no centro paulistano: cidade vertical (32 andares) e ecumênica (de quitis a três O CLAUS MEYER/ TYBA FOTOS ACERVO FUNDAÇÃO OSCAR NIEMEYER quartos), desenhada em 1951 Desenho do Plano Piloto de Brasília, em forma de avião. Acima, Niemeyer e o urbanista Lúcio Costa conversam sobre a construção da cidade. Na outra foto, de 1957, o presidente Juscelino Kubitschek e o arquiteto durante apresentação da maquete da nova capital do país. À esq., o engenheiro Israel Pinheiro 18 GERALDO MELO/ TYBA scar Niemeyer é muitíssimo conhecido em todo o mundo. Por baixo, mais de 400 projetos saíram de sua prancheta e há quase 200 edifícios com a sua assinatura no Exterior. A respeito dele foram escritos muitos livros em diversos idiomas. No Brasil, tem edificações em várias capitais e municípios do interior. A pedra de toque para a grande popularidade data de 1956, ano em que Juscelino Kubitschek foi eleito presidente e voltou a procurá-lo com um projeto ambicioso: mover a capital nacional (Rio de Janeiro) para uma região despovoada no centro do país. Niemeyer assumiu a direção da empresa (Novacap), abriu um concurso para o projeto urbanístico da cidade e o vencedor foi seu grande amigo e ex-patrão, Lúcio Costa. Oscar com os prédios, Lúcio com os planos urbanos, a árida paisagem foi tomando forma de Brasília. Em questão de meses, Niemeyer projetou dezenas de edifícios residenciais, comerciais e administrativos. Entre eles, o Palácio da Alvorada (residência do presidente), o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto (sede do governo), a Catedral, os ministérios, o Itamaraty. Prédios erguidos por pilotis, ruas sem tráfego intenso, unidade formal nas construções, casas próximas a escolas, organização, integração com a natureza. [Há poucos anos, foi inaugurado o Complexo Cultural da República; o Eixo Monumental continua inconcluso.] Acima, o Eixo Monumental de Brasília seguido do croqui da Praça dos Três Poderes (Congresso Nacional). À esquerda, desenho de coluna feito para o Palácio da Alvorada RICARDO STUCKERT/PR NELSON KON O sinuoso edifício Copan, Quanto ao Copan, inaugurado apenas em 1966, incontáveis linhas e interjeições já foram utilizadas para tentar definir a obra de escala monumental e forma belíssima – em “S”, como uma onda –, embora descaracterizada desde a origem pela fobia especulativa dos empreendedores. Situado na confluência das avenidas Ipiranga, Consolação e São Luiz, o edifício tem 32 andares de 10.572 m2 cada, é dividido em seis blocos, conta com 20 elevadores, mais de 80 lojas e quase 1.200 habitações, que variam de quitinetes [18m2 de janela para a cidade!] a apartamentos com três quartos. Pela diversidade de usos e classes sociais, pelo constante diálogo que mantém com os vizinhos Hilton e Itália (grandes torres, apenas) e pelo incessante desafio que lança aos burocráticos shoppings e condomínios fechados, a cidade vertical de Niemeyer é um oásis na metrópole destituída de encantos. “A generosidade de sua concepção convida a uma experiência coletiva verdadeiramente urbana, resistente à postura blasé da elite ilustrada que pretende ‘reconquistar‘ o glamour do centro de sua cidade. O Copan ensina a enfrentar os contrastes”, assinala o arquiteto Guilherme Wisnik. 19