Valorização da responsabilidade individual sobre a saúde

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Valorização da responsabilidade individual sobre a saúde1
Michael Yaari e Monica Aiub
As formas de vida contemporâneas nos levam, cada vez mais, a duvidar de nossa
capacidade de cuidar de nós e do mundo em que vivemos. Necessitamos, a cada dia, de
mais e mais especialização, e ainda assim, ficamos confusos com tantos caminhos
possíveis a serem percorridos. É comum, e até aconselhado por muitos, que consultemos
várias opiniões de especialistas da mesma área antes de tomarmos uma decisão. Como
estabelecer
critérios
para
escolher
o
tratamento
adequado?
De
quem
é
a
responsabilidade sobre quaisquer formas de tratamento?
É comum ouvir pessoas afirmando que entregaram sua vida ao médico, sendo ele
responsável, agora, por sua saúde. Mas também é comum observar estas mesmas
pessoas não cumprindo o tratamento prescrito e, muitas vezes, escondendo isso do
médico, porque ele poderá não mais se responsabilizar por tratá-las. Há, entre casos
dessa natureza, aqueles que ainda se preocupam: “Será que o médico poderá descobrir
que eu não tomei o medicamento, ou não fiz a dieta?”; “Será que o exame que farei
acusará isso?”. Nesses casos, de quem é a responsabilidade pela manutenção da saúde?
Medicina e filosofia possuem origens comuns. Advindas da necessidade do ser humano
em compreender suas questões e assumir para si a responsabilidade pelo cuidado de sua
própria vida, ambas as atividades surgem na Antiguidade, como formas criadas para o
cuidado de si. Numa época em que se consideravam os deuses como responsáveis pelas
vitórias e derrotas humanas, buscar a saúde no culto aos deuses era um caminho óbvio.
Deuses poderosos, mas caprichosos, podendo – por raiva, inveja, desejo ou qualquer
outra emoção – interferir na vida humana. A forma de cuidar da saúde estava atrelada a
cultos, rituais, para aplacar a fúria dos deuses, para clamar a intervenção divina no mundo
humano. A responsabilidade sobre nossa saúde, sobre nossas vidas, estava nas mãos
dos deuses. O mediador entre os mundos divino e humano era o sacerdote, que curava
através dos rituais míticos, mágicos, restituindo ao humano e à natureza a ligação
necessária com o divino. Por toda parte havia médicos, mas sua atividade era
essencialmente prática, fundamentada em senso comum, mitos e ritos.
1
Texto publicado em SANTOS, F. S. (org.). A arte de cuidar: saúde, espiritualidade e educação. Bragança
Paulista: Comênius, 2010.
Jean-Pierre Vernant, em As origens do pensamento grego, aponta para o encontro entre
as culturas do ocidente e do oriente, propiciado pelas viagens marítimas, como o fator
gerador do surgimento da filosofia. Contudo, não dissocia o filosofar da formação da polis,
do surgimento da vida em sociedade. A filosofia é resultado da construção da razão, mas
também de uma experiência social e política.
O declínio do mito data do dia em que os primeiros Sábios puseram em
discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la
em fórmulas acessíveis à sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e
da medida. Assim se definiu um pensamento propriamente político, exterior
à religião, com seu vocabulário, seus conceitos, seus princípios, suas
vistas teóricas. Este pensamento marcou profundamente a mentalidade do
homem antigo; caracteriza uma civilização que não deixou, enquanto
permaneceu viva, de considerar a vida pública como o coroamento da
atividade humana (VERNANT, 1984: 94-95).
Esta nova forma de pensar traz a responsabilidade sobre a vida humana para o próprio
homem, que passa a ter o domínio sobre suas formas de vida. Não há, ainda, a idéia de
domínio da natureza, como surgirá mais adiante, mas sim de equilíbrio com o universo e
suas leis. Para tal, faz-se necessário o conhecimento de si e do universo, a fim de
harmonizar a vida social à natural, pois uma mesma lei pauta a organização do universo,
da sociedade e do pensamento humano. Conhecer essa lei faz do ser humano um
“animal político” – como propôs Aristóteles – capaz de tomar para si a tarefa de organizar
a vida em sociedade, independentemente da vontade dos deuses.
Werner Jaeger, em Paidéia, aponta tal movimento como responsável pelo surgimento da
medicina grega, que caracterizará o modo ocidental de abordar as questões da saúde:
Em todo o lado e em todas as épocas houve médicos, mas a Medicina
grega só se tornou uma arte consciente e metódica sob a ação da filosofia
jônica da natureza. (...) A Medicina jamais teria conseguido chegar a
ciência, sem as investigações dos primeiros filósofos jônicos da natureza,
que procuravam uma explicação natural para todos os fenômenos, sem a
sua tendência a reduzir todo o efeito a uma causa e a comprovar na
relação de causa e efeito a existência de uma ordem geral e necessária, e
sem a sua fé inquebrantável em chegarem a descobrir a chave de todos os
mistérios do mundo, pela observação imparcial das coisas e a força do
conhecimento racional (JAEGER, 1989: 688-9).
Em outras palavras, a postura dos primeiros filósofos, em buscar na natureza e na razão
as explicações para os fenômenos naturais e humanos, provocou este mesmo movimento
para as questões da saúde, influenciando o surgimento da medicina hipocrática. O
método proposto por Hipócrates consistia no conhecimento da natureza humana e na
distinção da individualidade. O conhecimento dos elementos da natureza, da organização
social, dos hábitos, somado ao conhecimento das características singulares de cada um,
permitiria o conhecimento necessário para encontrar o equilíbrio do singular com o
universal, da pessoa com a sociedade e a natureza nas quais se encontra inserida. A
noção de saúde hipocrática corresponde a este equilíbrio, constituindo uma medicina
organicista, com a atenção fixada no doente, na natureza que o cerca, nas leis universais
que a regem, e não na doença como um problema isolado.
Outra característica fundamental da medicina hipocrática é o fato de ter uma orientação
empirista, pesquisando minuciosamente cada caso. Buscava a adequação metodológica
a cada indivíduo; a medida para cada caso, para cada constituição orgânica,
considerando o ser humano em sua natureza, mas também a partir daquilo que come,
bebe, de como vive e se posiciona no mundo.
Vemos, portanto que é preciso conhecer a virtude dos exercícios tanto
naturais como forçados, quais contribuem para o aumento das carnes,
quais para a sua atenuação; e não somente isso, mais ainda a proporção
dos exercícios em relação à quantidade de alimentos, à natureza do
indivíduo, à idade, às estações, à mudança dos ventos, à situação dos
lugares onde ele vive e à organização do ano. Observaremos o levante e o
poente das constelações a fim de prevenir-nos contra as mutações e as
condições excessivas dos alimentos, das bebidas, dos ventos e do mundo
inteiro, circunstâncias que provocam doenças. Mesmo conhecendo tudo
isso, a descoberta não está completa: se, de fato, for possível achar, além
disso, para cada natureza individual, uma medida de alimentos e uma
proporção de exercícios sem excesso, nem para mais nem para menos,
teremos um meio exato de manter a saúde (HIPOCRATES, 2002: 32-33).
Jaeger aponta para a influência da medicina hipocrática no método socrático-platônico,
verificável em vários dos diálogos de Platão. No diálogo Fedro (270), por exemplo,
Sócrates sugere que se utilize o método hipocrático para conhecer a natureza da alma.
Conforme a seguinte passagem:
Sócrates – E acreditas que seja possível conhecer a natureza da alma sem
conhecer o universo?
Fedro – Se dermos crédito a Hipócrates, que é um Asclepíades, nem
sequer o corpo se pode conhecer sem tal método.
Sócrates – Pois ele tem razão, meu amigo! Mas, além do que disse
Hipócrates, devemos consultar também a razão e verificar se ela concorda
com essa afirmação.
Fedro – Penso da mesma maneira.
Sócrates – Vejamos, pois, o que dizem Hipócrates e a razão sobre a
natureza! Não é esse o procedimento para se determinar as características
de qualquer objeto? Primeiro, é necessário se determinar aquilo que
desejamos conhecer, ou sobre o qual pretendemos instruir alguém, é
simples ou multiforme. Depois, no caso de ser simples, precisamos saber
que capacidades ele tem, por natureza, de influenciar outras coisas ou de
ser influenciado por elas. Se, porém, se tratar de um objeto que comporta
uma pluralidade de formas, temos de enumerar todas as suas partes e,
após enumerá-las, fazer o que já havíamos feito para o caso simples com
cada uma das partes enumeradas. Qual dessas partes é capaz de produzir
uma ação? E que influência exerce essa ação?
Fedro – Pareces ter razão, Sócrates.
Sócrates – Quem não segue esse método é como se caminhasse às
cegas. Mas quem examina uma coisa de acordo com a arte não pode ser
comparado a um cego nem a um surdo e, obviamente, quem expõe um
assunto artisticamente deve definir com exatidão a natureza desse
assunto. Ora, tal assunto é a alma.
Em mútua influência, filosofia e medicina caminharam juntas, buscando o equilíbrio
integral. O estudo das partes sem perder a dimensão do todo, assim como o estudo das
mútuas implicações e interferências entre partes e todo são de extrema importância tanto
para a medicina hipocrática, como para a filosofia na Antiguidade. Não apenas o médico e
seus métodos, mas o cidadão e sua capacidade racional seriam os responsáveis pelo
cuidado com a saúde integral.
Cuidar de si significava, como aponta Foucault em Hermenêutica do Sujeito, cuidar da
polis, governar. Não é possível ao cidadão estar saudável se a sociedade onde vive
estiver doente. Não é possível bem estar quando a natureza foi violentada e se encontra
em desequilíbrio. Cada um é responsável por conhecer a si e a polis, por cuidar de si e da
polis. Mas sendo esse um movimento que exige a vida em sociedade, não é feito
isoladamente, mas publicamente, trazendo, a cada cidadão, a responsabilidade pelo
cuidar da “alma”, do “corpo”, da “casa”, da “sociedade” e da “natureza, equilibrando suas
ações às necessidades circundantes e estas às possibilidades de sua natureza. Conhecer
para deliberar, para constituir a autonomia, o livre pensar.
Primeiramente, o tema de uma atitude geral, um certo modo de encarar as
coisas, de estar no mundo, de praticar ações, de ter relações com o outro,
a epiméleia heautoû [o cuidado de si mesmo] é uma atitude – para consigo,
para com os outros, para com o mundo.
Em segundo lugar, a epiméleia heautoû é também uma certa forma de
atenção, de olhar. Cuidar de si mesmo implica que se converta o olhar, que
se o conduza do exterior para (...) si mesmo. O cuidado de si implica uma
certa maneira de estar atento ao que se pensa e ao que se passa no
pensamento. Há um parentesco da palavra epiméleia com meléte, que
quer dizer, ao mesmo tempo, exercício e meditação, assunto que também
trataremos de elucidar.
Em terceiro lugar (...) também designa sempre algumas ações, ações que
são exercidas de si para consigo, ações pelas quais nos assumimos, nos
modificamos, nos purificamos, nos transformamos e nos transfiguramos.
Daí uma série de práticas que são, na sua maioria, exercícios, cujo destino
(na história da cultura, da filosofia, da moral, da espiritualidade ocidentais)
será bem longo. São por exemplo, as técnicas da meditação; as de
memorização do passado; as de exame de consciência; as de verificação
das representações na medida em que elas se apresentam ao espírito, etc.
(FOUCAULT, 2004: 14-15).
A contribuição do médico neste processo consiste na compreensão do que é orgânico, no
sentido de perceber que todo órgão, e mesmo um sistema, é algo sempre aberto com
infinitas possibilidades de metamorfoses, complementando, assim, a ação do filósofo, que
ao abordar uma questão considera, necessariamente, sua história, com o objetivo de
compreender sua gênese, sua constituição, suas mútuas interações e implicações com o
entorno. Por caminhos diferentes, médico e filósofo partilham o papel de provocar a
pessoa a perceber-se, a refletir sobre sua situação e a buscar, entre as infinitas
possibilidades de movimentações existenciais, aquelas mais adequadas a suas
necessidades, a seu modo de ser.
Quem lida com o conhecimento médico percebe logo que existem hiatos, “pulos” entre
estados de matéria, estruturas e formas. Esses hiatos até hoje não foram explicados pela
ciência, simplesmente porque não se leva em conta a possibilidade da metamorfose.
Estudando por exemplo a Embriologia, nota-se que no processo de formação do embrião,
há momentos de completo caos e desarranjo, para logo em seguida, surgir outra estrutura
em um novo patamar de realidade e função, mais desenvolvida, mais sofisticada que a
anterior, mais resiliente à vida na terra.
Ora, tanto o médico quanto o filósofo denunciam os processos estruturantes que levam ao
estabelecimento de padrões e agenciamentos de poder, levando às muitas dependências
que interessam a todas as instituições que se baseiam na especulação irresponsável.
Mas não basta apenas a denúncia. É na ação quotidiana dos agentes de saúde, médicos,
psicólogos, fisioterapeutas, filósofos e tantos outros profissionais, que se pode levar aos
pacientes (os portadores do “pathos”) a experiência do quanto cada um de nós é
responsável por seus processos, demonstrando como a alienação se perpetua enquanto
não assumimos essa potência.
Culturalmente, por uma tendência ligada à violência, o fenômeno do medo se instala cada
vez mais profundamente nas comunidades. O medo afasta a ação humana de sua
responsabilidade no mundo, aliena a sua potência, o seu assumir-se. Hoje, e cada vez
mais, a exploração da indústria do medo, com as suas mais diversificadas áreas de
influência, é um grande negócio.
Diante deste quadro emerge a importância do trabalho dos terapeutas, pedagogos e
filósofos como profissionais inseridos na ação política pelo exercício contínuo da
micropolítica pela qual cada contato, cada atendimento, compromete-se com o fato de um
encontro de pessoas que revelam sua integridade, sua potência vital.
A medicina antroposófica, compreendida aqui como uma ampliação da atuação médica,
associada ao contemporâneo estatuto da Medicina de Família e Comunidade, insere o ser
humano no mundo, compreendendo-o agora por uma visão que une a antropologia física
com a antropologia cultural. Com este fundamento, a diversidade de experiências,
vivências e compreensões é sempre respeitada, permitindo a cada pessoa assumir o ser
potente que é.
Assim, não se caracteriza como uma medicina que se prende apenas aos sintomas, nem
se erige em explicadora das causas. Sua proposta é inserir-se integralmente nos
processos, participar com o paciente de sua aventura e de sua ação no mundo, que se
torna, assim, efetivamente criativa. Leva em consideração, necessariamente, sua história
de vida, sua biografia. Estuda suas leis gerais e as aplica, não cegamente, mas “tateando”
os processos individuais intrínsecos. O médico torna-se caminhante junto com quem
caminha, navegante junto com quem navega.
O mesmo faz o filósofo clínico, que não possui teorias prévias, tipologias, nem trabalha
com conceitos de normalidade. Ele simplesmente auxilia a pessoa a “ser aquilo que é”, a
“cuidar de si”. Para tal, o filósofo clínico visita o universo existencial do partilhante (aquele
que partilha suas questões, seu modo de vida), provocando-o a refletir sobre suas
próprias construções, assim como sobre a construção de outras possíveis formas de vida.
Qual a saúde que se busca?
O conceito de saúde em vigor é o completo bem estar bio-psico-social (OMS), mas em
que consiste o bem estar? Se o considerássemos como completo bem estar um padrão
absoluto, talvez encontrássemos, como afirma Hegenberg (1998), um estado comatoso.
Como compreender a saúde? A antiga idéia de restauração do equilíbrio do universo se
desfaz diante da constatação do desequilíbrio constituinte desse universo. Como fazer?
Se considerarmos o ser humano como um ser biológico, ele será passível de processos
bioquímicos que geram instabilidade e emergência de novas estruturas na medida em
que o organismo relaciona-se com o outro, a natureza e a sociedade. Se a estrutura
interna desse ser biológico é tão móvel quanto às estruturas externas com as quais se
relaciona, é possível conceber a construção de um equilíbrio singular, de um bem estar
que não é compreendido como medida absoluta, e sim como um fluxo, que a partir das
relações com seu entorno, compõe um todo, fazendo surgir novos elementos, ou
abandonando elementos que impeçam esse equilíbrio.
O quanto conhecemos sobre nosso modo de ser e sobre as possibilidades que nos
cercam? Se conhecêssemos outras possibilidades, escolheríamos a que temos? Se não
conhecemos os elementos, como construir a nós mesmos? Ficamos à espera de alguém
que assuma a responsabilidade sobre nosso modo de ser? Alguém que tome a iniciativa
de olhar para nós e dizer o que devemos fazer? Muitos nos dizem o que devemos fazer,
desejar, pensar, decidir, sonhar, viver... mas isso nem sempre diz respeito a nossas
necessidades.
Apesar do movimento de busca de equilíbrio e de saúde na filosofia encontrarem-se
presentes desde suas origens, a equivocada indistinção das características e papéis da
filosofia e da ciência moderna, assim como uma também equivocada cisão e uma espécie
de “disputa” entre elas, parecem ter contribuído para afastar a filosofia de seu papel de
cuidadora. Papel esse que passou a ser cumprido pela ciência, que por sua característica
“renuncia ao infinito para ganhar a referência: ela traça um plano de coordenadas
somente indefinidas, que define sempre estados de coisas, funções ou proposições
referenciais, sob a ação de observadores parciais” (Deleuze; Guattari, 2001: 253).
Ao definir “estados de coisas”, a ciência define critérios de normalidade, a partir dos quais
nomeia o que é saúde e doença. Esses critérios são formulados a partir de um modo de
ser singular, que passa a ser universalizado, impedindo àqueles que se encontram em
outros padrões de receberem o estatuto de legitimidade. Desta forma, cuidar, restabelecer
a saúde, é restabelecer o padrão. Se o padrão de normalidade refere-se a um conceito
construído socialmente, ele reflete uma forma de organização e diz respeito a um tempo e
um espaço delimitados. Uma abordagem filosófica exige a constante revisão,
desconstrução e construção dos padrões; exige um olhar mais amplo, que considere cada
pessoa, cada contexto, e suas respectivas necessidades.
Em meio a esses questionamentos, no final do século XX, surgem atividades como
filosofia prática, aconselhamento filosófico, filosofia clínica, uma espécie de resgate do
papel terapêutico que a filosofia já possuía em suas origens.
A filosofia prática de Achenbach inicia esse resgate, partindo do questionamento: se a
psiquiatria e a psicologia utilizam a filosofia em seus métodos, por que um filósofo não
poderia utilizar a metodologia própria da filosofia para ajudar as pessoas em suas
questões cotidianas? O filósofo assume a função de cuidador, a partir do conhecimento
produzido na história da filosofia. Após o primeiro “consultório de filosofia”, aberto na
Alemanha em 1981 (Sautet, 1999), o aconselhamento filosófico e a filosofia prática
cresceram e encontram-se presentes hoje em todo o mundo, com a proposta de cuidar
utilizando metodologias filosóficas.
A filosofia se torna clínica
No Brasil, o filósofo Lúcio Packter (1997) propôs a filosofia clínica. Ele recorta e seleciona,
do conhecimento filosófico, a metodologia necessária para provocar o outro a refletir
sobre suas questões e buscar formas de lidar com elas. Articulando e sobrepondo
elementos de maneira flexível, ele não constrói uma teoria adequada a diversas pessoas,
mas um instrumental de pesquisa que permite a construção do trabalho para cada pessoa
em especial, remontando às origens do filosofar.
Trata-se de clínica no sentido originário da palavra, klinos, kline (estar deitado, ir ao leito
do doente), de possuir o olhar voltado para a pessoa que procura auxílio, que busca por
cuidado. Trata-se de filosofia por ser um pensar junto com a pessoa acerca de suas
questões, mantendo a autonomia do pensar. O conhecimento filosófico e sua construção
promovem o equilíbrio e a plasticidade necessários à saúde. É ainda filosofia por construir
conceitos articulando, sobrepondo, organizando elementos a partir de questões propostas
por uma pessoa, em um “plano de realidade”.
Procuram os consultórios de filosofia clínica, pessoas que vivem crises, dificuldades.
Pessoas que sofrem porque pensam de maneira diferente do senso comum, porque não
se conformam com a estrutura social vigente, porque não aceitam padrões sociais
estabelecidos, porque não conseguem viver como todo mundo vive, ser como todo
mundo é. O alívio existencial de poder partilhar seu modo de ser e pensar sem ser julgado
ou avaliado, é imenso. A possibilidade de pensar nas consequências de assumir esse
modo de ser, de questionar a si mesmo, de provocar uma reflexão em seu meio social,
muitas vezes devolve o equilíbrio necessário à vida.
A partir do conhecimento da pessoa, de sua visão de mundo, seus modos de ser e
pensar, o filósofo clínico constrói, para aquele indivíduo em especial e juntamente com
ele, uma proposta terapêutica. Para obter elementos, o filósofo clínico colhe dados no
histórico de vida da pessoa, tendo em vista compreender a gênese de suas questões e de
seus modos de ser, assim como aprender sua linguagem. Pesquisa termos, conteúdos,
formas de expressão e significados próprios da pessoa para interagir com ela, fazendo
uso do mesmo jogo de linguagem. Ou seja, faz uso da metodologia filosófica para abordar
as questões existenciais trazidas pela pessoa. Flexibilidade, abertura, criatividade são
características fundamentais à clínica filosófica.
A filosofia clínica cumpre um papel terapêutico na medida em que auxilia a pessoa a lidar
com suas questões, a encontrar um equilíbrio que lhe permita avaliar seu entorno e
posicionar-se diante dele. Por outro lado, cumpre também um papel profilático, no sentido
de provocar a construção de modos de ser mais saudáveis, no sentido de atender às
necessidades, permitindo uma construção de si mesmo e do mundo da melhor maneira
possível.
Para tal, o conhecimento sobre si mesmo é necessário, mas não é suficiente. É preciso
também conhecer o entorno, assim como a estrutura que estamos construindo e suas
possibilidades futuras. Ocorre como se necessitássemos conhecer modos de ser
saudáveis para construí-los, mas como isso nos é impossível, construímos nossos modos
de ser e seguimos num processo de desconstrução e reconstrução em busca do
equilíbrio, um equilíbrio em movimento. Nesse processo, a filosofia volta a assumir seu
papel de cuidar.
Não há aqui a pretensão de substituir o trabalho também tão importante do psicólogo, do
pedagogo, do assistente social e todos os tantos profissionais que percebem assim a
prioridade de se trabalhar em equipes multidisciplinares justamente retomando a proposta
prática da universidade como entidade que reúne a ação inquiridora, questionadora e
criadora de contínuas novas formas de procedimentos.
A medicina volta a filosofar
A epistemologia volta a se assumir como a pesquisadora de formas de percepção da
realidade; a estética inclui a criação artística, a ação integradora, tão caras a uma
medicina ampliada; a metafísica contemporânea busca o fundamento ontológico da
existência na interseção entre a neurociência a filosofia da mente e a inteligência artificial
(AIUB, 2009; TEIXEIRA, 2008).
São reflexões que nos provocam a retomar uma noção essencial que se perdeu: a arte de
viver que se manifesta em tudo o que se faz. Há uma arte de curar, assim como há uma
arte de interpretar e pensar o mundo e a vida. A arte, a ciência e filosofia são
instrumentos de compreensão da vida.
Ao compreender a filosofia como uma atividade de criação de conceitos, estamos
realizando uma nova abordagem. Esse ato de discernir, buscar diretrizes para orientar os
procedimentos, consiste em coletar os elementos que serão articulados, sobrepostos e
compostos para a criação de novos conceitos, novos modos de existência. Esse
movimento já é a atividade filosófica. Com essa abordagem, estabelecemos a relação da
filosofia com a medicina como “atividades artísticas” intimamente coordenadas.
Com a expectativa de maior operacionalização, padronização de procedimentos, formas
normatizadas de controle e registro, os médicos e os pacientes não consideram
necessárias as ações artísticas e filosóficas. Não buscam uma reflexão sobre suas formas
de vida, mas um remédio que anestesie sua dor, que extirpa sua doença, de modo prático
e rápido.
Com base nessa postura foi se impondo uma mecanização e, com a organização de
formas variadas de estruturas de poder, estabelecidas normatizações e padrões que
seguiram diferentes teorias, na maioria dos casos, coibindo a ação criativa, artística e
fazendo prevalecer a racionalidade. Hoje estamos caminhando da decepção com todas
as formas de racionalização a um processo de desconstrução, que nos permite criar
novas formas de existência.
Volta à importância da filosofia e da arte. Retorna a importância do cuidado e da busca
que respeita caso a caso, material por material, compondo procedimentos. Há que
repensar, sentir e agir com respeito à diversidade, mas buscando a ação radical, aquela
que vai às raízes, com rigor, mas não é rígida; buscando a disciplina, mas não a
padronização.
Desta maneira a ação médica volta a ser disciplinada por um pensar vivo, resgatando a
arte, a ação criativa que, para cada caso, exige uma abordagem própria, uma nova
solução, um medicamento personalizado, etc.
Não há como separar a medicina da filosofia e da arte. Quando se faz isso, instaura-se a
banalização que propõe o “fast food”, a limitação de todas as formas de expressão, em
nome de uma objetividade simplista e pobre.
Mas todo esse processo não foi e não é homogêneo. Paradigmas diferentes sobre saúde
e doença sempre conviveram com a corrente hegemônica. Várias formas diferentes de
fazer ciência conviveram e convivem com a forma dominante, mas o principal é que
cosmovisões diferentes acabaram convivendo com a racionalidade cartesiana e, hoje,
estão revolucionando toda a ciência do século passado.
Medicina de Família e Comunidade
Em meados do século passado, percebendo todas essas características de uma medicina
cara e muitas vezes ineficiente, várias nações estudaram os sistemas de saúde existentes
na época e entraram em consenso sobre o que ficou chamado Atenção Primária a Saúde
– APS. Primária no sentido de ser o primeiro, o principal, a base. Esse consenso
determinava diretrizes que estabeleceram características básicas. São elas: Acesso,
Vínculo, Longitudinalidade e Coordenação do cuidado.
Acesso aos usuários do sistema é problema estratégico primordial a ser resolvido e que
determina o primeiro passo para o sucesso do cuidado público ou privado para uma
grande quantidade de pessoas. O sistema que consegue minimamente garantir o acesso,
já deu um passo muito importante para estabelecer equidade e justiça.
Vínculo é o comprometimento do profissional da APS com seu paciente, com sua família
e com sua comunidade, passo “sine qua non” para o estabelecimento de uma relação
profícua e produtora de saúde.
Longitudinalidade significa garantir o cuidado à saúde em todos os estágios e em todos os
níveis de complexidade ao longo do tempo, preferencialmente com os mesmos
profissionais de saúde para permitir que o vínculo formado não seja desfeito. Isso é outro
passo essencial.
Coordenação do cuidado significa garantir que a gestão do cuidado se dê em todos os
níveis de complexidade e que esses diferentes níveis “conversem” entre si para o melhor
resultado para os pacientes. Essa é uma função precípua do profissional da APS.
Aqui no Brasil, essa maneira de pensar se deu de forma gradual e marcante
determinando o que hoje se apresenta como o Sistema Único de Saúde – SUS. Esse
sistema, elogiado por todo o mundo, funciona em níveis de complexidade diferentes: o
nível primário representado pelas unidades básicas de saúde, o nível secundário
representado pelos profissionais especialistas em cada área da medicina, o nível terciário
pelos hospitais e o nível quaternário representado pelos hospitais e instituições
universitários.
Com o surgimento do Programa Saúde da Família – PSF em 1994, resultado de grande
luta do movimento de vários segmentos da sociedade desde os anos sessenta, o
fortalecimento da APS vem se estabelecendo de maneira mais definitiva.
No esteio desse movimento mundial e embasado por evidências científicas inegáveis,
surgiu a especialidade médica Medicina Geral e Comunitária em 1981 com formação em
estágio supervisionado (residência médica) de dois anos em ambiente universitário. Em
2001 o nome da especialidade mudou para Medicina de Família e Comunidade seguindo
a tendência mundial.
E quais são as características principais dessa especialidade?
A Medicina de Família e Comunidade se define por tratar pessoas de uma maneira
abrangente, sem distinção de sexo, idade, problema de saúde, sistema acometido,
tecnologia envolvida ou não e assim por diante. Assim, o médico de família e comunidade
atende pessoas, sendo elas crianças, adultos e idosos de qualquer sexo sem
discriminação de problemas de saúde, de maneira que esse profissional tem habilidades
para atender as áreas de Pediatria, Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Pequenas
Cirurgias, Saúde Coletiva e Saúde Mental. Mas como isso é possível se cada uma dessas
áreas de conhecimento já é enorme e só cresce?
A questão aqui é que cada vez se comprova mais e mais que o médico de família e
comunidade bem formado pode atender com resolubilidade de até 90% os problemas de
saúde de uma pessoa, de uma família e de uma comunidade, necessitando de outros
especialistas em aproximadamente 10 a 15% das vezes. Para isso deve ter uma
formação clínica sólida. Representa um profissional especialista em Atenção Primária a
Saúde, aquele que é o primeiro contato médico de qualquer sistema de saúde.
Têm como foco primordial a pessoa que está a sua frente, fazendo uso profundo do
conhecimento das inter-relações de família e da comunidade em que este indivíduo está
inserido. Têm, portanto, conhecimentos sobre dinâmicas familiares e dinâmicas sociais,
levando em consideração a antropologia da saúde.
A abordagem centrada na pessoa retira o foco da doença e a transfere para o indivíduo, a
pessoa antes da doença. Para o médico de família e comunidade é muito mais importante
saber que pessoa tem tal doença do que saber que doença tem tal pessoa. Essa
característica re-instaura a visão global da pessoa, trazendo a arte do conhecimento
humano imbricado com a possível afecção sofrida.
Para isso o vínculo se torna a principal característica deste profissional, pedra angular de
qualquer abordagem. A confiança, o acolhimento, o partilhar, o respeito e a abertura são
Realidades que estabelecem a relação entre paciente – palavra derivada do grego
“pathos”, aquele que deixa emergir sua paixão - e médico – aquele que está mediando e
medicando um processo de vida, antes de um processo apenas patológico.
Destarte, uma diferença importantíssima é que o interesse está voltado para a saúde, em
como desenvolver o bem maior que cada um tem. Mergulha-se de cabeça no paradigma
da Salutogênese (em oposição ao paradigma da Patogênese) e no mistério da cura.
Considera que, para cada sofrimento ou doença, há a necessidade de despertar os
potenciais de cura interna de cada indivíduo, mobilizando seu ser para atravessar a
doença de maneira plena de sentido e superação. Não se trata de valorizar o estado
doente, mas sim de atravessá-lo de maneira verdadeira. O foco agora é a saúde.
Para qualquer profissional que trabalha com saúde e que se propõe a realizar o processo
de cura é mais importante ter a noção profundamente enraizada do que significa um ser
humano saudável do que ter a noção do que significa o estado doente. A primeira tem de
estar antes da segunda. Necessariamente! Só assim pode-se atingir o ideal médico de
cura. Em decorrência disso e considerando a arte como caminho de cura, o conhecimento
da estética e a admiração da beleza se tornam também parte fundamental do que o
terapeuta tem de ter como realidade vivente dentro de si.
Isto impõe uma necessidade, por parte deste profissional, de realizar o auto-cultivo
constantemente, dando novo sentido a sua prática. Torna-se assim uma prática autoreflexiva, auto-educadora e viva.
Outra característica é que o pensamento clínico empregado não considera que há uma
divisão entre o que é psíquico e orgânico, mas sim que os fenômenos são imbricados,
muitas vezes determinando queixas subjetivas e imprecisas que o médico tem de estar
preparado para acolher e interpretar corretamente. Supera-se assim o que Ian R. Mc
Whinney chamou de falha geológica, o fato de a ciência médica dividir, apartar as
manifestações
orgânicas
das
psíquicas,
reforçando
uma práxis
unilateralmente
cartesiana.
Nesse sentido, torna-se importante valorizar as emoções com o mesmo critério e peso
que as manifestações objetivas são valorizadas, atendendo ao paciente como ser global
que precisa ser entendido de modo integral, e mais que isso, para o terapeuta é
necessário formar uma imagem completa e verdadeira de quem é esse sujeito.
Também se torna importante ouvir ao paciente ou sua família mais que falar, aplicando
uma escuta ativa e atenta, acolhendo seus pontos de vista, suas perspectivas, suas
idiossincrasias. Colocar-se como ouvinte ativo impõe um estado de atenção e
discernimento do que realmente acontece com o sujeito e permite os diagnósticos muito
mais facilmente, uma vez que estes sempre estão no conteúdo verbal e não verbal que o
paciente manifesta.
A atitude que o médico de família e comunidade deve ter é de comprometimento com seu
paciente e sua comunidade, mas de forma a não se colocar como o detentor exclusivo do
conhecimento médico que leva o paciente a se sentir subjugado por este poder. Aqui o
importante é o respeito pelos diversos saberes e o empoderamento máximo do paciente,
compartilhando este conhecimento através de uma democratização destes diferentes
saberes. Uma atitude conseqüente é a apropriação da saúde por parte do paciente, não
sendo o médico o responsável por ela, mas sim um fiel aconselhador.
Assim, uma atitude médica fundamental é a de ser um aconselhador biográfico, um
terapeuta que se coloca à disposição da pessoa para achar e empreender o melhor
caminho de vida, indo muito além da enfermidade, uma vez que conhece a sua história,
os seus referenciais e as suas metas. Pode assim, ser um grande ajudante na construção
de novas narrativas de vida.
Neste ponto, a filosofia clínica, por também trabalhar com a historicidade da pessoa e
possuir um instrumental de escuta e de leitura próprio para a abordagem das questões
existenciais, poderá auxiliar fortemente o trabalho do médico na compreensão da queixa e
da historicidade da pessoa.
A sensibilidade e o olhar tem de se voltar também para a comunidade, espaço privilegiado
para uma atuação intersetorial, mobilizando todos os atores sociais possíveis como as
escolas locais, as igrejas, as organizações não governamentais, a polícia, as associações
de bairro, o comércio local, e assim por diante, para realizar ações conjuntas na produção
do bem estar comunitário.
Assim em coerência com a proposta de Universidade, conforme acima citada, um pensar
tão aberto pressupõe que esta especialidade considere outras cosmovisões médicas. Isso
é feito quando racionalidades médicas integrativas e complementares são postas em
prática como a Medicina Antroposófica, a Medicina Tradicional Chinesa, a Homeopatia, a
Medicina Ayurvédica, a Fitoterapia, etc. Tais práticas ampliam o olhar sobre os sujeitos,
sobre as doenças e sobre suas histórias, de maneira que quando bem aplicadas só
ajudam em todo o processo. Além disso, essas racionalidades procuram atuar
mobilizando as forças internas de cura de cada pessoa, as substâncias usadas sempre
seguindo esta direção e não se opondo simplesmente à patogênese.
A medicina antroposófica, por exemplo, considera o ser humano como entidade anímicoespiritual e vital-corporal intensamente ligadas, imbricadas, interdependentes. Além disso,
localiza o ser humano no cosmos, ligado a suas influências, participando de seus
movimentos, e o mais importante, com total capacidade de conseguir a liberdade e decidir
sobre o seu próprio destino.
No conhecimento ampliado, a doença ou qualquer crise são oportunidades de
crescimento e não necessariamente formas negativas de existência. Assim, é possível
pensar que as doenças podem abrir um caminho criativo para a construção de níveis de
sentido que se contrapõem a modelos culturais, padrões de um etnocentrismo positivista,
biomédico ou mesmo psicanalítico, já que esses níveis de sentido superam o hiato entre
natureza, cultura, inconsciente coletivo, ações comunitárias, micropolíticas e políticas em
uma compreensão de fato mobilizadora. O “pathos” gera sempre novos rumos, novos
sentidos, abrindo com seus processos várias possibilidades de alteridade.
Profissionais responsáveis rastreiam esses caminhos, compreendendo, agora com a
evolução do conhecimento antropológico, a multiplicidade gerada pela mediação da
função simbólica que não pode permitir o reducionismo que só interessa às diversas
estruturas de poder.
O “pathos” abre vias para uma viagem de um mundo tangível para um mundo mítico,
ligando o inteligível com o sensível, o analógico com o imaginário. Nesse universo,
povoado por diferentes sistemas simbólicos, se organiza uma atitude que tem como eixo
dinâmico um fluxo onde o patológico e o saudável assumem a possibilidade perene do
processo criativo como forma viva de alinhamento com a ordem que se estabelece pelo
caminhar conjunto de todos nós.
Com estas ações, resgatamos o pensar filosófico. Este “amor ao conhecimento” integra
diferentes cosmovisões, propõe o respeito à diversidade e estabelece um olhar
abrangente que não mais permite a segmentação e a fragmentação de procedimentos.
A arte de pensar se integra com a arte de curar. A Filosofia se torna clínica e a Medicina
volta a filosofar.
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Dr. Michael Yaari é médico com residência em Medicina de Família e Comunidade pela
Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina - Unifesp-EPM, com
especialização em Geriatria e Gerontologia também pela Unifesp-EPM e é formado em
Medicina Antroposófica pela Associação Brasileira de Medicina Antroposófica-ABMA em
São Paulo-SP. É também Terapeuta Comunitário, formado pelo criador desta modalidade
terapêutica, Prof. Dr. Adalberto Barreto. Trabalha na Associação Comunitária Monte Azul
e em consultório particular e é sócio fundador da PróLíbera Consultoria em Saúde.
e-mail: [email protected]; [email protected];
site: www.proliberaconsultoria.com
Monica Aiub é filósofa clínica, mestre em Filosofia da Mente (UFSCAR-SP). Professora
Titular do curso de Especialização em Filosofia Clínica do Instituto Packter e professora
de Filosofia na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Fundadora do Interseção –
Instituto de Filosofia Clínica de São Paulo. Presidente da ANFIC – Associação Nacional
de Filósofos Clínicos.
e-mail: [email protected]
site: www.institutointersecao.com
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