CONCURSO PÚBLICO NACIONAL DE ARQUITETURA "CASA DA

Propaganda
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IMPLANTAÇÃO
SUSTENTABILIDADE
Como dito na contextualização do projeto, pensar na facilidade de acesso
ao edifício é o primeiro passo para garantir o cumprimento do programa de
necessidades e sua gradação espacial. Uma vez que a aresta do terreno
voltado para a Guarda Municipal possuí a maior incidência solar, e uma via
de pedestres a oeste oferece uma possibilidade de acesso boa à área, optamos por locar o novo edifício próximo a essas duas faces. Tal decisão é estratégica, já que libera as melhores visuais, incidência solar e espaço livre do
local para disfrute dos usuários (sul e leste).
Concentrar o programa de necessidades em um único volume, sob uma
única cobertura é a melhor decisão, já que evita grande movimentação de
terra, facilita o controle térmico e de ventilação, além de liberar o restante do
terreno para lazer. Pelos mesmos motivos, nos parece incoerente considerar um edifício com mais de um pavimento em um terreno de tais proporções. Optamos por considerar a Casa da Sustentabilidade como um edifício
térreo, evitando complicantes como escadas e elevadores, que poderiam li
mitar o acesso total do prédio. Um edifício térreo, implantado em terreno planificado, garante a acessibilidade planejada.
Para que a pequena planície possa usufruir de sua relação com os taludes
próximos, pequenas intervenções no terreno foram feitas, criando patamares gramados que possibilitam diferentes usos, possibilidades de trajetos e
lazer.
O perímetro do projeto desenvolvido, quase um quadrado, permite abrigar
o programa de necessidades sob uma grande cobertura.
Em que medida o tema da sustentabilidade poderia ser abordado no projeto, de maneira à própria materialidade e presença da arquitetura cristalizar o conceito?
O tema do "edifício professor", ou seja, da arquitetura cuja própria fisicalidade é um manifesto capaz de ser lido, entendido e
causar reflexões, é um tema recorrente na arquitetura, principalmente nos projetos das gerações modernistas no Brasil.
Princípios construtivos e estruturais, instalações aparentes e a
ausência de revestimentos são características importantes da
arquitetura desse período, ainda celebradas e colocadas em
evidência em nossa atual geração. A arquitetura contemporânea no Brasil se faz relevante frente ao desafio da construção
da Casa da Sustentabilidade, uma vez que temas como ventilação natural, isolamento térmico, gradação da luz natural, exposição de técnicas construtivas, aproveitamento de água de
chuva, etc, podem ser explorados utilizando de um repertório
de soluções que não apenas são eficientes em resolver essas
questões, mas também de serem expostas e contextualizadas
nos dias de hoje, com novos materiais e técnicas.
A própria construção de uma arquitetura parece ser paradigmática ao tema, uma vez que é impossível que uma construção seja 100% sustentável, ou seja, capaz de repor ao meio
ambiente toda a energia e esgotamento de recursos utilizados
na confecção do ambiente construído. A confusão e a leviandade com que o tema é exposto na mídia na maioria das
vezes, leva a soluções errôneas e a construção de um imagi
1ário fortuito.
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Partindo-se dessa ideia, de que não existe arquitetura
100% sustentável, o objetivo do edifício da Casa da Sustentabilidade deve ser o de minimizar ao máximo o impacto de
sua construção no meio ambiente. Isso significa que até
uma escolha importante, como da localização do edifício na
área, ganha ainda maior importância para que esse objetivo
seja atendido.
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ESTACIO NAMENTO
47
PREFEITURA DE
CAMPINAS
Um novo tempo
para nossa cidade
CONCURSO PÚBLICO NACIONAL DE ARQUITETURA
"CASA DA SUSTENTABILIDADE" PARQUE TAQUARAL- CAMPINAS
INSTITUTO DE
ARQUITETOS
DO BRASIL
DEPARTAMENTO
DE SÃO PAULO
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ESTRUTURA
1_w.c. Pub licas
(Feminino e Masculino)
2. Recepção
3. Foyer I Exposição
4. Café
5. Banheiro Social
(Feminino e Masculino)
6. Salão de Trabalho I Plenário
7. Sala de uso multiplo I
8. Sala de uso multiplo 2
9. Sala de reunião I
I O. Sala de reunião 2
I I . Depósito
12. Vestiários
(Feminino e Masculino)
13. Banheiros
(Feminino e Masculino)
14. Secretaria
15. Apoio
16. Expediente
I 7. Biblioteca
18. Copa
19. Cozinha
20. Sala para servidor de T.L
21 _Despensa
22. Impressão
23. Presidência
24. Almoxarifado
25. Sistema de captação
de água pluvial
26. Varanda I Exposição externa
27. Bicicletário
28. Espelho D'Água
29. Jardim vertical
A primeira lição do "edifício professor", deve ser a mais básica de toda arquitetura: proteger das intempéries. Nesse sentido, o papel da cobertura ganha destaque, já que não apenas deve garantir abrigo, mas se mostrar de maneira a ensinar como funciona. Ao invés de ocultar a cobertura, evidencia-la, ao invés de
canalizar a água pluvial, mostrar seu caminho, sua coleta e sua passagem até
o solo, através de gárgulas. O sistema de coleta em duas águas invertidas no
telhado é a melhor solução, uma vez que possibilita concentrar a água pluvial
em uma única grande calha que se projeta para fora do edifício. A água pluvial
é colhida na fachada norte e armazenada em tanque para reuso para regar o
jardim. A gárgula da empena sul despeja a água da chuva em um pequeno
jardim de pedriscos, que drena a água até o tanque de reuso.
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telha metálica
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A ideia é que, principalmente em dias de chuva, o edifício apresente funcionalidade, e
que seus visitantes possam observar como o tema da sustentabilidade é tratado.
Painéis solares estão previstos na cobertura voltados para a face norte de maior incidência solar.
A estrutura que suporta a cobertura, foi pensada em módulos, de maneira a minimizar
a quantidade de pontos de apoio e possibilitar grande liberdade de uso. A estrutura metálica foi escolhida devido às suas vantagens, tanto de ordem financeira como de
ordem sustentável: a estrutura é composta por vigas e pilares fabricados, transportados e montados in loco, o que elimina do processo de construção gasto com carpintaria
e serralheria típicos da estrutura de concreto. A estrutura metálica suporta maiores
vãos com dimensões mais delgadas, e pode ser reaproveitada em outras construções
tpós desmontagem.
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FECHAMENTOS E ABERTURAS
Tabela de Áreas
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9. 23.92m'
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13. 27,38m'
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18. 6,50m'
19. 15.34m'
20. 8,96m'
21. 7m'
23. 19,50m'
24. 10,92m'
26. 300.22m'
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Legenda de Pisos Externos
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A medida do pé-direito do edifício foi escolhida por proporcionar maior abertura
para o entorno, e assegurar a ventilação natural.
A variação de altura da cobertura pode ser acompanhada externamente pelo desenho do fechamento de brises de bambu, cujo objetivo é proteger da incidência
solar sem vedar totalmente as empenas, de maneira a garantir a ventilação cruzada. Nas áreas internas, o brise de bambu é vedado por painéis de vidro, que
podem ser abertos em determinados pontos .
Enquanto alguns ambientes possuem fechamento de painéis isolantes, optamos
por vedar o edifício com alvenarias de taipa de pilão: buscando utilizar um material que não dependesse de argamassa ou aquecimento em forno, e que possa
voltar à natureza quando for necessária sua demolição.
Apesar de ser uma técnica construtiva antiga, a taipa de pilão pode hoje ser executada de maneira atualizada, por empresas que utilizam a terra do próprio local
e fôrmas metálicas reutilizáveis, evitando desperdícios e gasto de material. A alvenaria de taipa, por seu papel estrutural, pode ser aproveitada também na
construção de arrimos e criação de patamares. Com espessura mínima de
30cm, a alvenaria é excelente para o isolamento térmico e acústico dos ambientes.
Visando facilitar a execução, todos os caixilhos de janelas tem esquema de ventilação e iluminação bipartida: os vidros são fixos, e a ventilação se dá através de
venezianas de madeira, que podem ser abertas ou fechadas.
Chapas metálicas perfuradas protegem algumas empenas da insolação direta,
ao mesmo tempo que configuram espaços de transição para o exterior.
Pisan te permeável de
conc reto
Pedriscos
PROGRAMA DE NECESSIDADES
O edital do concurso deixa claro o programa de necessidades e sua divisão em
quatro áreas distintas, no entanto interligadas direta ou indiretamente:
capazes de comportar um número generoso de pessoas, o nível de gradação
com a paisagem do parque e seu entorno, deveria ser controlado (mais fechado
em salas de reunião e mais aberto em
foyer e área de exposições, por exemplo);
1- Uso Restrito: área fechada e interna
do edifício que comporta o programa referente às atividades administrativas da
Casa da Sustentabilidade. Tal área pode
ser acessada apenas por funcionários.
Entendemos que a facilidade e controle
rígido de acesso se daria pela criação de
duas possíveis entradas, ou dois possíveis caminhos (um de acesso direto e
outro de acesso progressivo restritivo
aos funcionários, ou seja, área administrativa);
3 - Uso Livre: a varanda da Casa da Sustentabilidade, é a extensão da cobertura
do edifício, capaz de comportar e deixar
inventar usos e exposições. O edital do
concurso deixa clara a importância que
tal área deve ter no projeto, tanto em
questão de funcionalidade e socialização
dos usuários no espaço projetado quanto
de conceito.
Dada a comunicação com o entorno, tanto
das paisagens naturais como construídas,
a intervenção no espaço restante toma
contornos importantes. O cuidado ao projetar um edifício que convida os usuários do
parque a visitar e permanecer no edifício
novo, de forma a não isolar do restante do
parque e criar conexões com os demais
usos que o parque disponibiliza foi de
grande importância para nossa proposta.
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termo-acústica
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LEGENDA
Acesso
Acesso
controlado
Acesso
restrito
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[chapa metálica
perfurada)
Longe de ser uma obstrução na paisagem, a Casa da Sustentabilidade deve criarespaços de exposição que convidem os visitantes a adentrar. Nesse sentido, a varanda
é um espaço particularmente importante, já que além de abrigar contra intempéries,
também expõe o tema da sustentabilidade. O caminho de acesso público que leva ao
edifício, vindo da via de pedestres a oeste, é o primeiro contato do visitante com o edifício, marcado ao longe pela cobertura de duas águas e os brises de bambu, constituindo elemento marcante na paisagem. Enquanto o sol da tarde é minimizado na
empena oeste pelas alvenarias de taipa de pilão, espelho d'água e brises (e também
pela proximidade com uma área bastante arborizada), a empena leste é banhada pelo
sol da manhã, sendo os ambientes internos protegidos pelos brises e elementos vazados, sem que isso impeça quem caminha pela varanda e pelo foyer da visão do
parque, que se estende para além dos taludes, trilho do bondinho e da Lagoa do Taquaral. A empena sul, sem insolação direta, gera zonas de sombreamento durante
todo o dia, estendendo a proteção do sol para fora do perímetro da cobertura.
O uso de vigas metálicas, pretende colaborar para a montagem de exposições, servindo como espaço para a instalação de painéis, estandes ou travamento de técnicas
construtivas alternativas.
ESQUEMA DE ACESSO
4 - Uso Externo: o entorno imediato, a
parcela restante da área de projeto. A
exigência do edital em firmar uma área
limite construída de 1500 m2, abre o caminho para a possibilidade de um espaço
circundante de grande proporção e suas
conexões com os demais caminhos do
parque e da sua relação com a cidade.
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PERMEABILIDADE, VISADAS E FLEXIBILIDADE
público
2- Uso Controlado: a área de acesso
controlado diz respeito à parcela do programa de necessidades destinado às
reuniões, encontros, palestras, aulas, exposições, ou seja, de atividades de uso
próprio ou de terceiros no edifício. Entendemos ser importante que tal área tenha
uma natureza dupla no projeto, de tal
sorte que enquanto compreende salas
brises::de
bambú
PREFEITURA DE
CAMPINAS
Um novo tempo
para nossa cidade
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CONCURSO PÚBLICO NACIONAL DE ARQUITETURA
"CASA DA SUSTENTABILIDADE" PARQUE TAQUARAL- CAMPINAS
INSTITUTO DE
ARQUITETOS
DO BRASIL
DEPARTAMENTO
DE SÃO PAULO
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