UFAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS U.A.CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA CECA IGOR TENÓRIO MARINHO DA ROCHA CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO COENTRO (Coriandrum sativum L.) EM FUNÇÃO DE DIFERENTES COMPOSTOS ORGÂNICOS Rio Largo Alagoas – Brasil 2010 IGOR TENÓRIO MARINHO DA ROCHA CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO COENTRO (Coriandrum sativum L.) EM FUNÇÃO DE DIFERENTES COMPOSTOS ORGÂNICOS Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Coordenação do Curso de Agronomia da U. A. Centro de Ciências Agrárias – UACECA, da Universidade Federal de Alagoas – UFAL como Requisito para Obtenção do Título de Engenheiro Agrônomo. Orientador: José Paulo Vieira da Costa Rio Largo Alagoas – Brasil 2010 DEDICATÓRIA Aos meus pais, Fernando Tenório e Tânia Merces, os quais me ensinaram os valores de vida, ética e perseverança. Aos meus irmãos Welker, Fernanda, Marina e Witaynanda e a toda a minha família. AGRADECIMENTOS A Deus, por minha vida. Ao meu Orientador, professor José Paulo Vieira da Costa, o qual me propiciou incomparável formação acadêmica, pela sua dedicação, compreensão e exemplo profissional. Aos professores Iraildes Perreira Assunção e Gaus de Andrade Lima pela vivência propiciada no laboratório de Fitopatologia e a todos os professores que participaram da minha formação. Ao Grupo Agroecológico Craibeiras e a todos os seus membros, José Pedro, Kelly, Rosângela, Nicholas (Nick), Wellington (Feio), Thales, Romel, Gilcilene, Tássio, Jorgge Nichollas, Whitara (Wil), Wendilane (Wendy), Camila, que me forneceram conhecimento e amizade inestimáveis além de momentos de alegria que sempre irei recordar. Aos amigos pelo apoio e atenção e a todos os que conviveram comigo na mesma classe, laboratório ou no CECA durante a minha formação acadêmica Yrlan, Otoniel, Tiago Gomes, Celso, David, Leo, Markis, Vitor Fleming, Jhonatan, Leonardo, Guilherme, Thales Dmitri, Danilo, Israel, Érika, Rodrigo, João Ribeiro, Luciana Omena, Edilaine, Leonardo (Leozinho Magayver), Djison, Marília, Manoel e Felipe. Ao Centro de Ciências Agrárias – CECA da Universidade Federal de Alagoas – UFAL por possibilitar a minha formação profissional. Ao Conselho Nacional de desenvolvimento Científico Tecnológico (CNPq) pela iniciação científica que resultou neste trabalho. A todos que participaram direta ou indiretamente da minha formação acadêmica e realização deste trabalho, os meus agradecimentos. Apesar de sua pequena proporção em relação à massa total de solos minerais tropicais, a Matéria Orgânica do Solo desempenha grande influência sobre várias propriedades físicas, químicas e biológicas do solo e exerce várias funções nos vi ecossistemas terrestres. Ivo Ribeiro & Eduardo Mendonça. Matéria Orgânica do Solo. LISTA DE TABELAS -3 TABELA 1. Componentes de Matéria Orgânica, N, P2O5 e K2O, em kg m de vinhaça...................................................................................................................... TABELA 2. Teores de nutrientes dos materiais fertilizantes................................... TABELA 3. Atributos químicos e físicos do solo antes do experimento................ TABELA 4. Resumo da análise de variância para altura de plantas aos 20 e 40 dias após a semeadura – 1o cultivo...................................................................................... TABELA 5. Altura das plantas aos 20 dias após a semeadura – 1o cultivo................ Páginas 15 18 18 19 20 TABELA 6. Altura das plantas aos 40 dias após a semeadura – 1o cultivo................ TABELA 7. Resumo da análise de variância para a massa de matéria verde de 10 plantas aos 40 dias após a semeadura - 1o cultivo....................................................... TABELA 8. Massa de matéria verde de 10 plantas aos 40 dias após a semeadura – 1o cultivo...................................................................................................................... TABELA 9. Resumo da análise de variância para massa de matéria seca de 10 plantas aos 40 dias após a semeadura – 1º cultivo....................................................... TABELA 10. Massa de matéria seca da parte aérea de 10 plantas aos 40 dias após a semeadura em função dos diversos materiais fertilizantes – 1º cultivo................. TABELA 11. Resumo da análise de variância para altura de plantas aos 20 e 30 dias após a semeadura – 2o cultivo............................................................................... TABELA 12. Altura das plantas aos 20 dias após a semeadura – 2o cultivo.............. TABELA 13. Altura das plantas aos 30 dias após a semeadura – 2o cultivo.............. TABELA 14. Resumo da análise de variância para a massa de matéria verde de 10 plantas aos 40 dias após a semeadura – 2o cultivo....................................................... TABELA 15. Massa de matéria verde de 10 plantas aos 30 dias após a semeadura – 2o cultivo.................................................................................................................... TABELA 16. Resumo da análise de variância para os teores de nutrientes na planta........................................................................................................................ TABELA 17. Teores de nutrientes na planta em função dos diversos materiais fertilizantes............................................................................................................... TABELA 18. Resumo da análise de variância para as variáveis do solo após o experimento.............................................................................................................. TABELA 19. Variáveis do solo após o experimento em função dos diversos materiais fertilizantes............................................................................................... 21 21 22 22 23 24 25 25 26 26 27 28 28 29 SUMÁRIO Páginas LISTA DE TABELAS........................................................................................... vi RESUMO ............................................................................................................... viii 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 09 2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 11 2.1. Geral............................................................................................................ 11 2.2. Específicos................................................................................................... 11 3 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 12 3.1. O coentro (Coriandrum sativum L.)......................................................... 12 3.2. Agricultura Orgânica................................................................................ 13 3.3. Adubação com Compostos Orgânicos..................................................... 14 3.4. Vinhaça...................................................................................................... 16 4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 18 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 20 5.1. Primeiro cultivo. Outubro a Novembro de 2008.................................... 20 5.1.1. Altura, massa de matéria verde e seca da planta............................ 20 5.2. Segundo cultivo. Março a Abril 2009..................................................... 24 5.2.1. Altura e massa de matéria verde da parte aérea da planta........... 24 5.3. Teores de nutrientes na planta e atributos químicos do solo influenciados pela adição dos tratamentos........................................................... 27 6 CONCLUSÕES................................................................................................... 31 7 REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 32 viii RESUMO ROCHA, Igor Tenório Marinho da. Comportamento do Coentro (Coriandrum sativum L.) em Função de Diferentes Compostos Orgânicos. Rio Largo: UACECA/UFAL,2010 (34 p.) (Trabalho de Conclusão de Curso). O crescimento expressivo da agricultura orgânica nos mercados internacional e nacional tem despertado nos produtores a busca de tecnologias orgânicas eficientes. Sendo que, dentre as culturas exploradas agronomicamente, há uma forte tendência para a produção orgânica das hortaliças. Neste trabalho, objetivou-se identificar materiais fertilizantes que se adéquem ao cultivo orgânico e que proporcionem ótimo desempenho agronômico para a cultura do coentro. O trabalho foi conduzido na UACECA no período de Agosto de 2008 a Agosto de 2009 sendo realizados dois cultivos (Outubro a Novembro de 2008 e Março a Abril de 2009). Foram utilizados 9 tratamentos, sendo 6 correspondentes a compostos orgânicos à base de torta de filtro, bagaço de cana, esterco bovino e fosfato de gafsa (mistura básica – MB), submetidos a doses crescentes de vinhaça (0; 25%; 50%; 75% e 100% e um com adição de Sulfato de Potássio) e três testemunhas sendo uma testemunha absoluta, sem adição de material fertilizante, uma com adição de esterco bovino e uma com adubação mineral, em delineamento em blocos casualizados com 4 repetições, na cultura do coentro variedade “Verdão”. O cultivo foi realizado em vasos com 5 kg de solo. A adição dos materiais fertilizantes correspondeu a 3% da base seca do solo (150 g) para os composto orgânicos e o tratamento químico foi realizado de acordo com a análise de solo. A execução envolveu ações integradas entre a Unidade de Execução de Pesquisa de Rio Largo (Unidade da Embrapa Tabuleiros Costeiros situada em Alagoas), o Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas e a Cooperativa Pindorama. Os compostos orgânicos, majoritariamente, apresentaram os melhores resultados para as características agronômicas estudadas, sendo a testemunha esterco, MBcana + solução com vinhaça a 75%, MBcana + solução com vinhaça a 50% as que apresentaram os melhores resultados para altura das plantas no 1º cultivo (25,00; 24,95; 23,88 cm, respectivamente) e testemunha fertilizante, MBcana + água + sultafo de potássio e MBcana + solução com vinhaça a 50% (23,98; 21,50 e 20,95 cm, respectivamente) para o 2º cultivo. Para a variável massa verde, no 1º cultivo, os tratamentos MBcana + água, MBcana + solução com vinhaça a 75% e MBcana + solução com vinhaça a 50% apresentaram os maiores resultados (34,73; 32,53 e 29,75 g, respectivamente) e testemunha esterco, MBcana + solução com vinhaça a 100 % e MBcana + solução com vinhaça a 75% (16,49; 12,23 e 12,18 g, respectivamente) no 2º cultivo. Os compostos orgânicos também promoveram melhorias nos atributos químicos do solo como aumento da saturação por bases, diminuição da saturação por alumínio, maior teor de Ca2+ + Mg2+, elevação do pH, maiores teores de fósforo e menores de Al3+. Os compostos orgânicos também proporcionaram maiores teores de fósforo e potássio nas plantas. Fatos que os tornam alternativas viáveis para a fertilização do solo para o cultivo do coentro na microrregião de Rio Largo. Palavras-chave: Agricultura orgânica, Agricultura Familiar, Adubação Orgânica. 1 INTRODUÇÃO O coentro (Coriandrum sativum L.) é uma olerícola, consumido em diversas regiões do Brasil, especialmente no Norte e no Nordeste. Seu cultivo visa não somente a obtenção de massa verde utilizada na composição de diversos pratos, como o uso para tempero. As sementes são bastante utilizadas na indústria como condimento para carne defumada e na fabricação de pães, doces, picles e licores finos. Em Alagoas, é cultivado em quase todas as microrregiões por pequenos produtores sem nenhuma orientação, o que tem ocasionado queda no rendimento e produção desta cultura (Oliveira, 2002). A disponibilidade de resíduos agrícolas e industriais no Estado de Alagoas reforça a necessidade da busca por alternativas para a sua reutilização dentro de um contexto ambientalmente saudável. Provenientes da agroindústria sucroalcooleira, dos 27.176.200 toneladas de cana estão sendo processadas no ano agrícola 2010/2011, correspondendo a 5,74% do total da produção brasileira, sendo a área plantada de 464,6 mil hectares, estima-se a produção de cerca de 2.389.400 t de açúcar e 681.687.500 litros de álcool (CONAB, 2010) e como subprodutos temos cerca de 886.193.750 litros de vinhaça e 951.167 t de torta de filtro (Embrapa, 2010), os quais embora já sejam em parte reutilizados no próprio processo agroindustrial, ainda comporta estudos que viabilizem sua reutilização dentro da perspectiva agroecológica de produção de hortaliças e frutas. Ademais, há ainda que se considerar que a maior parte das hortaliças consumidas em Alagoas provém de Estados vizinhos. Vários trabalhos têm mostrado que a aplicação de composto produz múltiplos efeitos sobre o solo e cultivos, através do aumento da permeabilidade do solo, agregação das partículas minerais, fornecimento de macro e micronutrientes, contribuindo para a correção da acidez, incrementando a população de organismos e melhorando a eficiência de uso dos nutrientes (Mazur, 1981; Alves & Passoni, 1997; Souza, 1998; Abreu Jr. et al., 2001). O composto orgânico melhora a qualidade do solo e reduz a contaminação e poluição ambiental; melhora a eficiência dos fertilizantes minerais; economiza espaços físicos em aterros sanitários; recicla os nutrientes e elimina agentes patogênicos dos resíduos domésticos (Oliveira et al., 2005). A formação do composto a partir de camadas com diferentes tipos de resíduos é um modo de fornecer as condições adequadas aos microrganismos para que esses degradem a matéria orgânica e disponibilizem os nutrientes (Aquino et al., 2005). De acordo com Seiter & Horwath (2004), o aumento no uso de compostos e outros tipos de adubos orgânicos na produção agrícola é justificado pela busca da melhoria da qualidade do solo e pela redução de custos. 2 OBJETIVOS 2.1. GERAL: Desenvolver conhecimentos técnico-científicos que permitam a elaboração e uso eficiente de compostos orgânicos, de forma a viabilizar e contribuir para elaboração de sistemas orgânicos de produção para agricultores familiares do Estado de Alagoas, agregando valor aos seus produtos e permitindo a sua inserção no mercado. 2.2. ESPECÍFICOS: 1 – Obter formulações de compostos orgânicos para produção de coentro; 2 – Avaliar o potencial agronômico dos compostos no crescimento e desempenho produtivo do coentro; 3 – Melhorar o potencial produtivo do solo. 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1. O coentro (Coriandrum sativum L.) O coentro (Coriandrum sativum L) é uma apiácea condimentar. É uma cultura de clima quente, intolerante a baixas temperaturas, sendo semeado na primavera-verão, ou ao longo do ano, em localidades com baixas altitudes. Há poucas cultivares plantadas, destacando-se Verdão, Americano Gigante e Português. As duas últimas são resistentes ao pendoamento precoce. A cultura é pouco exigente em relação ao solo e muito tolerante à acidez. A incorporação de esterco de aviário é favorável, se efetuada semanas antes da semeadura. A adubação mineral pode ser realizada em solos de fertilidade mediana ou baixa, empregando-se 100-180 kg ha-1 de P2O5 juntamente com 60-80 kg ha-1 de K2O, no plantio, bem como coberturas com 20-30 kg ha-1 de N, uma ou mais vezes parceladas, conforme o aspecto nutricional das plantas. As colheitas se iniciam aos 50-70 dias após a semeadura, logo que as folhas estiverem bem desenvolvidas. As plantas podem ser colhidas inteiras, ou então efetuam-se cortes nos pecíolos, obtendo-se colheitas parceladas. Atam-se as folhas em molhos, para a comercialização (Filgueira, 2005). A cultivar “Verdão” foi desenvolvida pela HORTIVALE na década de 80 e é resultante de cruzamentos com várias linhagens do Palmeira e seleções durante vários ciclos, visando-se principalmente uma maior resistência às doenças de folhagens. Apresenta folhagem bastante vigorosa, de coloração verde-escura brilhante, média a boa tolerância ao pendoamento precoce, plantas com altura média de 30-40 cm e boa resistência pós-colheita. Seu ciclo, em geral, é de 35 a 40 dias, quando se inicia a fase de pendoamento. A produtividade varia de 12 a 15 t ha-1. É recomendado para o cultivo em todo o Nordeste e Norte do Brasil. Em geral, apresenta alta resistência às principais doenças de folhagens, entre elas a antracnose (Colletotrichum gloesporioides) e a alternária. Recomenda-se o plantio em covinhas com espaçamento de 0,15 m x 0,08 m, com três a quatro sementes/cova ou em fileiras transversais ao canteiro espaçadas de 12 cm aproximadamente. Para o plantio de um hectare são necessários 20 a 25 kg de sementes. Na calagem, considera-se a saturação por bases V= 80%. A adubação orgânica com esterco bovino deve ser na base de 20 t ha-1 em fundação e 20 t ha-1 na cobertura do canteiro, enquanto que a adubação mineral deverá ser de acordo com a análise de solo (IPA, 2002). Existem diversas variedades de coentro, algumas já estabelecidas comercialmente proporcionando boas produtividades. Alguns tipos varietais específicos são utilizados para extração de óleos essenciais de alto valor agregado, largamente empregados nas indústrias de flavorizantes, comésticos, medicamentos e de bebidas (Rangahau, 2001). No entanto, pesquisas que abordem o comportamento agronômico desta cultura ainda são escassas (Oliveira, 2007; Bertini, 2010). 3.2. Agricultura Orgânica A Instrução Normativa 007/99, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em seu item 1.1, considera “sistema orgânico de produção agropecuária e industrial todo aquele em que se adotam tecnologias que otimizem o uso dos recursos naturais e socioeconômicos, respeitando a integridade cultural e tendo por objetivo a auto-sustentação no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energias não-renováveis e a eliminação do emprego de agrotóxicos e outros insumos artificiais tóxicos, organismos geneticamente modificados (OGM)/transgênicos ou radiações ionizantes em qualquer fase do processo de produção, armazenamento e de consumo”. (Ormond, 2002). O ano de 1962 é um momento-chave na história da agricultura mundial, pois foi o ano em que Raquel Carson publicou seu livro Primavera Silenciosa, marco reflexivo com inúmeras denúncias sobre contaminações ambientais e sobre a elevada mortalidade de animais silvestres causada pelo uso de agrotóxicos (Roel, 2002). Anteriormente, um livro publicado em 1940, também despertou impacto para questões de manejo alternativo na agricultura. O livro “Um Testamento Agrícola” de Albert Howard, pesquisador inglês, que em viajem à Índia observou que os métodos de fertilização das plantações por este povo, por meio de compostagem, permitiam uma produção satisfatória das lavouras. A partir deste contexto, a conscientização sobre a degradação do meio ambiente, por meio de sistemas agrícolas extrativistas e a possibilidade de produção agrícola por métodos que diminuíssem o impacto nos ecossistemas tornaram-se elementos de discussão. Pois os recursos naturais como solo, água e petróleo podem ser totalmente degradados e/ou contaminados, além de consumidos. Sendo que estes três elementos mais o CO2, presente na atmosfera, constituem as bases da nutrição das plantas, considerando que o petróleo é a fonte para fabricação industrial dos adubos químicos nitrogenados. Altieri (2001) cita que, “o objetivo é trabalhar com e alimentar sistemas agrícolas complexos onde as interações ecológicas e sinergismos entre os componentes biológicos criem, eles próprios, a fertilidade do solo, a produtividade e a proteção das culturas.” Convencionou-se chamar de agricultura orgânica todos os modelos de agricultura alternativa em que a produção de alimentos bane o uso de produtos químicos sintéticos. Nesses modelos alternativos encontram-se: Agricultura Orgânica, Agricultura Biodinâmica, Agricultura Biológica e Permacultura; há ainda a Agroecologia, que engloba em suas reflexões as questões sociais (Bonilla, 1992). As técnicas utilizadas em agricultura orgânica buscam mobilizar harmoniosamente todos os recursos disponíveis na unidade de produção, com base na reciclagem de nutrientes e maximização do uso de insumos orgânicos gerados in loco. Busca-se também reduzir o impacto ambiental e a poluição; evitar a mecanização pesada; utilizar, quando necessário, tratores leves, aração superficial ou plantio direto que aumentem a produtividade; minimizar a dependência externa das matérias primas; otimizar o balanço energético da produção; produzir alimentos baratos e de alta qualidade biológica; suprir necessidades nacionais internas e gerar excedentes exportáveis (Roel, 2002). 3.3. Adubação com Compostos Orgânicos No processo de compostagem, utilizam-se materiais ricos em nitrogênio com materiais ricos em carbono, celulose, sendo esta relação carbono/nitrogênio (C/N) a responsável pela maturação rápida ou lenta do composto, além da umidade, temperatura e aeração, ou seja, a degradação dos componentes do composto pela ação dos microrganismos é mais acentuada quando se observa relação C/N aproximada de 10-13/1 ocorrendo, desta forma, uma mais rápida degradação dos elementos complexos ricos em celulose da matéria prima e posterior disponibilização dos nutrientes degradados no composto maturado. Vários subprodutos da indústria agropecuária, também, são grandes fontes de matéria prima para a confecção de compostos orgânicos como a torta de filtro, o bagaço de cana, a vinhaça e o esterco animal, produtos que, atualmente, são amplamente pesquisados para o emprego na elaboração desses tipos de fertilizantes. A confecção de compostos orgânicos e sua utilização para adubação de hortaliças, por vezes, se torna uma atividade com a finalidade de não somente enriquecer o solo com nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas, mas também a atividade civil com o intuito de educação ambiental e melhoria da qualidade de vida como citado por Ribeiro (2007) que, trabalhando com o cultivo de cebolinha (Allium fistulosum L.), obteve resultados tanto para a produtividade da cultura como para a capacitação e educação ambiental dos envolvidos no projeto de cultivo orgânico desta espécie condimentar. Como materiais ricos em nitrogênio são comumente utilizados o esterco animal, seja este, bovino, caprino ou ovino ou esterco de galinha. Pois, além de possuírem altos teores de nitrogênio a sua obtenção não resulta de empecilho para a confecção dos compostos já que a criação destes animais é amplamente difundida no País. Como produto da decomposição da matéria orgânica, temos a formação de ácidos orgânicos que segundo Pavinato (2008) possui a capacidade de interagir com a fase sólida do solo e ocupar os sítios de adsorção de nutrientes. Grande parte dos ácidos orgânicos tem caráter aniônico, pois os grupos funcionais do material orgânico são dependentes de pH, e em pH superior a 3,5 (valor de PCZ) predominam cargas negativas nesses grupos, graças à dissociação do H+ e formação de água. Com isso, pode ocorrer competição entre esses ácidos orgânicos e os nutrientes aniônicos pelos sítios de adsorção, mantendo os nutrientes em formas mais disponíveis em solução. Os ácidos orgânicos podem também formar complexos organometálicos estáveis com Fe e Al, numa larga amplitude de pH do solo (pH 4,0–7,0). Santos (2001a) pesquisando sobre as diversas fontes de adubação orgânica para o feijãovagem avaliou o desempenho agronômico do esterco bovino, caprino, de galinha e húmus de minhoca para a produtividade desta cultura. Tendo como resultado que a aplicação de esterco bovino e de galinha é vantajosa para a produção de feijão-vagem. A utilização de compostos orgânicos, em hortaliças, proporciona aumento de rendimento produtivo, o que o torna um substituto para a produção destas em relação à adubação mineral. Na literatura, há vários trabalhos que relatam este fato como na produtividade de cenoura variedade “Esplanada” (Steiner, 2009); na produção de brócolis (Diniz, 2008); na melhoria na conservação pós-colheita da alface (Santos, 2001b); na produtividade da alface (Yuri, 2004; Villas Bôas, 2004 ); na produtividade do tomateiro (Mello, 2002); na produtividade de mudas de alface (Medeiros, 2007); na produção de repolho associado a doses de boro (Bergamin, 2005); na produtividade do pimentão (Araújo, 2007). Em contraposição, a literatura também fornece dados em que a adubação orgânica não influenciou significativamente a produção em relação à adubação mineral. Como no trabalho de Araújo (1999) com cultivares de melão que para uma produtividade adequada, a utilização de composto orgânico seria muito elevada, ou segundo Marques (2010), que somente com a adição de 80 t ha-1 de esterco foi proporcionada produtividade comercial para a beterraba, quantidade esta, significativa, pois fomenta a necessidade de maior quantidade de trabalho e dispêndio de energia, fatores responsáveis pelo aumento do custo de produção. Ricci et al. (1995), estudando composto orgânico e vermicomposto na produção de alface, verificaram que a adubação com composto e vermicomposto proporcionou teores de P, Ca, Mg e S significativamente iguais à testemunha com adubação mineral. Segundo Fontanétti (2006) a utilização exclusiva de composto orgânico e/ou de esterco animal para adubação das olerícolas, em sistema orgânico de produção tem se mostrado uma prática onerosa, em função do grande volume exigido para se obter produções comerciais. Deste modo, as pesquisas devem visar à obtenção de formulações que permitam a expressão produtiva máxima das culturas e que estas utilizem de forma eficiente as matérias primas disponíveis em cada região, o que é imprescindível para a realização de uma agricultura realmente sustentável. 3.4. Vinhaça A vinhaça, subproduto da fermentação do mosto da cana fermentado, na literatura, também é conhecida como restilo, calda ou vinhoto destilado, sendo que sua composição depende da matéria prima empregada variando com a região, linhagens de leveduras utilizadas no processo de fermentação e do tipo do destilador. Tabela 1. Componentes de Matéria Orgânica, N, P2O5 e K2O, em kg m-3 de vinhaça Vinhaça Melaço Caldo de cana Mandioca Fonte: Menezes, 1980. Matéria Orgânica 63,4 19,5 21,8 N 1,2 0,3 0,4 P2O5 0,2 0,2 0,2 K20 7,8 1,2 1,1 Segundo o autor, em média, cada litro de álcool produzido resulta em 12,5 litros de vinhaça, sendo que a carga poluidora pode ser avaliada em termos de equivalente populacional que é de 1,4 por litro de vinhaça. Por conseguinte, uma destilaria com capacidade diária de 120 mil litros, despeja por jornada 1 500 000 litros de vinhaça, que corresponde às águas servidas e dejetos de uma cidade com cerca de 2 milhões de habitantes. O elevado índice polucional é evidenciado pelos valores de demanda química de oxigênio e demanda biológica de oxigênio e pelos elementos orgânicos componentes, como açúcar, dextrinas, melanoridinas, resinas, gomas, amidos, ácidos orgânicos e aminoácidos, que se decompõem exalando odor de gás sulfídrico (Menezes, 1980). Portanto, existe a necessidade de gerir este resíduo de forma que a sua utilização não cause danos ao meio ambiente e que os seus nutrientes possam ser reciclados e disponibilizados nos sistemas agrícolas. 4 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no período de Agosto de 2008 a Agosto de 2009 em dois cultivos (Outubro a Novembro e Março a Abril). Sendo conduzido no campus Delza Gitaí da Unidade Acadêmica Centro de Ciências Agrárias (UACECA/UFAL), Município de Rio Largo, região norte do Estado de Alagoas, situado a 9°28’01” de latitude e 35°49’32” de longitude com uma altitude de 141 m. O ensaio foi conduzido em viveiro telado, utilizando-se, para a realização do experimento, um solo proveniente de mata virgem próxima ao Centro de Ciências Agrárias. O solo foi homogeneizado e passado em peneira com malha de 4 mm e acondicionado em vasos empregando-se 5 kg de solo por vaso. Foram vedadas as aberturas na parte inferior dos vasos, para evitar a perda de nutrientes após a irrigação. Foram semeadas 20 sementes de coentro e, após germinação e desbaste, deixadas 10 plantas por vaso. Foram realizados cultivos sucessivos para verificação do efeito residual dos compostos. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, com 9 tratamentos e 4 repetições, sendo 6 constituídos por compostos orgânicos obtidos a partir de uma mistura básica (MBcana, mistura contendo bagaço de cana + torta de filtro + esterco bovino + fosfato natural) submetida a soluções com concentrações crescentes de vinhaça. Dessa forma, os compostos utilizados foram: MBcana + água (MB0); MBcana + solução com vinhaça a 25% (MB1); MBcana + solução com vinhaça a 50% (MB2); MBcana + solução com vinhaça a 75% (MB3); MBcana + solução com vinhaça a 100 % (MB4); MBcana + água + sultafo de potássio (MB5) (Tabela 2). Os tratamentos 7, 8 e 9, respectivamente, consistiram em uma testemunha cultivada sem adição de materiais fertilizantes, uma testemunha cultivada com esterco bovino e uma testemunha cultivada com fertilizantes minerais. A dose de material orgânico (150 g por vaso) correspondeu a 3% (em base seca) da massa de solo. As doses utilizadas para a testemunha com fertilizantes minerais foram baseadas na análise do solo e na recomendação para a cultura. A irrigação foi realizada diariamente objetivando-se atingir a capacidade de campo do solo. A água utilizada no experimento constituiu a água disponível para irrigação na U. A. Centro de Ciências Agrárias. O solo foi classificado como Latossolo Amarelo Distrocoeso argissólico (EMBRAPA, 2006). Foram retiradas amostras para caracterização química e física do mesmo (Tabela 3). A calagem foi efetuada com a finalidade de elevar a saturação por bases a 60%, utilizando-se o equivalente a 3,5 t ha-1 de CaCO3. Tabela 2. Teores de nutrientes dos materiais fertilizantes Nutriente (%) N P K Ca Mg MB0 MB1 MB2 MB3 MB4 MB5 Esterco 1,92 1,91 0,07 2,68 0,56 0,97 1,18 0,08 1,89 0,16 0,89 1,10 0,09 1,71 0,16 0,85 1,18 0,11 1,99 0,14 0,88 1,15 0,13 1,88 0,16 0,79 1,00 0,47 1,59 0,13 3,17 0,30 0,09 6,27 1,03 Tabela 3. Atributos químicos e físicos do solo antes do experimento pH P Atributos químicos do solo 4,48 3,30 mg dm-3 K 40,00 mg dm-3 Na 11,00 mg dm-3 Ca+Mg 3,40 cmolc dm-3 Ca 2,10 cmolc dm-3 Mg Al 1,30 cmolc dm-3 0,27 cmolc dm-3 H+Al 7,95 cmolc dm-3 S 3,55 cmolc dm-3 T 11,55 cmolc dm-3 V 30,87% M 7,07% Atributos físicos do solo Silte .............................dag kg-1............................ 12 Areia 63 Argila 25 Foram avaliados os efeitos dos tratamentos sobre a altura das plantas aos 20 e 40 dias após o plantio e a produção de massa verde (talo e folhas), além de teores de nutrientes na parte aérea da planta (Silva, 1999) e teores de nutrientes no solo após o ensaio (EMBRAPA, 1997). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância por meio do teste F (Ferreira, 2000), sendo as médias comparadas mediante o teste Tukey, utilizando-se o software Sisvar. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO São apresentados os resultados de dois cultivos sucessivos do coentro. 5.1. Primeiro cultivo (Outubro a Novembro de 2008) 5.1.1. Altura, massa de matéria verde e seca da planta Observa-se que as plantas, aos 20 e 40 dias após a semeadura, apresentaram diferença significativa em relação à variável altura da planta a 5% de probabilidade pelo teste F para os tratamentos (Tabela 4). Tabela 4. Resumo da análise de variância para altura de plantas aos 20 e 40 dias após a semeadura – 1o cultivo. Causas de variação GL Altura aos 20 dias Altura aos 40 dias Tratamento 8 4,668* 212,428* Resíduo 24 0,780 10,123 14,33 15,71 CV(%) * Quadrado médio = significativo a 5% de probabilidade pelo teste F Os tratamentos MB0; MB1; MB2 e MB3 não diferiram entre si pelo teste de Tukey a 5% para a altura da planta aos 20 dias após a semeadura. Os tratamentos MB4; MB5; testemunha com esterco e testemunha com fertilizante não diferiram entre si e diferiram dos demais a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. A testemunha absoluta (sem adição de fertilizantes) diferenciou de todos os outros tratamentos, apresentando a menor altura (4,11 cm) (Tabela 5). Tabela 5. Altura das plantas aos 20 dias após a semeadura – 1o cultivo Tratamentos Altura (cm) MB0 7,39 A MB1 7,08 A MB2 7,20 A MB3 6,84 A MB4 6,18 B MB5 5,70 B Testemunha absoluta 4,11 C Testemunha esterco 5,66 B Testemunha fertilizante 5,28 B Dms5% 0,9730 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% As maiores alturas promovidas pelos compostos podem ser explicadas devido à influência que a matéria orgânica exerce na disponibilidade de nutrientes para a planta. Souza et al (2006) encontraram resultados semelhantes estudando o comportamento do feijoeiro influenciado pela calagem e adubação orgânica. Os tratamentos MB3; MB2; MB0 e a testemunha com esterco não diferiram entre si para a altura da planta aos 40 dias após a semeadura e promoveram os maiores valores (Tabela 6). Os tratamentos MB0; MB4; MB5 e MB1 também não diferenciaram entre si e diferiram dos demais pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. A testemunha com fertilizante e a testemunha absoluta diferenciaram de todos os outros tratamentos e entre si, apresentando os menores resultados (13,36 cm e 3,25 cm, respectivamente) (tabela 6), comportando-se semelhantemente à altura aos 20 dias da semeadura. Resultados obtidos por Lima (2007) mostram altura de 20,89 cm para o coentro. O mesmo autor avaliou épocas de plantio para a altura do coentro sendo que no período de Junho a Julho foram obtidos os melhores resultados para a variável altura na região estudada. No entanto, dentre os dois plantios realizados neste trabalho o melhor desempenho foi obtido no período de Outubro a Novembro. Contudo, no segundo cultivo o qual obteve menor média para a variável altura, a colheita foi antecipada, sendo realizada aos 30 dias após a semeadura, dez dias de diferença em relação ao primeiro cultivo fato que pode ter influenciado no desempenho da altura do coentro no segundo cultivo. Tabela 6. Altura das plantas aos 40 dias após a semeadura – 1o cultivo Tratamentos Altura (cm) MB0 23,60 A, B MB1 22,15 B MB2 23,88 A MB3 24,95 A MB4 23,30 B MB5 22,80 B Testemunha absoluta 3,25 D Testemunha esterco 25,00 A Testemunha fertilizante 13,36 C Dms5% 1,5908 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% A análise de variância para a massa de matéria verde da parte aérea mostra que houve diferença significativa para tratamentos a 5% de probabilidade (Tabela 7). Tabela 7. Resumo da análise de variância para a massa de matéria verde de 10 plantas aos 40 dias após a semeadura - 1o cultivo Causas de variação GL Quadrado médio Massa de matéria verde Tratamento 8 608,550* Resíduo 24 27,259 CV(%) * 22,22 = significativo a 5% de probabilidade pelo teste F Os tratamentos MB0; MB3 e MB2 proporcionaram os maiores valores de massa de matéria verde e não diferiram entre si. Os tratamentos MB5; MB4; MB1 e a testemunha com adição de esterco também não diferiram entre si. A testemunha com fertilizante e a testemunha absoluta não apresentaram diferença estatística entre si e apresentaram os menores valores (0,40 g e 4,19 g) Tabela 8. Tabela 8. Massa de matéria verde de 10 plantas aos 40 dias após a semeadura – 1o cultivo Tratamentos Massa (g) MB0 34,73 A MB1 26,54 B MB2 29,75 A MB3 32,53 A MB4 27,85 B MB5 27,98 B Testemunha absoluta 0,40 C Testemunha esterco 27,46 B Testemunha fertilizante 4,19 C Dms5% 6,16 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% Houve variação da massa de matéria seca da parte aérea para os tratamentos aos 40 dias após a semeadura pelo teste F da análise de variância (Tabela 9). Como mostra a Tabela 10, os tratamentos MB0; MB2 e MB3 não diferiram entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. Os tratamentos MB4; MB1; MB5 e a testemunha com esterco também não diferiram entre si e diferiram dos demais tratamentos. A testemunha absoluta e a testemunha com fertilizante diferiram de todos os outros tratamentos e entre si, apresentando os menores resultados. Isto mostra a superioridade dos tratamentos que receberam adubação orgânica. Tabela 9. Resumo da análise de variância para massa de matéria seca de 10 plantas aos 40 dias após a semeadura – 1º cultivo. Causas de variação GL Quadrado médio Massa de matéria seca Tratamento 8 11,222* Resíduo 24 0,404 CV(%) * = significativo a 5% de probabilidade pelo teste F 3,13 Tabela 10. Massa de matéria seca da parte aérea de 10 plantas aos 40 dias após a semeadura em função dos diversos materiais fertilizantes – 1º cultivo. Tratamentos Massa de matéria seca (g) MB0 4.6671 A MB1 4.9798 A MB2 3.8576 B MB3 4.7504 A MB4 3.8288 B MB5 3.7614 B Testemunha absoluta 0.0520 D Testemunha esterco 3.8285 B Testemunha fertilizante 1.2510 C Dms5% 0,750 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% 5.2. Segundo cultivo (Março a Abril de 2009). 5.2.1. Altura e massa de matéria verde da parte aérea da planta Pela análise de variância, observa-se que houve diferença significativa para a variável altura das plantas aos 20 e 30 dias após a semeadura do segundo cultivo (Tabela 11). A testemunha absoluta (sem adição de fertilizantes) promoveu a menor altura das plantas aos 20 dias após a semeadura (8,15 cm), seguida do tratamento MB0. Os demais tratamentos apresentaram comportamento semelhante, tendo os tratamentos MB3 e MB5 mostrado tendência de maiores alturas (Tabela 12). No tratamento MB5, o K foi fornecido na forma mineral (sulfato de potássio). Aos 30 dias da semeadura, a altura das plantas apresentou comportamento semelhante no que concerne aos tratamentos MB0 e testemunha absoluta e a maior altura foi obtida com a testemunha fertilizante (23,98 cm), diferindo estatisticamente dos demais (Tabela 13). As médias observadas para a altura das plantas aos 30 dias (Tabela 13), no experimento, foram superiores às encontradas por Lima (2007), avaliando o desempenho de duas cultivares de coentro “Verdão e Tabocas” em relação à época de plantio e ao espaçamento, sendo a média da altura de plantas para a cultivar “Verdão” nos meses de Junho a Julho, período citado como o de maior desenvolvimento deste cultivar, de 20,89 cm, portanto, inferior aos tratamentos com fertilizante químico, com MB5 e com o tratamento MB2. Os demais tratamentos proporcionaram médias inferiores à obtida por este autor sendo a testemunha absoluta a que promoveu menor média para esta variável. Entretanto, em experimento com diversas variedades locais e comerciais, Bertini (2010) obteve, para a cultivar comercial “Verdão”, altura de 49,55 cm, sendo superior, portanto, às obtidas neste experimento. Segundo Filgueira (2000), é possível a produção de coentro empregando-se unicamente adubo orgânico. Entretanto, a aplicação de adubos minerais favorece o desenvolvimento vegetativo das plantas e o volume de folhas produzidas. Aumentos nos valores de fitomassa da parte aérea e total decorrente da adubação estão relacionados com o crescimento radicular, uma vez que, com o maior desenvolvimento radicular ocorre maior absorção de nutrientes (Silva et al., 2004). Deste modo, adubações que promovam um acréscimo de produtividade na fitomassa da parte aérea das plantas são indicativos de fertilizantes que proporcionam eficiente estado nutricional para a planta avaliada. Tabela 11. Resumo da análise de variância para altura de plantas aos 20 e 30 dias após a semeadura – 2o cultivo Causas de variação GL Quadrado médio Altura aos 20 dias Altura aos 30 dias Tratamento 8 6,672* 53,915* Resíduo 24 1,162 3,352 9,48 9,44 CV(%) * = significativo a 5% de probabilidade pelo teste F Tabela 12. Altura das plantas aos 20 dias após a semeadura – 2o cultivo Tratamentos Altura (cm) MB0 10,93 C MB1 12,04 A MB2 11,27 BC MB3 12,44 A MB4 11,77 A MB5 12,22 A Testemunha absoluta 8,15 D Testemunha esterco 11,58 AB Testemunha fertilizante 11,85 A Dms5% 0,9730 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% Tabela 13. Altura das plantas aos 30 dias após a semeadura – 2o cultivo Tratamentos Altura (cm) MB0 18,94 D MB1 19,92 C MB2 20,95 B MB3 19,74 C MB4 19,83 C MB5 21,50 B Testemunha absoluta 10,50 E Testemunha esterco 19,14 CD Testemunha fertilizante 23,98 A Dms5% 0,97 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% Houve efeito dos tratamentos na massa de matéria verde da parte aérea (Tabela 14), tendo a testemunha absoluta e os tratamentos MB0; MB1 e MB5 apresentado os menores valores (Tabela 15). Tabela 14. Resumo da análise de variância para a massa de matéria verde de 10 plantas aos 30 dias após a semeadura – 2o cultivo Causas de variação GL Quadrado médio Massa de matéria verde Tratamento 8 51,664* Resíduo 24 5,092 CV(%) * 20,51 = significativo a 5% de probabilidade pelo teste F Tabela 15. Massa de matéria verde de 10 plantas aos 30 dias após a semeadura – 2o cultivo Tratamentos Massa (g) MB0 10,74 B MB1 10,05 B MB2 12,04 A MB3 12,18 A MB4 12,22 A MB5 10,61 B Testemunha absoluta 2,79 C Testemunha esterco 16,49 A Testemunha fertilizante 11,84 A Dms5% 5,342 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% 5.3. Teores de nutrientes na planta e atributos químicos do solo influenciados pela adição dos tratamentos. Na parte aérea das plantas, houve efeito significativo dos tratamentos para as variáveis P, K e Mg, sendo o Ca não influenciado pelos diversos materiais fertilizantes (Tabela 16). Para o fósforo, os teores variaram de 0,0600 a 0,1575 dag kg-1, sendo o maior valor obtido com o tratamento MBcana + água e o menor com a testemunha sem adição de fertilizantes (Tabela 17). Com relação ao P, sabe-se que não mais de um quinto do elemento adicionado pela adubação é prontamente aproveitado pela cultura, simplesmente por questão de solubilidade, acarretando em altas perdas que ocorrem desde a época de aplicação até a assimilação, chegando a atingir 98% do total do elemento fornecido (IPT, 1990). O teor de potássio foi maior no tratamento MB5 (4,5025 dag kg-1), mostrando a eficiência do composto que foi enriquecido com sulfato de potássio, seguido do tratamento MB4 (3,4650 dag kg-1) e o tratamento testemunha absoluta (testemunha sem adição de fertilizantes) forneceu o menor resultado (1,0200 dag kg-1) com uma diferença de 2,4450 dag kg-1 do tratamento que recebeu o composto adicionado de 100% de solução de vinhaça. A testemunha sem adição de fertilizantes apresentou o maior resultado para o magnésio, e os demais nutrientes, fósforo e potássio, apresentaram-se com os menores valores. A avaliação do nitrogênio no tecido foliar não foi realizada em razão de alguns tratamentos não apresentarem, após a moagem, material suficiente para serem analisados. Tabela 16. Resumo da análise de variância para os teores de nutrientes na planta. P K Ca Mg Quadrado médio Tratamento 0,003* 5,019* 1,023ns 0,097* Resíduo 0,001 0,055 0,460 0,001 CV(%) 35,13 8,28 ------ 3,08 ns, * - não significativo e significativo a 5% de probabilidade pelo teste F Os valores dos quadrados médios da análise de variância dos atributos químicos do solo após o experimento estão apresentados na Tabela 18. Houve efeito significativo dos tratamentos para todas as variáveis estudadas. O pH aumentou em todos os tratamentos com o maior valor na testemunha com adição de esterco (5,9) e o menor na testemunha sem adição de fertilizantes (5,4), como era esperado mas ainda maior que o pH do solo antes do experimento (4,8) em função da calagem efetuada. Os teores de Al3+ baixaram e os de Ca2++Mg2+ aumentaram. O potássio, de modo geral, diminuiu em relação aos teores originais do solo, com exceção do tratamento MB5 que promoveu um alto teor do elemento (181,5 mg dm-3) em função da adição do sulfato de potássio a este composto. A saturação por bases aumentou e a saturação por Al diminuiu em todos os tratamentos que receberam materiais fertilizantes (Tabela 19). Tabela 17. Teores de nutrientes na planta em função dos diversos materiais fertilizantes P K Mg ---------------------------------- dag kg-1-------------------------------------- Tratamento MB0 0,1575 A 1,5500 D 0,9500 B MB1 0,1025 B 2,3050 C 0,9625 B MB2 0,1025 B 2,4750 C 0,9675 B MB3 0,0975 C 2,8775 C 0,9875 B MB4 0,0850 C 3,4650 B 0,9800 B MB5 0,0800 C 4,5025 A 0,9750 B Test.absoluta 0,0600 C 1,0200 D 1,4440 A Test.esterco 0,0700 C 3,9175 B 0,9725 B Test.mineral 0,0700 C 3,4100 B 1,000 B Dms5% ----- 0,5587 0,0753 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% Tabela 18. Resumo da análise de variância para as variáveis do solo após o experimento pH Al3+ Ca2++Mg2+ K+ P V M Quadrado médio Tratamento 0,1580* 0,01* 4,157* 10179,38* 33434,5* 109,961* 5,747* Resíduo 0,0100 0,02 0,20 123,458 262,806 6,818 0,692 CV(%) 1,79 ----- 8,39 20,10 11,57 5,00 51,34 * - significativo a 5% de probabilidade pelo teste F A literatura cita estes fatos devido o H+ e Al3+ livres serem complexados com compostos orgânicos aniônicos dos resíduos e o aumento da saturação da CTC do solo pelos cátions Ca, Mg e K adicionados via resíduo vegetal, o que reduziria a acidez potencial além de favorecer o aumento da saturação por bases do solo (Pavinato, 2008). Tabela 19. Variáveis do solo após o experimento em função dos diversos materiais fertilizantes pH Al3+ Ca2++Mg2+ K+ -----------cmolc dm-3----------- P ----------mg dm-3--- V m % % Trat. MB0 5,45 C 0,095 A 7,375 A 25 C 198,3 A 59,63 A 1,225 B MB1 5,62 B 0,043 A 5,35 B 29 C 208,8 A MB2 5,55 BC 0,063 A 5,675 B 32,35 C 206,8 A 54,55 A 1,025 B MB3 5,72 AB 0,06 A 5,825 B 32,75 C 192,5 A 55,05 A 0,975 C MB4 5,52 MB5 5,72 AB 0,04 A Test.absoluta 5,42 Test.esterco 5,9 Test.mineral 5,22 Dms5% 0.238 B 0,088 A 5,4 B 36,5 C 51 B 0,775 C 199 A 52,15 B 1,525 B 5,225 B 181,5 A 198,5 A 54,55 A 0,675 C D 0,105 A A 0,098 A D 0,203 A 3,95 5,225 3,975 C 30,75 C 3 B 45,15 B 2,425 B B 82,75 B 35,5 B 54,68 A 4,5 A C 46,75 C 17,75 B 42,8 B 1,525 B 0,334 1,058 26,305 38,38 Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% 6,181 1,969 6. CONCLUSÕES A altura, a massa de matéria verde e seca da parte aérea das plantas, de modo geral, aumentou com a aplicação dos compostos orgânicos Os teores de P e K na planta foram influenciados pelos compostos orgânicos, o Ca não sofreu influência da adubação e o Mg apresentou o maior teor quando o solo foi cultivado sem adição de materiais fertilizantes. O pH do solo após o experimento e os teores de Ca2+ + Mg2+ e de P aumentaram com a aplicação dos materiais fertilizantes e o K não sofreu influência dos mesmos. A saturação por bases aumentou e a saturação por Al diminuiu com a adubação. As formulações dos compostos orgânicos com 50 e 75% de vinhaça, nas características avaliadas, proporcionaram, predominantemente, os valores maios elevados. Deste modo, compostos produzidos nestes padrões são os mais indicados para atender a fertilização do coentro nas condições onde foi realizado o estudo. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU Jr, C. H.; MURAOKA, T.; OLIVEIRA, F. C. 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