Situação Epidemiológica da Febre Amarela no Brasil Zouraide Guerra Antunes Costa CENEPI GT-FEBRE AMARELA Ministério da Saúde Fundação Nacional de Saúde Febre Amarela no Brasil - resgatando a história... 1685 - 1ª epidemia (Recife/PE), trazida por barco vindo de São Tomé, África, com escala em São Domingos, Antilhas 1691 - 1ª Campanha Sanitária (Dr. João Ferreira da Rosa) 1686 / 92 - Bahia (25.000 doentes e 900 mortos) 1849 / 61 - 16 Províncias do Império 01- 08 / 1850 - 90.658 casos e 4.160 óbitos no RJ . Fonte: FUNASA/CENEPI/CGVEP/COVEV FUNASA Febre Amarela no Brasil - resgatando a história... 1901- Comprovação da transmissão da FA pelo mosquito Culex fasciatus→ Stegomyia fasciata Culex aegypti (Linneu, 1762) → Aedes aegypti (Silver, 1926) 1928 / 29 - Última epidemia em centro urbano: RJ (738 casos e 478 óbitos) 1932 - Comprovado laboratorialmente o ciclo silvestre da FA (Município de Santa Teresa Vale do Canaã/ES) Fonte: FUNASA/CENEPI/CGVEP/COVEV. FUNASA Febre Amarela no Brasil - resgatando a história... 1937 - Vacina (Cepa 17-D) 1942 - Registro dos últimos casos de Febre Amarela Urbana no país (Sena Madureira/AC) 1967 - Reinfestação do Pará e Maranhão pelo Aedes aegypti 1969 - Eliminação da reinfestação do Pará e Maranhão 1976 - Reinfestação de Salvador/BA → reinfestação progressiva de vários estados FUNASA Fonte: FUNASA/CENEPI/CGVEP/COVEV. Febre Amarela no Brasil - resgatando a história... 1979 - Descoberta da transmissão transovariana 1986 - Aedes albopictus entra no país: RJ, MG, ES, SP 1989 - Ae. albopictus susceptível aos vírus da FA e do Dengue em laboratório Nos dias atuais, Ae. aegypti em todos os estados brasileiros!!! FUNASA Fonte: FUNASA/CENEPI/CGVEP/COVEV. Febre Amarela no Mundo Certos aspectos epidemiológicos do passado... • A comercialização de escravos no Séc. XVII criou um laço íntimo entre a África Ocidental e a América Espanhola-Portuguesa • A febre amarela seguiu as rotas comerciais → rios, estradas e estradas-de-ferro • “O homem amarelo” - uma das mais temidas doenças nas rotas comerciais atlânticas • A lenda do “Navio Fantasma” (Walter Scott) FUNASA Febre Amarela no Brasil Certos aspectos epidemiológicos do passado... • Marco na história do Brasil - impacto social, político e econômico • Os surtos precederam a chegada de tropas não imunes ou de suscetíveis, ou outros movimentos populacionais em massa • Altas taxas de ataque em não imunes • A população indígena gozava de um grau de imunidade relativamente alto FUNASA Febre Amarela no Brasil Certos aspectos epidemiológicos do passado... •Doença pestilencial (alta letalidade) •Inicialmente foi eminentemente “urbana” “litorânea” • FA Silvestre → aparece alguns anos após a derrota da pestilência → passa a ser entendida como uma entidade distinta a partir de 1932 → separa “duas doenças” FUNASA Áreas de Risco para Febre Amarela Silvestre. Brasil, 2001*. AREA ENDEMICA ESTADOS: 12 POPULAÇÃO: 29.327.171 hab AREA DE TRANSIÇÃO ESTADOS - parcialmente 7 POPULAÇÃO:– 18.148.848 hab AREA ENDEMICA AREA DE TRANSIÇÃO AREA INDENE AREA INDENE ESTADOS: 8 e parcialmente 7 POPULAÇÃO: 118.636.499 hab FUNASA *Atualizado em 27 de setembro de 2001 Vigilância Epidemiológica da Febre Amarela no Brasil • Doença de notificação compulsória internacional • Objeto de vigilância pela Organização Mundial da Saúde Regulamento Sanitário Internacional FUNASA Febre Amarela no Brasil - notificação A notificação internacional é obrigatória e imediata, de acordo com o Art. 3º - § 1 do Regulamento Sanitário Internacional: “As administrações sanitárias (autoridades governamentais competentes) enviarão à Organização Mundial da Saúde por telegrama ou por telex, no prazo de 24 horas, a oportuna notificação, quando tiverem notícia que ocorreu em seu território o primeiro caso de uma doença objeto de regulamentação... A notificação da área infectada deverá ser enviada nas 24 horas seguintes.” FUNASA FEBRE AMARELA SILVESTRE Segundo Taxa de Letalidade, Óbitos e Cura Brasil, 1982 -2001 * Nº de casos ' 100 ' ' ' ' Taxa de letalidade (%) 85 ' 83 100 80 80 75 ' ' 60 ' 45 ' ' 60 ' ' ' 40 26 24 20 34 ' 16 7 6 15 9 9 ' ' ' 41 40 ' ' 19 4 2 20 15 12 3 0 0 TAXA ÓBITO CURA ' 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 87,5 21 3 100 6 0 62,2 28 17 71,4 5 2 88,9 8 1 87,5 14 2 53,9 14 12 33,3 3 6 50 1 1 53,3 8 7 58,3 7 5 22,9 19 64 27,8 6 13 50 2 2 86,7 13 2 100 3 0 44,1 15 19 37,3 28 47 47,1 40 45 53,7 22 19 Dados até 05/03/2002. Média Mensal de Ocorrência dos Casos de Febre Amarela Silvestre Brasil, 1990 - 2001 Média Média de casos 8 6,6 7 6 6,3 4,9 4,3 5 4 3,3 3 1,7 2 1,3 1 0 Jan Fev Mar Abr Fonte: FUNASA/CENEPI/CGVEP/COVEV Mai Meses Jun Jul 0,6 Ago 1,3 0,5 Set 1,8 0,2 Out Nov Dez Distribuição dos casos de febre amarela segundo sexo. Brasil, 1980 a 2001 N= 578 casos 131 (22,7%) 447 (77,3%) Fonte: CENEPI/CGVEP/COVEV Masculino Feminino Distribuição dos casos de febre amarela segundo faixa etária. Brasil, 1980 a 2001 300 200 100 0 3 25 Ignorado < 5 anos Fonte: CENEPI/CGVEP/COVEV 248 226 15 a 29 anos > 30 anos 76 5 a 14 anos N= 578 casos FUNASA Epidemiologia da Febre Amarela no Brasil Grupos populacionais mais atingidos, 2000 e 2001 2000 (N= 85) 2001 ( N=41) Agricultor 24 (28,2%) Atividade relac. a fazenda/chácara 27 (31,8%) 10 (25,7%) Turista/pescador/lazer 20 (23,5%) 13 (33,3%) 3 (3,5%) 3 (7,7%) 11 (12,9) 2 (5,1%) Caminhoneiro Outros 11 (28,2%)%) Nº de Casos e Óbitos de Febre Amarela Silvestre por UF. Brasil, 1980-2001 140 Nº de casos e óbitos 120 100 80 60 40 20 0 AC AP AM GO MA MT MS PA RO RR MG TO BA SP DF Casos 2 2 42 105 99 31 32 123 10 30 62 22 10 2 2 Óbitos 1 2 30 66 18 21 25 64 10 21 27 9 3 2 2 Estados Fonte: FUNASA/CENEPI/CGVEP/COVEV Febre Amarela no Brasil - municípios com casos confirmados e epizootias. Brasil, 1999 a 2001 FUNASA Fonte:FUNASA/CENEPI/CGVEP/COVEV Febre Amarela no Brasil - municípios com casos confirmados e epizootias. Brasil, 2002 Fonte:FUNASA/CENEPI/CGVEP/COVEV * Dados atualizados em 25/06/2002 FUNASA Situação da Febre Amarela no Brasil Fatos recentes 1. Epizootia e confirmação de 10 casos humanos de FAS na Bahia, em 2000 (último registro de FAS em 1950). Isolamento do vírus de mosquitos Sabethes chloropterus, capturados em Coribe e Jaborandi, BA. 2. Registro de 2 casos humanos de FAS em São Paulo em 2000 (último registro de FAS em 1953). 3. Ocorrência de casos humanos de FAS em Minas Gerais em 2001, fora dos limites da área de risco para o estado. FUNASA Fonte: FUNASA/CENEPI/CGVEP/COVEV Situação da Febre Amarela no Brasil Fatos recentes 4. Epizootia no Paraná, em fevereiro de 2001, município de Porto Rico (último registro de FAS em 1966). 5. Ocorrência de epizootias no Rio Grande do Sul, em maio de 2001, com isolamento do vírus amarílico em macacos e mosquitos Haemagogus leucocelaenus em Santo Antônio das Missões/RS (último registro de FAS em 1966). FUNASA Fonte: FUNASA/CENEPI/CGVEP/COVEV. Situação da Febre Amarela no Brasil Fatos recentes 6. Casos em áreas consideradas urbanas com características silvestres (mata contígua com presença de Haemagogus). 7. Quatro óbitos associados à vacina 17DD (mudança na estratégia de vacinação) FUNASA Fonte: FUNASA/CENEPI/CGVEP/COVEV. Bairros periféricos de pequenos municípios... , s o p m Ca 01 o 20 h tin G, r Ma M FUNASA ! " #$ % $ &'( %3 8/906600/ :' 8 6;06600/ (! ) *+ ( " ( ( , -.%) ( ( //0 % ( ( ( ! ( # ! ( &'( 12 % 3 % /405600/7 Risco de reurbanização da Febre Amarela no Brasil: uma falácia??? “O risco de re-urbanização da Febre Amarela existe, difícil é medí-lo e quantificá-lo” (T. Monath, maio/2001) FUNASA "< =( ! Aponta para o risco da reemergência da doença nos espaços urbanos. Febre Amarela no Brasil Fatores favoráveis à reurbanização • Infestação dos centros urbanos por Ae. aegypti e Ae. albopictus • Crescimento anual do número de municípios com Ae. aegypti • Comprovação da competência vetorial do Ae. aegypti (Miller, B. 2001) • Aparecimento de novos e velhos focos • Expansão da área de transição • Eventos adversos da vacina contra FA • Caça a macacos (animal de estimação) FUNASA Febre Amarela no Brasil Fatores desfavoráveis à reurbanização • Carga virêmica baixa • Curto período de viremia (4 a 5 dias) • Doença focal • Ciclos epizoóticos intermitentes • Fortalecimento da Vigilância Epidemiológica • Grande parte dos casos permanecem nas áreas de risco • Adoção de cuidados especiais em torno dos casos assistidos em áreas infestadas por Aedes aegypti • Existência de vacina com elevado poder imunogênico A Arma... /C33 A+B % '! (! ! ? >( ( ( #$ #$ ? -! 2 /@467 #$ ! ." O Brasil vacinando... Na década da 40... Em tempos de José Serra... Divinópolis, 2001 Atual política de vacinação do PNI Recomendações • Área endêmica - vacinar residentes e viajantes, a partir de 6 meses (AC, AM, AP, RO, RR, PA, TO, MA, MT, MS, GO e DF) • Área de transição - vacinar residentes e viajantes, a partir de 9 meses, antecipando para a partir dos 6 meses meses em surtos (alguns municípios do estado do PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS). • Área indene - vacinar viajantes para área endêmica ou de transição. FUNASA D ( E ( ? ! =( ! %/@@/E600/ ! Milhões 25 20 15 10 5 0 n.doses 1991 3,624 1992 1993 1994 5,957 5,692 Fonte: FUNASA/CENEPI/COPNI 4,231 1995 1996 1997 4,451 2,588 3,523 1998 1999 11,998 16,126 2000 2001 21,658 12.713 FUNASA A outra arma... "< (! ? &( ( ;F “... o que é verdade em relação aos males deste mundo é também em relação à Febre Amarela... quando se vê a miséria, a dor e a vergonha sanitária que ela traz, é preciso ser LOUCO, CEGO ou COVARDE para se resignar à Febre Amarela.” (Adaptado de A. Camus sobre “A Peste”) FUNASA [email protected] FUNASA