Prof. Clésio Farrapo Até o final do século XIX, o Brasil apresentava fraco desempenho no setor industrial. A produção rural comandada pelo café era, então, grande fonte de acumulação da riqueza nacional. Nosso processo de industrialização é considerado tardio porque se intensificou mais de cem anos depois da Revolução lndustrial, iniciada na Europa no século XVIII. O impulso industrial ocorreu graças à disponibilidade de capital oriundo da cafeicultura, à expansão urbana, a chegada das ferrovias e à presença da mão de obra assalariada dos imigrantes, que também foram a força de trabalho empregada nas primeiras fábricas. Nossa indústria apresentava grande dependência econômica e tecnológica das nações desenvolvidas da época. O modelo de industrialização brasileira é conhecido como o de substituição de importações. Em 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder. Seu governo foi marcado pela intervenção estatal na economia e pelos investimentos na formação de um setor bem estruturado de indústrias de bens de produção. Em 1941 fundou a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). No ano seguinte inaugurou a maior empresa mineradora do pais, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que tinha por objetivo extrair minério de ferro em Minas Gerais, na região do Quadrilátero Ferrífero. Em 1953 fundou a Petrobras, objetivando a busca de petróleo em território nacional. Outro momento significativo da industrialização nacional ocorreu entre 1956 e 1961, durante o governo de Juscelino Kubitschek, que canalizou vultosos investimentos para o setor industrial, especialmente energia e transportes. Houve também grandes incentivos à entrada de empresas de capital transnacional, especialmente do setor automotivo. Em consequência, o desenvolvimento industrial brasileiro assentou-se sobre um tripé: o capital nacional produzia bens de consumo não duráveis; o capital estatal era encarregado da infraestrutura que sustentava nosso parque industrial, ou seja: construía hidrelétricas, modernizava portos e investia na construção de siderúrgicas e de rodovias; por fim, o capital estrangeiro produzia os bens de consumo duráveis. Nesse governo, também foi erguida a nova capital do Brasil: Brasília. Entre 1964 e 1985, o Brasil foi governado por uma sucessão de juntas militares. Foi um período de crescente entrada de empresas estrangeiras no país, motivada por inúmeros incentivos governamentais. Houve também grande estímulo para aumentar o poder de consumo da classe média por meio de crédito e incentivos, em especial para a compra de automóveis e eletrodomésticos, produtos oriundos das empresas transnacionais. lnvestiu-se também em grandes obras à custa de vultosos empréstimos internacionais, o que fez a divida externa brasileira crescer vertiginosamente. Dessa forma, enquanto a década de 1970 ficou conhecida como a do ‛‛milagre brasileiro", a de 1980, pelo ônus decorrente do pagamento de juros da dívida, foi chamada de ‛‛década perdida". Com a democratização política, foi necessário um conjunto de medidas para recuperar a economia brasileira. Ao longo da década de 1990, o país iniciou o processo de privatizaçāo, por meio do qual várias empresas estatais foram vendidas, a participação do Estado no setor industrial e energético diminuiu e o país direcionou sua economia rumo à globalização. As marcas desse processo, porém, se fizeram presentes na falência de inúmeras empresas e nos altos índices de desemprego. Há grande desigualdade na distribuição geográfica do parque industrial nacional. A maior concentração no Sudeste decorre do surgimento de áreas industriais pioneiras nessa região e que receberam do governo os mais fortes investimentos em infraestrutura de transportes, energia e comunicações. A região, como consequência, abriga as maiores cidades do país. A produção industrial nacional se concentra junto às regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Inicialmente, os distritos industriais se fixaram próximos aos eixos ferroviários. No pós-guerra, contudo, houve uma expansão fabril para as cidades vizinhas, passando a acompanhar os eixos rodoviários. Os setores que merecem destaque são: metalúrgico, siderúrgico, químico, petroquimico, automotivo, mecânico, de cimento, de processamento de alumínio, de calçados, têxtil, de eletrônicos, de telecomunicações, aeronáutico, bélico e aeroespacial. A região Sul do Brasil é outro pólo que vem se destacando na produção industrial nacional. Inicialmente, seu parque industrial era fortemente marcado por pequenas empresas com produção influenciada pela colonização européia, de caráter familiar e tradicionalmente vinculadas a setores de processamento de produtos agropecuários, como alimentício, de bebidas e têxteis. Houve, no entanto, a formação de um pólo industrial moderno, com a fixação de indústrias automobilísticas, carboquímicas, de material elétrico, químicas e metalúrgicas. A produção industrial nordestina deu um grande salto a partir da década de 1990. Inicialmente predominavam indústrias tradicionais, como alimentícias, têxteis e de processamento de couro. Atualmente é possível observar um parque fabril muito mais diversificado, produzindo desde autopeças, produtos petroquímicos, softwares e componentes eletrônicos a roupas e calçados. Nessas duas últimas, a regiāo já ocupa a posição de segunda maior produtora nacional. A produção industrial nordestina deu um grande salto a partir da década de 1990. Inicialmente predominavam indústrias tradicionais, como alimentícias, têxteis e de processamento de couro. Atualmente é possível observar um parque fabril muito mais diversificado, produzindo desde autopeças, produtos petroquímicos, softwares e componentes eletrônicos a roupas e calçados. Nessas duas últimas, a região já ocupa a posição de segunda maior produtora nacional. O Centro-Oeste tem uma participação pequena no cenário industrial nacional. As maiores concentrações situam-se junto às cidades de Brasília, Campo Grande, Goiânia e Corumbá, onde são encontradas indústrias ligadas à produção de cimento, alimentos, produtos químicos, tecidos e de processamento de carne e couro. Próxima ao município de Corumbá situa-se importante jazida de minério de ferro e manganês - O maciço do Urucum -, e por isso há forte presença da indústria extrativa mineral.