Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos A LUDICIDADE DA/NA POESIA AUTOR: Lidia Lurdes Bahri Ribeiro1 ORIENTADOR: Dr. Edson Santos Silva2 RESUMO. O presente artigo tem por objetivo apresentar os resultados do trabalho realizado com o gênero poesia, tendo como tema de estudo: Ensino e Aprendizagem de Leitura, por meio de estratégias planejadas de forma lúdica, para uma turma de 6º Ano, do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual Imaculada Conceição, da cidade de Prudentópolis, pertencente ao Núcleo Regional de Irati, Paraná. As leituras selecionadas para este trabalho foram pesquisadas em diversos autores que evidenciam a poesia infantil. Este trabalho teve a pretensão de desenvolver o gosto pela leitura. Para tanto foram planejadas atividades individuais e coletivas, por meio de visitas à biblioteca, leitura de poesias, dramatizações, ilustrações de textos, brincadeiras com quebra-cabeça da poesia, dentre outras. Este trabalho foi amplamente discutido no grupo de estudos (GTR) com professores da Rede Estadual de Ensino do Paraná. Palavras-chave: Leitura. Literatura. Poesia. 1 INTRODUÇÃO O trabalho realizado com o tema de estudo: Ensino e Aprendizagem de Leitura e por meio do gênero Poesia é resultado do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – PDE, promovido pelo Governo do Estado do Paraná, que estabelece um diálogo entre professores da Educação Básica com professores do Ensino Superior, resultando na produção do conhecimento e melhorando a prática dos professores na Educação Básica da Escola Pública. Os educadores que por alguns anos participam do GTR (Grupo de Trabalho em rede) já sentiram algumas mudanças qualitativas na forma de considerar o Ensino na rede Estadual de ensino. A pesquisa teve como objetivo recuperar o gosto pela leitura, por meio de atividades lúdicas explorando o gênero poesia. Nessa perspectiva, além de ampliar o conhecimento dos alunos buscou-se provocar o encantamento e a originalidade, que na sua essência já possuem das experiências adquiridas na infância. Estas experiências foram exploradas por meio de diálogos em que o professor instigava os 1 Pós-Graduada em Ensino e Formação de Recursos Humanos para a Educação Básica, Graduada em Letras pela UNICENTRO, Professora de Língua Portuguesa no Colégio Estadual Imaculada Conceição, Aluna do PDE/2013 2 Doutor em Literatura Portuguesa – Professor da Universidade Estadual do Centro-Oeste, IRATI/PR. Orientador PDE/2013. alunos a exporem seus conhecimentos poéticos, valorizando-os e propondo-lhes novos conhecimentos em relação à poesia, permitindo com isso a interação social. As estratégias de leitura foram pautadas na elaboração de atividades lúdicas, com sequências didáticas e metodológicas, buscando despertar o interesse dos alunos pela leitura e produção de poesias, aguçando o prazer e a imaginação, com o intuito de prepará-los para expressarem seu conhecimento, suas opiniões nas diferentes circunstâncias da comunicação. Neste viés e com o objetivo maior de fazer com que a leitura faça parte da vida dos alunos, buscou-se apresentar-lhes a poesia em toda sua forma artística, em que o poeta expressa suas ideias e sentimentos, mostrando sua visão de mundo, nas mais diversas temáticas. Por meio desta percepção e com atividades lúdicas e prazerosas norteou-se todo o trabalho da leitura de poesias, primando-se pela prática diária, buscando com isso formar leitores críticos da sua realidade, com uma visão de mundo diferenciada. 2 A LITERATURA NO MEIO ESCOLAR: OPORTUNIDADE DA BUSCA PELOS SABERES DA VIDA Entende-se que na literatura buscam-se todos os saberes da vida. Nela se encontram as respostas para o indivíduo e o meio social ao qual está inserido, além de ampliar a visão de mundo e humanizar. No texto literário, segundo Candido (2006), a tradução de sentido e de conteúdo humano é essencial para perceber como o escritor se exprime na visão do mundo e do homem. Ainda, segundo o autor, há que considerar o estudo do texto de forma íntegra como comunicação e expressão. O artista comunica pela expressão, que é fundamental para a arte e o escritor, consequentemente para a literatura. Para que a comunicação e a expressão de fato se concretizem, o contato com a literatura deve ser de sensibilidade e de identificação. O professor precisa atuar como mediador, estimulando seus alunos a perceberem marcas linguísticas presentes na composição e a estética do texto, dentre outras. Na visão de Aguiar (1988, p.16-17), À medida que o sujeito lê uma obra literária, vai construindo imagens que se interligam e se completam – e também se modificam – apoiado nas pistas verbais fornecidas pelo escritor e nos conteúdos de sua consciência, não só intelectuais, mas também emocionais e volitivos, que sua experiência vital determinou. De acordo com essas premissas, suscitaram-se discussões para fazer com que os alunos percebessem que a literatura, além dos objetivos educacionais, também pode trazer um colorido especial para a vida, pois mexe com a emoção e facilita a interação social. A literatura nada mais é do que a reprodução da vida humana em que muitas vezes nos identificamos. De acordo com as Diretrizes Curriculares (2008, p. 57): “A literatura, como produção humana, está intrinsecamente ligada à vida social”. Por outro lado, ressaltou-se que a condição humana não se restringe apenas ao social, pois o estético permite a poesia, que sendo um gênero literário, utilizandose da palavra, aprofunda a reflexão acerca da humanidade e o todo que a rodeia. Na medida em que o aluno adentra o universo da literatura, começa a perceber a transformação que ela permite em sua vida, pois toda identificação que por ventura possa ocorrer não é “mera” coincidência. Os autores escrevem acerca de sua própria vida e observando outras formas de vida, que por vezes coincidem com as experiências de outros seres, além do contexto histórico e social presente nos textos escritos. Acontecendo dessa forma, também o conhecimento necessário para a vida estará assegurado. Altenfelder (2008, p.84) define essa perspectiva: A pessoa que fala, lê ou escreve está imersa numa história, numa cultura e em diferentes grupos sociais nos quais exerce papéis variados. Trata-se de um processo de construção de sentido que ocorre na relação entre os interlocutores e o contexto em que atuam. Essa construção de sentido a que a autora se refere pode ser constatada quando a escola, consciente do seu papel, garante aos seus educandos os saberes necessários para torná-los cidadãos preparados para atuarem na sociedade como pessoas críticas e competentes, na interação com o seu meio social. Teve relevância também analisar a literatura como um conhecimento completo. Todos os saberes podem ser encontrados, quando se aprende a selecionar os textos que determinam o interesse para cada fase de ensino e aprendizagem. De acordo com Antunes (2007, p.139), “... tudo pode ser visto nos textos. Lá é que todo tipo de fenômeno ocorre.” O importante nesse processo é sempre professores e alunos, imbuídos do mesmo objetivo, explorarem a literatura com o olhar aguçado, para que possam perceber os valores implicados nos mais variados textos, que passam por todos os dias. Não se pode perder a oportunidade de trabalhar o sentido e as intenções presentes nesses textos. Com um trabalho bem planejado, além do conhecimento, estará garantida a diversão, bem como o prazer estético, os sonhos, dentre outros. 3 POESIA: BRINCANDO E APRENDENDO A poesia permite adquirir conhecimentos das mais variadas áreas, visto que o poeta escreve acerca de tudo, além de que se apresenta de forma agradável e de certa forma descomplicada, mostrando os saberes da vida em que se provocam reflexão e fascínio. Então o contato com a poesia nesses termos proporcionará ao indivíduo adentrar ao universo da sensibilidade e da emoção. Em conformidade com essa afirmação, Altenfelder (2008, p.8) defende: Os poetas escrevem para emocionar, divertir, convencer, fazer pensar o mundo de um jeito novo. Eles usam diferentes recursos, como rimas, repetições, metáforas e até formas diferentes de colocar as palavras no papel. Tudo para transmitir ideias, experiências e emoções ao leitor. Considerando a maneira original dos poetas verem as coisas, de como brincam com as palavras, resultando em textos artísticos, coube ao professor promover o encontro entre a criança e a poesia. Para esse encontro, foram propostas situações prazerosas e criativas, para que o lúdico encantasse os alunos. O gosto pela poesia não é algo nato, é preciso que o professor conduza suas aulas de forma dinâmica, provocando este aprendizado. Conforme Cortez e Rodrigues (2009, p.61): “A natureza da poesia se define, pois por cobrar do leitor um olhar especial, arisco, intensificado, minucioso, algumas vezes ousado”. Esse olhar especial e intenso na poesia pode ser trabalhado levando em consideração a ludicidade, que sempre foi indicada para atingir os objetivos da educação, pois educandos no início de sua formação ainda não conseguem manter a concentração necessária para que a aprendizagem aconteça. Então, a fim de tornar a aquisição do conhecimento possível, é necessário fazê-lo de forma prazerosa. O jogo com as palavras se torna uma atividade espontânea, quando bem planejado e com objetivo claro. Deixar o educando brincar com as cores e o desenho na sua produção fez com que a atividade ficasse mais leve e prazerosa. Antunes (1998. p. 40) assim define a utilização de jogos: “(...) o jogo somente tem validade se usado na hora certa e essa hora é determinada pelo seu caráter desafiador, pelo interesse do aluno e pelo objetivo proposto”. O preparo do profissional da educação no trato da poesia é essencial para o entendimento adequado na análise da poesia. De acordo com esse pensamento, Candido (2006, p.23) afirma: “O verdadeiro comentador experimenta previamente todo o encanto do poema, para em seguida aplicar-lhes os instrumentos de análise”. O aluno percebe quando o trabalho é algo respeitável, e que passa pela experiência pessoal do professor. Essa experiência intelectual, de contato com a leitura, do encantamento, da busca pelo conhecimento, em muitos casos, o educando encontrará apenas no ambiente escolar. Então, o compromisso que se deve assumir em relação aos alunos, para desenvolver suas experiências com a leitura, deve ser de extrema responsabilidade. Segundo Gomes (2009, p.8): “O engajamento do leitor ao processo da leitura depende em larga escala de seu relacionamento com o mundo da escrita e de como essa atividade linguística se reflete em sua vida”. Quando se fala especificamente na leitura de poesia, muitos reconhecem que não se trata de uma tarefa fácil, pois na relação poeta e leitor existe um desencontro de valores estéticos, que o leitor, na busca da consciência desses valores, não consegue perceber a ideologia neles expressa. Conforme Cortez e Rodrigues (2009, p.87) “Há um desencontro entre o leitor e o poeta, que não consiste em o primeiro deparar-se com uma linguagem diferente, mas na sua recusa em proceder a uma nova leitura, que o primeiro texto implica ou exige”. A partir dessa afirmação, entende-se que a leitura superficial de textos, como muitas vezes é praticada na escola, sem saber por que nem onde se quer chegar, priva o aluno do entendimento, não permite que a fruição aconteça e acaba por ser uma atividade inútil e sem sentido. Quando são apresentados aos alunos textos que para eles não fazem nenhum sentido, não se pode exigir que a fruição aconteça, a seleção dos textos deve ser pensada, levando em consideração seus gostos e interesses. Sob esse enfoque, Trevisan (1998, p.94) aponta que: “Quanto melhor literariamente for o texto, mais complexo e profundo será o diálogo com o homem, oportunizando-lhe reflexões profundas sobre a identidade humana, individual e social.” Considera-se, pois, que na medida em que o leitor passa a gostar da literatura, descobre um universo novo, com possibilidades de levá-lo para a sensibilidade, para a emoção e recriação. Neste trabalho com a poesia propôs-se discutir com os alunos a maneira original dos poetas verem as coisas, que é quando acontecem a emoção e o encantamento dos leitores, perceber a utilização das palavras de forma original, diferente do que se vê na escrita habitual, analisar alguns recursos poéticos que ajudarão no entendimento da poesia. Como defende D’Onofrio (2007, p.19): (...) o poeta produz uma linguagem que, mesmo usando palavras comuns, recria essas palavras para tornar possíveis relações sempre novas com a realidade. Daí os efeitos surpreendentes, fascinantes, fantásticos da linguagem e da cosmovisão artísticas. É importante que a linguagem dos textos com os quais se almeja trabalhar seja acessível, de acordo com o vocabulário que o público-alvo possui. Assim, a partir do gosto e do fascínio pelos textos, a promoção do conhecimento vai acontecendo naturalmente. Num primeiro momento o intuito foi desenvolver o gosto pela leitura; em seguida, estudar os elementos estruturais da poesia, sua significação e analisar algumas particularidades dos poetas, quando da sua produção. Segundo D’Onofrio (2007, p.18): Um enunciado poético, pela peculiaridade de sua estrutura rítmica e sintática, sugere várias significações, evocando correspondências entre termos que se tornam presentes na memória do leitor, associando significados linguísticos a significados míticos e ideológicos, elevando ao nível da consciência os anseios do subconsciente individual ou coletivo. Os poetas trabalham com a sonoridade, por meio da rima nas palavras, dessa forma o som fica marcante (CANDIDO, 2006), então é preciso trabalhar a voz dos alunos. A oralidade nesse sentido serviu também para desinibir os alunos mais tímidos. Aqui foi imprescindível criar um clima favorável para deixar os educandos à vontade diante e na interação com o professor e com seus colegas. Quanto ao ritmo, pela declamação de poesias, mostrou-se a cadência, em que a expressividade acontece. É com o ritmo que se define o gênero poesia, pois é o elemento fundamental dessa composição literária. A repetição de certos elementos na poesia a intervalos mais ou menos regulares caracteriza o ritmo. Nas Diretrizes Curriculares (2008. p.76) encontra-se a seguinte abordagem: Há poemas em que considerar a leitura do ritmo significa comprometer a interpretação e a compreensão, assim como há poemas em que este recurso não é tão relevante. Há poemas em que a escolha lexical é o que faz a diferença, outros, ainda, em que a pontuação é carregada de significação. Na poesia, o poeta costuma brincar com as palavras, usando-as no sentido literal e também em sentido figurado. A escolha de como utilizar a palavra deve ser pensada como expressão de arte e beleza. Candido (2006) aponta que as palavras num poema se mostram de variadas formas, não se adaptando apenas ao ritmo, como também apresentando significados diversos, dependendo do tratamento que o poeta lhes confere. Cabe ao leitor compreender o conteúdo e as intenções pretendidas pelo autor. Assim é possível descobrir significações e tirar conclusões. A leitura de poesias também possibilita o prazer estético. Num primeiro momento realizou-se a leitura pelo prazer, para admirar, perceber como o poeta cria de um jeito bonito, autêntico, permitindo assim acontecer o encanto. No que se refere a recursos linguísticos, comparações, imagens e metáforas conferem à poesia diferencial em relação a outros gêneros literários e possibilitam um trabalho analítico interessante com os alunos. A base de toda imagem, metáfora, alegoria ou símbolo é a analogia, isto é, a semelhança entre coisas diferentes. [...]. Muitas vezes, o elemento simbólico não está na especificidade das palavras, ou na sequência de imagens, mas no efeito final do poema tomado em bloco. E em tudo observamos a capacidade peculiar de sentir e manipular palavras. (CÂNDIDO, 2006, p. 105) Por intermédio da leitura de poesias, objetivou-se que os educandos construíssem novos significados, pois a leitura possibilita aprendizagem, informação, lazer e arte, em que se busca a expressão da cultura de um povo. 3.1 A POESIA: Leitura, escrita e intervenção pedagógica na escola ...a leitura de bons textos, cheios de interesse, de graça ou de poesia e de encantamento é o melhor caminho para levar a criança a descobrir um 3 sentido para a linguagem, para a escrita... Muito se tem falado que os brasileiros não leem. Esta preocupação pode ser observada no âmbito escolar quando se debatem estratégias de estímulo à leitura num esforço para tentar mudar ou pelo menos minimizar este quadro. Para tanto, é necessário ter a preocupação com o tipo de leitura que se apresenta na escola, principalmente com o intuito de provocar nos alunos o gosto pela leitura no início de sua formação. Quando o assunto não interessa aos alunos, raramente terão prazer em realizar as leituras propostas, muito menos adquirir o gosto. O professor deve conhecer seus alunos para buscar a literatura próxima aos seus anseios. De acordo com esse pensamento, Aguiar (1988, p. 18) afirma: O primeiro passo para a formação do hábito de leitura é a oferta de livros próximos a realidade do leitor, que levantem questões significativas para ele. A literatura brasileira e a literatura infantojuvenil nacionais vêm preencher estes quesitos ao fornecerem textos diante dos quais o aluno facilmente se situa, pela linguagem, pelo ambiente, pelos caracteres das personagens, pelos problemas colocados. A familiaridade do leitor com a obra gera predisposição para a leitura e o consequente desencadeamento do ato de ler. Quando se analisam as táticas de incentivo à leitura, é preciso pensar no desenvolvimento do exercício crítico. Para isso é necessário proporcionar aos alunos o contato com a literatura de maneira geral. Se esta for uma prática constante, os alunos terão assegurado seu espaço na sociedade. De acordo com este pressuposto, Antunes (2007, p.152) afirma: “De fato, se queremos promover a inclusão social de nossos alunos, nada mais urgente do que incluí-los no mundo da leitura, da escrita, da análise, da reflexão crítica e criadora, da posse da palavra enfim”. A leitura deve ser uma prática constante na escola, pois só assim será possível resgatar valores, enriquecer e transformar a cultura. Neste viés, despertar o 3 ANTUNES, Iradé. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho: São Paulo: Parábola Editorial, 2007. senso crítico e reflexivo dos alunos auxilia na produção de sentido e faz com que os eles aprendam a interagir com o texto. Esta interação ficou evidente quando se percebeu que os educandos começaram a escrever, não apenas decodificando sinais gráficos, descobrindo significações daquilo que leram. No entanto, entende-se que a escrita é uma resposta à leitura. Nesse sentido, para o trabalho com a poesia foi proposto para os alunos, para que após realizarem as leituras, além da oralidade, manifestassem a sua experiência por meio da escrita, obedecendo assim a um ciclo em que se envolve texto-autor-leitor. Essa relação está afirmada em Antunes (2007, p.50): Nossos textos estão sempre ancorados na palavra que antecedeu a nossa, mesmo que não tenhamos consciência disso. Saber explicitar essa palavra anterior, ou até mesmo apenas sugerir uma alusão a ela, representa uma habilidade comunicativa bastante relevante. Compreendendo a leitura como aprendizagem da língua escrita, convém refletir que nesse conceito está implícita a ideia de construção, de produção e de transformação do conhecimento, e, subentende-se, ainda, que o aluno como sujeito da aprendizagem reflete, raciocina, levanta hipóteses e por fim estabelece conhecimento como nível real de seu desenvolvimento, Dessa forma, fica evidente que a leitura é atividade fundamental para a produção escrita, pois só por meio da experiência é que se manifesta o aprendizado. Se essas experiências com a leitura e a escrita forem bem conduzidas na escola, esse trabalho começa a fazer sentido e o gosto que se pretende desenvolver nos alunos aparece naturalmente. Continuando com o pensamento de Antunes (2003, p.80): ...entre a escrita e a leitura existe uma relação de interdependência e de intercomplementaridade. Uma supõe a outra: nos dois sentidos. Qualquer atividade de escrita deveria, pois, ser convertida em atividade de leitura, para que os alunos pudessem vivenciar essa dimensão de interdependência existente, de fato, entre a atividade de escrever e a atividade de ler e compreender. De acordo com esses pressupostos, a escrita acontece de forma regular, se o educando for bem orientado quanto à utilização de textos previamente escritos. É imprescindível nesse processo a posição do educador, que deverá se posicionar como orientador, buscando alternativas para que as aulas de leitura se tornem dinâmicas, criativas, com textos que chamem a atenção dos educandos e que de fato seja um exercício de conhecimento, reflexão e criticidade. Em conformidade com esse pensamento, nas Diretrizes Curriculares (2008, p.71) encontra-se esta afirmação: ...o professor precisa atuar como mediador, provocando os alunos a realizarem leituras significativas. Assim o professor deve dar condições para que o aluno atribua sentidos a sua leitura, visando a um sujeito crítico e atuante nas práticas de letramento da sociedade. Cabe ressaltar que a leitura deve ser expressiva. De acordo com a forma com que o professor conduza a leitura de um texto, tanto pode despertar nos alunos o gosto pela leitura, como desmotivá-los. Quando se pensa em estimular a leitura, deve-se levar em conta o desenvolvimento do exercício crítico, de modo a superar a fama de um país de maus leitores, como comprovam diversas pesquisas e exames nacionais. Ler não significa decodificar, pois a leitura superficial não traz resultados. Para que realmente se estabeleça a leitura e a escrita dinâmica, global e reflexiva, é necessário extrapolar a pura e simples decodificação e codificação dos signos linguísticos, é imprescindível ler os códigos, intertextualizando-os com o contexto, o autor e o leitor. Cabe salientar que a leitura de mundo antecede a leitura da palavra, visto que o homem visualiza, absorve, verbaliza, assimila e transforma seu cotidiano, sua realidade. Para que a leitura da palavra seja significativa e significante, o texto precisa ser lido com toda a sua bagagem contextual, com toda a amplitude e abrangência. Quando a leitura da palavra decorre da leitura de mundo, o ser humano identifica nos códigos linguísticos valores, conceitos, saberes por ele já vivenciados. A leitura então toma vida, ganha formas, cores, compreensão, intertextualiza quanto ao contexto e o leitor. Por meio dessa leitura de mundo é que o aluno sustentará a leitura e a escrita da palavra de forma significativa e consistente. Esse discurso pode ser sustentado com Freire (1987, p. 34), “... e até gostosamente – a reler momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória (...) em que a compreensão crítica do ato de ler se veio em mim constituindo”. Essa concepção do ato de ler que proporciona a aprendizagem pela leitura da “palavra-mundo”, compreende que é por meio dessa metodologia que o educando estabelecerá conceitos, que adquirirá conhecimentos para que lhe proporcionem subsídios na busca da criticidade, autonomia e consequentemente condições para exercer a cidadania em toda sua plenitude. O professor enquanto mediador desse processo deve criar situações conflitantes que induzam o aluno ao raciocínio, estimular a aprendizagem e provocar o encontro dessa leitura, que são as experiências, a leitura planejada nos espaços escolares com a escrita e o escritor. Estratégias bem planejadas dão conta de proporcionar aos alunos a experiência de ler o texto em toda a sua gama de possibilidades. Nesse sentido, Antunes (2003, p.81-82) lembra: “O ideal é que o aluno consiga perceber que nenhum texto é neutro, que por trás das palavras mais simples, das afirmações mais triviais, existe uma visão de mundo, um modo de ver as coisas, uma crença”. Com do desenvolvimento dessa percepção, a leitura começa a fazer sentido. Pensar a leitura é pensar as diferentes reflexões da relação do homem com o mundo que o cerca, pois se trata de uma prática social. De acordo com Magnani (2001, p.40), (...), para formar leitores não basta oferecer livros. É preciso buscar respostas e alternativas para algumas questões que têm a ver com a concepção de sociedade, de educação, de linguagem, de leitura pelas quais optamos. Aqui se ressalta a maneira como o professor deve intervir nas atividades de leitura, pois o diálogo a respeito das questões apontadas pelo autor se faz necessário, para que não aconteça o desprazer no contato com a literatura. É preciso estimular as construções do aluno, rompendo com a mesmice e vencer os dogmas educacionais. O texto deve ganhar significado aos olhos do leitor, para que possa representar anseios e valores, pois como diz Barbosa (apud AZEVEDO, 1995, p.46), “...enquanto o alfabetizando tem o ouvido atento o leitor tem olhos em movimento (...) A língua é um objeto de conhecimento para o alfabetizado, para o leitor, ela é um objeto de uso”. O aluno é alguém contextualizado, portanto sua prática e saberes são resultado da apropriação que ele fez de suas vivências históricas e sociais. É necessário percebê-lo nas suas relações, para entender o contexto em que está inserido. As relações entre professores e alunos, as formas de comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, as dinâmicas das manifestações na sala de aula fazem parte das condições de organização do trabalho docente, juntamente com os objetivos de ensino e aprendizagem em que se contemplam: conteúdos, métodos de ensino, o plano de aula, a avaliação, dentre outros interferem sobre o ato de ler e de escrever. A realização deste trabalho baseou-se numa sequência proposta para o caderno do Professor: Poetas da escola, de Ana Helena Altenfelder. Na aplicação das atividades, foram selecionados alguns materiais como: papéis, cartolinas, lápis para colorir, revistas para recorte, livros e textos impressos. A avaliação dos alunos ocorreu por meio da participação em todas as atividades. Para esta finalidade observou-se o envolvimento na leitura das poesias, nos trabalhos individuais e coletivos. Para tanto, foram levadas em consideração as diferenças e o tempo de cada aluno para o aprendizado. Foram ministradas trinta e duas aulas, numa sequência pensada para que aos poucos os educandos pudessem adquirir autonomia para a análise crítica e reflexiva dos textos. No processo da aplicação do projeto de intervenção pedagógica, explorou-se a Poesia, com estratégias planejadas de forma lúdica, em que por meio das brincadeiras, observou-se a poesia como um todo: primeiro sua beleza, seu encantamento, a estrutura do texto, a ideia expressa e outras especificidades do gênero. Inicialmente, foi possível perceber um certo acanhamento para exposição das experiências trazidas do seio familiar e dos primeiros anos de vida escolar acerca da poesia. Foi necessário provocá-los com as experiências do professor, para perceberem as cantigas de ninar, as trovas, parlendas e as cantigas de roda, dentre outras são manifestações poéticas. As atividades foram iniciadas com a apresentação do Projeto, motivando e instigando os alunos a interagirem, opinando quanto à sua aplicação. Em seguida falou-se sobre poesia e suas preferências poéticas. Foram apresentados alguns exemplos de poesia, como cantigas de ninar, cantigas de roda, parlendas e poesias declamadas pelo professor e pelos alunos. Na sequência, deveria acontecer a visita à biblioteca, mas o Colégio não dispunha de um atendente ainda. Com a ajuda da direção e equipe pedagógica, selecionaram-se todos os livros de poesia infantil e a leitura foi realizada no saguão da escola, em que após a leitura cada aluno selecionou a poesia de sua preferência, copiando, ilustrando e declamando para os colegas. Com o trabalho dos alunos, foi organizado um mural na sala de aula, em que foram fixados todos os trabalhos ao longo da implementação. Na leitura das poesias, chamou-se a atenção para a musicalidade, discutiu-se a mensagem de cada uma e a estrutura básica da composição poética. Percebeu-se, na escolha da poesia, que a maioria dos alunos optou por poesias com mensagens condizentes à sua realidade de vida: sua vida, seus sonhos. Na continuação do trabalho, foram exploradas as características da Poesia. Selecionou-se previamente uma receita de doce, uma pequena narrativa e uma notícia de jornal. Após a leitura foram feitos alguns questionamentos: Por que os textos são diferentes, como o texto poético está organizado, quantos versos têm as poesias e quantas estrofes. Os alunos perceberam a diferença da estrutura dos textos, a mensagem transmitida e a função de cada texto. Para explorar a mensagem do texto poético, apresentou-se o texto de Elias José: TEM TUDO A VER A Poesia Tem tudo a ver Com tua dor e alegrias, Com as cores, as formas, os cheiros, Os sabores e a música Do mundo. A poesia tem tudo a ver Com o sorriso da criança, O diálogo dos namorados, As lágrimas diante da morte, Os olhos pedindo pão. A poesia Tem tudo a ver Com a plumagem, o voo, E o canto dos pássaros, A veloz acrobacia dos peixes, As cores todas do arco-íris, O ritmo dos rios e cachoeiras, O brilho da lua, do sol e das estrelas, A explosão em verde, em flores e frutos. A poesia -- É Só abrir os olhos e ver – Tem tudo a ver Com tudo. Abriu-se a discussão acerca da mensagem e a estrutura do texto: versos, estrofes, rima e registrando-se tudo na lousa. Neste momento, os alunos quiseram fazer um cartaz, em que cada um anotou uma palavra que pudesse caracterizar a poesia. Então pôde-se perceber que por meio deste texto começaram a entender melhor que a poesia não fala somente de amores, de sentimentos e beleza como muitos pensavam, mas que a poesia mostra a visão de mundo do poeta. Para se trabalhar rimas, realizou-se uma brincadeira, utilizando-se a forma oral com uma provocação: coração – emoção. Organizou-se uma listagem de rimas, sempre registradas na lousa, pelos alunos, cientes de que esta prática iria ajudá-los na próxima atividade. O próximo passo foi a primeira escrita da poesia dos alunos. Para esta prática relembrou-se a característica do gênero, quem escreve, para quem, com que finalidade. Chegou-se à conclusão de que a escrita seria para a interação com os colegas e também para colocá-las no mural. Então foram conscientizados para que dessem a ênfase que a poesia merece. Deveriam ilustrar seus textos, de um jeito novo e divertido, e fazer a leitura para os colegas. Os alunos tiveram muita dificuldade para escrever o seu primeiro texto, necessitando da intervenção do professor a todo momento. Então, criaram-se alguns exemplos, registrados na lousa, para auxiliá-los nesta tarefa. A intervenção se deu pela necessidade de quanto precisam melhorar e se envolver nas atividades propostas. Após a escrita, foram apresentados aos alunos textos selecionados previamente: Uma Palmada Bem Dada, de Cecília Meireles, A Estrela, de Manuel Bandeira, Vá já pra dentro menino, de Pedro Bandeira, O Peru, de Vinicius de Moraes, As borboletas, de Vinicius de Moraes. Em seguida procedeu-se à leitura dramatizada pelo professor de cada um dos textos, em seguida os alunos divididos em grupos realizaram a leitura, discutiram as ideias e prepararam para apresentar os textos. Sugeriu-se para a apresentação que utilizassem gestos, movimentos, por meio de jograis, individualmente ou em grupos. O resultado foi surpreendente, pois os alunos se valeram dos espaços externos da sala para preparar cenários, fizeram a caracterização dos personagens e apresentaram as poesias em forma teatral. Convidaram a direção e a equipe pedagógica para assistir. Os textos apresentados foram organizados em cartazes, com ilustrações correspondentes, brincando com as palavras. Os cartazes ficaram expostos na sala por um bimestre. Com o objetivo de brincar com as palavras dividiu-se a turma em dois grupos e trabalhou-se o texto de Cecília Meireles: Ou isto ou aquilo. Na leitura, alternaramse os versos, de forma pausada, a fim de representar a ideias da autora por meio de gestos e movimentos. Utilizou-se a oralidade para discutir a mensagem do texto e a estrutura do texto. Também foi contada a história da autora para a classe. Inspirando-se na poesia de Cecília Meireles, os alunos escreveram um texto poético, para brincar com as palavras. Nesta atividade percebeu-se maior segurança por parte dos alunos na escrita. O texto que provocou maior discussão foi A casa, de Vinicius de Moraes. O objetivo era confrontar a casa real da casa poética, mas as discussões foram muito além. Discutiu-se acerca da situação de moradia precária de muitas pessoas da comunidade, em que muitos ainda são carentes da luz elétrica, sem um mínimo de conforto. Em algumas situações, a casa possui apenas dois cômodos em que forçosamente dorme a família toda em um único quarto, dentre outros problemas apontados. Continuando com o mesmo texto, foram pesquisadas imagens de diferentes moradias, para organizá-las em um cartaz e identificar os tipos de moradia que fazem parte da realidade local. O diálogo se deu pela percepção dos porquês destas diferenças. Os tipos de moradias foram identificados no cartaz, por meio de legendas. Para brincar com a poesia, organizou-se um quebra-cabeça de todas as poesias estudadas e permitiu-se que a brincadeira acontecesse dentro da sala de aula, em que os alunos se organizaram em grupos. Com isso, além da diversão, foram relembradas as poesias estudadas. Finalizando o trabalho, os alunos foram convidados para mais uma visita à biblioteca, que já se encontrava organizada e contando com um atendente. Realizou-se novamente a leitura de poesias. Em sala de aula reviu-se todo o trabalho, registrando-se todas as considerações na lousa, chegando-se a uma conclusão de que a poesia é diferente da linguagem que costumamos utilizar no nosso cotidiano, pois utiliza metáforas, rimas e tantos outros recursos para fazer arte com as palavras. Realizou-se a última escrita. Nesta fase, os alunos foram convidados a observarem o painel exposto na sala para se inspirarem e decidirem o que escrever. Com o texto devidamente organizado, fizeram a leitura para a classe e montaram um quebra cabeça do próprio texto. Finalmente realizou-se a pesquisa de textos poéticos no laboratório de informática, lembrando para realizarem as leituras percebendo a beleza da poesia e a visão de mundo que o poeta expressa em suas produções. Para esta atividade contou-se com a ajuda da diretora do Colégio e mais duas colegas professoras. Por meio deste trabalho, comprovou-se que a poesia tem o poder de encantamento, estabelecendo relações significativas com a realidade dos envolvidos. Pôde-se perceber também que com estratégias interessantes de leitura é possível despertar o prazer da leitura nos educandos. A eficácia deste trabalho é percebida quando se vê a ansiedade dos alunos em frequentar a biblioteca e realizar empréstimos de livros. Este trabalho foi discutido também por professores da Rede Estadual de Ensino, por meio do Grupo de Trabalho em Rede – GTR. Os professores em questão foram unânimes em aprovar a aplicabilidade deste Projeto. Contribuíram também com ideias relevantes, apresentando suas experiências e interagindo com os outros participantes do grupo. Concluiu-se que a aplicabilidade do material elaborado pode ser viável para qualquer escola, em qualquer nível, fazendo-se adaptações. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para que a prática da leitura torne-se verdadeiramente um hábito e que também possa provocar nos educandos prazer em realizá-la, é importante que o professor busque estratégias interessantes e instigantes primando pela reflexão e discussão pensadas tendo em vista o gênero apresentado, a sua finalidade, o conteúdo presente, as ideologias, as vozes presentes no discurso e o papel social. O trabalho com a poesia, desenvolvido como objeto de estudo da intervenção pedagógica, pode viabilizar para os envolvidos a reflexão, o senso crítico, ampliar a visão de mundo, bem como posicionar-se como cidadãos, defendendo seus direitos e sabedores de suas obrigações na sociedade a que pertencem. Assim, este trabalho terá cumprido seu papel. Utilizando-se a ludicidade no trato da poesia, os alunos puderam perceber as características do texto poético, as marcas linguísticas presentes na composição, a estética do texto e se encantar com a forma original dos poetas utilizarem as palavras para falar de todos os assuntos. No decorrer do desenvolvimento das estratégias, os alunos estavam mobilizados para o conhecimento que a poesia oportuniza, sem mesmo perceberem que estavam aprendendo, pois a ludicidade na leitura permite que isto aconteça de forma mais leve e agradável. Neste viés, foi observada a capacidade que demonstraram em organizar seus conhecimentos, compartilhar as experiências e socializar suas composições poéticas, primando sempre pela leitura reflexiva enquanto superação de senso comum, vivenciando assim a função principal da literatura que é humanizar. REFERÊNCIAS ALTENFELDER, Ana Helena. Poetas da escola. São Paulo: Cenpec: Fundação Itaú Social: Brasília, DF: MEC, 2008. ANTUNES, Celso. 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