Própolis e Apitoxina

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ESCOLA DE VETERINÁRIA - UFMG
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA E
INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
TEI 603 – INSPEÇÃO DE AVES, OVOS, PESCADO E MEL
Própolis e Apitoxina
Alunos:
Luciana Moura
Rafaela Coqueiro
Rafaela Elza
Ranier Chaves
Renata Dias
Renata Queiroz
Samuel Henrique
Thiago Augusto
Introdução
Os produtos apícolas destacam-se por sua relevância socioeconômica e pela grande
variedade de usos na sociedade. Alguns dos produtos apícolas são: mel, cera de abelha,
pólen, apitoxina, geléia real e própolis. Além dos usos na alimentação, os produtos
apícolas passaram a ser utilizados, ao longo da história, para fins medicinais. Nesse
contexto destacam-se a própolis e a apitoxina.
O emprego da própolis, administrada de diversas formas, foi descrito pelos assírios,
gregos, romanos, incas e egípcios há vários séculos. Uma das primeiras descrições do
uso da própolis remonta a 1700 a.c. no antigo Egito, quando era utilizada para
embalsamar os mortos. Os gregos utilizavam a própolis para fins medicinais, como
cicatrizante. O termo própolis já era descrito no século XVI, na França. Atualmente,
atribui-se à própolis propriedades antiinflamatórias, antibacterianas, antifúngicas,
antiprotozoárias, antioxidantes e antivirais. Estudos científicos vêm sendo realizados
para confirmar tais propriedades.
A própolis vem sendo empregada largamente na medicina popular, fitoterapia e na
fabricação de cosméticos. O Brasil é responsável por 10 a 15% da produção mundial de
própolis e é o terceiro maior produtor atrás apenas da China e da Rússia. A própolis
nacional destaca-se por suas propriedades farmacológicas, organolépticas, baixa
contaminação por metais pesados e pelo alto valor de mercado em alguns países como o
Japão, aonde responde por 80% das importações.
Assim como a própolis, as propriedades curativas do veneno de abelha ou apitoxina tem
uma tradição muito longa. No antigo Egito, tratavam-se inúmeras doenças com
ungüento feito de abelhas. Hipócrates empregou picaduras de abelha nele próprio, além
de Galen (130 D.C) e Charlemagne terem recebido tratamento semelhante em
articulações com artrite. Admite-se que a quantidade de veneno seco produzido por
abelha situe-se em torno de 0,2 a 0,5 mg e a quantidade injetada por ferroada seja de
aproximadamente 0,1 mg.
PRÓPOLIS E EXTRATO DE PRÓPOLIS
A própolis é uma resina de coloração e consistência variada coletada por abelhas da
espécie Apis mellifera de diversas partes das plantas como brotos, botões e exsudatos
resinosos. Durante a coleta da própolis, as abelhas misturam a cera e a própolis coletada
juntamente com a enzima 13-glicosidase presente na sua saliva, acarretando a hidrólise
dos flavonóides glicosilados em flavonóides agliconas.
A palavra própolis é derivada do grego sendo que pro significa “em defesa de” e polis
“cidade”, isto é, em defesa da cidade ou da colméia. As abelhas de fato usam esta
substância para protegê-las contra insetos e microorganismos, empregando-a no reparo
de frestas ou danos à colméia (isolamento térmico e contra inimigos), no preparo de
locais assépticos para a postura da abelha rainha e na mumificação de insetos invasores.
Costuma-se encontrar na colméia pequenos animais ou parte deles envoltos em
própolis, em perfeito estado de conservação já que à própolis é também atribuída ação
antimicrobiana, o que impede a decomposição do cadáver.
Dentre os produtos apícolas tais como mel, geléia real, pólen, entre outros, a própolis
vem se destacando tanto pelas suas propriedades terapêuticas, como atividade
antimicrobiana, antinflamatória, cicatrizante, anestésica e anticariogênica, quanto pela
possibilidade de aplicação na indústria de farmacêuticas e alimentícias, na forma de
alimentos funcionais. Atualmente existem diversos produtos contendo própolis
comercializados em todo mundo, principalmente no Japão, tais como balas, chocolates,
doces, xampus, cremes para pele, soluções antissépticas, pastas de dente, etc. Cerca de
75% da própolis produzida no Brasil é exportada, sendo o Japão o maior comprador.
Propriedades Físicas
Sua composição, cor, odor e propriedades medicinais dependem da espécie de planta
disponível para as abelhas.
A coloração da própolis pode variar do marrom escuro passando a uma tonalidade
esverdeada até o marrom avermelhado, dependendo do tipo e idade da espécie botânica
onde são coletados. Apresenta um odor característico que pode variar de uma amostra
para outra, como também pode não ter nenhum odor. Isso parece ser por evaporação dos
princípios voláteis.
O ponto de fusão é variável entre 60 e 70 ºC, sendo que pode atingir, em alguns casos,
até 100 ºC. A 15ºC a própolis apresenta boa consistência (dura), mas a partir de 30°C
torna-se maleável. É solúvel em éter, etanol, amoníaco, acetona, tolueno e tricloetileno.
A parte insolúvel é constituída de matéria orgânica, tecidos vegetais, grãos de pólen e
outros.
Sua remoção da pele humana é difícil, pois parece interagir fortemente com óleos e
proteína da pele.
Propriedades Químicas
A composição exata da própolis pura varia com seu tipo. Em geral é composta por 50%
de resina e bálsamo vegetal, 30% de cera, 10% de óleos essenciais e aromáticos, 5% de
pólen e 5% de outras substâncias variadas, incluindo restos orgânicos. É considerada
uma das misturas mais heterogêneas encontradas em fontes naturais; hoje mais de 300
constituintes já foram identificados e/ou caracterizados em diferentes amostras de
própolis.
As propriedades biológicas da própolis obviamente estão diretamente ligadas a sua
composição química, e este possivelmente é o maior problema para o uso da própolis
em “fitoterapia”, tendo em vista que a sua composição química varia com a flora da
região e época da colheita, com a técnica empregada, assim como com a espécie da
abelha (no caso brasileiro também o grau de “africanização” da Apis melífera pode
influenciar a sua composição).
Somente no caso do Brasil são descritas propriedades biológicas e composição química
distintas para diferentes amostras coletadas em diferentes partes do país. Essa variação é
facilmente explicada pela grande biodiversidade brasileira. Uma menor variação da
composição química da própolis é observada nas regiões temperadas do planeta, como,
por exemplo, na Europa.
Nas zonas temperadas do hemisfério norte, as abelhas coletam a própolis apenas no
verão (incluindo final da primavera e começo do outono - cerca de quatro meses) e por
isso as variações sazonais na composição da própolis são insignificantes. No Brasil,
entretanto, a coleta de própolis dá-se durante todo o ano, deste modo existe uma
variação sazonal na composição.
Os principais compostos químicos isolados da própolis até o momento podem ser
organizados em alguns grupos principais como: ácidos e ésteres alifáticos, ácidos e
ésteres aromáticos, açúcares, álcoois, aldeídos, ácidos graxo, aminoácidos, esteróides,
cetonas, charconas e di-hidrocharconas, flavonóides (flavonas, flavonóis e flavononas),
Terpenóides, Proteínas, vitaminas B1, B2, B6, C, E, bem como diversos minerais.
De todos esses grupos de compostos, certamente o que mais vem chamando a atenção
dos pesquisadores é o dos flavonóides. Os flavonóides são compostos fenólicos que
compreendem um amplo grupo de substâncias naturais não sintetizadas pelos animais.
Cerca de 4.000 substâncias diferentes já foram listadas como flavonóides, entre elas
apigenina, quercetina, hesperetina, rutina, luteolina, genisteina, daidzeina,
antocianidina, kanferol etc. A presença e a concentração destes compostos é utilizada
como índice de qualificação de amostras de própolis.
Há grande controvérsia em relação ao teor de flavonóides nas amostras brasileiras.
Segundo alguns autores, as própolis brasileiras têm uma baixa concentração de
flavonóides e ésteres de ácidos fenólicos, evidenciando altas concentrações de ácido
dihidroxicinâmico, acetofenonas preniladas e alguns terpenóides específicos.
Propriedade Biológicas
As propriedades terapêuticas da própolis tem incentivado as pesquisas de isolamento e
identificação de compostos químicos, e a possível relação destes com a sua atividade
biológica. A presença de diversos compostos fenólicos explicam, em parte, a grande
variedade das propriedades biológicas e terapêuticas relatadas na literatura,
principalmente nas últimas 3 décadas.
As principais propriedades biológicas da própolis são:
- Antibiótica: Segundo alguns autores, a própolis apresenta um alto poder antibiótico
contra as bactérias Staphylococcus aureus e Sptreptococcus mutans. Algumas dessas
amostra de própolis apresentaram altas concentrações dos flavonóides galangina e
pinocembrina, os quais são considerados serem agentes antimicrobianos.
- Atividade Anti-inflamatória: Outra atividade biológica atribuída à própolis é quanto
a sua ação antiinflamatória. Existem relatos na literatura da utilização com sucesso de
extratos etanólicos de própolis em testes laboratoriais in vitro e in vivo. Em vários
modelos in vitro a própolis apresentou uma inibição da agregação plaquetária e da
síntese de eicosanóide, sugerindo que ela possui uma poderosa atividade
antiinflamatória.
- Atividade Antioxidante: De acordo com a literatura, a atividade antioxidante dos
extratos etanólicos e aquoso de própolis são conferidos aos flavonóides.
Uma das principais propriedades físico-químicas atribuída a própolis traduz-se pela
capacidade antioxidante, varredora de radicais livres e que é responsável por uma série
de efeitos benéficos a ela atribuída do ponto de vista farmacológico.
- Antifúngica: Alguns autores demonstraram que entre outras atividades, a própolis tem
ação antimicótica e que esta se deve ao ácido cinâmico e ao flavonóide crisina.
- Anestésica: Há na literatura vários relatos sobre o efeito anestésico da própolis.
Ghisalberti (1979), relata que o extrato de própolis foi capaz de produzir um efeito
anestésico total em córneas de coelhos.
- Antiprotozoária: Considerando as perspectivas da própolis com atividade
antiprotozoária, há muito que se estudar e conhecer sobre a própolis brasileira.
- Antiviral: As pesquisas têm mostrado um efeito positivo da própolis sobre a
virulência e a duplicação de algumas linhagens de vírus, tais como: herpes, adeno vírus,
coronavírus, rotavírus.
- Anticâncer: Existem na literatura alguns trabalhos relatando a atividade
anticancerígena de extratos de própolis. Compostos derivados de ácido cinâmico e
outros, conhecidos como terpenóides, mostraram possuírem boa atividade citotóxica.
Park e colaboradores realizaram um estudo com 500 amostras de própolis provenientes
das regiões sul, sudeste e nordeste do Brasil. Os extratos foram agrupados quanto suas
características físico-químicas e sensoriais e, analisados ainda quanto a suas
propriedades fisiológicas tais como atividade antioxidante, antiinflamatória e
antimicrobiana. Como resultados, obteve-se uma grande variação na atividade
microbiana e antiinflamatória das própolis testadas, sendo que alguns grupos possuíam
alta atividade e outros praticamente não possuíram atividade. Em relação à atividade
antioxidante, obteve-se boa resposta, exceto em um grupo, o que já era esperado devido
à composição básica desse produto que é formada de compostos fenólicos, compostos
estes bastante estudados para esta finalidade.
As propriedades da própolis estão diretamente relacionadas à sua composição química,
o que se constitui no principal desafio para o seu uso em fitoterapia, tendo em vista que
a sua composição varia de acordo com a vegetação da região, a época da coleta e a
técnica empregada, bem como em função da espécie da abelha e do grau de
africanização da Apis mellifera no Brasil. Assim faz-se necessário realizar um controle
mais rigoroso em relação à qualidade das própolis comercializadas no Brasil e ainda,
um maior aprofundamento nos estudos sobre suas propriedades biológicas e também a
identificação dos eventuais compostos responsáveis por essas atividades.
Aplicações
De acordo com suas inúmeras propriedades biológicas, a própolis vem sendo
empregada em diversos problemas como: mau hálito (halitose), eczema, úlceras,
infecções urinárias, infecções na garganta, inflamação, doenças do coração, diabetes e
até mesmo câncer. Atualmente, a própolis é popularmente usada como um medicamento
e está disponível em diversos tipos de formas farmacêuticas como, por exemplo,
cápsulas, extratos, como enxaguatório bucal, na forma de pó, dentre outras. Também é
empregada em cosméticos e na indústria alimentícia na forma de alimentos funcionais.
De acordo Simões et. al. extratos de própolis a 11%, 20% e 30%, apresentam a mesma
eficácia antimicrobiana, comparativamente à ação dos enxagüantes bucais
industrializados.
Na Medicina Veterinária a própolis vem sendo utilizada no tratamento de otites,
mastites, pododermite necrótica, e como adjuvante nas vacinações, cicatrizante e
anestésico. Há pesquisas que mostram sua atividade antileishmanicida.
O número de publicações relacionadas aos efeitos benéficos da própolis vem
aumentando cada vez mais, porém sua aplicação terapêutica ainda pode ser considerada
incipiente. Muitos desses trabalhos apresentam resultados contraditórios ou não se
conhece o composto relacionado a alguma ação específica. Assim, estudos mais
criteriosos e completos são necessários para garantir a eficácia da própolis no
tratamento das diversas doenças em que é empregada.
Quanto a Coleta e Processamento
Coleta
A própolis pode ser coletada pelo apicultor pela raspagem de partes da colméia (tampa,
alvado, quadros). Entretanto, alem da baixa produtividade, a própolis coletada por
raspagem é de baixa qualidade e apresenta grande quantidade de impurezas, o que limita
sua comercialização.
Para que as colônias produzam quantidade adequada para comercialização, o apicultor
deve utilizar técnicas que estimulam a produção de própolis. A maioria das técnicas
utilizadas consiste, principalmente, na realização de aberturas na colméia que propiciam
a entrada de ventos e chuvas, dificultando a manutenção da temperatura ideal nas
colônias, além de facilitar a entrada de inimigos naturais. Assim, para a proteção da
colônia, as abelhas se empenham da deposição de própolis para o fechamento dessas
aberturas que consistirá no produto a ser coletado pelo apicultor.
Nos últimos anos vários modelos comerciais de coletores de própolis têm sido
propostos com o intuito de aumentar a produtividade e propiciar melhoria na qualidade
do produto. Como exemplos podem ser citados os modelos “Pirassununga” e “Tira e
põe”, que são melgueiras com as laterais modificadas desenvolvidas com os objetivos
de facilitar o manejo e propiciar a obtenção de placas de própolis com poucas impurezas
e bem aceitas comercialmente.
A vantagem do coletor “Tira e Poe” é que os estojos onde a própolis é depositada
podem ser retirados, colocando-se outro no lugar, para que a própolis seja coletada
posteriormente em local adequado.
A própolis coletada no apiário deve ser retirada com auxilio de uma faca ou espátula, de
preferência de aço inox, tomando-se o cuidado de não retirar lascas de madeira nessa
operação.
A própolis deve ser coletada em recipientes limpos e atóxicos, como sacos ou
recipientes plásticos com identificação de data e local de coleta.
Processamento
Primeiramente a matéria-prima deve passar por um rigoroso processo de seleção
que envolve a retirada de sujeiras e corpos estranhos que podem comprometer a
qualidade da própolis.
É uma importante etapa, pois se este controle de qualidade não for bem sucedido, é
provável que as impurezas constantes na própolis bruta alterem e reduzam os efeitos
fitoterápicos.
A própolis pode também ficar acondicionada para maturação que pode chegar a 1 (um)
ano. Os equipamentos tecnologicamente avançados são empregados no processamento,
mas a depender de como será comercializada a própolis, o empresário pode optar pelo
sistema natural, sem química ou industrialização.
Para se utilizar a própolis na formulação de produtos alimentícios, ela deverá atender a
uma série de requisitos. Deverá estar na forma de extrato, ou seja, livre dos
componentes dela que não são solúveis em água ou não sejam digeríveis como as ceras,
por exemplo. Este extrato não poderá ser rico em álcool como ocorre nos extratos
destinados à indústria farmacêutica porque o sabor, o cheiro e, principalmente, as
propriedades químicas do álcool são incompatíveis com a qualidade da grande maioria
dos alimentos. Não poderá conter substâncias em dosagem e em espécie que possam ter
efeito medicinal, terapêutico, funcional ou tóxico ao consumidor. Este extrato não
poderá conter contaminantes externos, decorrentes de falta de higiene e de boas práticas
de fabricação como cabelos, sujidades, coliformes fecais e microorganismos em
atividade. Por fim, este extrato deverá ter custo de produção pequeno o bastante para
viabilizar sua exploração econômica pelas indústrias de alimentos.
A extração de substâncias pode ser realizada de diferentes maneiras, a qual envolve
normalmente uma extração simples, quando a amostra é deixada em contato com o
solvente a frio por um tempo determinado, com ou sem agitação, ou por uma extração
exaustiva, que utiliza um aparelho com solvente aquecido, passando continuamente
através da amostra.
A maneira mais comum para se extrair os princípios ativos da própolis bruta é por
extração simples, conhecida como maceração. Geralmente, uma solução 30% da
amostra é deixada em contato com álcool etílico P.A ou 70% (v/v). O tempo de contato
da própolis bruta com o solvente pode variar de semanas a meses, com ou sem agitação,
à temperatura ambiente.
No final de cada uma destas extrações, separam-se os resíduos insolúveis da solução
etanólica por filtração ou por centrifugação. Em seguida, separa-se a cera por
resfriamento desta solução a baixas temperaturas. Nestas condições a cera precipita.
Assim, ao final do processo, tem-se o extrato seco (conhecido normalmente como
extrato etanólico da própolis (EEP)), cera e resíduo, que podem ser pesados e
quantificados. A partir do extrato seco é que se devem preparar as formulações.
Alguns autores, para testar as atividades biológicas dos extratos de própolis, utilizam
extratos aquosos ao invés de etanólicos:
Após o envase, a embalagem deve ser limpa e lacrada, optando-se por tampas roscas,
bicos dosadores, gotejadores, conta-gotas e até mesmo spray.
Importante ressaltar que a limpeza do vasilhame é se suma importância, até mesmo a
sua esterilização antes do uso para que o produto seja envasado com a máxima
qualidade.
Legislação
Própolis
De acordo com o Regulamento Técnico Para Fixação De Identidade E Qualidade De
Própolis, aprovado pela Instrução Normativa Nº 3, De 19 De Janeiro De 2001, entendese por Própolis o produto oriundo de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas,
colhidas pelas abelhas, de brotos, flores e exsudados de plantas, nas quais as abelhas
acrescentam secreções salivares, cera e pólen para elaboração final do produto.
A composição da própolis é de basicamente resinas, produtos balsâmicos, cera, óleos
essenciais, pólen e microelementos.
Classificação: a Própolis é classificada quanto ao teor de flavonoides em:



Baixo teor: até 1,0 % (m/m);
Médio teor: >1,0% – 2,0 % (m/m);
Alto teor: >2,0 % (m/m).
Aroma
Características Sensoriais
característico, dependendo da origem
botânica (balsâmico e resinoso)
Cor
Sabor
Aspecto
Consistência (à temperatura ambiente)
Granulometria
amarelada, parda, esverdeada, marrom e
outras, variando conforme a origem
botânica
característico de suave balsâmico a forte e
picante, dependendo da origem botânica
líquido límpido e homogêneo
maleável a rígida, dependendo da origem
botânica
heterogênea
Requisitos Físico-Químicos
máximo de 8 % (m/m)
Perda por dessecação
máximo de 5% (m/m)
Cinzas
máximo de 25 % (m/m)
Cera
mínimo 5 % (m/m)
Compostos Fenólicos
mínimo de 0,5 % (m/m)
Flavonoides
máximo de 22 segundos
Atividade de oxidação
máximo 40% (m/m)
Massa Mecânica
mínimo de 35%
Solúveis em Etanol
Provas Qualitativas
a própolis deverá apresentar picos
Espectro de Absorção de Radiações UV
característicos das principais classes de
visível
flavonóides entre 200 e 400 nm
positivo
Acetato de Chumbo
Hidróxido de Sódio
Tabela 01 - Requisitos da própolis.
positivo
O produto deverá ser embalado com materiais adequados para as condições de
armazenamento e que lhe confiram uma proteção apropriada contra a contaminação.
Não é aceito o uso de nenhum tipo de aditivo. Com relação à pesquisa de esporos de
Paenibucillus larvae em 25ml de própolis (utilizando a metodologia descrita na Portaria
248, de 30/12/1998). Sendo o resultado Aceitável: ausência de esporos em 25ml.
As práticas de higiene para elaboração do produto devem estar de acordo com o
Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de
Fabricação para Estabelecimentos
Além disso, o produto não deverá conter substâncias estranhas, com exceção dos
fragmentos, acidentalmente presentes, de: abelhas, madeira, vegetais e outros, inerentes
ao processo de obtenção da própolis pelas abelhas.
A Portaria Ministerial nº 574, de 8 de dezembro de 1998 que disciplina o registro de
rótulos de mel e demais produtos apícolas, institui que na rotulagem dos compostos não
serão admitidas expressões tais como: "Produto Natural", "100% puro", "100% natural"
e similares, em textos explicativos, "claims", "splashes" ou nome fantasia que vincule as
combinações a propriedades medicinais e terapêuticas.
Extrato De Própolis
Extrato de Própolis é o produto proveniente da extração dos componentes solúveis da
própolis em álcool neutro (grau alimentício), por processo tecnológico adequado. Sendo
necessária a designação “Extrato de Própolis” para comercialização, e a composição
compreende elementos solúveis da própolis em solução hidroalcoólica, álcool e água.
Os requisitos do extrato de própolis estão dispostos na tabela 1.
Características Sensoriais
Aroma
característico, dependendo da origem
botânica (balsâmico e resinoso);
Cor
variada, dependendo da origem e da
concentração (tons de âmbar, avermelhada
e esverdeada);
Sabor
característico, de suave a forte, amargo e
picante;
Aspecto
líquido límpido e homogêneo.
Requisitos Físico-Químicos
Extrato seco
mínimo de 11% (m%v);
Cera
máximo 1% do extrato seco (m/m);
Compostos flavonóides
mínimo 0,25%(m/m);
Compostos fenólicos
mínimo 0,50% (m/m);
Atividade de oxidação
máximo 22 seg. ;
Teor alcoólico
máximo de 70° GL (v/v);
Metanol
máximo 0,40 mg/1;
Provas Qualitativas
Espectro de Absorção de Radiações UV
visível
o extrato de própolis deve apresentar picos
Acetato de Chumbo
positivo;
Hidróxido de Sódio
positivo.
característicos das principais classes de
flavonóides entre 200 nm e 400 nm;
Tabela 02 - Requisitos do extrato de própolis.
Deve ser embalado em material bromatologicamente apto e que confira ao produto uma
proteção adequada, não sendo aceito o uso de nenhum tipo de aditivo.Com relação à
pesquisa de esporos de Paenibucillus larvae em 25ml de extrato de própolis (utilizando
a metodologia descrita na Portaria 248, de 30/12/1998). Sendo o resultado Aceitável:
ausência de esporos em 25ml.
As práticas de higiene para elaboração do produto devem estar de acordo com o
Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de
Fabricação para Estabelecimentos
Além disso, o produto não deverá conter matérias estranhas, de qualquer natureza.
APITOXINA
Caracterização
A composição do veneno de abelha e os mecanismos de sua ação terapêutica não são
totalmente conhecidos. No entanto, sabe-se que é uma mistura complexa de compostos
orgânicos, incluindo aminas biogênicas, enzimas e peptídeos, que correspondem a mais
de 90% do seu peso seco, apresenta aproximadamente 85% de água quando recém
coletado e o restante compõe-se de carboidratos e fosfolípides, em geral ligados
quimicamente aos compostos nitrogenados. São eles:
Histamina
A histamina é um potente vasodilatador. Promove a secreção de pepsina e de ácido pelo
estômago, com poderosa ação estimulante da secreção gástrica. No teor em que ocorre
na apitoxina não tem qualquer efeito tóxico. No entanto, existe a possibilidade de
"choque histamínico" pela apitoxina. Porém o risco não está relacionado à concentração
de histamina no veneno, mas sim à grande quantidade de histaminas liberadas pelo
próprio organismo, que promove o rompimento das membranas de mastócitos e
basófilos.
Catecolaminas
A dopamina e a noradrenalina são catecolaminas e potentes neurotransmissores que
atuam na estimulação do sistema nervoso central.
Melitina
A melitina é um peptídeo formado por 26 aminoácidos que apresenta elevada ação antiinflamatória, sendo considerada o principal agente da apitoxina na terapia da artrite.
Ocasiona dor e coceira, tem poderoso efeito bactericida e propriedades citotóxicas,
desencadeando sinais de inflamação devido ao lançamento de histamina que, junto com
a apamina, estimula a pituitária (liberação de ACTH) e supra-renal a produzirem
cortisol, que têm importante papel na terapia da artrite e não produzem as complicações
médicas associadas aos esteróides sintéticos.
É importante ressaltar que não há grande diferença nos teores de melitina em venenos
de abelhas européias e africanas.
Apamina
A apamina é um peptídeo formado por 18 aminoácidos e sua ação fisiológica está
associada a modificações na noradrenalina, dopamina e serotonina e interferência nas
transmissões sinápticas devido ao bloqueio dos canais de sódio e potássio. Junto com a
melitina estimula a produção de cortisol e consequentemente o seu aumento na corrente
sanguínea.
Peptideo MCD
O peptídeo MCD (do inglês "mast cell degranulating"), induz a degranulação dos
mastócitos e células de defesa do organismo, acarretando a liberação de heparina
(impede a coagulação do sangue) e histaminas.
Fosfolipase A2
Fosfolipase A2 é um importante componente na cascata da inflamação ao levar a
degradação de fosfolipideos de membrana e liberação do ácido aracdônico. Segundo
SCHUMACHER et al., as concentrações podem variar de 1,8 a 27,4% p/p, sendo
geralmente maiores nas abelhas africanas que nas européias.
A fosfolipase A2 da apitoxina não apresenta danos quando em doses baixos, no entanto
para pessoas alérgicas ocasionam os mesmos efeitos quando em doses elevadas, como a
inibição da agregação de plaquetas e necrose nas células do músculo esquelético e
pâncreas.
Hialuronidase
A hialuronidase é uma enzima responsável pela liberação do ácido hialurônico,
importante para conectar uma célula a outra. Essa liberação propicia a difusão dos
demais componentes do veneno no tecido conjuntivo, sendo referida como "fator de
espalhamento".
Aplicações
Apesar de causar efeitos potencialmente fatais, em pequenas doses a apitoxina pode ter
ações terapêuticas. Suas propriedades curativas têm uma tradição muito longa. No
antigo Egito, foram tratadas muitas doenças com ungüento feito de abelhas. Sabe-se que
Hipócrates (460 A.C.) já empregava ferroadas de abelhas em seus procedimentos
terapêuticos. Carlos Magno, no século VIII de nossa era, foi tratado com ferroadas de
abelha para combater “inflamações nas juntas”.
A apitoxina é coletada usando uma caixa ou painel que se ajusta na entrada da colméia,
em que a superfície do piso encontra-se eletrificada, o que estimula as abelhas a
lançarem o veneno neste local. Isso permite a coleta do veneno puro. Esta prática não
deve se extender por mais de 1 hora, e só pode ser repetida a cada 3 dias, pois apesar de
não causar morte das abelhas, leva a estresse intenso de toda a colméia.
Atualmente, muitos estudos têm sido realizados para avaliar a efetividade da apitoxina
no tratamento de artrite reumatóide. Lee et al. (2004) observaram em estudo que o
veneno de abelha administrado em ratos por via subcutânea posterior ou anteriormente à
introdução da substância que induz artrite reduziu a inflamação, no primeiro caso, e
preveniu o desenvolvimento de artrite, no segundo. Neste trabalho, os autores acreditam
que os principais mecanismos responsáveis por este efeito foram a alteração da resposta
imune e uma ação antiinflamatória por cortisóis produzidos naturalmente.
Em estudo realizado por J. VICK et al. (1975, citado por LEITE & ROCHA, 2005), foi
avaliado a atividade de cães enjaulados e o teor de cortisol sérico de cães normais e
artríticos antes, durante e depois do tratamento com apitoxina. Observou-se um aumento
dos níveis de cortisol após o tratamento, e posteriormente aumento de 70% de atividade
em cães artríticos.
A apitoxinoterapia vem sendo recomendada no tratamento de artroses, artrites, celulites,
varizes, bursite, asma, tendinite e outras doenças reumáticas. Ultimamente,
medicamentos preparados à base de princípios ativos da apitoxina já são
comercializados em vários países, sendo aconselhável para diversas situações. Alguns
geriatras, dentistas e otorrinolaringologistas avaliaram o produto em seus pacientes e
constataram o efeito benéfico da pomada. Nos tratamentos de sinusite, 100% dos
pacientes relataram melhora em 24 horas.
Apesar dos resultados promissores, os mecanismos potenciais dos efeitos
antiinflamatórios do veneno das abelhas ainda são incertos e mais pesquisa mostra-se
necessária. Um dos principais problemas para seu uso é o aparecimento de reações
alérgicas, que atingem cerca de 1% da população.
Quanto às formas de tratamento, encontramos a apipuntura direta, onde o paciente
recebe picadas de abelhas diretamente na região dolorida; a forma sublingual, em
comprimidos ou líquido, pois com a ação dos sucos gástricos a apitoxina se torna
inativa; cremes para dores localizadas, em que se recomenda a massagem da região
dolorida; injetáveis, só devem ser utilizados com acompanhamento médico, e
apiacupuntura, onde é colocada uma microgota de apitoxina nos pontos de acupuntura,
somente realizado em clínicas especializadas.
Legislação
Assim como a própolis, cabe à Instrução Normativa Nº3 de 19 de Janeiro de 2001
estabelecer os parâmetros legais de identidade e qualidade da apitoxina, que deve ser
aplicado ao comércio nacional e internacional.
De acordo com ele, entende-se por Apitoxina o produto de secreção das glândulas
abdominais (glândulas do veneno) das abelhas operárias e armazenado no interior da
bolsa de veneno. A denominação de venda deve ser Apitoxina.
Pode ser classificado de acordo com a sua apresentação de venda, na forma de pó
amorfo ou cristalizada.
Composição
Água e substâncias ativas (apamina, melitina, fosfolipase, hialuronidase e aminoácidos
Características Sensoriais
Próprias do produto
Requisitos físico químicos
Umidade
Teor Protéico
Fosfolipase A
Max 3%
50% a 85%
17 a 19U/mg
O produto deverá ser acondicionado com materiais adequados para as condições de
armazenamento e que lhe confiram uma proteção apropriada contra a contaminação.
Não é permitido o uso de aditivos.
Referências
BRASIL 2001. Ministério da Agricultura. Instrução Normativa nº3 – Anexo VI –
REGULAMENTO TÉCNICO PARA FIXAÇÃO DE IDENTIDADE E
QUALIDADE DE PRÓPOLIS. Diário Oficial da República Federativa do Brasil.
Brasília, 19 Jan. 2001.
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