GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO
TRATAMENTO ODONTOLÓGICO.
FURTADO, Isabela Pereira1; QUIRINO, Murillo Carto2; ALVARENGA, Marina
Santana3; CAMPOS, Cerise de Castro4; GONÇALVES, Ilda Machado Fiuza5;
VIEIRA, Liliani Aires Candido6.
Palavras-chave: gravidez, adolescente, tratamento odontológico.
Introdução
O atendimento odontológico de gestantes é um assunto bastante controverso,
principalmente em função dos mitos que existem acerca do tratamento, tanto por
parte das gestantes como por parte dos cirurgiões dentistas que se sentem
inseguros em atendê-las (MAEDA et al., 2004). O sucesso do tratamento
odontológico depende do conhecimento do paciente por parte do cirurgião-dentista
(CD), o que é conseguido através de uma minuciosa anamnese. Pacientes grávidas
enquadram-se como pacientes especiais, já que, para a odontologia, pacientes com
necessidades especiais são indivíduos que apresentam uma alteração ou condição,
simples ou complexa, momentânea ou permanente, de etiologia biológica, física,
mental, social e/ou comportamental. Estes pacientes requerem uma abordagem
especial, multiprofissional e um protocolo específico (CAMPOS et al., 2010).
Observa-se que a dificuldade das gestantes em buscarem tratamento se deve
a duas razões: crenças populares e falta de informação dos profissionais, o que
reforça a importância entre a comunicação de obstetras e demais profissionais para
o estabelecimento da atenção multiprofissional (POLETTO et al., 2008).
* Resumo revisado pela Coordenadora da Ação de Extensão e Cultura (Liliani Aires Cândido Vieira). SABIA –
“Saúde Bucal da Infância a Adolescência”. Código: FO-87
¹ Universidade Federal de Goiás – email: [email protected]
² Universidade Federal de Goiás – email: [email protected]
³ Universidade Federal de Goiás – email: [email protected]
4
Universidade Federal de Goiás – email: [email protected]
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Universidade Federal de Goiás – email: [email protected]
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Universidade Federal de Goiás – email: [email protected]
Muitos profissionais da área odontológica têm demonstrado preocupação em
desmistificar a crença popular, ainda hoje bastante arraigada, de que mulheres
grávidas não podem receber assistência odontológica devido a possibilidade de
prejuízos à gestante ou ao feto (SCAVUZZI et al., 2008).
As mudanças fisiológicas que ocorrem durante a gravidez incluem ganho de
peso, hipotensão quando posicionada numa posição supina, restrição da função
respiratória, potencial de hipoglicemia e diminuição dos batimentos cardíacos.
Síncopes e enjoos também são comuns durante a gravidez. Manter um estilo de
vida saudável, incluindo excelente saúde oral, é essencial para a mulher que está
grávida ou que está planejando ficar grávida (POLETTO et al., 2008).
A gravidez seria o período ideal para esclarecimentos sobre saúde bucal da
mãe e do bebê, no entanto a maioria das gestantes não recebe nenhuma instrução
sobre saúde bucal (POLETTO et al., 2008). O cuidado com a saúde bucal da
gestante é também uma maneira de se promover precocemente saúde bucal para o
bebê. Este trabalho tem como objetivo apresentar os cuidados especiais que devem
ser tomados durante o atendimento de gestantes, por meio do relato de caso de
uma paciente adolescente grávida.
Metodologia
Paciente LKD, gênero feminino, 15 anos e 11 meses de idade foi atendida na
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás na ação de extensão
SABIA – Saúde Bucal da Infância a Adolescência. Após exame clínico intra oral,
verificou-se a presença de extensas lesões cariosas e necessidade imediata de
cuidados odontológicos. Após a paciente ser selecionada para o tratamento,
procedeu-se a anamnese e solicitação de exames radiográficos. Na sessão
seguinte, após 7 dias, a paciente relatou estar grávida e preocupada com a saúde
bucal, pois seu médico havia lhe dito que “estando grávida os dentes ficariam mais
fracos”
A paciente foi então orientada sobre os principais cuidados relacionados à
saúde bucal e tratamento odontológico na gravidez.
Resultados e Discussão
Observa-se que o desconhecimento sobre a saúde bucal durante a gestação
ainda persiste entre profissionais e pacientes. Os cuidados iniciais com a saúde da
gestante devem incluir a orientação e os cuidados com a saúde bucal. Estas
pacientes, ou em planejamento para a gravidez ou grávidas, devem ser
encaminhadas ao cirurgião-dentista para o planejamento do cuidado pré-natal
odontológico. Essa atenção odontológica durante a gestação promoverá saúde para
gestantes e bebês, uma vez que é conhecida a influência da saúde bucal da
gestante na saúde bucal dos filhos.
O tratamento da saúde bucal das gestantes deve ser entendido como parte
dos cuidados pré-natais necessários, por considerar também aspectos biológicos e
clínicos como a recente associação entre doença periodontal em gestantes e
nascimentos pré-termos e de baixo peso e a relação positiva entre a experiência de
cárie da mãe e a de seu filho, desencadeada pela transmissibilidade bacteriana
precoce e pelo compartilhamento de fatores culturais, comportamentais e
socioeconômicos do ambiente familiar (FINKLER et al., 2004).
Com o intuito de fornecer subsídios aos trabalhos de educação em saúde e
de melhorar a assistência odontológica materno-infantil, deve-se: (1) modificar o
discurso e a atuação profissional, reforçadores de parte da representação social que
contraindica o tratamento durante a gestação, levando informações concretas e
seguras aos cirurgiões-dentistas em exercício, pelos meios de comunicação e de
atualização profissional; (2) priorizar o atendimento nos serviços odontológicos,
antes, durante e após o período gestacional, de todas as mulheres em idade fértil,
conscientizando-as da necessidade do tratamento odontológico também durante a
gestação; (3) incluir a odontologia na assistência pré-natal, investindo no trabalho
educativo junto às gestantes; (4) reforçar o componente da influência da saúde bucal
da gestante/mãe na saúde do bebê, através da conscientização do papel do
ambiente social e dos cuidados tomados em comum, estimulando o autocuidado por
parte das gestantes e a sua procura por assistência odontológica e, portanto,
estendendo benefícios às futuras crianças. (F INKLER et al,. 2004).
Os conhecimentos e as práticas da gestante dependem, inicialmente, do
médico obstetra, tornando-se figura importante para a integração desses
profissionais
com
a
Odontologia,
baseado
em
abordagem
multidisciplinar
propiciando a prática de promoção de saúde bucal. (FERREIRA et al., 2009).
A maternidade apresenta um momento único no ciclo vital feminino, no qual a
mulher apresenta-se mais propensa e receptiva a novos conhecimentos e a mudar
padrões. (FERREIRA et al,. 2009).
Verifica-se que ainda há recusa por parte de alguns cirurgiões-dentistas em
prestar atenção odontológica a gestantes, devido a controvérsias de opiniões e
abordagem deficiente do assunto durante a formação acadêmica, bem como por
falta de interação multidisciplinar. As próprias gestantes são inseguras, tendo em
mente que o tratamento odontológico pode causar anormalidades congênitas ou
aborto.
Um CD bem informado atenderá de forma mais humanizada as pacientes
gestantes, com segurança e profissionalismo, buscando a promoção da saúde das
mesmas sem que o tratamento odontológico interfira na gestação.
Conclusões
É necessário incentivar a gestante a busca por cuidados odontológicos
profissionais para que complicações futuras sejam prevenidas. Qualquer intervenção
odontológica pode ser realizada na gravidez, desde que seja feita uma anamnese
completa da paciente e, em caso de dúvidas, devem ser trocadas informações com
o obstetra.
O conhecimento por parte do cirurgião dentista sobre as principais
características de cada trimestre gestacional e sobre as recomendações e cuidados
a serem tomados durante o atendimento odontológico, incluindo a prescrição de
medicamentos e o exame radiográfico, são importantes para possibilitar o
tratamento da gestante com segurança e com menor risco de efeitos adversos para
o bebê.
É de fundamental importância a interação multiprofissional, de forma que
tanto o CD como os obstetras devem ter conhecimento sobre as alterações bucais
que ocorrem durante a gravidez e saberem sobretudo orientar a prevenção,
considerando que esta evitará o surgimento de novas patologias e não o fato de
estar grávida.
Referências Bibliográficas
CAMPOS, CC; FRAZÃO, BB; SADDI, GL; MORAIS, LA; FERREIRA, MG;
SETUBAL, PCO; ALCANTARA RT. Manual prático para o atendimento
odontológico de pacientes com necessidades especiais. Disponível em: <
http://www.ufg.br/this2/uploads/files/132/Manual_corrigido-.pdf>. Acesso em: 21 abr.
2012.
FERREIRA, FV; GASPARIN, Ab; OLIVEIRA, MDM; NETO, FSS; PRAETZEL,
JR. Percepção de médicos obstetras sobre a saúde bucal de gestantes. Int J
Dent, Recife, v.8, n.2, p.72-78, abr./jun., 2009.
FINKLER, M; LEINISKI, DMB; RAMOS, FRS. Saúde bucal materno infantil:
um estudo de representações sociais com gestantes. Texto & Contexto
Enfermagem, Florianópolis, v.13, n.3, p.360-368, jul./set. 2004.
MAEDA, FHI; IMPARATO, JCP; BUSSADORI, SK. Atendimento de
pacientes gestantes: a importância do conhecimento em saúde bucal dos
médicos ginecologistas-obstétras. RGO, Porto Alegre, v.53, n.1, p.59-62,
jan./mar. 2005.
POLETTO, VC; STONA, P; WEBER, JBB; FRITCHER, AMG. Atendimento
odontológico em gestantes:uma revisão da literatura. Stomatos, v.14, n.26, p.6475, jan./jun. 2008.
SCAVUZZI, AIF; NOGUEIRA, PM; LAPORTE, ME; ALVES, AC. Avaliação
dos conhecimentos e práticas em saúde bucal de gestantes atendidas no setor
público e privado, em Feira de Santana, Bahia, Brasil. Pesq Bras Odontoped Clin
Integr, João Pessoa, v.8, n.1, p.39-45, jan./abr. 2008.
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