XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. CURSO DIÁRIO DAS TROCAS GASOSAS EM MUDAS DE Caesalpinia pyramidalis Tul. Cibele Alves dos Santos1, Letícia Siqueira Walter2, Cinthya Mirella Pacheco3, Natalia Vaz da Silva4, Lilian Aline Candida da Silva5, Rejane Jurema Mansur Custódio Nogueira6 Introdução A Caesalpinia pyramidalis Tul. é uma espécie conhecida popularmente como catingueira, catingueira-da-folhalarga, catinga-de-porco e pau-de-rato, pertencente à família Fabaceae, subfamília Caesalpinoidae, de ocorrência no Nordeste Brasileiro (Sampaio, 2005). A catingueira é considerada como uma espécie característica da Caatinga, sendo facilmente encontrada em condições adversas, o que facilita a sua utilização pelo homem, que mesmo nas épocas de seca aproveita as potencialidades que a planta oferece, tais como: o uso na medicina popular no tratamento de infecções catarrais, diarreias, disenterias, hepatite e anemia; o uso de sua madeira como lenha, carvão e construções; uso no tratamento de verminoses em animais domésticos; uso agropecuário, na alimentação de bovinos, caprinos e ovinos; as cinzas de sua madeira são usadas na fabricação de sabão. Além disso, também é bastante recomendada para o reflorestamento por suportar muito bem o transplantio e conseguir se estabelecer apesar das dificuldades ambientais que possam ser encontradas (Maia, 2012). Mediante a importância econômica e ecológica da catingueira, são necessários estudos que forneçam informações sobre o comportamento ecofisiológico da espécie, inclusive no que diz respeito às trocas gasosas, uma vez que na literatura esses trabalhos são ainda bastante escassos. Por ser uma espécie que cresce em áreas suscetíveis à deficiência hídrica, se faz necessário o desenvolvimento de estratégias que garantam a sobrevivência da planta quando as condições estiverem adversas. Cavalcante et al. (2009) afirmam que a velocidade de ocorrência do estresse pode interferir na adaptação da planta a condição ao qual está presente e, se o déficit hídrico ocorrer de forma rápida, a resposta da planta também terá que ser dada de forma rápida, uma vez que os mecanismos morfofisiológicos serão afetados de forma mais severa. Portanto, a presente pesquisa teve como objetivo investigar qual o horário mais adequado para que sejam realizadas as medições das trocas gasosas através da análise da fotossíntese líquida, da transpiração foliar e da condutância estomática em mudas de catingueira em condições hídricas satisfatórias e cultivadas em casa de vegetação. Material e métodos O experimento foi conduzido na casa de vegetação do Laboratório de Fisiologia Vegetal do Departamento de Biologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, localizada no município de Recife no mês de outubro de 2013. Foram utilizadas sementes de Caesalpinia pyramidalis Tul. coletadas de cinco matrizes no município de Crateús – CE em julho de 2012. As sementes foram postas para germinar em bandejas de polietileno contendo solo proveniente do município de Caruaru-PE. O solo utilizado foi coletado de 2 profundidades diferentes: a primeira de 0 a 20 cm e a outra, de 20 a 40 cm na Estação Experimental do Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA, localizada no Povoado de Malhada de Pedra, Caruaru-PE com coordenadas geográficas de 08° 14’ 18’’ de Latitude Sul; 38° 00’ 00’’ de Longitude Oeste. Após a emergência das plântulas, foi realizado o transplantio das mesmas para vasos de polietileno com capacidade para 11 Kg de solo, sendo 5,5 Kg do solo da profundidade de 0-20 cm e 5,5 Kg de 20-40 cm, onde as mesmas foram mantidas na capacidade de pote de 100%. A capacidade de pote foi determinada pelo método gravimétrico direto, de acordo com a metodologia descrita por Souza et al. (2000). Depois de passados 2 meses do transplantio, foi realizado o curso diário das trocas gasosas nas folhas expostas à radiação solar da catingueira com o uso do analisador portátil de CO2 a infravermelho – IRGA (LCpro+ADC). As 1 Mestranda em Ciências Florestais do Departamento de Ciência Florestal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Recife, PE, CEP 52171-900. belinhaads@ hotmail.com 2 Graduanda em Ciência Florestal do Departamento de Ciência Florestal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Recife, PE, CEP 52171-900. 3 Doutoranda em Biotecnologia da Rede Nordeste de Biotecnologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Recife, PE, CEP 52171-900. 4 Mestranda em Ciências Florestais do Departamento de Ciência Florestal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Recife, PE, CEP 52171-900. 5 Graduanda em Ciência Florestal do Departamento de Ciência Florestal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Recife, PE, CEP 52171-900. 6 Professora Associada IV do Departamento de Biologia, Área de Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Recife, PE, CEP 52171-900. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. medidas foram realizadas nos seguintes horários: 8, 10, 12, 14 e 16 h. Para tanto, foram utilizados os folíolos da segunda folha sadia e completamente expandida de 6 plantas. As médias da temperatura e da umidade relativa do ar na casa de vegetação no horário das análises foram de 32,73°C e 38% às 8h; 40,9°C e 77,3% às 10 h; 42,3°C e 74% às 12 h; 41,23°C e 74,3% às 14 h; e, 32,5°C e 31,3% às 16 h. Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado composto por 5 horários com 6 repetições para cada horário. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância – ANOVA e as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey com significância de 95% com uso do software Assistat, versão 7.6 beta. Resultados e Discussão Como pode ser observado na Figura 1, a fotossíntese da catingueira teve um pico às 10 h que se estendeu até às 12 h com valores médios de 10,2 e 9,7 mol.m-2.s-1, respectivamente não havendo diferença estatística entre esses dois horários. Já às 8 e 16 h, a fotossíntese foi quase nula, com valores de 0,3mol.m-2.s-1. O aumento da temperatura pode ser uma provável justificativa para o decaimento da fotossíntese a partir do meio dia, quando a temperatura média na casa de vegetação para esse horário foi de 42,3°C. Na Figura 2 observa-se o gráfico da transpiração, que diferentemente da fotossíntese, teve valores altos a partir das 8 h e permaneceu assim as 10 h e ao meio dia, com médias de 3,5, 4,7 e 3,4 mmol.m-2.s-1, respectivamente. Mesmo não havendo diferença estatística entre os 3 primeiros horários, às 10 h foi quando as plantas tiveram sua transpiração máxima. Os menores valores foram constatados às 14 e 16 h com valores de 2,0 e 0,5 mmol.m-2.s-1, respectivamente. Com relação à condutância estomática, houve diferença significativa apenas entre o primeiro e o último horário, quando os mesmos apresentaram valores de 0,53 e 0,03 molH2O.m-2.s-1, havendo redução de 94,3% às 16h se comparado com o horário das 8 h. Silva et al. (2004) ao realizarem um curso diário da resistência difusiva ao vapor de água em dez espécies de plantas da Caatinga, dentre elas a C. pyramidalis obervaram que a mesma tende a fechar seus estômatos nos horários mais quentes do dia, como tentativa de diminuir a perda de água pela transpiração. No presente estudo foram observados resultados semelhantes. Diante do exposto, sugere-se o horário entre 10 e 12 h como o mais indicado para os futuros estudos sobre os mecanismos fisiológicos em plantas de Caesalpinia pyramidalis, tendo como parâmetros, as medidas das trocas gasosas. Agradecimentos À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pela concessão da bolsa e ao Laboratório de Fisiologia Vegetal do Departamento de Biologia pela infraestrutura e equipamentos utilizados. Referências Cavalcante A. C. R.; Cavallini, M. C. Lima, N. R. C. B. Estresse por déficit hídrico em plantas forrageiras. Documentos/Embrapa Caprinos, Sobral-CE, 2009. 50p. Maia, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. Fortaleza: Printcolor Gráfica e Editora. 2ªed., 2012. 413p. Sampaio, E. V. S. B.; Pareyn, F. G. C.; Figueirôa, J. M.; Santos Junior, A. G. Espécies da flora nordestina de importância econômica potencial. Recife: Associação Plantas do Nordeste, 2005. 331p. Silva, E. C. da; Nogueira, R. J. M. C.; Azevedo Neto, A. D. de; Brito, J. Z. de; Cabral, E. L. Aspectos ecofisiológicos de dez espécies em uma área de caatinga no município de Cabaceiras, Paraíba, Brasil. Revista Iheringia, Série Botânica, Porto Alegre, v.59, n.2, p.201-205, 2004. <http://www.fzb.rs.gov.br/publicacoes/iheringia-botanica/Ih59-2-p201206.pdf> Souza, C. C.; Oliveira, F. A.; Silva, I. F.; Amorim Neto, M. S. Avaliação de métodos de determinação de água disponível e manejo da irrigação em terra roxa sob cultivo de algodoeiro herbáceo. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande-PB, v.4, n.3, p.338-342, 2000. <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-43662000000300006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt> Doi: 10.1590/S1415-43662000000300006 XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. 12 a a Fotossíntese (mol.m-2.s-1) 10 8 b 6 4 2 c c 0 8h 10 h 12 h 14 h 16 h Horários de Avaliação Figura 1. Curso diário da fotossíntese líquida (mol.m-2.s-1) ao longo do dia em mudas de Caesalpinia pyramidalis Tul. (catingueira), mantidas na capacidade de campo, em casa de vegetação. Transpiração (mmol.m-2.s-1) 6 a 4 a a b 2 c 0 8h 10 h 12 h 14 h 16 h Horários de Avaliação Figura 2. Curso diário da transpiração (mmol.m-2.s-1) ao longo do dia em mudas de Caesalpinia pyramidalis Tul. (catingueira), mantidas na capacidade de campo, em casa de vegetação. Condutância estomática (mol.H2Om-2.s-1) 1,0 0,8 0,6 a 0,4 ab ab 0,2 ab b 0,0 8h 10 h 12 h 14 h 16 h Horários de Avaliação Figura 3. Curso diário da condutância estomática (molH2O.m-2.s-1) ao longo do dia em mudas de Caesalpinia pyramidalis Tul. (catingueira), mantidas na capacidade de campo, em casa de vegetação.