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Insper Instituto de Ensino e Pesquisa
Faculdade de Economia
Felipe de Azevedo Bezerra Ferreira dos Santos
REBALANCEAMENTO ECONÔMICO DA CHINA: IMPACTO
NO SETOR EXPORTADOR BRASILEIRO
São Paulo
2014
1
Felipe de Azevedo Bezerra Ferreira dos Santos
Rebalanceamento Econômico da China: Impacto no Setor
Exportador Brasileiro
Monografia apresentada ao curso de Ciências
Econômicas, como requisito parcial para a obtenção
do Grau de Bacharel do Insper Instituto de Ensino e
Pesquisa.
Orientador: Prof. Roberto Dumas Damas – Insper
São Paulo
2014
2
Santos, Felipe de Azevedo B. F.
Rebalanceamento Econômico da China: Impacto no
Setor Exportador Brasileiro / Felipe de Azevedo B. F. Santos
– São Paulo: Insper, 2014.
43 f.
Monografia: Faculdade de Economia e Administração.
Insper Instituto de Ensino e Pesquisa.
Orientador: Prof. Roberto Dumas Damas
1.China – Condições Econômicas 2. Brasil – Setor
Exportador 3. Comércio Internacional
3
Felipe de Azevedo Bezerra Ferreira dos Santos
Rebalanceamento Econômico da China: Impacto no Setor
Exportador Brasileiro
Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas, como requisito
parcial para a obtenção do Grau de Bacharel do Insper Instituto de Ensino e
Pesquisa.
Aprovado em novembro de 2014
EXAMINADORES
__________________________________________________________________
Prof. Roberto Dumas Damas
Orientador
__________________________________________________________________
Prof. Dr. João Luis Mascolo
Examinador
__________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Luciana Yeung Luk Tai
Examinadora
4
Dedicatória
Dedico este trabalho ao meu saudoso avô, Prof. Dr. Aldo Asevedo Soares (in
memoriam), o grande mestre da minha vida, que me ensinou o valor da ética, do
respeito e do conhecimento através da educação e das relações humanas, sem
distinções. O qual me ensinou, também, a sempre ter esperança e a enxergar o
mundo com alegria e humildade. Valores estes que me permitiram sonhar e trilhar o
caminho que me trouxe até este momento tão especial que é a graduação.
5
Agradecimentos
Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais, que me propiciaram a melhor
educação e a liberdade para escolher a profissão que gostaria de seguir, me
apoiando e orientando em todas as minhas escolhas acadêmicas que me guiaram
até aqui.
Em segundo plano, agradeço a todo o corpo docente desta Faculdade, que se
empenha para manter o nível de excelência da mesma e que se dedica aos seus
alunos que, como eu, buscam uma trajetória de sucesso no mercado de trabalho.
Sem dúvida tal comprometimento com a excelência não seria possível sem a
existência de uma instituição de ensino como essa que têm por valores a ética, a
meritocracia e principalmente o ímpeto de gerar conhecimento e entregar grandes
profissionais ao mercado. Desta forma, agradeço também a toda a diretoria e a
coordenação do Insper por oferecerem um ambiente tão excepcional de ensino em
um país carente de instituições com tais características. Em especial gostaria de
agradecer ao meu orientador, Prof. Roberto Dumas Damas que me direcionou com
maestria na condução deste trabalho.
Por fim meus agradecimentos a todos os colaboradores do Insper, sem os quais as
engrenagens dessa instituição não rodariam com a mesma eficiência. Sendo assim,
agradeço a todos aqueles que colaboram e estiveram comigo durante todo o meu
período de graduação, me ajudando em menor ou maior grau a me tornar um
economista. Economista este que agora se sente preparado a exercer sua profissão
e a crescer e aprender com a mesma a cada dia.
6
Resumo
SANTOS, Felipe de Azevedo B F. Rebalanceamento Econômico da China:
Impacto no Setor Exportador Brasileiro 2014. 43 f. Monografia - Graduação em
Economia, Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, São Paulo, 2014.
A China está passando hoje por uma grande mudança nos parâmetros que
direcionam sua economia e isso se deve principalmente ao reposicionamento que
ela parece estar tomando em relação ao modelo de desenvolvimento que adota. A
China está abandonando o velho modelo de desenvolvimento pautado nas
exportações e nos investimentos e busca um modelo mais equilibrado que se volte
para o consumo interno e que traga mais estabilidade ao país frente ao novo cenário
mundial. Este estudo busca entender como essa mudança de trajetória pelo qual a
economia chinesa passa afetará o setor exportador brasileiro, mais especificamente
como as exportações de Soft Commodities e de Heavy Commodities serão afetadas.
Para este estudo Soft Commodities e de Heavy Commodities serão simplificadas em
termos dos seus itens mais representativos que são, respectivamente, soja e de
minério de ferro. Aferiu-se, por meio deste estudo, que caso a China reoriente seu
modelo de desenvolvimento de forma a privilegiar o mercado interno isto seria
prejudicial ao setor exportador brasileiro em termos líquidos e que, portanto, seria
mais vantajoso para o Brasil que a China continuasse a adotar um modelo de
desenvolvimento voltado ao investimento e as exportações.
Palavras-chave:
Economia
Chinesa;
Desenvolvimento
Chinês;
Exportação
Commodities.
Comércio
Brasileira;
Internacional;
Soft
Modelos
Commodities;
de
Heavy
7
Abstract
SANTOS, Felipe de Azevedo B F. Chinese Economy Rebalancing: Impacts on
the Brazilian Export Sector 2014. 43 f. Monograph - Graduação em Economia,
Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, São Paulo, 2014.
China is facing a tremendous change in the way the government guides the country’s
economy. The reason for that is the repositioning that the country seems to be
experiencing regarding to the development model that adopts. China is abandoning
the usual investment-driven and export-oriented development model and a domestic
consumption-driven development model is starting to be pursuit. The adoption of this
kind of policy aims to achieve a more balanced economic environment which would
bring more stability to the country given the new international arrangement. The
target of this study is to understand how changes in the Chinese guidance of its
economy would bias the behavior of the Brazilian exports sector. In particular, which
effects would be noticed on the Brazilian exports of Soft Commodities and of Heavy
Commodities. For this study, Soft Commodities and Heavy Commodities are
simplified in terms of its most representative items that are, respectively, soybeans
and iron ore. This study concludes that in case China reorient its development model
in order to focus on the domestic market this would be, in net terms, detrimental to
the Brazilian export sector and that therefore it would be advantageous to Brazil that
China continue to adopt an investment and exports oriented development model.
Keywords: Chinese Economy; International Trade; China’s Development Model;
Brazilian Exports; Soft Commodities; Heavy Commodities.
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Lista de Tabelas
Tabela 1 – Dados Econômicos da China. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Tabela 2 – Exportações de Soja e Minério de Ferro do Brasil para China. . . . . . . 23
Tabela 3 – Produção Mundial de Minério de Ferro e Soja. . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Tabela 4 – Preço Mundial do Minério de Ferro e da Soja. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Tabela 5 – Sinais Esperados das Regressões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Tabela 6 – Dados relativos à Regressão (1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Tabela 7 – Dados relativos à Regressão (5) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Tabela 8 – Dados relativos à Regressão (2) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Tabela 9 – Dados relativos à Regressão (6) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
9
Lista de Figuras
Figura 1 – Relação positiva entre Preços dos Insumos e as Importações Chinesas e
suas Consequências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 2 – Crescimento PIB Chinês. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 3 – Contribuições dos Setores Para o Crescimento do PIB Chinês. . . . . . . 39
Figura 4 – Evolução da Renda Disponível das Famílias Chinesas . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 5 – Investimento e Consumo Chineses. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 6 – China como destino das Exportações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 7 – Exportações para China. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 8 – Evolução do Comércio brasileiro com a China. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 9 – Evolução do Comércio brasileiro com a China. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 10 – Pré e pós-crise: procura de novos mercados para os bens chineses. . 43
10
Sumário
1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
2 Objetivos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3 Fundamentação teórica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.1 Discussão das Variáveis e Bases de Dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.2 Proposição do Modelo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
4.3 Resultados Esperados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.3 Estimação dos Modelos e Resultados Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
5 Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Apêndice A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Apêndice B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Anexos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
11
1. INTRODUÇÃO
A economia chinesa figura hoje como a segunda maior economia do planeta em
termos de PIB e cresce a taxas extremamente altas há muitos anos, as quais,
segundo o National Bereau of Statistics of China, nos últimos anos estiveram entre
um máximo de 14,2% ao ano e uma mínima de 7,6% ao ano (ver Figura 2, em
anexo). A China tem uma economia pujante e é um grande parceiro comercial
brasileiro, importando, por exemplo, segundo dados de 2013 do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) 74,5% de toda a nossa
produção de soja. Isso demonstra a voracidade da China por commodities, visto que,
o Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja. O país do extremo oriente é
desde 2009 o maior parceiro comercial individual brasileiro e em contrapartida o
Brasil é o maior parceiro comercial chinês na América Latina. Vale ressaltar que
essa voracidade chinesa por commodities acontece não só no que tange as
chamadas soft commodities (commodities leves) – caso da soja -, mas também as
heavy commodities (commodities leves), nas quais figura como exemplo o minério
de ferro, cuja produção brasileira é em grande parte exportada para a China (cerca
de 51,8% de toda a produção brasileira em 2013 segundo o MDIC) a fim de permitir
que eles continuem a alimentar o motor de seu crescimento via investimentos e a
suprir sua alta e crescente demanda por matéria-prima.
Dada a importância da China para o comércio exterior brasileiro, é fácil depreender
que mudanças domésticas na economia chinesa tanto na sua trajetória, quanto no
seu direcionamento afetam diretamente a balança comercial brasileira. E é o intuito
deste trabalho estudar qual o efeito disso nos setores brasileiros que dependem
desse comércio, mais especificamente como se dá esse efeito nos setores
exportares de commodities para a China. E, a fim de clarear e facilitar a análise
desse trabalho, o foco será dado às exportações de soja e de minério de ferro para a
China, isso porque como já explicado anteriormente, estes são produtos em que o
Brasil tem uma dependência enorme do mercado chinês e representam grande
parcela da pauta de exportações nacionais como um todo.
Os setores em que esse trabalho se propõe a analisar são de suma importância para
o crescimento doméstico brasileiro e afetam toda a cadeia produtiva brasileira, o que
desencadeia um grande impacto sobre a nossa economia, sendo assim, escolhidos
12
como representativos de todo nosso setor exportador para o mercado chinês. A
partir da análise dos impactos sobre as exportações desses setores pretende-se
chegar a conclusões sobre qual a relação geral entre a demanda chinesa por
commodities, de acordo com o seu tipo, e o efeito sobre as exportações brasileiras
para a China em geral. Acredita-se, desta forma, que a partir das conclusões do
estudo focado poder-se-ão fazer inferências que possam ser extrapoladas para toda
a cadeia produtiva brasileira que tem parcela de sua produção direcionada à China.
É importante entender, portanto, como se dá o modelo de crescimento chinês e em
que ele é pautado hoje. Para isso esse trabalho se proporá a fazer uma imersão
sobre a forma como as políticas econômicas são direcionadas na China e tentará
abordar especificamente as mudanças pelas quais elas vêm passando. Isso porque
a China tem feito esforços para mudar o foco de seu crescimento a fim de enfrentar
o novo cenário econômico mundial que se estabeleceu a partir da crise de 2008.
Buscar-se-á, então, nesse trabalho explicar como a China tenta hoje mudar o seu
modelo tradicional de crescimento (ver Figura 3, em anexo), orientado ao
investimento e às exportações, para um modelo mais voltado ao consumo
doméstico.
A China se viu obrigada a fazer esse rebalanceamento em suas diretrizes de política
econômica, sobretudo depois que o modelo antigo começou a se mostrar falho
diante de um cenário pós-crise de 2008, no qual seu maior mercado consumidor, os
Estados Unidos, diminuíram drasticamente sua demanda por produtos chineses em
função da estagnação da economia americana que chegou a beira do colapso. Isso
fez com que a China tivesse de buscar outros mercados para escoar sua produção,
os quais também estavam fechados em função da crise. E, mesmo depois que os
Estados Unidos começaram a experimentar uma recuperação de sua economia a
economia chinesa continuou tendo como um dos motores do seu crescimento o
consumo privado doméstico, o qual deu lugar às exportações. Além disso, a
capacidade de investimento da China não se viu retraída diante da crise, porém para
manter os patamares de investimentos anteriores à crise, o governo teve de
reorientar todas suas políticas econômicas.
Para solucionar o problema, o governo de Pequim teve de se colocar em uma
posição de alto risco dando continuidade a sua politica de repressão financeira. Com
13
isso
aferiu-se
um crescimento
expressivo
dos
investimentos,
porém,
em
contrapartida, um perigoso aumento no volume de empréstimos, o qual se soma a
um igual aumento no volume de empréstimos inadimplentes (conhecidos pela
expressão inglesa Non-Performing Loans (NPL)). Segundo Dumas (2014, p. 192)
esse é um problema que já afeta o sistema financeiro chinês e que tende a se tornar
ainda mais incômodo para os órgãos reguladores num futuro próximo, tendo como
agravante a dificuldade de se estimar de forma correta o tamanho dos NPLs dos
bancos chineses. Esse aumento no volume de empréstimos, bem como de NPLs,
levou a um maior risco de crédito dos bancos, mesmo considerando o fato de que
esses NPLs foram transferidos para os chamados wealth management products
(WMP), os quais oferecem taxas de retorno maiores que as taxas reguladas pela
autoridade monetária chinesa e que por “muitas vezes serem oferecidos pelas
próprias agências de bancos estatais, protegidos pelo Estado, podem levar a
conclusões precipitadas quanto à solidez do sistema financeiro” (DUMAS, 2014, p.
178). Com maior risco em suas carteiras e buscando cobrir os existentes e
potenciais NPLs, os bancos se viram obrigados a continuar praticando spreads
generosos em suas operações e, desta forma o consumo se viu limitado e a renda
disponível das famílias reduziu (ver Figura 4, em anexo). O mercado consumidor
chinês teve sua participação no PIB, já tímida, ainda mais reduzida. Neste cenário, o
governo gerou o investimento que queria (ver Figura 5, em anexo), porém tornou
mais vulnerável ainda o equilíbrio macroeconômico do país, visto que se mantinha
suscetível às demandas externas por seus produtos em um mundo em crise e não
aumentara a demanda interna pelos mesmos.
É importante frisar que o sistema financeiro chinês tem suas particularidades e, a
política de repressão financeira que o governo implanta se traduz em baixas taxas
de juros e em window guidance por parte dos órgãos reguladores, o que gera
distorções como o desenvolvimento de um mercado de crédito subterrâneo de
acordo com Zhang (2013, p. 90), mas ao mesmo tempo estimula o crescimento
econômico do país. Esse crescimento é principalmente estimulado pelo uso dos
bancos estatais, principalmente os quatro maiores, conhecidos como big 4, como
braço “parafiscal” do governo. As particularidades do sistema se constituem
principalmente, como enumerado por Dumas (2014, p. 177-178), em pouca
transparência por parte de algumas instituições financeiras (shadow banking –
14
definido por Zhang (2013) como todo tipo de atividade financeira que se contituem
fora do âmbito legal em que estão inseridas as instituições depositárias) e pelo
rápido crescimento e evolução aferidos pelo mercado financeiro chinês que se deu
nas últimas décadas em linha com as altas taxas de crescimento que o país
experimentou no período. Ainda Dumas (2014, p. 177) explica bem como se
consolida a política do governo de Pequim de represamento financeiro via window
guidance e se beneficiando do segmento shadow banking:
Em razão dessa opacidade e falta de transparência politicamente proposital (ou não) e a
rapidez na formação de suas instituições suscitam dúvidas quanto à real capacidade de
otimização de alocação de recursos pelos tomadores e poupadores. Um fator que privilegia
esses aspectos em algumas instituições do sistema financeiro chinês é a influência que o
governo pratica direta ou indiretamente nas atividades dos bancos e outros intermediários
financeiros. Como argumentado anteriormente, algumas instituições financeiras na China,
principalmente bancos estatais, desempenham uma função quase que parafiscal, provendo
recursos a empresas e projetos selecionados pelos próprios governos centrais ou locais como
forma de garantir o crescimento econômico do país e a legitimidade do governo ou apenas
servir a interesses próprios de facções políticas.
Por isso, uma mudança de rumo na forma como os chineses direcionam suas
políticas econômicas é crucial para que o crescimento econômico da China se
mantenha sustentável a taxas altas como as vistas nas últimas décadas. Esse
rearranjo será acompanhado de políticas que visem aumentar a renda do
trabalhador e que permitam a criação de mais empregos. O que fará com que a
China se torne menos dependentes dos mercadores consumidores externos para
escoar seus produtos e possua um mercado interno doméstico capaz de mover a
economia e garantir sua pujança em períodos de crise. Entender como essa
mudança de foco afeta o mercado chinês será de suma importância para que este
trabalho consiga capturar de forma eficiente como a pauta exportadora de
commodities brasileiras será afetada de acordo com a demanda interna chinesa por
esses produtos.
Diante de todo o exposto, será parte fundamental deste trabalho buscar dados que
corroborem para ilustrar o cenário econômico chinês diante da crise de 2008, antes
dela e depois dela, para que assim possamos entender como se dará a passagem
para um novo modelo de crescimento econômico na China e como se comportarão
as demandas de seu mercado interno, e principalmente a capacidade deste de
15
absorver os dois produtos representativos da pauta exportadora brasileira. Seja o
caminho adotado um modelo que continue privilegiando o investimento e as
exportações, o que tende a beneficiar a exportação de minério de ferro do Brasil
para China, pois neste caso o país oriental necessitaria de matéria prima para
continuar investindo no setor de manufaturas e no setor de infraestrutura e real
estate, seja um modelo mais voltado ao consumo, onde as famílias com mais renda
demandariam mais gêneros alimentícios e, portanto, beneficiaria a exportação
brasileira de soja. Nesse trabalho, objetiva-se chegar a uma conclusão sobre qual
será o ganho gerado líquido, dado as perdas e ganhos em ambos os setores diante
da opção da China em modificar o modelo de desenvolvimento econômico vigente. A
resposta que se busca é em relação a qual será o ganho ou perda líquida brasileira
no que tange as exportações diante desse novo ambiente macroeconômico imposto
pela China.
16
2. OBJETIVOS
A partir da compreensão de todo o cenário macroeconômico chinês diante da crise
mundial de 2008, dos desafios a ela impostos no pós-crise e através do
delineamento preciso da situação atual da China e do aprofundamento sobre a
discussão de quais os rumos que essa economia deve tomar e quais suas
implicações para o Brasil. Este trabalho se propõe a discutir, portanto, qual a
influência que tal reordenamento na economia oriental terá sobre o setor exportador
brasileiro em termos líquidos. O cenário econômico chinês e sua relação com o setor
exportador brasileiro foi explicado por Dumas e Rosito (2010):
O consumo chinês tem crescido bastante, mas, de 1990 a 2007, o nível de consumo das
famílias em relação ao PIB caiu de 50% para 35%. Ou seja, o consumidor chinês continua
comprando cada vez mais, mas tem produzido muito mais do que consome, escoando sua
produção para os EUA e a Europa e, sobretudo após a crise, para terceiros mercados.
Para o Brasil, a recuperação da economia mundial e o papel que a China desempenhará nessa
recuperação são questões cruciais para o crescimento sustentado do país nos próximos anos.
Em 2009, a China passou a ser o mais importante destino individual para as exportações e o
maior parceiro comercial brasileiro.
Embora a alta concentração da pauta brasileira de exportações em poucos produtos seja
desafio para a política comercial, para o Brasil seria interessante continuar a ver a China
crescendo a altas taxas.
É necessário entender, também, como se comporta o setor exportador brasileiro de
forma mais profunda, quais suas características e suas peculiaridades. Como já
adiantado na introdução, para este estudo o setor exportador brasileiro se resumirá
a soft e heavy commodities, que serão representadas respectivamente pela soja e
pelo minério de ferro, visto que estes representam grande parte da exportação do
Brasil, principalmente pra China, e são diretamente afetados pelas mudanças no
direcionamento dado à economia chinesa.
A fim de se chegar ao objetivo proposto, o estudo terá como premissa a existência
de dois cenários hipotéticos para os rumos que a economia chinesa tomará. O
primeiro cenário que chamaremos de Status Quo se caracterizará pela hipótese em
que a China mantenha-se presa ao modelo de desenvolvimento voltado ao
investimento, o que beneficiaria a priori, o setor local que importa heavy commodities
o que traria ganhos a esse setor da economia brasileira, que teria que exportar mais
17
para suprir a demanda chinesa. O segundo cenário, que será denominado por
Rebalanceamento, considera a hipótese de que a economia chinesa terá seu foco
redirecionado nos próximos anos para o consumo, e que as políticas locais
priorizarão o aumento da demanda local por bens e produtos, sendo assim, esperase que o setor exportador brasileiro de soft commodities se beneficie do aumento na
demanda chinesa por esse tipo de bem.
Sendo assim, esse trabalho buscará entender a dinâmica que rege a demanda
chinesa por tais produtos brasileiros, para isso será necessário entender como os
preços dessas commodities se comportam e qual a elasticidade preço-demanda
existente. Só assim será possível estimar qual será o resultado da consolidação de
cada um dos cenários para cada um dos setores exportadores brasileiros.
Entendendo os reflexos da consolidação de cada um desses cenários hipotéticos
sobre os setores exportadores representativos poder-se-á chegar ao objetivo final
deste trabalho que é estimar o resultado líquido sobre o setor exportador brasileiro
de mudanças no direcionamento da economia chinesa. Vale ressaltar que para
chegar a esse resultado líquido, um modelo de preço para cada uma dessas
commodities será construído e, para tal, será necessário compreender como se
comporta a demanda chinesa por esses bens. Neste ponto, a discussão sobre
modelo desenvolvimento orientado ao consumo ou orientado ao investimento se
torna extremamente válida, pois o nível de investimento e de consumo serão
variáveis chaves para depreender corretamente a demanda.
18
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Antes de entender especificamente qual são os impactos da mudança no modelo de
desenvolvimento adotado pela China nas exportações brasileiras de soft
commodities e de heavy commodities, representadas neste estudo pela soja e pelo
minério de ferro, respectivamente, é preciso buscar na literatura disponível teses que
ajudem na estruturação das premissas a serem tomadas e que permitam que o
estudo chegue a uma conclusão pertinente.
Precisa-se entender primeiramente como a economia chinesa foi atingida pela crise
de 2008, e qual as razões levaram essa economia a enfrentar uma grande queda de
suas exportações entre 2008 e 2009. Segundo Lai (2009) essa queda das
exportações atingiu de forma mais crítica os setores industriais cujo fator intensivo é
o trabalho, levando o país e enfrentar um aumento nas taxas de desemprego e
consequentemente levando a economia como um todo a crescer menos durante o
período. Para Lai (2009), as razões para tais fatos se apoiavam no fato de que em
função da crise mundial constituída o que se via era um problema de queda na
demanda externa pelos produtos chineses.
Já para He Fan e Yang (2010), o que causou a queda das exportações chinesas no
período entre 2008 e 2009 foram fatores domésticos à própria economia chinesa. Os
autores chegaram a conclusão de que as importações chinesas respondem
positivamente a mudanças de preço nos bens importados. Ou seja, verificaram que
existe uma tendência em alguns setores chineses de importar mais quanto maior for
o preço mundial da mercadoria. Essa tendência também vale no caso de queda de
preços no mercado mundial, isto é, quando os preços dos insumos que a China
importa caem, o país tende a importa-los em menor quantidade. Sendo assim, com a
queda dos preços das commodities, que começou antes mesmo da crise a China
passou a importar menos de seus parceiros comerciais que, por conseguinte
passaram a demandar menos produtos da pauta de exportação chinesa visto que
não estavam mais obtendo as rendas advindas das suas próprias exportações em
função da menor demanda chinesa por seus produtos. He, Fan e Yang (2010)
concluem, portanto, que existe causalidade direta entre a queda das importações
chinesas levando à queda das suas exportações. Em outras palavras, a análise
concluiu através de um estudo de causalidade Granger, que uma queda de
19
importações na economia chinesa, - como a verificada em meados de 2008 -,
Granger causa uma queda das exportações desta economia, configurando então um
cenário de desaquecimento da economia nacional chinesa.
É importante ressaltar aqui que essa relação positiva entre preços dos insumos e as
importações chinesas foi essencial para abalar as estruturas macroeconômicas
vigentes na China. Isso porque com a diminuição das importações e as já explicadas
consequências o que se observou, inevitavelmente, foi uma queda no nível de
atividade econômica chinesa, ou seja, neste cenário a China se viu condenada a
experimentar um período de desaceleração de seu crescimento. Obviamente não se
descarta com essa análise os efeitos da crise financeira mundial sobre a economia
chinesa. Para He, Fan e Yang (2010) a causa maior do desaquecimento chinês à
época não foi um colapso na demanda externa e sim problemas domésticos como já
explicitado acima e, que a queda das importações foi o fator determinante neste
sentido (ver Figura 1, do Apêndice A).
Quanto aos efeitos de uma possível redução no ritmo dos investimentos chineses
sobre as economias ao redor do globo Ahuja e Nabar (2012) mostram, em relatório
do FMI, concluíram que os países exportadores de commodities cuja economia não
é diversificada e que dependem muito da China seriam os mais afetados por uma
medida desta natureza, bem como seria alto o impacto sobre as economias
regionais que suprem as demandas básicas domésticas chinesas.
A partir disso, consegue-se perceber que o Brasil, mesmo tendo sua pauta de
exportações para a China muito reduzida, como explicado por Dumas e Rosito
(2010), seria em linhas gerais menos suscetível a um redirecionamento da forma
como o governo chinês guia seu desenvolvimento econômico de acordo com Abuja
e Nabar (2012) (para entender melhor em que situação se encaixa o Brasil e sua
vulnerabilidade ver Figuras 6 e 7 em anexo). É importante ressaltar que, de acordo
com relatório do World Bank (2014), nos últimos anos o volume do comércio
brasileiro
com
o
mundo
e
particularmente
a
China
cresceu
rápida
e
significantemente, fazendo com que com a China se tornasse o maior parceiro
comercial brasileiro, porém em relação à proporção do PIB brasileiro o crescimento
averiguado não foi tão expressivo (ver Figuras 8 e 9 em anexo)
20
Tendo caracterizado em linhas gerais os efeitos de uma desaceleração dos
investimentos chineses sobre o mundo, entendem-se os mecanismos pelos quais
essa redução no investimento se transmite aos parceiros comercias chineses, entre
eles o Brasil. Pode-se assim partir pra uma análise mais específica de como o nosso
setor exportador representativo poderia ser afetado. Vale ressaltar, também, que de
acordo com Ahuja e Nabar (2012) quanto maior a relação de um país, cuja relação
comercial com a China é relevante, com o grupo dos vinte países mais
desenvolvidos (G20), mais vulnerável ele fica à economia chinesa visto que seu
nível de abertura comercial o levaria a sofrer choques secundários vindos de países
mais diretamente ligados à China.
A partir da compreensão de como se dá a vulnerabilidade brasileira e de nossas
exportações para a China a mudanças neste país, procuramos avaliar também como
a China se comporta perante os nossos grandes parceiros comercias, os Estados
Unidos. A maior economia do mundo é, ao mesmo tempo nosso grande parceiro
comercial bem como o maior mercado externo chinês e, é importante pontuar, que
as economias destas duas nações funcionam em uma simbiose, onde uma
necessita extremamente da outra para sobreviver. Porém, após a crise de 2008 e
devido aos ajustes pelos quais os Estados Unidos passaram, essas relações se
modificaram e a China se viu forçada a buscar terceiros mercados, entre eles o
brasileiro, para escoar o excedente de sua produção o qual não era mais
demandado pela economia americana em recessão (ver Figura 10 em anexo).
Por outro lado, de acordo com Blázquez-Lidoy, Rodríguez e Santiso (2007, p.45) os
produtos da China e os de países exportadores da América Latina, com exceção do
Mexico, não competem, de forma relevante, dentro do mercado americano, ou seja,
uma reordenação do modelo chinês que valoriza as exportações em detrimento
dessa visão, não traria vantagens significativas aos nossos setores exportadores no
que diz respeito a ganhos de mercado com os Estados Unidos. Sendo assim,
permite-se que a análise proposta nesse trabalho se reduza apenas aos efeitos
diretos do remodelamento chinês de desenvolvimento no setor exportador brasileiro.
21
4. METODOLOGIA
Inicialmente pretende-se entender os efeitos líquidos de mudanças de condução do
modelo de desenvolvimento chinês sobre o setor exportador brasileiro, sendo este
simplificado em sua totalidade a apenas dois setores representativos e dos quais se
espera que sofram efeitos diferentes ante o choque em estudo. Esses setores, como
já referido anteriormente neste trabalho foram escolhidos, pois são de suma
importância para nossa economia, e são voltados em grande parte para o mercado
externo, principalmente o mercado chinês que representa maioria absoluta da
demanda externa dos produtos ofertados por esses setores pelo Brasil.
Desta forma, a soja será a commodity que sintetizará os efeitos positivos de um
possível aumento da renda chinesa, - bem como de uma política mais trabalhointensiva adotada pelo governo chinês -, sobre a pauta brasileira de exportações.
Por outro lado, o minério de ferro representará o setor exportador de heavy
commodities brasileiro, e refletirá os efeitos negativos - espera-se - de uma redução
na taxa de investimento chinesa.
4.1 DISCUSSÃO DAS VARIÁVEIS E DAS BASES DE DADOS
Para construção do modelo será necessário definir quais serão as variáveis
dependentes e explicativas a serem utilizadas e quais as bases de dados que serão
usadas como fontes dos dados. Como explicado anteriormente busca-se explicar,
através da construção de dois cenários hipotéticos diferentes para a trajetória futura
da economia chinesa, qual será o comportamento da demanda desse país pelas
exportações brasileiras de heavy commodities (no nosso caso minério de ferro) e
soft commodities (aqui representadas pela soja). É válido reiterar que no primeiro
cenário considerado, intitulado Status Quo, considera-se que a China continuará a
adotar um modelo de desenvolvimento orientado ao investimento, enquanto no
segundo cenário levantado, o do Rebalaceamento, o governo chinês passará a
orientar seu modelo de desenvolvimento de forma a privilegiar o consumo.
Tendo, então, que preço e demanda são as variáveis resposta em estudo nesse
trabalho, buscar-se-á construir um modelo de equações simultâneas que capturem o
efeito das variáveis econômicas chinesas que caracterizam essa mudança de trilhos
da economia oriental. Ou seja, este trabalho busca entender como o investimento ou
22
o investimento em relação ao PIB (variáveis explicativas) chinês afeta a demanda
por minério de ferro da China, e como o preço desta commodity se comporta diante
dessa flutuação de demanda, para assim entender como as exportações brasileiras
de tal bem seriam afetadas, e quanto o Brasil perderia ou ganharia com isso. Quanto
à demanda por soja, essa será medida de acordo com a evolução da variável
explicativa renda disponível do trabalhador chinês, isso para que se chegue também
a qual o comportamento dos preços dessa commodity diante de mudanças na
demanda chinesa pela mesma. Outra forma de modelar a demanda por soja seria
como função da proporção de consumo em relação ao PIB sendo utilizada como
variável explicativa na economia chinesa. Porém, só será possível escolher como a
demanda será modelada depois que os modelos forem devidamente testados.
Tabela 1 – Dados Econômicos da China
PIB
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Investimento
Consumo
(Δ%, real)
(US$ bi)
(% PIB)
(US$ bi)
(% PIB)
(US$ bi)
3,8%
390,28
34,9%
136,10
48,8%
190,46
Renda Disponível
(% PIB)
(US$ bi)
9,2%
409,17
34,8%
142,59
47,5%
194,36
14,2%
486,29
36,6%
177,94
47,2%
229,53
61,5%
300,03
14,0%
611,23
42,6%
260,09
44,4%
271,39
58,7%
359,69
13,1%
558,84
40,5%
226,36
43,5%
243,10
60,0%
335,68
10,9%
726,90
40,3%
292,87
44,9%
326,38
59,8%
434,98
10,0%
853,66
38,8%
331,33
45,8%
390,98
59,4%
508,42
9,3%
949,36
36,7%
348,41
45,2%
429,11
60,2%
573,62
7,8%
1017,07
36,2%
368,06
45,3%
460,73
59,4%
605,40
7,6%
1083,28
36,2%
391,72
46,0%
498,31
58,4%
632,54
8,4%
1198,48
35,3%
422,87
46,4%
556,09
54,7%
655,60
8,3%
1324,82
36,5%
483,25
45,3%
600,14
53,7%
711,70
9,1%
1453,81
37,8%
549,84
44,0%
639,68
54,5%
792,71
10,0%
1640,93
41,0%
672,20
42,2%
692,47
52,8%
865,64
10,1%
1931,65
43,0%
830,09
40,5%
782,32
54,2%
1046,35
11,3%
2260,41
41,5%
938,99
38,9%
879,30
53,4%
1206,12
12,7%
2717,53
41,7%
1134,22
37,1%
1008,20
53,0%
1436,87
14,2%
3505,16
1458,65
36,1%
1265,36
52,1%
1821,79
9,6%
4530,42
41,6%
43,8%
1983,30
35,3%
1599,24
51,9%
2347,37
9,2%
4991,07
47,2%
2353,51
35,4%
1766,84
52,5%
2621,51
10,4%
5942,57
48,1%
2856,15
34,9%
2073,96
9,3%
7335,56
48,3%
3544,15
35,7%
2618,79
7,7%
8241,85
47,7%
3935,25
36,0%
2967,07
7,7%
9263,77
47,8%
4426,92
36,2%
3353,48
Fonte: China National Bureau of Statistics, Haver Analytic (2014) e CEIC (2013)
Foram, então, coletados dados relativos ao nível do investimento chinês, do
consumo do país, da renda disponível no país, ao valor nominal do PIB chinês e de
seu crescimento real, bem como a proporção do PIB representada pelo
investimento, pelo consumo e pela renda disponível do trabalhador (ver Tabela 1).
Quanto à economia brasileira, será necessário buscar os valores e o volume das
nossas exportações de soja e de minério de ferro para a China (ver Tabela 2).
Dados relativos à produção mundial dessas commodities também foram coletados
23
uma vez que complementarão o modelo final dependendo de como este seja
especificado. Os valores para produção mundial de minério de ferro foram coletados
no United States Geologycal Survey (USGS), enquanto os valores relativos a
produção mundial de soja têm como fonte o Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (United States Department of Agriculture (USDA)) (ver Tabela 3).
Dados relativos ao preço mundial da soja e do minério de ferro foram coletados da
base de dados do Banco Mundial (World Bank – Global Economic Monitor (GEM)
Commodities) (ver Tabela 4).
Tabela 2 – Exportações de Soja e Minério de Ferro do Brasil para China
Minerio de Ferro
(US$ milhões)
Soja
(US$ milhões)
TON (milhares)
337,4
1783,6
2000
271,2
TON (milhares)
15108,9
2001
482,6
28049,3
537,7
3192,3
2002
597,2
34550,1
825,5
4142,7
2003
764,9
40972,5
1313,1
6101,9
2004
1115,0
52698,3
1621,7
5678,0
2005
1784,6
59061,7
1716,9
7157,6
2006
2629,5
81311,3
2431,6
10769,2
2007
3710,3
105025,7
2831,9
10071,9
2008
5005,7
98621,4
5324,1
11823,6
2009
7823,7
166088,0
6343,0
15940,0
2010
13338,0
152563,2
7133,4
19064,5
2011
19797,1
164500,3
10957,1
22104,7
2012
14922,1
169940,1
12028,3
22885,9
2013
15933,0
170709,0
17148,0
32252,0
Fonte: MDIC, CEBC
Tabela 3 – Produção Mundial de Minério de Ferro e Soja
Minério de Ferro
Soja
TON (milhões)
TON (milhões)
2000
1060
2001
1060
184,92
2002
1080
196,94
2003
1160
186,78
2004
1340
215,90
2005
1540
220,87
2006
1712
236,31
2007
1900
219,02
2008
2200
211,88
2009
2240
260,50
2010
2590
263,89
2011
2940
239,69
2012
3000
267,83
2013
Fonte: USGS (2014), USDA (2013)
285,01
24
Tabela 4 – Preço Mundial do Minério de Ferro e da Soja
Soja
Minério de Ferro
(US$/TON, nominal, média)
(US$/TON, nominal, média)
2000
211,83
28,79
2001
195,83
30,03
2002
212,67
29,31
2003
264,00
31,95
2004
306,50
37,90
2005
274,69
65,00
2006
268,65
69,33
2007
384,05
122,99
2008
522,83
155,99
2009
436,92
79,98
2010
449,80
145,86
2011
540,67
167,75
2012
591,42
128,50
2013
538,42
135,36
Fonte: World Bank – Global Economic Monitor (GEM) (2014)
É importante aqui frisar que estudos relativos à estacionaridade de cada uma dessas
variáveis utilizadas se fizeram necessários para definir se estas serão utilizadas em
nível ou na primeira diferença, optando-se por utilizá-las em nível. Outros testes
complementares também se fizeram necessários. A existência de endogeneidade no
modelo foi descartada e, portanto, não houve necessidade de se buscar variáveis
instrumentais exógenas.
Por fim, os dados relativos à coleta dessas variáveis foram recolhidos, dos órgãos
brasileiros competentes que são Ministério de Desenvolvimento, Industria e
Comercio Exterior (MDIC) e do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). Já os
dados relativos à economia chinesa foram coletados do National Bereau of Statistics
of China, bem como da base de dados China Economic & Industry Data Database
(CEIC), que compila vários dados econômicos macroeconômicos chineses liberados
pelo governo chinês já traduzidos para o inglês. Além dessas fontes, instituições
internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, foram
fontes muito utilizadas na elaboração deste trabalho, majoritariamente servindo
como fonte dos dados que constituem as figuras em anexo. Outra importante base
de dados utilizada e que compila dados econômicos financeiros de vários países foi
o Haver Analytics, cujo acesso é restrito a usuários assinantes.
25
Os dados coletados tem periodicidade anual e período amostral curto em alguns
casos, o que limitou o tamanho da amostra a ser estudada. Sendo assim, o período
em análise considerado ficou restrito aos anos entre 2000 e 2012. Esse fato limitará
também a qualidade das estimações e as consequentes conclusões a serem tiradas
a partir dos modelos finais estimados.
4.2. PROPOSIÇÃO DO MODELO
Tendo em vista o objetivo de se estimar qual o efeito líquido de um possível
rebalanceamento da economia chinesa sobre o setor exportador do Brasil o que se
pretende com esse trabalho é chegar a quanto o Brasil ganharia em cada um desses
setores dado o novo rumo das politicas econômicas adotadas na China. É
importante, também, aferir como a elasticidade preço da demanda para essas
commodities no mercado mundial reagem diante de diferentes quantidades
demandadas pela China, com as variáveis devidamente explicadas e tratadas no
item anterior. Parte-se agora para a proposição de dois possíveis modelos de
previsão de demanda a serem utilizados para o nosso estudo. Esses modelos de
demanda são base para se estimar como se comportam os preços da soja e do
minério de ferro diante de mudanças no modelo de crescimento econômico chinês e
nos permitirão chegar a um valor para o efeito total dessas mudanças de orientação
das políticas econômicas chinesas no setor exportador brasileiro.
Primeiramente tem-se que o modelo para previsão da demanda por minério de ferro
brasileiro seja dado por:
(1)
Onde:
representa a demanda chinesa pelo minério de ferro brasileiro,
em milhares de toneladas;
é o parâmetro constante do modelo;
é o nível
do investimento chinês em bilhões de dólares, cujo parâmetro relativo é
representado por
;
é o nível do investimento chinês em bilhões de
dólares defasado uma unidade de tempo, cujo parâmetro relativo é dado por
;e
representa os choques do modelo, os quais devem seguir um passeio aleatório.
Acredita-se ser necessário usar a variável de investimento como proporção do PIB
26
defasada, pois se espera que a demanda por ferro dependa do investimento
passado.
Quanto à demanda por soja, o modelo testado segue abaixo:
(2)
Onde,
é a variável resposta representativa da demanda chinesa pela
soja brasileira, em milhares de toneladas;
é o parâmetro constante do modelo;
é nível do consumo chinês em bilhões de dólares, tendo como parâmetro
é
;
é nível do consumo chinês em bilhões de dólares defasado um
passo atrás, sendo
seu parâmetro relativo;
representa a renda disponível
das famílias chinesas, em bilhões de dólares, a qual se multiplica pelo parâmetro
e;
representa os choques aleatórios do modelo. Analogamente à construção do
modelo de previsão de demanda do minério de ferro, a justificativa para o uso do
consumo como proporção do PIB defasado é a de que o consumo passado
influencia a demanda por soja no presente.
Tendo os modelos de demanda acima propostos segue-se agora aos modelos de
determinação de preço dessas commodities, que nos permitirão estimar qual o
resultado líquido para as exportações brasileiras dependendo de como a China se
direcionar a partir de hoje, seja de acordo com o Status Quo ou adotando o
Rebalanceamento.
Os modelos para determinação do preço dessas commodities deverá, a priori, seguir
a especificação abaixo:
(3)
(4)
Sendo que
é a variável dependente preço das commodities (onde SOY
representa soja e FE representa minério de ferro).
é a variável já explicada
anteriormente que representa a demanda chinesa por cada uma das commodities
representativas da pauta de exportação brasileira. Enquanto
é a produção
mundial de cada um dessas commodities que influencia diretamente o preço das
27
mesmas. Por fim
regressões e
,
e
e
são os termos de choque associados a cada uma das
são os parâmetros a serem estimados.
É importante frisar que outras variáveis poderiam ser adicionadas ao modelo a fim
de trazer maior qualidade explicativa ao mesmo, porém este estudo se limitou às
variáveis explicadas. Outros ajustes serão feitos a fim de se chegar a um modelo
que consiga explicar corretamente como os preços dessas commodities se formam,
garantindo assim que o resultado a ser encontrado seja o mais verossímil possível.
4.3. RESULTADOS ESPERADOS
Ao analisar os modelos propostos para a demanda espera-se que os sinais dos
parâmetros estejam de acordo com o exposto na Tabela 5 abaixo:
Tabela 5 - Sinais Esperados das Regressões
Equação
Variável
Sinal Esperado
Demanda por Minério de Ferro InvestPIB
+
Demanda por Minério de Ferro InvestPIB (-1)
+
Demanda por Soja
ConsumoPIB
+
Demanda por Soja
ConsumoPIB(-1)
+
Preço do Minério de Ferro
DemandaFE
+
Preço do Minério de Ferro
ProdWFE
-
Preço da Soja
DemandaSOY
+
Preço da Soja
ProdWSOY
-
Fonte: Elaborada pelo próprio autor
Dado que o objetivo final desse trabalho é o de calcular o efeito líquido sobre o setor
exportador brasileiro de um rebalanceamento chinês e, tendo como base o modelo
proposto, é de se esperar que caso a China siga de acordo com o Status Quo, ou
28
seja, continue a privilegiar um modelo de desenvolvimento voltado para o
investimento, a demanda desse país por minério de ferro tende a crescer e assim as
exportações brasileiras dessa heavy commodity devem aumentar trazendo renda a
este setor exportador brasileiro. Já caso o Rebalanceamento se consolide, quem
será beneficiado na economia brasileira será o setor exportador de soft commodities
como um todo, a depender do nível de produção mundial de ambas as commodities.
Porém para se aferir o efeito líquido total sobre o setor exportador brasileiro, é
preciso criar vários cenários com diferentes valores de crescimento ou redução,
tanto da proporção de investimento em relação ao PIB, quanto de consumo em
relação ao PIB. Assim será possível inferir como as demandas por cada um dos
bens estudados irá reagir a tais mudanças, pois para cada cenário haverá um preço
e uma quantidade exportada pelo Brasil de cada commodity. E, por conseguinte,
para cada patamar de exportação que se aferir, a depender dessas variações,
haverá um resultado liquido diferente, visto que o efeito negativo sobre uma das
variáveis não é simétrico ao positivo aferido na outra. Sendo assim, quando da
continuidade deste trabalho, um dos objetivos é traçar situações para que se possa
compreender qual o resultado efetivo para o setor exportador brasileiro e delinear
sob quais circunstâncias esse resultado será negativo e sob quais será positivo.
4.3. ESTIMAÇÃO DO MODELO E RESULTADOS FINAIS
A partir do processo de estimação dos modelos, apurou-se que a equação como
determinada em (1) demonstrou que o parâmetro
tinha alto p-valor e apresentava
sinal negativo, portanto, era insignificante (ver Tabela 6 do Apêndice B). Sendo
assim, a equação para demanda de minério de ferro brasileiro por parte da China
ficou, já com os valores dos parâmetros estimados e considerando um nível de
confiança de 95%, escrita dessa forma:
(5)
Conclui-se que um aumento de um bilhão de dólares no nível do investimento
Chinês levaria a um aumento aproximado de 40,3 mil toneladas na demanda da
China pelo minério de ferro brasileiro (para mais detalhes em relação a esse modelo
ver Tabela 7 do Apêndice B).
29
Já no que tange ao modelo proposto para previsão da demanda de soja brasileira
por parte da China como proposto na equação (2), este também se mostrou
inadequado. Indicou que devido aos valores negativos e aos altos p-valores dos
parâmetros relativos ao nível do consumo chinês e ao nível de consumo chinês
defasado, esses foram considerados insignificantes. O parâmetro constante também
se mostrou insignificante (ver Tabela 8 do Apêndice B). Desta forma o modelo final
especificado, com 95% de confiança segue a especificação:
(6)
Com isso, infere-se que um aumento de um bilhão de dólares no nível da renda
disponível das famílias chinesas levaria a um aumento de 5,75 milhares de
toneladas no volume demandado pela China do setor exportador dessa commodity
no Brasil (ver Tabela 9 do apêndice B para maiores detalhes sobre o modelo (6)).
Neste momento, partiu-se para tentar estimar os relativos modelos dos preços
dessas commodities de acordo com o especificado nas equações (3) e (4). Porém o
que se aferiu foi que esses modelos não estavam bem especificados e que seus
parâmetros não eram significantes. Sendo assim, abandonou-se a tentativa de
estimá-los e, a fim de chegar ao efeito líquido de mudanças no modelo de
desenvolvimento chinês sobre o setor exportador brasileiro escolheu-se por uma
análise mais simplista, mas que se mostra eficiente como ferramenta para entender
a questão.
Utilizando-se das equações (5) e (6) e dos parâmetros para elas estimados e,
considerando o último valor médio obtido para os preços da soja e do minério de
ferro (ver Tabela 4 novamente), foi possível inferir que o setor exportador de heavy
commodities é mais suscetível a mudanças na China que o setor exportador de soft
commodities. Isso porque um acréscimo de um bilhão de dólares na renda das
famílias chinesas elevaria suas importações de soja do Brasil em 5,75 mil toneladas,
os quais representariam um aumento dos lucros advindos dessa atividade no valor
de US$3,10 milhões, considerando o preço de US$538,4 por tonelada aferido no
ano de 2013. Por outro lado, o mesmo aumento de um bilhão de dólares, se ocorrer
no nível dos investimentos chinês, elevaria a demanda desse país por minério de
ferro brasileiro em 40,3 mil toneladas. Isso elevaria os lucros, se considerarmos o
30
preço dessa commodity em 2013 (US$135,36 por tonelada), do setor minerador
brasileiro em US$5,5 milhões.
A partir dos resultados acima se pôde inferir que mudanças na forma com que o
governo chinês orienta o desenvolvimento do país não seriam vantajosas para o
setor exportador brasileiro em termos líquidos, visto que caso a China mude seu
modelo de desenvolvimento de voltado ao investimento e às exportações (Status
Quo) para um modelo mais voltado ao consumo interno (Rebalanceamento), o setor
exportador de heavy commodities (minério de ferro) seria mais afetado, em termos
do lucro que gera para o Brasil, o que não seria compensado pelos lucros advindos
da exportação de soft commodities (soja). Ou seja, em relação às consequências
para o setor exportador brasileiro de mudanças na China, seria mais vantajoso que o
país do extremo oriente mantivesse o modelo de desenvolvimento atual. Isso
equivale a dizer que uma reorientação da forma com que a China direciona seu
desenvolvimento seria danosa ao setor exportador brasileiro.
31
5. CONCLUSÃO
A partir das análises propostas por esse trabalho e considerando os dois cenários
pelo qual a economia chinesa pode se inserir chegou-se a conclusão de que uma
eventual mudança no modelo econômico da China seria menos benéfica ao setor
exportador brasileiro que a manutenção do modelo econômico vigente. Ou seja,
caso o cenário do Rebalanceamento se consolide e, o governo de Pequim passe a
orientar suas politicas econômicas para o consumo, o setor exportador como um
todo sairia menos beneficiado. Já no caso em que o governo chinês mantenha um
modelo de crescimento orientado ao investimento, - cenário do Status Quo-, o setor
exportador brasileiro aferiria maiores ganhos.
Como explicado durante todo o desenvolvimento desse trabalho, e de acordo com
os resultados obtidos a partir da estimação do modelo proposto, o setor exportador
de Heavy Commodities gera, para cada bilhão de dólares de aumento no nível
investimento chinês, maior lucro em termos monetários para o setor exportador
brasileiro do que o setor exportador de Soft Commodities. Isso levando em conta um
aumento de um bilhão de dólares no nível da renda disponível na economia chinesa.
Os resultados que este trabalho apurou devem, devido às limitações encontradas no
tamanho da amostra e principalmente em função da impossibilidade de se estimar
um modelo de determinação de preço, ser interpretados apenas como sinalizadores
dos efeitos de mudanças no rumo da economia chinesa sobre o setor exportador
brasileiro. A abordagem simplista, escolhida para a determinação dos preços das
commoditties, a qual permitiu o cálculo do valor pelo qual as importações de cada
uma das commodities pela China aumentariam, não deve, portanto, ser considerada
em termos absolutos. Deve sim, ser interpretada como sinal de que o setor
exportador de
Heavy Commodities sofrerá mais com uma mudança no
direcionamento da politica econômica chinesa do que os benefícios aferidos no setor
de Soft Commodities em função dessa mesma mudança.
É valido ressaltar que por mais que simplista, a abordagem escolhida para
determinação dos preços, faz sentido atualmente. Isso porque os preços das
commodities não tende a sofrer grandes variações no curto e médio prazo levandose em conta que as taxas esperadas para o crescimento mundial nos próximos anos
32
não são elevadas. E, somando-se a economia mundial menos aquecida em função
da recente crise com a pequena perspectiva de crescimento, configura-se um
cenário
de
menor
demanda
mundial
por
commodities,
logo,
de
melhor
comportamento dos preços das mesmas.
Pôde-se então concluir, como dito anteriormente, que em termos líquidos o setor
exportador brasileiro se prejudicaria caso a china mudasse de um modelo de
desenvolvimento orientado ao investimento para um modelo orientado ao consumo.
Em outras palavras, é preferível ao setor brasileiro que a China mantenha o Status
Quo.
Este trabalho abre, por fim, portas a novos estudos sobre como mudanças nos
rumos do direcionamento da economia chinesa afetam o Brasil como um todo.
Análises de como essa mudança afetaria, não só o setor exportador brasileiro,
escopo deste trabalho, mas de como afetaria, também, o setor importador podem
ser alvo de futuros estudos. Estudos estes que corroborariam para se chegar a
conclusões mais apuradas de qual o real efeito de uma reorientação no modelo de
desenvolvimento chinês sobre o setor externo brasileiro.
33
Referências
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BLÁZQUES-LIDOY, Jorge; RODRIGUEZ, Javier; SANTISO, Javier. Angel or Devil?
China’s Trade Impact on Latin American Emerging Markets. In: SANTISO, Javier
(Org.). The Visible Hand of China in Latin America, 2007. P. 45-84.
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____________, Carta Brasil-China, São Paulo, Edição 7, Novembro de 2012.
Disponível
em:
<http://www.cebc.org.br/pt-br/publicacoes-e-informes/carta-brasil-
china>. Acesso em: 26/03/2014
____________, China-Brasil Update, São Paulo, Edição 9, Março de 2014.
Disponível em: <http://www.cebc.org.br/sites/default/files/chinabrasil_update_ed_9_
lamina_visualizacao_0.pdf >. Acesso em: 06/11/2014
DUMAS, Roberto. Modelo de crescimento econômico chinês e necessidade de
rebalanceamento. In: DUMAS, Roberto. Economia Chinesa: Transformações,
rumos e necessidade de rebalanceamento do modelo econômico da China. 1ª
Edição. São Paulo: Saint Paul Editora, 2014. Capitulo 4, P. 105 – 136.
____________. Sistema financeiro chinês. In: DUMAS, Roberto. Economia
Chinesa: Transformações, rumos e necessidade de rebalanceamento do modelo
econômico da China. 1ª Edição. São Paulo: Saint Paul Editora, 2014. Capitulo 6, P.
177 – 216.
____________. Terceiros mercados, onda de investimentos chineses no Brasil –
risco e oportunidades. In: DUMAS, Roberto. Economia Chinesa: Transformações,
34
rumos e necessidade de rebalanceamento do modelo econômico da China. 1ª
Edição. São Paulo: Saint Paul Editora, 2014. Capitulo 8, P. 249 – 259.
____________; ROSITO, Tatiana. Crise, mudança do modelo chinês e implicações
para o Brasil. Jornal Folha de São Paulo, São Paulo, 4 de junho de 2010.
Disponível
em:
<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0406201005.htm>.
Acesso em: 05/11/2014
HE, Liping; FAN, Gang; YANG, Panpan. What Caused the Sharp Downtown in the
Chinese Economy During the Global Financial Crisis? A Critical Note on Causality in
Trade Linkage. In: China & World Economy, 2010. P. 52-69, Vol. 18, No 4.
IMF. People´s Republic of China Sustainability Report – Group of Twenty (G20),
2011. Disponível em: <https://www.imf.org/external/np/country/2011/mapchina.pdf>.
Acesso em: 03/11/2014
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& World Economy, 2010. P. 47-62, Vol. 18, No 1.
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States Government Printing Office, Washington, 2013. P. 84 - 85. Disponível em:
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Acesso
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16: Soybeans and Products Supply Distribution. In: Production Supply and
Distribution
Online.
Disponivel
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<
http://apps.fas.usda.gov/psdonline/psd
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ucts+Supply+and+Distribution++++++++++++++++++++++++++++++++++++++&hid
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Acesso
em:
35
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opportunity, 2014. P. 39 – 68. Disponível em: < http://documents.worldbank.org/
curated/en/2014/07/19788684/implications-changing-china-brazil-new-windowopportunity>. Acesso em: 03/11/2014
____________. Global Economic Monitor (GEM) Commodities. Disponível em:
<http://databank.worldbank.org/data/views/variableselection/selectvariables.aspx?so
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ZHANG, Joe. Inside China’s shadow banking: the next subprime crisis? Honolulu:
Enrich Professional Publishing, 2013.
36
Apêndice A
Figura 1 – Relação positiva entre Preços dos Insumos e as Importações Chinesas e
suas Consequências.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor*
*Baseado em He, Fan e Yang (2010)
37
Apêndice B
Tabela 6 – Dados relativos à Regressão (1)
Equação da Demanda Chinesa por Minério de Ferro
Variável
Coeficiente
P-Valor
Constante
22.567,033633
0,0557
Invest
98.092,093452
0,0569
Invest(-1)
-67.946,566206
0,2199
R- Quadrado
89,6%
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
Tabela 7 – Dados relativos à Regressão (5)
Equação da Demanda Chinesa por Minério de Ferro
Variável
Coeficiente
P-Valor
Constante
22.035,475389
0,0408
Invest
40278,5351484
0,0569
R- Quadrado
88,2%
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
Tabela 8 – Dados relativos à Regressão (2)
Equação da Demanda Chinesa por Soja
Variável
Coeficiente
P-Valor
Constante
8,056111
0,1220
Consumo
-6,806451
0,0712
Consumo (-1)
1,197310
0,1114
Renda
4,161783
0,0662
R- Quadrado
96,3%
Equação da Demanda Chinesa por Soja
Variável
Coeficiente
P-Valor
Constante
8,329150
0,1764
Consumo
-5,875298
0,1516
Renda
4,209646
0,1026
R- Quadrado
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
93,4%
38
Tabela 9 – Dados relativos à Regressão (6)
Equação da Demanda Chinesa por Soja
Variável
Renda
R- Quadrado
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
Coeficiente
P-Valor
5,742279
0,0890
90,7%
39
Anexos
Figura 2 – Crescimento PIB chinês (%), 1990 – 2012.
16,0%
14,2%
14,0%
13,1%
12,7%
11,3%
12,0%
10,9%
10,0%
9,3%
9,2%
10,4%
10,1%
9,1%10,0%
8,4%
9,6% 9,2%
8,3%
7,8%
8,0%
4,0%
14,2%
9,3%
7,7%
7,6%
3,8%
0,0%
Fonte: China, National Bureau of Statistics; CEIC (2013)*.
*Encontrado em Dumas (2014, p. 105).
Figura 3 – Contribuições dos Setores Para o Crescimento do PIB Chinês (%), 1995
– 2009.
20%
Outros
Exportações Líquidas
Gastos do Governo
Investimentos
Consumo Privado
15%
10%
5%
0%
-5%
-10%
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
Fonte: FMI, World Economic Outlook*.
*Encontrado em People´s Republic of China Sustainability Report – Group of Twenty (G20), 2011.
40
Figura 4 – Evolução da Renda Disponível das Famílias Chinesas (% do PIB), 1992 2009.
Fonte: CEIC (2013)*.
*Encontrado em Dumas (2014, p. 121).
Figura 5 – Investimento e Consumo Chineses (% do PIB), 1990 - 2010
Investimento (% PIB)
Consumo (% PIB)
55,0%
50,0%
49%
49%
45,0%
40,0%
36%
35,0%
34%
30,0%
25,0%
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Fonte: China, National Bureau of Economics, CEIC (2013)*.
*Encontrado em Dumas (2014, p. 109).
41
Figura 6 – China como Destino de Exportações (exportações para China como
porcentagem das exportações totais de cada país), 2001 e 2011.
Fonte: Estimativas do FMI*.
*Encontrado em Ahuja e Nabar (2012).
Figura 7 – Exportações para China (% do PIB de cada país), 2001 e 2011.
Fonte: Estimativas do FMI*.
*Encontrado em Ahuja e Nabar (2012).
42
Figura 8 – Evolução do Comércio brasileiro com a China (bilhões de US$, preços
correntes), 1991 – 2011.
Fonte: ONU Comtrade, cálculos do World Bank*.
*Encontrado em Implications of a Changing China for Brazil: A new window of opportunity? , World Bank (2014,
p. 41).
Figura 9 – Evolução do Comércio brasileiro com a China (% do PIB), 1991 – 2011.
Fonte: ONU Comtrade, cálculos do World Bank*.
*Encontrado em Implications of a Changing China for Brazil: A new window of opportunity? , World Bank (2014,
p. 41).
43
Figura 10 – Pré e pós-crise: procura de novos mercados para os bens chineses,
2006 e 2010.
Fonte: Dumas (2014, p. 251).
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