Notas de aula – FSC 5303: Termodinâmica Capítulo 2: II área onde utilizamos a qual é valida para qualquer sistema composto fechado. Essa Equação está conhecida como inequação de Clausius. 2.3.6 ∂U T= ∂S Condições de estabilidade V assim, obtemos finalmente Até agora analisamos o que acontece quando, mantendo contante V, S , e N, isto é, quando δV = 0, δS = 0 e δN = 0, a variação virtual de ordem 1, isto é, δ1 S é nula. Como foi mostrado isso está relacionado à existência de um ponto extremo (minimou ou máximo na função de estado). Agora vamos analisar com maior detalhe o fato de que as variações de ordem 2 são sempre maiores do que zero. Para isso vamos analisar a desigualdade de Clausius dada pela expressão 2.29 para diversos tipos de variações virtuais. ∂T (δS )2 > 0 ∂S como (δS )2 > 0 por definição, então deve ser verdade que ∂T ∂S ∂S ∂T > 0 > 0 da equação 2.6 e lembrando que, por definição, T ≥ 0 temos então CV ≥ 0 (2.31) 2.3.6.1 Estabilidade térmica Vamos considerar um sistema no qual é permitido realizar uma variação virtual na qual ele troca calor sem realizar trabalho, se ele não realiza trabalho implica que o sistema não muda seu volume durante a variação virtual, ou seja, δV = 0, colocando isso na equação 2.29 obteremos δU − T δS > 0 ! Note que nos realizamos uma perturbação virtual no sistema que deu como resultado que o calor específico tem que ser positivo já que consideramos que o sistema estava inicialmente no seu estado de equilíbrio. Assim, em último caso, a resposta do sistema à perturbação é o aumento da temperatura (devido ao ganho de calor) restabelecendo dessa forma o sistema ao seu estado de equilíbrio. Esse resultado está em acordo com o principio de Le Chatelier o qual fala justamente sobre o retorno do sistema ao estado de equilíbrio. Observe que foi colocado o sinal de ≥ pois o CV > 0 para T > 0 e CV = 0 quando T = 0. (2.30) supondo que a variação virtual é pequena de forma que podemos expandir em serie de Taylor a energia interna em torno do ponto de equilibrio levando em considera ção que nessa variação o volumem é constante ! ! ∂U 1 ∂2 U (δS )2 + . . . δU = δS + 2 ∂S V 2 ∂S V 2.3.6.2 Estabilidade mecânica Agora vamos considerar que δS = 0, consequentemente realizamos uma variação virtual na qual o volumem do subsistema muda. Nessa circunstancia temos que a equação 2.29 se modifica para Substituindo esse resultado até o termo de II ordem na 2.30 ! ! 1 ∂2 U ∂U (δS )2 − T δS > 0 δS + ∂S V 2 ∂S 2 V !! ∂ ∂U (δS )2 − T δS > 0 T δS + ∂S ∂S V ∂T (δS )2 − T δS > 0 T δS + ∂S δU + PδV > 0 (2.32) Supondo que a variação é pequena, podemos escrever ! ! 1 ∂2 U ∂U (δS )2 + . . . δV + δU = ∂V S 2 ∂V 2 S 35 Notas de aula – FSC 5303: Termodinâmica substituindo em 2.32 ! ! 1 ∂2 U ∂U (δS )2 + PδV δV + ∂V S 2 ∂V 2 S !! ∂ ∂U (δS )2 + PδV −PδV + ∂V ∂V S ! ∂P (δS )2 + PδV −PδV − ∂V S ! ∂P (δS )2 ∂V S Capítulo 2: II área > 0 > 0 > 0 > 0 Figura 2.11 – Calor absorvido durante o processo onde usamos a relação virtual P=− ∂U ∂V ! onde utilizo o simbolo δ̄ para lembrar que tanto Q como W não são funciones de estado e sim de processo, consequentemente não podemos utilizar a definição da variação dada por 2.16. Como durante a variação virtual a pressão é constante, podemos escrever δ̄W = −PδV S como (δS )2 > 0 e utilizando a equação 2.12, é verdade que ! ∂P > 0 − ∂V S 1 − > 0 mas o calor poder produzir variação tanto da temperatura como da entropia. Vamos supor que a variação virtual que realizamos é muito pequena (quase infinitesimal), de forma que a figura 2.11, de forma genérica, o processo realizado O calor absorvido, durante o processo está dado pela área embaixo da curva, de forma que ∂S ∂P S T κS > 0 Como T ≥ 0 então obtemos κS > 0 (2.33) 1 δ̄Q = T δS + δT δS 2 Note que nos realizamos uma perturbação virtual no sistema que deu como resultado que a compressibilidade adiabática tem que ser positivo já que consideramos que o sistema estava inicialmente no seu estado de equilíbrio. Assim, em último caso, a resposta do sistema à perturbação é o aumento da pressão (devido à variação do volume) restabelecendo dessa forma o sistema ao seu estado de equilíbrio. 2.3.6.3 Utilizando a ideia descrita ao calcular 2.19, podemos escrever 1 δT = δ1 T + δ2 T + . . . ! ! 2 ∂T ∂2 T (δS )2 + . . . = δS + ∂S P ∂S 2 P de forma que Estabilidade isobárica 1 ∂T δ̄Q = T δS + 2 ∂S Agora vamos considerar que quando o subsistema realiza a variação virtual a pressão deste permanece constante. Assim vemos que a variação da energia interna do sistema estará dada por ! 1 ∂2 T (δS ) + 2 ∂S 2 P 2 ! (δS )3 + . . . P como estamos considerando a variação virtual quase infinitesimal, podemos prescindir do termo δU = δ̄Q − δ̄W 36 Notas de aula – FSC 5303: Termodinâmica Capítulo 2: II área análise da seção 2.3.6.3, temos que 1 δ̄W = PδV + δPδV 2 onde 1 δP = δ1 P + δ2 P + . . . ! ! 2 ∂P ∂2 P (δV)2 + . . . = δV + ∂V T ∂V 2 S de forma que Figura 2.12 – Trabalho realizado durante o processo virtual 1 ∂P δ̄W = PδV + 2 ∂V de ordem cúbica em δS (muito pequeno), assim ! 1 ∂T (δS )2 δ̄Q = T δS + 2 ∂S P ! 1 ∂2 P (δV) + 2 ∂V 2 T 2 ! (δV)3 + . . . S prescindindo do termo de ordem cúbica em δV (muito pequeno), assim ! 1 ∂P (δV)2 δ̄W = −PδV − 2 ∂V T Dessa forma a variação virtual de energia está dada por ! 1 ∂T (δS )2 − PδV δU = T δS + 2 ∂S P substituindo na equação inequação de Clausius (eq. 2.29), obtemos ! 1 ∂P (δV)2 − T δS + pδV > 0 T δS − PδV − 2 ∂V T ! 1 ∂P (δV)2 V > 0 − 2 ∂V T substituindo na equação inequação de Clausius (eq. 2.29), obtemos ! 1 ∂T (δS )2 − PδV − T δS + PδV > 0 T δS + 2 ∂S P ! 1 ∂T (δS )2 > 0 2 ∂S P Como (δV)2 > 0, então ∂P ∂V Como (δS )2 > 0, então ! >0 T utilizando a equação 2.11, podemos escrever ∂T ∂S ! >0 κT ≥ 0 P ou seja, a compressibilidade isotérmica tem que ser positiva a fim de devolver o sistema ao seu estado original de equilíbrio. que, da definição de capacidade térmica a isobárica (eq. 2.5), nos permite escrever Cp ≥ 0 (2.35) (2.34) 2.3.7 ou seja, o calor específico a pressão constante tem que ser positivo a fim de devolver o sistema ao seu estado original de equilíbrio. Principio de Le Chatelier Suponha que uma flutuação faz que em uma pequena região de um sistema constituído por um gás ideal monoatômico em equilíbrio, o qual é homogêneo por definição, se produza uma diminuição da densidade ρ = N/V (ou seja, um aumento local do volume) porque uma fração N dos N tot moles do 2.3.6.4 Estabilidade isotérmica Agora vamos considerar um processo no qual a temperatura se mantenha invariante, seguindo a mesma linha de 37 Notas de aula – FSC 5303: Termodinâmica Capítulo 2: II área sistema ocupe mais volume do que corresponderia na situação homogênea de equilíbrio (isto é, o volume dessa região não é V e sim V + δV). A condição de estabilidade mecânica ! ∂P >0 − ∂V termostato (fonte de calor) a uma temperatura superior, o sistema absorve calor do termostato a fim de aumentar sua temperatura e anular a diferença de temperatura existente inicialmente. pode ser interpretada como que essa diminuição na densidade implica em uma diminuição de pressão nessa região – menor pressão que a do resto do sistema (que será um pouco maior que aquela do equilíbrio já que, como V tot é constante, ocupará um volume V tot − δV). A flutuação rompe o equilíbrio mecânico da região com o resto do sistema e, de acordo com o principio de mínima energia, o sistema evoluirá até que sejam igualadas as pressões3 para todo o sistema. A condição κT > 0 assegura que o estado de equilíbrio do sistema é estável frente a flutuações internas do tipo que acabamos de mencionar. 2.4.1 2.4 POTENCIAIS TERMODINÂMICOS Sistemas Simples 2.4.1.1 fechados Vamos a aprofundar um pouco mais o que já foi mencionado na subseção 2.3.1, podemos ter até dez equações de estado para o caso de sistemas simples fechados a) U = U(S , V), b) T = T (S , V), P = P(S , V), c) U = U(T, P), S = S (T, P), V = V(T, P), d) U = U(T, V), e) U = U(P, V), f) U = U(T, S ), U = U(S , P), contudo, a única equação fundamental que contem toda a informação termodinâmica é a equação U = U(S , T ). Como foi dito nessa mesma seção, a partir dessa equação podemos determinar todas as outras nove equações de estado, como exemplo, podemos determinar a equação de estado térmica (aquela que tradicionalmente chamamos de equação de estado do gás ideal) calculando tanto a temperatura como a pressão a partir da equação fundamental ! ! ∂U ∂U −P = −P(S , V) = T = T (S , V) = ∂S V ∂V S De forma semelhante, a entrada de calor T δS > 0 a uma pequena região do sistema (com origem no resto do sistema) elevaria a temperatura de aquela região, já que CV > 0; a desigualdade de Clausius exigirá que esse calor seja devolvido ao resto do sistema e dessa forma seriam igualadas as temperaturas novamente. Essas respostas do sistema às flutuações se opondo a elas e restabelecendo o equilíbrio se conhece como principio de Le Chatelier. Cabe interpretar este principio estendendo ele às respostas a ações que modificam realmente o estado do equilíbrio do sistema (ou seja, que levem o sistema de um estado de equilíbrio para outro). Assim, considere o caso o caso em que se da calor a um sistema simples, mantendo a pressão fixa (ou o volume), a elevação da temperatura que experimenta o sistema – já que C P > 0 (e CV > 0) – é interpretada pelo principio de Le Chatelier como a resposta que se opõe à ação exterior perturbadora, já que a elevação da temperatura do sistema dificulta a ”entrada” de mais calor. Podemos complicara ainda mais a interpretações à luz desse principio, assim quando colocamos um sistema em contato com um e das duas equações que resultam (uma para T e outra para P) eliminar S . Como veremos a seguir não é possível obter a equação fundamental utilizando somente uma das outras nove equações, por exemplo, utilizemos a equação T = T (S , V), devemos integrar a equação a fim de obter a fundamental, ! ˆ ˆ ∂U T (S , V)dS = dS = U(S , V) + ϕ(V) ∂S V onde notamos que obtemos uma constante que pode o não ser função do volume (já que a derivada foi feita considerando o volume constante). 3 um dos problemas da lista é mostrar que o equilíbrio mecânico implica em igualdade de pressões 2.4.1.2 Abertos No caso de sistema simples abertos devemos considerar que o número de mo38