11-03-2011 Mecânica Gravitação – 2ª Parte Prof. Luís Perna 2010/11 Conceito de campo • O conceito de campo foi introduzido, pela primeira vez por Faraday no estudo das interacções eléctricas e magnéticas. Michael Faraday (1791-1867) 1 11-03-2011 Conceito de campo • No século XVIII o conceito de forças à distância era de difícil interpretação, só se aceitava a existência de interacções por contacto. • Para explicar a propagação da luz e as interacções eléctricas imaginava-se uma substância chamada “éter” que faria a ligação entre todos os corpos do Universo. Era o “éter” que encheria todo o espaço entre os corpos assegurando o “contacto” entre eles e permitiria explicar as interacções entre os corpos. Conceito de campo • No século XIX, a hipótese da existência do “éter” foi posta em causa por Faraday e surgiu o conceito de campo, primeiramente aplicado às forças eléctricas e magnéticas e posteriormente às forças gravíticas. • Em geral, diz-se que num dado espaço existe um campo, se nesse espaço existir uma determinada propriedade física que se estende a todos os pontos desse espaço. • Podemos ter campos vectoriais e campos escalares. 2 11-03-2011 Conceito de campo • Um campo, em Física, não é uma entidade material. É um conceito, tal como o conceito de força, um auxiliar muito útil à interpretação de interacções: gravitacionais ou electromagnéticas. Campo gravitacional criado por uma massa pontual • Qualquer corpo pelo facto de ter massa, cria um campo gravítico que actua sobre os outros corpos. • Para detectar a existência de um campo gravítico num certo ponto, P, colocamos nesse ponto uma massa de prova, m, se se verificar que essa massa fica submetida a uma força gravítica, Fg , então nesse ponto dizemos que existe um campo gravitacional,G . 3 11-03-2011 |= Campo gravitacional criado por uma massa pontual • Assim, se designarmos por Fg a força gravítica exercida sobre a massa de prova, m, colocada num ponto P, o campo gravítico, G , é por definição: Fg G m Características: • Ponto de aplicação: ponto P • Direcção: a mesma de Fg • Sentido: o mesmo de Fg F Intensidade: G g m Unidade SI: N/kg • • Campo gravitacional num ponto • Se Fg G m atendendo à lei da atracção Universal, vem: G G mc m er m r2 G G 2c er m r 4 11-03-2011 Campo gravitacional num ponto m G G 2c er r • m G G 2c r O campo gravítico num ponto, criado por uma massa pontual é, portanto, uma grandeza posicional, isto é, depende da posição do ponto; a sua intensidade é inversamente proporcional ao quadrado da distância do ponto à massa criadora do campo. • O campo gravítico criado por uma só massa pontual, mc, é radial e centrípeto. Linhas de campo • Um outro modo de representar um campo gravítico, é através das linhas de campo, que são linhas imaginárias tangentes em cada ponto ao vector campo, estas indicam a direcção e o sentido do campo, a densidade de distribuição das linhas está relacionada com a intensidade do campo. Campo criado por uma massa pontual Gráfico da intensidade do campo gravítico em função da distância à Terra 5 11-03-2011 Força gravítica e peso • Muitas vezes diz-se que o peso e a força gravítica são uma e a mesma força, mas tal não é absolutamente rigoroso. Só nos pólos isso é verdadeiro ou se ignorarmos o movimento de rotação da Terra. • Mas, qual é afinal a diferença entre peso e força gravítica? Força gravítica e peso • Devido ao movimento de rotação da Terra, um corpo à sua superfície está sujeito a um movimento circular uniforme. • O peso é apenas uma das componentes da força gravítica. A outra componente é a força centrípeta. 6 11-03-2011 Força gravítica e peso • A força centrípeta varia com a latitude logo, tem valor máximo no equador e anula-se nos pólos. • No equador temos: • Nos pólos temos: Fg P Fc Fg P Força gravítica e peso • O peso e a força gravítica são praticamente iguais porque a força centrípeta, associada à rotação da Terra, é muito pequena. • A aceleração centrípeta tem o valor máximo no equador: ac = 0,034 m/s2 e valor mínimo (zero) nos pólos. ac v2 RT cos 7 11-03-2011 Peso de um corpo • Quando medimos o peso de um corpo estamos a medir a intensidade da força que ele exerce no suporte de uma balança ou seja, quando um corpo é colocado sobre uma balança-dinamómetro em N repouso verifica-se: P N 0 N N 0 Imponderabilidade • Imagine uma pessoa num elevador em cima de uma balança. Analisemos as seguintes situações: • Nesta última situação, uma pessoa está sujeita à força gravítica, mas o seu peso é zero, isto é, não exerce qualquer força sobre o seu suporte – esta é uma situação de imponderabilidade. 8 11-03-2011 Imponderabilidade • Um astronauta em orbita não está em queda livre. Está a descrever um movimento circular com velocidade constante, tendo, por isso aceleração centrípeta. • O valor da aceleração centrípeta da nave, é igual a aceleração da gravidade Um termo que melhor descreve o efeito da “flutuação” que os astronautas experimentam dentro da nave é “ausência aparente de gravidade” àquela altitude. Imponderabilidade • Se sobre os astronautas e a nave não actuasse a força gravítica, o sistema escaparia à atracção gravitacional seguindo uma trajectória rectilínea, com movimento uniforme – lei da inércia. • A NASA e a ESA promovem estudos sobre os efeitos da “gravidade zero” em seres humanos – “voos parabólicos”. 9 11-03-2011 Energia potencial gravítica • No 10º Ano vimos que um corpo pode ter energia cinética (associada ao movimento) e pode ter energia potencial gravítica (associada à interacção gravítica entre o corpo e a Terra). • A soma da energia cinética, Ec, com a energia potencial, Ep, dá-nos a energia mecânica, Em. Em = Ec + Ep • Vimos também, que as forças gravíticas são forças conservativas podendo, aplicar-se a conservação da energia mecânica ao campo gravítico. Em = 0 Ec = - Ep Energia potencial gravítica • A energia potencial gravítica, Epg, de um corpo de massa m, na vizinhança da Terra, onde o campo gravítico pode ser considerado uniforme, é dado por: Epg = m g h onde h é a altura relativamente ao nível de referência (h0 = 0), que pode ser a superfície da Terra, onde se considera a energia potencial gravítica nula. 10 11-03-2011 Energia potencial gravítica • A expressão anterior só é válida para campos gravíticos uniformes. • A expressão geral da energia potencial gravítica de um corpo de massa m, à distância r da massa pontual M criadora de campo, é: E pg G Mm r Esta expressão pressupõem que a energia potencial gravítica é nula quando o corpo de massa m se encontra a uma distância infinita da massa M criadora de campo. Energia potencial gravítica 11 11-03-2011 Energia potencial gravítica • Força e energia potencial gravíticas em campos gravíticos uniforme e radial. Velocidade de escape • Velocidade de escape – é a menor velocidade com que se deve lançar verticalmente um corpo, da superfície terrestre, para que ele “escape” à atracção gravítica terrestre e viaje pelo sistema solar sem regressar à Terra. 12 11-03-2011 Velocidade de escape • Uma condição que devemos impor é que o satélite atinja esse ponto, onde deixou de estar sob a influência da Terra, com velocidade nula ou seja a uma distância infinita. • Desprezando a resistência do ar, podemos aplicar o Princípio da Conservação da Energia Mecânica. Emi = Emf Eci + Epi = Ecf + Epf Mm 1 2 mve G 0 2 rT ve 2 G ve2 2 G M rT M 11,19 Km.s 1 rT Velocidade de escape • Se o valor da velocidade de lançamento for maior que o valor calculado, o corpo mover-se-á pelo espaço com velocidade finita v. Porém, se quisermos que o corpo saia do sistema solar, ele terá que possuir energia suficiente para se conseguir libertar da força de atracção exercida pelo Sol. 13