DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO ECONÔMICO NO BRASIL DOS ANOS 60: O DEBATE FURTADO-TAVARES Caio Rennó José, Rafaela Carvalho, Thiago Gambi, Daniel Cosentino ICSA - Universidade Federal de Alfenas – Varginha/MG Objetivos A colonização da América Latina, com objetivo de exploração, integrou sua economia de caráter agrário à economia mundial já essencialmente capitalista, de modo que, historicamente, as suas relações comerciais já se enquadravam numa relação de centro e periferia. Daí a industrialização tardia no Brasil, processo que se desenrola com maior vigor apenas na década de 1930. Trinta anos depois, a política de substituição de importações de bens duráveis assegurava o aumento do nível de investimentos e diversificava o setor produtivo do país. A ampliação quantitativa e qualitativa da produção brasileira pressupunha um mercado interno com poder de compra suficiente para garantir a efetivação da demanda. No entanto, a estrutura de renda brasileira apresentava um grau de concentração bastante elevado. Para Furtado (1966) isso significava contradição e limitação do desenvolvimento econômico brasileiro, mas, para Tavares e Serra (1970), não necessariamente. O presente trabalho discute a idéia de desenvolvimento e crescimento de uma economia periférica, a partir do processo de industrialização brasileiro, sob a luz do debate teórico entre Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares. Métodos/Procedimentos Para realização do trabalho foram utilizados dois textos: FURTADO (1966) e TAVARES e SERRA (1970). Este último crítico ao primeiro. Os textos foram abordados em dois momentos distintos e posteriormente relacionados. Resultados Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares – ambos cepalinos – discutem o processo de crescimento e desenvolvimento econômico no que diz respeito à distribuição de renda a partir do processo de industrialização das economias latino-americanas. Para o primeiro autor, a estrutura de renda concentrada combinada com a falta de um mercado interno é incapaz de atender à demanda de bens de consumo duráveis, implicando uma tendência à estagnação econômica. Diferentemente, Tavares afirma que, ainda que haja a concentração da renda, esta é capaz de impulsionar a expansão e o dinamismo da economia, de forma a se enquadrar em uma transição para um novo modelo de desenvolvimento capitalista (TAVARES e SERRA, 1983). Conclusão O cerne da divergência na discussão consiste na diferenciação entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento. O pensamento de Furtado se insere em um plano de longo prazo e visa o desenvolvimento econômico, que leva em consideração a elevação da qualidade de vida da sociedade e a redução das diferenças econômicas e sociais entre seus membros. Assim, o desenvolvimento consiste num processo em que ocorrem mudanças de cunho social a partir das quais várias necessidades humanas – como educação, saúde, habitação, transporte – são atendidas. Já as ideias de Tavares são colocadas numa perspectiva de curto prazo e no quadro do contexto mais estrito do crescimento econômico, o qual não significa necessariamente melhoria da qualidade de vida da população, ainda que o crescimento seja fundamental para o futuro desenvolvimento. Referências Bibliográficas [1]FURTADO, C. Desarrollo y Estancamiento en América Latina. Desarrollo Economico. Vol. VI nº 22-23. 1966. [2]FURTADO, C. Dialética do Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Ed. Fundo de Cultura, 1964. [3]TAVARES, M. C.; SERRA, J. (1970). Além da Estagnação. In: TAVARES, M. C. Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro: Ensaios sobre Economia Brasileira. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983.