TORNAR-SE O QUE SE É Ubuntu e individuação na e da cultura

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TORNAR-SE O QUE SE É
Ubuntu e individuação na e da cultura brasileira
Lygia Aride Fuentes
Argumento: no Brasil os negros africanos foram depositários da sombra
da cultura branca hegemônica, herdeira de um patriarcalismo
escravocrata e opressor. Integrar, como propõe Jung, aspectos de nossa
sombra coletiva, exige abertura psicológica e diálogo entre luz e sombra
desse fato histórico. Se o discurso hegemônico da igualdade se confunde
com a retórica da assimilação e do silêncio sobre a herança da filosofia e
cultura africanas, a individuação busca palavras que quebrem esse
silêncio.
No princípio era silêncio
Silenciados foram os negros no Brasil de todas e variadas maneiras.
Buscamos preencher lacunas daquilo que foi silenciado, desvendando conteúdos
subterrâneos que constelam forças criativas na cultura brasileira.
A história dos africanos no Brasil, em grande parte, é escrita a partir de uma
história única e perversa que nega aspectos positivos e contributivos da grande
população negra no Brasil.
O esforço em direção à integração de aspectos positivos da matriz africana, que são
mantidos na sombra da cultura brasileira impedindo a realização da totalidade
cultural, deve ser o compromisso e objetivo comum para forjarmos um processo de
individuação de toda a cultura.
Porém, a assimilação excludente é também violência, tanto quanto o racismo, a
invisibilidade social do negro e mesmo sua nefasta negação. Isso não acarreta
apenas a não acessibilidade ao negro aos seus direitos como cidadão, mas
psicologicamente, à impossibilidade de formar uma identidade tornando-se
inteiramente realizado como pessoa, um Si-mesmo como proposto por Jung.
Ouvir o que é silenciado dialogando com a sombra em seus aspectos positivos e
seus Outros: valores, modos de construção de relações, fundamentos para a
construção da vida social e cultural; reconhecendo a contribuição, na cultura
brasileira, da visão de mundo da matriz africana e sua filosofia Ubuntu.
Lygia Aride Fuentes. Analista didata do Instituto Junguiano do Rio de Janeiro. Membro da
Associação Junguiana do Brasil filiada à International Association for Analytical Pychology. Mestre
em Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ. Docente na Universidade Estácio de Sá.
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