Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 AVALIAÇÃO DO USO DE CONVERSORES EM BAIXA FREQUÊNCIA COMO DRIVERS DE LUMINÁRIAS LED. FERNANDO J. NOGUEIRA, LAÍS A. VITOI, CRISTIANO G. CASAGRANDE E HENRIQUE A. C. BRAGA NIMO - Núcleo de Iluminação Moderna, Universidade Federal de Juiz de Fora 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil E-mails: [email protected], [email protected] Abstract This paper presents a discussion about the use of low frequency converters as offline LED drivers and their application in street lighting luminaires. These simple and low cost converters may provide high power factor, low input current distortion and compliance with IEC 61.000-2-3 Class C Standard, which limits the emission of harmonic currents of lighting components. A description and experimental study of the boost rectifier as an LED driver applied to a low power string of LEDs is presented. This device has featured an efficiency of 59%, mainly due to the required use of a low frequency step down transformer. Similar low frequency LED drivers have been also studied and presented here, and are mainly focused to street lighting applications. In this case, no transformers are required at all, what may define much higher converter efficiency. Preliminary results by computational simulation show that it is also possible to design these LED drivers with no need of electrolytic capacitors, what may confer an extended lifetime for these LED drivers. Keywords LED, low frequency led driver, street lighting. Resumo Este artigo apresenta uma discussão sobre o uso de conversores em baixa frequência para acionamento de LEDs e sua aplicação em luminárias de iluminação pública. Esses conversores, simples e de baixo custo, podem obter elevado fator de potência, baixa distorção harmônica da corrente de entrada e conformidade com a norma IEC 61.000-2-3 Classe C, que limita a emissão de correntes harmônicas dos componentes de iluminação. A descrição e estudo experimental de um retificador boost como driver de um arranjo de LEDs de baixa potência é apresentado. Este dispositivo obteve uma eficiência de 59%, principalmente devido ao uso de um transformador abaixador de baixa frequência. Conversores similares operando em baixa frequência para acionamento de LEDs também são apresentados, e têm sua aplicação focada em iluminação pública. Nesse caso, não é necessária a utilização de um transformador abaixador, o que pode elevar a eficiência desses conversores. Resultados preliminares através de simulação computacional mostram que é possível projetar drivers de baixa frequência para LEDs sem a necessidade de capacitores eletrolíticos, o que pode estender a vida útil desses circuitos de acionamento. Palavras-chave Drivers de baixa frequência para LEDs, LED, Iluminação pública. 1 mente apresentam circuitos complexos que utilizam capacitores eletrolíticos, resultando em baixa confiabilidade e redução da vida útil do driver. De qualquer forma, espera-se que um bom driver para LEDs possua ao menos elevado fator de potência, taxa de distorção harmônica da corrente de entrada (THDi) reduzida, baixo custo de implementação, robustez e alta confiabilidade, visto que os LEDs de potência (ou HP LEDs, do inglês, High Power LEDs) podem durar até 100.000 horas (LAUBSCH, 2010). O estudo de drivers que utilizam estratégias de acionamento em baixa frequência tem sido tema de diversas pesquisas (ALONSO, 2011; BRAGA, 2012 e HUI, 2010), por ser possível evitar a utilização de capacitores eletrolíticos na confecção dos circuitos. Este trabalho aborda a utilização de drivers para LEDs baseados em quatro conversores (boost, boost quadrático, Ćuk e Sepic) operando em baixa frequência. Um dos quatro drivers para LEDs propostos neste trabalho emprega um pré-regulador boost convencional, que tem seu interruptor acionado em baixa frequência através de pulso único a cada meio ciclo da forma de onda de tensão de entrada, conforme estratégias descritas em (BRAGA, 2012; CHENG, 2008; POMÍLIO, 1999 e SUGA, 1993). Esses drivers de baixo custo e elevado fator de potência serão comparados com um circuito retificador em ponte alimentando um arranjo de LEDs associados em série, visando à aplicação em casos típicos de iluminação pública. Serão feitas simulações para Introdução Desde o desenvolvimento do primeiro diodo emissor de luz (ou LED, do inglês Light Emitting Diode) de cor branca, estes dispositivos vêm ganhando espaço nas aplicações de iluminação em geral. Suas características de elevada eficácia luminosa, podendo chegar a 150 lm/W e em franco crescimento (DUPUIS, 2008), elevado índice de reprodução de cor (IRC), alta resistência mecânica e longa vida útil fazem com que os LEDs sejam apontados como a fonte de luz do futuro. Aplicações em iluminação de interiores e de ambientes externos (principalmente iluminação pública) vêm começando a se tornar populares em todo o mundo. A alimentação dos LEDs é feita através de um circuito eletrônico de acionamento (ou driver). Este dispositivo é responsável por ajustar os valores de tensão e corrente da rede elétrica alternada, para os níveis contínuos dos arranjos de LEDs (conjunto de LEDs associados). O driver também é responsável por manter a corrente no LED no nível adequado, a fim de evitar variações no fluxo luminoso emitido e redução da vida útil do LED. Apesar de algumas topologias sofisticadas serem frequentemente propostas como drivers para LEDs, é sempre interessante buscar soluções simples, que permitam a redução dos custos e possuam longevidade compatível com a dos LEDs. Além disso, reguladores de fator de potência convencionais normal3090 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 avaliar as características de fator de potência, THDi, potência total de entrada, corrente imposta sobre os LEDs e a conformidade de cada um desses drivers com a norma vigente que regula a emissão de correntes harmônicas na rede elétrica (IEC, 2005 e POMÍLIO, 2000). Por fim, será realizada uma análise do comportamento desses drivers quando submetidos a variações na tensão de entrada de até ±10%, e uma breve discussão sobre as possíveis variáveis de controle desses circuitos. 2.1 Modelagem Matemática do Pré-Regulador Boost Assumindo que o pico da tensão da entrada é Vp, é possível encontrar analiticamente a expressão da corrente de entrada is considerando duas etapas de operação do conversor em cada semiciclo da tensão de entrada. A primeira etapa corresponde ao intervalo de tempo em que o interruptor M esta fechado (0 a Ton) e a segunda etapa corresponde ao intervalo de tempo em que o interreptor M esta aberto e a corrente de entrada cai a zero (Ton a Tf). No intervalo de tempo entre 0 e Ton, a corrente de entrada é dada por (1). 2 Pré-Regulador Boost de Baixa Frequência Aplicado a Driver de LEDs is1 (t ) Conversores chaveados utilizados como drivers para LEDs geralmente operam em alta frequência, o que faz com que seu peso e volume sejam reduzidos. Entretanto, este tipo de operação ocasiona o surgimento de interferência eletromagnética e pode exigir um circuito para correção do fator de potência integrado a esses conversores, o que aumenta a complexidade e custo do sistema. Por outro lado, conversores CA-CC de elevado fator de potência, operando em baixas frequências, são mais simples e podem possuir um menor custo de implementação. Isso ocorre devido ao número reduzido de componentes do sistema, que além de diminuir os custos, tornam o circuito mais robusto e menos susceptível a falhas, aumentando assim sua confiabilidade e vida útil. O conversor CA-CC tipo boost operando em baixa frequência tem a capacidade de proporcionar um fator de potência naturalmente elevado com conteúdo harmônico reduzido (SUGA, 1993). A Figura 1 ilustra a aplicação desse conversor operando em baixa frequência como um circuito de acionamento de LEDs. Nessa figura, a tensão da fonte de alimentação é representada por Vs, o indutor por L e o dispositivo de chaveamento por M (e.g. Mosfet). O arranjo de LEDs é modelado como uma resistência Rs em série com uma queda de tensão V0, como visto em (ALMEIDA, 2012). Todos os demais componentes são considerados ideais. A técnica de chaveamento do interruptor M consiste em um pulso unitário de duração Ton no início de cada semiciclo da tensão de entrada, o que corresponde a uma frequência de chaveamento de 120 Hz (assumindo que a frequência de Vs é de 60 Hz). Vp L 1 cos(t ) (1) Entre o intervalo de tempo Ton e Tf a corrente de entrada é dada por (2). is 2 (t Ton ) a e (t Ton ) b (2) Onde: a V0 Rs Vp Rs 2 L LZ 2 Vp b V0 Rs Vp Rs Z 2 [cos( Ton ) sen( Ton )] (3) [ cos( t ) sin( t )] (4) com τ = L/Rs e Z2 = (ωL)2 +Rs 2 . É interessante notar que no segundo estágio a corrente de entrada é exatamente a mesma que flui sobre o arranjo de LEDs. De forma a determinar os valores dos componentes, as seguintes questões devem ser levadas em consideração: i. O tempo Ton que o interruptor M fica fechado deve ser maior que um valor mínimo para evitar uma descontinuidade adicional na corrente de entrada (entre Ton e Tf) e um indesejado aumento do conteúdo harmônico que ocasiona redução do fator de potência; ii. O valor médio da corrente de saída e o valor de pico da corrente sobre o arranjo de LEDs devem ser menores que os valores máximos especificados pelo fabricante do LED; O valor de Ton é determinado a partir do valor de τ e da corrente média de saída Io desejada. A corrente sobre o arranjo de LEDs é expressa pela equação (5). I o Vp in (t Ton )dt on Rs Tf T (5) Onde in (t - Ton) é o valor normalizado da corrente que flui através do arranjo de LEDs. A partir da análise do conversor é possível concluir que os principais parâmetros a serem escolhidos são L e Ton. Figura1. Conversor CA-CC do tipo boost como driver para LEDs. 3091 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 2.2. Aplicação do Conversor Boost como Driver de uma Luminária LED de Baixa Potência Esta luminária foi avaliada dos pontos de vista elétrico e fotométrico. Os parâmetros elétricos foram obtidos com auxílio do osciloscópio TEKTRONIX DPO-3014 e do wattímetro YOKOGAWA WT-230. Os parâmetros fotométricos foram obtidos com auxílio da esfera integradora de Ulbrich LABSPHERE LMS-400. A Figura 2 mostra as formas de onda da tensão e corrente de entrada vistas na entrada da fonte retificadora AC da Figura 1 (secundário do transformador). Um elevado fator de potência de 0,98 foi alcançado. A Figura 3 mostra as formas de onda de tensão e corrente nos terminais do arranjo de LEDs para um pulso de chaveamento Ton igual a 2ms. Como pode ser observado, a corrente média nos LEDs é aproximadamente 350 mA, enquanto o valor de pico é de 800 mA. Ambos os valores estão em conformidades com os parâmetros do LED escolhido, apresentados na Tabela 1. Além disso, essas grandezas se aproximam dos valores teóricos adotados no projeto. A potência total do arranjo de LEDs foi de 10,7 W, sendo próxima do valor desejado. A eficiência global do conversor é de 59% se incluídas as perdas no transformador abaixador. Se essas perdas fossem desconsideradas, a eficiência global do conversor seria maior que 80%. Melhores resultados podem ser alcançados se técnicas mais apropriadas de implementação do circuito forem adotadas (principalmente na confecção do indutor). A fim de avaliar na prática o conversor CA-CC do tipo boost descrito anteriormente, uma luminária LED de baixa potência é proposta. Essa luminária possui um arranjo de LEDs associados em série, totalizando uma potência de 11 W. Visto que a tensão nos terminais do arranjo de LEDs atinge valores muito baixos, menores do que 40 V (assumindo LEDs de 1 W ou 3 W que apresentam tensão direta menores que 4 V entre seus terminais), faz-se necessário a utilização de um transformador abaixador de forma a reduzir a tensão de entrada (127 V) a um valor compatível com a queda de tensão do arranjo de LEDs. O protótipo possui nove LEDs associados, operando com 1,2 W cada, tensão direta de aproximadamente 3,5 V e corrente média de aproximadamente 350 mA. Assim, para a implementação da luminária foram escolhidos os LEDs Everlight EPH-AX08EL/ LM01H-P03/3035/Y/N1, dos quais os principais parâmetros são mostrados na Tabela 1. Os principais parâmetros utilizados na implementação do protótipo proposto e os principais componentes utilizados na construção da luminária são encontrados respectivamente nas Tabelas 2 e 3. Tabela 1. Parâmetros do LED Everlight EHP-AX08EL. Parâmetro Valor Máxima Potência de Operação Tensão de Limiar, Vo Resistência Equivalente, R Temperatura de Cor Ângulo de visão típico Eficiência óptica Fluxo luminoso Max. Corrente de Operação DC Max Corrente de Pico Índice de Reprodução de Cor 3W 2,7 V 1,8 Ω 3250 K 140° 55 lm/W 75 lm @ 300 mA 700 mA 1000 mA 75 Tabela 2. Parâmetros da Luminária LED Parâmetro Valor Potência de Saída Tensão de Pico AC, Vp Corrente media no arranjo de LEDs, I0 Tempo ativo da chave, Ton Valor da indutância 11 W 36 V Figura 2. Tensão no secundário do transformador (azul) e corrente na ponte retificadora (vermelho). 350 mA 2 ms 32 mH Tabela 3. Componentes do Protótipo da Luminária LED. Parâmetro Valor Chave Diodos Transformador abaixador IRF 740 MUR160 Indutor Pulso do Gate Dissipador de calor 127V – 15+15V, 60 Hz Ferro Laminado, núcleo EE, 3 cm de largura, 0,9 cm de espessura, 2,5 cm de altura, 27 AWG/208 voltas, 20 lâminas, 35 mH3 Analógico usando 555 Alumínio, 30 cm Figura 3. Tensão (azul) e corrente (vermelho) no arranjo de LEDs. 3092 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Tabela 4. Comparação dos Parâmetros Fotométricos. Boost Fonte CC Parâmetro De forma a avaliar o impacto fotométrico provocado pelo uso de uma forma de onda de corrente descontínua em baixa frequência na alimentação do arranjo de LEDs, foram efetuadas medições no interior de uma esfera integradora comparando os resultados fotométricos obtidos pelo conversor boost com os resultados obtidos por uma fonte de corrente CC ideal, alimentando o arranjo de LEDs com a mesma corrente média fornecida pelo conversor. Os principais resultados obtidos são mostrados na Tabela 4. Os testes fotométricos mostram que ocorreu uma redução no fluxo luminoso dos LEDs em torno de 10,5% quando alimentados pela corrente pulsada do conversor. Em relação à cromaticidade, ocorreram desvios poucos relevantes que não provocaram mudanças significativas na temperatura correlata de cor (TCC) dos LEDs. Além disso, não houve mudanças no IRC dos LEDs. A redução no fluxo luminoso pode ser considerada como um preço a se pagar pelo uso de um driver simples e de baixo custo. A Figura 4 mostra a curva de distribuição espectral do arranjo de LEDs obtida para cada uma das situações descritas, onde é possível notar uma redução da densidade de potência dos LEDs quando alimentados pela corrente pulsada do conversor CA-CC boost. Fluxo luminoso (lumens) TCC (Kelvin) IRC (%) Cromaticidade x Cromaticidade y Densidade espectral de potência (mW/nm) x 10 311 3010 75,2 0,439 0,409 278 3007 75,2 0,438 0,407 -3 6 Conversor CA-CC Fonte CC 5 4 3 2 1 0 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 Comprimento de onda (nm) Figura 4. Espectros do arranjo de LEDs para duas situações diferentes de acionamento. Todas as simulações foram efetuadas adotando uma tensão de entrada de 220 Vrms (valor típico do sistema de iluminação pública no Brasil). Além disso, procurou-se manter a corrente média nos LEDs em aproximadamente 450 mA, evitando correntes de pico superiores a 1 A. Objetivou-se obter para cada um dos casos avaliados: elevado fator de potência, reduzida taxa de distorção harmônica da corrente de entrada, conformidade com a norma IEC 61.000-2-3 Classe C (que limita a emissão de correntes harmônicas dos componentes de iluminação pública) e potência total de saída superior a 50 W, de forma a justificar a aplicação desses conversores em luminárias LED destinadas a iluminação pública. Os parâmetros escolhidos para o LED nas simulações são os mesmos descritos na Tabela 1. 3 Topologias Alternativas Aplicadas a Drivers de Luminárias LED de Iluminação Pública Como mostrado na seção anterior, o uso do transformador abaixador na composição do circuito de acionamento dos LEDs para adequar a tensão de entrada da rede elétrica à baixa tensão do arranjo de LEDs da luminária de baixa potência provocou uma redução significativa na eficiência do circuito. Logo, presume-se que aplicações que dispensem este componente podem resultar na elevação do rendimento global do circuito. Em tais aplicações, portanto, supõe-se que a tensão de saída será significativamente mais alta (tensão terminal no arranjo de LEDs) de modo que o transformador se torne desnecessário. Nesse contexto, optou-se por utilizar o préregulador boost para alimentar um arranjo de LEDs destinados à iluminação de áreas públicas (e.g. ruas, praças, pontes, estacionamentos, etc.). Como os níveis de potência nesses locais são maiores, necessitase utilizar uma maior quantidade de LEDs. Assim, admitindo-se um arranjo maior de LEDs em série, a tensão requerida na saída do conversor é próxima do valor da tensão da rede elétrica, o que permite dispensar o transformador na entrada do circuito. Nesta seção, também são apresentadas outras soluções para iluminação pública utilizando os conversores boost quadrático, Ćuk e Sepic operando em baixa frequência para acionar um arranjo de LEDs. Os resultados obtidos através de simulação no software PSIM para esses conversores são comparados aos resultados obtidos a partir de uma ponte retificadora de diodos utilizada para efetuar o acionamento de um arranjo de LEDs. 3.1 Driver Baseado no Conversor Boost A Figura 5 (a e b) mostra os resultados da simulação obtidos para o pré-regulador boost da Figura 1 utilizado como driver de luminárias LEDs de iluminação pública. O indutor utilizado têm indutância de 255 mH e o pulso de chaveamento Ton é de 1,81 ms. Um fator de potência de 0,987 foi alcançado com uma THDi de 14%. Neste caso, 68 LEDs foram associados em série, obtendo uma potência total de 132 W, valor típico de luminárias LEDs de ambientes externos. Além disso, é possível observar na Figura 6 que para esse driver, que utiliza como base um préregulador do tipo boost, a partir dos parâmetros escolhidos anteriormente, consegue-se respeitar os limites de correntes harmônicas emitidas na rede elétrica como previsto na norma IEC 61.000-2-3 Classe C (IEC, 2005). 3093 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 (a) (a) (b) (b) Figura 5. Conversor boost (a) Tensão de entrada (vermelho), 180x corrente de entrada (azul) e pulso no gate do interruptor M (verde); (b) Corrente nos LEDs. Figura 8. Conversor boost quadrático (a) Tensão de entrada (vermelho), 180x corrente de entrada (azul) e pulso no gate do interruptor M (verde); (b) Corrente nos LEDs. Figura 6. Avaliação do conteúdo harmônico da corrente de entrada segundo a norma IEC 61000-3-2 Classe C para o driver de LED empregando conversor boost. Figura 9. Avaliação do conteúdo harmônico da corrente de entrada segundo a norma IEC 61000-3-2 Classe C para o driver de LED empregando conversor boost quadrático. 3.2 Driver Baseado no Conversor Boost Quadrático 3.3 Driver Baseado no Conversor Ćuk O esquemático do circuito empregando o conversor boost quadrático em baixa frequência para acionamento de LEDs é mostrado na Figura 7. A Figura 8 (a e b) mostra os resultados de simulação obtidos. Nesse caso, 72 LEDs foram combinados em série, obtendo uma potência total de 150 W. As indutâncias L1 e L2 são de 320 mH, o capacitor de 1 µF e o pulso de chaveamento Ton foi de 2,1 ms. Um fator de potência de 0,992 e THDi de 12,7% foram alcançados. Assim como ocorre no conversor boost, a corrente na saída apresenta natureza descontínua, o que pode causar flicker (cintilação luminosa) e reduzir o fluxo luminoso do arranjo de LEDs. A Figura 9 mostra que essa configuração também esta conforme a norma IEC 61.000-3-2 Classe C. O driver baseado no conversor Ćuk, mostrado na Figura 10, pode ser projetado de forma a impor uma corrente contínua sobre o arranjo de LEDs. A Figura 11(a e b) mostra os resultados de simulação baseados nesse conversor. Nesse caso, foi utilizada uma indutância de entrada L1 de 1240 mH e uma indutância de saída L2 de 900 mH. O capacitor empregado foi de 27 F, sendo relativamente simples de encontrá-lo em uma versão não eletrolítica (capacitores de filme). O pulso de chaveamento Ton no interruptor M foi de 2,96 ms. Para esse driver foi obtido um fator de potência de 0,986 e uma THDi de 13,8%. Para essa condição, 36 LEDs foram associados em série, alcançando uma potência total de 56W, tendo aplicação na iluminação de áreas públicas de menor porte (pequenas praças, jardins e calçadas). Outro ponto que pode ser observado se refere ao alto ripple (ondulação) presente na corrente de saída (Figura 11.b.). Apesar de ser de natureza unidirecional, esta corrente apresenta um valor de ripple (pico a pico) de cerca de 200 % em relação à corrente média. No entanto, (ALMEIDA, 2011) mostra que a diminuição do fluxo luminoso nesta condição não é superior a 5 %, com desvio de cor insignificante. Por fim a Figura 12 mostra que a configuração descrita respeita os limites de correntes harmônicas. Figura 7. Driver baseado no conversor boost quadrático. 3094 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Figura 10. Driver baseado no conversor Ćuk. Figura 13. Driver baseado no conversor Sepic. (a) (a) (b) (b) Figura 11. Conversor Ćuk (a) Tensão de entrada (vermelho), 250x corrente de entrada (azul) e pulso no gate do interruptor M (verde); (b) Corrente nos LEDs. Figura 14. Conversor Sepic (a) Tensão de entrada (vermelho), 250x corrente de entrada (azul) e pulso no gate do interruptor M (verde); (b) Corrente nos LEDs. Figura 12. Avaliação do conteúdo harmônico da corrente de entrada segundo a norma IEC 61000-3-2 Classe C para o driver de LED empregando conversor Ćuk. Figura 15. Avaliação do conteúdo harmônico da corrente de entrada segundo a norma IEC 61000-3-2 Classe C para o driver de LED empregando conversor Sepic. 3.4 Driver Baseado no Conversor Sepic 3.5 Acionamento de LEDs via Ponte Retificadora O driver de baixa frequência para LEDs baseado no conversor Sepic é mostrado na Figura 13. Os resultados de simulação utilizando esse conversor são mostrados na Figura 14 (a e b). As indutâncias L1 e L2 valem 1.450 mH, enquanto o capacitor C vale 27 F. O pulso de chaveamento Ton do interruptor M foi ajustado 3,1 ms. Um fator de potência de 0,985 foi alcançado com uma THDi de 13,3%. Nesse caso, 32 LEDs foram associados em série, alcançando uma potência total de 50 W. A corrente descontínua sobre os LEDs e o tamanho dos indutores para alcançar potências mais elevadas são as desvantagens do conversor Sepic. Por outro lado, essa topologia também é capaz de atender a norma IEC 61000-3-2, como visto na Figura 15. Mesmo a ponte retificadora mostrada na Figura 16 pode ser utilizada para efetuar o acionamento de um determinado arranjo de LEDs. Os resultados de simulação presentes na Figura 17 (a e b) mostram que para um arranjo de 64 LEDs em série, totalizando uma potência de 139W, foi possível obter um fator de potência de 0,922 e uma THDi de 41,7%. Porém, nota-se que o valor da corrente de pico sobre os LEDs é maior do que a máxima suportada pelo LED da Tabela 1. Entretanto, os LEDs de potência mais modernos podem suportar correntes maiores que 2A. A principal desvantagem desta topologia é a impossibilidade de controlar a corrente de saída sobre os LEDs e a não conformidade com a norma IEC 61.000-3-2 (Figura 18) para a situação descrita. 3095 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Os demais conversores AC-DC, baseados nas topologias boost, boost quadrático, Ćuk e Sepic conseguiram além de um elevado fator de potência, uma reduzida taxa de distorção harmônica da corrente de entrada, conformidade com a norma IEC 61.000-3-2, potências compatíveis com luminárias de iluminação pública e parâmetros de funcionamento dos LEDs (tensão e corrente) compatíveis com os fornecidos pelo fabricante. O maior nível de potência foi obtido pelo driver empregando o conversor boost quadrático em baixa frequência, 150W. As indutâncias de entrada e saída dos conversores Ćuk e Sepic podem parecer muito altas. No entanto, estes valores não são incomuns em circuitos de acionamentos de baixa frequência. Por exemplo, em (HUI, 2010) é proposto um filtro na saída com uma indutância maior que 2 H. Outro ponto que deve ser observado é que a natureza descontínua da corrente de saída na maior parte dos casos simulados pode causar cintilação luminosa (BENDER, 2013). Assim, um estudo para avaliar os efeitos causados por esse fenômeno e quais os ambientes externos que essas luminárias podem ser aplicadas deve ser feito. Por fim destaca-se o fato de nenhum circuito precisar utilizar capacitores eletrolíticos, garantindo assim uma maior confiabilidade e vida útil aos drivers propostos. Figura 16. Ponte retificadora alimentando um arranjo de LEDs (a) (b) Figura 17. Ponte Retificadora (a) Tensão de entrada (vermelho), 150x corrente de entrada (azul) e pulso no gate do interruptor M (verde); (b) Corrente nos LEDs. 4 Comportamento dos Drivers em Baixa Frequência sob Variações na Tensão de Entrada Nesta seção, é realizado um estudo sobre os impactos provenientes das possíveis variações que podem ocorrer na rede elétrica em que os drivers em baixa frequência estão ligados. Para simular esses casos, as simulações anteriores foram refeitas mantendo-se todos os parâmetros iniciais, efetuando-se uma variação de ±10% de tensão de entrada. Os resultados obtidos através dessas simulações são mostrados na Tabela 6. Figura 18. Avaliação do conteúdo harmônico da corrente de entrada segundo a norma IEC 61000-3-2 Classe C para o acionamento de um arranjo de LEDs através de um retificador em ponte. Tabela 5. Resultados obtidos por simulação para cada driver avaliado. 3.6 Análise dos resultados obtidos por simulação A Tabela 5 resume todos os resultados obtidos por simulação dos conversores AC-DC propostos como drivers de luminárias LED de iluminação pública. É possível observar em todos os casos, que a escolha correta dos componentes, e para a devida quantidade de LEDs, é possível obter um elevado fator de potência (maior que 0,92). A solução mais simples, usando apenas uma ponte retificadora, se mostrou também a mais problemática para o LED em questão (Everlight EHPAX08EL), não sendo possível obter resultados que combinassem elevado fator de potência, conformidade com a norma IEC 61.000-3-2 e corrente de pico compatível com a suportada pelo LED. 3096 Parâmetro Ponte retificadora Boost Boost quadrático L1 - 255 mH L2 - - C - N° de LEDs Ćuk Sepic 320 mH 1,24 H 1,45 H 320 mH 900 mH 1,45 H - 1 µF 27 µF 27 µF 64 68 72 36 32 Ton - 1.81 ms 2.11 ms 2.96 ms 3.10 ms Is rms 684 mA 608 mA 689 mA 258 mA 231 mA Io médio 492 mA 488 mA 507 mA 446 mA 393 mA Io pico 1200 mA 852 mA 927 mA 845 mA 966 mA Vout médio 206 V 221 V 235 V 118 V 109 V Pout 139 W 132 W 150 W 56 W 50 PF 0.923 0.987 0.992 0.986 0.985 THDi 41.7% 14.0% 12.7% 13.8% 13.3% Norma IEC não sim Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Tabela 6. Resultados da análise na variação da tensão de entrada. Boost Ponte Retificadora Boost Quadrático Ćuk Sepic 220 V 242 V 198 V FP 0,987 0,983 0,986 THDi (%) 14 12,6 16,59 P (W) 132 178 91,71 Iout médio (mA) 488 615 365 Iout pico (mA) 850 1050 650 FP 0,922 0,939 0,899 THDi (%) 41,7 36,78 48,5 P (W) 139 195 91 Iout médio (mA) 491,5 636,8 352,7 Iout pico (mA) 1200 1500 930,6 FP 0,992 0,992 0,985 THDi (%) 12,7 10,95 16,15 P (W) 150 199 108 Iout médio (mA) 507 629 391 Iout pico (mA) 930 1070 790 FP 0,986 0,983 0,985 THDi (%) 13,8 11 17,2 P (W) 56 72 42,55 Iout médio (mA) 446,5 548 353 Iout pico (mA) 840 967 729 FP 0,985 0,982 0,985 THDi (%) 13,3 10,64 17,1 P (W) 50 63,75 38 Iout médio (mA) 393 474 314,4 Iout pico (mA) 971 1100 842,1 Devido a não necessidade de um transformador abaixador quando aplicados em potências mais elevadas e ao reduzido número de componentes no circuito, é esperado que esses conversores quando acionados em baixa frequência obtenham uma elevada eficiência e baixo custo de implementação quando utilizados como drivers para LEDs. Entretanto, essa conclusão precisa ser avaliada experimentalmente e pode não coincidir em todas as topologias propostas. As implementações experimentais, um melhor domínio do comportamento teórico e orientações de projeto desses conversores destinados à iluminação pública serão temas de trabalhos futuros. Referências Bibliográficas ALMEIDA, P. S.; NOGUEIRA, F. J.; BRAGA, H.A.C.(2011). “An experimental study on the photometrical impacts of several current waveforms on power white LEDs”. COBEP 2011, Natal-RN. ALMEIDA, P. S. (2012). “Conversor Integrado Sepic Buck-Boost Aplicado ao Acionamento de Leds de Potência Em Iluminação Pública”. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora-MG. ALONSO, J. M.; GACIO, D.; CALLEJA, A. J.; LOPEZ, E. (2011). “A study on LED retrofit solutions for lowvoltage halogen cycle lamps”. Industry Applications. IEEE Transactions, vol. 1, no. 1, pp. 1 – 8. BENDER, V. 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Um conversor do tipo boost foi implementado em um protótipo de luminária LED de baixa potência e seus resultados experimentais mostraram que a aplicação desse conversor em potências mais elevadas seria o mais indicado. Essa e outras topologias foram adaptadas de forma a serem aplicadas em luminárias LED de iluminação pública. Os resultados das simulações mostraram que as topologias baseadas nos conversores boost, boost quadrático, Ćuk e Sepic possuem elevado fator de potência e conformidade à norma IEC 61.000-3-2. 3097