A importância do lúdico para o desenvolvimento e aprendizagem da criança hospitalizada Janayna Luiza Sales Queiroz Este artigo tem como objetivo geral apresentar considerações acerca da importância da utilização do lúdico no processo de ensino aprendizagem da criança hospitalizada, trazendo considerações também da importância da brinquedoteca hospitalar. Onde a brincadeira é uma maneira da criança interagir, vivenciar situações onde o real não a possibilitaria e etc, auxiliando em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem além de propiciar o bem estar e o relaxamento. Cujo este suporte a educação, saúde e bem estar do educando se dá quando o trabalho pedagógico, realizado de forma lúdica, auxilia na motivação e na alta da autoestima além de fazer com que os educando se sintam inseridos no meio social novamente. A Pedagogia Hospitalar é um desafio para os educadores, já que é bem complexa a educação feita na sala de aula quem dirá aquela feita no hospital. A indagação que me remeto é será que os profissionais estão preparados para essa educação? E claro ao refletirmos, podemos concluir que não, os pedagogos saem de seu curso, pouco preparados para o alicerce de sua profissão que é a docência, e ao pensarmos nessa docência no ambiente hospitalar a dificuldade desse educador triplica. Os pedagogos buscam nesse caso a correlação entre a educação e a saúde, e como diz Rosângela Wolf (2012), a prática pedagógica desse educador pode se dá de diversas formas como de cunho educacional, social e emocional, na verdade acredito que a tríplice da pedagogia hospital deve caminhar por essas bases, em que pode ser concretizada por meio de projetos educacionais e programas sociais. Vejamos o que diz Rosângela Wolf (2012, p. 02): A prática do pedagogo se dará através das variadas atividades lúdicas e recreativas como a arte de contar histórias, brincadeiras, jogos, dramatização, desenhos e pinturas, a continuação dos estudos no hospital. Essas práticas são as estratégias da Pedagogia Hospitalar para ajudar na adaptação, motivação e recuperação do paciente, que por outro lado, também estará ocupando o tempo ocioso. Podemos comprovar isso com Matos e Muggiati (2001): [...] a questão da formação desse profissional constitui-se num desafio aos cursos de Pedagogia, uma vez que as mu- danças sociais aceleradas estão a exigir uma premente e avançada abertura de seus parâmetros, com vistas a oferecer os necessários fundamentos teórico-práticos, diferenciados para o emergentes alcance no de cenário atendimentos educacional. (MATOS; MUGGIATI, 2001, p. 15). Esses autores ainda nos falam que a Pedagogia Hospital vem “[...] oferecer à criança hospitalizada, ou em longo tratamento hospitalar, a valorização de seus direitos à educação e à saúde, como também ao espaço que lhe é devido enquanto cidadão do amanhã”. (MATOS; MUGGIATI,2001, p. 16). Hoje o ensino regular se mostra necessário em diferentes ambientes e não semente nas salas de aula. O ambiente hospitalar é um destes lugares, onde muitos crianças e adolescentes são internados e por isso não podem frequentar a escola de modo regular, e para atender esta demanda de alunos fora do ambiente “convencional” de ensino foram criadas as classes hospitalares. Para tanto, o profissional que pretende trabalhar ou que trabalha neste contexto deve ter em mente o que RODRIGUES (2012) apresenta em seu livro, onde o profissional deve compreender a diferença de um ambiente hospitalar. Pois é um conjunto diferenciado de normas, regras, horários, valores e funções sociais diferentes de uma escola. As práticas pedagógicas também devem cuidadosamente analisada, pois no ambiente internos, e de internação por vários processos de conflitos sua aprendizagem sofre grande influência dos remédios, do ambiente, das suas emoções e da sua autoestima por estar longe de casa, dos amigos, de alguns familiares etc. No caso da Pedagogia Hospitalar, as práticas pedagógicas em alguns momentos precisam romper com uma “doutrina” didática, tornarem-se uma prática reflexiva capaz de construir e reconstruir novos saberes.[...] A forma de ensinar extrapola a sala de aula, a observação do aluno para verificar suas aprendizagens, que envolvem brincar, ouvir, observar como se organizam diante do mundo, das coisas e das pessoas, demonstra a importância do trabalho pedagógico, em espaços alternativos de modo competente e responsável que se evidencia no processo de observação, avaliação e interação, para minimizar as dificuldades dos alunos. (RODRIGUES, pg 85, 2012). Em qualquer ambiente de educação o professor têm a possibilidade de trabalhar o conteúdo a ser ministrado de forma lúdica, e pensando que o aluno que está hospitalizado está fragilizado, com a autoestima baixa, o que pode interferir bastante em seu processo de ensino aprendizagem, a prática de atividades lúdicas pode auxiliar na aprendizagem, desenvolvimento e no processo de melhora do aluno. Estas atividades pedagógicas podem ser as mais variadas possíveis, como jogos, brincadeiras, dinâmicas, cotação de histórias etc, sendo estas atividades voltadas para o ensino e também para o divertimento, mas lembrando que cada paciente é único, e que antes de se desenvolver qualquer atividade, primeiramente deve-se conversar e ter a autorização da equipe médica, pois o fundamental além da educação é a saúde e o bem estar do paciente. Pensando em práticas pedagógicas feitas com atividades lúdicas devemos esclarecer que atividades são essas, onde CORDAZZO e VIEIRA (2007) apontam que a palavra em português que indica a ação lúdica infantil é caracterizada pelos verbos brincar e jogar, sendo que brincar indica atividade lúdica não estruturada e jogar, atividade que envolve os jogos de regras propriamente ditos. Porém para Vigotski, todas essas atividades têm regras. (PRESTES, 2008) Como apontado acima a brincadeira auxilia no desenvolvimento e aprendizagem da criança onde para Vigotski a relação entre a brincadeira e o desenvolvimento deve ser comparada com a relação entre a instrução e desenvolvimento. Por trás da brincadeira estão as alterações das necessidades e as alterações de caráter mais geral da consciência. A brincadeira é fonte do desenvolvimento e cria a zona de desenvolvimento iminente. A ação num campo imaginário, numa situação imaginária, a criação de uma intenção voluntária, a formação de um plano de vida, de motivos volitivos - tudo isso surge na brincadeira, colocando-a num nível superior de desenvolvimento, elevando-a para a crista da onda e fazendo dela a onda decúmana do desenvolvimento na idade pré-escolar, que se eleva das águas mais profundas, porém relativamente calmas (PRESTES,2008). O que pode ser percebido é que prática de atividades lúdicas tanto no ambiente hospitalar como em outros ambientes oportuniza a criança a conhecer a si própria, as potencialidades do do seu corpo, os movimentos, auxilia na resolução de conflitos internos, através da brincadeira de faz de conta por exemplo, além de saciar desejos que não podem ser realizados na vida real ou naquele momento e etc. Não há dúvidas de que a utilização de atividades e recursos lúdicos auxiliem na aprendizagem e desenvolvimento da criança hospitalizada além de humanizar e amenizar o processo de internação, mas para tal, é necessário que haja um espaço onde a criança possa realizar tais atividades que seja além da “classe” com carteiras e quadro por exemplo, que diga-se por passagem é essencial. Em muitos hospitais e também em outros ambientes, hoje existem as brinquedotecas que podem auxiliar muito neste processo. Com base nos argumentos apresentados conclui-se que o direito á educação, pelo menos a básica, seja assegurada mesmo fora do ambiente regular de ensino como a escola. O exemplo aqui apresentado, onde á necessidade de se instalar efetivamente a educação para os alunos que por motivos diversos não podem frequentar a escola é o hospital, tendo como foco as classes hospitalares. Para tanto, a aprendizagem e desenvolvimento do educando que se encontra hospitalizado sofre várias influências, como a baixa da autoestima, os remédios e até mesmo o ambiente. Então o que é proposto neste trabalho que se faça o uso de atividades e recurso lúdicos, pois foi abordado o lúdico auxilia na aprendizagem e desenvolvimento, além de auxiliar na melhora da criança hospitalizada. E olhando pelo viés do auxílio que o lúdico proporciona de forma tridimensional ao educando hospitalizado é apresentado a importância das brinquedotecas hospitalares. O trabalho na classe hospitalar é um trabalho de humanização que visa à educação sem deixar de lado o bem estar do educando auxiliando e enxergando o educando como ser humano e não apenas um paciente com um laudo e um número de leito.