"Doenças avícolas" : qual é a mais preocupante?

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http://www.avisite.com.br/reportagem/reportagem.asp?codigo=8
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Destaque
Nutrição
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Soja
o farelo de soja cargill é
um importante ingrediente
protéico destinado a
fabricação...
4/6/2002
"Doenças Avícolas" - Qual é a mais
preocupante?
O Avisite publica sua primeira reportagem interativa, fruto da escolha dos
internautas através de uma enquete. O tema Doenças das Aves teve
mais de 52% dos votos dos usuários do site, o que demonstra a
crescente preocupação do setor avícola com a saúde de seu plantel.
Nessa entrevista, Luis Sesti, Assessor de Desenvolvimento Técnico da
Multimix, fala dos principais aspectos da saúde avícola.
Além disso, Clóvis de Oliveira, da Merial, fala da posição e dos conceitos
da empresa sobre a questão na matéria
A Visão Empresarial da Saúde Avícola.
DSM - Ronozyme
ronozyme ® proact é a
última enzima
desenvolvida em conjunto pelas
empresas...
Do ponto de vista econômico, que enfermidades são mais prejudiciais
para o avicultor brasileiro?
DSM - Cylactin®
distribuído pela dsm
produtos nutricionais, o
cylactin, uma cultura de
enterococcus...
É quase impossível fazer-se tal generalização. É necessário avaliar, sob o
ponto de vista de saúde das aves, os sistemas de produção em uma região
específica ou país para determinar quais as doenças mais importantes
naquele momento. Obviamente, as enfermidades que causam altas taxas de
mortalidade e/ou morbidade clínica nos rebanhos (por exemplo, Doença de
Gumboro, Bronquite Infecciosa, Coccidiose, Leucose Mielóide, micoplasmose
por Micoplasma gallisepticum, Síndrome da Queda da Postura, etc...) chamam
imediatamente a atenção de produtores e técnicos e, portanto, são
consideradas muito importantes do ponto de vista econômico.
No entanto, o que é muito mais difícil de ser mensurado - e talvez seja tão
ou mais importante quanto as perdas por surtos agudos de enfermidades - é
o prejuízo causado por infecções sub-clínicas (sem sinais clínicos evidentes).
Principalmente aquelas causadas por patógenos que provocam
imunossupressão (mal funcionamento do sistema imunológico da ave),
"escancarando" as portas para que vários outros agentes oportunistas
(bactérias e vírus presentes nas aves e no meio ambiente, que normalmente
não causam danos às aves) causem doenças em plantéis imunodeprimidos.
Como exemplos típicos de enfermidades que podem cursar sub-clinicamente
e causar imunossupressão nas aves podemos citar a Doença de Marek, a
Doença de Gumboro e a Anemia Infecciosa das Galinhas. Estas três viroses
são muito comuns em quase todos os sistemas comerciais de produção de
corte e poedeiras no Brasil. Uma infecção sub-clínica por alguma (ou todas)
destas viroses ocorre normalmente em decorrência de falhas na imunização
ativa (vacinação) dos plantéis e/ou falhas de biosseguridade (limpeza e
desinfecção, vazio das instalações, trânsito de materiais, veículos e/ou
pessoal) e pode acontecer tanto nos rebanhos de reprodutores como nos
rebanhos comerciais.
Nos últimos 2-3 anos, a doença que, no Brasil, vem causando o maior
prejuízo econômico para produtores de corte e postura é a Doença de
Gumboro, causada por cepas de vírus muito patogênicos (por exemplo, cepa
G11). As altas taxas de mortalidade (3-30% em frangos de corte e de até
50% em poedeiras) e a imunossupressão posterior nas aves sobreviventes
são as principais causas das perdas econômicas. Felizmente, esta
enfermidade pode ser de controle relativamente fácil, via implantação de
programas de vacinação com cepas vacinais apropriadas e rígidas regras de
biosseguridade. Ambos fatores de controle nunca devem ser aplicados
isoladamente.
Já nos últimos anos da década passada foi a Leucose Mielóide a enfermidade
mais importante, economicamente, na avicultura de corte. Não só no Brasil,
mas praticamente em todas as áreas de avicultura de corte do mundo. Aqui,
foi responsável pelo desaparecimento de uma linhagem comercial de
matrizes pesadas. Para esta doença, infelizmente, não existe qualquer
prática de controle efetiva e/ou viável economicamente a ser aplicada em
rebanhos de reprodutores e/ou frangos. O controle/erradicação da Leucose
Mielóide depende da qualidade dos protocolos de testagem laboratorial e
clínica que devem, obrigatoriamente, ser utilizados pelas empresas de
genética sobre seus plantéis de linhas puras, assim prevenindo a
disseminação da virose através da pirâmide de multiplicação até os produtos
comerciais (reprodutores e frangos). Neste momento, no Brasil, esta
enfermidade está sob controle.
A sanidade dos plantéis poderá ser afetada após a restrição do uso de
aditivos artificiais?
Podemos esperar mudanças de desempenho zootécnico em lotes de frangos
sendo alimentados com rações sem aditivos antibióticos e/ou agentes
anticoccidianos. Isto já está sendo percebido em larga escala em alguns
países da Europa, onde a grande maioria destes aditivos já foi banida da
alimentação de frangos de corte.
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Luis Sesti
Assessor de Desenvolvimento
Técnico da Multimix Diretor Executivo da FACTA
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"Nos últimos anos, a doença
que, vem causando o maior
prejuízo econômico para
produtores de corte e postura
é a Doença de Gumboro. As
altas taxas de mortalidade e a
imunossupressão posterior nas
aves sobreviventes são as
principais causas das perdas
econômicas. Felizmente, esta
enfermidade pode ser de
controle relativamente fácil,
via programas de vacinação e
rígidas regras de
biosseguridade. Ambos fatores
de controle nunca devem ser
aplicados isoladamente"
Aditivos antibióticos foram introduzidos na alimentação das aves
principalmente em função dos benefícios zootécnicos observados no
desempenho, como melhoria da conversão alimentar, do ganho de peso e
menores taxas de mortalidade. Estes aditivos antibióticos são absorvidos de
maneira mínima no intestino e não têm ação sistêmica direta no organismo
das aves. Portanto, o risco de resíduos na carne, observado o período de
retirada apropriado, praticamente inexiste. São incorporados às rações em
doses muito baixas, indo agir no intestino das aves principalmente via:
- redução direta da população de alguns tipos de bactérias comensais do
trato intestinal (por exemplo, clostridium)
- alteração (desequilíbrio) da flora geral do intestino e conseqüente inibição
do crescimento de alguns tipos de microorganismos indesejáveis.
"Podemos esperar mudanças
30/7/2009 09:17
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A ação destas substâncias se dá principalmente pelo controle do desafio
bacteriano entérico sub-clínico e pela redução ocasional de doença clínica
evidente. Uma das doenças clínicas controladas mais eficazmente é a
enterite necrótica (causada pelo Clostridium perfringem).
Além disso, os antibióticos aditivos de ração aumentam a disponibilidade de
nutrientes a serem absorvidos pelas aves, bem como ampliam a variedade de
matérias-primas possíveis de serem utilizadas como ingredientes para a
ração animal.
A principal razão alegada para o banimento do uso de aditivos antibióticos
em rações animais é a possibilidade de aparecimento de microorganismos
resistentes a estes antibióticos. Estes microorganismos eventualmente
contaminariam humanos e não poderiam ser combatidos com os mesmos
antibióticos ou, mesmo, com drogas de estrutura e função similares ao
antibiótico fornecido aos animais. É muito importante ressaltar que as
extensas e detalhadas análises epidemiológicas realizadas nos Estados
Unidos e em vários países da Europa (tanto por organizações governamentais
quanto por empresas privadas) falharam em associar científica e
definitivamente o aparecimento de microorganismos resistentes a
determinados antibióticos com a utilização destes mesmos produtos ou
similares como aditivos em rações de animais comercialmente explorados
pelo homem (principalmente aves e suínos). Portanto, a decisão de
banimento dos aditivos antibióticos nas rações de aves com base na
transferência de resistência bacteriana a antibióticos de animais para o
homem é, até este momento, totalmente carente de comprovação científica
irrefutável.
Sem dúvida, a principal conseqüência clínica da retirada destes aditivos
antibióticos da ração de frangos é um aumento na incidência de enterite
necrótica (tanto clínica quanto sub-clínica) - que será maior quanto maior for
a utilização de ingredientes alternativos na ração (trigo, triguilho, sorgo, etc.
etc.), além de milho e farelo de soja. Este fato já é observado em alguns
países da Europa e também no Brasil.
De um modo geral, ensaios realizados no Brasil e ao redor do mundo indicam
claramente que a retirada destes aditivos da alimentação dos frangos
resultará nas seguintes perdas (abate às 6 semanas):
-
menor peso final;
maior coeficiente de variação de peso dentro do lote;
pior conversão alimentar, e
aumento na taxa de mortalidade final.
http://www.avisite.com.br/reportagem/reportagem.asp?codigo=8
de desempenho zootécnico em
lotes de frangos sendo
alimentados com rações sem
aditivos antibióticos e/ou
agentes anticoccidianos. Isto
já está sendo percebido em
larga escala em alguns países
da Europa, onde a grande
maioria destes aditivos já foi
banida da alimentação de
frangos de corte"
"A decisão de banimento dos
aditivos antibióticos nas
rações de aves com base na
transferência de resistência
bacteriana a antibióticos de
animais para o homem é, até
este momento, totalmente
carente de comprovação
científica irrefutável"
Uma série de produtos - de uma maneira geral intitulados de "orgânicos" tem sido desenvolvida e disponibilizada no mercado na tentativa de
substituir os aditivos antibióticos e agentes anticoccidianos. Entre os
principais temos:
- vacinas vivas contra a coccidiose;
- ácidos orgânicos;
- probióticos;
- prebióticos;
- produtos naturais (extratos de plantas, temperos naturais, óleos
essenciais);
- enzimas digestivas; e
- complexos minerais orgânicos.
Os resultados conseguidos com a utilização destes produtos (isoladamente
ou em combinação), em substituição aos aditivos antibióticos, têm sido
muito variáveis e, de um modo geral, os melhores resultados alcançados por
estes produtos ainda estão aquém de bons resultados obtidos com aditivos
antibióticos e anticoccidianos.
Portanto, as grande conseqüências do banimento dos aditivos antibióticos e
anticoccidianos da alimentação de frangos de corte serão uma queda do
desempenho zootécnico dos rebanhos e um significativo aumento no custo de
produção. Além disso, uma grande parte do potencial genético das modernas
linhagens de corte será perdido, pois não haverá condições apropriadas para
a ave expressá-lo ao máximo. Quanto a este aspecto, algumas empresas de
genética já estão trabalhando para o futuro e realizando o processo de
seleção genética das linhas puras em condições livres de aditivos antibióticos
e deste modo, direcionando a seleção de indivíduos mais aptos a estas
condições específicas.
Outro aspecto muito importante a ser lembrado é o direto relacionamento
entre qualidade do sistema de criação e obtenção de bons resultados com
produtos substitutivos dos aditivos antibióticos e anticoccidianos. Ou seja,
os melhores resultados sempre serão alcançados naqueles sistemas de
produção com bom nível de saúde de rebanho, rígido programa de
biosseguridade e manejo, instalações (meio ambiente apropriado) e
equipamentos adequados.
"Mesmo num sistema de
criação com produtos produtos
substitutivos dos aditivos
antibióticos e anticoccidianos,
os melhores resultados sempre
serão alcançados naqueles
sistemas de produção com
bom nível de saúde de
rebanho, rígido programa de
biosseguridade e manejo,
instalações (meio ambiente
apropriado) e equipamentos
adequados"
Que doenças podem ser consideradas mais desafiantes para o técnico e
o produtor avícolas?
Também aqui uma generalização não é possível. A possibilidade de
prevenção ou controle de determinada enfermidade irá depender, entre
outros fatores, da situação de infra-estrutura (tipo de instalações;
localização: dos galpões , incubatório , fábrica de ração, etc. etc.), da
situação epidemiológica específica de cada sistema de produção e da região
onde estão localizados, da disponibilidade de vacinas efetivas e aprovadas
legalmente, da existência de programas de biosseguridade efetivos, etc. etc.
Sem dúvida nenhuma, aquelas doenças (viroses principalmente) que cursam
agudamente com alta mortalidade, são bastante difíceis de serem
controladas durante a fase aguda da infecção. Na maioria das vezes não há o
que fazer para controlar um surto agudo de certas viroses. Por exemplo:
durante um surto de Doença de Gumboro causado pela cepa viral G11, não há
qualquer procedimento realmente efetivo que possa ser implantado para
controlar a mortalidade e as perdas que ainda ocorrerão no lote afetado,
mesmo após passado o pico de mortalidade. Outro exemplo típico seria um
surto de Doença de Newcastle causado por uma cepa viral velogênica
viscerotrópica e/ou neurotrópica. Também neste caso nada pode ser feito
para controle da mortalidade. Felizmente esta doença está sob controle no
Brasil e estes tipos de cepas da Doença de Newcastle são consideradas,
neste momento, como erradicadas da avicultura industrial brasileira. As
perdas econômicas advindas de surtos de ambas as viroses podem ser
prevenidas com programas de vacinação apropriados, os quais apresentam
excelente relação custo/benefício. Outras viroses importantes sob o ponto de
"As doenças virais que cursam
agudamente com alta
mortalidade são bastante
difíceis de serem controladas
durante a fase aguda da
infecção. Na maioria das vezes
não há o que fazer para
controlar um surto agudo de
certas viroses"
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vista de perdas econômicas (Pneumovirose Aviária, Síndrome da Queda da
Postura, Anemia Infecciosa das Galinhas, etc.), também podem ser
efetivamente controladas via programas de vacinação.
Existem dois tipos de doenças bacterianas (oficialmente listadas no PNSA Plano Nacional de Sanidade Avícola) que são consideradas de difícil (e caro)
controle e/ou prevenção. São as micoplasmoses (causadas pelos Micoplasma
gallisepticum [MG] e synoviae [MS]) e as salmoneloses aviárias (causadas
pelos sorotipos Salmonela enteritidis [SE], typhimurium [ST], gallinarum [SG]
e pullorum [SP]). Embora não existam estatísticas (oficiais ou não) confiáveis
publicadas sobre a prevalência destas enfermidades nos plantéis das
aviculturas de corte e postura no Brasil, informações extra-oficiais de muitos
médicos veterinários (de campo, de laboratórios de diagnóstico, de
integrações, de empresas privadas de avicultura ou de várias outras
empresas da área) indicam que a situação epidemiológica destas doenças é a
seguinte:
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"O controle das salmoneloses e
micoplasmoses nos sistema de
produção avícola é difícil, não
por que seja muito exigente
em tecnologia, mas sim por
que exige investimentos em
equipamentos, instalações e
educação permanente de todos
envolvidos."
Micoplasmoses por MG - poucos plantéis (corte e postura) são positivos;
por MS - grande maioria dos plantéis (corte e postura) são positivos.
Salmoneloses por SG e SP - muito poucos plantéis (corte e postura) são
positivos;
por ST - poucos plantéis (menos de corte e mais de postura) são positivos;
por SE - muitos plantéis (corte e postura) são positivos.
Os principais aspectos que dificultam a prevenção e o controle e/ou
erradicação destes dois tipos de enfermidades são:
1. alta transmissibilidade lateral de alguns agentes quando alguns fatores
pré-disponentes estão presentes (MS, MG, SE);
2. alta transmissibilidade vertical (dos reprodutores à progênie) de todos
estes agentes;
3. necessidade imperiosa de implantação de rígido programa de
biosseguridade nos sistemas de produção em qualquer tentativa de controle
ou erradicação (via de regra, este aspecto ocasiona um significativo aumento
no custo de produção);
4. percepção por parte de técnicos e produtores de que alguns agentes (MS,
SE) não causam problemas na produtividade das aves e por isto não
justificam investimentos em protocolos de controle ou erradicação.
Embora na grande maioria dos casos não cause infecção clínica nas aves
(com exceção de algumas poucas cepas mais patogênicas para pintos
durante a primeira semana de idade) a Salmonela enteritidis é hoje um dos
agentes mais importantes de toxi-infecções de origem alimentar em humanos
em praticamente todos os países do mundo que consumam produtos avícolas
e tenham programas de monitoramento e estatísticas confiáveis. Portanto, o
controle ou erradicação deste agente em plantéis avícolas é uma questão de
saúde pública, já que frangos contaminados (seja vertical ou lateralmente)
enviados ao abate irão produzir carcaças (carne de frango) contaminadas.
Qualquer empresa exportadora de produtos avícolas sabe perfeitamente que
todos os países importadores exigem produtos livres de salmonela. O
isolamento de salmonela (qualquer sorotipo, tenha ou não impacto na saúde
pública), por ocasião do monitoramento de cargas de produtos avícolas pelos
importadores é motivo de devolução imediata dos produtos e, não raras
vezes, cancelamento da importação.
O controle das salmoneloses e micoplasmoses nos sistema de produção
avícola é difícil, não por que seja muito exigente em tecnologia, mas sim por
que exige investimentos em equipamentos, instalações e educação
permanente de todos envolvidos. Por exemplo, qualquer empresa que
objetive reduzir significativamente ou mesmo erradicar salmonelas de seus
plantéis avícolas deverá, sem sombra de dúvida, implantar um protocolo
realmente efetivo tecnicamente (existem vários protocolos que são
erroneamente considerados efetivos) de descontaminação da ração pronta a
ser fornecida às aves. O alimento das aves é (junto com a transmissão
vertical desde os reprodutores) uma das mais importantes vias de
contaminação dos rebanhos.
Além disso, existem também disponíveis no mercado brasileiro vacinas para
o controle das micoplasmoses e salmoneloses aviárias. No entanto, estas
vacinas são controladas por legislação e somente permitidas sua utilização
em poedeiras comerciais. Reportes científicos da literatura bem como
avaliações internas de empresas nacionais e de outras localizadas em vários
outros países indicam claramente que as bacterinas (vacinas mortas) contra
SE, já disponíveis no Brasil, se constituem em uma excelente ferramenta
complementar para programas de controle deste agente zoonótico. Seu
principal benefício advém da significativa redução da transmissão vertical da
SE em reprodutoras vacinadas.
"A Salmonela enteritidis é hoje
um dos agentes mais
importantes de toxi-infecções
de origem alimentar em
humanos. Portanto, o controle
ou erradicação deste agente
em plantéis avícolas é uma
questão de saúde pública"
"Em produção de aves, um
Programa de Biosseguridade
significa o desenvolvimento e
implementação de um
conjunto de políticas e normas
operacionais rígidas que terão
a função de proteger os
rebanhos contra a introdução
de qualquer tipo de agentes
infecciosos (vírus, bactérias,
fungos, parasitas) e toxinas
(micotoxinas)"
O que é biosseguridade? Na sua opinião, como essa filosofia vem sendo
aplicada no Brasil?
Em seu sentido geral, biosseguridade significa o estabelecimento de um nível
de segurança de seres vivos por intermédio da diminuição do risco de
ocorrência de enfermidades agudas e/ou crônicas em uma determinada
população.
Em produção de aves, um Programa de Biosseguridade significa o
desenvolvimento e implementação de um conjunto de políticas e normas
operacionais rígidas que terão a função de proteger os rebanhos contra a
introdução de qualquer tipo de agentes infecciosos (vírus, bactérias, fungos,
parasitas) e toxinas (micotoxinas).
Existem, certamente, muitas variações sutis quando técnicos e leigos
definem biosseguridade. Mas, de um modo geral, todas as definições de
biosseguridade devem incluir os seguintes princípios:
¨ Controle da multiplicação de agentes biológicos endêmicos.
¨ Prevenção da contaminação dos rebanhos por organismos altamente
contagiosos e potencialmente letais.
¨ Controle (e prevenção) daqueles agentes infecciosos de importância na
saúde pública (zoonoses). A presença de alguns destes agentes - por
exemplo salmonelas e campilobacter - pode passar desapercebida, porque
nem sempre irão afetar o desempenho das aves contaminadas.
¨ Controle (e prevenção) daqueles agentes infecciosos de transmissão
vertical que podem não somente afetar o desempenho e a produtividade da
progênie, como podem ser facilmente disseminados em uma grande área
geográfica e afetar muitos sistemas de produção independentes.
"Felizmente, a utilização desta
filosofia técnica vem crescendo
gradativamente na avicultura
brasileira. Um dos grandes
impulsores deste crescimento
é o incremento observado nas
exportações brasileiras de
produtos avícolas e o
conseqüente preenchimento
dos requerimentos de saúde
animal exigidos pelos países
importadores"
Biosseguridade é um conceito técnico, ou ainda, uma filosofia técnica
aplicada à saúde dos rebanhos da moderna avicultura industrial. Pela
especificidade e ao mesmo tempo abrangência de sua conceituação técnica, o
termo biosseguridade é o mais apropriado quando o assunto for saúde
30/7/2009 09:17
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animal. Certas expressões ditas "técnicas" - utilizadas há muitas décadas
tornam-se equivocadas, irrelevantes e sem sentido quando as comparamos
com o conceito e filosofia de biosseguridade e seus termos correlatos.
Tais expressões não expressam de modo algum a idéia e o conceito de saúde
animal e medicina veterinária preventiva (ambos claramente relacionados
com programas de biosseguridade para sistemas de produção animal) e
devem ser substituídas por outras mais cientificamente apropriadas e
esclarecedoras tais como:
¨ "manejo sanitário", "controle sanitário" substituídas por Normas de
Biosseguridade.
¨ "sanidade animal" substituída por Saúde Animal ou Saúde das Aves, etc…,
etc… para outras espécies domésticas.
¨ "vazio sanitário" substituída por Vazio das Instalações ou Intervalo entre
Lotes.
¨ "sanidade avícola" substituída por Saúde Avícola.
¨ "barreira sanitária" substituída por Norma de Biosseguridade ou Barreira de
Saúde Animal.
¨ "programa sanitário", "programa de sanidade" substituídas por Programa de
Biosseguridade ou Programa de Saúde do Rebanho e
¨ "sanidade de rebanho" substituída por Saúde de Rebanho.
Felizmente, a utilização desta filosofia técnica (biosseguridade) vem
crescendo gradativamente na avicultura brasileira. Sem dúvida um dos
grandes impulsores deste crescimento é o incremento observado nas
exportações brasileiras de produtos avícolas e conseqüente preenchimento
dos requerimentos de saúde animal exigidos pelos países importadores.
Mas também, de um modo geral, produtores e técnicos da avicultura
brasileira estão rapidamente se dando conta da necessidade imperiosa de
utilizarem programas de biosseguridade em seus sistemas de produção para
alcançarem o máximo de produtividade e lucratividade.
O recente (últimos 2-3 anos) aparecimento de cepas altamente patogênicas
do vírus causador da Doença de Gumboro veio mostrar claramente ao setor
avícola a importância da biosseguridade na prevenção e controle de
enfermidades.
No entanto, há grandes fatores de impedimento de uma adoção irrestrita e
efetiva do conceito técnico "biosseguridade" pelo segmento avícola que
continuam, ainda, inibindo produtores e técnicos. São eles:
- custo de elaboração, implantação, auditoria e manutenção de um programa
de biosseguridade;
- necessidade absoluta de disciplina, comprometimento e educação em
biosseguridade de todos, absolutamente todos aqueles envolvidos com um
programa de biosseguridade. Nenhum elo pode enfraquecer ou tudo será
perdido. Um programa de biosseguridade com soluções de continuidade em
qualquer uma de suas principais fases (elaboração, implantação, contínua
auditoria e atualização) não trará nenhuma melhoria para o sistema e ainda
tornará o custo de produção injustificável;
- falta de maior exigência por qualidade pelo consumidor interno e,
conseqüentemente, pelas redes distribuidoras de produtos avícolas (com
pouquíssimas exceções), e
- falta de infra-estrutura do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento para total implantação e auditoria permanente do Plano
Nacional de Saúde Avícola.
Em termos epidemiológicos, há alguma enfermidade que possa ser
considerada preocupante para a avicultura brasileira?
http://www.avisite.com.br/reportagem/reportagem.asp?codigo=8
"Produtores e técnicos da
avicultura brasileira estão
rapidamente se dando conta
da necessidade imperiosa de
utilizarem programas de
biosseguridade em seus
sistemas de produção para
alcançarem o máximo de
produtividade e lucratividade"
"Existem duas enfermidades
que podem causar seríssimos
prejuízos à avicultura
brasileira se ocorrerem no
Brasil. São elas:
- Influenza Aviária de alta
patogenicidade (IAAP) e a
- Doença de Newcastle
viscerotrópica/
neurotrópica velogênica (DN).
As duas são as únicas
enfermidades de aves
constantes da lista A da OIE
(Escritório Internacional de
Epizootias com sede em
Paris)"
Sim, na realidade existem duas enfermidades que podem causar seríssimos
prejuízos à avicultura brasileira se ocorrerem no Brasil. São elas:
- Influenza Aviária de alta patogenicidade (IAAP) e a
- Doença de Newcastle viscerotrópica/neurotrópica velogênica (DN).
As duas são as únicas enfermidades de aves constantes da lista A da OIE
(Escritório Internacional de Epizootias com sede em Paris).
Influenza Aviária de alta patogenicidade (IAAP) - Esta é uma enfermidade
sistêmica viral de aves domésticas, extremamente infecciosa e de alta
transmissibilidade, que causa altas taxas de mortalidade e enorme prejuízo
econômico para a avicultura industrial. Foi primeiramente descrita na Itália
em 1878 quando foi então chamada de "Praga das Aves". Hoje, esta doença
é denominada de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP). Em 1901
foi descoberto que a "Praga Aviária" era causada por vírus. Entretanto, foi
somente em 1955 que o vírus foi identificado como um vírus de influenza.
Desde então, centenas de vírus causadores de Influenza Aviária têm sido
isolados de aves ao redor do mundo. Alguns destes vírus causam uma
enfermidade de média ou baixa virulência ou mesmo não causam qualquer
sintomatologia. No entanto, alguns tipos destes vírus causam a IAAP com
taxas de mortalidade as quais freqüentemente alcançam 100% em lotes
afetados. Além disto, um efetivo controle desta enfermidade exigirá o abate
preventivo das aves de todos os sistemas de produção próximos do foco e de
todos aqueles lotes apenas suspeitos de estarem contaminados.
Recentemente, a IA tem se tornado talvez o mais importante risco à
moderna indústria avícola mundial, não somente pelos seus enormes efeitos
clínicos sobre os rebanhos (morbidade e mortalidade) claramente ilustrados
nos recentes surtos ocorridos no México e Itália, bem como por seus riscos à
saúde pública (casos ocorridos em Hong Kong). Os vírus isolados dos casos
humanos de influenza (tipos H5N1 e H9N2) em Hong Kong e China em 97-99
foram investigados molecularmente e foi demonstrado que os genes H5 e H9
destes vírus provinham de aves domésticas da região. O isolado H5N1 na
verdade causou também um surto de IAAP em Hong Kong e o H9N2 foi
caracterizado como de média patogenicidade. As organizações oficiais de
saúde de Hong Kong consideram que este vírus H5N1 foi um novo e letal
agente infeccioso capaz de disseminar-se de uma forma direta, porém pouco
eficiente, desde as aves até humanos. Felizmente, a transmissão deste vírus
de pessoa para pessoa revelou-se muito ineficiente. Se este vírus pudesse
ter desenvolvido uma capacidade de transmissão eficiente de humanos para
humanos, aquela parte do mundo estaria sob o risco de ocorrência de uma
nova pandemia de influenza.
O risco que a transmissão inter-espécie destes vírus possa trazer para
humanos não está ainda científica e definitivamente provado e quantificado
de maneira a não suscitar discussões. No entanto, os casos ocorridos em
Hong Kong e China, os quais tornam esta possibilidade técnica real, mais a
enorme cobertura e difusão feita pelos modernos meios de comunicação, traz
conseqüências econômicas seríssimas para a indústria avícola, tanto no
mercado interno, quanto, principalmente, no mercado de exportação de
produtos avícolas. Um surto de IAAP no Brasil inviabilizaria imediatamente a
exportação de nossos produtos avícolas por um tempo indeterminado. Além
"O sucesso comercial da
indústria avícola brasileira
depende, e dependerá cada
vez mais no futuro, da
manutenção de um nível de
saúde do plantel nacional. De
preferência, sempre melhor do
que o dos outros grandes
centros de produção avícola ao
redor do mundo. Esta é - e
sempre será - uma condição
essencial para a manutenção
de nosso importante mercado
externo"
30/7/2009 09:17
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disso, um acontecimento deste tipo seria por muito tempo, mesmo depois de
efetivamente controlado, utilizado como barreira protecionista contra nossas
exportações.
O Brasil é hoje, internacionalmente, considerado como livre de IAAP, nunca
tendo ocorrido neste país um surto de IAAP e/ou isolamento de um vírus de
Influenza Aviária que fosse caracterizado como de alta patogenicidade. Em
meses recentes, os Estados Unidos reportaram surtos localizados de
Influenza Aviária causada por uma cepa viral de baixa patogenicidade.
Também em Honduras, no primeiro semestre de 2001, ocorreram suspeitas
de soroconversão para Influenza Aviária. Após investigação detalhada, foi
oficialmente concluído (e aceito pela OIE) que não havia a presença de
qualquer cepa do vírus da Influenza Aviária naquele país, de modo que a
enfermidade continua a ser considerada exótica em Honduras. Alguns
rumores extra-oficiais tem sido ouvidos no mercado avícola da América do Sul
de que alguns lotes positivos sorologicamente para a Influenza Aviária foram
encontrados na Colômbia. Nenhuma informação oficial ou mais detalhada foi
liberada até agora. Mesmo que a princípio possam parecer não verdadeiros,
rumores deste tipo devem sempre serem levados a sério e merecerem um
mínimo de investigação mais detalhada. Se a Influenza Aviária for realmente
confirmada em qualquer país da América do Sul, a situação de risco do Brasil
se elevará enormemente e medidas adicionais oficiais de prevenção devem
ser tomadas.
Por apresentar também transmissão vertical, uma das principais portas de
entrada destes vírus em um país livre de IAAP é a importação de
reprodutores (bisavós, avós e/ou matrizes de um dia de idade). É
absolutamente vital para a sobrevivência do mercado internacional da
indústria brasileira que esta condição seja mantida. Isto somente será
possível através de um programa de biosseguridade oficial dirigido à
prevenção da entrada destes patógenos em nosso criatório nacional.
Provavelmente, a parte mais importante deste programa de biosseguridade
para a Influenza Aviária no Brasil será o plano de contingência que deverá
ser elaborado para utilização quando da ocorrência (ou suspeita) de um caso
ou surto de IAAP. Uma rápida e eficaz tomada de decisão nestes momentos
críticos não somente diminui drasticamente os prejuízos econômicos
derivados da fase clínica da enfermidade, como também evidencia ao
mercado internacional o comprometimento e competência da avicultura
brasileira em manter nosso sistema de produção com o melhor nível de saúde
possível dentro de padrões exigidos internacionalmente.
Doença de Newcastle viscerotrópica / neurotrópica velogênica (DN) Enquanto a IAAP ocorre de maneira muito pouco freqüente, a DN é enzoótica
em algumas partes do mundo e um perigo permanente para a maioria das
aves criadas comercialmente, principalmente aquelas de sistemas criatórios
não organizados e de fundo de quintal. Em países em desenvolvimento
através da Ásia, África, América Central e algumas partes da América do Sul,
a DN causa perdas significativas na população de criações comerciais de
fundo de quintal as quais, nestes países, representam uma importante fonte
de renda e de alimento para a população.
As cepas de vírus da DN que realmente são importantes sob o ponto de vista
clínico e epidemiológico são as velogênicas (cepas de alta virulência)
viscerotrópica (lesões hemorrágicas no intestino) e/ou neurotrópica (lesões
no sistema nervoso e ocorrência de sintomatologia nervosa).
Uma avaliação da prevalência da DN no mundo em um dado momento
específico é extremamente difícil. Em alguns países a DN não é notificada de
modo algum ou, então, somente é reportada quando um surto de grandes
proporções ocorre em algum sistema de produção da moderna avicultura
industrial. Por outro lado, a presença do vírus da DN em criações de fundo de
quintal e/ou criações semi-comerciais é simplesmente ignorada. Mesmo para
sistemas organizados da moderna avicultura industrial, uma estimativa da
real prevalência da DN é confundida pelo uso de vacinas vivas em quase
todos os países do mundo, com pouquíssimas exceções.
Nos últimos 2 anos vários países ao redor do mundo tem reportado surtos de
DN ao Escritório Internacional de Epizootias (OIE) em Paris. Estes países
são:
Austrália Azerbaijão Botswana Comoros Eritrea Honduras Israel
Itália Japão México Suécia Turquia Zâmbia
No Brasil, a DN se encontra efetivamente controlada via vacinação. No
entanto, no sul do país existem áreas declaradas livres da DN onde a
vacinação não é mais praticada. O último surto de DN notificado no Brasil
ocorreu em Dezembro de 2001 em galinhas de fundo de quintal criadas em
assentamento de sem-terras em Goiás. Anteriormente, um outro surto foi
reportado em Julho de 2000 no Rio de Janeiro, em galinhas domésticas
criadas de forma semi-intensiva e não industrialmente. O controle de ambos
os focos foi rápido e baseado na eliminação de todas as aves sobreviventes.
Em 1997, dois focos foram detectados em uma importação de avestruzes da
Namíbia. As aves pertencentes ao grupo importado foram mais tarde
sacrificadas e aparentemente não ocorreu contaminação de aves domésticas
no Brasil a partir destas avestruzes importadas. Ainda neste ano de 2002, o
Ministério da Agricultura deverá iniciar pesquisa sorológica para a DN em
amostras de sangue coletadas em abatedouros de frangos. Os objetivos são
avaliar a situação epidemiológica em vários Estados do país, bem como
elaborar um banco de dados oficiais para utilização junto a organismos
internacionais.
Portanto, é evidente que o sucesso comercial da indústria avícola brasileira
depende, e dependerá cada vez mais no futuro, da manutenção de um nível
de saúde do plantel nacional. De preferência, sempre melhor do que o dos
outros grandes centros de produção avícola ao redor do mundo. Esta é - e
sempre será - uma condição essencial para a manutenção de nosso
importante mercado externo.
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30/7/2009 09:17
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