendo uma grande obra no meio do povo
batista, está!
Louvado seja o Senhor!
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OS CRENTES BATISTAS E OS DONS DO ESPÍRITO SANTO III
"Dom da Palavra do Conhecimento"
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
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I Cor. 12:8 Como é bom pensar com os amados leitores, sobre as insondáveis riquezas espirituais que o
nosso Deus coloca à disposição do Corpo de Cristo, a Igreja, quais sejam os "Dons do Espírito Santo".
Adentro hoje de maneira específica, no âmago da questão, verificando algo sobre o dom da PALAVRA
DO CONHECIMENTO. Este Dom espiritual está inserido no grupo de dons, que têm se mostrado
extremamente necessário à vida e, ao ministério, dos que exercem a liderança sobre à Casa de Deus, a
Igreja do Senhor.
O Dom da Palavra do Conhecimento é indiscutivelmente, uma revelação sobrenatural de algum fato,
que existindo na mente de Deus, mas, que pela fragilidade e limitação do homem, ele, o homem, não
pode conhecer, exceto se o Espírito Santo, o revelar dando assim a capacitação especial.
Conhecimento é o mesmo que ciência, GNÓSIS, na língua grega. Falar com ciência é "falar com
conhecimento, o que é diferente de conhecer, no sentido de que este Dom, traz apenas uma palavra de
conhecimento e não, todo o conhecimento, pois ter todo conhecimento é prerrogativa divina",
conforme esclarece Dr. José Perraçoli Moreno, ao escrever sobre o "Despertamento dos dons
Espirituais".
O Dom da Palavra de Conhecimento possibilita ao cristão sincero e que está na dependência do Senhor,
ser equipado para proferir palavras, que saem da órbita do alcance humano, isto afirmo, porque quando
estamos a analisar e estudar sobre os Dons do Espírito Santo temos de entender claramente, que para o
exercício desses dons, o Espírito Santo é quem capacita, e, um claro exemplo que a Bíblia nos dá, é que
os Apóstolos, eram pessoas rudes, sem conhecimento e sem cultura, todavia, em Atos 4.13a, lemos o
seguinte: "Então eles, vendo a intrepidez de Pedro e João, e tendo percebido que eram homens
iletrados e indoutos, se admiraram..." (versão da Imprensa Bíblica Brasileira).
De acordo com a recente tradução da Bíblia de Estudos Almeida, "iletrados e incultos eram os que não
haviam estudado com os rabinos".Note-se ainda, que compara o texto referido, com João 7.15, que
trata do equipamento maravilhoso do Senhor Jesus, detentor da Palavra do Conhecimento, que deixava
a todos extasiados, pois, sabia as letras, mas, não havia estudado...
Na Bíblia Shedd, inclusive aproveito a oportunidade para dizer que aprecio bastante os comentários do
Pastor Russel Shedd, diz que: "as palavras eloqüentes faladas pela inspiração do Espírito Santo causaram
grande surpresa."
A Bíblia é, portanto farta, em demonstrar a manifestação deste Dom Espiritual da Palavra do
Conhecimento, em diversos Ministérios, como por exemplo, nos de: SAMUEL (I Samuel 9.15-20 e I
Samuel 10.22); AÍAS (I Reis 14.6); JESUS (João 2.48 e 4.18); PEDRO (Atos 5.3 e 4); PAULO (Atos 27.23-25).
Vale destacar, que ninguém é detentor de todos os Dons do Espírito, mas cada um recebe o Dom, da
forma como o Espírito quer. O Espírito é quem reparte. A exortação da Palavra é que busquemos os
dons com avidez, e ao buscá-los devemos fazê-lo com equilíbrio, zelo, contudo sem impedir que o
Espírito possa fluir livremente. Só não podemos é humanizar o que é do Espírito e nem dizer como é que
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queremos ser dotados, e nem como é que vai ser o exercício dos dons nas nossas vidas. Em I Cor. 12.7, a
tradução da Imprensa Bíblica diz: "A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito
comum", isto é para o proveito do "Corpo de Cristo", que é a Igreja do Senhor. O Espírito é o mesmo, foi
o de ontem, é o de hoje, e será eternamente, e este Espírito "distribui particularmente a cada um como
quer"(I Cor. 12.11).
Não vamos misturar "Palavra de Conhecimento" com "Palavra de Sabedoria", não vamos misturar
GNOSIS com SOPHIA, pois conhecimento é distinto de sabedoria e, em se tratando dos "Dons do
Espírito" a Palavra de Sabedoria que será o assunto do próximo estudo, iremos ver que tratará de uma
palavra especial, espiritual, sobrenatural, não é apenas, "a sabedoria frente às exigências feitas pela vida
humana..." é, coisa de Deus, é coisa do Espírito.
O Ilustre Pastor Billy Graham em um dos seus livros diz claramente: "Os dons do Espírito nunca devem
dividir o Corpo de Cristo; devem mantê-lo unido..." (O Espírito Santo, Edições Vida Nova, São Paulo, pág.
132).
Os assuntos que estamos abordando, visam o "aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu
serviço, para a edificação do Corpo de Cristo..." (Ef. 4.12).
OS CRENTES BATISTAS E OS DONS DO ESPÍRITO SANTO IV
"DOM DA PALAVRA DE SABEDORIA"
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
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I Cor. 12.1-11
Por ser este um Dom do Espírito Santo, transcende e vai além da sabedoria do homem. A tradução da
palavra grega "sophia" é sabedoria, mas, "sophia" diz respeito a sabedoria do homem, ao saber
adquirido pelo estudo, pela pesquisa, pelos meios que são colocados à sua disposição os quais,
proporcionam ao ser humano, uma gama de informações tal, que se pode afirmar, "fulano tem
sabedoria" pois ele entende deste ou daquele assunto.
Aqui, agora, tratamos do Dom Espiritual da Palavra da Sabedoria, isto é, daquela palavra que emana de
alguém submisso à vontade do Senhor, e que por estar debaixo do governo de Deus, e por Ter sido
equipado pelo Espírito Santo com este Dom, ao proferir palavras, fala com sabedoria espiritual e,
ministra, ensina ou esclarece coisas, que o simples saber humano jamais poderia explicar ou deslindar.
Gosto muito da explicação dada por Pastor Russel Shedd, quando ao se referir sobre palavra no grego
"logos", como "capacidade de comunicar", se refere a sabedoria, como "análise penetrante daquilo já
revelado". Isto nos faz sentir a diferença existente entre a sabedoria geral, aquela que se adquire
durante toda a vida, a cada dia, através da leitura e dos estudos, principalmente nas escolas e
universidades da vida, e a palavra de sabedoria - Dom do Espírito Santo, onde Deus manifesta através
do Espírito Santo, esta Palavra de Sabedoria, diante de uma necessidade especial, em um determinado
lugar, para solucionar algo que precisa ser resolvido, e tudo é efetivado na realidade, essa palavra de
sabedoria é proferida, para a edificação do Corpo de Cristo e, sobretudo para a glorificação do Senhor e
do poder do seu Santo Evangelho.
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Este Dom não se manifesta o tempo todo, trata-se, de uma palavra especial, específica, para um
determinado tempo e lugar, para atender a uma situação singular.
O Dom da Palavra da Sabedoria trata de uma proclamação, de uma declaração, de uma palavra
específica dada por Deus, através do seu Espírito Santo, para atender naquele momento a uma situação
emergencial. Sendo esse um Dom do Espírito Santo, é claro que ele não depende da sabedoria do
homem, que embora possa ser grande, vasta, graduada e pós-graduada, foge da habilidade humana e,
passa a se situar na esfera e nos domínios do ministério cristão, e este Dom, pode ser exercido tanto no
tocante ao ensino da doutrina bíblica, da Palavra de Deus, quanto na solução de problemas em geral.
Em Efésios 1.17-19, o Apóstolo Paulo diante do Senhor, ele fala aos irmãos "que o Deus de nosso Senhor
Jesus Cristo o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele..."
e nesta súplica ardente, Paulo mostra o seu desejo de que as três coisas pedidas possam ser entendidas
e descobertas, por revelação do Senhor, pois, sem o espírito de sabedoria o homem jamais poderia
entender apenas pelo saber humano.
Billy Graham diz: "o tipo mais alto de sabedoria vem diretamente de Deus e está ligado à atuação
especial do Espírito Santo... Ele é o manancial de toda a verdade, seja qual for a origem... Ele dá aos
crentes sabedoria de maneira singular... dá um Dom ou capacidade especial de sabedoria para alguns."
Portanto, queridos, é através deste Dom da Palavra de Sabedoria, que o Senhor nos revela uma situação
específica, dando ou em palavras ou em ações, a capacitação para tomarmos a atitude certa ou,
falarmos aquilo que é inquestionavelmente necessário.
Louvemos a Deus pelos Dons do Espírito Santo e, até o próximo estudo.
OS CRENTES BATISTAS E OS DONS DO ESPÍRITO SANTO V
"O DOM DE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS"
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
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I Cor. 12:10
O mundo em que vivemos hoje, mais do que antes, tem se constituído num mundo de enganos, onde
existem falsificadores de todas as espécies, e este Dom espiritual, o "dom de discernimento de
espíritos", diz respeito exatamente à capacidade, que o Espírito Santo de Deus, confere ao servo do
Senhor, ao crente em Cristo Jesus, para ter a condição de entender e distinguir os diferentes espíritos
malignos, e, desta forma, sentir, observar, denunciar e discernir, se tais coisas que estejam
acontecendo, "são ou não" de Deus.
A Palavra do Senhor está recheada de irrefutáveis exemplos, em que homens de Deus foram usados
com poder pelo Espírito Santo, verbi gratia, o Apóstolo Paulo no incidente narrado em Atos 16.16-18,
quando ele falou com autoridade, em nome de Jesus, ao espírito maligno de engano, naquela jovem
"possessa", diz a Bíblia, por "um espírito adivinhador" que dela se retirou no mesmo instante, em que
ouviu do servo dotado pelo Espírito Santo, a ordem: "Em nome de Jesus Cristo, eu te mando: retira-te
dela. E ele, na mesma hora saiu..." (Atos 16.18b). Outros exemplos são o de Pedro no caso de Ananias e
Safira, em Atos 5.1-11; novamente a experiência de Pedro com Elimas (Simão o mágico), de que fala
Atos 13.9-11; a ocorrência de Mateus 9.32-33, na cura do mudo que estava endemoniado; na cura da
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mulher possessa por um espírito de enfermidade, como diz a Bíblia em Lucas 13.11-16; quando Filipe
pregava em Samaria (Atos 8.7, e outros que poderiam ser mencionados).
No texto grego, é a palavra "diákrisis" que é traduzida como "discernimento", que fala da capacidade de
distinguir as várias fontes de manifestações espirituais, fala da capacidade de diferenciar. Pois bem, no
trato com os espíritos, este Dom capacita o cristão a distinguir e, que tipo de influência eles poderão
causar no seio do povo de Deus. Este Dom espiritual, amados leitores, é um Dom apropriado para esse
momento exato, próprio, específico, singular, e sem este Dom, o corpo de Cristo seria presa fácil diante
de tantas heresias e ensinamentos distorcidos, como os que hoje em dia se proliferam.
A igreja, o corpo de Cristo, vive o tempo todo lidando com o sobrenatural, e, não vamos nós, sabendo
que as coisas do Espírito são tratadas espiritualmente, querer racionalizar e sistematizar, e ainda mais
porque, o membro do corpo de Cristo, tem que estar atento como ensina em I João 4.1, para poder
discernir se tais coisas procedem de Deus, ou de falsos espíritos, pois, se não houver firmeza e joelhos
dobrados diante do Senhor, não poderemos distinguir entre o erro e a verdade, e é por isso que temos
de usar o DIAKRISIS, isto é, a capacidade que pelo "Espírito Santo é repartida a cada um como quer ..."
para que, através deste dom de discernimento de espíritos, possa o cristão se livrar, bem como evitar
que o corpo de Cristo que é a igreja seja atacado pelas investidas de Satanás nesses momentos tão
difíceis que a Igreja do Senhor está vivenciando à beira do terceiro milênio e, tantas loucuras de
homens, e tantas doutrinas erradas, têm se proliferado.
Por fim, considero com os amados leitores o seguinte:
a) Não podemos e nem devemos pelo nosso arraigado tradicionalismo, ditar regras para o Espírito Santo
agir no seio do corpo de Cristo, a igreja;
b) Não podemos ensinar e ministrar como tantos já ministraram e dizer: OS DONS CESSARAM, se nós e
até os que já escreveram essas coisas, sabem, que os dons não cessaram;
c) Não coloquemos por causa do nosso ceticismo, dúvidas sobre o que o Espírito Santo pode, ou não
operar. Estejamos submissos ao Senhor. Ele, o Espírito Santo, dá a cada um como quer. Não é você,
porque é um grande doutrinador quem vai ditar as regras ao Espírito.
Agora, tem uma coisa, cada Dom do Espírito Santo, só é concedido para a edificação do corpo de Cristo,
e, para exaltar e glorificar a Jesus. Não esqueçam irmãos: "Que Ele cresça e que nós diminuamos..." Se
for diferente, teremos uma vertigem de altura!
O ESPÍRITO SANTO, MISSÕES E A IGREJA BRASILEIRA
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB
www.iprb.com.br
O Espírito Santo é eminentemente missionário e a missão da igreja no mundo é participar da missão do
Espírito.
Esta declaração nos deve conduzir a uma reflexão séria, principalmente porque hoje, mais do que
nunca, a sociedade brasileira necessita de uma mensagem evangélica confrontadora. O que não significa
dizer que ela queira necessariamente ser tocada em suas feridas; porém, à luz da Bíblia, não podemos
oferecer às pessoas um evangelho paliativo e barateado como temos visto hoje em dia. O cristianismo
puro e simples (para usar o título em português do livro de C. S. Lewis) precisa ser a mensagem pregada
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e o estilo de vida de todo homem e de toda mulher salvos em Cristo.
É triste constatar o tipo de evangelho enganador que está sendo anunciado atualmente. Um evangelho
descompromissado da ética cristã e da santidade de vida. Um evangelho falsificado que propõe atalhos
ao invés do verdadeiro caminho. No meio artístico, por exemplo, ouve-se falar daquele e daquela como
os mais novos irmãos na fé; entretanto, aqui e ali ficamos sabendo dos escândalos que esses "irmãos"
cometem. Não negamos que haja conversões autênticas entre os artistas, porém, é preciso o quanto
antes que o verdadeiro evangelho, com todas as suas implicações para a igreja e a sociedade, seja
resgatado em nosso meio. É necessário que "o sal da terra" e "a luz do mundo", a igreja de Jesus Cristo,
ofereça, mediante o evangelho da verdade, a verdadeira vida para todo aquele que perece em seus
próprios pecados. E isto só acontecerá quando a igreja proclamar o evangelho de poder e no poder do
Espírito, visto que ela também precisa enxergar além de si mesma, de sua institucionalização e de seus
paradigmas obsoletos.
Além disso, em se tratando da apresentação do evangelho ao povo brasileiro, a igreja evangélica, não
raramente, tem ido ou para o extremo da mensagem desencarnada, distante da realidade cotidiana do
povo, mediante a apresentação de um evangelho transcendente que alcança as estrelas mas esquece da
terra; ou tem, por outro lado, oferecido Jesus Cristo às pessoas como se Ele fosse um produto de
consumo à disposição nas prateleiras do mercado eclesiástico. Outras vezes apresenta-se Cristo no
melhor dos estilos "fada madrinha". Em nome dEle promete-se ao povo casa, carro, dinheiro; enfim,
toda sorte de prosperidade. Cremos sinceramente que Cristo pode dar tudo e até mais do que é
prometido ao povo em termos de prosperidade; contudo, não podemos perder de vista as implicações e
exigências do evangelho autêntico. As pessoas não devem ser confrontadas somente em termos de:
"Você não conseguiu? Venha para Jesus que você consegue", mas sim, encaradas como pecadoras que
precisam urgentemente da graça redentora.
E por que precisamos nos preocupar com isto? Justamente porque a sociedade brasileira carece do
evangelho que esteja encarnado na vida dos crentes e na vida dela mesma. Um cristianismo integral,
como expressão de vidas santificadas e consagradas ao Senhor, é o que realmente impactará nosso país
e o mundo. Cristianismo integral é a manifestação viva daquilo que dizemos acreditar. Paulo é um
exemplo fabuloso de compromisso com a verdade do evangelho. Ele nunca a comprometia. Podia como
poucos ser imitado como imitador de Cristo. Semelhantemente o povo brasileiro precisa ver na igreja de
hoje pessoas que vivam o que dizem crer. A prática é a expressão do que acreditamos. Se não
praticamos o que dizemos, então a nossa pregação não passará de retórica evangélica desqualificada.
O livro de Atos é um exemplo fabuloso de prática cristã autêntica sob o comando do Espírito Santo. Eis
que o Livro está aí, diante de nós, para ser conferido, lido e relido pelo povo evangélico ou não, sob uma
nova (ou velha?) ótica: a ótica do Espírito missionário. Em Atos o Espírito Santo faz a diferença. O livro
de Atos se torna único no Novo Testamento porque nele o Espírito Santo se revela como um Espírito
missionário. Por isso, abordar o segundo tratado de Lucas numa perspectiva missiológica é fazer
verdadeira justiça ao seu autor. Há teologia em Atos? É claro que sim. Mas apresentá-lo
missiologicamente é a maneira mais natural de fazê-lo. Sendo o Espírito Santo missionário, o que segue
é conseqüência natural, isto é, a igreja neotestamentária formada a partir do Pentecostes passa a ser
naturalmente uma igreja missionária. A relação Espírito-igreja é a chave do sucesso em Atos. No
entanto, do começo ao fim de seu segundo livro, Lucas deixa claro que o Espírito Santo é quem
comanda a igreja em sua missão. Achamos importante enfatizar este ponto, visto que atualmente existe
uma concepção equivocada acerca da pessoa e obra da terceira pessoa da Trindade em geral, e de sua
missão em particular.
O Espírito Santo é Deus, e Deus soberano. Ele conduziu em triunfo a Igreja Primitiva em sua missão
evangelística, sendo o mesmo Espírito a conduzir nos dias de hoje a igreja brasileira em sua tarefa
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missionária. Num estudo sistemático, podemos observar que o Espírito Santo é quem vocaciona,
capacita e dirige soberanamente seus obreiros e a igreja na missão. Além disso, é Ele quem vai adiante,
abrindo portas e preparando o caminho para o sucesso da obra missionária. E o mesmo Espírito que
vocaciona, capacita e dirige os missionários e a igreja na missão, além de preparar o campo, é quem
transforma este mesmo campo em base missionária. A visão missionária é uma dádiva do Espírito para a
igreja do Senhor Jesus. Praticar esta visão, como o fez a igreja de Antioquia, é entender o verdadeiro
propósito para o qual a igreja de Jesus existe.
Tudo que o Espírito Santo fez em Atos visava a ação missionária da igreja. O Pentecostes, por exemplo,
não aconteceu para que a igreja vivesse em torno de si mesma, comodamente, degustando tão somente
aquela experiência sobrenatural. No Pentecostes o Espírito Santo capacitou a igreja e continuaria
capacitando-a para ser testemunha de Jesus em todo o mundo. Concedeu o que a igreja esperava e o
que ela buscava: poder para testemunhar. Poder para proclamar as boas novas de Deus em Cristo Jesus,
mas também poder para vencer o medo, a covardia e a timidez por Cristo Jesus. Os dons ou
manifestações do Espírito (línguas, curas, profecias, etc.) foram dados pelo Espírito Santo com o objetivo
de que a igreja testemunhasse de Jesus ao redor do mundo. Nada do que a igreja recebe do Espírito tem
nela um fim em si mesmo.
No passado o Espírito Santo e a Igreja Primitiva deram continuidade ao que Jesus começou a fazer e a
ensinar. Hoje, é possível que nosso maior desafio seja o de jamais esquecer que a missão do Espírito e
da igreja cristã não terminou com Atos 28.
O ESPÍRITO SANTO NO PROCESSO HERMENÊUTICO
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
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Introdução
O presente trabalho é uma análise sucinta do papel do Espírito Santo no processo hermenêutico e de
sua relação com os outros elementos do chamado círculo hermenêutico. Nós o dividimos em três
capítulos principais, sendo que somente o último deles trata diretamente do Espírito Santo no processo
hermenêutico. Acreditamos que esta disposição será necessária porque os dois primeiros capítulos
servirão de pano de fundo ao tema. Sendo assim, procuramos definir a hermenêutica e seu propósito, a
relação entre o Espírito Santo, a Bíblia e o intérprete e, por último, o papel do Espírito Santo na ciência
hermenêutica e no círculo hermenêutico.
Quanto ao Espírito Santo no círculo hermenêutico, propriamente dito, abordamos a questão no
conceito de missão integral numa teologia de contexto. Como se relaciona o Espírito com os quatro
elementos do círculo hermenêutico? O Espírito deveria ou não ser representado graficamente com os
outros elementos do círculo? Como definir o Espírito Santo no círculo hermenêutico? Esperamos
responder a contento a estas e outras perguntas semelhantes. Nossa pesquisa não é exaustiva mas
espero que atenda o propósito para o qual foi escrita; a saber, valorizar a importância e centralidade do
Espírito Santo no processo hermenêutico.
"No estudo da Bíblia, não é bastante que entendamos o sentido de autores secundários (Moisés, Isaías,
Paulo, João); temos que entender a mente do Espírito" (Louis Berkhof).
I. Definição e Propósito da Hermenêutica
1.1. Definição de Hermenêutica
"Hermenêutica" é uma palavra de origem grega. Platão (c. 427-347 a.C.) foi o primeiro a utilizá-la como
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termo técnico.
No sentido amplo do termo, a hermenêutica pode ser definida como a ciência que nos ensina os
princípios, as leis e os métodos de interpretação de qualquer produção literária. Antônio Almeida diz
que hermenêutica é "a ciência e a arte de interpretar. É ciência porque postula princípios seguros e
imutáveis; é arte porque estabelece regras práticas".1 Especificamente falando, a hermenêutica sacra
tem caráter muito especial, porque trata de um livro peculiar no campo da literatura - a Bíblia como
inspirada Palavra de Deus. E somente quando reconhecemos o princípio ativo da pessoa do Espírito
Santo na inspiração da Bíblia e por Ele somos guiados na
compreensão da mesma, é que podemos conservar o caráter doutrinário e prático da hermenêutica
bíblica.
1.2. O Propósito da Hermenêutica
Em geral, estuda-se hermenêutica com o propósito de interpretar produções literárias do passado. Sua
tarefa principal é indicar o meio pelo qual possam ser removidas as diferenças ou distâncias entre um
autor e seus leitores. A hermenêutica nos ensina que isso só se realiza satisfatoriamente quando os
leitores se transpõem ao tempo e ao espírito do autor para, por exemplo, analisar as características
pessoais do autor, as circunstâncias sociais do mesmo e as circunstâncias peculiares aos escritos.
Na hermenêutica sacra o ponto de partida é a própria Bíblia, uma vez que ela mesma é o objeto de
pesquisa da hermenêutica. O propósito da hermenêutica sacra é "transportar a mensagem bíblica, a
partir do seu contexto original, a uma situação histórica contemporânea".2
Infelizmente, boa parte dos estudiosos bíblicos partem da metodologia para a Bíblia. Primeiro formulam
suas conclusões pessoais e depois vão aplicá-las à interpretação das Escrituras, ao invés de deixarem
que a Bíblia formule as regras para sua própria interpretação. Valdir Steurnagel, por exemplo, entende
que "nós podemos ter as duas coisas. Teologia de baixo e teologia de cima".3 Entretanto, Padilla
observa corretamente: "O esforço para deixar que as Escrituras falem, sem impor-lhes uma
interpretação elaborada de antemão, é uma tarefa hermenêutica obrigatória de todo intérprete, seja
qual for sua cultura."4
Um dos princípios defendidos pelos reformadores do século XVI era que a Scriptura Scripturae interpres.
Um século depois da Reforma Protestante, este princípio foi apreciado e elaborado pela Assembléia de
Westminster do seguinte modo:
A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão
sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas
único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente5
Na verdade é quase que impossível nos aproximarmos da Bíblia sem pressuposições variadas, herança
herdada de diversas influências (sociais, culturais, teológicas, etc.). Os reformadores, por exemplo, não
foram os primeiros e nem seriam os últimos a negarem, entre eles mesmos, o princípio de que a
Escritura interpreta a si mesma. Dentre outras coisas, temos o exemplo clássico dos conceitos teológicos
de Lutero, Zuínglio e Calvino em relação à Ceia do Senhor. Contudo, todas as pressuposições, sejam as
nossas ou sejam as deles, não são e nem podem ser justificadas pela Bíblia. Afim de que as Escrituras
possam ser estudadas com o mínimo de coerência, é preciso interpretá-las gramática, histórica e
teologicamente de mente e coração abertos para ouvirmos com humildade e disposição a voz do
Espírito Santo de Deus.
II. O ESPÍRITO SANTO, A BÍBLIA E O INTÉRPRETE
2.1. O Espírito Santo e a Bíblia
"Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda
boa obra" (2 Tm 3.16,17).
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"Sabendo, primeiramente, isto, que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação;
porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens [santos]
falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.20,21).
As passagens bíblicas que transcrevemos acima, assim como tantas outras que poderiam ser
acrescentadas a elas, mostram que a Bíblia tem um autor principal. "Ela é, em todas as suas partes,
produção do Espírito Santo".6
Durante a história da Igreja, surgiram conceitos diversos quanto a relação existente entre o Espírito
Santo e a Bíblia. Os pelagianos e racionalistas sustentavam que a operação intelectual e moral da Bíblia
era suficiente para produzir a salvação, independentemente do Espírito Santo. Os antinomianos, por
outro lado, ensinavam que o Espírito Santo fazia tudo, independente da Palavra de Deus. A igreja
evangélica, por sua vez, sempre sustentou o seguinte: A Bíblia sozinha não é suficiente para salvar, e
embora o Espírito Santo possa, geralmente Ele não atua sem ela. Isto não significa que o Espírito seja
subserviente à Palavra de Deus, mas sim, que a soberania divina estabeleceu a livre atuação do Espírito
mediante a Palavra. "Na aplicação da obra da redenção os dois trabalham juntos, o Espírito usando a
Palavra como Seu instrumento. A prédica da Palavra não produz o fruto desejado até que se torne eficaz
pelo Espírito Santo".7 A verdade é que o Espírito Santo honra a Bíblia, fala pela Bíblia e é reconhecido
pela Sua harmonia com ela. Por isso, os reformadores frequentemente se referiam às Escrituras como "a
imagem do Espírito".
2.2. O Espírito Santo e o Intérprete
Desde os tempos bíblicos Deus levantou profetas e intérpretes da lei que conduzissem Seu povo
segundo os princípios estabelecidos em Sua Palavra. No capítulo 8 do livro de Neemias vemos vários
servos de Deus que juntamente com os levitas "ensinavam o povo na lei" (v7). E mais: "Leram no Livro,
na lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia" (v8). No
capítulo 8 de Atos nos deparamos com a clássica passagem de Filipe e o eunuco. O alto oficial de
Candace, rainha dos etíopes, estava lendo o livro do profeta Isaías. Até certo ponto podemos admitir
que ele entendia o que estava lendo. Compreendia que o profeta falava de grandes padecimentos e
extrema humilhação que um servo do Senhor teria sofrido ou iria sofrer. Faltava-lhe, no entanto,
entender o essencial para a clareza da profecia: a respeito de que servo o profeta se referia. Falava de si
mesmo ou de algum outro? "Então Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura,
anunciou-lhe Jesus" (v35). E não poderíamos nos esquecer do Senhor Jesus, quando no caminho de
Emaús diz a dois de seus discípulos: "Porventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua
glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito
constava em todas as Escrituras" (Lc 24.26,27).
Mas a atuação do Espírito, em capacitar os intérpretes da Bíblia, não se limitou a eles. Deus tem
levantado nos dias de hoje homens e mulheres, verdadeiros mestres da exposição bíblica, para
orientarem a Sua Igreja. As divergências teológicas e de interpretação sempre serão evidentes entre
eles, até porque iluminação não é inspiração, no sentido bíblico daquela "influência sobrenatural
exercida pelo Espírito Santo sobre os escritores sacros, em virtude da qual seus escritos conseguem
veracidade divina, e constituem suficiente e infalível regra de fé e prática".8 Mas o direito da
interpretação não se restringe aos chamados "doutores". O mesmo Espírito capacita os mais simples
para compreenderem o sentido das Escrituras com muita propriedade e coerência. Particularmente
tenho sido enriquecido em meu ministério pastoral por irmãos e irmãs que, não tendo formação
teológica alguma mas conhecendo muito bem o seu Deus, lançam luz sobre passagens bíblicas como eu
nunca havia pensado antes. E muitos desses irmãos e irmãs são originais em seus conceitos. Entretanto,
não quero dizer com isso que o alvo da boa interpretação seja a originalidade e nem também que um
texto não possa parecer totalmente novo para quem o ouve ou o lê pela primeira vez. O alvo da boa
interpretação é, segundo os doutores Gordon D. Fee e Douglas Stuart, chegar ao "sentido claro do
texto".9 Para isso, é necessário os auxílios internos da própria Bíblia para interpretarmos corretamente
o pensamento de Deus mediante os autores secundários e dos auxílios externos disponíveis para a
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interpretação gramatical do texto bíblico, tais como: gramática, dicionários, concordâncias, léxicos,
analíticos e comentários. É preciso que os comentários ocupem, quando muito, o último lugar em
nossas pesquisas, visto que um comentário é sempre uma opinião e não a última palavra de quem quer
que seja.
III. O ESPÍRITO SANTO NO PROCESSO HERMENÊUTICO
3.1. O Espírito Santo e a Ciência Hermenêutica
Certamente o Espírito Santo pode atuar independente de meios, como já mencionamos. Entretanto, o
Espírito age, geralmente, com e através da Palavra de Deus. E de que modo Ele o faz? De um lado,
através da iluminação do entendimento do intérprete; de outro, na condução do uso correto das
ferramentas hermenêuticas por parte do intérprete. O Espírito Santo não milita contra qualquer
instrumento que nos ajude a compreender o sentido das Escrituras; pelo contrário, como acabamos de
afirmar, Ele mesmo se utiliza da hermenêutica para nos auxiliar no modo correto de interpretar a Bíblia.
A própria Bíblia apresenta muitos exemplos dessa natureza. Em muitos casos, os autores investigaram
de antemão a matéria a respeito da qual pretendiam escrever. Lucas nos diz no prefácio do seu
Evangelho que procedeu deste modo; e os autores dos livros dos Reis e Crônicas se referem
constantemente às suas fontes. Além disso, os autores do Novo Testamento em várias ocasiões
interpretaram as profecias do Antigo Testamento como se cumprindo em ocasiões específicas. Como
chegavam a essas conclusões? Naturalmente com os recursos da hermenêutica. O apóstolo Pedro
criticou aqueles que, por falta de uma hermenêutica sadia, deturpavam os ensinamentos de Paulo e das
demais Escrituras "para a própria perdição deles" (2 Pe 3.15,16).
Com certeza, nos tempos bíblicos os escritores e profetas sagrados não conheciam a hermenêutica
como nós a conhecemos hoje, isto é, como ciência e arte de interpretação da Bíblia, mas nem por isso
eram menos favorecidos, até porque eles possuíam a inspiração do Espírito Santo que os habilitava a
escrever e interpretar a Escritura Sagrada sem nenhuma margem de erro. Isto não quer dizer que
estivessem livres do fracasso de entender a própria mensagem. O fato de os profetas algumas vezes
fracassarem em entender a mensagem que eles mesmos traziam ao povo, serve também para
demonstrar que aquela mensagem vinha de fora, de Deus, e que, portanto, não partia da vontade
pessoal deles. Daniel, por exemplo, certa vez teve uma visão e logo em seguida declarou que não
entendia o significado daquilo tudo (Dn 12.8,9). Zacarias, por sua vez, teve várias visões com mensagens
para o povo, mas precisou que um anjo o auxiliasse na interpretação delas (Zc 1.9; 2.3; 4.4). Pedro nos
informa que os profetas que apresentavam a mensagem a respeito dos sofrimentos e glórias de Cristo,
com frequência investigaram os detalhes disso, para poder entender com mais clareza (I Pe 1.10,11).
Não devemos nos esquecer que o ato de fazer lembrar e entender a vontade de Deus para a nossa vida
é atribuição do Espírito Santo. Como vimos, Ele atuou no passado na mente e no coração de homens e
mulheres de Deus e hoje o faz iluminando nosso entendimento para entendermos o que a Bíblia diz,
com suas aplicações práticas para a vida diária. E mesmo que em certas ocasiões o Espírito nos faça
compreender o sentido das Escrituras independente de uma pesquisa prévia, via de regra as coisas não
funcionam desse modo, até porque, normalmente, o Espírito de Deus nos orienta através dos recursos
da hermenêutica. Além disso, a uma pesquisa diligente no intuito de se entender o que lemos, deve-se
unir a oração como expressão de uma vida dependente do Espírito10. E assim, como dizia Lutero,
oremos como se tudo dependesse de Deus e trabalhemos como se tudo dependesse de nós mesmos.
3.2. O Espírito Santo e o Círculo Hermenêutico
1. O Círculo Hermenêutico
Esta última parte do nosso trabalho (O Espírito Santo e o Círculo Hermenêutico) é o resultado natural de
tudo que vimos até aqui. É a aplicação prática do Espírito Santo no processo hermenêutico dentro do
chamado círculo hermenêutico. O que é o círculo hermenêutico? Como poderíamos representá-lo e
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defini-lo?
Graficamente podemos representar o círculo hermenêutico desse modo:
Embora os estudiosos não neguem a importância do Espírito Santo no círculo hermenêutico, poucos
enfatizam a centralidade Dele. René Padilla, por exemplo, diz que "a iluminação do Espírito é
indispensável no processo interpretativo"11 e que é "urgente a necessidade de uma leitura do
Evangelho desde cada situação histórica particular, debaixo da direção do Espírito Santo".12 Entretanto,
quando Padilla representa graficamente o círculo hermenêutico omite a pessoa do Espírito. Esta
omissão também é evidente no artigo de Daniel S. Schipani (Crezcamos en todo ... en Cristo em Misión
en el Camino, p. 127).13Um dos ensaios, dentre os que encontrei, que abordam com mais ênfase a
pessoa do Espírito Santo no círculo hermenêutico é The Role of the Holy Spirit in the Hermeneutic
Process: The Relatioship of the Spirit's Ilumination to Biblical Interpretation do Dr. Fred H. Klooster em
Hermeneutcs, Inerrancy and the Bible, pp. 451-472.
Nosso objetivo neste capítulo é tentar apresentar , de maneira prática, o relacionamento do Espírito
Santo no círculo hermenêutico, visto que Padilla e Schipani não dizem quase nada sobre o Espírito e
Klooster, apesar de falar muito sobre o Espírito Santo no processo hermenêutico, não vai além do
campo teórico e da teologia. E agora, uma vez que o Espírito Santo está no círculo, ligado aos quatro
elementos hermenêuticos e vice-versa, podemos definir o círculo hermenêutico como a interligação
mútua e dinâmica na perspectiva que devemos ter (como intérpretes que devemos ser) da Bíblia e da
realidade histórica sob a ótica e direção do Espírito Santo de Deus. Em outras palavras, a perspectiva
que se tem de um elemento do círculo hermenêutico afeta a perspectiva que se tem do outro. A
compreensão da Bíblia, a compreensão do contexto histórico e a compreensão do Espírito Santo, na
perspectiva do intérprete, devem estar integradas mutuamente e não podem ser separadas. A
interpretação de um incide na interpretação do outro, até porque neste caso o fator diálogo passa a ser,
de certa forma, o segredo do sucesso do círculo hermenêutico. O círculo hermenêutico segue, então,
uma dupla direção, em que não somente o intérprete e o texto (como sugere Padilla, op. cit., p. 08), mas
todas as partes dele estão em constante diálogo.
Como o Espírito Santo se relaciona com os quatro elementos do círculo hermenêutico? Façamos, então,
uma breve análise do papel do Espírito Santo na dinâmica do círculo hermenêutico, a fim de
entendermos com mais clareza o significado desse processo.
2. O Espírito Santo no Círculo Hermenêutico
Por uma questão de didática e propósito achamos por bem abordar, já no capítulo anterior desse
trabalho, a relação do Espírito Santo com a Bíblia e o intérprete numa perspectiva mais teológica. Agora,
passaremos a tratar, não somente destes ( Bíblia e intérprete), mas de todos os elementos do círculo
hermenêutico numa perspectiva de missão integral, como acreditamos ser o principal objetivo do
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Espírito Santo no processo hermenêutico.
a. O Espírito Santo e a situação histórica do intérprete
Não se pode negar de forma alguma que todo intérprete, quer seja da Bíblia, quer seja da vida de um
modo geral, é fruto de sua época, influenciado por todos os fatores e ditames do seu tempo. No que se
refere à Bíblia, em especial, milhares de anos e circunstâncias culturais separam o intérprete das
Escrituras Sagradas. O Espírito Santo sabe e compreende estas diferenças. Dá ao intérprete a liberdade
de se aproximar da Palavra de Deus com todos os seus pressupostos, embora não lhe dê o direito de
fazer com que a Bíblia diga o que ele gostaria que ela dissesse. Repitamos novamente as já citadas
palavras de René Padilla: "O esforço para deixar que as Escrituras falem, sem impor-lhes uma
interpretação elaborada de antemão, é uma tarefa hermenêutica obrigatória de todo intérprete, seja
qual for sua cultura".14 A Bíblia é a voz do Espírito ao povo de Deus. E somente direcionado pelo
Espírito, mediante a Palavra, é que o interprete se tornará profeta e portador fiel da mensagem do
Espírito Santo de Deus.
b. O Espírito Santo e a cosmovisão do intérprete
Nada melhor do que o próprio intérprete para interpretar a realidade em que vive. Na perspectiva de
sua cosmovisão ele pode aplicar os princípios bíblicos à realidade que vê e sente, pois a sua missão não
é formular meras doutrinações, mas extrair da Bíblia as aplicações e implicações práticas da sã doutrina
para seu povo. A menos que se prejudique o significado original das Escrituras, a cosmovisão do
intérprete é válida e sustentada pelo Espírito Santo. A Bíblia não seria o que é, como Palavra de Deus, se
não fosse aplicável em todas as épocas por quem vive a vida no seu próprio contexto. "O propósito do
processo interpretativo é a transformação do povo de Deus em sua situação concreta".15
c. O Espírito Santo e a Bíblia
O Espírito Santo é o mediador do diálogo entre as Escrituras e o contexto histórico contemporâneo. A
Bíblia fala hoje porque é a voz do Espírito de Deus. O Deus que falou no passado continua falando hoje
em dia a toda a humanidade, através das Escrituras. A mensagem bíblica de transformação do indivíduo
e da sociedade, mediante a vocação de homens e mulheres para proclamarem o evangelho de Jesus
Cristo aos homens e mulheres do nosso tempo, é a dinâmica do Espírito Santo.
d. O Espírito Santo e a Teologia
O Espírito Santo é a fonte de toda teologia bíblica sadia. E para que uma teologia seja verdadeiramente
bíblica, e expresse a mente do Espírito, precisa ser,
necessariamente, uma teologia de contexto, como costumava enfatizar Orlando Costas em seus livros e
artigos16. A teologia deve ser o resultado de uma interpretação fiel da Bíblia, pois só assim tocaremos o
coração do povo. E esse deve ser o nosso maior objetivo: fazer uma teologia que toque o coração do
povo. Uma teologia que atenda os anseios e necessidades do indivíduo e da sociedade. Uma teologia
que nos faça compreender que o Deus transcendente também é o Deus imanente que tem cuidado de
nós, em todos os níveis imagináveis.
NOTAS
1. A. Almeida, Manual de Hermenêutica Sagrada, p. 11.
2. R. Padilla, A Palavra Interpretada: Reflexões Sobre Hermenêutica Contextualizada, p. 5.
3. Anotações não publicadas.
4. R. Padilla, Op. Cit., p. 06.
5. A Cofissão de Fé de Westminster, I, 9.
6. L. Berkhof, Princípios de Interpretação Bíblica, p. 56.
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7. L. Berkhof, Manual de Doutrina Cristã, p. 276.
8. L. Berkhof, op. cit., p. 44.
9. G.D.Fee & D.Stuart, Entendes O Que Lês?, p. 14.
10. Para uma discussão interessante sobre o Espírito Santo, a interpretação bíblica e a espiritualidade do
crente, veja Moisés Silva, A Função do Espírito Santo na Interpretação Bíblica em Fides Reformata, Vol.
II, Nº 2, pp. 89-96.
11. R. Padilla, Op. Cit., p. 05.
12. Idem, p. 09.
13. Schipani, sem nos dar uma justificativa plausível, usa a expressão circulação hermenêutica no lugar
de círculo hermenêutico. Ele apenas diz: "O conceito de 'circulação hermenêutica' (em lugar de 'círculo
hermenêutico' como é utilizado por Rudolf Bultmann e Juan Luis Segundo, entre outros) é proposto por
Georges Casalis em Las buenas ideas caen del cielo, DEI, San José, 1977". Nota 18, p. 126.
14. R. Padilla, Op. Cit., p. 06.
15. Idem, p. 07.
16. Veja, por exemplo, Compromiso y Misión de Orlando Costas, Editorial Caribe, 1979 e Misión en el
Camino: Ensayos em homenaje a Orlando E. Costas, vários autores, Fraternidade Teológica
Latinoamericana, 1992.
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, A; Manual de Hermenêutica Sagrada, 2ª Edição, CEP, SP, 1985.
BERKHOF, L.; Manual de Doutrina Cristã, LPC, SP, 1986.
___________; Princípios de Interpretação Bíblica, 3ª Edição, Juerp, RJ, 1985.
COOK, G. & Outros; Misión en el Camino: Ensayos en Homenaje a Orlando E. Costas, Fraternidade
Teológica Latinoamericana, Argentina, 1992.
COSTAS, O.E.; Compromiso y Misión, Editorial Caribe, Costa Rica, 1979.
FEE G.D. & Stuart D.; Entendes O Que Lês?, Vida Nova, SP, 1984.
MARRA, C.A.B. (ed.); A Confissão de Fé de Westminster, 3ª Edição, Cultura Cristã, SP, 1997.
MATOS, A.S., Lopes, A.N. (eds); Fides Reformata, Publicação do Seminário Presbiteriano Rev. José
Manoel da Conceição, SP, Vol. II, Nº 2, 1997.
PADILLA, C.R.; A Palavra Interpretada: Reflexões Sobre Hermenêutica Contextualizada, ABUB, Curso de
Obreiros, 1980.
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_____________; El Círculo Hermenêutico, Artigo não publicado.
RADEMACHER, E.D. & Preus, R.D. (eds.); Hermeneutcs, Inerrancy and the Bible, Zondervan, Grand
Rapids, 1984.
O DOM, OS DONS E O FRUTO DO ESPÍRITO SANTO
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB
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O início do século I da era cristã foi um desafio e um prejuízo para as religiões pagãs do Império
Romano. Um movimento oposto às crendices e às formas de religiões arcaicas e infrutíferas começou a
desenvolver-se no seio de uma pequena comunidade. A história nos empolga, pois é contada em termos
dramáticos e desafiantes. Esse movimento, cujo surgimento e desenvolvimento está narrado no livro de
Atos dos Apóstolos, foi fruto do mover do Espírito Santo através e nos discípulos de Jesus Cristo. E até a
nossa época, este Espírito continua a mover-se no mundo.
Em nossos dias, há uma crescente preocupação com as manifestações do Espírito Santo. Há, até, um
movimento carismático no mundo cristão. No ambiente evangélico, percebe-se, não raro, indagações
sobre batismo com ou no Espírito Santo. Outros questionam: o que acontece com uma pessoa que
recebe o Espírito Santo? Só é verdadeiro crente quem fala em outras línguas? Pode ou deve o crente
pedir o Espírito Santo? São algumas das diversas formas que explicitam preocupação com os dons do
Espírito Santo, sem levar em conta toda a história da redenção e a realidade de que o Espírito Santo é
Deus, assim como o Pai e o Filho.
O Espírito Santo, como a realidade de Deus, é essencialmente poder. Ele não é apenas uma força. Deus
é todo-poderoso, onipotente e, na sua grandeza incomensurável, subsistem três pessoas de uma
mesma substância: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
Devemos entender claramente a triunidade de Deus: nós cremos em Deus Pai, Deus Filho e Deus
Espírito Santo.
Quem tem o Pai, tem o Filho — e só podemos tê-los e recebê-los mediante a ação eficaz, poderosa e
irresistível do Espírito Santo em nós. Está claro que os crentes têm o Espírito Santo, pois enquanto são
membros da Igreja, do Corpo de Cristo, a qual é habitada por esse Espírito.
O mundo e a história são campos de ação do Espírito Santo através da Igreja e mesmo além da Igreja.
Porque o espírito age como quer, onde quer e quando quer. Não podemos limitar a ação do Espírito
Santo de Deus.
A descida do Espírito Santo: O Dom
A experiência de Pentecostes ficou sendo assim conhecida porque aconteceu por ocasião da Festa de
Pentecostes. O nome Pentecostes origina-se do intervalo de cinqüenta 50 dias que separa a Festa da
Colheita da Festa da Páscoa, de acordo com a tradição judaica. A descida do Espírito Santo sobre a Igreja
reunida em Jerusalém naquela ocasião nos é narrada em Atos 2, o capítulo de abertura e de impacto da
história da igreja cristã primitiva. O livro de Atos como um todo mostra o Evangelho em ação. O livro
mostra o impacto que uma comunidade pode causar quando vive e age no poder do Espírito Santo.
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Os dois personagens principais deste livro, Pedro e Paulo, agiram no poder do Espírito. Os capítulos 2 e 3
de Atos registram dois sermões do apóstolo Pedro, quando oito mil almas se renderam ao pé da cruz de
Cristo. O ministério do apóstolo Paulo foi um ministério de bênçãos e vitórias, levando o Evangelho
perante príncipes, governadores e reis. Assim, o texto de Atos e o contexto do próprio livro de Atos,
mostram o que pessoas e comunidades podem fazer quando se tornam instrumentos vivos e eficazes do
Espírito Santo.
A Promessa da vinda do Espírito
Pentecostes prova ser um tempo em que as profecias se cumpriram, desde o Velho Testamento até às
promessas gloriosas dos lábios do divino Mestre: Eu vos enviarei o Consolador. Permanecei, pois, na
cidade (em Jerusalém) até que do alto sejais revestidos de poder. Eles permaneceram. E as promessas de
Deus se cumpriram. Porque elas jamais falham. O Espírito Santo provém, pois, do Pai e do Filho, e
juntamente com o Filho e o Pai, é adorado e glorificado, como diz o texto niceno.
Volvendo os olhos ao passado distante, vamos encontrar o profeta Isaías falando do Reino do Messias,
no capítulo 11 verso 2, dizendo: repousará sobre ele o Espírito do Senhor. O profeta Ezequiel, falando da
restauração do povo de Deus, afirma: Porei dentro de vós um espírito novo. E, de uma maneira muito
especial, profetizou Joel: E acontecerá naqueles dias que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne;
vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos terão sonhos e os vossos jovens terão visões
(2.28).
O próprio apóstolo Pedro identifica a experiência do Pentecostes com o derramamento do Espírito de
que fala o profeta Joel. Temos aqui um exemplo de cumprimento de profecia. Certeza de Deus. As
profecias se cumprem.
Joel afirmou: e acontecerá naqueles dias que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne (Jl 2.28).
Sobre todos os cristãos verdadeiros, indistintamente de serem judeus ou gentios. No Antigo Testamento
o Espírito vinha sobre algumas pessoas distintas, e seus carismas (dons) eram dados a algumas pessoas
com missão específica e em caráter temporário. Eram carismas especiais que podiam inclusive ser
retirados, caso o ungido se desviasse das promessas de Deus. Um bom exemplo disto é a oração do rei
Davi após haver pecado: não me retires o teu Santo Espírito (Sl 51.11). Davi se refere aqui àquela unção
especial que havia recebido para ser rei, e que lhe havia sido ministrada através das mãos do profeta
Samuel (1 Sm 16.13).
Já no Novo Testamento, o Espírito Santo, juntamente com seus dons, é dado a todos os que crêem e
seus dons estão presentes na Igreja de uma forma permanente (Jo 14.16). Diz Lucas: Estavam todos
reunidos no mesmo lugar (...) E foram todos cheios do Espírito Santo (At 2.1-4).
A promessa de Jesus foi: Eu vos enviarei o Consolador para que fique convosco para sempre. Agora o
Espírito é dado a todos os que crêem e para sempre. Como diria Calvino: "Uma vez selado com o Espírito
Santo, para sempre selado." Que bênção e que conforto é crermos assim.
O Senhor Jesus também determinou aos apóstolos que permanecessem em Jerusalém. Permanecei,
pois, em Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder (Lc 24.49). E em Atos 1.8 temos a
reafirmação dessa promessa: Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas
testemunhas em Jerusalém, na Judéia e em Samaria e até aos confins da terra. Poder para testemunhar,
pregar e agir, guiados pelo Espírito Santo.
O Cumprimento da Promessa no Dia de Pentecostes
Não muito depois dessa última promessa, estavam todos os apóstolos com alguns irmãos reunidos em
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Jerusalém quando veio do céu um som terrível, como de um vento impetuoso e algo como línguas de
fogo apareceu e foi distribuído entre eles. Estes fenômenos: do som terrível, como de um vento
impetuoso e de línguas de fogo, embora muito enfatizados por alguns dentro da cristandade moderna,
são o ponto menos importante da experiência. O importante mesmo é que eles foram cheios do Espírito
Santo para comunicar as grandezas de Deus e viver o Evangelho de Cristo, num testemunho encarnado
que se estenderia por toda Jerusalém, Judéia, Samaria e até aos confins da terra, como testemunhamos
hoje.
O fervor e entusiasmo aqui registrados eram do céu, e não provocados pelo ambiente emocional. Este
fato nos ajuda, com a graça de Deus, a discernir as manifestações reais do Espírito Santo dos delírios
coletivos e das circunstâncias emocionais que possam acontecer ou serem provocadas. O fervor e o
entusiasmo eram de Deus. Essa diferença é fundamental.
É bem verdade que a fé cristã comporta emoções as mais sublimes e santas. Tudo, porém, seja feito com
decência e ordem. Conforme nos ensina o Espírito Santo, através do apóstolo Paulo (1 Co 14.40).
Pode-se dizer que a Igreja neotestamentária nasceu com a descida do Espírito Santo no Dia de
Pentecostes. Desde então, a Igreja e o cristão agem no mundo como força transformadora no poder do
Espírito, para implantação do Reino de Deus entre os homens.
As línguas faladas no Dia de Pentecostes
O que dizer do dom de línguas? Esse fenômeno permite aos homens de todas as raças compreenderem
o Evangelho. É o sinal anunciador do Reino de Deus, daquele dia glorioso quando todas as barreiras que
separam os homens seriam derribadas e a humanidade voltaria a encontrar em Deus a sua unidade
perdida. O Pentecostes assinala o princípio da grande reunião dos filhos de Deus dispersos por toda a
superfície da terra.
Convém notar que o texto de Atos relata que os apóstolos, uma vez cheios do Espírito Santo,
começaram a falar em outras línguas. Aqui não diz línguas estranhas. Eram línguas conhecidas. Estavam
presentes ali pessoas de várias nacionalidades, com dialetos próprios. E ouviam falar em suas próprias
línguas das grandezas de Deus, conforme relata Lucas, autor deste maravilhoso livro (At 2.11). O
objetivo de falar em línguas foi o de comunicar o Evangelho de forma clara, para que as pessoas
pudessem entender a mensagem. Não o de ser um dom espetacular ou algo semelhante. O fenômeno
de línguas ali registrado reside no fato de que eram todos galileus os que falavam, e de outras
nacionalidades os ouvintes, e puderam receber e entender a mensagem em suas próprias línguas.
A lista dos povos ali representados é algo significativo, do ponto de vista lingüístico e geográfico. Senão,
vejamos: começa com povos que ficavam ao leste (Partos, Medas, Elamitas e Mesopotâmios); move-se
para o oeste até a Judéia, nordeste e até a Capadócia e outros distritos da Ásia Menor; para o sudeste
alcançando o Egito e a Líbia , sendo ainda mencionados: Roma, a Ilha de Creta e Arábia. Lembremos as
palavras do verso 8 do capítulo 1: Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, Samaria, Judéia e até aos
confins da terra...; ali estava o começo glorioso da grande expansão missionária da Igreja Cristã
nascente.
O Pentecostes é ainda, num outro sentido, uma réplica divina da Torre de Babel. Como tal, aponta para
a unidade criada por Deus no Pentecostes em contraste com a confusão de línguas, juízo divino sobre
fruto do orgulho humano, que pretende se elevar até aos céus e não consegue. Gênesis 11 relata a
confusão e fracasso humanos, seguidos do juízo de Deus. Pentecostes relata a unidade da Igreja como
um dom de Deus. A unidade de línguas é obra do Espírito Santo. Esta unidade da Igreja é algo que não
se cria: recebe-se, manifesta-se e crê.
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Muitos comentaristas apontam para o fato de que, segundo a tradição judaica, quando a lei foi dada no
Monte Sinai, a voz de Deus foi ouvida em todas as línguas. Segundo a tradição judaica, isto aconteceu na
época da Festa de Pentecostes, e houve também manifestação da glória e do poder de Deus.
Obviamente não podemos tomar tradições judaicas por certas; entretanto, esta crença judaica é
sugestiva do fato que Pentecostes lembraria para os Judeus presentes naquela ocasião a experiência
gloriosa do Sinai e a dádiva da lei que representava o Espírito e a vontade de Deus para o seu povo, bem
como o poder que haveria de guiá-los em sua peregrinação.
O Espírito Santo é o próprio Deus-Consolador, que guia, orienta e dirige a Igreja na sua peregrinação à
Canaã Celeste.
Se o Espírito dado à Igreja no Pentecostes foi compreendido como Sustentador da nossa participação,
na reconciliação e na nova vida, falar da Igreja como inteiramente ligada ao Espírito é qualificá-la como
o povo em quem a soberania de Deus e o Senhorio de Jesus Cristo são reconhecidos. Portanto,
Pentecostes é decisivo para a existência da Igreja.
Ao que nos parece, para muitos cristãos modernos, o principal papel ou o único trabalho do Espírito
Santo é dar suspense emocional e alegria interna. Certamente isso era parte da experiência neotestamentária, todavia, não era a mais importante. Lembremo-nos, portanto, de que quando o Espírito
Santo atua na vida do crente e da Igreja, o resultado é alegria, amor, paz e gozo, conforme descreve o
apóstolo Paulo em Gálatas 5.22-23.
Dons e Ministérios: Os Dons
A cidade de Corinto era uma verdadeira ponte transcontinental. Tudo passava por Corinto: os
peregrinos, os mercadores e os diferentes tipos de pregadores. Era uma cidade cheia de novidades e
também de muito pecado.
Na Grécia Antiga, ao lado das célebres lendas de heróis, semideuses e deuses pagãos, existiam as
religiões de mistério. Corinto era um dos centros dessas religiões de mistério com suas manifestações
estranhas; entidades que entravam em pessoas, mudando-lhes a voz e os hábitos; adivinhações; clima
de emoções tremendas; rituais os mais variados e extravagantes.
Foi nesse ambiente e nesse contexto sócio-econômico, cultural e religioso, aqui referidos, que viveu a
Igreja de Corinto e que pregou o apóstolo Paulo.
Foi naquele arriscado ambiente de sincretismo religioso que o apóstolo Paulo bradou: A respeito dos
dons espirituais não quero, irmãos, que sejais ignorantes (2 Co 12.1).
A necessidade de discernimento quanto às manifestações espirituais
Ignorar os dons espirituais é desconhecê-los. Desconhecê-los no sentido de não exercitá-los, ou mesmo
no sentido de não ter qualquer informação sobre sua origem, intensidade e utilidade. Ignorar pode
também significar falta de discernimento espiritual. Atribuir ao Espírito Santo coisas e fenômenos da
própria mente emocionada ou desequilibrada não é bíblico. Atribuir ao Espírito Santo coisas que não
edificam e nem promovem a paz, no caso "os fenômenos" das religiões de mistério, é falta de
discernimento espiritual, o qual é necessário para não confundirmos nem sermos confundidos.
Não podemos ignorar que nem todo o fenômeno religioso vem dos céus, de Deus, do Pai das Luzes em
quem não pode haver mudanças nem sombra de variação... (Tg 1.17). Precisamos de discernimento para
buscar com zelo os melhores dons. Precisamos de discernimento para não confundir barulho com
louvor, entusiasmo com consagração constante, emocionalismo com o verdadeiro quebrantamento
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espiritual; precisamos de critério para, não confundir manifestações externas, não raro mecânicas e
estereotipadas, com comunicação íntima, com fé firme, fé inabalável; precisamos ser pessoas lúcidas,
pessoas sempre abundantes em fruto e na obra do Senhor, sabendo que no Senhor o vosso trabalho não
é vão (1 Co 15.58).
Não se pode dar crédito a todo e qualquer espírito. Nem toda a manifestação é realmente espiritual.
Nem todo o que diz estar falando pelo Espírito, o está de fato. Paulo ensinou aqui em 1 Co 12.1-3 o
critério cristocêntrico pelo qual julgar e discernir aquele que realmente fala pelo Espírito, com unção e
com poder. Paulo lembra aos crentes de Corinto, que outrora viveram sem Deus e, sem esperança, que
naquela época eram guiados pelos ídolos mudos da antiga religião de mistérios; mas agora, são guiados
pelo Espírito a Cristo; e ensina firmemente: Por isso vos faço compreender que ninguém que fala pelo
Espírito de Deus afirma: anátema Jesus. E por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus, senão pelo
Espírito Santo (2 Co 12.3).
O apóstolo João nos adverte: Não deis crédito a todo espírito (1 Jo 4.1). O critério cristológico e
cristocêntrico aí está para nos ajudar a discernir. Jesus Cristo é a pedra de toque; Ele sempre está,
olhando para a Igreja, buscando a edificação, a paz, o bem-estar, a unidade dos remidos. É nesta
perspectiva que o apóstolo nos fala de dons, dons espirituais. Fala de sua origem, seu uso, sua utilidade.
É nesta perspectiva que falamos sobre dons e ministérios.
Dons e Ministérios
A fonte de todos os dons é o Espírito Santo. Toda dádiva excelente, todo o dom perfeito provém de
Deus, do Pai das luzes em quem não há mudanças, nem sombras de variação. Os dons espirituais são
diversos, mas o Espírito Santo é o mesmo. Diversos dons, uma só e a mesma fonte, visando a um fim
proveitoso: a edificação espiritual da Igreja, o crescimento dos santos em amor, a paz, a maior
compreensão.
Todo o cristão tem um ou mais dons e nenhum cristão tem todos os dons. Não existe cristão sem dom. É
preciso descobrir o seu dom e, para a glória de Deus, e usá-lo para um fim proveitoso, para a edificação
da Igreja.
Aptidões naturais, ou mesmo dons espirituais, podem ser exercitados conscientemente ou até
inconscientemente.
Há diversidade de ministérios ou serviços, mas o Senhor é o mesmo. Todos têm dons do Espírito. Todos
devem exercer ministérios na Igreja, ou seja, no Corpo de Cristo, servindo ao Senhor. Os dons são
aptidões em potencial. Os ministérios são essas aptidões postas em prática.
Há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. Os dons vêm do
mesmo Espírito Santo. Os ministérios servem o mesmo Senhor Jesus. As realizações são do mesmo Deus
que opera tudo em todos — e todas estas coisas concorrem para a edificação da Igreja (1 Co 12.4-7).
Os dons são aptidões naturais ou especiais dadas pelo Espírito para equipar os santos, concedendo-lhes
os diversos ministérios exercidos para toda a boa obra que são as realizações em Deus.
Todos nós recebemos dons, talentos e aptidões. É preciso exercê-los no ministério total da Igreja em sua
integridade; apresentá-los em forma de realizações.
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O Fruto do Espírito Santo
Temos visto até aqui e cremos firmemente que o Espírito Santo é Deus, é uma pessoa, e não uma força
ou energia impessoal estranha ao ensino bíblico e às convicções reformadas.
Como pessoa, o Espírito tem inteligência (Jo 16.13 e Rm 8.27), tem vontade (1 Co 12.11), tem
emotividade (Ef 4.30 e Rm 15.30), dá ordem (At 8.29), proíbe (At 16.6) e constitui (At 20.28).
O resultado da presença do Espírito Santo no crente é também chamado de o fruto do Espírito Santo (Gl
5.22-23). A manifestação externa desse fruto e é a evidência maior de que ele tem o Espírito Santo, de
que é batizado com o Espírito Santo.
Paulo, em Gálatas 5, faz um nítido contraste entre "carne" e "Espírito". Carne não dá fruto, produz obras
no plural. E que obras terríveis! Carne e Espírito são opostos entre si. O que semeia para a carne, colhe
corrupção e morte; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna (Gl 5.8).
O fruto, que resulta do fato do crente ter o Espírito Santo, e de ser batizado com o Espírito Santo, está
explícito em Gálatas 5.22-23. Note que não se diz "frutos", mas, sim, "o fruto". Além de estar no
singular, vem precedido do artigo definido.
Conclusão
Vimos o dom, a dádiva, a descida do Espírito Santo, no Dia de Pentecostes, como um evento singular; os
dons espirituais, como sendo do Espírito e não nossos, a serem usados para um fim proveitoso, a
edificação do Corpo de Cristo e para a glória de Deus. Sempre que o uso de um dom é distorcido, Deus o
transfere, o retira ou o faz cessar. Agora, o fruto do Espírito Santo que se desdobra em amor, alegria,
paz, longanimidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio é permanecente.
Pode acontecer, e tem acontecido, casos de pessoas que se dizem batizadas com o Espírito Santo e que,
manifestam dons até espetaculares, mas não se vê nessas pessoas as expressões do fruto do Espírito
Santo. Embora não devamos julgar de forma descaridosa estas pessoas, devemos exercer os critérios
bíblicos antes de receber tais manifestações como sendo legitimamente produzidas pelo Espírito Santo.
Quero concluir, afirmando que todo aquele que é nascido de novo é batizado com o Espírito Santo, é
templo do Espírito Santo, e tem o Espírito Santo. E se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é
dele, afirma o apóstolo Paulo (Rm 8.9b).
Quem tem o Pai, tem o Filho; e quem tem o Pai e o Filho, tem o Espírito Santo. Não se pode dividir o
indivisível, que é Deus. Ele é triúno.
Nós não tememos o que vem do Espírito Santo, desde que exercitado dentro dos parâmetros das
Escrituras e sob a disciplina do próprio Espírito. Veja o que diz Paulo: Ninguém que fala pelo Espírito de
Deus afirma: Anátema Jesus! por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus! senão pelo Espírito
Santo (1 Co 12.3).
O TEÓLOGO DO ESPÍRITO SANTO
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
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Um Estudo sobre o Ensino de Calvino
sobre a Palavra e o Espírito
Introdução
Meu tema neste artigo é "Calvino, o teólogo do Espírito Santo." Devo começar dizendo que este título
não foi dado a Calvino pelos seus contemporâneos, mas sim pelos estudiosos modernos, reconhecendo
a sua importância como teólogo e exegeta para esta área da Teologia que está em tanta relevância hoje.
O título pode confundir algumas pessoas. Podem pensar que o assunto sobre o qual Calvino mais
escreveu, e ao qual mais se dedicou, foi o Espírito Santo. Na realidade, embora Calvino tenha escrito
muita coisa sobre o Espírito Santo, nunca escreveu uma obra específica sobre o assunto, como, por
exemplo, John Owen e Abraham Kuyper, cujos livros sobre o tema são fundamentais para a Igreja
contemporânea.(1) Embora em suas Institutas de Religião Cristã João Calvino trate freqüentemente da
pessoa e obra do Espírito Santo, não dedicou ao assunto um capítulo exclusivo.(2)
Alguns têm criticado Calvino por não haver dado atenção mais direta ao Espírito Santo em seus escritos,
especialmente nas Institutas. A crítica é injusta. Existem razões suficientes para esta aparente falta de
atenção.
Em primeiro lugar, a doutrina do Espírito Santo não era o foco do debate de Calvino com a Igreja
Católica Romana da sua época, e nem da sua polêmica com os reformadores radicais, os Anabatistas e
os "Entusiastas", conhecidos como a ala de esquerda da Reforma.(3) Calvino só tratou da obra do
Espírito Santo na medida em que esse assunto se relacionava com os pontos críticos em debate, como a
doutrina da salvação, da santificação, das Escrituras, e dos sacramentos.
Em segundo lugar, Calvino tinha a visão bíblica-neotestamentária de que o Espírito Santo geralmente
agia nos bastidores, como o agente da Trindade. Embora sua ação fosse claramente perceptível, quem
deveria sempre receber a proeminência eram o Pai e o Filho. Essa convicção reflete-se nas suas obras e
em sua abordagem dos mais variados temas teológicos. Não existe praticamente nenhum assunto
teológico em que Calvino não se refira, em seu tratamento, à obra do Espírito. Sua Pneumatologia é
desenvolvida dentro das demais áreas da Teologia Sistemática, como Teontologia (estudo da Pessoa de
Deus), Soteriologia e Eclesiologia.
Esta mesma abordagem se encontra refletida na Confissão de Fé de Westminster. É verdade que seus
autores, os Puritanos, não escreveram um capítulo exclusivo sobre a pessoa e obra do Espírito. Mas,
como sugeriu Dr. Benjamim B. Warfield, conhecido teólogo presbiteriano reformado, do início deste
século, a razão é que preferiram escrever nove capítulos em vez de apenas um. A tentativa que foi feita
em nossa época, pela Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, para suprir esta alegada deficiência,
produziu um capítulo a mais na Confissão de Fé que, segundo Warfield, nada mais é que um curto
sumário destes nove capítulos originais.(4)
E por fim, não se podeexigir de Calvino (e nem dos autores da Confissão de Fé) uma abordagem do
assunto que seja aguçada pelas questões relacionadas com o surgimento do movimento pentecostal,
séculos após a sua morte. Mesmo assim, Calvino é surpreendentemente atual no que diz sobre o
Espírito.
Por que, então, o título "teólogo do Espírito Santo?" Em primeiro lugar, Calvino foi o primeiro a
sistematizar de forma clara o ensino bíblico sobre o Espírito Santo. Não é que ninguém, antes dele, não
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houvesse escrito sobre o assunto. Mas, é que poucos, antes e depois de Calvino, conseguiram ser tão
claros, simples, e bíblicos.(5) Ouçamos o testemunho de Dr. Warfield:
A doutrina sobre a obrado Espírito Santo é uma dádiva de João Calvino à Igreja de Cristo. . . Nos amplos
departamentos doutrinários sobre "A Graça Comum," "Regeneração," e "O Testemunho do Espírito" do
livro terceiro das Institutas, Calvino foi o primeiro a desenvolver a doutrina da obra do Espírito Santo, e
a dar a toda a doutrina do Espírito Santo uma formulação sistemática, fazendo dela uma possessão
inalienável da Igreja de Deus.(6)
Em segundo lugar, Calvino integrou indissoluvelmente a doutrina do Espírito Santo aos demais temas e
áreas da teologia, como regeneração, santificação, os meios de graça, e o conhecimento de Deus, entre
outros. A Pneumatologia de Calvino, igualmente, abrangia e permeava todos os demais departamentos
da Enciclopédia Teológica. Sua teologia é uma unidade orgânica, onde o Espírito aparece
apropriadamente como o Soberano dinamizador.
Em terceiro lugar, Calvino resgatou alguns aspectos da doutrina do Espírito Santo que estavam
soterrados debaixo da teologia medieval da Igreja Católica, como por exemplo, a relação entre a Palavra
e o Espírito. Nosso alvo neste ensaio é analisar mais exatamente esta contribuição de Calvino para nosso
conhecimento da obra do Espírito Santo, ou seja, a relação vital e orgânica entre o Espírito e a Palavra
de Deus, as Escrituras.
O ensino de Calvino influenciou profundamente os estudos subsequentes dentro dos círculos
Reformados. Sua ênfase na ação soberana do Espírito continua na tradição reformada entre os
Puritanos ingleses, particularmente John Owen e Richard Sibbes, que nos deram os estudos bíblicos
teológicos mais extensos e profundos que existem em qualquer língua sobre o ministério do Espírito
Santo.
O Contexto Teológico de Calvino
Comecemos por lembrar-nos que a teologia de Calvino nasceu e desenvolveu-se em meio ao intenso
conflito doutrinário que marcou a Reforma do século XVI. Sua doutrina do Espírito Santo foi moldada
em meio à sua batalha em duas frentes. Em uma, ele enfrentava o cativeiro das Escrituras pela Igreja
Católica, e na outra, o abandono das Escrituras pelos da Reforma radical.
A Igreja Católica e o cativeiro das Escrituras
Calvino e a Igreja Católica tinham algumas convicções em comum quanto à doutrina das Escrituras. Para
eles, as Escrituras eram a Palavra de Deus, inspiradas pelo Espírito Santo, infalíveis, e autoritativas. Este
ponto não estava sendo disputado por Calvino, nem pelos demais reformadores. O ponto de discórdia
entre Calvino e os católicos era quanto ao ensino papista de que a autoridade da Escritura dependia do
testemunho da Igreja. A Igreja Católica afirmava que o cânon das Escrituras, a sua preservação, a sua
origem divina e sua autoridade, deviam ser aceitos pelos fiéis como verdadeiros porque a Igreja assim o
afirmava. A autoridade das Escrituras, enfim, dependia do testemunho da Igreja. A Igreja, além disto,
tinha a correta interpretação das Escrituras; a coleção dessas interpretações formava a tradição
eclesiástica, que possui tanta autoridade quanto as próprias Escrituras. Assim, era vedado aos católicos
leigos lerem e interpretarem as Escrituras. Eles dependiam da interpretação dada pela Igreja. Desta
forma, a Palavra e a sua interpretação estavam cativas debaixo da autoridade eclesiástica.
Calvino levantou-se contra esse estado de coisas, que havia prevalecido durante a Idade Média. Ele
considerava esse ensino como sendo uma afronta ao Espírito Santo, e um abuso de autoridade por
parte da Igreja. Era a Igreja que estava fundada sobre as Escrituras, e não o contrário. A autoridade das
Escrituras não dependia do testemunho da Igreja, e sim o contrário: a Igreja só possuía autoridade
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enquanto estivesse dentro da doutrina bíblica. Calvino apelava aqui para Ef 2.20, onde Paulo ensina que
a Igreja está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, que é o ensino das Escrituras.(7) A
Igreja simplesmente reconhecia — não estabelecia e nem determinava — a inspiração e a autoridade
dos livros que compunham o cânon sagrado.(8)
Para Calvino, amaior de todas as provas da autoridade e inspiração das Escrituras era que o próprio
Deus nos falava através delas. Calvino chamava a isto o testemunho interno do Espírito.(9) Para ele, o
homem natural não poderia ser convencido da divindade das Escrituras por argumentos apresentados
pela Igreja, por mais lógicos e racionais que eles parecessem (1 Co 2.14).(10) Era o Espírito quem
persuadia o crente de que Deus estava falando nas Escrituras, inclinando-lhe o coração a aceitá-las, e
dando-lhe plena certeza disto, gerando-lhe fé em seu coração. Nas suas Institutas e comentários Calvino
aponta para alguns textos com este efeito, como por exemplo, 1 Jo 5.6-7, 2 Tm 1.14-15, 1 Co 2.1016.(11)
Para Calvino, o que o Espírito havia revelado nas Escrituras era suficiente e final. Maomé, o Papa, e os
"Entusiastas" estavam errados, ao reivindicar que o Espírito estaria ensinando novas verdades no
presente. Para Calvino, as palavras do Senhor Jesus em Jo 14.25 deixavam claro que o ministério do
Consolador consistiria, não em revelar novas verdades, que fossem além das que haviam sido ensinadas
pelo Senhor Jesus e seus apóstolos, mas em iluminar as mentes e os corações dos crentes, para que
compreendessem e cressem nas verdades, agora registradas na Escritura. Ele afirma: "O espírito que
introduz qualquer doutrina ou novidade que vá além do Evangelho, é um espírito de mentira, e não o
Espírito de Cristo."(12)
O efeito do ensino de Calvino foi libertador.(13) Através da ênfase no testemunho interno do Espírito
Santo como a evidência máxima da divindade e da autoridade das Escrituras, ele libertou as Escrituras e
a sua interpretação do cativeiro imposto pela Igreja Medieval, e as colocou de volta onde elas
pertenciam de direito, nas mãos do Espírito Santo. Neste sentido, estava certa a avaliação de alguns
católicos encarregados da contra-reforma no século XVII, de que uma das maiores diferenças que
existiam entre Roma e Genebra se encontrava em suas doutrinas sobre a pessoa e a obra do Espírito
Santo.
Os Reformadores Radicais e seu Desprezo pela Palavra
A outra fronte de batalha de Calvino era contra o ensino da Reforma radical, conhecida como a "ala
esquerdista" da Reforma.(14) Havia diversos grupos dentro desta ala do movimento reformista. Havia,
em primeiro lugar, como os Anabatistas, os "Fanáticos", os "Espiritualistas" e os Antitrinitarianos, que
"embora diferentes em seus propósitos e em suas doutrinas, tinham em comum o desejo de ver uma
Reforma muito mais radical do que a propagada por Lutero e Zwinglio."(15) A polêmica de Calvino
contra os Anabatistas concentrou-se em questões como batismo infantil, predestinação, governo de
Igreja, relação entre Igreja e Estado, e interpretação das Escrituras.(16)
Foi contra os excessos dos "Entusiastas" ou "Fanáticos" (como eram conhecidos) na área de novas
revelações contemporâneas do Espírito, que Calvino se concentrou em alguns de seus escritos. Ele
escreveu um tratado em 1545 entitulado Contre la secte phantastique et furieuse des Libertines qui se
nomment spirituelz (Contra a seita fantástica e furiosa dos Libertinos, que se chamam de Espirituais),
que ainda não foi traduzido para o português.(17) Freqüentemente em suas Institutas e comentários
Calvino faz menções diretas ou sugestões implícitas sobre este movimento.
Os "Entusiastas" enfatizavam o ministério didático do Espírito, um ponto que havia sido resgatado pelos
Reformadores; porém, estavam indo além deles, reivindicando serem ensinados diretamente pelo
Espírito através de novas revelações, por meio de uma luz interior. Afirmavam que o Espírito não podia
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ficar restrito a palavras escritas, pois isto diminuiria sua soberania. Testar as manifestações espirituais
seria desonrar o Espírito. Chegavam a ridicularizar os que se apegavam às Escrituras, pois a
consideravam como uma forma inferior e temporária de revelação, e criticavam Calvino e os demais
reformadores por se apegarem à letra que mata.
Os "Entusiastas," portanto, eram uma reação à escravidão das Escrituras por parte da Igreja que havia
vigorado até a Reforma, mas uma reação que estava indo longe demais. Calvino, naturalmente,
simpatizava-se com os "Entusiastas" em vários pontos. Para ambos, as Escrituras, como Palavra de Deus,
não estavam cativas à interpretação da Igreja, mas deveriam ser livremente examinadas por todos.
Calvino, porém, questionava seriamente a separação entre o Espírito e a Palavra, e considerava
qualquer tendência neste sentido como "demência".(18) Ele também duvidava que "novas revelações"
fossem uma obra do Espírito Santo, e chegava mesmo a suspeitar que os que reinvidicavam receber
revelações novas, que excediam as Escrituras, estavam sendo guiados por outro espírito, que não o de
Deus. Calvino cria na realidade e na atuação de espíritos mentirosos, e que Satanás estava
continuamente iludindo as pessoas, procurando afastá-las da verdade, transfigurando-se em "anjo de
luz" (2 Co 11.3,14). Para ele, "novas revelações", na verdade, eram invenções de espíritos mentirosos,
não provinham do Espírito Santo, sendo o cumprimento de passagens como 1 Tm 4.1-2.(19)
O Ensino de Calvino sobre o Espírito e a Palavra
Calvino não se limitou a criticar os exageros dos "Entusiastas." Ele apresentou, de forma positiva e
construtiva, o ensino bíblico sobre a direção divina para a Igreja vivendo após os tempos apostólicos. No
livro I das suas Institutas, onde trata de "O Conhecimento de Deus como Criador", Calvino dá o seguinte
título ao capítulo 9: Os fanáticos, abandonando as Escrituras e bandeando-se para revelação, derrubam
todos os princípios da piedade. Nesse capítulo, o reformador aborda o ensino dos "Fanáticos", como
eram conhecidos na época, a partir da inseparável relação entre o Espírito e a Palavra.(20)
O Espírito Fala pelas Escrituras
O ponto central de Calvino eraque o Espírito fala pelas Escrituras. Não que o Espírito estivesse restrito à
Pregação da Palavra e aos sacramentos, mas sim que Ele não pode ser dissociado de ambos. O Espírito
havia sido dado à Igreja, não para trazer novas revelações, mas para nos instruir nas palavras de Cristo e
dos profetas. De acordo com Calvino, o Espírito sela nossas mentes quando ouvimos e recebemos com
fé a palavra da verdade, o Evangelho da salvação (Ef 1.13). Ele limita-se a guiar os crentes e a iluminar
seus entendimentos naquilo que ouviu e recebeu do Pai e do Filho, e não de Si mesmo (Jo 16.13). Como
o ensino divino se encontra nas Escrituras, a obra do Espírito consiste em iluminá-las, fazendo com que
esse ensino seja entendido pelos fiéis.
Contra o desprezo pelas Escrituras da parte de muitos "Entusiastas," Calvino citava o exemplo do
apóstolo Paulo, que mesmo tendo sido arrebatado ao terceiro céu, onde recebeu revelações
extraordinárias (2 Co 12.2), ainda assim jamais desprezou as Escrituras, como se fossem uma forma
inferior de revelação, mas as reconheceu como suficientes e eficazes, pela graça do Espírito, para
edificar a Igreja em todas as coisas concernentes ao reino de Deus (2 Tm 3.15-17; cf. 1 Tm 4.13).(21)
O Espírito é reconhecido pela sua harmonia com as Escrituras
Outro ponto importante destacado por Calvino nas Institutas era que a atuação do Espírito Santo
poderia ser reconhecida pela sua harmonia com as Escrituras, as quais haviam sido inspiradas pelo
próprio Espírito.(22) Calvino desejava apresentar um critério pelo qual a Igreja pudesse discernir de
forma segura, no âmbito da experiência religiosa, o que realmente procedia da parte do Espírito de
Deus, ou de espíritos enganadores. Para ele, havia somente um critério seguro e infalível: o Espírito
falando nas Escrituras. Assim, não haveria qualquer diminuição do poder e da glória do Espírito Santo ao
concordar com elas, já que Ele as havia inspirado. Seria concordar consigo mesmo, e qual a desonra que
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poderia haver nisto? Testar as manifestações supostamente provenientes do Espírito, usando-se o crivo
das Escrituras, era, na realidade, agradável a Ele, pois Ele mesmo havia determinado que a Igreja assim
procedesse com as manifestações espirituais.(23) Para Calvino, não poderia haver qualquer contradição
entre o ensino bíblico e a atuação do Espírito nos tempos pós-apostólicos; e é por esta razão que ele
frequentemente se refere às Escrituras como "a imagem do Espírito."(24)
A Soberania do Espírito
Um último ponto ao qual desejo me referir é a insistência de Calvino sobre a soberania do Espírito Santo
nesta relação íntima com a Palavra de Deus. Para ele, a Palavra é o instrumento pelo qual Deus dispensa
a iluminação do Espírito aos crentes.(25) Assim, Cristo fala hoje através do ministro do Evangelho,
quando o mesmo expõe fielmente a Palavra. O Espírito torna eficaz a Palavra exposta nos corações dos
que a ouvem. Ao mesmo tempo, a relação Espírito-Palavra não é mágica, ou automática. A Palavra não é
como um talismã, que sempre que invocado, libera seu poder mágico, ao bel-prazer do seu possuidor. A
eficácia da Palavra, ao contrário, está totalmente na dependência da soberania do Espírito.(26) Para
Calvino, a afirmação de Paulo de que somos ministros de uma nova aliança, do Espírito que vivifica (2 Co
3.6), não é uma garantia de que nossa pregação sempre será acompanhada pelo poder vivificador do
Espírito. Pastores não retém o poder de dispensar a graça do Espírito a qualquer um que desejem, e
quando o desejem. É por um ato soberano que o Espírito torna a Palavra pregada em Palavra eficaz.(27)
Assim, a eloquência, a habilidade, a erudição e o fervor do pregador de nada adiantam, se a graça e o
poder do Espírito não estiverem presentes. E assim ocorre porque, o mérito sempre deve ser de Cristo,
e não dos pregadores.
A Influência de Calvino na Confissão de Fé de Westminster
A Confissão de Fé de Westminster, adotada pela Igreja Presbiteriana do Brasil, foi elaborada no século
XVII, quase um século após a morte de Calvino, por pastores e teólogos Puritanos, reunidos com este
fim pelo Parlamento Inglês, na Assembléia de Westminster. O alvo dos eruditos ali reunidos durante
vários anos era um só: formular de forma sistemática a doutrina bíblica, partindo dos princípios de
interpretação herdados da Reforma. A Igreja Presbiteriana tem adotado essa Confissão como a
expressão correta do ensino das Escrituras. Os seus autores foram profundamente influenciados por
João Calvino. Esta influência se percebe claramente no ensino da Confissão sobre o Espírito Santo, e em
especial, na relação do Espírito com a Palavra.
Assim, no seu capítulo sobre as Escrituras, a Confissão declara, nos melhores termos calvinistas, que a
autoridade da Escritura não depende do testemunho do homem ou da Igreja, mas de Deus ( I, 4), que a
nossa certeza da sua infalível verdade e autoridade divina provém do testemunho do Espírito Santo em
nossos corações (I, 5), que à Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações
do Espírito, nem por tradições de homens (I, 6). A Confissão reafirma, com Calvino, que é necessária a
íntima revelação do Espírito de Deus para a compreensão salvadora das coisas reveladas na Palavra (I,
6), e que, finalmente, o Juiz Supremo pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser examinadas
é o Espírito Santo falando nas Escrituras (I, 8).
Relevância do Ensino de Calvino para Nós Hoje
A Época em que Vivemos
A influência do movimento neopentecostal, surgido na década de sessenta, tem-se feito sentir de forma
profunda nas denominações evangélicas históricas, e também dentro da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Não podemos tratar o movimento como um bloco monolítico — existem, dentro dele, diversas
correntes e ramificações, o que faz com que generalizações tornem-se injustas. Mas, onde aparece com
toda a liberdade, o neopentecostalismo manifesta a crença em novas revelações através de profecia e
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línguas, visões e sonhos, todos atribuídos ao Espírito Santo, e em alguns casos, práticas estranhas ao
Cristianismo histórico, que são atribuídas ao poder do Espírito Santo, como "cair" no Espírito, o "sopro"
do Espírito, o "riso santo", característica principal do movimento conhecido como "a bênção de
Toronto". Há pastores que pretendem ter controle sobre o Espírito Santo, que presumem concedê-lo
pela imposição de mãos, lançá-lo sobre o povo, girando o paletó, soprando sobre eles, etc., como o
conhecido carismático Benny Hinn. Estes super-pastores determinam até mesmo quando o Espírito vai
curar ou agir, pois marcam com antecedência reuniões de cura e libertação, coisa que nem mesmo o
Senhor Jesus e os apóstolos fizeram.
A Igreja Presbiteriana está aturdida, tomada de surpresa, por estes ensinos. Muitas de suas igrejas locais
têm adotado, em maior ou menor medida, as doutrinas e práticas do neopentecostalismo. Podemos
receber ajuda do ensino de Calvino, nesta hora?
Em que o Ensino de Calvino nos Ajuda Hoje?
Em primeiro lugar, o ensino de Calvino sobre o testemunho interno do Espírito vem lembrar à Igreja
que, nestes tempos difíceis, ela deve buscar de Deus a íntima iluminação do Espírito para compreender
e aplicar as Escrituras à sua vida e missão. Corremos o risco de pensar que Calvino, em sua luta contra os
excessos dos "Entusiastas", caiu no extremo do academicismo frio. Balke nos relata o que de fato
ocorreu: "Calvino, o teólogo do Espírito Santo, queria guardar-se contra o fanatismo, sem porém
impedir a liberdade do Espírito."(28) Como Calvino, devemos nos guardar dos excessos de hoje, ao
mesmo tempo em que, submetendo-nos à liberdade do Espírito, procuramos a sua iluminação. Mas,
para isto, é necessário arrependimento e saneamento da vida das igrejas locais, dos conselhos, concílios,
organizações e instituições eclesiásticas que compõem a IPB. É preciso nos voltarmos a Deus em oração,
suplicando a iluminação do Espírito, como bem orienta a Carta Pastoral da Igreja Presbiteriana do Brasil
sobre o Espírito Santo:
Ao mesmo tempo em que orienta a Igreja a guardar-se de uma interpretação das Escrituras que parte
dos princípios hermenêuticos equivocados da experiência neopentecostal, a Igreja também adverte
contra uma interpretação intelectualizada e árida das Escrituras, que se esquece da necessidade da
iluminação do Espírito para sua compreensão e de que Deus promete ensinar àqueles que procuram
andar em santidade e retidão (Sl 119.18, 33-34; Lc 24.44-45).(29)
Em segundo lugar, Calvino nos desafia a examinar todas as manifestações espirituais pelo crivo da
Palavra de Deus, quanto à natureza, ao propósito, e ao modo destas manifestações. Essa prática está
pressupondo corretamente o ensino bíblico de que o Espírito Santo não se contradiz. As Escrituras
foram inspiradas por ele. Embora o Espírito aja de formas distintas em épocas distintas, jamais o faz em
contradição ao que nos revelou na Palavra. Deveríamos estar abertos para o fato de que o Espírito tem
enfatizado aspectos diferentes da Palavra em épocas diferentes — porém, jamais indo além dela ou
contra ela.
Em terceiro lugar, o ensinode Calvino nos alerta contra os que pretendem ter total controle sobre o
Espírito, que pretendem dispensar o batismo do Espírito pela imposição de mãos, que "ensinam" aos
crentes imaturos e incautos a falar em línguas. Alerta-nos a rejeitar todo ensino, movimento, culto,
liturgia, onde a Palavra de Deus não receba a devida proeminência. Se o Espírito fala pela Palavra, a
Palavra deve ser o centro.
Muitos presbiterianos consideram-se calvinistas e reformados, mas quantos realmente percebem as
implicações do ensino calvinista reformado sobre a obra do Espírito para as práticas neopentecostais
que são aceitas em muitas das nossas igrejas? Calvino foi, de fato, um homem do Espírito Santo, que
guiado por Ele, tornou-se o principal instrumento de Deus para a Reforma do século XVI, movimento
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que, na realidade, foi um dos maiores reavivamentos espirituais ocorridos na Igreja Cristã, após o
período apostólico. Todos nós queremos um reavivamento espiritual, da mesma magnitude. Calvino,
que viveu e ministrou em meio àquela tremenda manifestação de poder divino, não teve receio de
ofender o Espírito por inquirir, de forma profunda e meticulosa, sobre a genuinidade dos fenômenos
que sempre acompanham os grandes movimentos espirituais da História. Se por um lado não devemos
ter medo do que o Espírito possa fazer, por outro, devemos temer a obra espúria dos espíritos
enganadores, e do nosso próprio coração enganoso.
E por fim, vale a pena mencionarmos que "a era do Espírito Santo", como é conhecida em muitos meios
neopentecostais, iniciou-se, não em 1906, com a reunião na rua Azuza, nos Estados Unidos, mas desde o
dia de Pentecoste. As evidências bíblicas são numerosas. Em seu sermão no dia de Pentecoste, o
apóstolo Pedro declarou que a descida do Espírito estava inaugurando os últimos dias (At 2.16-21). Os
demais apóstolos ensinaram, semelhantemente, que os últimos dias, a dispensação anterior ao dia do
julgamento final, já havia chegado ( 1 Co 7:29; 1 Jo 2.18). Enfatizo esse ponto pois alguns poderiam
argumentar que estamos vivendo hoje na "era do Espírito", e que Calvino viveu antes dessa época. Os
que assim acreditam, afirmam que hoje o Espírito está agindo de uma forma muito mais intensa, e
mesmo, diferente, da época da Reforma, e que, portanto, o que Calvino experimentou e ensinou está,
num certo sentido, ultrapassado. Entretanto, as Escrituras nos ensinam que a Igreja já está vivendo os
últimos dias, a dispensação do Espírito, desde o período apostólico. Calvino viveu e ensinou em plena
época do Espírito, tanto quanto nós hoje vivemos e labutamos. O ensino de Calvino, por ser bíblico,
pode nos servir de balizamento, indicando-nos o estreito caminho do equilíbrio, entre uma vida de
piedade e uma mente firmada nas antigas doutrinas da graça.
Notas
1 Jown Owen, The Holy Spirit: His Gifts and Power (Grand Rapids: Kruegel, 1960); Abraham Kuyper, The
Work of the Holy Spirit (Grand Rapids: Eerdmans, 1946). Outros autores poderiam ser acrescentados,
como o Puritano inglês Thomas Goodwin, e mais recentemente, Benjamim B. Warfield e George
Smeaton.
2 Cf. João Calvino, As Institutas, ou Tratado da Religião Cristã, 4 vols., trad. Waldyr C. Luz (São Paulo: CEP
e Luz para o Caminho, 1989). Calvino trata da divindade do Espírito em I.13.14-14, e da sua obra
redentora (aplicando a salvação) no livro III, especialmente nos capítulos 1-2.
3 O termo "esquerda" tem sido empregado recentemente por alguns historiadores para se referir a esse
grupo, sem qualquer conotação política.
4 Cf. a nota introdutória de B. Warfield em Kuyper, The Work of the Holy Spirit, xxvii.
5 Para uma lista das obras mais importantes sobre o Espírito Santo escritas após Calvino nos séculos XVII
e XVIII, ver Kuyper, The Work of the Holy Spirit, lx-x.
6 Kuyper, The Work of the Holy Spirit, xxxiii-xxxiv.
7 Institutas, I.7.2; IV.2.1,9. Veja ainda Calvin’s Commentaries, vol. 21, trad. W. Pringle (Grand Rapids:
Baker, 1981) 242-44.
8 Institutas, I.7.1. Veja também os capítulos 7-9 do livro I, onde Calvino desenvolve o tema da
autoridade das Escrituras.
9 Institutas, III.1.1; I.7.5.
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10 Institutas, I.8.13; I.7.4. Cf. Ronald S. Wallace, Calvin’s Doctrine of the Word and Sacrament (Grand
Rapids: Eerdmans, 1957) 101-2.
11 Institutas, III.1.1; III.2.33-34; II.2.20; I.7.5. Veja ainda Calvin’s Commentaries, vol. 20, 116-17, e vol.
22, 257.
12 Calvin’s Commentaries, vol. 18, 101.
13 Devemos, com justiça, notar que Calvino deve muito dessa perspectiva ao ensino desbravador de M.
Lutero, que já havia, antes dele, denunciado esse estado de coisas.
14 Veja nota acima.
15 WilliamBalke, Calvin and the Anabaptist Radicals, trad. W. Heynem (Grand Rapids: Eerdmans, 1981)
2.
16 Para uma análise mais profunda do debate de Calvino com os Anabatistas consulte Balke, Calvin and
the Anabaptist Radicals. Resumos sobre o movimento Anabatista durante a Reforma poderão ser
encontrados nos livros clássicos em Português de História da Igreja, como Robert Nichols, W. Walker e
Justo Gonzalez (vol. 6).
17 Esta obra se encontra publicada em Francês na coleção Corpus Reformatorum, ed. C.G.
Bretschneider (Halle, 1834-1860), vol. 7, 145-248.
18 Institutas, I, 9, 1.
19 Institutas, I, 9, 2.
20 Para um estudo mais aprofundado, veja W. Kreck, "Wort und Geist bei Calvin", em Festchrift für
Günther Dehn (Neukirchen, 1957) 168-173.
21 Institutas, I, 9, 1; cf. Wallace, Calvin’s Doctrine of the Word and Sacrament, 130.
22 Institutas, I, 9, 2.
23 Institutas, I, 9, 2. Passagens como 1 Co 12.1-3, 14.29 e 1 Jo 4.1, entre outras, estabelecem critérios
doutrinários pelos quais pode-se julgar as profecias e os profetas.
24 Institutas, I, 9, 2-3.
25 Ibid.
26 Calvin’s Commentaires, vol. 22, 102-3.
27 Calvin’s Commentaires, vol. 20, 174; veja ainda Wallace, Calvin’s Doctrine of the Word and
Sacrament, 89-90.
28 Balke, Calvin and the Anabaptist Radicals, 326.
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29 "O Espírito Santo Hoje - Os Dons de Línguas e Profecia", em Cartas Pastorais (São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, 1995). O documento foi elaborado pela Comissão Permanente de Doutrina da IPB.
O TOQUE DO ESPÍRITO
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB
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"Essas maravilhas de um avivamento somente poderão ocorrer se o Espírito Santo tornar viva a Palavra
de Deus, quando ela for pregada. Bênçãos genuínas não podem vir a não ser que o Espírito Santo as
traga ao povo de Deus. Traga-lhe convencimento e nele toque."
A. W. Tozer. - A Tragédia da Igreja: Ausência de Dons p. 15
Se tivermos uma compreensão sadia do que o Espírito Santo fez em nós no início de nossa vida cristã,
nossas condições para buscar as bênçãos para nós reservadas serão melhores, mais claras e definidas.
Mostra também a Escritura que o Espírito de Deus age em todas as suas páginas, não apenas em termos
do Espírito Santo como Pessoa Divina para uma pessoa humana, mas, igualmente, em termos de
inspiração. Extraordinário é ver na Bíblia Sagrada que o Espírito a inicia e a conclui. Está em Gênesis 1.2,
primeiro capítulo de toda a Bíblia, e também no seu último capítulo, em Apocalipse 22.17:
"A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus
pairava sobre a face das águas".
"E o Espírito e a noiva dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem
quiser, receba de a graça a água da vida".
O Espírito age intensamente nas páginas do Livro Sagrado levantando e guiando os juizes do povo de
Deus, ungindo sacerdotes, profetas e reis, e transformando covardes em poderosos.(1) E porque o
Espírito Santo é poder, figuras de poder têm sido utilizadas pelos escritores inspirados. É comparado ao
vento, ao óleo, ao fogo, à pomba e à água. Em todos os casos, figuras concretas e altamente gráficas.
FIGURAS DE PODER
A idéia de poder no mundo está ligada ao hedonismo e ao belicismo, ao prazer e e ter e às armas e
violência. Poder é possuir uma gorda conta bancária, de preferência na Suíça e/ou Ilhas Cayman; poder
são os músculos; são as multidões que alguém possa arregimentar; é o número de tropas e de armas de
uma nação. Na Bíblia, porém, é criação, é manutenção, é apoio, e é, até, sofrimento?!
Na Bíblia, o Espírito Santo é comparado ao vento. O mesmo vocábulo é utilizado pelos escritores
bíblicos para dizer "vento", "fôlego", "respiração" e "espírito" (2). É o Ruach haKodesh ou o Pneuma ton
Hagion. Vento é poder criador, gerador de energia como nos moinhos de vento, ou poder destruidor
como num furacão.
Também é comparado ao óleo ou azeite. Nessa comparação, o Espírito Santo é um poder confortador,
visto que o azeite era largamente utilizado no conforto, na unção, e numa série de situações. Um
dignitário em Israel era ungido com azeite aromático. O rei não era "coroado", mas ungido, o azeite
perfumado era derramado na sua cabeça, e escorria pelo seu cabelo e molhava as suas faces e sua
barba (3). Não era um azeite qualquer. Há, por sinal, muita gente vendendo azeite de supermercado
afirmando ser "azeite ungido" com o objetivo de mistificar, manipular as emoções dos simples e
enganar os menos avisados. O azeite da unção usado em Israel tinha uma fórmula, na qual entrava a
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mirra, a canela, as madeiras aromáticas, a cássia e o azeite de oliveira (4), razão porque era usado como
perfume (5). Era utilizado na iluminação deixando o ambiente perfumado(6), e, também, aplicado
medicinalmente como atestam Tiago 5.14 e Marcos 6.13. No consolo que traz, portanto, no conforto
que proporciona, no poder que infunde, o Espírito Santo tem uma figura altamente apropriada no óleo
ou azeite: "... e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi" (7).
O fogo sempre esteve ligado a Deus ou à Sua justiça. Por essa razão, a espada flamejante se postava à
entrada do Éden guardando-o (8); a sarça ardente estava no alto do Sinai (9); a coluna de fogo liderou os
filhos de Israel na caminhada no deserto (10); e no Monte Carmelo havia um altar de fogo (11); e, no
Pentecostes, as línguas como que de fogo pousando sobre a cabeça de cada um dos apóstolos (12); e no
Apocalipse está mencionado um lago de fogo (13). Sempre sinais da presença e da justiça divinas! Sinais
de Deus! João, previamente ao ministério de Jesus, disse a Seu respeito: "Eu, na verdade, vos batizo em
água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a correia das
alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo" (14). O fogo é poder purificador.
O ESPÍRITO SANTO NO DESCRENTE
Nossa proposta é examinar como o Espírito Santo age no ser humano. Podemos verificar na Escritura e
na experiência o Espírito agindo tanto no descrente quanto no crente.
Em João 16, nos versos 7 e 8, estão registradas as palavras de Jesus Cristo: "Todavia, digo-vos a verdade,
convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E
quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo". É deste modo que Ele age no
incrédulo.
Um dos mais terríveis efeitos do pecado é a cegueira que ataca a pessoa humana quanto a seus pecados
(15). Só o Espírito Santo pode abrir os nossos olhos. Por mais bem intencionados que sejamos, somos
cegos em relação ao próprio pecado. "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus porque
para ele são loucura", diz a palavra de Deus (16). Dependemos dEle; e até os nossos olhos o Espírito vai
abrir; só Ele pode nos convencer da profundidade do pecado e da verdade do evangelho. Essa é a razão
porque é chamado "Espírito da verdade" (17). Uma pessoa perdida não tem consciência de que é um
pecador (por isso está "perdida"). Converse com uma "pessoa natural", e ela não compreenderá o que
você está falando, porque ainda não foi convencida pelo Espírito de Deus com respeito à sua perdição.
Não há consciência de falta de retidão moral e espiritual; não há qualquer convicção ou consciência da
palavra de julgamento sobre o seu pecado. E no verso 8 de João 16 está afirmado que "quando ele vier,
convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo".
Essa tríplice convicção de João 16.8 não são funções separadas como pode parecer, mas uma só. O
Espírito não pode convencer uma pessoa do pecado sem convencê-la do juízo de Deus; nem pode
convencer alguém da justiça, da retidão de Jesus Cristo, sem convencê-la inicialmente do pecado e do
conseqüente juízo. É um ato único e coeso. Não importa qual seja a expressão do pecado na vida de
alguém (adultério, cobiça, bebida, imoralidade, o que seja), a razão básica porque alguém continua
"destituído da glória de Deus" (18) é a falta de fé em Jesus Cristo. Quem não foi convencido pelo Espírito
Santo de Deus, o destino não é o céu: é o outro lugar. E, por inferência, aceitar o perdão divino, confiar
em Cristo tem como resultado a vida eterna, a salvação eterna, a vida abundante (19). É convicção da
justiça e perfeição de Jesus Cristo, do fato de que Ele é reto, justo e perfeito; é convicção do juízo, pois,
pela ação do Espírito, comprova-se o amor de Deus e igualmente o Seu julgamento sobre os nossos
pecados. Isso significa uma coisa: Deus é Quem toma a iniciativa de nossa salvação por meio do Espírito
Santo. Que gloriosa mensagem essa do evangelho! E ela se chama graça: Nós amamos, porque Ele nos
amou primeiro" (20). Foi Ele Quem tomou a iniciativa da sua salvação; foi Ele Quem através do Seu
49
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Espírito, levou-o a Jesus Cristo; foi Ele Quem, através do convencimento do pecado, da justiça e do juízo,
levou a cada fiel a se ajoelhar diante de Jesus. Deus nos procura antes que nós O procuremos, ou seja,
embora sejamos cheios de rebeldia, preconceito e indiferença, Deus vem a nós através do Seu Espírito,
lei espiritual encontrada na Sua Palavra (21).
E Jesus Cristo nos dá uma razão dessa tríplice convicção. Está no verso 9: "(convicção) do pecado, porque
não crêem em mim"; e fala da descrença que é resultado do orgulho, da vaidade e da recusa de se
submeter à direção do Senhor. Nesse caso, a incredulidade está igualada à desobediência (22). Jesus fala
da rebelião voluntária ao governo de Deus em nossas vidas.
No verso 10, diz Jesus: "convicção da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais". E, sem
dúvida, a primeira coisa a considerar é que o crente tem um teste final da justiça de Jesus Cristo: Sua
volta para o Pai como havia prometido. Por outro lado, olhar para Jesus Cristo, o justo sem pecado, é
percebermos quão distantes e caídos estamos da retidão de Deus, e, nesse ponto, o Espírito nos vai
levar a pesar em nosso íntimo o fato do pecado contra o senhorio de Jesus e a ação de Seu reino em
nossa vontade.
O verso 11 ensina que é convicção "do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado".
Entendemos que esse é um fato muito alentador, porque, apesar de a Escritura dizer que "o mundo
inteiro jaz no Maligno" (23), Jesus Cristo é o vencedor (24)! E não depositamos a nossa fé em um Cristo
derrotado! O Deus a Quem servimos vencedor de todas as batalhas! É Aquele que afirma o julgamento
de Satanás, prometido desde os mais antigos dias da espécie humana, registro que se encontra no livro
do Gênesis: "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; e esta
lhe ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (25) Jesus Cristo vitorioso, portanto! Isso foi realizado no
Calvário. Foi com a cruz que a Grande Serpente, começou a se contorcer de dores. A cruz foi um punhal
cravado no coração do próprio Satã (26). Na ressurreição de Jesus, porém, o golpe final foi dado no
Grande Dragão, motivo porque a execução de tudo será no fim dos tempos, na consumação dos séculos
como está registrado no Apocalipse (27).
Apesar dessa idéia futura para nós, no propósito de Deus já é fato consumado, convicção que de nossa
parte é necessária pelo que Satanás faz na vida do descrente em Jesus Cristo. Não diz a Escritura que "o
mundo inteiro jaz no Maligno" (28)? No entanto, "sabemos que somos de Deus"! Isso é glorioso! Os
perdidos estão em cativeiro porque o mundo jaz no Maligno; fazem a vontade do Inimigo-de-nossasalmas (29) porque o mundo jaz no Maligno, o que quer dizer que a nossa ação evangelizadora e
missionária é uma luta contra Satanás e suas hostes de anjos da malignidade (30). E porque não
podemos lutar sozinhos, Deus vem ao nosso encontro pelo Espírito Santo.
PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO
A pessoa humana tem a infeliz possibilidade de cometer dois pecados contra o Espírito. O crente deve
dar glória a Deus porque contra essa doença já foi vacinado. Mas o ser humano natural pode cometer
duas tremendas faltas contra o Espírito de Cristo. Um pecado é chamado na Bíblia de "resistir ao
Espírito" (31). O outro é identificado pela expressão "blasfemar contra o Espírito" (32).
O pecado mais comum contra o Santo Espírito é a resistência, que se apresenta de muitas maneiras. É o
caso do desprezo e do desdém para com a palavra do Senhor; é a depreciação do evangelho salvador de
Jesus (33). Outro é o adiamento. Você diz "estou ouvindo o Espírito falando ao meu ouvido, mas vou
deixar para depois a decisão de receber a Jesus como meu Salvador". Esse adiamento é um pecado (34).
Outro mais é a zombaria, o escárnio, o levar o Espírito Santo ao ridículo (35). E que dizer da oposição
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agressiva (36)? Mas em tudo isso, vemos algo verdadeiro: enquanto a pessoa resistir à obra de
convicção, ela se priva das alegrias da salvação!
O outro caso é o da blasfêmia contra o Espírito. Mateus 12.22-32 fala desse assunto. Havia um grupo
que atribuía a cura de um endemoninhado cego ao poder do diabo (37). A ironia de tudo isso é que o
milagre realizado por Jesus, prova, portanto, de Sua divindade, fora atribuído ao diabo. Essa atitude,
esse pecado não tem esperança de perdão. É o que está dito nos versos 31 e 32. O pecado da blasfêmia,
então, é o ponto mais alto de um processo de resistência ao Espírito de Deus. É blasfêmia ser
antagônico ao Senhor, quando Ele o chama para o Seu lado, e você se posiciona contrariamente. O
desdém começa, vira resistência, endurecimento do coração, blasfêmia e resulta em perdição eterna.
O ESPÍRITO SANTO E A CONVERSÃO
A primeira importante lição é que o Espírito Santo trabalha na conversão. O Espírito de Deus completa
Sua obra de convicção em nós, e traz à nossa consciência o fato do pecado e da nossa condenação. Se
não há resistência, Ele nos conduz à conversão. Assim é que aceitamos que Jesus Cristo Se torne o
Senhor de nossas vidas. A essência da salvação é a conversão ao senhorio de Cristo. O primeiro pecado
humano foi a negação da soberania divina (38); quando o primeiro homem resolveu não ser o gerente
da criação, e, sim, o proprietário, evidenciou-se a rebeldia, e com isso repúdio da lei divina. Resultado: a
humanidade passou a ser dominada pelo Maligno (39), que recebe os títulos de "príncipe deste mundo",
"deus deste século", e "poder das trevas" (40). Ser salvo é ser liberto por Deus do domínio das trevas
para o senhorio de Cristo Jesus (41).
A conversão ou regeneração não é trabalho do evangelista, do pastor ou do professor da Escola Bíblica,
mas, sim, do Espírito Santo. Regeneração não se herda, não se adquire com o batismo, não é mérito da
igreja, pois, na verdade, alguém pode freqüentá-la por anos corridos e não ser regenerado. Regeneração
não consiste em boas obras (42), nem é resultado de vida moral ilibada (43). Realmente, a palavra do
evangelho é que "a todos quanto o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se
tornarem filhos de Deus" (44), e isso é ação do Espírito que leva ao arrependimento, à fé, e conduz à
incorporação em Jesus Cristo. E ensina a palavra de Deus que "crer no evangelho", "responder a Jesus
Cristo" e "receber o Espírito Santo" são três modos de observar o mesmo fato (45).
O ESPÍRITO SANTO E O CRENTE
Como agiu e age o Espírito de Deus no discípulo de Jesus Cristo? O Espírito Santo

preparou o seu coração para entrar em uma nova vida. Tito 3.5 o explicita: "...não em virtude
de obras de justiça que nós houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou
mediante o lavar da regeneração e renovação pelo Espírito Santo".

Espírito de Deus o recriou. Jesus não o ensinou? "Em verdade, em verdade te digo que se
alguém nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus" (49)
O Espírito Santo fez ainda mais:

imprimiu o próprio caráter de Deus em sua vida! A Bíblia chama a esse fato o selo do
Espírito.(50) E com isso, o Espírito lhe deu a consciência de que é filho de Deus. (51)
51
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
Jesus Cristo o batizou no Espírito Santo: "Pois em um só Espírito fomos nós todos batizados em
um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres, e a todos nós foi dado beber
de um só Espírito" .(52)
O batismo no Espírito Santo é uma das fases do ministério da Terceira Pessoa da Trindade, sem dúvida
a mais mal compreendida. Há quem ensine que ele dá ao crente uma experiência mágica, ou que seja
uma espécie de sacramento, um meio pelo qual o crente recebe uma graça especial. Necessário se
torna, evidentemente, cuidado para não confundir o ficar cheio do Espírito Santo com o batismo no
Espírito Santo.(53) Muitos crentes confundem essas realidades porque os que foram batizados no dia de
Pentecostes também ficaram cheios.(54) É importante compreender que o glorioso e inicial fato do
batismo no Espírito Santo não é a "segunda bênção" anunciada por alguns grupos. O batismo no Espírito
Santo, pelo ensino do Novo Testamento, é a primeira bênção na sua vida. Sua evidência não é o falarem-línguas, mas a vida, quebrantada, arrependida, penitente, dedicada, consagrada ao reino e a
espalhar o seu poder no coração dos homens. Em uma palavra: serviço. A evidência do batismo no
Espírito Santo é a vida dedicada que se expressa em termos de ação e serviço.
COMO O ESPÍRITO SANTO AGE NO CRENTE?

Ele o faz concedendo carismas, ou seja, os Seus dons para o serviço acima mencionado.(55)

O Espírito Santo ajuda na oração. A palavra de Deus é claríssima sobre isso: "Do mesmo modo
também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como
convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que
esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito: que ele, segundo a vontade de
Deus, intercede pelos santos". (56)

Espírito Santo guia o crente através das circunstâncias.(57) Ele orienta o cristão fechando certas
portas e abrindo outras;(58) Ele dá direção ao fiel através de palavras, atitudes e conselhos de
outros fiéis;(59) Ele norteia o caminho do crente através das Escrituras Sagradas;( 60) Ele guia o
crente através da oração.(61) O Espírito Santo guiando a Igreja, traz reconciliação, e cria a
koinonia; Ele fala pela pregação.(62) O Espírito Santo edifica o Corpo em amor. Por tudo isso, os
escritores do Novo Testamento costumam falar de Jesus Cristo e do Espírito Santo vivendo
dentro do crente, quer dizer, nós estamos em Cristo, e o Espírito Santo está em nós. (63)
A Bíblia diz que há três tipos de pessoas: o homem natural, o crente carnal e o crente espiritual. Paulo,
apóstolo, faz uma descrição de cada um. Em 1Coríntios 2.14 está o homem natural: "O homem natural
não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque
elas se discernem espiritualmente".
O crente carnal por sua vez está em 1Coríntios 3.1: "E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais,
mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo".
O Dr. Landrum Leavell disse que a vida religiosa do crente carnal é como a malária: frieza e febre.
Ataques de frio e de febre, frio e febre, e assim por diante. Desce e sobe, desce e sobe, vai ao alto e cai,
não tem constância, não tem estabilidade, não tem alegria. O crente espiritual, por sua vez, tem seu
perfil em 1Coríntios 2.15: "Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é
discernido".
52
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Crentes espirituais são santificados todos os dias. Não precisam de movimentos, caminhadas, marchas e
campanhas especiais para serem santificados porque têm comunhão com o Pai diariamente, alimentamse dia a dia com a seiva da videira verdadeira que é Cristo Jesus, são sustentados pelo Espírito Santo
cada dia, têm propósitos especiais para suas vidas, não se cansam de obedecer a Deus. Amam sua igreja,
participam fielmente dos estudos bíblicos, contribuem biblicamente, são dizimistas e trazem o dízimo à
casa do Senhor.
Pecado e santificação são extremos como Polo Norte x Polo Sul; escuro x claro; noite x dia; distância de
Deus X proximidade de Deus. Quanto mais o crente se conforma com o mundo, mais se distancia de
Deus; quanto mais o crente se amolda à vontade de Deus, mais distância quer do sistema de coisas do
mundo. Isso é santificação, e ação do Espírito em sua vida. O mundo precisa da ênfase sobre a
santificação. A igreja local precisa da ênfase sobre a santificação; nós precisamos da ênfase sobre a
santificação. Nossas ações, vocabulário e atitudes dirão aos outros e a nós mesmos, a que distância
estamos do Polo Norte ou do Polo Sul, do governo do mundo ou do reino de Deus.
Há quem imagine ser santificação deixar de fazer certas coisas. A Bíblia ensina que é resultado de andar
com Deus. Não são regras, mas estilo de vida. Santificação é um processo para toda a vida e deve ter
início na conversão. Dissemos "deve ter início" porque há crente que não cresce, e não cresce porque
não dá vez ao Espírito. Alguém disse: "já dei muita oportunidade ao Espírito Santo, e não vi nada!" Na
realidade, encastelou-se em certa posição, e não deu vez ao Espírito de Deus!
DUAS TENDÊNCIAS
Há no crente duas tendências ou naturezas, e são antagônicas. Uma é carnal; a outra é espiritual. A
primeira coisa que o Espírito tem que fazer para sua santificação é dominar o pecado em sua vida. Pelo
poder do Espírito Santo, o irmão, a irmã vai conquistar a natureza mundana e carnal em sua vida.
Quando aceitamos a Cristo, nascemos do Espírito, mas a velha natureza continua ao lado da recémnascida natureza cristã.(64) A Bíblia, porém, ensina que mesmo com o trabalho do Espírito Santo, só na
glória é que vamos nos despir completamente da velha criatura. (65) O Espírito é poder para sobrepujar
nossa natureza carnal.(66)
A segunda fase da santificação consiste em o Espírito Santo dar ao crente um caráter justo e santo. Esse
é o lado positivo da santificação, pois em relação ao pecado, a obra do Espírito Santo é destrutiva, em
relação ao caráter, porém, é construtiva. Conforme Gálatas 5.19 em diante, temos um resumo das duas
fases:


é preciso desmanchar a primeira, as obras da carne (versos 19-21);
e construir a segunda, que é o fruto do Espírito (versos 22,23).
Outra parte da atuação do Espírito Santo é o serviço que prestamos. Assunto a ser examinado em outras
reflexões.
NOTAS
1 Cf. 2Timóteo 1.7.
2 As palavras são ruach e pneuma, nas línguas hebraica e grega respectivamente.
3 Cf. Sl 133.
4 Cf Ex 30.22-33.
5 Cf. Amós 6.6.
6 Cf. Mateus 25.3ss.
7 1Sm 16.13b.
53
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8 Cf. Gênesis 3.24.
9 Cf. Êxodo 3.2ss.
10 Cf. Êxodo 13.21,22.
11 Cf. 1Reis 18.38 .
12 Cf. Atos 2.1-3.
13 Cf. Apocalipse 20.14,15.
14 Lc 3.16.
15 Cf. 2Coríntios 4.4.
16 Cf. 1Coríntios 2.14.
17 Cf. João 14.17.
18 Cf. Romanos 3.23.
19 Cf. João 3.16, 18, 36.
20 Cf. 1João 4.19.
21 Cf. Gênesis 3.8-10; João 3.16; Efésios 2.8.
22 Cf. Hebreus 3.17-19.
23 Cf. 1João 5.19b.
24 Cf. João 16.33; Apocalipse 3.21.
25 Gn 3.15.
26 Cf. João 12.31-33.
27 Cf. Apocalipse 20.10.
28 Cf. 1João 5.19.
29 Cf. 2Timóteo 2.26.
30 Cf. Efésios 6.12.
31 Cf. Atos 7.51.
32 Cf. Mateus 12.22-32; Marcos 3.28-30; Lucas 12.10.
33 Cf. Atos 26.28.
34 Cf. Atos 17.32; 24.25.
35 Cf. Atos 17.32.
36 Cf. Atos 5.33-40; 7.54-60.
37 Cf. verso 24.
38 Cf. Gênesis 3.1ss.
39 Cf. 1João 5.19; 2Timóteo 2.26
40 Cf. Cf. João 12.31; 14.30; 16.11; Cf. 2Coríntios 4.4. Colossenses 1.13.
41 Cf. Colossenses 1.13.
42 Tito 3.5.
43 Cf. Isaías 64.6.
44 João 1.12
45 Cf. 2Coríntios 11.4.
46 Cf. João 16.8-11.
49 Cf. João 3.5; 1Coríntios 12.3.
50 Cf. 2Coríntios 1.22; Efésios 1.13; 4.30.
51 Cf. Romanos 8.15-17.
52 1Co 12.13.
53 Cf. Efésios 5.18.
54 Cf. Atos 2.4. O "ficar cheio do Espírito Santo" é fato conhecido por outras expressões: controle do
Espírito e plenitude do Espírito (do latim plenus = cheio).
55 Cf. 1Coríntios 12.4-30; Efésios 4.1-16.
56 Rm 8.26,27.
57 Cf. Atos 16.10.
58 Cf. Atos 16.6
59 Cf. Atos 6;13.
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60 Cf. Colossenses 3.16.
61 Cf. Colossenses 3.15.
62 Cf. Atos 2.14,18.
63 Cf. Gálatas 2.20; Cl 1.27; Rm 8.10; 1Co 3.16.
64 Cf. Efésios 4.22; 1Coríntios 3.1; Hebreus 5.13; Colossenses 3.9.
65 Cf. 1João 3.2.
66 Cf. Gl 5.16.
PENTECOSTES: O PARADOXO DE DEUS
ESTUDO SOBRE O ESPIRITO SANTO
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB
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Atos 2. 1-4
1 Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;
2 E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles.
3 Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes
concedia que falassem.
A festa de pentecostes era uma das três festas obrigatórias dos judeus. A primeira era a Páscoa, a
segunda era o Pentecostes a terceira era a festa dos tabernáculos.
A princípio, era uma festa agrária também chamada de festa das primícias pela celebração do início da
colheita. Posteriormente, veio, também ser a comemoração da entrega da aliança que teria se dado
cinqüenta dias após o êxodo.
Não podemos negar que no pentecostes cristão, também estão presentes os elementos do Pentecostes
judaico. Com certeza no pentecostes, começa uma grande colheita. Também, não podemos nos
esquecer que a nova aliança de Deus já não é escrita em tábuas de pedras, mas em nosso coração.
Finalmente, a alegria que deveria ser a tônica no pentecostes judaico extravasa no derramamento do
Espírito Santo sobre a Igreja.
Pregar sobre um texto como esse é uma das tarefas difíceis do pregador. Este texto é policromático,
polisemântico. Fôssemos abordar, todos os seus ângulos, vertentes e nuances, levaríamos, quem sabe
cinqüenta dias...
Queremos, porém, falar a partir da perspectiva dos paradoxos que se encontram no texto. A palavra
paradoxo, vem do grego e significa: parecer ou aparentar . O paradoxo não é uma contradição. Na
contradição uma coisa nega a outra. No paradoxo, há uma aparente contradição, não, uma real
contradição. Jesus, usou paradoxos: Quem perde a sua vida por minha causa acha-la-á. (Mt. 10.39).
É nesse sentido que estaremos usando a palavra para descrever o evento pentecostes.
Foi o fim do começo e o começo do fim.
55
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2. 17. E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne. O
derramamento do Espírito no dia de Pentecostes é início e fim. É o fim da antiga aliança e o surgimento
de uma nova. É o fim de uma velha era e o início de uma nova. O que era escrito em pedras agora é
escrito no coração. O povo de Deus agora já não é uma questão de raça (ser judeu) mas de roça (é a
colheita do Espírito Santo que semeia a palavra no coração do homem) . Israel já não é o limite do
arraial do povo de Deus.
No Pentecostes, ao citar o profeta Joel, Pedro deixa bem claro: o fim já começou há muito tempo.
A compreensão de que o pentecostes marca o tempo do fim e o fim dos tempos, traz para nós duas
aplicações. A primeira, é que somos chamados à vigilância, pois o fim se abrevia, o tempo da nossa
partida para chegarmos enfim à nossa Canaã está cada dia mais próximo. A segunda é que devemos
repreender todo espírito de alvoroço e de confusão daqueles que querem conhecer os tempos e épocas
que Deus reservou para si. Com expectativa, mas sem ansiedade; com certeza no coração, mas, sem
confusão na mente. Desprezemos os cálculos, as estimativas, as projeções e nos firmemos na certeza de
que a Vinda do Senhor se abrevia, visto que a igreja o aguarda desde o dia de pentecostes.
Foi o esperado acontecendo inesperadamente.
É muito interessante observar que Lucas diz no capítulo 1.4, que os discípulos deveriam esperar em
Jerusalém o tempo da promessa. Para no capítulo 2.2, falar do de repente do Espírito Santo.
Eles esperavam mas não sabiam quando. Eles tinham a certeza, não a previsão.
O Espírito Santo não é companheiro de encontros programados, de horas marcadas anunciadas em
cartazes e divulgados em todos os lugares.
Ele vem quando não esperamos. E não vem da forma que esperamos.
Quem quiser andar com o Espírito tem que estar preparado para surpresas, para o inesperado.
Ele nunca falha com as suas promessas, mas nunca fará o que nós esperamos nem quando esperamos.
Foi o incontrolável sendo conduzido.
Quando o Espírito Santo vem ninguém se controla. Mas ele controla a todos. Naquela hora ninguém
escolheu nem determinou os seus atos. Mas ninguém estava sem controle. O Espírito Santo controlava a
todos. Era conforme o Espírito Santo concedia. Ser cheio do Espírito Santo não é ser como um trem
desgovernado ou um avião sem piloto. Ser cheio do Espírito Santo é ser conduzido por ele que na sua
soberania faz o que quer quando quer e como quer.
Talvez, uma das passagens, mais mal interpretadas das Escrituras seja aquela de II Coríntios 3.17, que
diz: Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Se observarmos
atentamente o contexto, o texto não está falando de que a presença do Espírito Santo permite a cada
um fazer o que quiser, mas que a presença do Espírito Santo tira o véu da nossa face para que possamos
conhecer a Cristo.
Quando o Espírito Santo vem, perdemos o controle, mas não ficamos descontrolados. Ele está
soberanamente no controle.
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Era o sobrenatural enchendo natural.
A experiência de ser visitado pelo Espírito Santo é a mais fascinante experiência do ser humano. É ser
invadido por uma alegria desmedida; é ser tomado por um poder incomparável; é ser seduzido por uma
glória irresistível, é ser inundado por uma onda de amor jamais experimentado. É ser transformado para
sendo o mesmo nunca mais ser igual.
Naquele dia, foi isso o que aconteceu com aqueles homens e mulheres. Pedro ainda era Pedro, mas já
não era o que foi. O medo deu lugar a coragem. O rude pescador era o grande pregador.
O Espírito Santo deu àqueles homens a estatura que não tinham e os projetou a dimensão que nunca
sonharam.
Pelo poder do Espírito, revolucionaram o mundo, transformaram o mundo.
Conclusão:
Como muito bem apontou John Stott, o Pentecostes é um evento único e irrepetível, como foi o
nascimento, morte e ressurreição de Cristo, mas os seus efeitos são permanentes.
Podemos crer que assim como a promessa do Espírito se cumpriu dando início aos últimos dias,
podemos crer e esperar a vinda de Cristo no grande e glorioso dia.
Podemos ainda hoje, crer que a qualquer momento Ele pode vir sobre nós e nos encher do seu poder e
glória.
Podemos crer, que Ele na sua soberania fará em nós conforme lhe apraz. Nunca saberemos como e
quando. Pode ser na cozinha lavando a louça, pode ser no trânsito dirigindo o carro, pode ser no quarto
orando, pode ser na igreja louvando.
Nunca saberemos como será, mas de uma coisa nós sabemos, será maravilhoso.
Finalmente, podemos crer, que a despeito das nossas limitações. O finito é tomado pelo infinito; que o
temporário é tomado pelo que é perene; que o fraco é invadido pelo Todo-poderoso; o tangível pelo
intangível; o imanente pelo transcendente; o mortal pelo imortal; o visível pelo invisível; o contaminado
pelo incontaminado e que é Santo, Santo, Santo; o pó e a cinza pelo eternamente glorioso e sublime.
Podemos crer, que eu, que você, que nós, podemos ser tão cheios do Espírito Santo a ponto de
transbordar continuamente como foram os discípulos. Pois Deus não nos dá o Espírito com limitações.
Glória ao Pai, Glória ao Filho, Glória ao Espírito Santo.
Amém, amém, amém.
Professor Dr. Antony Steff Gilson de Oliveira
Reverendo da Igreja Presbiteriana em Renovação do Brasil – IPRB
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Professor: Rev. Antony Steff Gilson de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana em Renovação
do Brasil, Psicanalista Clínico, Mestrando em Teologia
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