DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL DE PLANTAS DE Aloysia triphylla EM FUNÇÃO DO ESPAÇAMENTO E HORÁRIO DE COLHEITA Raquel Valmorbida1, Dalva Paulus2*, Ezequiel Toffoli1, Gilmar Antônio Nava2, Celso Eduardo Pereira Ramos 2 1 Acadêmicos do curso de Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Campus Dois Vizinhos, Paraná. Bolsistas PIBIC (Fundação Araucária). E-mail: [email protected], [email protected]. 2* Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Campus Dois Vizinhos, Paraná. E-mail: [email protected], [email protected], [email protected]. Resumo: O objetivo do experimento foi avaliar o crescimento e teor de óleo essencial de Aloysia triphylla em função de diferentes espaçamentos e horários de colheita, no Sudoeste do Paraná. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso. Foram testados três espaçamentos 1,0 x 1,0 m; 1,0 x 0,80 m; 1,0 x 0,60 m entre linhas e entre plantas, respectivamente. Foram realizadas coletas em cinco horários de colheita (horas), sendo estes, 8:00, 11:00, 14:00, 16:00 e 18:00. As variáveis analisadas foram teor de óleo essencial em três estágios de crescimento da planta (aos 8, 12 e 14 meses de idade) nos diferentes horários de colheita para cada tratamento, altura e área foliar aos 210 dias após o transplantio. Recomenda-se para Aloysia triphylla plantios em espaçamento de 1,0 x 1,0 m, coletando-se folhas para extração de óleo essencial às 08:00h da manhã. Palavras-chave: metabolismo secundário, planta medicinal, cidró. Introdução As plantas medicinais têm sido utilizadas desde os primórdios da civilização pelos seus poderes curativos, cujas características são pelos princípios ativos que são produzidos nas mesmas, geralmente, por metabolismos secundários. O Paraná apresenta ampla diversidade de espécies em sua flora, sendo que o uso de plantas medicinais é ainda baseado principalmente no conhecimento empírico, fruto da integração dos conhecimentos. Neste contexto, a produção de plantas medicinais, com suporte dado pela pesquisa direcionada, apresenta-se como opção para os agricultores familiares da região, permitindo diversificar os sistemas de produção locais, principalmente, pelas maiores limitações para a produção de grãos, devido à estrutura necessária para tal. A Aloysia triphylla (L´Hér.) Britton (Verbenaceae) é uma erva adstringente e aromática, rica em óleo volátil, que age como sedativo brando. Suas folhas são empregadas internamente contra resfriados febris, como estimulante, tônico, antiespasmódico, carminativo, eupéptico e calmante. Em aromaterapia, é empregada contra problemas nervosos e digestivos e, para acnes. Também é usada para tratamento de melancolia, afecções do coração e histeria (LORENZI ; MATOS, 2002). Taveira et al. (2003) têm mostrado que a biossíntese dos óleos essenciais é influenciada por fatores climáticos, condições de solos e época de colheita. Dentre os fatores climáticos que interferem no cultivo das plantas têm-se o fotoperíodo, temperatura, estresse hídrico e intensidade de radiação solar que podem determinar a melhor época de colheita ou o local de cultivo, para obtenção da maior quantidade do princípio ativo desejado. A obtenção de informações que permitam conhecer os efeitos das técnicas de cultivo nas plantas medicinais sobre a estrutura interna das mesmas é também de fundamental importância, pois existe íntima relação entre os tipos e a organização dos tecidos vegetais e a produção dos diferentes metabólicos (TAIZ; ZEIGER, 2004). Identificar as produções de óleo essencial ao longo do dia, selecionando-se o melhor momento para colheita é de suma importância para o produtor de aromas (MARTINS et al., 1994), pelo fato de ocorrerem, durante o dia, oscilações nos componentes climáticos (principalmente temperatura e luminosidade). O presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento e teor de óleo essencial de Aloysia triphylla em função de diferentes espaçamentos e horários de colheita. Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido na área experimental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Dois Vizinhos, no período de março de 2009 a julho de 2010. O clima da região é classificado como Cfa subtropical úmido, sem estação seca definida e temperatura média do mês mais quente de 22°C. As mudas de Aloysia triphylla foram produzidas em casa-de-vegetação situada no setor de olericultura da UTFPR – Campus Dois Vizinhos. Estacas apicais de cinco cm de comprimento e dois mm de diâmetro foram obtidas a partir de planta matriz, sendo posteriormente enraizadas em bandejas de poliestireno de 72 células, contendo o substrato comercial Plantmax®. Para o transplantio a campo foram utilizadas 200 plantas de A. triphylla com dez centímetros de altura. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com 3 repetições de espaçamento com 20 plantas cada. Foram testados três espaçamentos (m), constituídos por 1,0 x 1,0 m; 1,0 x 0,80 m; 1,0 x 0,60 m entre linhas e entre plantas respectivamente. Na bordadura do experimento foi plantado Tithonia diversifolia A. Gray (girassol mexicano), que possui como característica peculiar atrair os insetos para si, fato que não causaria injúrias às plantas de Aloysia triphylla. Para verificar a influência do horário de colheita no teor do óleo essencial de Aloysia triphylla foram coletadas folhas das plantas (em amostragem composta) nos horários do dia de 8:00, 11:00, 14:00, 16:00 e 18:00 horas. Para a extração dos óleos essenciais foram selecionadas apenas as folhas sadias, sendo feito cinco extrações por espaçamento em cada estágio de crescimento, totalizando 15 repetições pos espaçamento. Em cada horário de coleta foi obtido a temperatura do ambiente. A extração dos componentes voláteis foi realizada em aparelho modificado de Clevenger (método de hidrodestilação), sendo utilizadas amostras compostas (um galho por planta, nas regiões apical, mediana e basal) de 70 g de folhas frescas sadias, picadas em frações de aproximadamente um centímetro. O tempo de extração para cada repetição foi de duas horas. Após a obtenção do óleo essencial puro foi obtido sua massa e o teor calculado pela fórmula: T% = Massa do óleo (g) / 70g x 100. As variáveis analisadas foram teor de óleo essencial, altura e área foliar aos 210 dias após o transplantio. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade, utilizando - se o software SAS (1999). Resultados e Discussões Não houve interação significativa entre espaçamento de plantio e horário de colheita. Porém, para o espaçamento, o maior rendimento no teor de óleo, área foliar (4148,6 cm²) e altura (0,53 m) foi obtido com 1,0 x 1,0 m, em relação aos demais espaçamentos. Nas condições que o estudo foi desenvolvido, pode-se afirmar que quanto maior o espaçamento entre plantas maior será a sua ramificação, e menor a competição por água, luz e nutrientes, o que pode ter contribuído para o resultado em maior altura e área foliar. Esta informação é muito importante para o produtor, que além de produzir óleo essencial deseja comercializar folhas para chás. Bertolin, et al (2008) estudando plantas de guandu concluíram que para a variável altura e fitomassa, o espaçamento 50 cm proporcionou tendência de plantas maiores e com mais fitomassa em relação ao espaçamento de 30 cm. É importante salientar que para a definição do espaçamento deve-se levar em consideração a cultivar a ser estudada, pois cada espécie se comporta de maneira peculiar. Analisando os resultados da Tabela 2, pode-se verificar que as oito da manhã foi o horário que proporcionou maior rendimento médio de óleo (0,19%) em comparação aos demais. Segundo Simões et al (1999) deve-se coletar plantas ricas em óleos essenciais bem cedo pela manhã ou à noite, pois o período de exposição ao sol provoca perda quantitativa do óleo existente no vegetal. Esta afirmação corresponde ao resultado encontrado no presente trabalho, pois o melhor horário para coleta, em termos quantitativos de óleo de Aloysia triphylla foi observado nas primeiras horas da manhã, onde se concentram as temperaturas mais baixas do dia, em torno de 12,43°C (Tabela 3). No horário das 11:00, 14:00 e 16:00 verificou-se elevação da temperatura de 5,1 oC, 8,73 oC e 10,07 oC em relação ao das 8:00 horas, o que resultou em redução no teor de óleo, pois altas temperaturas facilitam a volatilização do óleo essencial que se concentra na superfície foliar. Resultados semelhantes foram obtidos por Silva (2005) trabalhando com a mesma espécie, verificando que às 8:00 e 16:00 horas, os teores de óleo essencial foram superiores 0,18% e 0,21%, respectivamente, devido as temperaturas mais baixas nesses horários de colheita. Por outro lado, Corrêa et al (2002) trabalhando com a espécie Cordia verbenaceae (espécie da mesma família de Aloysia triphylla), afirmaram não haver diferença significativa no teor de óleo de folhas coletadas às 9:00, 12:00, 15:00 e 18:00 horas. Conclusão Recomenda-se para Aloysia triphylla plantios em espaçamento de 1,0 x 1,0 m, coletando-se folhas para para extração de óleo essencial às 08:00h da manhã. Referências BERTOLIN, Danila. C. et al. Doses de fósforo, potássio e espaçamento entre linhas na produção de sementes e fitomassa de guandu em semeadura tardia. Scientia Agraria, Curitiba, v.9, n.2, p.261-268, 2008. CORRÊA, Ricardo M. et al. Rendimento de caracterização no infravermelho de óleos essenciais de Cordia verbenaceae em função dos horários de coleta. Horticultura Brasileira, v. 20, n. 2, julho, 2002. LORENZI, Harri.; MATOS, Francisco J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Plantarum, 2002. p.486. MARTINS, Ernane R. et al. Plantas medicinais. Viçosa, MG: UFV, 1994. 220p. SILVA, Renata da; Crescimento e teor de óleo essencial de Aloysia triphylla (L’Hérit) Britton (Verbenaceae), em função da adubação orgânica, sazonalidade, horário de colheita e processamento póscolheita. (Dissertação de Mestrado), Lavras : UFLA, 2005. SIMÕES, Cláudia M.O.; et al. Farmacognosia da planta ao medicamento. Porto Alegre/Florianópolis: Ed. Universidade UFRGS, 1999. 821 p. TAIZ, Lincoln; ZEIGER, Eduardo. Fisiologia Vegetal. Porto Alegre: Artmed. 2004. 719p. TAVEIRA, Francisca Socorro N. et al. Seasonal essential oil variation of Aniba canelilla. Biochemical Systematics and Ecology, v.31, n.1, p.69-75, 2003. Agradecimentos À Fundação Araucária pela concessão da bolsa de Iniciação científicas a autora Raquel Valmorbida. Tabela 1. Altura de planta (m), área foliar (cm²) e teor de óleo essencial (%) de folhas frescas de Aloysia triphyla em função de três espaçamentos. Dois Vizinhos, UTFPR, 2009. Espaçamentos (m) Altura (m) Área foliar (cm²) Teor de óleo essencial (%) 1x1 1,37a* 4148,6 a 0,17ª 1 x 0,80 0,84b 4098,5b 0,14b 1 x 0,60 0,77b 4074,5b 0,12b CV(%) 20 12 14 *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste deDuncan, p<0,05 Tabela 2. Resultados do teor médio de óleo essencial (%) de folhas frescas de Aloysia triphyla em diferentes horários de colheita. Dois Vizinhos, UTFPR, 2009. Horário de colheita (Horas) Teor médio de óleo essencial (%) 08:00 0,19a 11:00 0,13b 14:00 0,12b 16:00 0,15b 18:00 0,14b C.v. (%) 20 * Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan, p<0,05. Tabela 3. Valores médios de temperatura (oC) em relação aos horários de colheita (horas) nos dias de extração de óleo essencial de Aloysia triphyla. Dois Vizinhos, UTFPR, 2009. Horário de colheita (Horas) Temperatura média (ºC) 08:00 12,43 11:00 17,53 14:00 21,16 16:00 22,50 18:00 18,88