PROJETO DE PESQUISA DE PÓS-DOUTORAMENTO Título: A imagem persistente e a contemporaneidade Candidato à bolsa de estudos: Ana Lúcia Calzavara Linha de pesquisa: Poéticas Visuais PROJETO DE PESQUISA DE PÓS-DOUTORAMENTO Título: A imagem persistente e a contemporaneidade Candidato à bolsa de estudos: Ana Lúcia Calzavara Linha de pesquisa: Poéticas Visuais Sugestão de supervisor: prof. Dr. Marco Francesco Buti 1. Resumo O mundo contemporâneo, especialmente nos últimos vinte anos, se caracteriza pelas profundas transformações nos processos de geração, reprodução e distribuição das imagens, propiciadas pelas novas tecnologias digitais. Essas tecnologias determinaram uma explosão na quantidade de imagens produzidas e colocadas em circulação, impondo questões importantes aos processos tradicionais de criação de imagens associados ao fazer artístico. Em minha trajetória como artista, venho desenvolvendo um trabalho pautado pelo imbricamento entre as linguagens da pintura, gravura e fotografia. Nesse sentido, o mesmo se vê impactado pelo contexto acima descrito. Como dialogar com a profusão de imagens atuais preservando um discurso vigoroso e potente que venho buscando através dos meios expressivos que utilizo? Como lidar com a paradoxo entre a crescente proliferação das imagens e sua fragilização expressiva? O que se pretende aqui não é simplesmente celebrar novas tecnologias, ou descartar as mais antigas como algo superado, e sim uma análise crítica frente a esses processos, a partir de uma compreensão histórica de como artistas no passado e do presente lidaram e lidam com situações semelhantes, tendo como contraponto o trabalho desenvolvido em minha tese de doutoramento. Palavras-chave: Pintura, Gravura, Fotografia, Tecnologia digital, Reprodutibilidade da imagem. 2. Introdução Minha tese de doutoramento defendida no ano de 2012 e entitulada “Entremeios” tratou das três linguagens visuais que considero ao mesmo tempo distintas e indissociáveis no que se refere ao meu percurso como artista: pintura, gravura e fotografia, sendo as mesmas relacionadas à concepção do espaço e suas ambiguidades. As imagens que ilustravam esse percurso foram dispostas de modo intercalado e misturado a fim de enfatizar a natureza do próprio trabalho, pois, embora constituindo-se em meios expressivos específicos, estes possuíam uma relação estreita e íntima entre si: guardavam parentescos e influências recíprocas, sendo comum que uma imagem realizada numa determinada linguagem derivasse de uma outra executada em técnica distinta. Isso não obedecia a uma hierarquia; às vezes era de uma gravura que surgia uma pintura ou fotografia; em outras era uma pintura que instigava uma fotografia ou uma gravura; e ainda, casos de fotografias que suscitavam gravuras e/ou pinturas. Acredito que meu trabalho como artista sempre se estruturou através de um pensamento calcado no universo da pintura. Mesmo quando outras linguagens foram aparecendo em meu percurso como consequência natural de uma busca por uma expressão visual que me satisfizesse, era a pintura que a norteava – com suas indagações, desafios, suas características formais, conceituais e expressivas. A fotografia começou a fazer parte de minha rotina de trabalho a partir de uma imagem fotográfica realizada por mim onde, acredito, residiam questões diretamente ligadas ao campo pictórico: uma janela cujo vidro era recoberto de tinta e, portanto, se tornara opaco, impedindo que se olhasse através dele. Na verdade, essa imagem funcionava como uma metáfora material da pintura – a janela, olhar que atravessa as paredes; a pintura, superfície opaca que revela algo além de si mesma. Sem título c-print 1998 A partir dessa foto comecei a pintar algumas telas, fazendo com que simulassem janelas e portas através da escolha de seus formatos, trabalhando suas divisões não mais através de desenhos, mas com fita crepe. A intenção era promover uma simbiose entre cor e superfície a fim de explorar uma materialidade objectual na pintura. Paralelamente, também pintei janelas e molduras abandonadas que obtinha em depósitos ou coletava pelas ruas. Ao fazê-lo, tentava imprimir nelas qualidades pictóricas, ao mesmo tempo em que procurava dar às pinturas sobre tela, um pouco da concretude desses objetos. A discussão ali também procurava refletir sobre os limites do papel da pintura como representação do mundo, uma vez que o objeto temático era a própria janela, metáfora por tantos anos da condição/vocação da natureza pictórica. Sem título, 1998 óleo sobre madeira, 53,5 x 75 cm [cada] Aos poucos, a prática da fotografia adquiriu uma autonomia, mesmo que ainda estivesse fortemente ligada à reflexão sobre a pintura. Na verdade, a fotografia era uma maneira de continuar a pintar, uma vez que meu olhar procurava em ambas certos elementos comuns – grandes superfícies coloridas, jogos de luzes e planos. Ao mesmo tempo, o contrário também era verdadeiro: ela me apresentava novas possibilidades em relação à pintura (e também, mais recentemente, à gravura). Acredito que, de algum modo, a fotografia veio tentar resolver um impasse que travava com a pintura, onde vinha me conscientizando de uma qualidade metafísica em meus trabalhos que, pouco a pouco, começara a me incomodar. Passei a buscar uma aproximação mais estreita entre a pintura e o mundo – queria que minha pintura tivesse uma ‘presença’ no mundo do mesmo modo que outra coisa: um objeto que existe, que ‘esta lá’. Queria que ela fosse capaz de emanar uma pulsação, ocupar um lugar. Não à toa, meu olhar havia sido atraído por uma janela cujo vidro havia sido pintado: vi, ali, qualidades que normalmente delegamos ao campo da pintura – uma gestualidade espontânea, uma matéria potente capaz de ativar a superfície resultando em uma imagem capaz de, ao mesmo tempo, intrigar e atrair quem a olha – qualidades que também gostaria de alcançar em meus trabalhos. Fotografar perambulando pelas ruas, ‘extraindo’ das coisas e da realidade ao redor algo que já estivesse lá e que meu olhar só fizesse percebê-lo, foi o passo seguinte. Começar a usar essas imagens captadas para desdobramentos posteriores, fosse na pintura ou na gravura, foi, igualmente, uma consequência natural. Embora minha relação com a gravura nos anos de formação tenha se realizado mais através da gravura em metal, a eleição pela superfície da madeira, nesses últimos oito anos, foi um processo gradativo e consequente. Sua natureza mais quente e a possibilidade de criar áreas densas ao entintar as superfícies da própria madeira foram determinantes nessa escolha (muito diferente do metal, onde há que se criar uma superfície através de processos como a maneira negra, a água-tinta, a água-forte, etc). O caráter híbrido que muitas dessas imagens adquiriram foi também algo determinante na eleição do processo de feitura desses trabalhos. Refiro-me aos aspectos da natureza fotográfica, provenientes do tipo de figuração; pictórica, pelas passagens e uso da cor; e ao mesmo tempo gráfica, pela presença inequívoca da madeira através da marca de seus veios na imagem impressa. Não me interessa construir uma imagem ilustrativa, tampouco nostálgica. O que anseio é uma imagem incrustada no presente: que tenha um corpo, uma existência, seja ela uma pintura, uma gravura ou uma fotografia – ou ainda uma imagem resultante de uma linguagem híbrida entre elas. Busco por uma imagem dotada de potência própria, capaz de sugerir significados e não se encerrar numa única chave interpretativa. Portanto, mesmo quando uma pintura ou gravura minha parte de uma fotografia, elas não procuram somente aderir à imagem fotográfica, ao contrário, à medida que vão se construindo, procuram também respeitar as qualidades próprias inerentes ao vocabulário de sua linguagem. Durante os últimos quinze anos, venho explorando as relações entre fotografia, pintura e gravura, bem como a qualidade fotográfica de planificar os objetos e condensar o espaço físico. Foi na interrelação dessas técnicas que encontrei o caminho para intensificar meu trabalho em busca de uma imagem ‘persistente’1. Uma busca fundamental minha como artista. É fato que no mundo de hoje, através das novas tecnologias da imagem, trabalhar com a imagem é sem dúvida um grande desafio. Esse impacto tecnológico transformou o modo 1 A expressão ‘imagem persistente’ foi retirada do nome de um artigo do cineaste Martin Scorsese, publicado na New York Review of Books de 2013. Nesse artigo, o cineasta fala também da relevância em se criar imagens no cinema que ‘não sejam só para serem consumidas como fast food e depois esquecidas’. Daí o nome do artigo, “The persisting vision: reading the language of cinema”. Utilizo-a por acreditar que ela se presta ao significado que busco – uma imagem que carregue sentido e que não seja meramente descartável entre tantas outras. e a quantidade de como as imagens são geradas, reproduzidas e distribuídas. Essa proliferação de imagens acabou por criar – por mais paradoxal que possa soar – uma fragilização da potência e sentido imagéticos. É inevitável, como artista, questionar-se sobre a pertinência de se criar imagens no contexto atual: que imagem, entre tantas, vale a pena? Como dialogar com a prolixidade das imagens atuais? Como imagens mais ‘tradicionais’ em seu processo de elaboração, tais como a pintura (e mesmo a gravura), podem propor um discurso pleno de sentido e vigor expressivos? Como imagens tão distintas em sua natureza, como por exemplo, a midiática e a artística, podem dialogar, enfrentar, cotejar, antagonizar, extraindo dessa relação possíveis acréscimos aos seus respectivos campos de atuação? O que constitui a pintura hoje? E a gravura? O que as torna efetivas? É a atualidade de seus temas? O hibridismo com outros meios de expressão digitais? A mescla de técnicas? É pensá-las enquanto veículos de expressão social? Ou seria ainda o questionamento sobre a própria identidade desses meios? O projeto de pesquisa que aqui se apresenta tem o intuito de dar continuidade ao estudo, à prática e à compreensão das possíveis relações entre essas linguagens presentes em meu percurso de artista, bem como abordar a complexidade que emerge entre elas e as imagens que circulam a partir do mundo tecnológico contemporâneo. 3. Objetivos Jean-Luc Godard, em seu último filme, Adeus à Linguagem, afirma através de um de seus personagens que “hoje, aquilo que chamamos de imagens estão matando o presente”. Acredito que essa afirmação se deva ao discutido fenômeno de que nós, homens contemporâneos, vivemos em uma tal avalanche de imagens que acabamos por ser impelidos a viver uma realidade mais virtual do que propriamente aquela dita concreta. O cerne da questão que se pretende discutir através desse projeto relaciona-se com a frase supracitada. Como uma imagem hoje pode ser mais do que uma imagem descartável? Como, enquanto imagem, ela pode nos remeter à própria experiência de nossa realidade e de nossa humanidade? De que forma imagens geradas por técnicas artísticas ligadas a uma operação manual e a uma sintaxe específica construída ao longo de séculos podem dialogar pertinente e legitimamente com imagens geradas por novas fontes tecnológicas e virtuais? Neste sentido, o objetivo central desse projeto é expandir e aprofundar as experiências técnicas e conceituais realizadas na fase de doutoramento. Em especial, cito um trabalho recente de 2014, “Você pode ver em seus olhos (fig.1)”, no qual realizo um autorretrato com uma técnica híbrida entre a fotografia e a gravura. Nessa obra, um desajuste de espaço pode ser encontrado na soma de duas matrizes, uma de xilogravura e uma de fotografia impressa em metacrilato. É exatamente na inexatidão do registro, na falta de coincidência plena das imagens, o que se configura como um “pequeno erro”, que o trabalho propõe um diálogo e um contraponto aos meios reprodutíveis, sejam manuais ou mecânicos, que tendem a lidar com a reiteração. Cada cópia deve ser idêntica à outra. No caso de quando há sobreposições, o rigor e exatidão no registro das imagens sobrepostas é algo desejado e esperado, como prova de qualidade técnica. Ir contra esses ideais acerca da impressão foi, na verdade, uma maneira que encontrei de responder ao tecnicismo que domina o mundo contemporâneo, preferindo dar margem aquilo que não é considerado o correto, o padrão, acreditando, assim, afirmar um modo de operar mais suscetível, imprevisto, mais humano. O mesmo raciocínio acompanha os trabalhos gráficos desenvolvidos em séries. Na gravura, a ideia das tiragens múltiplas é acompanhada de uma repetição impecável – uma imagem deve ser igual à outra. Porém, nesses trabalhos, a repetição do gesto faz com que, no interior dele, surjam diferenças, ausências de procedimentos padrão ou mínimos desajustes. Acredito que essa escolha tenha relação novamente com a questão colocada pelo filme de Godard. Porque nessa proliferação de imagens – sejam elas impressas, fotográficas ou digitais, emanando de telas de computador, ipads, televisores, celulares – busca-se uma qualidade técnica cada vez maior e mais padronizada: as câmeras em geral corrigem luz, velocidade, enquadramento, foco. Ou seja: nessa profusão de imagens a que estamos submetidos, há uma normatização daquilo que se espera como imagem ideal, seja enquanto técnica (dada pelas ferramentas tecnológicas em si), seja do próprio modelo (objeto) que é flagrado e se constitui enquanto imagem. Portanto, acredito que operando na chave do fragmento, das ausências, das aparentes falhas e/ou repetições, daquilo que não se encaixa exatamente, ou ainda, de uma visão que só é possível se mostrada em suas relativas partes, encontrei um modo de buscar o que para mim faz sentido como imagem hoje. Abaixo, procuro identificar alguns tópicos que pretendo desenvolver na continuidade que essa pesquisa propõe, relacionando procedimentos/pensamentos das três técnicas envolvidas: gravura, pintura e fotografia. 1. Justaposição/Sobreposição 2. Ampliação/corte 3. Foco /não-foco 4. Imagens de segunda geração (apropriação)/desenho próprio 5. Transitório (Relativo)/ Absoluto: incluindo a questão do erro e os diferentes pontos-devista, a imagem única e a fragmentada. 6. Superfície mais matérica (mais próxima das linguagens gráfica e pictórica)/Superfície mais plana (próxima da linguagem fotográfica) 7. Continuidade (narrativa, séries, tempo sequencial)/Descontinuidade (ruptura com a narrativa, tempo fragmentado) 8. Explorar a relação entre os meios digitais e manuais (mecânicos) 4. Justificativa 4.1. A atualidade da reflexão proposta: re-significar os meios ditos mais tradicionais como a pintura e a gravura através de seu posicionamento crítico frente às consequências provocadas a partir do estabelecimento das novas tecnologias da imagem. Desde o advento da fotografia por volta de 1837, a fotografia e a pintura sempre tiveram uma relação alternada de atração e distanciamento. Mesmo antes de 1837, era conhecido o arsenal de lentes e outros instrumentos de visão tais como a câmera clara e a câmera escura nos ateliês dos pintores. Depois de sua invenção no século XIX, sabe-se que um dos artistas que mais fascínio teve pela fotografia foi Edgar Degas – foi ele talvez o primeiro a introduzir na linguagem pictórica um tipo de visão típico da lente da câmera fotográfica: cortes bruscos, primeiros planos em destaque, um enquadramento que privilegiava as diagonais, distorções de escala. Ele mesmo adquiriu mais de uma câmera, realizando inúmeros experimentos com ela (até mesmo duplas exposições a fim de explorar a ideia das sobreposições), incorporando-os na linguagem da pintura. Desse momento em diante, surgiram inúmeros fotógrafos que aprenderam a imprimir movimento a suas composições com recursos extraídos das fotografias de Degas. Por volta da virada do século XX, Édouard Vuillard, Pièrre Bonnard e Gustave Caillebotte pintaram a partir de sketches fotográficos, fato esse deixado fora dos livros de história da arte até recentemente. Outro período profícuo de trocas entre as duas linguagens ocorreu na década de 1950, entre pintores do Expressionismo Abstrato Americano como Franz Klein e Robert Motherwell e fotógrafos como Aaron Siskind e Minor White, ambos adotando o gesto e abstração dos pintores. Mas esse gestual também entrou na fotografia não-abstrata através do trabalho de Louis Faurer, Lisette Model, Robert Frank e outros da Escola de Nova Iorque durante os anos 50. A lista de artistas que se incluem nessa relação benéfica entre ambas as linguagens é enorme. A partir da útima década do século XX, sobretudo com a evolução da fotografia digital, essas aproximações tornaram-se ainda mais evidentes. Pintores como Peter Doig, Marlene Dumas ou Luc Tuymans têm seus trabalhos permeados pela linguagem fotográfica. O que me interessa neles é que, diferentemente de outros pintores que lidam com a fotografia em seus trabalhos, como por exemplo o alemão Gerhard Richter, esses pintores não sentem nenhuma necessidade em forjar o aspecto da superfície fotográfica. Em seus trabalhos, a pintura permanece fundamentalmente pictórica. Nesse sentido, me pergunto se não seria possível aproximálos do pensamento de um outro pintor que os antecedera há um século: Gustave Courbet. Courbet foi um dos primeiros pintores a se indagar sobre a relação da pintura com a fotografia (ainda nos primórdios desta). Sendo realista por princípio, nunca acreditou que o olho humano visse mais e melhor do que a objetiva da câmera; pelo contrário, não hesitou em transpor para a pintura imagens extraídas de fotografias. Para ele, o que não podia ser substituído por um meio mecânico era a manufatura do quadro, o trabalho do pintor. Era isso, segundo ele, que fazia de sua imagem (pictórica) não mais a aparência de alguma coisa, e sim uma coisa diferente, igualmente concreta. 4.2. As evidentes afinidades e imbricamentos entre os meios da pintura, da gravura e da fotografia em meu percurso como artista Acredito ser bastante visível as aproximações entre o pensamento e a práxis dos meios empregados no meu trabalho. Essas aproximações tornaram-se um ponto central do desenvolvimento de minha própria poética. Por esse motivo é necessário uma investigação mais profunda entre elas, desde explorar as possibilidades técnicoexpressivas entre esses meios até um levantamento histórico mais preciso de como essas relações se deram no passado. Nesse sentido, identifico alguns momentos mais cruciais para o estudo: 1. o impacto da imagem impressa/reprodutível (a invenção da prensa) e as relações que se constituíram com a pintura a partir desse fato; 2. o surgimento da fotografia no século XIX e seu impacto na pintura de então: Gustave Coubert, Edgar Degas; 3. anos 60 (séc. XX) – a relação da gravura e da pintura na obra de Andy Warhol – a ideia da repetição como força poética do trabalho; 4. A relação da pintura com a fotografia nos pintores brasileiros da nova geração: Cristina Canale, Marina Rheingatz e Rodrigo Bivar. 5. Cronograma Bimestre 1 e 2. Continuação com os experimentos realizados na obra “Você pode ver em seus olhos”. Híbrido gráfico e fotográfico. Exploração dos desajustes na sobreposição entre a estampa xilográfica e a imagem impressa sobre metacrilato. Bimestre 3. Início experimentos de gravuras impressas em papel japonês sobre tela e posterior pintura sobre a mesma. Exploração entre as possibilidades técnico-expressivas entre a pintura e a gravura. Leitura e análise da obra de Jonathan Crary, “Técnicas do observador – Visão e modernidade no século XIX”. Na década de 1990, enquanto proliferavam os discursos apologéticos da "aldeia global" e o culto às novas tecnologias da comunicação, este livro, a contrapelo, revelou uma parte obscura da história da visualidade. Seu método consistiu em jogar luz sobre um conjunto de conhecimentos esquecidos, velhos aparatos técnicos e antigas instituições que, em determinado momento, conjugaram-se e produziram um sujeito observador inseparável das demandas da sociedade industrial. A leitura me parece fundamental para entender os processos de percepção/recepção das imagens no mundo contemporâneo. Bimestre 4. Experimentos com fotografia e pintura. Pintar diretamente sobre fotografias, escaneá-las e imprimi-las novamente. Bimestre 5 e 6. Experimentos com fotografia e gravura. A partir de imagens fotográficas, gravá-las sobre superfícies de madeira, imprimindo-as posteriormente. 6. Imagens dos trabalhos 1. Você pode ver em seus olhos (autoretrato) 135x155cm xilogravura e imagem impressa em metacrilato 2014 2. Sem título fotografia digital 20012. 3. Travelling 38,5x247 cm xilogravura 2014 4. Através (série) 38,5x165cm xilogravura e monotipia 2014 5. Sobrevoo (série) 35x800 cm xilogravura 2014 6. Sem título 70x100cm fotografia digital 2009 7. Sem título 25x50cm óleo sobre tela 2009 10. Jogo da Amarelinha (detalhe) 58,7x78,8cm impressão xilográfica sobre fotografia 2014 11. O pulso de todos os tempos 60x80cm fotografia 2014 12. Pequenos erros sem importância 171x150 cm painel composto por seis fotografias 2014 13. Pausa 80x110cm xilogravura 2009 7. Bibliografia ARGAN, Giulio Carlo. “A crise da representação”. In: Teoria e crítica de Arte. Lisboa: Estampa, 1988. AUMONT, Jacques. A imagem. Campinas: Papirus Editora, 1995. _________________. 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