Do cotidiano a necessidade: A contribuição das redes sociais para informações de doenças crônicas Diabetes Mellitus. Este texto é uma produção colaborativa, realizada por Sarah Rubia Nunes Baptista e Cláudio José de Souza para cumprir as exigências formais de conclusão do curso "As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e Suas Possibilidades Para a Saúde", que aconteceu no primeiro semestre de 2013, no Rio de Janeiro. O curso foi organizado pelo prof. Doutor Nilton Bahlis dos Santos, coordenador do Núcleo de Experimentação de Novas Tecnologias Interativas (NEXT) e realizado no Programa de Pós-Graduação em Informação, Comunicação e Saúde (PPGICS) do Instituto de Comunicação e Informação em Ciência e Tecnologia (ICICT) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Para saber mais sobre o curso, acesse o Grupo dos Participantes do Curso no Facebook:https://www.facebook.com/notes/nilton-bahlis-dos-santos/curso-as-redessociais-antes-e-depois-da-internet-o-que-s%C3%A3o-e-suaspossibilidade/483083765084151 Como citar: BAPTISTA, SRN e SOUZA, CJ. Do cotidiano a necessidade: A contribuição das redes sociais para informações de doenças crônicas - Diabetes Mellitus. Produção colaborativa do Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. Licença: Creative Commons Atribuição-NãoComercial 3.0 Não Adaptada. Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 1 Do cotidiano a necessidade: A contribuição das redes sociais para informações de doenças crônicas - Diabetes Mellitus. Sarah Rubia Nunes Baptista Técnica de Informática. Autora do blog “Eu, meu filho e o diabetes”. Ativista em saúde nas redes sociais. Idealizadora e moderadora do grupo “Mães de DM1 na Madrugada”. Cláudio José de Souza Enfermeiro. Docente da Graduação e Pós Graduação pela Faculdade Bezerra de Araújo. Especialista em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana e Mestrando no Mestrado. Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde pela Universidade Federal Fluminense. RESUMO Este artigo pretende apresentar o potencial das redes sociais como ferramenta no enfrentamento de Diabetes Mellitus, mostrando o que já vem sendo experimentado entre pacientes. Sabe-se que Diabetes se não controlado pode trazer limitações consideráveis ao indivíduo, e que no Brasil tem matado quatro vezes mais que a Aids1 e já supera os acidentes de trânsito. Por se tratar de uma epidemia, a comunicação em rede é uma possibilidade que aponta para um melhor controle da doença e qualidade de vida desses indivíduos. INTRODUÇÃO Algumas palavras possuem um conceito polissêmico e plural. Neste sentido, enquanto formadores de opiniões devemos ter o cuidado quanto ao uso de determinadas terminologias para que não haja deturpação e nem sentido ambíguo. O conceito de redes sociais vem sendo empregado com frequência após o advento da internet e a consolidação das tecnologias em saúde. O emprego desta terminologia tem gerado discussões em vários campos do conhecimento, seja em sua 1 "Diabetes mata quatro vezes mais que Aids no Brasil, diz Ministério." 2012. 12 Aug. 2013 <http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2012/11/diabetes-mata-quatro-vezes-mais-que-aids-no-brasil-dizministerio-da-saude.html> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 2 base de origem, o das Ciências Sociais, seja em áreas correlatas que tem a utilização do termo. Apesar de estarmos vivenciando a era da inclusão digital em todo o país, o conceito vernáculo da palavra ainda cria contradições quanto o que realmente se quer dizer quando se fala em redes sociais. Neste sentido, Aurélio nos traz algumas definições, porém de acordo com a proposta do trabalho preferimos utilizar esta. Segundo o autor, rede é definida como: “conjunto de linhas de comunicação interligadas por dispositivos, capazes de receber uma mensagem e fazê-la transitar por estes canais de comunicação, para que, partindo de um ponto de origem, chegue ao seu destino”. (Ferreira, 1999) Pensa-se ser este conceito, o mais adequado quando reporta-se à utilização da internet como um veículo de transmissão não só de aprendizagem, mas de socialização das experiências pessoais e cotidianas. Em análise, depreende-se que os usuários em geral não utilizam por completo todas as ferramentas existentes, mas sim, aquelas que possuem inter-relação com sua vida cotidiana e necessidades. Ao que se refere a vida cotidiana, deparados com situações que até então não se possuía habilidades para lidar e quando as informações obtidas pelos profissionais da saúde não são o suficiente para clarificar o entendimento e a compreensão de determinada patologia, é possível lançar mão do uso da internet onde há disponibilidade de várias homepages, blogs, artigos científicos, dissertações e teses sobre o assunto em voga. A necessidade de um plus, quanto a compreensão dos sintomas objetivos e subjetivos, tratamento, exames diagnósticos, ou até mesmo a participação de grupos de apoio faz com que, indivíduos portadores da doença ou seus cuidadores se tornem grandes conhecedores da patologia em questão. E é, nesta busca do conhecimento, que muitos compartilham suas experiências e vivências reais a fim de poder contribuir e minimizar o impacto e as complicações de patologias crônicas e também compartilhar novos dispositivos que estão sendo utilizados. Segundo o Ministério da Saúde (2006), Diabetes Mellitus(DM) mais conhecido como açúcar no sangue pode ser definida como doença metabólica que tem como característica a hiperglicemia - aumento da glicose no sangue. Este aumento da glicemia, em longo prazo associado a outros fatores de riscos podem causar complicações de cunho cardiovascular, neurológico, renal, ocular e no sistema nervoso incapacitando este indivíduo de desenvolver ou realizar suas atividades laborativas diárias quando não tratada de maneira adequada. Por se tratar de uma doença crônica, a Diabetes Mellitus, como toda e qualquer outra patologia precisa que seu portador seja conhecedor profícuo de seus sintomas objetivos e subjetivos a fim de identificar precocemente quaisquer eventualidades que pode ocorrer tanto com o aumento da glicose – hiperglicemia, quanto a diminuição – hipoglicemia. Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 3 Além de estar a par destas informações, é necessário que o portador desta enfermidade tenha condições de promover o auto-cuidado e que seja informado e conscientizado da importância da adesão tanto ao tratamento farmacológico quanto ao não farmacológico. Quando se trata de profissionais da área da saúde, em alguns momentos não é observado detalhes individuais que fazem a diferença no tratamento deste público alvo. Devido ao uso habitual de terminologia médica há momentos, que não conseguem nivelar a conversa de maneira clara e objetiva, por outro lado os cuidadores possuem informações e questionamentos provenientes das redes sociais, e nem sempre o corpo clínico possui conhecimento, dificultando a empatia necessária entre paciente e profissionais de saúde. Este distanciamento pode trazer consequências drásticas, como a não adesão correta ao tratamento propiciando assim os agravos e complicações da doença. A adesão de maneira consciente permitirá a este indivíduo uma qualidade de vida eficaz, minimizando os riscos e prevenindo as complicações. Porém, nem toda população processa as informações de modo a garantir este padrão de vida, pela maneira que são transmitidas pelos profissionais de saúde, principalmente quanto ao linguajar utilizado durante as consultas. Enquanto formadores de opinião, um dos objetivos principais da assistência primária é a educação em saúde com informações sobre prevenção e promoção. Orientação esta que perpassa pela apreensão do entendimento do paciente sobre o tratamento, o auto-cuidado, a aferição, preparo e a administração de insulina. Entendese que, estes tópicos são importantes para a compreensão do seu estado, dando condições a este indivíduo e aos seus familiares de fazer as devidas intervenções quando forem necessárias. Além das informações sobre o tratamento adequado, cabe aos profissionais da área da saúde darem subsídio tanto ao paciente, quanto aos seus familiares, a respeito das políticas públicas que envolvem o tratamento da doença em questão. O não conhecimento dos direitos providos pelo Estado, em certos momentos pode fazer a diferença entre a qualidade de vida e o adoecimento com agravos à saúde devido às complicações que no transcurso natural da doença pode acontecer. Acredita-se não ser de conhecimento de alguns profissionais de saúde e nem dos usuários dos serviços de atenção básica, os direitos homologados pelo Estado, frisados na Portaria n° 2.583 de 10 de outro de 2007, que define os medicamentos e insumos pelo Sistema Único de Saúde – SUS. Entende-se que, não basta apenas ter uma portaria que define regras, mas sim, um contingente de usuários do serviço a fim de, fazer valer o que é preconizado na devida portaria. A mobilização conjunta destes atores sociais, a solidificação de grupos, associações de pais e amigos, pode ser a mola propulsora quanto à cobrança e a efetivação dessa assistência. Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 4 Enquanto profissionais de saúde, o olhar é direcionado para uma única vertente da moeda. Procurando fazer nosso papel, passando as informações que se acha ser necessário a este usuário, tratar das complicações das doenças e pronto. Ao transitar pelo outro lado da moeda, enquanto agentes vivenciadores do problema é perceptível a falha da prestação do serviço, na aquisição de informações – direitos dos usuários, quanto a patologia em questão. É esta vivência do problema, que direciona à uma reflexão sobre a prática profissional e a possibilidade de contribuir para a melhoria da qualidade de vida destes indivíduos. É neste sentido que o presente trabalho tende a contribuir de maneira holística sobre o problema em questão – Diabetes Melittus. Ora demonstrando a visão do profissional de saúde, que em certos momentos procura tratar os efeitos e não a causa, ora dos pacientes e familiares que vivem o drama de ter ou ser um portador de doença crônica. A ERA DA INFORMAÇÃO Com a popularização das redes sociais, surge um novo paradigma sobre os conceitos e práticas em educação em saúde, uma nova forma de interação social, um novo educar, que se for incorporado as práticas de saúde tradicionais, tendem a contribuir para a melhoria da qualidade de vida e prognóstico da doença. Sabe-se que hoje, as informações sobre a doença não são exclusivas dos médicos e profissionais de saúde, os pacientes em grande maioria, já chegam aos consultórios com diversas informações sobre seus sintomas e resultados de exames. “Dr Google” é uma realidade que veio pra ficar. Dentro das redes sociais, é comum encontrar grupos, páginas e blogs administradas por pacientes, familiares ou profissionais, com informação sobre determinada doença, onde o usuário interage, contribui e tem acesso a informações, antes controlada por profissionais de saúde e o meio científico. É um desafio profissional manter a prática clínica tradicional, apenas com os receituários, medicamentos e protocolos, é preciso incorporar um novo saber, o conhecimento empírico a respeito da própria doença. E as redes sociais podem ser um grande aliado nesta estratégia. As novas tecnologias trazem para o cenário da saúde a oportunidade de conhecer melhor como os pacientes convivem com o diagnóstico e como incorporam o tratamento ao cotidiano. Em alguns momentos, as informações transmitidas pelos profissionais de saúde com a meta para um bom prognóstico divergem do entendimento e das particularidades do paciente, dificultando assim a adesão ao tratamento. Alguns se adaptam as regras médicas, outros rejeitam e há os que buscam seus pares nas redes sociais, em busca de novas interpretações desta realidade vigente. A BUSCA POR PARES. Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 5 “A diabetes é uma doença crônica que pode causar consideráveis restrições físicas, emocionais e sociais, que podem modificar profundamente as várias dimensões da vida das pessoas. Neste contexto, a disponibilidade de apoio social, é hoje aceito como um fator capaz de mitigar a relação entre a doença e a qualidade de vida, pois há razões teóricas e empíricas para acreditar que o apoio social decorrente das relações sociais contribui para o ajustamento e desenvolvimento pessoais, tendo também uma ação mediadora relativamente aos efeitos do stress” (Sarason et al., 1988; Vaz Serra, 1999). As primeiras associações de diabéticos surgiram com o objetivo de expandir as informações, agregar conhecimentos, e buscar melhorias pela qualidade de vida. “Motivados pelo amor a M., começamos a ter vontade de expandir as informações, a proporcionar a todos os pais as informações que tivemos. Foi muito importante ter com quem conversar, trocar informações, ideias.” (Ronald Carvalho, fundador da ADJ, 2010) Criada em 1980, a Associação de Diabetes Juvenil (ADJ) foi fundada por Ronald Carvalho em parceria com alguns pais, inicialmente os encontros aconteciam em sua casa, eram reuniões sociais, onde os pais das crianças com diabetes conversavam sobre suas inseguranças em relação a doença e trocavam informações e experiências vividas. Hoje a ADJ é uma das maiores associações do país, com uma média de 18 mil associados, sendo 90% no Estado de São Paulo, e atende diabéticos de todas as idades. No geral, as associações tem por missão, promover a educação em diabetes para seus portadores, familiares, profissionais de saúde e comunidade, favorecendo qualidade de vida, e possuem um conselho consultivo formado por médicos especialistas. E isso, a difere dos grupos e relações nas redes sociais, onde não há uma troca de informações “moderada” por um profissional de saúde, o que é facilitado no ambiente formal das associações. Com o surgimento das redes sociais, começaram as interações, independente do espaço físico, o agrupamento por pares se dá no espaço virtual. Não há necessidade de deslocamento geográfico para encontrar seus pares. Mas isso não quer dizer que as redes sociais, chegaram para substituir as associações, ou grupos multidisciplinares. O afeto real ainda é insubstituível. A exemplo das associações, nas redes sociais, é possível ter acesso a informações que levam a melhoria da qualidade de vida, e ao bom prognóstico da doença. Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 6 A Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) lançou uma cartilha educativa que aborda os seguintes tópicos: “Cuidados com os dentes. Transportando a insulina. Armazenamento a insulina. Como aplicar insulina. Baixa de açúcar (Hipoglicemia). Gravidez e Diabetes. Entupimento das Artérias. Rins e Diabetes. Olhos & Diabetes. Neuropatias e importâncias. Cuidados com os pés. Exercícios e Diabetes, Mexa-se. Dieta e Diabetes. Comprimidos para Diabetes. Diagnósticos e acompanhamento. Grupos de risco. O que é Diabetes. Diabetes sem medo, controlar é o segredo.” São assuntos abordados diariamente nas redes sociais, porém com um diferente olhar, não mais o olhar do diagnóstico, mas da prevenção, da adaptação, numa linguagem mais acessível a todas as camadas sociais. As conversas acontecem em tempo real, correspondendo às demandas imediatas ou cotidianas. Para todas as dúvidas, as repostas surgem, de algum lugar do planeta, com as mais variadas vivências para uma mesma realidade. Palavras de conforto, de esperança, de incentivo, sempre estão entre os comentários, e as críticas também. “Como em tudo na net, tem de tudo. Coisa que cola, gente com afinidades, coisa que não cola de jeito nenhum, coisa que presta e que não presta, gente simpática e o contrário. Mas, com a diferença que todo mundo sabe do que você está falando, e muita gente ali, e isso é incrível, quer deixar uma palavra pra te ajudar. Cada um à sua maneira. A esperança começa a voltar a crescer, a Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 7 solidariedade toca fundo! Claro que há abordagens diferentes, que às vezes chateiam porque cada um tem um tempo diferente pra encarar, aceitar. Há uns para quem esse tempo não chega nunca e eles administram de outra forma. Mas a maioria se respeita e se vira.” Yara Rocha – Paris, 2012.2 A comunicação vai além das fronteiras, brasileiros em outros países buscam na linguagem de origem, uma forma mais simples de entender a própria realidade. Portugal também tem uma presença forte no grupos formados por brasileiros: “Eu quero tanto ter mais coragem e ser mais otimista, mas não tenho conseguido. Sou uma Mãe de três rapazes e uma rapariga, ela é o nosso docinho, há três meses foi diagnosticada o Diabete nela, ela tinha 6 anos e tudo esta difícil desde então. Nós ainda não nos acostumamos com tudo isso que estamos vivendo e lendo o que você escreveu sinto que tenho que mudar urgente mas não tenho conseguido, sei que preciso pensar diferente mas é dificil...” R. de C. A. - Lisboa, Portugal, 2013. Por vezes, informações sobre como obter medicamentos se confundem, pois a Europa é mais atualizada em termos de medicamentos e de dispensação por parte do governo. Independente do acesso a tecnologias para o tratamento, a interação entre pares é princípio básico para quem convive com a doença. Diversidade em um único ambiente, por um único saber: Diabetes. E quem faz a mistura é o Google. No primeiro momento pós diagnóstico, as dúvidas, as incertezas não são satisfeitas com as informações médicas, as diretrizes sobre as mudanças permanentes da vida e os riscos caso não sejam seguidas, atormentam e confundem, é no Google que muitos encontram alívio, se direcionando a blogs escritos por também pacientes, com depoimentos e dicas de quem já passou por esta mesma situação. “Quando voltamos para casa, estava muito nervosa, sem saber como fazer, não queria ver minha filha internada novamente, foi muito dolorido vê-la tão pequena com soro nas veias por 7 dias, reclamava muito. 2 Sarah Rubia Nunes. "Por Yara Rocha | Depoimentos sobre Diabetes." 2012. 10 Aug. 2013 <http://depoimentosdiabetes.blogspot.com/2012/06/por-yara-rocha.html> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 8 Comecei minha busca na internet, queria ler sobre casos de crianças pequenas com diabetes e entrei em vários blogs, foi onde consegui minha primeira ajuda, pois não sabia que o governo fornecia os insumos, insulinas e ela me deu toda informação. Depois fui para o bate papo no facebook e tudo começou a mudar, pois comecei a ter mais segurança e ver que se as mães conseguiam eu também ia conseguir.” Shyrlene Costa - SP, 2012.3 A força para muitos vem dos blogs e das redes sociais, passa a ser possível projetar um futuro sem as sequelas que o descontrole da doença pode trazer. Mas ainda há os que se trancam em seus medos e dúvidas, e somente buscam outros indivíduos em igual condição quando fica difícil não ter quem entenda sua rotina e suas necessidades, e o risco se torna real, pois cada ano de descontrole, pode ser descontado, sem perdão. “As redes sociais e o bate papo sobre diabetes mudaram o tratamento. Eu diria que houve 100% de mudança! Me trouxe mais segurança, mais informações do bem, boa notícias, pessoas que passaram e que passam pelos mesmo problemas que eu.” Denise Vieira - RN, 2012.4 Mudam as palavras, as famílias, mas nunca o sentimento de alívio ao ter encontrado pessoas iguais, depoimentos de quem vive a mesma história, a necessidade de um referencial positivo e de esperança. “Olá, descobri a duas semanas que meu filho de 8 anos tem dm1, foi um choque, ainda estou meio perdida. Ficamos uma semana no hospital até receber alta e começar uma vida nova, ainda não sei muito sobre a doença mas me assusto a cada matéria que eu leio, gostaria de compartilhar esse momento com mães mais experientes para me acalmar e me dar conselhos.....obrigada!!!” Simone Monteiro, 20135 por As informações médicas em alguns casos limitam sonhos, não permitem decidir um futuro entendendo as próprias possibilidades, incluindo os riscos. 3 Sarah Rubia Nunes. "Por Shyrlene Costa | Depoimentos sobre Diabetes." 2012. 10 Aug. 2013 <http://depoimentosdiabetes.blogspot.com/2012/06/por-shyrlene-costa.html> 4 Sarah Rubia Nunes. "Por Denise Vieira | Depoimentos sobre Diabetes." 2012. 11 Aug. 2013 <http://depoimentosdiabetes.blogspot.com/2012/06/por-ricardo-sampaio.html> 5 Sarah Rubia Nunes. "Eu, meu filho e o Diabetes." 2010. 11 Aug. 2013 <http://eumeufilhoeodiabetes.blogspot.com/> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 9 “Boa Tarde, meu nome é Ellen, tenho 28 anos e descobri que tenho diabetes tipo 1 há cinco meses. No início foi um choque pra todos, tinha apenas uma semana de casada quando passei muito mal e até descobrirmos o que era perdi 7 quilos. Minha glicose chegou próximo aos 650. Hoje graças a Deus estou muito bem. Acabei de pegar o resultado da Hemoglobina glicosilada e deu 5,8. Adorei encontrar esse blog e gostaria de compartilhar informações sobre a diabetes tipo 1 e a gravidez, pretendo engravidar logo logo... tem muitas complicações???” Ellen C. Monteiro, 20136 Quando um médico diz que diabético pode ter uma vida normal, é difícil para o paciente em um primeiro momento acreditar que tudo pode transcorrer normalmente, tendo na rotina múltiplas picadas, testes de glicemia, pesar todo o alimento, contar carboidratos, tudo isso para garantir um valor glicêmico mais próximo do normal possível, geralmente a apresentação de quem chega é o resultado da última hemoglobina glicada 7(Hb1Ac), para quem conhece o controle de diabetes, é possível perceber se existe ou não um bom controle glicêmico, de acordo com os valores de referência. Tais considerações facilitam uma recepção adequada. É importante ressaltar que nem sempre o resultado alterado é por falta de adesão do paciente ao tratamento, em algum momento do processo talvez este não fora orientado adequadamente pela equipe médica ou de enfermagem. Segundo a Drª Graça Camara, Coordenadora do Departamento de Psicologia da Sociedade Brasileira de Diabetes - SBD, isso pode trazer alguns riscos em termos de adesão ao tratamento clínico. “Os riscos são quanto à insegurança que uma pessoa ou família pode ter ao compreender que o profissional que o acompanha não está fazendo o melhor, e questiona suas orientações, muda de profissional constantemente, não aguarda seus próprios resultados.” Drª Graça Camara, 2013. Embora, seja sempre exposto que o resultado da Hemoglobina Glicada sozinho, não determina bom ou mau controle da doença, existe sim, uma vontade extrema de estar com os resultados dentro dos parâmetros estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Diabetes. Sendo esse, um dos principais pontos não explorados pelos médicos ou profissionais da saúde nas redes sociais. 6 Sarah Rubia Nunes. "Eu, meu filho e o Diabetes: 4 anos convivendo com o Diabetes." 2013. 10 Aug. 2013 <http://eumeufilhoeodiabetes.blogspot.com/2013/07/4-anos-convivendo-com-o-diabetes.html> 7 "A importância da dosagem da hemoglobina glicada A1C - Fleury." 2012. 10 Aug. 2013 <http://www.fleury.com.br/revista/artigos/Pages/a-importancia-da-dosagem-da-hemoglobina-glicadaA1C.aspx> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 10 A Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda que para um bom controle do diabetes é preciso manter uma hemoglobina glicada menor que 7%, salvo crianças e idosos, que para diminuir os riscos de hipoglicemia é tolerável valores até 8%. Se o paciente está fora dessa meta, ela entende que está em risco, e é natural que busque outras alternativas quando não há possibilidade de diálogo com o médico, parece ser mais fácil mudar de médico, do que sanar dúvidas, apenas ouvir que a internet está cheia de mentiras, não é o suficiente. O paciente conhece pessoas reais, que apresentam resultados satisfatórios, ele quer saber porque seus resultados não são iguais. Entre as pessoas que acompanham blogs ou fanpages e fazem parte dos grupos, estão outros membros da família, considerados cuidadores indiretos, que são parte daquele espaço virtual. E de certa forma, todos que convivem com o diabético, precisam lidar com situações de emergência-urgência, ou pelo menos estarem atentos a ela. “Olá! Eu morro de medo de hipoglicemia... Minha irmã é diabética e uma vez teve uma hipo durante o sono. Minha mãe ouviu quando ela deu um gemido estranho e foi correndo pro quarto dela. Quando chegou lá encontrou minha irmã se debatendo na cama, de repente ela parou. Meu pai viu que ela não estava respirando e iniciou os procedimentos de primeiros socorros. Minha mãe travou, levou alguns segundos até ela conseguir reagir, ir na cozinha e pegar mel para dar à minha irmã. Conseguiram estabilizar minha irmã, mas ela não reconhecia ninguém, gritava como se meus pais fossem uns monstros. Conseguiram acalmá-la e a levaram de carro pro hospital e ela ficou internada por quase uma semana. Passou o Natal no hospital. E ela simplesmente não lembra de nada do que aconteceu naquele dia. Ela diz que foi dormir na cama dela e acordou no hospital. Isso tudo marcou a gente, estamos sempre apreensivos com as hipos dela.” Melissa Alves, 2012.8 Depois da busca pelos pares, da interação, começa o estreitamento dos laços de amizades por afinidades, geralmente esse processo tem a localização geográfica como critério, embora as particularidades do tratamento ou outras doenças auto imunes sejam também fatores determinantes. 8 Sarah Rubia Nunes. "Eu, meu filho e o Diabetes: FÉRIAS E O MEDO DE HIPOGLICEMIA." 2012. 10 Aug. 2013 <http://eumeufilhoeodiabetes.blogspot.com/2012/12/ferias-e-o-medo-de-hipoglicemia.html> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 11 O COTIDIANO DAS REDES SOCIAS “Para muitos diabéticos é fundamental sentir que existe um espaço em que podem conversar com outros que se encontram na mesma situação, que partilham os mesmos medos, preocupações, problemas, ansiedades e dificuldades e aprender estratégias para lidar com as situações mais difíceis com que se confrontam no seu quotidiano. Estimular a construção de conhecimentos por meio de uma perspectiva relacional e interactiva em que os problemas e as soluções são partilhados num ambiente empático, seguro e contentor, tem mostrado ser uma estratégia efectiva de promoção da saúde, ao mesmo tempo que dá resposta a um maior número de pedidos, optimizando os recursos técnicos das instituições.” (Patrícia António, A Psicologia e a doença crónica: Intervenção em grupo na diabetes Mellitus, Psic., Saúde & Doenças v.11 n.1 Lisboa, 2010) 9 As instituições de saúde e médicos, ainda tem a tradição de manter certa superioridade sobre o paciente, e as redes sociais chegaram para quebrar esse paradigma. Paciente aprende com o médico, e médico se aperfeiçoa com o conhecimento adquirido com o paciente. O paciente não quer ouvir falar apenas da doença, ele não é uma doença, ele é antes de mais nada um ser humano com particularidades e não deseja que toda a sua complexidade seja ignorada. Não é possível falar sobre educação em diabetes ou em outras doenças crônicas, quando a vivência do paciente é ignorada. Esse paciente quer contar as experiências que fez no próprio tratamento e obteve sucesso. É certo que algumas vezes esse sucesso pode ser ilusão, mas ele quer entender essa ilusão, ele quer explicações convincentes. Sugere-se a história contada no filme “O óleo de Lorenzo” que retrata bem esta temática. Nas redes sociais é possível encontrar pessoas com as mais diferentes condutas terapêuticas, desde insulinas humanas10 (NPH e R) fornecidas gratuitamente11 pelo SUS a bomba de insulina12, fornecidas pelo SUS mediante a processo judicial, alguns adeptos de ervas medicinais, pessoas com restrições alimentares a pessoas com a 9 António, P. "Psicologia, Saúde & Doenças - A Psicologia e a doença crônica ..." 2012. <http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?pid=S1645-00862010000100002&script=sci_arttext> 10 "Tipos de Insulina - Anad." 2011. 10 Aug. 2013 <http://www.anad.org.br/institucional/Tipos.asp> 11 "Farmácia Popular: mais um medicamento gratuito para diabéticos." 2011. 10 Aug. 2013 <http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area=124&C O_NOTICIA=12204> 12 "Prós e contras da bomba de insulina | Diet Blog – Diabetes Sem ..." 2011. 11 Aug. 2013 <http://www.adj.org.br/blog/2011/03/07/pros-e-contras-da-bomba-de-insulina/> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 12 alimentação mais flexível por que fazem 13contagem de carboidratos, e muitas vezes o diabético com bomba de insulina não esta melhor controlado em relação ao que usa NPH ainda na seringa, embora a diferença de investimento financeiro por parte do SUS seja desproporcional aos resultados. Com relação a bomba de insulina o que ocorre em muitos casos em resultados de controle não promissores, é a falta de informação e orientação em como manusear e utilizar todos os recursos dessa tecnologia, as vezes nem os médicos estão preparados para isso. Influenciados pela indústria farmacêutica, ou mesmo por insistência do paciente médicos receitam terapias mais modernas e mais eficazes, quando ainda não entendem o metabolismo deste diabético a ponto de explorar o máximo do potencial das terapias disponíveis, enquanto outros compreendem a complexidade do SUS e trazem o paciente para o comprometimento com o tratamento, sendo dispensável terapias mais modernas. A questão colocada nas redes sociais é, os profissionais de saúde sabem lidar com diabetes? Alguns médicos mantêm o protocolo de alimentação restrita, condenam a contagem de carboidratos, não é possível saber se é porque requer tempo, ou se desconhecem o procedimento, mas hoje por experiência empírica percebe-se que alguns alimentos diet tem igual reflexo nos valores glicêmicos que os alimentos com açúcar. O diagnóstico de diabetes é responsável por mudanças consideráveis no cotidiano das famílias, o tipo 1 em especial, descoberto na infância ou adolescência, causa transformações nas famílias. Em uma primeira instância, os portadores ou seus cuidadores buscam o conforto emocional, quando este é conquistado, o conforto físico se torna indispensável. Neste sentido, o mercado farmacêutico disponibiliza diversas alternativas de seringas, a diferentes tipos de lancetas, menos dolorosas, não oferecidos pelo SUS. Mesmo sendo insumos sem muita complexidade tecnológica e de igual material, possuem preços superiores as tradicionais. Neste viés, tanto os pacientes quanto os seus cuidadores procuram entender porque seus preços são tão altos, entretanto se ajudam, com trocas ou doações em grupos específicos, para que não falte o necessário, a longo prazo se auxiliam em processos judiciais para garantir o fornecimento pelo SUS, trocando assim o impacto financeiro de mãos, o que antes impactava a família, a longo prazo vai impactando o SUS. “O tratamento desencadeia desequilíbrio financeiro e também impinge grandes limitações à vida social da família, que principalmente no início, deixa de freqüentar festas, onde o filho ficaria exposto a alimentos que não pode mais ingerir. Os irmãos 13 "Manual de Contagem de Carboidratos - Sociedade Brasileira de ..." 2010. 10 Aug. 2013 <http://www.diabetes.org.br/attachments/246_manual_oficial_contagem_carboidratos_2009.pdf> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 13 deixam de freqüentar muitos lugares que gostavam de ir porque o restante da família não pode ir junto. Os pais deixam de sair sozinhos para não deixar o filho sozinho. O filho diabético também é privado de sair sozinho, pois, os pais temem a possibilidade de acontecer uma descompensação a qualquer momento.” (Nunes MDR, Dupas G, Ferreira NMLA. Revista Eletrônica de Enfermagem, Jan-Abr,2007)14 Quando um paciente aceita e decide enfrentar a doença, ele compreende que precisa ser um agente ativo nas transformações necessárias para que ele possa ter acesso a tudo que precisa para um controle eficaz de sua doença. E a interação com pessoas que já avançaram nessas conquistas é de suma importância. Embora existam centenas de páginas oficiais, a interação entre os administradores e seus seguidores e leitores eventuais, permanece meramente informativa, em um antigo modelo. A ausência da experiência com determinadas situações, confundem o paciente, pois não há um debate sobre a situação exposta, ou pelo menos não há um estímulo para que ele aconteça. No campo da saúde, a comunicação não se dissocia da noção de direito, é dirigida a “cidadãos”, objetiva o aperfeiçoamento de um sistema publico de saúde em todas suas dimensões e a participação efetiva das pessoas na construção dessa possibilidade. Em consequência, não pode se limitar a ter a persuasão como estratégia, nem trabalhar apenas com a ideia de divulgação: o objetivo deve ser, minimamente, estabelecer um debate público sobre temas de interesse e garantir às pessoas informações suficientes para a ampliação de sua participação cidadã nas politicas de saúde. (pág. 61) Muitos pensam que, com o uso de meios evoluídos tecnologicamente, também se está evoluindo na pratica comunicativa: tomando um exemplo, em vez de cartilha, a internet. Este fenômeno de substituição tecnológica sem se alterar os pressupostos não é novo, precisamos prudência. Ou, no outro extremo, precisamos radicalizar: se se apresenta como novo, então que seja novo em toda sua plenitude. A capacidade de mobilização da sociedade foi alterada e potencializada; não temos mais a militância de rua, temos de Internet; mais gente se incorporou às causas coletivas. Temos um cenário que obriga a pensar (pag. 117) [COMUNICAÇÃO E SAÚDE, editora Fiocruz] 14 "Diabetes na infância/adolescência: conhecendo a dinâmica familiar." 2012. 10 Aug. 2013 <http://www.fen.ufg.br/fen_revista/v9/n1/v9n1a09.htm> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 14 O Brasil ocupa a 4ª posição entre os países com maior prevalência de diabetes: 13.4 milhões de pessoas portadoras de diabetes. Isto corresponde a aproximadamente 6.5% da população entre 20 e 79 anos de idade. Ainda não entendemos porque os menores de 20 anos não são contabilizados, já que Diabetes Mellitus tipo 1, mesmo não sendo maioria deste percentual, tem um peso quanto as sequelas, e são diagnosticados geralmente na infância ou adolescência. Não se sabe quantas crianças tem diabetes no mundo, mas é fato que trata-se de uma epidemia crescente e assustadora, e como não há prevenção para este tipo de diabetes, o único meio de controlar a doença nestes pacientes é a educação, que apresentou-se falha em estudos recentes. De acordo com a endocrinologista Marilia de Brito Gomes, que coordenou o “Estudo multicêntrico de diabetes tipo 1 no Brasil” com o apoio da Fundação Oswaldo Cruz e da Sociedade Brasileira de Diabetes entre 2008 e 2010, “71,5% dos pacientes, teve o diagnóstico antes dos 15 anos, e cerca de 20% antes dos 5 anos. Isto significa que a doença tem início precoce e, portanto, apresenta uma maior chance de evolução para problemas crônicos, o que implica em maior custo para o Sistema Único de Saúde e a sociedade como um todo”, e conclui: “Nossos dados ratificam a necessidade de programas eficazes de educação em saúde no Brasil”,15 Pois concluiu que apenas 15% dos diabéticos estão controlados. Ressaltando que nem todo o paciente está conectado em rede, e que as possibilidades e necessidades vão além das redes sociais, e que a baixa escolaridade associada a baixa renda econômica é uma das barreiras encontradas pelo paciente, tornando assim, este último um dos principais fatores de risco. DA NECESSIDADE EM DIABETES MELLITUS Está claro que profissionais da saúde, portadores de diabetes e o Sistema Único de Saúde precisam ampliar as fronteiras da comunicação e da educação em saúde, e é preocupante a insistência em práticas discursivas, onde acredita-se que ainda é possível controlar e moldar o paciente com informações limitadas, ignorando seus questionamentos e suas vivências, evitando assim o crescimento pessoal enquanto indivíduo, colocando o paciente como expectador da própria existência. A fala de Paulo Freire em Educação Como Prática da Liberdade, é adequado quando o assunto é educação em diabetes, ou qualquer outra doença crônica que requer controle e cuidados, por falta de um processo educativo adequado, o paciente deixa de se sentir parte do tratamento, e perde o direito de tomar decisões importantes sobre ele: 15 "Estudo inédito mostra que o diabetes está fora de controle no Brasil." 2011. 10 Aug. 2013 <http://www.diabetes.org.br/centros-e-instituicoes/1865-estudo-inedito-mostra-que-o-diabetes-esta-forade-controle-no-brasil> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 15 “uma das grandes, se não a maior, tragédia do homem moderno, está em que é hoje dominado pela força dos mitos e comandado pela publicidade organizada, ideológica ou não, e por isso vem renunciando cada vez, sem o saber, à sua capacidade de decidir. Vem sendo expulso da órbita das decisões. As tarefas de seu tempo não são captadas pelo homem simples, mas a ele apresentadas por uma “elite” que as interpreta e lhas entrega em forma de receita, de prescrição a ser seguida. E, quando julga que se salva seguindo as prescrições, afoga-se no anonimato nivelador da massificação, sem esperança e sem fé, domesticado e acomodado: já não é sujeito. Rebaixa-se a puro objeto. Coisificase.” Freire, Paulo. Educação como prática da liberdade. O processo educativo multidisplinar e diabetes devem estar entrelaçados, para que o paciente não perca a percepção de si mesmo, e seja conhecedor de suas possibilidades. É constrangedor perceber como o paciente vê o próprio tratamento, a própria condição sem perceber os riscos, muitas vezes sem saber que pode optar por algo mais justo, mais humano, que pode questionar, e indo além, é vergonhoso o olhar do SUS ao paciente, prova disso é a publicação no site do Ministério da Saúde, o Autocuidado Diabetes, onde a senhora Vera Lúcia decidiu contar a sua história: “Eu não faço a medição com o aparelhinho porque não tenho condições de comprar. Só faço de vez em quando, porque o meu filho tem o aparelhinho. E ele precisa, porque toma dois tipos de insulina. Então eu não posso usar muito as fitas dele, porque senão ele fica sem.[...] Mas é difícil. Nem sempre a gente pode fazer como os médicos pedem... Os remédios, eu consigo pelo posto. Mas teve um comprimido que eles me recomendaram que eu não pude comprar. Era mais de R$ 100,00. Daí fica caro. Porque não sou só eu que tenho que fazer o tratamento. Somos três na família...então fica pesado.” (Publicado no site Autocuidado Diabetes Vera Lúcia Garcia Duarte, 2013.)16 A impossibilidade de interação nesta e outras publicações do Ministério da Saúde acontece por serem fechadas a comentários, comparadas com as publicações nos blogs e fanpages administrados por pacientes, é um ponto negativo para o SUS, pois ao contrário do que aconteceu nesta situação em especial, rapidamente, esta usuária do SUS seria orientada por outros pacientes, sobre a legislação17 e portaria18 16 "Depoimento de Vera Lúcia Garcia Duarte - Autocuidado." 2012. 10 Aug. 2013 <http://autocuidado.saude.gov.br/suahistoria/relato/20> 17 "Lei nº 11.347 - Presidência da República." 2006. 10 Aug. 2013 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11347.htm> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 16 em vigor, que lhe dão o direito a receber, todos os insumos necessários19, e principalmente, receberia um alerta sobre os riscos imediatos. Frequentemente percebe-se o descaso do SUS nas redes sociais, e é marcante a inercia dos perfis oficiais, uma imagem falando da falta de insumos, insulinas é o suficiente para se obter depoimentos como o da Senhora Vera Lúcia. Depois da popularização das redes sociais, não é adequado continuar com o discurso de que o SUS é descentralizado, que a falta de recursos é uma situação isolada, é indicado direcionar fiscalizações, apurar fatos que atentem contra a saúde pública. E dentro desse contexto buscar melhorias, tanto para o SUS quanto para o paciente. Quando se fala de tratamento de diabetes, automaticamente o olhar é levado ao futuro, evitar as sequelas, sendo que para evitá-las, é preciso cuidar do agora, e essa condição é urgente pois os números referentes a amputações, cegueira, e morte decorrente de Diabetes são alarmantes, e muitas internações podem ser evitadas. Controlar doenças crônicas ao longo da vida, pode tornar-se cansativo, tedioso, e pelo desenvolvimento silencioso das sequelas, diabetes é uma das doenças crônicas mais propensas ao desleixo do paciente. É preciso deixar o modelo de cartilhas virtuais de lado e abrir o diálogo em busca de soluções, tirar um pouco o foco das sequelas e colocá-lo no controle, em qualidade de vida, trazer o indivíduo para dentro do tratamento de diabetes apresentando-lhe um novo estilo de vida. Assim o controle é visto dentro das redes sociais. É priorizado a busca pelo prazer nas atividades físicas, a apreciação da boa alimentação, usando toda a rotina em favor da tão sonhada qualidade de vida, e os cuidados clínicos, que são de suma importância, perdem a aparência de fardo, minimizando a dor, e facilitando a aceitação como um detalhe necessário e indispensável. O bem estar físico, mental e social que descreve saúde segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é alcançado, e dificilmente este paciente deixará de cuidar de si, pois entende a totalidade do tratamento. Em 1988, foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), ficou estabelecido cinco princípios básicos que orientam o sistema, a universalidade, a integralidade, a equidade, a descentralização e a participação popular. O SUS está comprometido em: prevenir, cuidar, proteger, tratar, recuperar, promover, enfim, produzir saúde 20. Diante do exposto, acredita-se que os portadores de Diabetes Mellitus organizados nas redes sociais, tem muito a contribuir, com o conhecimento empírico, baseado no senso comum, tendo esse conhecimento relevâncias significativas na aplicação dos princípios 18 "Parecer sobre diabetes e uso de insulinas análogas - Ministério da ..." 2013. 10 Aug. 2013 <http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2013/Jan/25/tesediabetesinsulinas.pdf> 19 "INSUMOS E PRODUTOS PARA O TRATAMENTO - adies." 2012. 10 Aug. 2013 <http://adies.com.br/site/a-diabetes/insumos-e-produtos-para-o-tratamento/> 20 "Cartilhas e doc. base - HumanizaSUS 2011 - BVS Ministério da Saúde." 2011. 10 Aug. 2013 <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_textos_cartilhas_politica_humanizacao.pdf> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 17 básicos do SUS. Desviar o olhar do futuro, e perceber o presente com todas as mudanças que urgem além das fronteiras, deve ser foco de debates públicos em rede, a exemplo do que tem sido praticado nos blog, grupos e fanpages do facebook em questão. Na dinâmica dos blogs o autor expõe a opinião pessoal sobre determinado tema, ou a sua vivência, há uma identificação entre os leitores, eles comentam. Nas postagens tem botões de compartilhamentos, que com um clique, pode-se compartilhar em várias redes sociais diferentes, ou mesmo enviar por e-mail o conteúdo da publicação. Há opção de assinar feeds. Alguns blogs, contam com outros aplicativos do facebook, onde os comentários são vistos no blog e no perfil do usuário, e podem ser respondidos, tanto do blog, para quem não é adicionado ao perfil de quem comentou, quanto pelo facebook, e não precisa necessariamente entrar no blog. É possível adicionar vários aplicativos de redes sociais, onde fica visível as últimas publicações do autor dentro das redes sociais. As fanpages do facebook, quando o administrador é autor de um blog, o nome e layout seguem iguais, e também a mesma linha de publicações, com o diferencial, que ao longo do dia, várias pequenas publicações são feitas, no formato de frases, imagens representativas e compartilhamentos de assuntos que tenham relevância sobre os objetivos da fanpage. Os aplicativos disponíveis possibilitam dentro da plataforma do facebook a leitura das postagens do blog, sem precisar sair dela, e/ou a exposição de canais de videos assim como criar um agregador de conteúdo. Apesar de existirem várias fanpages que abordam diabetes a partir do olhar do paciente, a conotação ao falar de um mesmo assunto, as distingue uma das outras, portanto não é enfadonho curtir as várias existentes. Os grupos são fechados, possuem moderadores, apenas um deles tem um profissional de saúde como moderador, geralmente são pacientes com muito tempo de diagnóstico, ou familiares. Possuem alguns problemas de relacionamento, mas no geral todos se respeitam. Pessoas desabafam, se indignam, pedem ajuda, tiram dúvidas, muitas vezes a moderação precisa intervir por entender que a conversa esta caminhando para uma consulta médica, onde outro paciente está interferindo nas dosagens de insulina e/ou outros medicamentos sem levar em conta outros fatores, que são de conhecimento médico. Embora exista perfis médicos presentes nos grupos, dificilmente interferem. Em princípio era apenas um grupo, o Bate-papo Diabetes, houve a necessidade de criar outros grupos para separar alguns assuntos, as trocas e doações precisavam de um espaço próprio. Depois foram os blogueiros e por último, as mães de crianças portadoras de diabetes. Não da para quantificar, pois alguns usuários participam de todos os grupos, julga-se que uma média de 2.500 perfis participe desta rede. Existem vários grupos no facebook sobre diabetes, este trabalho refere-se apenas a quatro deles, Bate-papo Diabetes, Blogueiros de Diabetes, Doação (Diabetes) Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 18 e Mães de DM1 na Madrugada. Algumas mobilizações surgem a partir dos debates nestes grupos. Um exemplo disto, foi uma campanha que mesmo sendo um problema regional, muitos perfis publicaram a rejeição ao glicosímetro da marca CEPA distribuído pelo SUS21, de tecnologia chinesa que colocava a vida de diabéticos de Minas Gerais em risco, o que levou o Ministério Público a impugnar a distribuição. 22 As associações que defendem os direitos dos diabéticos se manifestaram apenas depois do crescimento da campanha no facebook. A mais recente campanha23, é sobre mudanças no protocolo de atendimento de urgências-emergências, a partir de debates, entendeu-se que o teste de glicemia24 deve ser obrigatório antes de qualquer procedimento, pois a ausência dele coloca diabéticos em risco. Estes espaços nas redes sociais, agregam conhecimento, não só informações, mas foi a partir delas que chegaram ao conhecimento empírico de viver bem com diabetes. Os questionamentos e ações existentes nestes espaços, refletem a vivência de aproximadamente 5% da população brasileira. É necessário que essas redes formadas por pacientes de várias partes do Brasil, sejam aprimoradas e alvo de pesquisas que direcionem o melhor caminho para o enfrentamento de Diabetes Mellitus. CONCLUSÃO Mediante aos fatos expostos aqui por um profissional da área da saúde e por uma blogueira, ativista em saúde nas redes sociais e mãe de uma criança portadora de Diabetes Mellitus Tipo 1, percebe-se a necessidade de fomentar meios de discussão para que possa haver aproximações entre estes sujeitos. Evidencia-se que a dialética da intersubjetividade de ambos possa ser uma das saídas encontradas na tentativa de estreitamento de laços e informações. Neste sentido é possível entender que a inclusão das redes socias - internet é uma ferramenta imprescindível tanto para a formação permanente dos profissionais da área da saúde, como também fonte de informações a pacientes e seus cuidadores, desde que esta rede, blogs ou fanpage atenda alguns requisitos básicos como: qualidade da informação veiculada; a confiabilidade, precisão das informações. Todavia, esta ferramenta não deve ser uma multiplicadora da inércia mental ou 21 "glicosímetro CEPA | Minha Filha Diabética." 2013. 12 Aug. 2013 <http://minhafilhadiabetica.com/tag/glicosimetro-cepa/> 22 "MP condena glicosímetro distribuído na rede pública de saúde em ..." 2013. 12 Aug. 2013 <http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/07/23/interna_gerais,426470/mp-condena-glicosimetrodistribuido-na-rede-publica-de-saude-em-minas.shtml> 23 "Pela obrigatoriedade do Teste de Glicemia nos Hospitais e Prontos ..." 2013. 12 Aug. 2013 <http://www.youtube.com/watch?v=LNwHWtYwdks> 24 "Teste de Glicemia Obrigatório | Facebook." 2013. 12 Aug. 2013 <https://www.facebook.com/TesteDeGlicemiaObrigatorio> Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 19 profissional mas sim, uma ferramenta que possa contribuir para o fomento de discussão nos campos da saúde e áreas afins. Acredita-se ser nesta comunhão de instrumentos e ferramentas que permeiam e abarcam o conhecimento no século XXI a estratégia para que em um futuro próximo possamos ter meios de comunicação com qualidade e excelência contribuindo de maneira significativa para a qualidade de vida de pessoas que sofram de alguma enfermidade. Imagens: 1. Infografico <https://docs.google.com/file/d/0B9Euhx94ddI4LUE2aThTRUlVM2M/edit?usp=sharing> Glossário: 1. Blog:25 são páginas na Internet onde as pessoas escrevem sobre diversos assuntos de seu interesse que podem vir acompanhadas de figuras e sons de maneira dinâmica e fácil além de outras pessoas poderem colocar comentários sobre o que está sendo escrito. 2. Fanpage:26 São páginas de fãs (fan pages) existem para que as organizações, empresas, celebridades e bandas transmitam muitas informações ao seus seguidores ou ao público que escolher se conectar a elas. Semelhante aos perfis, as Páginas podem ser aprimoradas com aplicativos que ajudem as entidades a se comunicarem e interagirem com o seu público e adquirirem novos usuários por recomendações de amigos, históricos dos Feeds de notícias, eventos do Facebook e muito mais. 3. Hb1Ac: O Termo genérico “hemoglobina Glicada” refere-se um conjunto de substâncias formadas com base em reações entre a Hemoglobina A (HbA) e alguns açúcares. A1C é um componente menor da hemoglobina, sendo encontrada em indivíduos não diabéticos em uma proporção de 1% a 4% dos indivíduos normais. Na prática, valores normais de referência vão de 4% a 6%. Níveis de A1C acima de 7% estão associados a um risco progressivamente maior de complicações crônicas. Por isso, o conceito atual de tratamento de diabetes define a meta de 7%. (Posicionamento da Sociedade Brasileira de Diabetes: Atualização sobre Hemoglobina Glicada para Avaliação do Controle Glicêmico e para o Diagnóstico do Diabetes, 2009 4. Hiperglicemia: é o excesso de glicose no sangue, é considerado hiperglicemia em jejum valores acima de 99mg/dl e depois de comer valores acima de 140mg/dl. 5. Hipoglicemia: é a baixa concentração de glicose no sangue, é considerado hipoglicemia valores abaixo de 70mg/dl. 6. Insumos: Canetas para a aplicação de insulina e agulhas para canetas ou seringas de insulina com agulhas acopladas, glicosímetro, tiras reagentes para o teste de glicemia, lancetador e lancetas para furar o dedo para o teste. Consultoria: 25 "O que são blogs." 2006. 11 Aug. 2013 <http://penta3.ufrgs.br/PEAD/Semana01/blogs_conceitos.pdf> Matheus Beck. "Utilizando o Facebook para melhorar seus negócios." 2013. 11 Aug. 2013 <http://papodeblogueiros.com/utilizando-o-facebook-para-melhorar-seus-negocios/> 26 Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 20 1. Graça Maria de Carvalho Camara. Presidente COF do Conselho Regional de Psicologia - SP*. Coord. Dep. de Psicologia da Sociedade Brasileira de Diabetes - SBD. Membro do Conselho Consultivo da Associação de Diabetes BrasilADJ Colaboração: 1. Silvia Onofre. Autora do blog “João Pedro e o Diabetes”. Idealizadora e moderadora do grupo “Doação(diabetes)” 2. Nicole Lagonegro .Autora do blog “Minha Filha Diabética”. Primeiro blog escrito por um familiar, Moderadora de grupos no facebook voltados para os Diabéticos, Voluntaria na ADJ (Associação de Diabetes do Brasil). Referências 1. Ferreira ABH. Dicionário Eletrônico Aurélio Século XXI. [CD-ROM] versão 3.0. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira e Lexitkon Informática; 1999. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 2.583 de 10 de outubro de 2007. Define elenco de medicamentos e insumos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, nos termos da Lei nº 11.347, de 2006, aos usuários portadores de diabetes mellitus. 4. Wikipédia. A Era da informação,2013. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_da_informação> 5. HU Revista, Juiz de Fora, v. 36, n. 1, p. 13-18, jan./mar. 2010. Informações em saúde e a população: a relação médico-paciente e as repercussões no tratamento. <http://www.seer.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/907/325> 6. Seymour Sarason Bernard, professor de Psicologia Emérito da Universidade de Yale, 19451989.<http://www.seymoursarason.com> 7. Associação de Diabetes Juvenil. Livro 30 anos, Uma Doce Historia de Grandes Conquistas, 2010. 8. ANAD Associação Nacional de Assistência ao Diabético. <http://www.anad.org.br/EducacaoDiabetes/quadrinhos.asp> 9. International Diabetes Federation -5ª Edição atualizada de seu atlas, 2012.<http://www.idf.org/sites/default/files/5E_IDFAtlasPoster_2012_EN.pdf> 10. Estudo inédito mostra que o diabetes está fora de controle no Brasil, <http://www.diabetes.org.br/centros-e-instituicoes/1865-estudo-inedito-mostra-que-o-diabetesesta-fora-de-controle-no-brasil> 11. Educação em diabetes: estamos adaptados à realidade brasileira? <http://www.diabetes.org.br/colunistas-da-sbd/educacao/1355> 12. Grupo no facebook “Mães de DM1 na Madrugada” <https://www.facebook.com/groups/diabetesnamadrugada/> 13. Grupo no facebook “Bate papo Diabetes” <https://www.facebook.com/groups/167871329898818/> 14. Grupo no facebook “Doações Diabetes” <https://www.facebook.com/groups/337833502919088/> 15. Fan page “Eu, meu filho e o Diabetes” <https://www.facebook.com/pages/Eu-meu-filho-e-o-Diabetes/265144960271467> 16. Blog “Eu, meu filho e o Diabetes” Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 21 <http://eumeufilhoeodiabetes.blogspot.com.br/> 17. Blog “João Pedro <http://joaopedroeodiabetes.blogspot.com.br/> e o Diabetes”. Curso As Redes Sociais Antes e Depois da Internet: O Que são e suas possibilidades para a Saúde. NEXT/PPGICS/FIOCRUZ, junho, 2013. 22