MEDICINA NUCLEAR APRESENTAÇÃO Professor: Augusto Sampaio Conceitos Básicos Sobre Medicina Nuclear. O que é Medicina Nuclear? Medicina Nuclear é uma especialidade que emprega fontes abertas de materiais radioativos com finalidade diagnóstica e terapêutica. Habitualmente os materiais radioativos são administrados in vivo e apresentam distribuição para determinados órgãos ou tipos celulares. Esta distribuição pode ser ditada por características do próprio elemento radioativo, como no caso das formas radioativas do iodo, que, a semelhança deste com a do não radioativo , faz com que ele seja captado pela tireóide que o emprega na síntese hormonal. Outras vezes o elemento radioativo é ligado a um outro grupo químico, formando um radiofármaco com afinidade por determinados tecidos, como no caso dos compostos a base de fostato ligados ao tecnécio-Tc99m que são captados pelos ossos. Nas aplicações diagnósticas a distribuição do radiofármaco no corpo do paciente é conhecida a partir de imagens bidimensionais (planares) ou tomográficas (Spect), geradas em um equipamento denominado câmara de cintilação computadorizada, câmara cintilográfica ou gama-câmara. Imagem Bidimensional (Planar) Imagem Tomográfica (Spect) Câmara de Cintilação Câmara de Cintilação A maior ou menor captação dos compostos permite avaliar a função dos orgãos ao contrário da maioria dos métodos radiológicos que dão maior ênfase na avaliação anatômica . A avaliação funcional realizada pela medicina nuclear traz, muitas vezes, informações diagnósticas de forma precoce em diferentes patologias. A radioatividade da maioria dos elementos empregados em medicina nuclear cai para a metade (tempo denominado de meia vida) em questão de horas ou dias e a radiação emitida é do tipo gama, similar aos raios X. O tempo de permanência dos materiais radioativos no corpo do paciente é ainda mais reduzido considerando-se que muitas vezes ocorre eliminação deste pela urina. Tomando como exemplo o tecnécio-99m, isótopo empregado para a marcação da maioria dos radiofármacos, verificamos que sua meia-vida é de apenas 6 horas e emite radiação gama com energia de 140 keV. A baixa dose de radiação dos procedimentos diagnósticos é, de forma geral, similar ou inferior à de outros métodos diagnósticos que empreguem raios X. Alguns radioisótopos emitem radiação beta, com muito maior poder de ionização dos tecidos que a radiação gama. Estes materiais também têm sua captação dirigida para certos tecidos, como no já citado exemplo do iodo-131 que é captado pela tireóide. Cintilografia da Tireóide Quando administrados em altas atividades, estes isótopos podem ser empregados com finalidade terapêutica (no exemplo citado, o iodo-131 permite a redução seletiva do parênquima glandular em casos de hipertireoidismo ou mesmo o tratamento de metástases do carcinoma bem diferenciado da tireóide). Pesquisa de Corpo Inteiro com Iodo I131 A descoberta do raios-X, os princípios básicos; O físico alemão Roentgen observou que saíam raios misteriosos de uma ampola de Crookes (físico inglês), capazes de atravessar folhas de papelão. Por isso, ele os chamou de raios “X”. A ampola de Edison, que ficou conhecida como lâmpada incandescente, depois de aperfeiçoada, deu origem à ampola de Crookes, usada por Roentgen. Atualmente, a ampola de raios-X mais famosa é o tubo de televisão. A descoberta do raios-X, os princípios básicos; O físico alemão Roentgen observou que saíam raios misteriosos de uma ampola de Crookes (físico inglês), capazes de atravessar folhas de papelão. Por isso, ele os chamou de raios “X”. A ampola de Edison, que ficou conhecida como lâmpada incandescente, depois de aperfeiçoada, deu origem à ampola de Crookes, usada por Roentgen. Atualmente, a ampola de raios-X mais famosa é o tubo de televisão. A descoberta de Roentgen permitiu “fotografar” o interior de muitos objetos e o corpo humano, opacos à luz mas transparentes aos raios-X. Quando se eleva a voltagem de alimenteção da ampola ou “tubo de raios-X, eles se tornam mais penetrantes. A descoberta da radioatividade, os princípios básicos; O fenômeno da radioatividade foi descoberto no fim do século dezenove, quando Henri Becquerel em 1896 verificou que sais de urânio emitiam radiações capazes de impressionar chapas fotográficas. Em 1898, Pierre e Marie Curie deram ao fenômeno o nome de radioatividade e demonstraram que era característico de cada elemento, constataram no radium, polônio, tório e urânio. Só alguns anos após, Ernest Rutherford (1903) pode explicar o fenômeno da radioatividade e verificar que os átomos radioativos não são estáveis, e que ao emitirem radiações transformavam-se em outro elemento radioativo. Os radionuclídeos encontrados na natureza são chamados de naturais com número atômico maior que 92 e possuem meia-vida longa. Ao sofrerem alterações laboratoriais, em ciclotrons (bombardeamento com partículas carregadas de alta energia) ou em reatores nucleares (onde o bombardeamento é feito com neutrons), dão origem a centenas de outros radionuclídeos secundários. Histórico • 1934 descoberta da radiação artificial. • 1946 primeiro reator para radionuclídeos • • • • disponibilizado. 1940 P-32 primeiro radioisótopo que se concentra em tumores. 1946 I- 131 é usado em patologias de tireóide. 1960 iniciado os primeiros geradores de Tecnécio. 1965 iniciada a comercialização desses geradores. • Primeiros detectores simples de radiação foram • • • • utilizados para captação de Iodo pela tiróide 1950 mapeadores retilíneos. 1960-70 câmaras de cintilação 1970 - 80 câmaras tomográficas. 1980 tecnologia PET; PET/CT. História da Medicina Nuclear O primeiro mapeador retilíneo surgiu em 1950 (Benedict Cassen). O primeiro scanner de corpo inteiro foi desenvolvidos em 1951 (H. Anger). As primeiras câmaras de cintilação surgiram apenas em 1960, com baixa qualidade de imagem e baixa definição de detalhes. A partir de 1970 houve uma melhora significativa nos cristais de cintilação. Um passo fundamental no desenvolvimento das Câmaras de Cintilação, foi a criação de tubos fotomultiplicadores capazes de detectarem sinais luminosos muito fracos (um número pequeno de fótons) e de os converterem em sinais elétricos. A Estrutura da Matéria e o Átomo Todas as coisas existentes na natureza são constituídas de átomos ou suas combinações. Atualmente, sabemos que o átomo é a menor estrutura da matéria que apresenta as propriedades de um elemento químico. A estrutura de um átomo é semelhante à do Sistema Solar, consistindo em um núcleo, onde fica concentrada a massa, como o Sol, e em partículas girando em seu redor, denominadas elétrons, equivalentes aos planetas. Estrutura do Núcleo O núcleo do átomo é formado, basicamente, por partículas de carga positiva, chamadas prótons, e de partículas de mesmo tamanho mas sem carga, denominadas nêutrons. O número de prótons (ou número atômico) identifica um elemento químico, comandando seu comportamento em relação aos outros elementos. Esquematização de um Átomo Os Isótopos O número de nêutrons no núcleo pode ser variável, pois eles não têm carga elétrica. Com isso, um mesmo elemento químico pode ter massas diferentes. Átomos de um mesmo elemento químico com massas diferentes são denominados isótopos. O hidrogênio tem 3 isótopos: o hidrogênio, o deutério e o trício (ou trítio). Hidrogênio Trício (Trítio) Deutério 1 próton 1 próton 1 próton 2 nêutrons 1 nêutron Radiação: é a propagação de energia através do espaço, podendo ocorrer através de partículas ou de ondas eletromagnéticas. Radiação eletromagnética – Quando a energia é carregada por um campo elétrico e magnético, temos radiação eletromagnética. As radiações eletromagnéticas se propagam em linha reta, sendo sua velocidade, no vácuo, igual à velocidade da luz. Os fótons de raios X, de origem atômica, são gerados pela interação de um elétron acelerado com os elétrons dos átomos. Os fótons gama são em geral oriundos do núcleo dos átomos. Ambas as radiações são capazes de ionizar a matéria, pois apresentam energia suficiente para remover elétrons do meio com que interagem e deixá-lo carregado positivamente. Radiação Corpuscular – Quando partículas com massa e velocidade formam um feixe, dizemos que a energia é carregada na forma de radiação corpuscular. MODOS DE DESINTEGRAÇÃO RADIOATIVA INTRODUÇÃO Cada modo de desintegração radioativa dá origem a um tipo de radiação nuclear. Os núcleos dos átomos podem ser modelados com estrutura semelhante à da eletrosfera, isto é, como se os núcleos (prótons e nêutrons) estivessem distribuídos em níveis de energia. Há configurações do núcleo que produzem instabilidade nuclear, em outras palavras, o átomo acumula quantidade de energia no núcleo suficiente para romper as forças nucleares de ligação (fraca e forte). Como resultado ocorre o processo de busca de estabilidade através da eliminação do excesso de energia. Este processo pode englobar desde a simples emissão de um fóton de alta energia (raio gama) até a quebra do núcleo com emissão de partículas associadas, ou não, com emissão de fótons. Este processo pode ter várias etapas com emissão de radiações de diferentes tipos em cada uma delas. DESINTEGRAÇÃO ALFA Partículas alfa são núcleos de átomos de hélio, portanto constituídas por dois prótons e dois nêutrons, sem os elétrons, possuindo carga líquida positiva. A desintegração alfa é característica de núcleos pesados (número atômico maior que 82), existindo exceções. A maioria dos nuclídeos emissores alfa são naturais. DESINTEGRAÇÃO BETA A desintegração Beta corresponde a uma reestruturação do núcleo com conseqüente emissão de partícula. Esta partícula pode ser um elétron ou um pósitron. DESINTREGRAÇÃO BETA MENOS Quando o núcleo está com uma relação entre o número de prótons e nêutrons desfavorável, porém com mais nêutrons que o desejável para sua estabilidade, ocorre a Desintegração Beta Menos, onde um nêutron é convertido em um próton e uma partícula beta negativa. A partícula beta negativa possui as mesmas características dos elétrons atômicos, com a diferença que têm origem nuclear e são emitidas com energias definidas pela estrutura nuclear. Estas partículas são emitidas com uma faixa de energia possíveis variando desde zero até um valor máximo. Este valor máximo vai de 0,05 a 3,5 MeV para os nuclídeos mais comuns. DESINTEGRAÇÃO BETA MAIS Quando o núcleo está com uma relação entre o número de prótons e nêutrons desfavorável, porém com mais prótons que o desejável para sua estabilidade, ocorre a Desintegração Beta Mais, onde um próton é convertido em um nêutron e uma partícula beta positiva. A partícula beta positiva possui a mesma massa do elétron, carga com valor absoluto igual à do elétron, porém com sinal positivo (o pósitron). Assim como a partícula beta negativa, a beta positiva é emitida em uma faixa contínua de energia. Com energia máxima compreendida entre 0,3 a 1,4 MeV, para os nuclídeos comuns. O pósitron possui tempo de vida extremamente curto e, portanto seu deslocamento espacial é muito pequeno. Por ser muito leve comparado às outras partículas nucleares, rapidamente reage com outro elétron, produzindo dois raios gama de 511 KeV cada um, que viajam na mesma direção, porém em sentidos DESINTEGRAÇÃO POR CAPTURA ELETRÔNICA Este é um processo que compete com a desintegração beta mais, ocorrendo quando o núcleo possui um excesso de prótons. Em certos casos, o mesmo núcleo pode possuir probabilidades comparáveis de se desintegrar por qualquer um dos dois processos. No processo de captura eletrônica, o núcleo captura um dos elétrons de seu próprio átomo. O elétron capturado combina-se com um próton convertendo-se em um nêutron e liberando um neutrino, o qual carrega a energia disponível no processo. O elétron mais provável de ser capturado é o da camada K, em razão da sua maior proximidade ao núcleo. Deste processo pode ocorrer que elétrons de camadas mais externas ocupem a vacância deixada na camada K, dando origem à emissão de raios-X característico. EMISSÃO DE RADIAÇÃO GAMA Muitas vezes, após ocorrer Desintegração por um dos processos descritos anteriormente, o núcleo ainda não encontra-se estável do ponto de vista energético, e pode ocorrer a emissão de radiação eletromagnética, o “raio-gama”. Os raios-gama são radiação eletromagnética como qualquer outra, mas assim são denominados por serem gerados no núcleo. Por corresponderem a transições entre camadas, possuem energia bem definida. MEIA-VIDA A meia-vida de um elemento radioativo corresponde ao tempo que leva para metade dos átomos da amostra decaírem. Também é uma grandeza física característica de cada radionuclídeo. Como exemplos de radionuclídeos tem-se o 99mTc com meia-vida de 6 horas, 131I com meia-vida de oito dias, 137Cs com meia-vida de 32 anos, entre outros. A meia-vida de um radionuclídeo no interior de um organismo também deve levar em conta a eliminação biológica, de modo que a meia-vida total é uma composição das duas meia-vidas (física e biológica). CONSTANTE DE DESINTEGRAÇÃO RADIOATIVA A constante de desintegração radioativa, representada pela letra(l), é característica do radionuclídeo e representa a probabilidade de ocorrer o decaimento radioativo em um intervalo de tempo determinado. É através dela que podemos quantificar o número de átomos radioativos (que ainda irão passar pelo decaimento) em função do tempo. ATIVIDADE ESPECÍFICA A atividade específica corresponde à atividade da amostra dividida pela massa da amostra. VIDA MÉDIA A vida média de um isótopo radioativo corresponde ao tempo médio que leva a desintegração. É como se medisse o tempo que cada átomo leva para desintegrar e depois se determinasse o tempo médio. ATIVIDADE RADIOATIVA Atividade radioativa corresponde à quantidade de átomos que decaem por unidade de tempo, em outras palavras, é como se fosse a velocidade instantânea de decaimento.