Revista Eletrônica Acervo Saúde/ ElectronicJournalCollection

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Revista Eletrônica Acervo Saúde/ ElectronicJournalCollection Health ISSN 2178-2091
Os efeitos terapêuticos da música em pacientes submetidos a sessões de hemodiálise
The therapeutic effects of music on patients undergoing hemodialysis
Los efectos terapéuticos de la música en los pacientes sometidos a hemodiálisis
Anayra Gennielle da Costa Santos1, Francisca Tatiana Dourado Gonçalves2
RESUMO
Objetivo: identificar os efeitos terapêuticos da música em pacientes submetidos a sessões de hemodiálise.
Métodos: pesquisa de campo e exploratória, com abordagem qualitativa. Realizada com dez pacientes em
tratamento de hemodiálise que foram escolhidos de forma aleatória. Utilizou-se observação, entrevista
semidirigida, questionário de caracterização sociodemográfica, gravações em áudio das sessões de aplicação
da música e das entrevistas com os pacientes. Resultados: através dos achados e compreensão dos
significados nos discursos, foi possível identificar que a audição musical trouxe benefícios aos pacientes
durante o tratamento, como: entretenimento, bem-estar, tranquilidade e passagem rápida das horas de
tratamento. Conclusão: a enfermagem dentro da sua versatilidade de ações, tem condições de explorar várias
modalidades terapêuticas, colocando em prática alternativas de atenção ao paciente, proporcionando um
tratamento que assegure o bem estar, através dos efeitos terapêuticos da música em pacientes submetidos a
sessões de hemodiálise.
Palavras-chave: insuficiência renal crônica; hemodiálise; enfermagem; humanização da assistência, música.
ABSTRACT
Objective: to identify the therapeutic effects of music in patients undergoing hemodialysis sessions. Methods:
field and exploratory research, with a qualitative approach. Performed with ten patients undergoing hemodialysis
treatment who were randomly chosen. We used observation, semi-guided interview, sociodemographic
characterization questionnaire, audio recordings of music application sessions and interviews with patients.
Results: through the findings and understanding of the meanings in the speeches, it was possible to identify that
the musical hearing brought benefits to the patients during the treatment, such as: entertainment, well-being,
tranquility and rapid passage of treatment hours. Conclusion: nursing within its versatility of actions, is able to
explore various therapeutic modalities, putting into practice alternatives of attention to the patient, providing a
treatment that ensures the well being, through the therapeutic effects of music in patients undergoing
hemodialysis sessions .
Keywords: chronic renal failure; Hemodialysis; nursing; Humanization of care, music.
RESUMEN
Objetivo: Identificar los efectos terapéuticos de la música en los pacientes sometidos a hemodiálisis. Métodos:
investigación de campo y exploratoria de carácter cualitativo. Celebradas diez pacientes sometidos a
tratamiento de diálisis fueron escogidos al azar. Se utilizó la observación, la entrevista semiestructurada,
cuestionario de grabaciones de audio, sociodemográficos de las sesiones de aplicaciones de música y
entrevistas con los pacientes. Resultados: a través de los resultados y la comprensión de los significados de
los discursos, fue posible identificar la sesión de escucha trajo beneficios a los pacientes durante el tratamiento,
tales como entretenimiento, el bienestar, la tranquilidad y el paso rápido de horas de tratamiento. Conclusión:
la enfermería dentro de sus acciones versatilidad, que son capaces de explorar las diversas modalidades
terapéuticas, poniendo en su lugar otros tipos de cuidado del paciente, proporcionando tratamiento para
asegurar el bienestar a través de los efectos terapéuticos de la música en pacientes sometidos a hemodiálisis.
Palabras clave: Insuficiencia renal crónica; hemodiálisis; enfermería; humanización de la atención, la música.
1
Enfermeira, Pós-graduada em Saúde Pública e Saúde da Família, Faculdade de Ciências e Tecnologia do
Maranhão/FACEMA, Caxias (MA), Brasil. E-mail: [email protected]
2
Psicóloga, Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA; Professora da
Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão- FACEMA. Pesquisadora na área de Promoção da Saúde e
Saúde Coletiva e Membro da Comissão de Avaliação de Título de Especialista do Conselho Regional de
Psicologia do Piauí (CRP) Brasil. E-mail: [email protected]
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INTRODUÇÃO
A enfermagem tem como princípio a arte de
cuidar do outro, criando subsídios para promover o
bem-estar dos seres humanos, visando um cuidado
diferente do modelo tecnicista, buscando produzir
intervenções terapêuticas complementares para
propiciar uma assistência humanizada, que
contribuem para ações de um cuidado que
expresse a subjetividade dos indivíduos e
satisfação da criatividade durante a assistência.
Nesse sentindo, a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares autoriza através da
portaria ministerial nº 971 de 30/05/06 recursos e
abordagens que buscam incentivar os processos
naturais de prevenção de agravos e recuperação
da saúde por meio de tecnologias eficazes e
seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no
desenvolvimento do vínculo terapêutico e na
integração do ser humano com o ambiente e a
sociedade (BRASIL, 2006). Sendo assim, dentre
várias áreas de atuação da enfermagem, a
assistência voltada ao portador de Insuficiência
Renal Crônica em tratamento de hemodiálise tornase um evento propício para o desenvolvimento de
ações terapêuticas complementares, pois esse tipo
de tratamento é contínuo e duradouro, ocorrendo a
dependência do mesmo.
A incidência de Insuficiência Renal Crônica tem
crescido no Brasil de forma significante, tornandose um fator de preocupação na saúde pública no
país. Segundo a Sociedade Brasileira de
Nefrologia, em 2006 o número de pacientes em
tratamento dialítico era de 70.872 passando para
100.397 em 2013 (SESSO et al., 2014). A
necessidade de conhecer e inserir práticas de
intervenções aos cuidados do doente renal pode
interferir de forma positiva na dinâmica de seus
cuidados físicos e emocionais, logo, entende-se
com isso que o profissional de saúde deve adquirir
conhecimentos sobre as práticas complementares
na assistência hospitalar, buscando outras
tecnologias para estabelecer um cuidado mais
humanizado. As reações dos indivíduos submetidos
à hemodiálise são muitas vezes permeadas de
tristeza, medo, raiva, estresse, merecendo uma
assistência
sistematizada
e
humanizada,
desenvolvendo ações voltadas para o doente e não
somente a doença em si.
A inserção da música no contexto do cuidado é
um instrumento que vem se ampliando no âmbito
hospitalar, pois é uma forma de humanizar a
assistência ao paciente que se encontra em um
ambiente
estranho,
rodeado
de
pessoas
desconhecidas e de instrumentos e aparelhos que
muitas vezes o assustam (CÂMARA, CAMPOS e
CÂMARA; 2013). Ferramentas não convencionais
de assistência à saúde, como a música, recebem
credibilidade e comprovam sua eficácia entre os
pacientes, sendo inclusive reconhecidas dentro do
serviço público de saúde no Brasil.
O interesse crescente da enfermagem pela
utilização da música, dentre outras possibilidades,
serve como auxílio para fortificar o estado geral do
paciente, reduzir a dor, diminuir o estresse e como
componente facilitador da relação entre enfermeiro
e paciente, visando a humanização do cuidado
(VALENÇA et al., 2013).
No entanto, a utilização da música como um
coadjuvante terapêutico na área da saúde e mais
especificamente no tratamento da hemodiálise, se
encontra pouco desenvolvida, mesmo observandose o sucesso de sua aplicabilidade, ainda que
existam poucos estudos que visem essa prática
num patamar científico. Entretanto, realizou-se esta
pesquisa como objetivo identificar os efeitos
terapêuticos da música em pacientes submetidos a
sessões de hemodiálise.
MÉTODOS
O caminho metodológico caracterizou-se como
pesquisa de campo e exploratória, com abordagem
qualitativa. A coleta de dados foi realizada no
Centro de Diálise da cidade de Caxias, no Estado
do Maranhão, Brasil, nos meses de março e abril
de 2015. O total de pacientes atendidos na clínica é
cerca de 335..
Todos os participantes da pesquisa atenderam
aos critérios de inclusão, estando em tratamento no
Centro de Diálise de Caxias/MA em plenas
condições mentais saudáveis, com sua integridade
psíquica preservada. Como critério de exclusão,
adotou-se a situação em que os pacientes não
apresentaram capacidade de expressar seus
sentimentos, experiências e emoções no que se
refere à experiência que estava sendo investigada.
Os dados foram coletados a partir de entrevista
individual e semidirigida. Foram realizadas duas
sessões de músicas de caráter individual, no início
do tratamento cuja duração teve em média duas
horas, utilizando dois aparelhos smartphone com
fones de ouvido considerando e respeitando
sempre as necessidades específicas de cada
paciente. Todo processo foi aplicado na própria
instituição, nos horários pré-estabelecidos pelos
pacientes e funcionários. Para preservar o
anonimato dos pacientes, foram atribuídas as
iniciais de seus nomes logo após a fala dos
mesmos nos resultados.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade
UNINOVAFAPI, parecer de nº 974.332, e aprovado
com
o
seguinte
número
de
CAAE
37414314.5.0000.5210 e o aceite de participação
foi documentado mediante a assinatura do Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo
respeitou as exigências formais contidas nas
normas
nacionais
e
internacionais
regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres
humanos.
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RESULTADOS
Caracterização dos participantes do estudo
A população alvo do estudo contou com dez
pacientes em tratamento de hemodiálise, sendo
sete do sexo masculino e três do sexo feminino,
com idades que variavam entre 19 e 62 anos.
Sobre o tempo médio de tratamento hemodialítico,
os dez pacientes realizavam o procedimento com
intervalo de dois a quatro anos. Dados referentes à
escolaridade mostraram que nove pacientes não
concluíram o ensino fundamental e apenas um
concluiu o ensino médio. Quanto à profissão, todos
relataram não exercer nenhum ofício, sendo
remunerados apenas com o benefício auxíliodoença.
Após uma análise aprofundada do material,
optou-se por delimitar cinco categorias.
1) A obrigatoriedade do tratamento
Submeter-se ao tratamento de hemodiálise é
uma condição que leva a um cotidiano limitado e
monótono, desencadeando modificações no dia a
dia e no panorama de vida dos clientes, destarte, a
dependência do tratamento leva o mesmo a
alterações na sua qualidade de vida, vivenciando
um desequilíbrio no seu estado de saúde. A
necessidade de mudanças pode ser ampla,
provocando uma desordem no cotidiano de quem
passa a depender de um tratamento ininterrupto,
portanto, seu estado físico, psíquico e social sofrem
alterações sucessivas.
Muitos sentimentos podem ser identificados
devido à dependência do tratamento. A sensação
de “prisão” da máquina é encarada com dificuldade.
Identificamos, a seguir, algumas concepções sobre
o tratamento, através da verbalização dos
entrevistados:
Ah! Não é bom não, passar quatro horas
sentado aqui é luta, é um sacrifício (IRA).
Chegar ao fim das 4 horas, pra sair logo
disso aqui, o tratamento me deixa presa
(WSS). Não é muito bom não é muito
desconfortável (FS). A máquina ligada
porque aqui é minha vida, tá entendendo?
Tem que ligar ela porque sem ela eu não
existiria (VS).
Diante das falas percebe-se que os sujeitos se
sentem reféns da terapia renal substitutiva, e de
certa forma eles estão. O impacto na vida de quem
necessita desse procedimento contribui para
mudanças significativas na vida social dos sujeitos
e prejudica a aderência ao tratamento, por sua vez,
existe então a necessidade de um suporte
assistencial a fim de proporcionar um otimismo para
o enfrentamento de uma vivência marcada por
desafios.
Presenciamos que esses pacientes estão de
forma indireta ligados a essas máquinas e que eles
precisam constantemente desse tratamento para
sobreviver, apesar de relatarem que não é bom e
desconfortável, porém sabem que sem essas
sessões eles
longevidade.
não
poderiam
gozar
de
suas
2) Ociosidades durante o tratamento
No momento que o indivíduo se depara com o
tratamento de hemodiálise que é realizada em
média três vezes por semana e com sessões que
duram aproximadamente quatro horas, adquire uma
vivência marcada por ócio por passar muitas horas
ligado à máquina de diálise. Destacou-se nas falas
que este momento não é agradável e promove
diversos sentimentos:
Raramente
eu
consigo
descansar,
raramente eu consigo dormir, mas eu faço de
tudo pra não ficar tensa e com medo, tento
relaxar um pouco pra não ficar pensando no
tratamento (VJM).
Ah são muitos
sentimentos, fico ansiosa, não me sinto
liberto (EFC). Na maioria das vezes eu fico
entediado, minhas quatro horas acordado
(WSS).
Através das verbalizações acima, é possível
perceber que a falta de interatividade durante a
terapia renal pode prejudicar a adesão do
tratamento e desencadear sentimentos negativos,
portanto, é necessário modificar atividades e rotinas
desse paciente.
No centro de hemodiálise observamos que a
televisão era o único meio de distração para os
pacientes, onde todos manifestavam atenção para
tal ferramenta quando algum noticiário jornalístico
era exibido, e na maioria das vezes nem escutavam
a informação, devido ao barulho das máquinas,
tornava-se impossível receber a notícia transmitida
do aparelho de televisão, ou seja, tornava-se um
objeto quase imperceptível para desviar os
sentimentos de ociosidade.
O descanso era praticamente impossível, pois
os pacientes reclamavam do barulho das máquinas
e das pessoas falando, tornando assim essas
quatro horas de sessão um desafio de
sobrevivência, pois, além disso, há também os
sentimentos de medo e angústia por haver alguma
complicação decorrente do tratamento.
3) Preferências Musicais
Nesta categoria buscou-se identificar as
preferências musicais dos pacientes, aquela que
era agradável aos ouvidos para montagem do
repertório, no qual o estilo musical se apresentou
bem variado. Participar da escolha do ritmo musical
permite maior empolgação, uma vez que há
satisfação na seleção das músicas de sua
preferência.
Ao questionar sobre seus ritmos musicais
prediletos, percebia-se nas expressões dos
pacientes certo entusiasmo ao citar seus artistas ou
bandas de predileção, conforme pode ser
evidenciado nos fragmentos das falas:
O que a gente mais escuta aqui no
nordeste, é forró e sertanejo, gosto de
musicas que falem de amor e da vida, mais
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sem tristeza tem que ter ritmo animado,
alegre, musicas que possam trazer
lembranças boas, um forro é sempre muito
bom (IRA). Rapaz é o seguinte, eu gosto do
reggae de Eric Donaldson, forró, música
sertaneja, toda música eu gosto, muita
música mesmo, meu lazer é ouvir e apreciar
as letras das musicas (EFC). Como eu sou
evangélica, eu gosto de musicas que louvem
a Deus, que restaura a vida do homem, que
fala do poder que Deus tem de curar, gosto
de todas as músicas evangélicas (VJM).
advindas do tratamento são na maioria de cunho
psicológico, como o estresse, a depressão
causadas pela fadiga do processo da hemodiálise,
por ser um tratamento doloroso e demorado. A
música vai promover um tipo de relaxamento em
que o paciente vai conseguir se distrair e não se
sentir entediado com o tempo de duração da
sessão.
Vemos que diante dos comentários dos
pacientes, há vários tipos de gostos musicais,
desde o gospel até o reggae. No exemplo de um
dos comentários, nota-se que a cultura local e da
região influencia muito no gosto musical, tornando
mais fácil a escolha do tipo de música que vai ser
ouvida. A maioria preferiu músicas mais alegres,
divertidas que aumentam a auto estima com letras
mais significativas e de bom gosto para se escutar.
Diante disso notamos que esses pacientes tem na
sua vida diária sentimentos de medo, angústia,
preocupação, estresse e a escolha de músicas
mais divertidas e alegres podem contribuir na
diminuição desses sentimentos.
Diante da questão, identificamos que os
pacientes ao ouvirem suas músicas prediletas
recordaram de momentos que provocaram alegria,
comoção e satisfação, pois diziam que a música de
determinado(a) cantor(a) lembrava momentos da
juventude, quando podiam ir a festas, dançar e
namorar, fazendo emergir sensações mais íntimas
através de pensamentos marcantes em suas vidas:
4) Música durante a hemodiálise
Ao iniciar a música notamos expressões de
alegria, em que os pacientes começavam a cantar
em uníssono acompanhando a letra da música,
outros gesticulavam o movimento do instrumento,
outros diziam que a música tinha um significado
relevante em suas vidas e teve quem quis dançar.
Metade dos pacientes ao serem entrevistados
sobre o que sentiram durante a audição relataram
que além de trazer relaxamento, o tempo de
hemodiálise passou mais rápido. Vejamos nas
narrativas a seguir:
Achei bom, foi muito especial, gostei
mesmo, acho que o tempo passa mais
rápido, me senti bem, bem legal mesmo
(VS). Para mim, a música é relaxante
principalmente aqui nesse tratamento, distrai
a gente, as horas passam que a gente nem
percebe (DCV). Eu me senti muito bem
porque o tratamento é muito doloroso e
demora muito tempo e com a música, a
gente se sente leve, a gente não fica
pensando no tratamento, às vezes chega a
não passar mal, porque a música de tão boa
que é a gente ouve e esquece os problemas,
esquece que se está numa máquina e aí vive
um pouco a vida da gente, porque sem a
música ficava pensando será se eu vou
passar mal, será se eu vou fazer uma boa
diálise e com a música não, você esquece,
você vive a música aí você esquece os
problemas é maravilhoso (VJM).
Ouvir música pode trazer diversos benefícios e
sensações prazerosas. Nota-se diante das falas
que durante a intervenção musical, as tensões, as
complicações, a ociosidade que rodeiam a terapia
não se manifestaram durante a execução dessa
alternativa,
propiciando
entretenimento
e
relaxamento. Nota-se também que as complicações
5) Sentimentos e pensamentos vivenciados
durante o tratamento com a inclusão da música
A gente recorda o passado, lembra de
quando a gente era sadio, podia brincar,
passa muita coisa pela cabeça e recorda
momentos de satisfação (VS). Principalmente
as músicas românticas me lembram coisas
do meu passado, das pessoas que fizeram
parte da minha vida e de como aproveitava
os momentos de alegria e assim eu vou
relaxando nas lembranças de minha vida
(DCV). Ah o que eu senti foi renovação, se
eu pudesse renovar a idade pra dezoito anos
iria aproveitar e fazer tudo novamente pois
graças a Deus meu passado foi excelente
(JSM).
O prazer de ouvir música se torna aliado para
melhorar o humor, agitar nossas emoções, reduzir
os desconfortos adquiridos no tratamento, melhorar
a suscetibilidade e desviar o foco da doença. O
paciente relatou renovação, um sentimento de
esperança de que possa se recuperar da doença,
um bom prognóstico pois consequentemente
diminuirá os riscos causados pelo estresse durante
o tratamento.
A percepção dos pacientes sobre a utilização da
música como rotina durante a hemodiálise
Diante dos relatos na categoria anterior,
constatamos que a audição da música só trouxe
benefícios durante a hemodiálise e prevaleceu a
concepção de que a música proporciona
sentimentos de alegria durante o tratamento,
facilitando o esquecimento das dificuldades
vivenciadas pelo doente renal. Conforme expresso
nos relatos:
Seria bom, se todos os dias tivessem as
músicas dessa forma para ouvirmos, seria
muito melhor (VS). É seria bom né, fazendo
a diálise e ouvindo uma música a gente
consegue esquecer aquelas coisas mais
difíceis (EFC). Com certeza incluir a música
no tratamento seria maravilhoso, gostei muito
e gostaria que fosse todo dia, todas as
diálises tivesse essa música maravilhosa
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seria ótimo, o tempo passa mais rápido é
muito gostoso (VJM).
Discutir formas de promover programas de
relaxamento ou de terapias complementares que
possam diminuir o estresse durante tratamentos
devem ser planejados visando a humanização dos
cuidados às pessoas que precisam dessas
intervenções para melhora da qualidade de vida.
Uma boa assistência minimiza e muito os efeitos
causados pelos tratamentos invasivos que causam
dor e desconforto ao paciente.
DISCUSSÃO
É notável que diversas alterações influem na
rotina das pessoas submetidas às condições do
tratamento hemodialítico, limitando a vida dos
pacientes, e interferindo no enfrentamento positivo
dessa situação (BERGOLD e ALVIM; 2011). A
hemodiálise acaba por desencadear sentimento de
revolta nos indivíduos que necessitam desse
processo. As expectativas na vida desses pacientes
são limitadas, concorrendo para o surgimento de
problemas psicológicos, pois a dependência do
tratamento dialítico e as limitações decorrentes da
doença provoca a perda da autonomia.
As narrativas mostram uma vivência marcada
por angústia, essa luta intensa é vivenciada no dia
a dia, existindo a esperança de continuar vivo
(ARAÚJO e SILVA; 2013).
É constatado que o paciente vê o tratamento
como um fator limitador para a qualidade de vida,
que causa a interrupção das atividades diárias, e o
impacto da terapia dialítica promove mudanças
bruscas, pois as quatro horas de hemodiálise
evidenciam um momento ocioso, devido ao fato de
ficar parado, sem exercer qualquer atividade.
Dessa forma, é visto que existe a necessidade
de estabelecer práticas complementares para
contemplar uma assistência humanizada atendendo
aos anseios dos sujeitos. O conhecimento de novas
terapias é fundamental para avançar na construção
de técnicas adicionais durante a hemodiálise,
servindo como um apoio na realização do
procedimento,
minimizando
as
dificuldades
.
enfrentadas pelos sujeitos (VALENÇA et al., 2013)
A audição musical é tida como uma tecnologia sem
custo e que traz benefícios imediatos ao cliente.
Além da distração, ouvir música pode trazer
vivências positivas para satisfação de quem
procura relaxamento e entretenimento, servindo
ainda como um estimulante para vivenciar a prática
de
situações
esquecidas
por
causa
do
procedimento.
A audição musical é tida como uma contribuição
a fim de amenizar as situações difíceis que emerge
no cotidiano, principalmente de quem está em
ambiente hospitalar contínuo, portanto, é muito
importante incentivar experiência relacionada com a
música. A aplicação da música durante a
hemodiálise mostra-se satisfatória, pois as horas de
procedimento são configuradas por muitos
pacientes como um momento de ansiedade e
aflição, portanto, o uso da música no cuidado de
enfermagem torna-se criativo e interativo,
propiciando momentos significativos nos pacientes,
desviando as preocupações pessoais dos mesmos
(TAETS e BARCELLOS, 2010).
Ouvir música traz o resgate de lembranças
agradáveis gerando naquele momento um estado
de vibração com sensações mais marcantes em
suas vidas. Dessa forma, a música desperta o
prazer da fantasia, memória, contribuindo para o
surgimento de sentimentos positivos no estado
emocional do sujeito (SEKI e GALHEIGO, 2010). A
música quando inserida no ambiente hospitalar da
hemodiálise vem somar para a construção de um
processo terapêutico eficaz de baixo custo, que
permite a imaginação fluir para uma dimensão que
faz renascer as recordações que promovem as
emoções mais profundas.
Esses eventos, intermediados pela audição
musical, contribuem de forma significativa para o
reestabelecimento da saúde psíquica, pois os
sentimentos de solidão são esquecidos quando as
lembranças agradáveis de situações familiares
surgem como uma avalanche, afastando os
sentimentos de fragilidade (CÂMARA, CAMPOS,
CÂMARA; 2013).
Na humanização do cuidado, a música se
constitui como ferramenta para a melhoria da
qualidade de vida do paciente internado no hospital,
através do construir musical, do executar sobre o
objeto musical, no qual o paciente tem um papel
ativo no processo de sua melhoria e alta hospitalar
(PENNAFORT, QUEIROZ, JORGE; 2012). A
enfermagem deve estar atenta para perceber as
necessidades dos pacientes e, sobretudo,
estabelecer um olhar sensível, para ajudar na
manutenção do equilíbrio emocional, a fim de
reestabelecer a autoestima e superar as restrições
impostas pelo tratamento.
A música é reconhecida como uma ferramenta
terapêutica coadjuvante na gestão dos efeitos
colaterais desencadeados pelo tratamento renal,
visando o bem estar do paciente, nesse sentindo,
seus
benefícios
foram
reconhecidos
na
humanização hospitalar, pois através da exposição
da mesma, é possível verificar o alivio da dor,
relaxamento, tranquilidade , evocação de
lembranças pessoais etc (RODRIGUES et al.,
2014).
As limitações do estudo foram que nem todos os
pacientes aceitaram participar da pesquisa, alguns
relataram que prefeririam passar a sessão
dormindo ou que não gostavam de ouvir música.
Por fim, tivemos uma experiência satisfatória com
os pacientes, que relataram que esse tipo de
terapia poderia aliviar suas tensões durante a
hemodiálise, dando-os tranquilidade e harmonia a
fim de proporcionar a diminuição dos desconfortos
em consequência do tratamento.
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CONCLUSÃO
O estudo permitiu identificar através da ótica dos
pacientes em tratamento de hemodiálise que a
aplicação da música durante o tratamento
promoveu
vários
benefícios,
tais
como:
relaxamento, diminuição da ansiedade, resgate de
lembranças desencadeando felicidade e saudade,
passagem rápida do tempo de tratamento, alegria,
distração, entretenimento, quebra do ócio,
proporcionando no ambiente hospitalar a ruptura da
rotina e afastando os sentimentos de pesar. Foi
observado que o uso da música exerceu influência
sobre os aspectos emocionais e psíquicos,
certificando-se do papel relevante da música na
manutenção e qualidade do tratamento de
hemodiálise. Diante da experiência, constatamos
que a música pode e deve ser aplicada junto à
assistência de enfermagem.
Recebido em 1/2017
Aceito em: 2/2017
Publicado em: 2/2017
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