XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015

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XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Termorregulação de búfalas ao sol e à sombra sob condições de clima amazônico 1
Thermoregulation of Female Buffaloes in Direct Sunlight and Shade under Amazonian Climate
Conditions1
Jamile Andréa Rodrigues da Silva2, Núbia de Fátima Alves dos Santos3, Airton Alencar Araújo4,
José de Brito Lourenço Júnior5, Alexandre Rossetto Garcia6, Letícia Godinho Athaíde7, Indiana
Correa Nogueira8
1
Parte da tese de Doutorado da primeira autora, financiada pela SUPERINTENDÊNCIA DE
DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA – SUDAM.
2
INSTITUTO DE SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA
AMAZÔNIA, Belém, Pará, Brasil. E-mail: [email protected]
3
CAMPUS DESCENTRALIZADO DE PARAGOMINAS - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA
AMAZÔNIA, Paragominas, Pará, Brasil. E-mail: [email protected]
4
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ,
Fortaleza, Ceará, Brasil. E-mail: [email protected]
5
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL- UNIVERSIDADE FEDERAL DO
PARÁ/Embrapa Amazônia Oriental/UFRA, Belém, Pará, Brasil. E-mail: [email protected]
6
EMBRAPA PECUÁRIA SUDESTE, São Carlos, São Paulo, Brasil.
7
MESTRANDA NO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL- UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARÁ/Embrapa Amazônia Oriental/UFRA, Belém, Pará, Brasil. E-mail:
[email protected]
8
Discente de graduação na UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA, Belém, Pará, Brasil.
E-mail: [email protected]
Resumo: A pesquisa objetivou-se avaliar as respostas termorregulatórias de búfalas criadas ao sol e à
sombra, em clima amazônico. O experimento foi conduzido na Unidade de Pesquisa “Senador Álvaro
Adolpho”, Belém, Pará, da Embrapa Amazônia Oriental, no período menos chuvoso do ano. Foram
utilizadas 20 búfalas Murrah, distribuídas em dois grupos experimentais (Grupo Com Sombra e Grupo Sem
Sombra). Foram avaliadas temperatura retal (TR), frequência respiratória (FR), frequência cardíaca (FC) e
temperatura da superfície corporal (TSC), temperatura do ar e umidade relativa do ar e calculado o Índice
de Temperatura e Umidade (ITU), duas vezes por semana, no turno da manhã (7h00) e tarde (13h00).
Houve diferenças significativas (P<0,05) entre os turnos, em ambos os tratamentos, onde as variáveis
fisiológicas e ITU, à tarde, tiveram valores superiores aos da manhã, indicando desconforto térmico aos
animais. Houve diferenças significativas (P<0,05) de todas as variáveis fisiológicas estudadas entre os
grupos, no turno da tarde, e da frequência cardíaca e temperatura da superfície corporal, no turno da manhã.
À tarde, os animais do Grupo Sem Sombra aqueceram mais a superfície da pele por estarem mais expostos
a radiação solar difusa, o que refletiu na elevação da TR, FR e FC. As respostas termorregulatórias de
búfalas com disponibilidade de sombra foram menos intensas, indicando que esse sistema é mais eficiente
para o conforto térmico aos animais.
Palavras–chave: bioclimatologia, bubalinos, estresse.
Abstract: The research aimed to assess the thermoregulatory responses of females buffaloes reared in direct
sunlight and in the shade in the Amazonian climate. The experiment was carried out at the Research Facility
“Senador Álvaro Adolpho” in Belém, PA, Brazil, belonging to Embrapa Eastern Amazon, in the less rainy
season. Twenty female Murrah buffaloes were assigned to one of two experimental groups (Group with
Shade and Group with no Shade). The physiological variables of rectal temperature (RT), respiratory rate
(RR), heart rate (HR), and body surface temperature (BST) and climate variables of air temperature and
relative air humidity were recorded and the Temperature and Humidity Index (THI) was calculated twice a
week in the morning (7 A.M.) and afternoon (1 P.M.). Significant differences (P<0.05) were found between
the times of the day in both treatments, with higher values for the physiological variables and the THI in
the afternoon, suggesting the animals suffered thermal discomfort. Significant differences (P<0.05) were
found for all physiological variables between the groups in the afternoon, and only for heart rate and body
surface temperature in the morning. In the afternoon, the skin surface temperature of the animals of the
Group with no Shade was higher since they were more exposed to diffuse solar radiation, which reflected
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in an increase in RT, RR, and HR. The thermoregulatory responses of female buffaloes with shade
availability were less intense, which suggests this system is more effective in providing thermal comfort to
the animals.
Keywords: bioclimatology, buffaloes, stress.
Introdução
A Amazônia possui clima quente e úmido e mesmo nessas condições, a criação de búfalos se
desenvolve de maneira satisfatória. Porém, quando expostos a elevadas temperaturas ambientais e sob
exposição à radiação solar direta, ocorre redução no desempenho produtivo e reprodutivo desses animais.
Nesse contexto, a adoção de sistemas de produção, com presença de sombra disponível aos animais são de
grande importância, uma vez que o uso das árvores na pastagem diminui a intensidade da radiação solar
direta, proporcionando maior conforto térmico e, consequentemente, melhor produtividade dos bubalinos
(CASTRO et al., 2008). Assim, essa pesquisa objetivou-se avaliar as respostas termorregulatórias de
búfalas criadas ao sol e à sombra, em clima amazônico.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Unidade de Pesquisa “Senador Álvaro Adolpho”, Belém, Pará,
pertencente à Embrapa Amazônia Oriental, no período de julho a dezembro de 2009. O tipo climático é Afi
(Köppen), com período mais chuvoso (janeiro a junho), e menos chuvoso (julho a dezembro) do ano. A
temperatura do ar média anual é de 26,8ºC, a insolação anual é de 2.279 horas, a precipitação pluvial anual
média é de 2.876,9 mm e a umidade relativa do ar média anual é de 83%, (PACHECO et al., 2009). Foram
utilizadas 20 búfalas Murrah, com idade entre quatro e cinco anos, peso médio de 359 kg, cíclicas, nãogestantes e não-lactantes, distribuídas igualmente em dois grupos experimentais (Grupo Com Sombra e
Grupo Sem Sombra), todos em pastejo rotacionado, sendo que o Grupo Com Sombra ficou em piquetes
com sombra de árvores da leguminosa Acacia mangium, em sistema silvipastoril, enquanto os animais do
Grupo Sem Sombra, em piquetes sem acesso à sombra. A alimentação era a pasto (Brachiaria humidicola),
além de água para beber e sal mineral à vontade.
As variáveis fisiológicas estudadas foram temperatura retal (TR), frequência respiratória (FR),
frequência cardíaca (FC) e temperatura da superfície corporal (TSC), aferidas duas vezes por semana, às
7h00 (manhã) e 13h00 (tarde). Para obtenção da TR, foi utilizado um termômetro clínico veterinário, com
escala até 44ºC. A FR foi obtida por inspeção e contagem dos movimentos tóraco-abdominais, durante um
minuto (mov./min.). A FC foi obtida pela contagem dos batimentos cardíacos por minuto, utilizando-se um
estetoscópio veterinário. A TSC foi obtida com auxílio de termômetro digital infravermelho, modelo ITTI380 (Instrutemp, São Paulo, Brasil), acionado a uma distância máxima de um metro dos pontos de
mensuração no animal, que foram: fronte, lado esquerdo do tórax e na direção do rúmen, obtendo-se a
média desses valores. As variáveis climáticas referentes à temperatura do ar (TA) e umidade relativa do ar
(UR) foram obtidas na Estação Meteorológica do INMET – 2º DISME, localizada a 500 metros em linha
reta da área experimental, e a partir delas, foi calculado o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), de
acordo com a fórmula ITU = [0,8 x T + (UR/100) x (T-14,4) + 46,4], onde: T = temperatura (ºC) e UR =
umidade relativa do ar (%). Foram feitas análises descritivas e de variância, a 0,05% de significância, no
programa estatístico SYSTAT, versão 12.
Resultados e Discussão
As médias de umidade relativa do ar, temperatura do ar e índice de temperatura e umidade, no
período experimental, pela manhã e à tarde, estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Valores médios das variáveis climáticas, durante o período de menos chuvoso do ano, em
Belém/Pará.
Variáveis
Temperatura do ar (ºC)
Umidade relativa do ar (%)
Índice de Temperatura e umidade
Manhã
24,6
97,4
76
Tarde
32,7
73,6
86
Média
28,65
85,5
81
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Independente do tratamento (grupos CS e SS), houve diferenças significativas (P<0,05) entre os
turnos, onde as variáveis fisiológicas, à tarde, tiveram valores superiores aos da manhã (Tabela 2). Nesse
turno, o ITU também foi mais elevado, indicando desconforto térmico aos animais. Em situações de estresse
térmico, a frequência respiratória apresenta valores elevados, antes mesmo que haja aumento dos valores
da temperatura retal (FERREIRA et al., 2006).
Tabela 2. Médias da temperatura retal, frequência respiratória, frequência cardíaca e temperatura da pele
de búfalas criadas à sombra e ao sol, pela manhã e à tarde, em Belém, Pará, Brasil.
Parâmetros fisiológicos
Grupo Com Sombra
Manhã
Tarde
Temperatura retal (oC)
38,2 ± 0,1aA
38,4 ± 0,1bA
Frequência respiratória (mov.min.)
28,5 ± 1,6Aa
32,6 ± 2,7bA
Frequência cardíaca (bat./min.)
55,5 ± 3,9aA
58,1 ± 4,3bA
Temperatura da superfície corporal (oC)
28,9 ± 0,6aA
34,73 ± 0,4bA
Grupo Sem Sombra
Manhã
Tarde
Temperatura retal (oC)
38,2 ± 0,1aA
38,6 ± 0,1bB
Frequência respiratória (mov.min.)
29,2 ± 1,4aA
34,4 ± 2,5bB
Frequência cardíaca (bat./min.)
61,0 ± 2,5aB
63,2 ± 3,0bB
Temperatura da superfície corporal (oC)
29,4 ± 0,7aB
37,0 ± 0,3bB
a,b
Médias dos turnos, dentro de cada tratamento, seguidas de letras minúsculas distintas, na mesma linha são diferentes (*P<0,05).
Médias das variáveis fisiológicas, dentro de cada turno, seguidas de letras maiúsculas distintas, na mesma coluna são diferentes
(P<0,05).
A,B
Houve diferenças significativas (P<0,05) de todas as variáveis fisiológicas entre os tratamentos, no
turno da tarde, e da frequência cardíaca e temperatura da superfície corporal, no turno da manhã. Os animais
do Grupo Sem Sombra aqueceram mais a superfície da pele por estarem mais expostos a radiação solar
difusa, o que refletiu na elevação da TR, FR e FC. Castro et al. (2008) observou em suas pesquisas que
quando se consideram os sistemas de criação, independente de período, a frequência respiratória, cardíaca
e temperatura retal são mais baixas para animais criados em sistemas com sombra, pela proteção dos
animais da incidência direta da radiação solar, conferindo sensação térmica de menor temperatura e,
consequentemente, maior conforto térmico e melhor produtividade.
Conclusões
As respostas termorregulatórias de búfalas criadas com disponibilidade de sombra foram menos
intensas, indicando que esse sistema de criação é mais eficiente para proporcionar conforto térmico aos
animais, quando comparado ao sistema sem sombra, especialmente no turno da tarde.
Literatura citada
CASTRO, A.C.; LOURENÇO JÚNIOR, J.B.; SANTOS, N.F.A.; MONTEIRO, E.M.M.; AVIZ, M.A.B.;
GARCIA, A.R. Sistema silvipastoril na Amazônia: ferramenta para elevar o desempenho produtivo de
búfalos. Ciência Rural, v.38, p.2395-2402, 2008.
FERREIRA, F.; PIRES, M.F.A.; MARTINEZ, M.L.; COELHO, S.G.; CARVALHO, A.U.; FERREIRA,
P.M.; FACURY FILHO, E.J.; CAMPOS, E.W. Parâmetros fisiológicos de bovinos cruzados submetidos
ao estresse calórico. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, p.732-738, 2006.
PACHÊCO, N.A.; SANTIAGO, A.V.; BASTOS, T.X. Boletim Agrometerorológico de 2009 para
Belém, PA. Documentos/Embrapa Amazônia Oriental, ISSN 1983-0513, 371, 38p., 2009.
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