Representações de realidade e memória na peça "The Glass Menagerie" de Tennessee Williams Orientador: Mayumi Denise Senoi Ilari, Autor: Maria Musumeci Sandim Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/ Universidade de São Paulo [email protected] Objetivos O seguinte trabalho propõe uma análise da peça "The Glass Menagerie" (conhecido no Brasil como "À Margem da Vida", ou "Zoológico de Vidro") do norte-americano Tennessee Williams. Escrita em 1944, foi um dos primeiros grandes sucessos na carreira de Williams. Descrita pelo próprio autor como uma "peça de memória", em "The Glass Menagerie" os eventos do passado se desenrolam na narração do personagem Tom, sobre sua vida com sua mãe e irmã, Amanda e Laura. Ambientada na época da Grande Depressão Americana, a peça aborda temas como alienação, tédio, nostalgia, desilusão e fuga. Nas rubricas, o texto se vale de vários recursos que dissolvem algumas barreiras do teatro realista, como indicações de luz, sombra, e projeções de imagens, que proporcionam uma atmosfera nostálgica e idílica para a peça. O trabalho, então, se dedica a analisar a importância desses elementos para a peça e em que medida o texto de Williams constitui uma ruptura com a estrutura dramática do drama burguês concebido nos séculos XVIII e XIX. Métodos/Procedimentos Em um primeiro momento o trabalho procura contextualizar a peça e analisar seus elementos formais e constitutivos, como o cenário, a ação, personagens, enredo, rubricas, o tempo, a música, indicações de iluminação e diálogos e também o momento histórico que a pela se insere. Depois, tendo como ponto de partida a concepção de crise do drama, formulada pelo húngaro Peter Szondi, que analisa o teatro europeu moderno do período entre 1880 e 1950, em peças de autores modernos como Ibsen, Tchekhov, Strindberg, Maeterlinck e Hauptmann, procuraremos identificar as possíveis rupturas em relação à forma dramática na peça de Williams Resultados The Glass Menagerie pode ser definida como uma lembrança, sendo assim não realista, para efeitos dramáticos. Como diz Tom, ele mesmo opera de modo oposto ao de um mágico, apresentando à plateia a verdade sob o "disfarce agradável da ilusão". A peça vasculha as memórias de Tom, e o espectador vê a "realidade" pela sua perspectiva – é ele quem narra a história e também participa dela. Observamos que todos os personagens procuram escapar de suas próprias realidades decadentes, se agarrando ao passado ou fantasiando o futuro ou outra realidade. Nesse sentido, a peça rompe com inúmeros preceitos da forma dramática, como sua abordagem do tempo e espaço, e seu tratamento da ação dramática. Conclusões Sendo The Glass Menagerie uma peça de memória, desde seu início percebem-se momentos de ruptura com a forma dramática, que remetem à crise do drama proposta por Szondi. É possível ver nas notas de produções e, sobretudo nas rubricas uma quebra com a estética dramática burguesa. Referências Bibliográficas BOXILL, Roger. Tennessee Williams. London: Macmillan, 1988. KRASNER, David. American Drama: 1945-2000 ROSENFELD, Anatol. O Teatro Épico. São Paulo: Perspectiva, 1994 SZONDI, Peter. A Teoria do Drama Moderno. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. WILLIAMS, Tennessee. The Glass Menagerie. New York: Bantam Books Inc, 1961