1 UNIFAL-MG Universidade Federal de Alfenas Campus Avançado de Poços de Caldas Instituto de Ciência e Tecnologia MATÉRIAS PRIMAS CERÂMICAS SINTÉTICAS WLADIMIR LEITE PEREIRA Seminário apresentado ao Programa de Pós Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais na Unidade Curricular Processamento de Materiais Cerâmicos. Profa. Dra. Sylma Carvalho Maestrelli Prof. Dr. Rodrigo Sampaio Fernandes POÇOS DE CALDAS-MG 2012 2 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Algumas matérias primas usadas em cerâmicas. 8 Figura 2 – Alumina calcinada em pó 9 Figura 3 – Tubos de Alumina calcinada para fornos. 10 Figura 4 – Alumina Eletrofundida Marrom. 12 Figura 5 – Alumina Eletrofundida Branca. 13 Figura 6 – Alumina Tabular 13 Figura 7 – Carbeto de Silício 15 Figura 8 – Carbeto de Silício cristalizado. 16 Figura 9 – Aplicação para Cimento Aluminoso. 17 Figura 10 – Magnésio sinterizado. 21 Figura 11 – Aplicações a base de Magnésia. 22 Figura 12 – Mulita Eletrofundida. 23 Figura 13 – Oxido de Zinco em partículas. 24 3 RESUMO No presente trabalho serão apresentados diferentes tipos de Matérias Primas Sintéticas para processamento de Materiais Cerâmicos. Através de pesquisas bibliográficas, serão abordadas as características principais dessas matérias primas, seus objetivos e as suas aplicações tecnológicas. Palavras-chave: Matérias Primas. Processamento. Materiais Cerâmicos. Aplicações Tecnológicas. 4 SUMÁRIO 1- Introdução 5 2- Matéria Prima 7 3- Tipos de Matérias Primas Cerâmicas Sintéticas 9 3.1- Alumina 9 3.2- Alumina Eletrofundida Marrom 11 3.3- Alumina eletrofundida branca 12 3.4- Alumina Tabular 13 3.5- Carbeto de Silício 14 3.6- Cimento Aluminoso 16 3.7- Mulita - Zircônia 18 3.8- Espinélio 18 3.9- Sílica Ativa 19 3.10- Magnésia 20 3.11- Mulita Sintética 22 3.12- Óxido de Zinco 24 4- REFERÊNCIAS 25 5 1 INTRODUÇÃO A cerâmica se destaca pela sua grande versatilidade e por apresentar uma série de propriedades e características decorrentes do tipo de matérias primas utilizadas em sua produção, tornando-a mais mais apropriada para uma série de aplicações. Para a sinterização das cerâmicas podem ser usados dois tipos de matérias primas: as naturais e as sintéticas ou artificiais. As matérias primas naturais são aquelas utilizadas como extraídas da natureza ou que foram submetidas a algum tratamento físico para eliminação de impurezas indesejáveis, ou seja, sem alterar a composição química e mineralógica dos componentes principais: Agalmatolito, Andaluzia, Argila, Bauxita, Calcita, Cianita, Cromita, Dolomita, Feldspato, Filitos cerâmicos, Grafita, Magnesita, materiais fundentes, Pirofilita, Quartzo, Silimanita, Talco, Wollastonita, Zirconita. São usadas na preparação das massas cerâmicas tradicionais e raras vezes são substancias puras, sendo, portanto necessário conhecer principalmente suas composições químicas e mineralógicas. Também é necessário conhecer como seu estado físico e a natureza química podem influir nas propriedades e no seu comportamento [1]. Nos últimos anos têm sido desenvolvidas muitas técnicas para o desenvolvimento de matérias primas sintéticas, com finalidade de eliminar totais ou parciais problemas de fabricação, ou facilitar a utilização de tecnologias modernas como na secagem e queimas rápidas. Em um grau ou em outro, estes matérias tem muito efeito sobre as tecnologias atuais como computador, comunicação aeroespacial e outras indústrias que se apóiam no seu uso. 6 Cerâmicas obtidas a partir de matérias primas sintéticas são aquelas que individualmente ou em mistura foram submetidas a um tratamento térmico, que pode ser calcinação, sinterização, fusão e fusão/redução e as produzidas por processos químicos: Alumina, Alumina Calcinada para Cerâmica, Alumina Eletrofundida Marrom, Alumina Eletrofundida Branca, Alumina Tabular, Carbeto de Silício, Cimento Aluminoso, Espinélio, Magnésia, Mulita Sintética, Mulita – Zircônia, Óxido de Zinco, Sílica ativa. São altamente requisitadas em indústrias tecnológicas, pois possuem propriedades eletrônicas como condução elétrica, podendo ser, isolante, semicondutores, metálicas, supercondutores. Propriedades ópticas como absorção, emissão, amplificação e modulação da luz. Propriedades magnéticas com características de paramagnetismo, ferromagnetismo e antiferromagnetismo [2]. Algumas matérias primas estão agrupadas em óxidos podendo ser óxidos simples como a alumina (Al2O), berília (óxido de berilo), magnésia (óxido de Mg), zircônia (óxido de zircônio), Tória (óxido de tório) Sílica (SiO3).E óxidos mistos que são misturas de alumina, magnésia e sílica. A alumina apresenta como característica boas propriedades mecânicas, excelente resistividade elétrica e dielétrica, resistência a ação química, baixo custo e têm aplicabilidade em isoladores elétricos, produtos aeroespaciais, componentes resistentes à abrasão e outros. A Berília apresenta boa condutividade térmica alta resistência mecânica, boas propriedades dielétricas, porem é cara, difícil de trabalhar, e a poeira é tóxica possui aplicação em giroscópios, transistores, resistores, entre outros. A Magnésia tem aplicações limitadas porque não é suficientemente resistente e é susceptível ao choque térmico, devido a sua elevada dilatação térmica. A 7 Zircônia apresenta-se em varias formas (monoclínica, cúbica, estabilizada, entre outras) A zircônia estabilizada apresenta alta temperatura de fusão (2760°C), baixa condutividade térmica e alta resistência à ação química. A Tória é o material cerâmico mais estável e o de mais alto ponto de fusão (3315°C) aplicado em reatores nucleares. Existem outros tipos de materiais cerâmicos, como o Carboneto de Tungstênio, o Carboneto de silício (conhecido como Carborundum) e o Carbonato de titânio . Também encontramos os Boretos de Tântalo, Tório, Titânio e Zircônio. Nitretos de Bório e Silício: os Nitretos de boro têm dureza equivalente ao diamante e resiste sem oxidação até 1926°C. Esta cerâmica técnica apresenta diversas aplicações, tais como química, elétrica, térmica e mecânica [3,4,5,6]. 2 Matéria Prima Matéria-prima, por definição, é um nome dado à um certo material de caráter bruto e que serve de entrada para um sistema de produção de algo específico. A matéria prima é o básico para o processamento de um material cerâmico, uma vez que o sucesso de um produto cerâmico depende diretamente da qualidade da matéria prima utilizada. As matérias-primas empregadas na fabricação de produtos cerâmicos são classificadas em naturais e sintéticas: 8 Naturais – são aquelas utilizadas como extraídas da natureza ou que foram submetidas a algum tratamento físico para eliminação de impurezas indesejáveis, ou seja sem alterar a composição química e mineralógica dos componentes principais. Sintéticas – são aquelas que individualmente ou em mistura foram submetidas a um tratamento térmico, que pode ser calcinação, sinterização e fusão/ redução e as produzidas por processos químicos. A seguir são apresentadas algumas características das principais matérias-primas empregadas em cerâmicas [7]. Figura .1 – Algumas matérias primas usadas em cerâmicas. Fonte [8] 9 3 Tipos de Matérias Primas Cerâmicas Sintéticas 3.1 Alumina A palavra alumina apesar de ser um termo químico específico para definir o óxido de alumínio (Al2O3), na prática comercial existe uma grande variedade de tipos de alumina que recebem uma série de adjetivos, tais como calcinada, baixa soda, hidratada, gama, tabular, eletrofundida e outras. A base para a produção dessas aluminas é principalmente o processo Bayer, que consiste resumidamente no tratamento do bauxito com hidróxido de sódio em tanques pressurizados e aquecidos a 145 ºC (digestores), resultando uma solução de aluminato de sódio e uma lama vermelha insolúvel, onde se concentram as impurezas. A lama vermelha é decantada e filtrada e a solução de aluminato de sódio é nucleada com cristais de gibbsita e resfriada, obtendo dessa forma a gibbsita (Al2O3.3H2O). A gibbsita é calcinada em fornos rotativos à temperatura próxima de 1000 ºC. Figura 2 – Alumina calcinada em pó. Fonte [8] 10 Grande parte da alumina produzida pelo processo Bayer é destinada à produção de alumínio metálico. Esta alumina é constituída de óxido de alumínio alfa, algumas fases de transição e um pouco de gibbsita e sua aplicação em cerâmica é bem restrita. Alumina Calcinada para Cerâmica Para produção de alumina para cerâmica há necessidade de se introduzir algumas modificações no processo Bayer e no tratamento térmico, (temperaturas que variam de 1250 ºC a 1500ºC), visando principalmente reduzir o teor de Na2O e controlar o tamanho e forma dos cristais que tem influência sobre as propriedades finais do produto cerâmico. Dessa forma são obtidos inúmeros tipos de óxidos de alumínio, cada um com determinadas características e campo de aplicações. Figura 3 – Tubos de Alumina calcinada para fornos. Fonte [8] 11 Aplicações: São empregadas para fabricação de refratários, fibras cerâmicas e de inúmeros produtos classificados como cerâmica técnica, tais como isoladores elétricos de porcelanas, placas para revestimento de moinhos e silos, elementos moedores (esferas e cilindros), guiafios para a indústria têxtil, camisas e pistões de bombas, bicos de pulverização agrícola, tubos de proteção de termopar, selos mecânicos, parte cerâmica da vela de ignição, substratos para microeletrônica e outras. No caso de aplicações que exigem aluminas isentas de impurezas, granulometria extremamente fina, tamanho e forma de grãos rigorosamente controlados, utilizam-se outras aluminas obtidas por processos químicos não convencionais. Exemplos de aplicações são tubos de alumina translúcida para lâmpada de vapor de sódio, peças para implantes, etc. 3.2 Alumina Eletrofundida Marrom (óxido de alumínio eletrofundido marrom) A matéria-prima principal é o bauxito calcinado, que em mistura com coque de petróleo ilmenita e cavaco de ferro, sofre um processo de fusão em fornos elétricos especiais, formando após o resfriamento, blocos do produto desejado. Durante o processo de eletrofusão, os óxidos metálicos contidos na carga, com exceção do óxido de alumínio, são reduzidos a metais elementares pelo carbono; com o ferro adicionado na carga, tais metais formam ligas que por serem mais densas que a alumina fundida vão se depositando no fundo do forno; a principal liga formada é o ferro-silício. O bloco fundido obtido, após resfriamento adequado, é quebrado em pedras que são reduzidas a tamanho menores; as impurezas e as ferro-ligas formadas são separadas manualmente. Os pedaços de óxido de alumínio 12 eletrofundido são encaminhados para o processo de britagem, secagem e separação eletromagnética, obtendo-se dessa forma produtos de diversas granulometrias. Aplicada em larga escala na indústria de abrasivos e de refratários. Figura 4 – Alumina Eletrofundida Marrom. Fonte [8] 3.3 Alumina eletrofundida branca (oxido de alumínio eletrofundido branco) O processo de fabricação assemelha-se ao da fabricação de óxido de alumínio eletrofundido a partir do bauxito, diferindo, somente, quanto as matériasprimas da carga e ao fato de não haver redução quando da eletrofusão. Neste caso emprega-se como matéria-prima apenas a alumina. Em alguns casos é adicionado à 13 alumina, pequenos teores de óxido de cromo. Aplicada na indústria de abrasivos e de refratários e em algumas massas de porcelana em substituição ao quartzo. Figura 5 – Alumina Eletrofundida Branca. Fonte [8] 3.4 Alumina Tabular É obtida pela calcinação da alumina em temperatura próxima a de fusão do óxido de alumínio (2020 ºC). Aplicada geralmente na Indústria de refratários. Figura 6 – Alumina Tabular. Fonte [8] 14 3.5 Carbeto de Silício O carbeto de silício (SiC), é um produto sintético, cuja preparação em escala industrial foi conseguida pela primeira vez por Acheson, em 1981, pelo aquecimento de areia e coque em forno elétrico. O processo de fabricação do carbeto de silício é essencialmente o mesmo até o presente. Emprega-se areia silicosa, tanto quanto possível pura (o teor de SiO2 não deve ser inferior a 97%) e coque de petróleo, em proporção estequiométrica com um ligeiro excesso de carbono. Adiciona-se ainda cerca de 10% de serragem para facilitar a liberação do monóxido de carbono produzido durante a reação; e também, aproximadamente 2% de cloreto de sódio, a fim de eliminar parte das impurezas sob a forma de cloretos metálicos voláteis. A mistura é colocada num forno de formato retangular, sendo que a mesma fica disposta ao redor de um eletrodo de grafita e em seguida, levada a uma temperatura superior a 2000 ºC durante aproximadamente 36 horas, cuja reação principal efetuase da seguinte maneira: 1) SiO2 + 2C 2) Si vapor + C → → Si vapor + 2CO SiC Ao redor do eletrodo origina-se o carbeto de silício na forma de grandes cristais e sobre o qual se depositam, na zona mais fria do forno (abaixo de 2000 ºC), camadas de estruturas diferentes, tais como: SiC amorfo e uma crosta constituída por materiais que não reagiram. O carbeto de silício é constituído de 96 a 99% de 15 SiC, o restante sendo silício, sílica livre, carbono livre, assim como, óxido de cálcio, de ferro e de alumínio. Existe duas variedades de carbeto de silício: •o carbeto de silício formado a baixas temperaturas é o SiC-Beta, que cristaliza no sistema cúbico. •o carbeto de silício formado a altas temperaturas é o SiC-alfa, que cristaliza nos sistemas hexagonal e rômbico. Figura 7 – Carbeto de Silício. Fonte [8] A coloração do carbeto de silício varia do verde claro, mais ou menos transparente, ao preto com reflexos metálicos. Estas colorações dependem de inclusões de sílica, de carbono e principalmente de alumínio, assim, a coloração preta do SiC é devida a um teor mais elevado em carbono livre, finamente repartido; ou a um pequeno teor de alumínio ou de silício absorvido, enquanto que a cor verde 16 é devida a teores de ferro. Em razão de sua grande dureza (9,0 a 9,5 na escala de Mohs) e de sua boa condutibilidade, tanto térmica quanto elétrica, o carbeto de silício é utilizado em grande escala para a fabricação de abrasivos, de elementos de aquecimento para fornos elétricos e de produtos para indústria de refratários. Figura 8 – Carbeto de Silício cristalizado. Fonte [8] 3.6 Cimento Aluminoso Os cimentos aluminosos são ligantes hidráulicos, cujo componente principal é o aluminato de cálcio. Estes cimentos são fabricados a partir de misturas de calcários com bauxitos ou com alumina, de forma a se obter cimentos com teores de óxido de 17 alumínio na faixa de 40% a 80%. Estes produtos podem ser obtidos por dois processos, fusão ou sinterização: • No processo de fusão as matérias-primas são moídas, dosadas e levadas ao forno para fusão. O material fundido é descarregado em lingoteiras e resfriado. • No processo de sinterização as matérias-primas são secas, dosadas e moídas em moinho de bolas até uma granulometria próxima ao do cimento. Em seguida este pó é pelotizado, calcinado em fornos rotativos e resfriado, obtendo-se o clinquer. O clinquer de ambos os processos é britado e moído até a granulometria desejada, obtendo-se dessa forma o cimento. Os cimentos aluminosos são semelhantes aos cimentos Portland usados na construção civil, em cuja composição predomina o silicato de cálcio. No entanto, para suportar as condições a que são submetidas as construções refratárias nos processos industriais, somente os cimentos aluminosos são adequados. Estes são sempre utilizados em mistura com agregados refratários para obtenção dos concretos. Figura 9 – Aplicação para Cimento Aluminoso. Fonte [9] 18 3.7 Mulita – Zircônia É uma matéria-prima obtida artificialmente a partir de uma mistura de alumina (Al2O3) e Zirconita (ZrO2.SiO2). Dois são os processos empregados para a sua obtenção: o de sinterização e o de fusão, sendo este o mais usual. Aplicada na fabricação de produtos refratários para a indústria vidreira e para a indústria siderúrgica (válvula gaveta e na produção de alguns aços especiais). 3.8 Espinélio O termo espinélio é utilizado para .designar uma série de minerais de estrutura cúbica e de fórmula RO.R2O3. Como exemplos podem ser citados a Cromita (FeO.Cr2O3), Picrocromita (MgO.Cr2O3), Espinélio (MgO.Al2O3), Magnésioferrita (MgO.Fe2O3), Magnetita (FeO.Fe2O3), etc. Entre estes, o Espinélio MgO.Al2O3 constitui-se uma excelente matéria-prima para a fabricação de materiais refratários. Para este fim, ela é obtida sintéticamente por sinterização ou por fusão. Para a fabricação, são utilizadas como fonte de óxido de alumínio a alumina calcinada e bauxito e como fonte de óxido de magnésio a magnesita natural e as magnésias cáusticas ou queimadas a morte. No processo de sinterização a mistura das matérias-primas, na forma de tortas ou briquetes, é calcinada em temperaturas superiores a 1700 ºC. Em seguida é moída e classificada granulométricamente. No processo de fusão a mistura é fundida em fornos elétricos a arco em temperaturas 19 superiores a 2400 ºC. A massa fundida é resfriada, moída e classificada granulométricamente. A composição teórica do espinélio MgO.Al2O3 corresponde a 28,3% de MgO e 71,7% de Al2O3. No entanto em função da aplicação são produzidos materiais enriquecidos com Al2O3 ou MgO. Os espinélios mais ricos em óxido de magnésio são empregados, principalmente para a produção de refratários para fornos de cimento e aqueles mais aluminosos para materiais refratários destinados a siderurgia. 3.9 Sílica Ativa Sílica ativa é um produto resultante do processo de fabricação de ferro-silício ou de silício metálico. Para obtenção destes utilizam-se como matérias-primas o quartzo (SiO2) e fontes de carbono. No caso do ferro-silício entra também minério de ferro como fonte de ferro. Durante o processo, que é realizado em forno elétrico à temperaturas elevadas, a sílica é reduzida e o carbono liberado na forma de CO2. No entanto, durante o processo ocorrem reações intermediárias em que parte do silício é liberado na forma de gás SiO e parte do carbono em CO. Ao resfriar o SiO se oxida, transforma-se em sílica e precipita. Para evitar a poluição este material é captado através de filtros. Graças as suas características, a sílica ativa tem aplicações na produção de concretos e argamassas, tanto para a construção civil como para construções de revestimentos refratários. Para a produção de refratários utiliza-se preferencialmente a sílica ativa proveniente do processo de produção de silício metálico. Podemos citar como aplicações os concretos refratários 20 convencionais, concretos refratários de baixo teor de cimento, concretos refratários de ultra baixo teor de cimento e concreto de fluência livre. 3.10 Magnésia É uma importante matéria-prima para a indústria de refratários, sendo usada na forma de sinter e de grãos eletrofundidos. As principais fontes para obtenção destes materiais é a magnesita natural (MgCO3) e o óxido de magnésio obtido de água do mar ou salmoura pela precipitação do hidróxido de magnésio. Estas matérias-primas para serem empregadas na fabricação de refratários, necessitam sofrer um tratamento térmico em elevadas temperaturas para minimizar o problema de hidratação do óxido de magnésio e melhorar outras características. Quando se aquece a magnesita, a aproximadamente 700ºC, ela se decompõe com desprendimento de CO2, obtendo-se a magnésia cáustica (MgO). Esta magnésia se hidrata e se carbonata facilmente. Aquecida em temperaturas mais elevadas ela apresenta uma grande contração e sua reatividade à água e ao dióxido de carbono diminuem. A partir de 1.450º e mesmo antes, formam-se pequenos cristais submicroscópicos de magnésia cristalina, denominados de periclásio. Quanto mais elevada for a temperatura, maiores serão os cristais e, como conseqüência, maior será a resistência à hidratação. A essa magnésia dá-se o nome de magnésia calcinada a morte, cujo cristal deve apresentar um diâmetro superior a 30 mm. No caso do hidróxido de magnésio o mesmo ocorre, apenas diferindo a temperatura de decomposição. O tratamento térmico é feito em temperaturas superiores a 1.700º C, em fornos rotativos ou verticais, por processo de monoqueima ou de dupla queima. Este é empregado para matérias-primas mais puras, que são calcinadas 21 primeiramente em forno de 900º C, em seguida briquetadas em temperatura da ordem de 2.000º C ou mais. A produção de grãos eletrofundidos é feita em fornos elétricos à arco a partir do sinter. Figura 10 – Magnésio sinterizado. Fonte [8] A magnésia na forma de sinter e grãos eletrofundidos constitui-se, também, numa importante matéria-prima para obtenção de outros materiais sintéticos, como sinter e grãos eletrofundidos de espinélia, sinter e grãos eletrofundidos de magnésiacromita e outros. Os produtos a base de magnésia, em suas várias formas e composições, têm inúmeras aplicações e em diversos setores, tais como siderurgia, cobre, cal, cimento e vidro. 22 Figura 11 – Aplicações a base de Magnésia. Fonte [9] 3.11 Mulita Sintética A mulita é um silicato de alumínio (3Al2O3.2SiO2), correspondendo a 71,8% de Al2O3 e 28,2% de SiO2. Ela existe na natureza apenas como uma raridade mineralógica (ilha de Mull, daí o nome), sendo obtida artificialmente por fusão ou pela reação no estado sólido (sinterização). Por fusão são fabricados dois tipos: • a mulita escura obtida por processo semelhante ao do óxido de alumínio eletrofundido marrom, utilizando como matériasprimas o bauxito e o quartzo ou bauxito e a argila. • a mulita branca obtida por processo semelhante ao óxido de alumínio eletrofundido branco, utilizando como matérias primas alumina calcinada e quartzo. 23 Por sinterização ou reação no estado sólido podem ser obtidos matériasprimas essencialmente mulíticas a partir de diferentes misturas constituídas predominantemente de silicatos de alumínio; (argilas cauliníticas, cianita, andalusita e silimanita) e alumina calcinada. Isto porque, estes silicatos de alumínio em temperaturas elevadas formam mulita com liberação de sílica, que irá reagir com a alumina calcinada formando mulita. Figura 12 – Mulita Eletrofundida. Fonte [8] Diversas aplicações são encontradas, como fornos de redução de ferro-ligas, fornos de fusão de cobre, fornos de vidro, regeneradores para indústrias siderúrgicas, cubas e rampas de altos fornos, confecção de moldes para microfusão, vagonetas de fornos cerâmicos, mobílias de fornos cerâmicos, tubos (rolos) para fornos à rolo e outras. 24 3.12 Óxido de Zinco Existem alguns porcessos para obtenção do Óxido de Zinco, entre os quais o que é obtido através da volatilização do Zinco metálico. O metal Zinco (99,995% mim.) provém de sucessivos processos de beneficiamento de seus minérios, Esfalerita (ZnS), Smithsonita (ZnCO3), Calamina (2ZnO.SiO.Si2.H2O) e Willenita (2ZnO.SiO3) e hidrometalurgia (ustulação, purificação e eletrólise). Em síntese, o processo consiste na redução do Zn metálico que ocorre a altas temperaturas através da reação com o oxigênio presente na atmosfera. Este é captado por um sistema de exaustão e purificado por filtros especiais, homogeneizado e embalado. O óxido de zinco assim obtido pode atingir a pureza da ordem de 99,9%. Aplicado em composições de esmaltes (vidrados) e pigmentos cerâmicos, fabricação de varistores e também é empregado como componentes de pára-raios. Figura 13 – Oxido de Zinco em partículas. Fonte [8 25 4 - REFERÊNCIAS [1] CALLISTER, W.D.Jr. Ciência e engenharia de materiais uma introdução. 7°ed. Rio de Janeiro. Anthares / Cromosete. 2008. 705p. [2] REED, J.S. Principles of Ceramics Processing. 2ª Edition. Publishing House John Wiley & Sons Inc., 1995. 668p [3] ABCERAM - Associação Brasileira de Cerâmica. Matérias Primas sintéticas. Disponível em:< http://www.abceram.org.br/site/index.php?area=4&submenu=48> Acesso em 22 de março de 2012. [4] Van Vlack, Laurence H. Princípios de Ciência dos Materiais, 1972 [5] Askeland, Donald R.; Phulé, Pradeep P. Ciência e Engenharia dos Materiais, 2008 [6] Shackelford, James F. Ciencia dos Materiais. Edição 6ª [7] Mettalum. Disponível em:< http://www.metallum.com.br/17cbecimat/ resumos/17Cbecimat-102-018.pdf> Acesso em 22 de março de 2012. [8] Diversas imagens de minerais em Imagens da Tabela Periódica Disponível em:< http://imagens.tabelaperiodica.org/ > Acesso em 22 de março de 2012. 26