Manifesto Popular da Juventude do Estado de São Paulo O mês de junho sacudiu o Brasil. Milhões de rostos inundaram as ruas das principais cidades do país e refletiram uma indignação popular que há muito não se via. Em sua maioria jovens, os gritos que ultrapassaram os 0,20 centavos eram também por mais direitos e democracia. Incendiados por um sentimento de vitória real, contra todas as barreiras que sufocam os sonhos da juventude, cada vez mais e mais vozes e cartazes se uniram para lutar por dias mais justos. As juventudes organizadas que mobilizaram o país nas jornadas de lutas que articularam jovens e trabalhadores levantando pautas históricas e atuais; como a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, fim do fator previdenciário, mais investimentos para a educação com os 10% do PIB, 50% do Fundo Social do Pré-Sal e 100% dos royalties do petróleo para a área, educação pública gratuita, de qualidade para todos e em todos os níveis; foi um momento de enorme efervescência que deu novo fôlego para as reivindicações populares rumo a um país mais democrático e plural. Apesar de um Brasil diferente dos anos de chumbo e do período neoliberal, as conquistas dessa década recente são significativas porém insuficientes para uma juventude que elevou seu nível de consciência e está disposta mudar sua realidade! As mudanças que transformarão o país necessitam ser construídas por mais e mais mãos, por cada vez mais e mais pessoas dispostas a pautar efetivamente uma plataforma de lutas que faça o país avançar! Diante das manifestações populares que explodiram por todo o país, os ativistas sentiram o sabor daquilo que os movimentos sociais já se acostumaram há tempos: o gosto do spray de pimenta, do gás lacrimogênio, a dor do cassetete e da bala de borracha. Essa é a realidade que enfrentam há pelo menos 20 anos os movimentos sociais paulistas, ou até de forma mais violenta, já que a recepção na periferia não é com bala de borracha. Dados do Mapa da Violência de 2012 afirmam que a juventude que mais morre hoje é a pobre e negra, nas periferias. A única política pública que o governo tucano do estado de São Paulo oferece à população que mais necessita é a repressão da Polícia Militar! Há tempos que questionamos o papel da escola pública que não forma nem para o mundo do trabalho nem para o ingresso na universidade; há tempos somos obrigados a esperar em filas quilométricas para garantir consultas médicas que demoram meses para se concretizar; há tempos somos obrigados a morar em comunidades que não tem o mínimo de infraestrutura e condições de vida digna; além de ser há tempos que nos esprememos em ônibus lotados, sem horários fixos e com poucas linhas disponíveis. O projeto do PSDB para o estado de São Paulo obriga a população a viver submissamente, sem direito à questionar e ser ouvida na luta por melhorias. Não é de hoje que vimos nossos professores serem recebidos com repressão policial em greves por melhores salários e condições de trabalho, os movimentos sociais e os de juventude anualmente não conseguem abrir um canal de diálogo pois esse governo ignora a realidade cruel que vivemos! Pra usar mais um exemplo, basta lembrar como o governador Geraldo Alckimin tratou os moradores do Pinheirinho em São José dos Campos. Apesar do estado possuir grandes centros de produção tecnológica que deveriam servir de impulso ao desenvolvimento nacional, as universidades estaduais paulistas não refletem a realidade do povo que quer se ver entre os bancos escolares. Em resposta à aprovação das cotas raciais e sociais aprovadas pelo governo federal, o governador apresenta aos estudantes paulistas o Programa de Inclusão por Mérito do Estado de São Paulo, que decreta a falência objetiva do ensino médio paulista que aplica descaradamente a aprovação automática e reitera a exclusão dos jovens negros e de escola pública das universidades paulistas. Atualmente existem 150 mil presos, em sua maioria jovens, o que demonstra um massivo encarceramento da juventude, isentando-se de incluí-la na sociedade e uma vontade constante de reduzir a maioridade penal. Nosso estado possui a maior parte das riquezas do pré-sal de todo país, localizadas na baixada santista, por isso é fundamental garantir a aprovação do projeto de lei 323/2007, que destina as riquezas petrolíferas para a educação. São mais R$ 250 bilhões de reais a mais no orçamento da educação e além disso também devemos lutar para garantir que o estado de São Paulo dê o mesmo destino para as receitas do petróleo de nosso estado. A essa luta se soma a necessidade de barrar os leilões dos poços da área do pré-sal, garantindo que a totalidade dessa riqueza fique em nosso estado, ao invés de encher os bolsos das grandes petroleiras internacionais. Mais uma vez levantamos a bandeira “O petróleo é nosso!”. Recentemente vimos explodir o caso do escândalo do “cartel” no metrô paulista, como se tod@s @s usuári@s do sistema público de transporte não denunciassem os abusos de um sistema falido que não serve à sociedade paulista. Foram inúmeras as denúncias e tentativas de investigação e fiscalização do transporte público paulista na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Tentativas essas barradas pela base governista que se sustenta dessas políticas excludentes de um projeto neoliberal que sucateia os seviços públicos e remete à população ao caos. Não há projeto de mobilidade urbana que inclua e promova um real direito à cidade à população, em especial aos jovens paulistas. Enquanto vimos o governador bradar aos quatro cantos que é somente um “cartel de empresas”, que o governo “também foi lesado nesse processo” e “nunca teve parte no caso”, temos clareza que as manchetes da imprensa golpista não nos enganam! O PSDB pactua com um projeto de desmonte do Estado e desvio de verbas que sugam a riqueza do povo paulista em favorecimento dos grandes donos de empresas e das redes de comunicação! Se é muito verdade que as manifestações de junho amplificaram as palavras de ordem que colocamos em pauta nas ruas há mais de 20 anos e impulsionaram tantas outras mudanças, é chegada a hora de unificarmos as vozes e os rumos para reivindicar explicações ao governador do estado para dar um basta ao sucateamento do estado de São Paulo, contra a corrupção no transporte público e em especial no metrô e trens paulistas que não atendem às demandas da população paulista por mobilidade urbana, assim como somos contra o valor abusivo pago diariamente nos pedágios de todas as rodovias paulistas que oferecem um serviço ruim à população! O governo tucano, representado na figura do governador Geraldo Alckimin, deve explicações ao povo paulista e será a juventude, unida e consequente, que cobrará essas repostas nas ruas, como sempre fizemos e como sempre faremos! A chamada é para seguirmos mobilizados, organizados e conscientes, buscando dar um basta à toda corrupção e descaso desse projeto que criminaliza a juventude e os movimentos sociais. A juventude paulista, todas as suas opiniões e cores, entende que esse é o momento de concentração de forças para organizar nossa ação na luta por conquistas concretas! Para ganhar mais mentes e corações, vamos colorir de povo as ruas de São Paulo, com a alegria própria da juventude, certos de que alcançaremos mais conquistas para todo o povo paulista! Exigimos: - CPI dos Transportes; - CPI da Globo e democratização da mídia com a legalização das rádios comunitárias; - Contra a criminalização dos movimentos sociais, com abertura de diálogo; - Fim do genocídio da juventude, especialmente da juventude negra; - Valorização dos trabalhadores do serviço público om reconhecimento do Sistema de Negociação Permanente (SINP) do funcionalismo público; - Mais equipamentos públicos de esporte, cultura e lazer; - Fim das privatizações, terceirizações e OSs no setor público, visando serviços públicos de qualidade que de fato atendam a demanda da população paulista; - Mais vagas nas universidades públicas, contra o PIMESP, cotas já! - Contra a redução da maioridade penal! - Desmilitarização da polícia militar! Assinam esse manifesto: FML, MST, UJR, UJS, JPL, Levante Popular da Juventude, JPT, UEE-SP, UPES, Marcha Mundial de Mulheres, Movimento Para Todos, UBES, UNE, Fora do Eixo, JSOL, Kizomba, Graúna, UMES SP, Esquerda Marxista, CUT, APJN, Juventude Revolução, Sintaema e Apeoesp. Convocamos toda a juventude paulista para o calendário de lutas: - Dia Nacional de Ocupação das Reitorias dia 13 de agosto; - Participação no ato do dia 15 de agosto na UNESP; - Ato na ALESP pela Instalação da CPI, dia 20 de agosto (proposta); - Jornada da Juventude e movimento de educação, em conjunto com a manifestação das Centrais Sindicais, dia 30 de agosto; - Marcha Mundial de Mulheres, dia 31 de agosto; - Participação em todos os atos no interior do estado. - Grito dos Excluídos, dia 07 de setembro.