Valorização da responsabilidade individual sobre a saúde1 Michael Yaari e Monica Aiub As formas de vida contemporâneas nos levam, cada vez mais, a duvidar de nossa capacidade de cuidar de nós e do mundo em que vivemos. Necessitamos, a cada dia, de mais e mais especialização, e ainda assim, ficamos confusos com tantos caminhos possíveis a serem percorridos. É comum, e até aconselhado por muitos, que consultemos várias opiniões de especialistas da mesma área antes de tomarmos uma decisão. Como estabelecer critérios para escolher o tratamento adequado? De quem é a responsabilidade sobre quaisquer formas de tratamento? É comum ouvir pessoas afirmando que entregaram sua vida ao médico, sendo ele responsável, agora, por sua saúde. Mas também é comum observar estas mesmas pessoas não cumprindo o tratamento prescrito e, muitas vezes, escondendo isso do médico, porque ele poderá não mais se responsabilizar por tratá-las. Há, entre casos dessa natureza, aqueles que ainda se preocupam: “Será que o médico poderá descobrir que eu não tomei o medicamento, ou não fiz a dieta?”; “Será que o exame que farei acusará isso?”. Nesses casos, de quem é a responsabilidade pela manutenção da saúde? Medicina e filosofia possuem origens comuns. Advindas da necessidade do ser humano em compreender suas questões e assumir para si a responsabilidade pelo cuidado de sua própria vida, ambas as atividades surgem na Antiguidade, como formas criadas para o cuidado de si. Numa época em que se consideravam os deuses como responsáveis pelas vitórias e derrotas humanas, buscar a saúde no culto aos deuses era um caminho óbvio. Deuses poderosos, mas caprichosos, podendo – por raiva, inveja, desejo ou qualquer outra emoção – interferir na vida humana. A forma de cuidar da saúde estava atrelada a cultos, rituais, para aplacar a fúria dos deuses, para clamar a intervenção divina no mundo humano. A responsabilidade sobre nossa saúde, sobre nossas vidas, estava nas mãos dos deuses. O mediador entre os mundos divino e humano era o sacerdote, que curava através dos rituais míticos, mágicos, restituindo ao humano e à natureza a ligação necessária com o divino. Por toda parte havia médicos, mas sua atividade era essencialmente prática, fundamentada em senso comum, mitos e ritos. 1 Texto publicado em SANTOS, F. S. (org.). A arte de cuidar: saúde, espiritualidade e educação. Bragança Paulista: Comênius, 2010. Jean-Pierre Vernant, em As origens do pensamento grego, aponta para o encontro entre as culturas do ocidente e do oriente, propiciado pelas viagens marítimas, como o fator gerador do surgimento da filosofia. Contudo, não dissocia o filosofar da formação da polis, do surgimento da vida em sociedade. A filosofia é resultado da construção da razão, mas também de uma experiência social e política. O declínio do mito data do dia em que os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida. Assim se definiu um pensamento propriamente político, exterior à religião, com seu vocabulário, seus conceitos, seus princípios, suas vistas teóricas. Este pensamento marcou profundamente a mentalidade do homem antigo; caracteriza uma civilização que não deixou, enquanto permaneceu viva, de considerar a vida pública como o coroamento da atividade humana (VERNANT, 1984: 94-95). Esta nova forma de pensar traz a responsabilidade sobre a vida humana para o próprio homem, que passa a ter o domínio sobre suas formas de vida. Não há, ainda, a idéia de domínio da natureza, como surgirá mais adiante, mas sim de equilíbrio com o universo e suas leis. Para tal, faz-se necessário o conhecimento de si e do universo, a fim de harmonizar a vida social à natural, pois uma mesma lei pauta a organização do universo, da sociedade e do pensamento humano. Conhecer essa lei faz do ser humano um “animal político” – como propôs Aristóteles – capaz de tomar para si a tarefa de organizar a vida em sociedade, independentemente da vontade dos deuses. Werner Jaeger, em Paidéia, aponta tal movimento como responsável pelo surgimento da medicina grega, que caracterizará o modo ocidental de abordar as questões da saúde: Em todo o lado e em todas as épocas houve médicos, mas a Medicina grega só se tornou uma arte consciente e metódica sob a ação da filosofia jônica da natureza. (...) A Medicina jamais teria conseguido chegar a ciência, sem as investigações dos primeiros filósofos jônicos da natureza, que procuravam uma explicação natural para todos os fenômenos, sem a sua tendência a reduzir todo o efeito a uma causa e a comprovar na relação de causa e efeito a existência de uma ordem geral e necessária, e sem a sua fé inquebrantável em chegarem a descobrir a chave de todos os mistérios do mundo, pela observação imparcial das coisas e a força do conhecimento racional (JAEGER, 1989: 688-9). Em outras palavras, a postura dos primeiros filósofos, em buscar na natureza e na razão as explicações para os fenômenos naturais e humanos, provocou este mesmo movimento para as questões da saúde, influenciando o surgimento da medicina hipocrática. O método proposto por Hipócrates consistia no conhecimento da natureza humana e na distinção da individualidade. O conhecimento dos elementos da natureza, da organização social, dos hábitos, somado ao conhecimento das características singulares de cada um, permitiria o conhecimento necessário para encontrar o equilíbrio do singular com o universal, da pessoa com a sociedade e a natureza nas quais se encontra inserida. A noção de saúde hipocrática corresponde a este equilíbrio, constituindo uma medicina organicista, com a atenção fixada no doente, na natureza que o cerca, nas leis universais que a regem, e não na doença como um problema isolado. Outra característica fundamental da medicina hipocrática é o fato de ter uma orientação empirista, pesquisando minuciosamente cada caso. Buscava a adequação metodológica a cada indivíduo; a medida para cada caso, para cada constituição orgânica, considerando o ser humano em sua natureza, mas também a partir daquilo que come, bebe, de como vive e se posiciona no mundo. Vemos, portanto que é preciso conhecer a virtude dos exercícios tanto naturais como forçados, quais contribuem para o aumento das carnes, quais para a sua atenuação; e não somente isso, mais ainda a proporção dos exercícios em relação à quantidade de alimentos, à natureza do indivíduo, à idade, às estações, à mudança dos ventos, à situação dos lugares onde ele vive e à organização do ano. Observaremos o levante e o poente das constelações a fim de prevenir-nos contra as mutações e as condições excessivas dos alimentos, das bebidas, dos ventos e do mundo inteiro, circunstâncias que provocam doenças. Mesmo conhecendo tudo isso, a descoberta não está completa: se, de fato, for possível achar, além disso, para cada natureza individual, uma medida de alimentos e uma proporção de exercícios sem excesso, nem para mais nem para menos, teremos um meio exato de manter a saúde (HIPOCRATES, 2002: 32-33). Jaeger aponta para a influência da medicina hipocrática no método socrático-platônico, verificável em vários dos diálogos de Platão. No diálogo Fedro (270), por exemplo, Sócrates sugere que se utilize o método hipocrático para conhecer a natureza da alma. Conforme a seguinte passagem: Sócrates – E acreditas que seja possível conhecer a natureza da alma sem conhecer o universo? Fedro – Se dermos crédito a Hipócrates, que é um Asclepíades, nem sequer o corpo se pode conhecer sem tal método. Sócrates – Pois ele tem razão, meu amigo! Mas, além do que disse Hipócrates, devemos consultar também a razão e verificar se ela concorda com essa afirmação. Fedro – Penso da mesma maneira. Sócrates – Vejamos, pois, o que dizem Hipócrates e a razão sobre a natureza! Não é esse o procedimento para se determinar as características de qualquer objeto? Primeiro, é necessário se determinar aquilo que desejamos conhecer, ou sobre o qual pretendemos instruir alguém, é simples ou multiforme. Depois, no caso de ser simples, precisamos saber que capacidades ele tem, por natureza, de influenciar outras coisas ou de ser influenciado por elas. Se, porém, se tratar de um objeto que comporta uma pluralidade de formas, temos de enumerar todas as suas partes e, após enumerá-las, fazer o que já havíamos feito para o caso simples com cada uma das partes enumeradas. Qual dessas partes é capaz de produzir uma ação? E que influência exerce essa ação? Fedro – Pareces ter razão, Sócrates. Sócrates – Quem não segue esse método é como se caminhasse às cegas. Mas quem examina uma coisa de acordo com a arte não pode ser comparado a um cego nem a um surdo e, obviamente, quem expõe um assunto artisticamente deve definir com exatidão a natureza desse assunto. Ora, tal assunto é a alma. Em mútua influência, filosofia e medicina caminharam juntas, buscando o equilíbrio integral. O estudo das partes sem perder a dimensão do todo, assim como o estudo das mútuas implicações e interferências entre partes e todo são de extrema importância tanto para a medicina hipocrática, como para a filosofia na Antiguidade. Não apenas o médico e seus métodos, mas o cidadão e sua capacidade racional seriam os responsáveis pelo cuidado com a saúde integral. Cuidar de si significava, como aponta Foucault em Hermenêutica do Sujeito, cuidar da polis, governar. Não é possível ao cidadão estar saudável se a sociedade onde vive estiver doente. Não é possível bem estar quando a natureza foi violentada e se encontra em desequilíbrio. Cada um é responsável por conhecer a si e a polis, por cuidar de si e da polis. Mas sendo esse um movimento que exige a vida em sociedade, não é feito isoladamente, mas publicamente, trazendo, a cada cidadão, a responsabilidade pelo cuidar da “alma”, do “corpo”, da “casa”, da “sociedade” e da “natureza, equilibrando suas ações às necessidades circundantes e estas às possibilidades de sua natureza. Conhecer para deliberar, para constituir a autonomia, o livre pensar. Primeiramente, o tema de uma atitude geral, um certo modo de encarar as coisas, de estar no mundo, de praticar ações, de ter relações com o outro, a epiméleia heautoû [o cuidado de si mesmo] é uma atitude – para consigo, para com os outros, para com o mundo. Em segundo lugar, a epiméleia heautoû é também uma certa forma de atenção, de olhar. Cuidar de si mesmo implica que se converta o olhar, que se o conduza do exterior para (...) si mesmo. O cuidado de si implica uma certa maneira de estar atento ao que se pensa e ao que se passa no pensamento. Há um parentesco da palavra epiméleia com meléte, que quer dizer, ao mesmo tempo, exercício e meditação, assunto que também trataremos de elucidar. Em terceiro lugar (...) também designa sempre algumas ações, ações que são exercidas de si para consigo, ações pelas quais nos assumimos, nos modificamos, nos purificamos, nos transformamos e nos transfiguramos. Daí uma série de práticas que são, na sua maioria, exercícios, cujo destino (na história da cultura, da filosofia, da moral, da espiritualidade ocidentais) será bem longo. São por exemplo, as técnicas da meditação; as de memorização do passado; as de exame de consciência; as de verificação das representações na medida em que elas se apresentam ao espírito, etc. (FOUCAULT, 2004: 14-15). A contribuição do médico neste processo consiste na compreensão do que é orgânico, no sentido de perceber que todo órgão, e mesmo um sistema, é algo sempre aberto com infinitas possibilidades de metamorfoses, complementando, assim, a ação do filósofo, que ao abordar uma questão considera, necessariamente, sua história, com o objetivo de compreender sua gênese, sua constituição, suas mútuas interações e implicações com o entorno. Por caminhos diferentes, médico e filósofo partilham o papel de provocar a pessoa a perceber-se, a refletir sobre sua situação e a buscar, entre as infinitas possibilidades de movimentações existenciais, aquelas mais adequadas a suas necessidades, a seu modo de ser. Quem lida com o conhecimento médico percebe logo que existem hiatos, “pulos” entre estados de matéria, estruturas e formas. Esses hiatos até hoje não foram explicados pela ciência, simplesmente porque não se leva em conta a possibilidade da metamorfose. Estudando por exemplo a Embriologia, nota-se que no processo de formação do embrião, há momentos de completo caos e desarranjo, para logo em seguida, surgir outra estrutura em um novo patamar de realidade e função, mais desenvolvida, mais sofisticada que a anterior, mais resiliente à vida na terra. Ora, tanto o médico quanto o filósofo denunciam os processos estruturantes que levam ao estabelecimento de padrões e agenciamentos de poder, levando às muitas dependências que interessam a todas as instituições que se baseiam na especulação irresponsável. Mas não basta apenas a denúncia. É na ação quotidiana dos agentes de saúde, médicos, psicólogos, fisioterapeutas, filósofos e tantos outros profissionais, que se pode levar aos pacientes (os portadores do “pathos”) a experiência do quanto cada um de nós é responsável por seus processos, demonstrando como a alienação se perpetua enquanto não assumimos essa potência. Culturalmente, por uma tendência ligada à violência, o fenômeno do medo se instala cada vez mais profundamente nas comunidades. O medo afasta a ação humana de sua responsabilidade no mundo, aliena a sua potência, o seu assumir-se. Hoje, e cada vez mais, a exploração da indústria do medo, com as suas mais diversificadas áreas de influência, é um grande negócio. Diante deste quadro emerge a importância do trabalho dos terapeutas, pedagogos e filósofos como profissionais inseridos na ação política pelo exercício contínuo da micropolítica pela qual cada contato, cada atendimento, compromete-se com o fato de um encontro de pessoas que revelam sua integridade, sua potência vital. A medicina antroposófica, compreendida aqui como uma ampliação da atuação médica, associada ao contemporâneo estatuto da Medicina de Família e Comunidade, insere o ser humano no mundo, compreendendo-o agora por uma visão que une a antropologia física com a antropologia cultural. Com este fundamento, a diversidade de experiências, vivências e compreensões é sempre respeitada, permitindo a cada pessoa assumir o ser potente que é. Assim, não se caracteriza como uma medicina que se prende apenas aos sintomas, nem se erige em explicadora das causas. Sua proposta é inserir-se integralmente nos processos, participar com o paciente de sua aventura e de sua ação no mundo, que se torna, assim, efetivamente criativa. Leva em consideração, necessariamente, sua história de vida, sua biografia. Estuda suas leis gerais e as aplica, não cegamente, mas “tateando” os processos individuais intrínsecos. O médico torna-se caminhante junto com quem caminha, navegante junto com quem navega. O mesmo faz o filósofo clínico, que não possui teorias prévias, tipologias, nem trabalha com conceitos de normalidade. Ele simplesmente auxilia a pessoa a “ser aquilo que é”, a “cuidar de si”. Para tal, o filósofo clínico visita o universo existencial do partilhante (aquele que partilha suas questões, seu modo de vida), provocando-o a refletir sobre suas próprias construções, assim como sobre a construção de outras possíveis formas de vida. Qual a saúde que se busca? O conceito de saúde em vigor é o completo bem estar bio-psico-social (OMS), mas em que consiste o bem estar? Se o considerássemos como completo bem estar um padrão absoluto, talvez encontrássemos, como afirma Hegenberg (1998), um estado comatoso. Como compreender a saúde? A antiga idéia de restauração do equilíbrio do universo se desfaz diante da constatação do desequilíbrio constituinte desse universo. Como fazer? Se considerarmos o ser humano como um ser biológico, ele será passível de processos bioquímicos que geram instabilidade e emergência de novas estruturas na medida em que o organismo relaciona-se com o outro, a natureza e a sociedade. Se a estrutura interna desse ser biológico é tão móvel quanto às estruturas externas com as quais se relaciona, é possível conceber a construção de um equilíbrio singular, de um bem estar que não é compreendido como medida absoluta, e sim como um fluxo, que a partir das relações com seu entorno, compõe um todo, fazendo surgir novos elementos, ou abandonando elementos que impeçam esse equilíbrio. O quanto conhecemos sobre nosso modo de ser e sobre as possibilidades que nos cercam? Se conhecêssemos outras possibilidades, escolheríamos a que temos? Se não conhecemos os elementos, como construir a nós mesmos? Ficamos à espera de alguém que assuma a responsabilidade sobre nosso modo de ser? Alguém que tome a iniciativa de olhar para nós e dizer o que devemos fazer? Muitos nos dizem o que devemos fazer, desejar, pensar, decidir, sonhar, viver... mas isso nem sempre diz respeito a nossas necessidades. Apesar do movimento de busca de equilíbrio e de saúde na filosofia encontrarem-se presentes desde suas origens, a equivocada indistinção das características e papéis da filosofia e da ciência moderna, assim como uma também equivocada cisão e uma espécie de “disputa” entre elas, parecem ter contribuído para afastar a filosofia de seu papel de cuidadora. Papel esse que passou a ser cumprido pela ciência, que por sua característica “renuncia ao infinito para ganhar a referência: ela traça um plano de coordenadas somente indefinidas, que define sempre estados de coisas, funções ou proposições referenciais, sob a ação de observadores parciais” (Deleuze; Guattari, 2001: 253). Ao definir “estados de coisas”, a ciência define critérios de normalidade, a partir dos quais nomeia o que é saúde e doença. Esses critérios são formulados a partir de um modo de ser singular, que passa a ser universalizado, impedindo àqueles que se encontram em outros padrões de receberem o estatuto de legitimidade. Desta forma, cuidar, restabelecer a saúde, é restabelecer o padrão. Se o padrão de normalidade refere-se a um conceito construído socialmente, ele reflete uma forma de organização e diz respeito a um tempo e um espaço delimitados. Uma abordagem filosófica exige a constante revisão, desconstrução e construção dos padrões; exige um olhar mais amplo, que considere cada pessoa, cada contexto, e suas respectivas necessidades. Em meio a esses questionamentos, no final do século XX, surgem atividades como filosofia prática, aconselhamento filosófico, filosofia clínica, uma espécie de resgate do papel terapêutico que a filosofia já possuía em suas origens. A filosofia prática de Achenbach inicia esse resgate, partindo do questionamento: se a psiquiatria e a psicologia utilizam a filosofia em seus métodos, por que um filósofo não poderia utilizar a metodologia própria da filosofia para ajudar as pessoas em suas questões cotidianas? O filósofo assume a função de cuidador, a partir do conhecimento produzido na história da filosofia. Após o primeiro “consultório de filosofia”, aberto na Alemanha em 1981 (Sautet, 1999), o aconselhamento filosófico e a filosofia prática cresceram e encontram-se presentes hoje em todo o mundo, com a proposta de cuidar utilizando metodologias filosóficas. A filosofia se torna clínica No Brasil, o filósofo Lúcio Packter (1997) propôs a filosofia clínica. Ele recorta e seleciona, do conhecimento filosófico, a metodologia necessária para provocar o outro a refletir sobre suas questões e buscar formas de lidar com elas. Articulando e sobrepondo elementos de maneira flexível, ele não constrói uma teoria adequada a diversas pessoas, mas um instrumental de pesquisa que permite a construção do trabalho para cada pessoa em especial, remontando às origens do filosofar. Trata-se de clínica no sentido originário da palavra, klinos, kline (estar deitado, ir ao leito do doente), de possuir o olhar voltado para a pessoa que procura auxílio, que busca por cuidado. Trata-se de filosofia por ser um pensar junto com a pessoa acerca de suas questões, mantendo a autonomia do pensar. O conhecimento filosófico e sua construção promovem o equilíbrio e a plasticidade necessários à saúde. É ainda filosofia por construir conceitos articulando, sobrepondo, organizando elementos a partir de questões propostas por uma pessoa, em um “plano de realidade”. Procuram os consultórios de filosofia clínica, pessoas que vivem crises, dificuldades. Pessoas que sofrem porque pensam de maneira diferente do senso comum, porque não se conformam com a estrutura social vigente, porque não aceitam padrões sociais estabelecidos, porque não conseguem viver como todo mundo vive, ser como todo mundo é. O alívio existencial de poder partilhar seu modo de ser e pensar sem ser julgado ou avaliado, é imenso. A possibilidade de pensar nas consequências de assumir esse modo de ser, de questionar a si mesmo, de provocar uma reflexão em seu meio social, muitas vezes devolve o equilíbrio necessário à vida. A partir do conhecimento da pessoa, de sua visão de mundo, seus modos de ser e pensar, o filósofo clínico constrói, para aquele indivíduo em especial e juntamente com ele, uma proposta terapêutica. Para obter elementos, o filósofo clínico colhe dados no histórico de vida da pessoa, tendo em vista compreender a gênese de suas questões e de seus modos de ser, assim como aprender sua linguagem. Pesquisa termos, conteúdos, formas de expressão e significados próprios da pessoa para interagir com ela, fazendo uso do mesmo jogo de linguagem. Ou seja, faz uso da metodologia filosófica para abordar as questões existenciais trazidas pela pessoa. Flexibilidade, abertura, criatividade são características fundamentais à clínica filosófica. A filosofia clínica cumpre um papel terapêutico na medida em que auxilia a pessoa a lidar com suas questões, a encontrar um equilíbrio que lhe permita avaliar seu entorno e posicionar-se diante dele. Por outro lado, cumpre também um papel profilático, no sentido de provocar a construção de modos de ser mais saudáveis, no sentido de atender às necessidades, permitindo uma construção de si mesmo e do mundo da melhor maneira possível. Para tal, o conhecimento sobre si mesmo é necessário, mas não é suficiente. É preciso também conhecer o entorno, assim como a estrutura que estamos construindo e suas possibilidades futuras. Ocorre como se necessitássemos conhecer modos de ser saudáveis para construí-los, mas como isso nos é impossível, construímos nossos modos de ser e seguimos num processo de desconstrução e reconstrução em busca do equilíbrio, um equilíbrio em movimento. Nesse processo, a filosofia volta a assumir seu papel de cuidar. Não há aqui a pretensão de substituir o trabalho também tão importante do psicólogo, do pedagogo, do assistente social e todos os tantos profissionais que percebem assim a prioridade de se trabalhar em equipes multidisciplinares justamente retomando a proposta prática da universidade como entidade que reúne a ação inquiridora, questionadora e criadora de contínuas novas formas de procedimentos. A medicina volta a filosofar A epistemologia volta a se assumir como a pesquisadora de formas de percepção da realidade; a estética inclui a criação artística, a ação integradora, tão caras a uma medicina ampliada; a metafísica contemporânea busca o fundamento ontológico da existência na interseção entre a neurociência a filosofia da mente e a inteligência artificial (AIUB, 2009; TEIXEIRA, 2008). São reflexões que nos provocam a retomar uma noção essencial que se perdeu: a arte de viver que se manifesta em tudo o que se faz. Há uma arte de curar, assim como há uma arte de interpretar e pensar o mundo e a vida. A arte, a ciência e filosofia são instrumentos de compreensão da vida. Ao compreender a filosofia como uma atividade de criação de conceitos, estamos realizando uma nova abordagem. Esse ato de discernir, buscar diretrizes para orientar os procedimentos, consiste em coletar os elementos que serão articulados, sobrepostos e compostos para a criação de novos conceitos, novos modos de existência. Esse movimento já é a atividade filosófica. Com essa abordagem, estabelecemos a relação da filosofia com a medicina como “atividades artísticas” intimamente coordenadas. Com a expectativa de maior operacionalização, padronização de procedimentos, formas normatizadas de controle e registro, os médicos e os pacientes não consideram necessárias as ações artísticas e filosóficas. Não buscam uma reflexão sobre suas formas de vida, mas um remédio que anestesie sua dor, que extirpa sua doença, de modo prático e rápido. Com base nessa postura foi se impondo uma mecanização e, com a organização de formas variadas de estruturas de poder, estabelecidas normatizações e padrões que seguiram diferentes teorias, na maioria dos casos, coibindo a ação criativa, artística e fazendo prevalecer a racionalidade. Hoje estamos caminhando da decepção com todas as formas de racionalização a um processo de desconstrução, que nos permite criar novas formas de existência. Volta à importância da filosofia e da arte. Retorna a importância do cuidado e da busca que respeita caso a caso, material por material, compondo procedimentos. Há que repensar, sentir e agir com respeito à diversidade, mas buscando a ação radical, aquela que vai às raízes, com rigor, mas não é rígida; buscando a disciplina, mas não a padronização. Desta maneira a ação médica volta a ser disciplinada por um pensar vivo, resgatando a arte, a ação criativa que, para cada caso, exige uma abordagem própria, uma nova solução, um medicamento personalizado, etc. Não há como separar a medicina da filosofia e da arte. Quando se faz isso, instaura-se a banalização que propõe o “fast food”, a limitação de todas as formas de expressão, em nome de uma objetividade simplista e pobre. Mas todo esse processo não foi e não é homogêneo. Paradigmas diferentes sobre saúde e doença sempre conviveram com a corrente hegemônica. Várias formas diferentes de fazer ciência conviveram e convivem com a forma dominante, mas o principal é que cosmovisões diferentes acabaram convivendo com a racionalidade cartesiana e, hoje, estão revolucionando toda a ciência do século passado. Medicina de Família e Comunidade Em meados do século passado, percebendo todas essas características de uma medicina cara e muitas vezes ineficiente, várias nações estudaram os sistemas de saúde existentes na época e entraram em consenso sobre o que ficou chamado Atenção Primária a Saúde – APS. Primária no sentido de ser o primeiro, o principal, a base. Esse consenso determinava diretrizes que estabeleceram características básicas. São elas: Acesso, Vínculo, Longitudinalidade e Coordenação do cuidado. Acesso aos usuários do sistema é problema estratégico primordial a ser resolvido e que determina o primeiro passo para o sucesso do cuidado público ou privado para uma grande quantidade de pessoas. O sistema que consegue minimamente garantir o acesso, já deu um passo muito importante para estabelecer equidade e justiça. Vínculo é o comprometimento do profissional da APS com seu paciente, com sua família e com sua comunidade, passo “sine qua non” para o estabelecimento de uma relação profícua e produtora de saúde. Longitudinalidade significa garantir o cuidado à saúde em todos os estágios e em todos os níveis de complexidade ao longo do tempo, preferencialmente com os mesmos profissionais de saúde para permitir que o vínculo formado não seja desfeito. Isso é outro passo essencial. Coordenação do cuidado significa garantir que a gestão do cuidado se dê em todos os níveis de complexidade e que esses diferentes níveis “conversem” entre si para o melhor resultado para os pacientes. Essa é uma função precípua do profissional da APS. Aqui no Brasil, essa maneira de pensar se deu de forma gradual e marcante determinando o que hoje se apresenta como o Sistema Único de Saúde – SUS. Esse sistema, elogiado por todo o mundo, funciona em níveis de complexidade diferentes: o nível primário representado pelas unidades básicas de saúde, o nível secundário representado pelos profissionais especialistas em cada área da medicina, o nível terciário pelos hospitais e o nível quaternário representado pelos hospitais e instituições universitários. Com o surgimento do Programa Saúde da Família – PSF em 1994, resultado de grande luta do movimento de vários segmentos da sociedade desde os anos sessenta, o fortalecimento da APS vem se estabelecendo de maneira mais definitiva. No esteio desse movimento mundial e embasado por evidências científicas inegáveis, surgiu a especialidade médica Medicina Geral e Comunitária em 1981 com formação em estágio supervisionado (residência médica) de dois anos em ambiente universitário. Em 2001 o nome da especialidade mudou para Medicina de Família e Comunidade seguindo a tendência mundial. E quais são as características principais dessa especialidade? A Medicina de Família e Comunidade se define por tratar pessoas de uma maneira abrangente, sem distinção de sexo, idade, problema de saúde, sistema acometido, tecnologia envolvida ou não e assim por diante. Assim, o médico de família e comunidade atende pessoas, sendo elas crianças, adultos e idosos de qualquer sexo sem discriminação de problemas de saúde, de maneira que esse profissional tem habilidades para atender as áreas de Pediatria, Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Pequenas Cirurgias, Saúde Coletiva e Saúde Mental. Mas como isso é possível se cada uma dessas áreas de conhecimento já é enorme e só cresce? A questão aqui é que cada vez se comprova mais e mais que o médico de família e comunidade bem formado pode atender com resolubilidade de até 90% os problemas de saúde de uma pessoa, de uma família e de uma comunidade, necessitando de outros especialistas em aproximadamente 10 a 15% das vezes. Para isso deve ter uma formação clínica sólida. Representa um profissional especialista em Atenção Primária a Saúde, aquele que é o primeiro contato médico de qualquer sistema de saúde. Têm como foco primordial a pessoa que está a sua frente, fazendo uso profundo do conhecimento das inter-relações de família e da comunidade em que este indivíduo está inserido. Têm, portanto, conhecimentos sobre dinâmicas familiares e dinâmicas sociais, levando em consideração a antropologia da saúde. A abordagem centrada na pessoa retira o foco da doença e a transfere para o indivíduo, a pessoa antes da doença. Para o médico de família e comunidade é muito mais importante saber que pessoa tem tal doença do que saber que doença tem tal pessoa. Essa característica re-instaura a visão global da pessoa, trazendo a arte do conhecimento humano imbricado com a possível afecção sofrida. Para isso o vínculo se torna a principal característica deste profissional, pedra angular de qualquer abordagem. A confiança, o acolhimento, o partilhar, o respeito e a abertura são Realidades que estabelecem a relação entre paciente – palavra derivada do grego “pathos”, aquele que deixa emergir sua paixão - e médico – aquele que está mediando e medicando um processo de vida, antes de um processo apenas patológico. Destarte, uma diferença importantíssima é que o interesse está voltado para a saúde, em como desenvolver o bem maior que cada um tem. Mergulha-se de cabeça no paradigma da Salutogênese (em oposição ao paradigma da Patogênese) e no mistério da cura. Considera que, para cada sofrimento ou doença, há a necessidade de despertar os potenciais de cura interna de cada indivíduo, mobilizando seu ser para atravessar a doença de maneira plena de sentido e superação. Não se trata de valorizar o estado doente, mas sim de atravessá-lo de maneira verdadeira. O foco agora é a saúde. Para qualquer profissional que trabalha com saúde e que se propõe a realizar o processo de cura é mais importante ter a noção profundamente enraizada do que significa um ser humano saudável do que ter a noção do que significa o estado doente. A primeira tem de estar antes da segunda. Necessariamente! Só assim pode-se atingir o ideal médico de cura. Em decorrência disso e considerando a arte como caminho de cura, o conhecimento da estética e a admiração da beleza se tornam também parte fundamental do que o terapeuta tem de ter como realidade vivente dentro de si. Isto impõe uma necessidade, por parte deste profissional, de realizar o auto-cultivo constantemente, dando novo sentido a sua prática. Torna-se assim uma prática autoreflexiva, auto-educadora e viva. Outra característica é que o pensamento clínico empregado não considera que há uma divisão entre o que é psíquico e orgânico, mas sim que os fenômenos são imbricados, muitas vezes determinando queixas subjetivas e imprecisas que o médico tem de estar preparado para acolher e interpretar corretamente. Supera-se assim o que Ian R. Mc Whinney chamou de falha geológica, o fato de a ciência médica dividir, apartar as manifestações orgânicas das psíquicas, reforçando uma práxis unilateralmente cartesiana. Nesse sentido, torna-se importante valorizar as emoções com o mesmo critério e peso que as manifestações objetivas são valorizadas, atendendo ao paciente como ser global que precisa ser entendido de modo integral, e mais que isso, para o terapeuta é necessário formar uma imagem completa e verdadeira de quem é esse sujeito. Também se torna importante ouvir ao paciente ou sua família mais que falar, aplicando uma escuta ativa e atenta, acolhendo seus pontos de vista, suas perspectivas, suas idiossincrasias. Colocar-se como ouvinte ativo impõe um estado de atenção e discernimento do que realmente acontece com o sujeito e permite os diagnósticos muito mais facilmente, uma vez que estes sempre estão no conteúdo verbal e não verbal que o paciente manifesta. A atitude que o médico de família e comunidade deve ter é de comprometimento com seu paciente e sua comunidade, mas de forma a não se colocar como o detentor exclusivo do conhecimento médico que leva o paciente a se sentir subjugado por este poder. Aqui o importante é o respeito pelos diversos saberes e o empoderamento máximo do paciente, compartilhando este conhecimento através de uma democratização destes diferentes saberes. Uma atitude conseqüente é a apropriação da saúde por parte do paciente, não sendo o médico o responsável por ela, mas sim um fiel aconselhador. Assim, uma atitude médica fundamental é a de ser um aconselhador biográfico, um terapeuta que se coloca à disposição da pessoa para achar e empreender o melhor caminho de vida, indo muito além da enfermidade, uma vez que conhece a sua história, os seus referenciais e as suas metas. Pode assim, ser um grande ajudante na construção de novas narrativas de vida. Neste ponto, a filosofia clínica, por também trabalhar com a historicidade da pessoa e possuir um instrumental de escuta e de leitura próprio para a abordagem das questões existenciais, poderá auxiliar fortemente o trabalho do médico na compreensão da queixa e da historicidade da pessoa. A sensibilidade e o olhar tem de se voltar também para a comunidade, espaço privilegiado para uma atuação intersetorial, mobilizando todos os atores sociais possíveis como as escolas locais, as igrejas, as organizações não governamentais, a polícia, as associações de bairro, o comércio local, e assim por diante, para realizar ações conjuntas na produção do bem estar comunitário. Assim em coerência com a proposta de Universidade, conforme acima citada, um pensar tão aberto pressupõe que esta especialidade considere outras cosmovisões médicas. Isso é feito quando racionalidades médicas integrativas e complementares são postas em prática como a Medicina Antroposófica, a Medicina Tradicional Chinesa, a Homeopatia, a Medicina Ayurvédica, a Fitoterapia, etc. Tais práticas ampliam o olhar sobre os sujeitos, sobre as doenças e sobre suas histórias, de maneira que quando bem aplicadas só ajudam em todo o processo. Além disso, essas racionalidades procuram atuar mobilizando as forças internas de cura de cada pessoa, as substâncias usadas sempre seguindo esta direção e não se opondo simplesmente à patogênese. A medicina antroposófica, por exemplo, considera o ser humano como entidade anímicoespiritual e vital-corporal intensamente ligadas, imbricadas, interdependentes. Além disso, localiza o ser humano no cosmos, ligado a suas influências, participando de seus movimentos, e o mais importante, com total capacidade de conseguir a liberdade e decidir sobre o seu próprio destino. No conhecimento ampliado, a doença ou qualquer crise são oportunidades de crescimento e não necessariamente formas negativas de existência. Assim, é possível pensar que as doenças podem abrir um caminho criativo para a construção de níveis de sentido que se contrapõem a modelos culturais, padrões de um etnocentrismo positivista, biomédico ou mesmo psicanalítico, já que esses níveis de sentido superam o hiato entre natureza, cultura, inconsciente coletivo, ações comunitárias, micropolíticas e políticas em uma compreensão de fato mobilizadora. O “pathos” gera sempre novos rumos, novos sentidos, abrindo com seus processos várias possibilidades de alteridade. Profissionais responsáveis rastreiam esses caminhos, compreendendo, agora com a evolução do conhecimento antropológico, a multiplicidade gerada pela mediação da função simbólica que não pode permitir o reducionismo que só interessa às diversas estruturas de poder. O “pathos” abre vias para uma viagem de um mundo tangível para um mundo mítico, ligando o inteligível com o sensível, o analógico com o imaginário. Nesse universo, povoado por diferentes sistemas simbólicos, se organiza uma atitude que tem como eixo dinâmico um fluxo onde o patológico e o saudável assumem a possibilidade perene do processo criativo como forma viva de alinhamento com a ordem que se estabelece pelo caminhar conjunto de todos nós. Com estas ações, resgatamos o pensar filosófico. Este “amor ao conhecimento” integra diferentes cosmovisões, propõe o respeito à diversidade e estabelece um olhar abrangente que não mais permite a segmentação e a fragmentação de procedimentos. A arte de pensar se integra com a arte de curar. A Filosofia se torna clínica e a Medicina volta a filosofar. Referências Bibliográficas: AIUB, M. Filosofia da mente e psicoterapias. Rio de Janeiro: WAK, 2009. _____. Para entender Filosofia Clínica: o apaixonante exercício do filosofar. Rio de Janeiro: WAK, 2004. BARRETO, A. P. Terapia Comunitária. Fortaleza. 2008. FOUCAULT, M. Hermenêutica do sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2004. DELEUZE, G; GUATTARI, F. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: Ed. 34, 2001. HEGENBERG, L. Doença: um estudo filosófico. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998. HIPÓCRATES. Conhecer, cuidar, amar: o Juramento e outros textos. Apresentada e anotada por Jean Salem. São Paulo: Landy, 2002. JAEGER, W. Paidéia: A formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes/UNB, 1989. MCWHINNEY, IAN R. A Text Book of Family Medicine. 2nd edition. Oxford University Press, 2001. MORAES, W. A. Salutogênese e Auto-Cultivo. Rio de Janeiro: Gaia, 2006. MORAES, W. A. Medicina Antroposófica. Um paradigma para o séc. XXI. São Paulo: Associação Brasileira de Medicina Antroposófica – ABMA, 2005. PACKTER, Lúcio. Filosofia Clínica: propedêutica. Porto Alegre: AGE, 1997. (disponível em http://www.filosofiaclinica.com.br) PLATÃO. Fedro. São Paulo: Martin Claret, 2004. SAUTET, M. Um café para Sócrates. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999. STEINER, R. A Ciência oculta. São Paulo. Antroposófica, 2004. STEINER, R. A Teosofia. 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Professora Titular do curso de Especialização em Filosofia Clínica do Instituto Packter e professora de Filosofia na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Fundadora do Interseção – Instituto de Filosofia Clínica de São Paulo. Presidente da ANFIC – Associação Nacional de Filósofos Clínicos. e-mail: [email protected] site: www.institutointersecao.com