Êxodo (Ex) Escritor: Moisés Lugar da Escrita: Ermo Tempo: Cerca

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Êxodo (Ex)
Escritor: Moisés
Lugar da Escrita: Ermo
Tempo: Cerca de 1445-1405 a.C.
Os relatos de momentosos sinais e milagres que Deus fez para libertar das
aflições do Egito o povo que levava Seu nome, organizando Israel como
propriedade especial sua, qual “reino de sacerdotes e uma nação santa”, e
o começo da história de Israel como nação teocrática estes são os
destaques do livro bíblico de Êxodo. (Êx. 19:6) Em hebraico, ele é chamado
de We´él·leh shemóhth, que significa “Ora, estes são os nomes”, ou,
simplesmente, Shemóhth, “Nomes”, segundo as suas palavras iniciais. O
nome atual vem da Septuaginta grega, onde é chamado É·xo·dos, que foi
latinizado para Exodus, significando “Saída” ou “Partida”. Que Êxodo é
uma continuação do relato de Gênesis se demonstra pela palavra inicial
“Ora” (literalmente, “E”) e por realistar os nomes dos filhos de Jacó,
conforme tirados do registro mais completo de Gênesis 46:8-27.
O escritor de Êxodo é Moisés, indicado pelo fato de ser Êxodo o segundo
volume do Pentateuco. O livro em si registra três casos em que Moisés faz
um registro por escrito, sob a direção de Deus. (Êxodo17:14; 24:4; 34:27)
Segundo os versados em Bíblia, Westcott e Hort, Jesus e os escritores das
Escrituras Gregas Cristãs citam ou referem-se a Êxodo mais de 100 vezes,
como quando Jesus disse: “Não vos deu Moisés a Lei?” Êxodo foi escrito
no ermo de Sinai, um ano depois de terem os filhos de Israel saído do
Egito. Abrange o período entre a morte de José, até se erigir o tabernáculo
da adoração de Deus. João 7:19; Êx.1:6; 40:17.
Considerando que os eventos de Êxodo ocorreram cerca de 3.500 anos
atrás, há surpreendente quantidade de evidências arqueológicas e outras
evidências externas que atestam a exatidão do registro. Nomes egípcios
são usados corretamente em Êxodo, e os títulos mencionados
correspondem às inscrições egípcias. A arqueologia mostra que os
egípcios costumavam permitir que estrangeiros residissem no Egito, mas
os egípcios se mantinham separados deles. As águas do Nilo eram usadas
para banho, o que faz lembrar a filha de Faraó banhar-se ali. Foram
encontrados tijolos feitos com e sem palha. Além disso, a existência de
magos era um destaque no apogeu do Egito. Êx. 8:22; 2:5; 5:6, 7, 18;
7:11.
Os monumentos mostram que os faraós dirigiam pessoalmente seus
condutores de carro para as batalhas, e Êxodo indica que o faraó dos dias
de Moisés seguiu este costume. Quão grande deve ter sido a sua
humilhação! Mas, por que é que os antigos registros egípcios não fazem
menção da estada dos israelitas no seu país, nem da calamidade que se
abateu sobre o Egito? A arqueologia tem mostrado ser costume a nova
dinastia egípcia apagar dos registros anteriores qualquer coisa que fosse
desfavorável. Jamais registravam derrotas humilhantes. Os golpes contra
os deuses do Egito como o deus Nilo, o deus-rã e o deus-sol que
desacreditavam tais deuses falsos e mostravam que Deus é supremo, não
seriam apropriados para os anais duma nação orgulhosa. Êxodo14:7-10;
15:4.
Os 40 anos de serviço de Moisés como pastor sob a direção de Jetro
familiarizaram-no com as condições de vida e com os locais de água e
alimento naquela região, tornando-o assim bem habilitado para liderar o
Êxodo. Não é possível traçar o roteiro exato do Êxodo hoje, pois não é
possível localizar com certeza absoluta os vários locais mencionados no
relato. Contudo, Mara, um dos primeiros locais de acampamento na
península do Sinai é, em geral, identificada com `Ein Hawwara, 80
quilômetros a SSE da moderna Suez. Elim, o segundo local de
acampamento, é tradicionalmente identificado com Wadi Gharandel, uns
90 quilômetros a SSE de Suez. Curiosamente, essa localização atual é
conhecida como estação de águas, com vegetação e palmeiras, fazendo
lembrar a Elim bíblica, que tinha “doze fontes de água e setenta
palmeiras”. No entanto, a autenticidade do relato de Moisés não depende
da confirmação de arqueólogos com respeito aos vários locais ao longo do
caminho. Êxodo15:23, 27.
O relato da construção do tabernáculo nas planícies diante do Sinai
enquadra-se nas condições locais. Certo erudito disse: “Na sua forma,
estrutura e nos materiais, o tabernáculo pertence na sua inteireza ao
ermo. A madeira empregada na estrutura se encontra ali em abundância.”
Seja nos nomes, costumes, religião, lugares, geografia, ou nos materiais,
as evidências externas acumuladas confirmam o relato inspirado de
Êxodo, que tem agora cerca de 3.500 anos.
Outros escritores da Bíblia referiram-se constantemente a Êxodo,
mostrando seu sentido e valor proféticos. Cerca 900 anos depois, Jeremias
escreveu sobre “o verdadeiro Deus, o Grande, o Poderoso, cujo nome é
Deus dos exércitos”, que passou a tirar do Egito a seu povo Israel “com
sinais e com milagres, e com mão forte e com braço estendido, e com
coisa muito espantosa”. (Jer. 32:18-21) Cerca de 1.500 anos depois,
Estêvão baseou grande parte de seu emocionante testemunho, que levou
a seu martírio, nas informações de Êxodo.(Atos 7:17-44) A vida de Moisés
nos é citada como exemplo de fé, em Hebreus 11:23-29, e Paulo faz outras
referências freqüentes a Êxodo, apresentando exemplos e advertências
para nós hoje. (Atos 13:17; 1 Cor. 10:1-4, 11, 12; 2 Cor. 3:7-16) Tudo isso
nos ajuda a ver como as partes da Bíblia se interligam, cada trecho
contribuindo, proveitosamente, para a revelação do propósito de Deus.
CONTEÚDO DE ÊXODO
Deus comissiona a Moisés, frisando Seu próprio Nome (Êxodo1:1-4:31).
Depois de mencionar os filhos de Israel que desceram ao Egito, Êxodo
registra a morte de José. Com o tempo, surge outro rei no Egito. Quando
vê que os israelitas continuam a ‘multiplicar-se e a tornar-se mais fortes
numa proporção extraordinariamente grande’, ele adota medidas
repressivas, inclusive trabalhos forçados, e tenta reduzir a população
masculina em Israel, ordenando a destruição de todos os meninos recémnascidos. (1:7) É sob tais circunstâncias que nasce um filho a um israelita
da casa de Levi. Este filho é o terceiro da família. Quando tem três meses
de idade, sua mãe esconde-o numa arca de papiro entre os juncos, à
margem do rio Nilo. Ele é encontrado pela filha de Faraó, que se afeiçoa
ao menino e o adota. A própria mãe dele torna-se sua ama-de-leite e,
assim, ele é criado num lar israelita. Mais tarde, é levado para a corte de
Faraó. Recebe o nome de Moisés, que significa “Retirado [isto é, salvo da
água]”. Êx. 2:10; Atos 7:17-22.
Este Moisés interessa-se pelo bem-estar de co-israelitas. Mata um egípcio
que maltrata um israelita. Por isso ele tem de fugir, de modo que chega à
terra de Midiã. Ali casa-se com Zípora, filha de Jetro, o sacerdote de Midiã.
Com o tempo Moisés torna-se pai de dois filhos, Gersom e Eliézer. Daí, aos
80 anos de idade, depois de ter passado 40 anos no ermo, Moisés é
comissionado por Deus a um serviço especial, em santificação do nome de
Deus. Certo dia, pastoreando o rebanho de Jetro, perto de Horebe, o
“monte do verdadeiro Deus”, Moisés vê um espinheiro arder sem se
consumir. Quando ele vai investigar, um anjo de Deus dirige-lhe a palavra,
falando-lhe do propósito de Deus de fazer com que Seu povo, os “filhos de
Israel, saia do Egito”. (Êx. 3:1, 10) Moisés será usado como instrumento de
Deus para libertar Israel da escravidão egípcia. Atos 7:23-35.
Moisés pergunta então como deverá identificar a Deus aos filhos de Israel.
É aqui, pela primeira vez, que Deus revela o real significado de seu nome,
associando-o com o seu propósito específico e estabelecendo-o como
memorial. “Isto é o que deves dizer aos filhos de Israel: ‘MOSTRAREI SER
enviou-me a vós . . . O Senhor, o Deus de vossos antepassados, o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó enviou-me a vós.’” O seu
nome, Deus, identifica-o como sendo aquele que faz com que seu
propósito em relação com o povo que leva Seu nome se realize. A este
povo, os descendentes de Abraão, ele dará a terra que prometera aos
antepassados deles, “uma terra que mana leite e mel”. Êx. 3:14, 15, 17.
Deus explica a Moisés que o rei do Egito não permitirá que os israelitas
saiam livres, mas que Ele terá de primeiro golpear o Egito com todos os
Seus maravilhosos atos. O irmão de Moisés, Arão, lhe é dado como portavoz e eles recebem três sinais para realizar, a fim de convencer os
israelitas de que vêm em nome de Deus. A caminho do Egito, o filho de
Moisés tem de ser circuncidado para impedir uma morte na família, o que
faz lembrar a Moisés os requisitos de Deus. (Gên. 17:14) Moisés e Arão
reúnem os anciãos dentre os filhos de Israel e os põem a par do propósito
de Deus de tirá-los do Egito e levá-los para a Terra Prometida. Realizam os
sinais, e o povo crê.
Os golpes contra o Egito (5:1-10:29). A seguir, Moisés e Arão vão ter com
Faraó e anunciam que o Senhor, Deus de Israel, disse: “Manda embora
meu povo.” Em tom zombeteiro, o orgulhoso Faraó replica: “Quem é
Deus, que eu deva obedecer à sua voz para mandar Israel embora? Não
conheço Deus, e ainda mais, não vou mandar Israel embora.” (5:1, 2) Em
vez de libertar os israelitas, impõe-lhes tarefas mais pesadas. Contudo,
Deus renova as suas promessas de libertação, ligando isto outra vez com a
santificação de seu nome: “Eu sou o Senhor . . . deveras mostrarei ser
Deus para vós . . . eu sou o Senhor.” 6:6-8.
O sinal que Moisés realiza perante Faraó, fazendo com que Arão lance no
chão seu bastão para se tornar uma cobra grande, é imitado pelos
sacerdotes-magos do Egito. Embora as cobras deles sejam engolidas pela
grande cobra de Arão, o coração de Faraó fica obstinado. Deus passa
então a desferir dez pesados golpes sucessivos sobre o Egito. Primeiro, seu
rio, o Nilo, e todas as águas do Egito se transformam em sangue. Daí,
sobrevém-lhes uma praga de rãs. Estes dois golpes são imitados pelos
sacerdotes-magos, mas não o terceiro golpe, de borrachudos sobre os
homens e os animais. Os sacerdotes do Egito são forçados a reconhecer
que isto é “o dedo de Deus”. Contudo, Faraó não quer mandar Israel
embora. 8:19.
Os três primeiros golpes atingem tanto os egípcios como os israelitas,
mas, do quarto em diante, só os egípcios são atingidos, permanecendo
Israel separado sob a proteção de Deus. O quarto golpe são grandes
enxames de moscões. Daí, vem a pestilência sobre todo o gado do Egito,
sendo seguida de furúnculos e bolhas sobre homem e animal, de modo
que nem mesmo os sacerdotes-magos conseguem fazer face a Moisés.
Deus deixa outra vez que o coração de Faraó fique obstinado, declarandolhe mediante Moisés: “Mas, de fato, por esta razão te deixei em
existência: para mostrar-te meu poder e para que meu nome seja
declarado em toda a terra.” (9:16) Moisés anuncia então a Faraó o golpe
seguinte, “uma saraiva muito forte”, e aqui a Bíblia registra pela primeira
vez que alguns dentre os servos de Faraó temem a palavra de Deus e
agem em conformidade com ela. O oitavo e nono golpes uma invasão de
gafanhotos e uma escuridão sombria vêm em rápida sucessão, e o
obstinado e furioso Faraó ameaça a Moisés de morte se este procurar ver
a sua face outra vez. 9:18.
A Páscoa e o golpe contra os primogênitos (11:1-13:16). Deus então
declara: “Vou trazer mais uma praga sobre Faraó e sobre o Egito” a morte
dos primogênitos. (11:1) Ordena que o mês de abibe seja o primeiro mês
para Israel. No 10º dia, eles têm de tomar um cordeiro ou um cabrito
macho de um ano de idade, sem mácula e no 14º dia, abatê-lo. Naquela
noitinha têm de pegar o sangue do animal e esparrinhá-lo sobre as duas
ombreiras e sobre a verga da porta, e daí permanecer dentro de casa e
comer o animal assado, do qual nenhum osso deve ser quebrado. Não
devem ter fermento dentro de casa, e precisam comer às pressas, vestidos
e preparados para a jornada. A Páscoa é para servir de recordação, uma
festividade para Deus através de suas gerações. Esta será seguida pela
Festividade dos Pães Não Fermentados, de sete dias. O significado de tudo
isso deve ser plenamente ensinado a seus filhos. (Mais tarde, Deus dá
instruções adicionais sobre estas festividades e ordena que todos os
primogênitos de Israel, tanto dos homens como dos animais, sejam
santificados a ele.)
Israel faz conforme Deus ordena. Daí, sobrevém o desastre! À meia-noite,
Deus mata todos os primogênitos do Egito, passando por alto e libertando
os primogênitos de Israel. “Saí do meio do meu povo”, grita Faraó. E ‘os
egípcios começam a pressionar o povo’ para que saia rapidamente. (12:31,
33) Os israelitas não saem de mãos vazias, pois pedem aos egípcios, e
recebem, artigos de prata e de ouro, bem como roupas. Marcham para
fora do Egito em formação de batalha, em número de 600.000 varões
vigorosos, junto com suas famílias e grande grupo misto de não-israelitas,
bem como grande número de animais. Isto marca o fim dos 430 anos
desde que Abraão cruzou o Eufrates para entrar na terra de Canaã. Esta é,
deveras, uma noite digna de ser comemorada. Êx.12:40, segunda nota;
Gál. 3:17.
O nome de Deus é santificado no mar Vermelho (13:17-15:21). Guiando-os
de dia por meio duma coluna de nuvem e de noite por meio duma coluna
de fogo, Deus conduz Israel para fora pelo caminho de Sucote. Faraó mais
uma vez fica obstinado, perseguindo-os com seus selecionados carros de
guerra e, segundo ele imagina, encurralando-os no mar Vermelho. Moisés
revigora o povo, dizendo: “Não tenhais medo. Mantende-vos firmes e
vede a salvação da parte de Deus, que ele realizará hoje para vós.” (14:13)
Deus faz então que o mar recue, formando um corredor de escape, pelo
qual Moisés conduz com segurança os israelitas para a margem oriental.
As poderosas hostes de Faraó precipitam-se atrás deles e acabam sendo
apanhadas e afogadas nas águas que voltam. Que santificação culminante
do nome de Deus! Que grande motivo para regozijar-se nele! Esse regozijo
é então expresso no primeiro grande cântico de vitória da Bíblia: “Cante
eu a Deus, porque ficou grandemente enaltecido. Lançou no mar o cavalo
e seu cavaleiro. Minha força e meu poder é o Senhor, visto que ele me é
por salvação. . . . Deus reinará por tempo indefinido, para todo o sempre.”
15:1, 2, 18.
Deus faz o pacto da Lei em Sinai (15:22-34:35). Em estágios sucessivos,
conforme guiado por Deus, Israel viaja em direção do Sinai, o monte do
verdadeiro Deus. Quando o povo resmunga a respeito das águas amargas
de Mara, Deus faz com que a água se torne doce para eles. De novo,
quando resmungam por falta de carne e de pão, Deus lhes fornece
codornizes, à noitinha, e o adocicado maná, como orvalho no solo, de
manhã. Este maná servirá de pão para os israelitas durante os próximos
40 anos. Também, pela primeira vez na história, Deus ordena a
observância de um dia de descanso, ou sábado, fazendo com que os
israelitas colham duas vezes a quantidade de maná no sexto dia e não o
suprindo no sétimo. Produz também água para eles em Refidim, e luta por
eles contra Amaleque, ordenando a Moisés que registre Seu julgamento
de que Amaleque será completamente eliminado.
O sogro de Moisés, Jetro, traz então a esposa e os dois filhos de Moisés. É
agora tempo de melhor organização em Israel, e Jetro contribui com
alguns conselhos bons e práticos. Aconselha Moisés a não levar toda a
carga sozinho, mas a designar homens capazes e tementes a Deus para
julgarem o povo, quais chefes de grupos de mil, de cem, de cinqüenta e de
dez. Moisés faz isso, de modo que assim só os casos difíceis lhe são
apresentados.
Antes de passarem três meses do Êxodo, Israel acampa no ermo de Sinai.
Ali, Deus promete: “E agora, se obedecerdes estritamente à minha voz e
deveras guardardes meu pacto, então vos haveis de tornar minha
propriedade especial dentre todos os outros povos, pois minha é toda a
terra. E vós mesmos vos tornareis para mim um reino de sacerdotes e uma
nação santa.” O povo promete solenemente: “Tudo o que Deus falou
estamos dispostos a fazer.” (19:5, 6, 8) Após um período de santificação
para Israel, Deus desce no terceiro dia sobre o monte, fazendo-o fumegar
e tremer.
Deus passa então a dar as Dez Palavras ou Dez Mandamentos
(Ex.20). Estes frisam a devoção exclusiva a Deus, proibindo outros deuses,
a adoração de imagens e tomar o nome de Deus indignamente. Ordena-se
aos israelitas a prestar serviços seis dias e, daí, guardar um sábado a Deus,
e a honrar pai e mãe. Leis contra o assassinato, o adultério, o furto, o falso
testemunho e a cobiça completam as Dez Palavras. Daí, Deus apresentalhes decisões judiciais, instruções para a nova nação, abrangendo
escravidão, assalto, ferimentos, compensação, roubo, danos causados por
incêndio, adoração falsa, sedução, maltratar viúvas e órfãos, empréstimos,
e muitos outros assuntos. São dadas as leis sobre o sábado e
providenciam-se três festividades anuais para a adoração de Deus. Moisés
escreve a seguir as palavras de Deus, oferecem-se sacrifícios e metade do
sangue é aspergido sobre o altar. O livro do pacto é lido ao povo e,
quando este novamente atesta sua disposição de obedecer, o restante do
sangue é aspergido sobre o livro e todo o povo. Deste modo, Deus faz o
pacto da Lei com Israel, através do mediador Moisés. Heb. 9:19, 20.
A seguir, Moisés vai a Deus, no monte, para receber a Lei. Durante 40 dias
e noites, ele recebe muitas instruções sobre materiais para o tabernáculo,
pormenores de sua mobília, especificações detalhadas sobre o próprio
tabernáculo e o modelo para as vestes sacerdotais, incluindo a lâmina de
ouro puro, com a inscrição “A santidade pertence a Deus”, sobre o
turbante de Arão. A investidura e o serviço do sacerdócio são
pormenorizados, e faz-se lembrar a Moisés que o sábado será um sinal
entre Deus e os filhos de Israel “por tempo indefinido”. Moisés recebe
então as duas tábuas do Testemunho, inscritas pelo “dedo de Deus”. Êx.
28:36; 31:17, 18.
No ínterim, o povo se impacienta e pede a Arão que faça um deus que vá
adiante deles. Arão consente, fazendo um bezerro de ouro, que o povo
adora no que Arão chama de “festividade para Deus”. (32:5) Deus fala de
exterminar a Israel, mas Moisés intercede pelo povo, embora despedace
as tábuas na sua própria ira ardente. Os filhos de Levi tomam então o lado
da adoração pura, matando a 3.000 dos foliões. Deus também traz praga
sobre eles. Depois que Moisés implora a Deus para que este continue a
guiar seu povo, diz-se-lhe que obterá um vislumbre da glória de Deus, e
ele é instruído a lavrar duas tábuas adicionais em que Deus escreverá
outra vez as Dez Palavras. Quando Moisés sobe ao monte pela segunda
vez, Deus declara-lhe então o nome de Deus, à medida que Ele vai
passando: “o SENHOR, Deus misericordioso e clemente, vagaroso em irarse e abundante em benevolência e em verdade, preservando a
benevolência para com milhares.” (34:6, 7) Daí, declara os termos de seu
pacto, e Moisés o escreve, conforme o temos hoje em Êxodo. Quando
Moisés desce novamente do monte Sinai, a pele de seu rosto emite raios,
por causa da glória revelada de Deus. Por causa disso, ele tem de pôr um
véu sobre o rosto. 2 Cor. 3:7-11.
A construção do tabernáculo (35:1-40:38). Moisés convoca então a Israel e
transmite as palavras de Deus, dizendo-lhes que os de coração disposto
têm o privilégio de contribuir para o tabernáculo e os de coração sábio o
privilégio de trabalhar nele. Pouco depois, Moisés é informado: “O povo
está trazendo muito mais do que o serviço requer para a obra que Deus
mandou fazer.” (36:5) Sob a direção de Moisés, trabalhadores cheios do
Espírito de Deus passam a edificar o tabernáculo e a fazer os acessórios
dele e todas as vestes dos sacerdotes. Um ano depois do Êxodo, completase o tabernáculo, que é erigido na planície diante do monte Sinai. Deus
revela a sua aprovação, cobrindo a tenda da reunião com a sua nuvem, e
enchendo o tabernáculo com a sua glória, de modo que Moisés não
consegue entrar na tenda. Esta mesma nuvem de dia, e um fogo de noite,
indicam que Deus guia a Israel durante todas as suas viagens. Termina
aqui o registro de Êxodo, sendo o nome de Deus gloriosamente
santificado mediante as Suas obras maravilhosas, realizadas a favor de
Israel.
POR QUE É PROVEITOSO PARA NÓS
Êxodo revela-nos de modo preeminente a Deus como o grande Libertador,
Organizador e Cumpridor de seus propósitos magníficos, e firma a nossa
fé nele. Tal fé aumenta ao passo que estudamos as muitas referências a
Êxodo nas Escrituras Gregas Cristãs, indicando o cumprimento de muitas
características do pacto da Lei, a garantia da ressurreição, a provisão de
Deus de sustentar seu povo, e precedentes para as obras cristãs de
assistência, conselhos sobre consideração pelos pais e os requisitos para
se ganhar a vida, e como encarar a justiça retributiva. Por fim, a Lei foi
resumida em dois mandamentos sobre mostrar amor a Deus e ao
próximo. Mat. 22:32 Êx.4:5; João 6:31-35 e 2 Cor. 8:15Êx. 16:4, 18; Mat.
15:4 e Efé. 6:2Êx. 20:12; Mat. 5:26, 38, 39 Êx. 21:24; Mat. 22:37-40.
Em Hebreus 11:23-29, lemos sobre a fé de Moisés e seus pais. Pela fé
partiu do Egito, pela fé celebrou a Páscoa e pela fé conduziu a Israel
através do mar Vermelho. Os israelitas foram batizados em Moisés e
comeram alimento espiritual e beberam bebida espiritual. Aguardavam a
rocha espiritual, o Cristo, mas, ainda assim, não obtiveram a aprovação de
Deus, pois puseram Deus à prova e tornaram-se idólatras, fornicadores e
murmuradores. Paulo explica que isto tem aplicação para os cristãos hoje:
“Ora, estas coisas lhes aconteciam como exemplos e foram escritas como
aviso para nós, para quem já chegaram os fins dos sistemas de coisas.
Conseqüentemente, quem pensa estar de pé, acautele-se para que não
caia.” 1 Cor. 10:1-12; Heb. 3:7-13.
Grande parte do profundo significado espiritual de Êxodo, juntamente
com sua aplicação profética, é fornecida nos escritos de Paulo,
especialmente em Hebreus, capítulos 9 e 10. “Pois, visto que a Lei tem
uma sombra das boas coisas vindouras, mas não a própria substância das
coisas, os homens nunca podem, com os mesmos sacrifícios que oferecem
continuamente, de ano em ano, aperfeiçoar os que se aproximam.” (Heb.
10:1) Estamos, pois, interessados em conhecer a sombra e entender a
realidade. Cristo “ofereceu um só sacrifício pelos pecados,
perpetuamente”. Ele é descrito como “o Cordeiro de Deus”. Nenhum osso
deste “Cordeiro” foi quebrado, como também não foi no prefigurativo. O
apóstolo Paulo comenta: “Cristo, a nossa páscoa, já tem sido sacrificado.
Conseqüentemente, guardemos a festividade, não com o velho fermento,
nem com o fermento de maldade e iniqüidade, mas com os pães não
fermentados da sinceridade e da verdade.” Heb. 10:12; João 1:29 e 19:36
Êx.12:46; 1Cor.5:7, 8 Êx. 23:15.
Jesus tornou-se Mediador dum novo pacto, assim como Moisés fora
mediador do pacto da Lei. O contraste entre estes pactos é também
explicado claramente pelo apóstolo Paulo, que fala do ‘documento
manuscrito de decretos’, que foi tirado do caminho mediante a morte de
Jesus na cruz. O Jesus ressuscitado, qual Sumo Sacerdote, é “servidor
público do lugar santo e da verdadeira tenda, que Deus erigiu, e não
algum homem”. Os sacerdotes sob a Lei prestavam “serviço sagrado numa
representação típica e como sombra das coisas celestiais”, segundo o
modelo que fora dado por Moisés. “Mas, Jesus obteve agora um serviço
público mais excelente, de modo que ele é também o mediador dum
pacto correspondentemente melhor, que foi estabelecido legalmente em
promessas melhores.” O antigo pacto tornou-se obsoleto e foi eliminado
como código que administrava a morte. Os judeus que não entendiam isso
são descritos como tendo suas percepções embotadas, mas, os crentes
que entendem que o Israel espiritual está sob o novo pacto podem ‘com
rostos desvelados refletir como espelhos a glória de Deus’, estando
adequadamente habilitados como ministros do pacto. Com a consciência
purificada, estes podem oferecer seu próprio “sacrifício de louvor, isto é, a
declaração pública do seu nome”. Col. 2:14; Heb. 8:1-6, 13; 2 Cor. 3:6-18;
Heb. 13:15; Êx.34:27-35.
Êxodo magnifica o nome e a soberania de Deus, apontando para a gloriosa
libertação da nação cristã, o Israel espiritual, a quem se diz: “Vós sois ‘raça
escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo para propriedade especial,
para que divulgueis as excelências’ daquele que vos chamou da escuridão
para a sua maravilhosa luz. Porque vós, outrora, não éreis povo, mas
agora sois povo de Deus.” O poder de Deus, segundo demonstrado em
ajuntar seu Israel espiritual, tirando-o do mundo, a fim de engrandecer o
seu nome, não é menos milagroso do que o poder que demonstrou a
favor de seu povo no antigo Egito.
Por conseguinte, podemos dizer, à base das Escrituras, que a nação
formada sob a direção de Moisés apontava para uma nova nação que
seria formada sob a direção de Cristo, e para um reino que nunca será
abalado. Por isso, somos incentivados a ‘prestar a Deus serviço sagrado
com temor piedoso e espanto reverente’. Assim como a presença de Deus
cobria o tabernáculo no ermo, da mesma forma ele promete estar
eternamente presente entre os que o temem: “Eis que a tenda de Deus
está com a humanidade, e ele residirá com eles e eles serão os seus povos.
E o próprio Deus estará com eles... Escreve, porque estas palavras são fiéis
e verdadeiras.” Êxodo é deveras parte essencial e proveitosa do registro
da Bíblia. Êx. 19:16-19 Heb. 12:18-29; Êx. 40:34 Ap. 21:3, 5.
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