1 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO-SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO-SUED PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE CADERNO PEDAGÓGICO MÚSICA e DANÇA AFROBRASILEIRA:CANTOS DE RESISTÊNCIA E ESPERANÇA JOANA D'ARC APARECIDA FERREIRA PONTA GROSSA 2007 2 INTRODUÇÃO A organização desse material tem como objetivo principal colaborar com os professores da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná na elaboração de seus projetos, pesquisas e estudos referentes à Cultura Africana e AfroBrasileira e principalmente chamar a todos a sensibilização, necessária a nós docentes, que trazemos em nossa formação resquícios de preconceitos. Pensamos em uma proposta de material que possa auxiliar professores das diferentes áreas de ensino da Educação Básica, e que venha também atender a Lei 10.639/03 e sua implementação e de acordo com as Diretrizes Curriculares do Paraná. Nosso objeto de estudo é a Música e a Dança Negra no Brasil e a contribuição artística da cultura africana na formação da Música Popular Brasileira bem como suas diferentes manifestações. Elencamos a música e dança por que estão muito próximas de nós mexem com nossa sensibilidade e talvez seja o ponto de partida que nos leve a outras temáticas mais delicadas de serem discutidas e encaradas. É incontestável a contribuição do negro em toda a diversidade musical brasileira, desde os tempos coloniais até nossos dias. A presença de elementos e rituais das culturas de matriz africana nas manifestações populares brasileiras é bastante grande como a Congada, Frevo, Coco, Samba de Roda e outros. A lei 10.639/03 visa resgatar a história do negro e trazê-la ao currículo escolar desprovida de mitos e possibilitando a contestação da história oficial, pois o currículo antes de ser pedagógico é político. Isso exige atenção de todos nós educadores , para que possamos cultivar em nossos alunos o orgulho de seu 3 pertencimento étnico e respeito à diversidade procurando abolir de nós mesmos sentimentos de superioridade, inferioridade, atitudes etnocêntricas, individualistas e preconceituosas. É sabido que a cultura brasileira tem origem africana, que é altamente consumida, porém, parte de todos ao mesmo tempo bastante discriminada . Isso exige por os envolvidos em educação, conhecimento, discussão, reconhecimento de sua importância e atitude crítica diante do preconceito contra cultura afro-brasileira. A VIDA E A MÚSICA AFRICANA A música bem como a dança tem estreita relação com a vida social e religiosa da África, sendo estes elementos um patrimônio cultural do continente negro. 4 Desta maneira o africano mostra sua alegria de viver, sua felicidade, devoção, trabalho e luta e também presidem todos os rituais. Embora seja uma prática coletiva cada um tem seu papel e seu lugar, muito bem marcados. O tradicional chamado e resposta, por exemplo, é a estrutura básica de muitas formas de música africana. Nela um cantor conversa com o restante do grupo, criando versos que são respondidos em refrão. Só os homens tocam instrumentos, enquanto as mulheres cantam e dançam. Os tambores, por serem instrumentos sagrados, só podem ser tocados pelos escolhidos. Esta mistura de música e dança é uma prática coletiva, porém cada um tem seu papel, por exemplo, só os homens podem tocar instrumentos, as mulheres cantam e dançam. Os tambores, para eles instrumentos sagrados,são tocados pelos escolhidos. A música africana usa sons modulados para expressar idéias e sentimentos ligados a um certo ritual ou função, mas também provérbios, mitos e histórias são apresentados através da música a qual é veículo de difusão do conhecimento. O ritmo e a percussão são elementos essenciais na música africana. Na África cada etapa da vida humana tem uma música, ou seja, para o nascimento, para a infância, para a puberdade, para casamento, para morte. A dança ou fúnebre tem como objetivo agradar os mortos para conseguir favores dos espíritos e é acompanhada pela dança circular. É como se os tambores pudessem falar, isso porque, muitas mensagens são transmitidas através dos tambores por meio de códigos. Antes da colonização cada povo africano tinha suas crenças, seus rituais, e também suas danças, cada qual com suas características próprias, porém, o 5 que tinham de comum era a utilização do corpo todo, pés e mãos sempre dando ritmo. O comércio de seres escravizados no século XV, inconscientemente transportou a cultura africana nos porões dos navios para a Europa e América. Como eram povos diferentes, nas longas viagens misturavam seus costumes e suas tradições e, como escravos nas fazendas ou sobrados, cantavam enquanto estavam trabalhando, e proibidos de tocarem seus tambores, usavam os próprios pés, para marcarem o ritmo e o tempo de suas danças. Os negros escravizados e proibidos de praticarem suas religiões, passaram a reproduzir melodias brancas que podiam cantar livremente, mas davam seu ritmo começando assim influência negra na música brasileira, é o caso do vissungo*, uma música de chamado e resposta. SUGESTÃO DE ATIVIDADES Em que sentido podemos considerar a dança, o canto afro-brasileiro como elementos de resistência ? Que instrumentos musicais são herança africana para nossa cultura ? Que elementos encontramos na música e na dança brasileira cultura africana? Que tal pesquisarmos a origem do termo ginga ? herança da 6 A Presença Africana no Brasil Durante quatro séculos, negros africanos foram trazidos para o Brasil como escravos. A contribuição africana na formação do Brasil foi essencial para nossa cultura, quer na culinária, religião, música e língua. Ao contrário do que muitos pensam os africanos trazidos para o Brasil eram povos diferentes especialmente de Angola, Congo, Moçambique e Nigéria, os quais podem ser classificados em dois grupos lingüísticos: sudaneses e bantos. SUDANESES = Nagôs Jejês ou Fons Haussas (islâmicos) Grúncis Tapas Mandingos Fantis Achantis BANTOS = Quibundo Umbundo Quicongo 7 A MÚSICA E A RELIGIÃO A música foi parte do cotidiano dos negros, mais especificamente a música sacra, com suas poesias e seus ritmos. Os negros recriaram no Brasil as religiões africanas, nascendo então as religiões afro-brasileiras, dos orixás e inquices chamada Candomblé na Bahia, Xangô em Pernambuco, Tambor de Mina no Maranhão e Batuque do Rio Grande do Sul . os principais criadores dessas Foi a música sacra do candomblé banto,religiões foram os negros das que originou à música popular brasileira quenações 7ontext e nagôs; conhecemos como-SAMBA. os bantos fizeram adaptações das A música do Candomblé aclimatada noreligiões sudanesas; Brasil formada por ritmos intensosorixás são divindades dos povos produzidos por tambores que saíram dosjejes e inquices são divindades terreiros para as ruas e avenidas durante odos bantos carnaval. 8 “O ritmo é a arquitetura do ser humano, a dinâmica interna que lhe dá forma. O ritmo se expressa através de meios , os mais materiais, através de linhas, cores, superfícies e formas de pinturas, nas artes plásticas e na arquitetura. Através dos acentos nas poesias e na música, através dos movimentos da dança. Com esses meios o ritmo reconduz tudo no plano espiritual: na medida em que ele sensivelmente se encarna, o ritmo ilumina o espírito.” Senghor,1956. O Candomblé é toda música ritmada pelos atabaques e tambores, cada orixá tem seu ritmo e sua música, os quais fazem parte de sua identidade.As entidades são louvadas pelo canto e pela dança. O Candomblé é uma religião 9 dançante. As oferendas, comidas,sacrifícios são contemplados pela música. O repertório do Candomblé é formado por pelo menos três mil cânticos e cada gesto corresponde a uma música. Canta-se para tudo, para cada coisa há sua música. No Candomblé no Brasil nos cultos na África canta-se para a vida e para a morte. Canta-se para o trabalho. Canta-se pela liberdade. Quando os negros foram trazidos como escravos para o Brasil a religião oficial era a Católica, então nos dias de festas católicas que eram considerados dias santos, os negros não trabalhavam e participavam das festividades. Portanto para a Igreja e para os senhores de escravos, a participação destes nos eventos religiosos como procissões, festas e quermesses tinham a finalidade de mantê-los sobre controle e vigilância. E foi através dessas“participações” concedida aos escravos especialmente por conselho dos padres aos seus senhores´que começaram a surgir as primeiras manifestações artísticas negras através da música e instrumentos rudimentares que eles mesmos fabricavam(flautas, atabaques,..). Os negros cultivavam suas religiões nativas disfarçadas pela prática do catolicismo.Demonstravam devoção aos santos pela cor ou por características mais próximas de sua cultura. Eram, por exemplo, devotos de São Benedito, São Gonçalo e São Elesbão. Aproveitavam as festas,principalmente de Nossa Senhora do Rosário para saírem pelas ruas com seus assobios, marimbas, atabaques e outros instrumentos. Festa esta instituída para ser comemorada no primeiro domingo de outubro. 1 NOTA: A santa Católica Nossa Senhora do Rosário é branca e segundo Tinhorão, os negros eram devotos dela, pela ligação com o orixá Ifá, o qual se consultava o destino atirando soltas ou unidas em rosário as nozes de uma palmeira chamada okpê-lifá. Nossa Senhora do Rosário foi também o nome de uma Irmandade de negros, talvez a de maior participação popular. No final do século XVII começam a ser introduzidos nas solenidades católicas os reisados, onde os padres coroavam os reis dos crioulos e negros e o mais bem caracterizado recebiam o nome de “Reis do Congo”. Essas festas eram realizadas em plena rua e transformava a cidade. As procissões tinham aparatos que em muito lembram o carnaval. Os negros bantos, por exemplo, usavam máscaras, bandeiras, cantos e danças e ainda puxavam pesadas alegorias. E sempre que possível usavam seus instrumentos típicos e suas músicas e ainda gingavam o máximo que podiam para representar bem o tema proposto. SAMBA Foi do negro que nasceu o maior ritmo do Brasil: o SAMBA. Sua origem é muito controvertida, mais a tese mais provável é que tenha originado no Congo (samba primitivo). Formava-se um círculo e ao som de palmas e instrumentos de percussão um negro ou negra requebrava ao centro e em seguida dava uma 1 umbigada em alguém que assumia sua posição e o ritual se repetia a isso se chamava semba que significa umbigo em quimbundo. E assim o samba foi se aclimatando ao Brasil e recebendo diversos nomes como Jongo, Samba Trançado, Coco Zambê e muitas outras variantes. Nos primeiros tempos de escravidão, a dança profana dos negros escravos era o símile perfeito do primitivo batuque africano, descrito pelos viajantes e etnógrafos. De uma antiga descrição de Debret, vemos que no Rio de Janeiro os negros dançavam em círculo, fazendo pantomimas e batendo o ritmo no que encontravam as palmas das mãos, dois pequenos pedaços de ferro, fragmentos de louça, etc. Batuque o Samba tornaram-se dois termos generalizados para designarem a dança profana dos negros no Brasil. (ALVES, Henrique). O que realmente importa é que o samba é a principal forma de música surgida no Brasil e passou por várias fases desde proibida a símbolo nacional e apresenta vários neopagode,samba subgêneros: de samba comum, partido alto, pagode, breque,samba-canção,samba-exaltação,samba-enredo, samba reggae e outras variantes. A palavra samba não aparece apenas no Brasil, mas também aparece em outras regiões da América sempre relacionado aos rituais negros.Em Aquarelas do Brasil: contos da nossa música popular Magalhães Azeredo diz: (...) Cessa tudo o que os especialistas antigos discutiam, sobre se o nosso ritmo nasceu aqui ou ali, na Bahia ou no Rio de Janeiro. Aos grilhões da escravidão reagiam nossos negros com o canto-lamento-grito da música. Era o batuque. A origem do samba não se prende as discussões geográficas, mas sim culturais, no sentido antropológico da palavra (...) é essencialmente um canto sobre (contra) a escravidão. O samba parece como um lamento ao fundo. Samba nasceu mesmo de um episódio da história do Brasil: dos batuques dos escravos, da dor da senzala, da escravidão. 1 Roberto M. Moura em seu livro intitulado: “No princípio, era a roda” afirma que foram as rodas de samba que permitiram o desenvolvimento do samba como gênero musical, e o lugar onde os sambistas se sentiam realmente aa vontade. Nos anos vinte, Hilária Batista de Almeida (tia Ciata) reunia em sua casa músicos negros, os quais faziam músicas profanas a partir de músicas sagradas. Alguns dos freqüentadores eram Donga, Pixinguinha, João da Baiana. No mesmo local se encontrava toque da música sacra (Candomblé);o choro tocado com flauta e violão e no quintal o samba de roda. Foi dentro das casas nas rodas de samba que os sambistas aprenderam desde cedo a sonoridade da música,o ritmo, e nas rodas nasciam as letras. No Rio de Janeiro inicialmente o samba era dança de roda entre os habitantes do morro, foi daí que nasceu o samba urbano que hoje é conhecido em todo o Brasil. No princípio era reprimido e perseguido, pois era dança de escravos ou música das camadas mais baixas. O primeiro samba brasileiro Pelo Telefone, nasceu na Penha, um bairro do Rio de Janeiro e foi lançado por Donga e Sinhô. Quanto à composição há divergências, o que se sabe que o parceiro de Donga na composição era Mauro de Almeida. Esse samba fez enorme sucesso no carnaval de 1917. A propriedade musical gerou brigas e disputas. Os compositores do período inicial do samba foram Sinhô (José Barbosa da Silva), Caninha (José Luís Morais), Pixinguinha (Alfredo da Rocha Viana) e João da Baiana (João Machado Guedes). Nesse período se usavam pseudônimos por que samba não era considerado coisa de pessoa de família. Nos anos trinta, era Getúlio Vargas o samba é reconhecido, e é caracterizado por composições meta-regionais, o ufanismo é observado nas composições que exaltam a cultura brasileira, constituindo o primeiro momento de exportação da música popular , apresentando as cores, a aquarela do país. Aquarela do Brasil composta por Ary Barroso, inaugura esse estilo de samba e som o suporte do Presidente da República ganhou status de “música oficial” do Brasil. Houve neste momento o ideário da construção da identidade nacional 1 e gradativamente ampliou seu prestígio e se consagrou no mercado, mesmo havendo eventuais preconceitos das elites intelectuais da época. No final da década de 50, alguns jovens da classe média como Carlos Lyra,Roberto Menescal e Ronaldo Boscoli se reuniam na zona sul do Rio de Janeiro e começou a bossa nova, que tudo tinha a ver com a proposta do desenvolvimentismo do governo Juscelino, contribuindo para a distinção de consumo musical . Um estilo musical ficou direcionado para as elites e a outra que incluía o samba, ficou destinada as camadas baixas. O samba passou a ocupar zona de menor prestígio. Como o tempo de vida da bossa nova durou pouco, então se começou a incorporar o repertório de compositores do morro ao gênero, como Zé Kéti e Nelson Cavaquinho, porém com uma nova roupagem, mais ao gosto da classe média. A característica política do Brasil frente ao golpe militar (1964) estimulou músicas engajadas politicamente, já no final da década de 60,surgiu o tropicalismo, movimento fundado por Gilberto Gil e Caetano Veloso,onde foi incluído ao repertório elementos de músicas estrangeiras. Desde a década de 1960 o samba teve dura disputa no mercado,com a bossa nova, MPB, rock, reggae. Somente no final de 1990 encontrou equilíbrio com os outros gêneros, porém tendo diversas roupagens como “samba de raiz”, e “pagode romântico”. É BOM SABER: O termo samba entre os quiocos de Angola, é verbo que significa cabriolar, brincar. Nesta dança um dançarino bate no outro. O termo origina-se de semba, que deu origem à umbigada. A umbigada é fundamental no coco, calango, lundu, jongo e outros. 1 BATUQUE – denominação genérica dada pelos portugueses para toda e qualquer dança de negros da África ou qualquer dança de tambor de caráter religiosos ou não. A expressão “PELO TELEFONE”, foi usada pelo chefe de polícia Aurelino Leal quando determinou em ofício de 30 de outubro de 1916, ao delegado do distrito a apreensão dos objetos de delegado que antes de executar jogos exigindo do tal o disposto no ofício o comunicasse pelo telefone. SUGESTÃO DE ATIVIDADES Procurar a letra e música do samba “PELO TELEFONE”, e sobre esta criar painéis ou paródias. Reunir letras de diferentes sambas e contextualizá-los. Trazer para a classe letras de diferentes sambas e com partes destes criar uma nova música. É muito legal! LUNDU O Lundu foi um gênero musical que influenciou o samba, veio para o Brasil com os negros de Angola, passando por Portugal ou diretamente de Angola para o Brasil. Em Portugal apesar da nova roupagem que recebeu foi proibida por D.Manuel, pois era contrária aos bons costumes. Na vinda direta de Angola para o Brasil trouxe a jocosidade e sensualidade natural, porém era uma música licensiosa para os padrões da época, período final do século XVIII. Tinha também um cunho humorístico e tornou-se dança de salão. Caracteriza-se pela dança de roda,que ainda é praticada na Ilha de Marajó e em Belém, no estado do Pará onde reiniciaram sua prática. Os músicos iniciam o ritmo, as pessoas que querem dançar aproximam-se, já entrando na dança. A viola dá sinal e a primeira pessoa entra no centro da roda dançando até convidar alguém para substituí-lo. O convite para a dança pode ser uma batida com o pé em frente da pessoa, palmas, umbigada, um toque de 1 ombros à esquerda em depois no ombro direito. Aquele escolhido substitui o dançarino do centro e as substituições continuam por várias vezes. Em 1820, invade os teatros do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco seus números eram apresentados nos intervalos entre dramas e comédias No século XIX foi forma musical dominante no século XX o Lundu sai da evidência, já mas deixa um ritmo mais sincopado em seu lugar que é o Maxixe. Rugendaz , Johann Moritz. Lundu dance in Brazil (domínio público) O MAXIXE Primeira dança considerada autenticamente brasileira, tendo como ancestrais a umbigada, o batuque, o lundu, entre outros. A polca européia lhe forneceu movimento, a habanera cubana lhe deu ritmo, o lundu e o batuque completaram o trabalho, tendo como resultado uma dança sensual e muito 1 desenvolta. Nasceu primeiro como dança tornando-se mais tarde música. Ficou também conhecida como tango brasileiro ou tanguinho, sendo seus passos estilizados para que fossem aceitos nos salões das classes média e alta. Surgiu nos forrós da Cidade Nova e nos cabarés da Lapa, bairro da cidade do Rio de Janeiro. Era dançada em mal vistos pela sociedade, como as gafieiras da época, que eram freqüentadas por homens da alta sociedade, que buscavam diversão. Foi um gênero musical muito perseguido pela igreja e pela polícia e pela alta sociedade.Tinhorão indica que “o próprio nome maxixe que a dança tomara pela década de 1870 era usado ao tempo, para tudo quanto fosse coisa julgada de última categoria.”Além de que o inaceitável para a elite da época era sem dúvida, a referência do corpo negro e mulato que ocuparam lugar de destaque nesse ritmo. Mais tarde foi levada aos palcos dos teatros de revista enriquecendo-se com grande variedade de passos: parafuso, saca-rolhas, balão, carrapeta, cortacapim, todos bastante expressivos e com muitos remexidos e requebrados muitos deles vindos do batuque e do lundu. Em 1883 foi representado no teatro ao público de classe alta, pelo ator Francisco Correia Vasques, que percebeu seu valor cômico no palco que lhe permitiu tirar um grande efeito. Assim em abril de 1883 realizou no Teatro Santana um espetáculo incluindo uma cena cômica chamada Aí, Caradura!, termo relativo àquele que procurava levar vantagem de tudo.Segundo nota de Tinhorão: O caradura, figura típica do desocupado de uma estrutura econômicosocial urbana incapaz de aproveitar plenamente a força de trabalho posta à suas disposição, era “o rapaz fino de boa educação” que, quer na alta ou na baixa sociedade, aproveita todas as situações e não deixa passar camarão por malha”. O caradura não pagava o alfaiate, não perdia festas de aniversário, era especialista em levantar brindes(...) e quando começa a cavaquinho não há moça que não queira dançar com ele. flauta, violão e o 1 Nessa ocasião o público do teatro de classe média esteve em contato com as letras e dança ainda disfarçado para o público como polca-tango, pois, durante muito tempo o termo tango foi usado para encobrir o maxixe. Pois o nome maxixe era coisa de última categoria devido a sua origem popular, e também muito ligado àquilo que era imoral. Isso explica como a música “Araúna” usada na cena de Ai Caradura se consagrou com o nome de tango o que na verdade não passava de lundu amaxixado. Sua incorporação ao teatro de revistas se deu com Arthur Azevedo na revista Cocota, no Teatro Santana em 6 de março de 1885, com o tango “As Laranjas de Sabina”. Foi a partir de 1897 através de Chiquinha Gonzaga que compositores eruditos começaram a reconhecer e aproveitar o maxixe como gênero musical, entre estes Ernesto Nazareth que devido sua preocupação com o requinte das composições não conseguiu compor maxixes populares. Este gênero musical havia sido proibido pelo então presidente de ser executado pelas bandas militares em festas oficiais ou perante autoridades. Quando executado no Palácio do Catete em 1912 a pedido da primeira dama, a senhora Nair de Tefé, esposa do então presidente Hermes da Fonseca gerou escândalo em todo o país sendo o assunto do momento. Nos primeiros anos do século XX Antônio Lopes Amorim, conhecido como Duque levou o maxixe a Paris com o nome de tango-carioca, em pouco tempo se tornou conhecido como professor de dança, fazendo grande sucesso, ultrapassando as fronteiras da França apresentando-se em Berlim e Londres com Gaby, uma dançarina parisiense. Enquanto fazia sucesso no exterior o maxixe continuava sem aceitação nacional e mesmo aquele executado nas camadas populares, já tinha orientações americanas, sendo que o maxixe chega na década de 30 vencido pela concorrência estrangeira. Em 1928 O Jornal publicou: “O próprio maxixe perdeu o prestígio. O fox ou charleston deixaram-no abandonado e triste. No teatro ou nos clubes, o maxixe aparece, de quando em quando, e causando espanto. Esqueceram-no de uma maneira dolorosa. 1 Olvidaram que, Duque, dançando-o, assombrou Paris e que outras Capitais do velho mundo sagraram o maxixe na graça de Maria Lino! Hoje não de dança mais o passo nacional. O cobrinha, o parafuso, e outros passos legítimos foram estilizados, quase não existem. Pobre maxixe. Quanta ingratidão! Por que não se faz uma campanha em prol do maxixe brasileiro.” O maxixe só reaparece ocasionalmente em 1950 em forma de documentário e depois em 1968, em composição de Chico Buarque de Holanda, disfarçada de samba, para a “Bienal do Samba da TV- Record. Gênero musical genuinamente brasileiro que se perdeu e caiu no esquecimento dando espaço a outros que surgiram também das camadas populares e da mesma forma não foram reconhecidos devido a preconceitos próprios de a cada momento histórico. CARIMBÓ É um ritmo negro com influências portuguesas (os estalos de dedos e palmas em algumas partes da dança). Na forma tradicional são acompanhados de tambores (batuques) feitos com troncos de árvores. Esses tambores têm origem na África e são chamados de carimbó ou curimbó. Já nas décadas de 60 e 70 passaram a usar instrumentos elétricos e influências do merengue e da cúmbia, sendo que os instrumentos originais eram dois curimbós um alto e outro baixo, uma flauta de madeira, maracás, e uma viola cabocla de quatro cordas. Essa música era a preferida dos pescadores marajoaras. Quanto à paternidade desse ritmo há uma polêmica, pois Maranhãozinho, no município de Marapanim e Aranquaim, em Curuçá, brigam reivindicam direitos sobre esse gênero. Anualmente acontece o “Festival de Carimbó de Marapanim”, pois no Pará o carimbó é bastante cultivado. 1 FREVO Em meados do século XIX aconteciam em Recife (Pernambuco) os bailes nos teatros promovidos pelas sociedades carnavalescas da época. Dos salões partiam para as ruas com suas máscaras para saudar o rei momo. A primeira destas sociedades foi o Club dos Azucrins. Estas sociedades aumentaram após abolição da escravatura eram compostas por trabalhadores. Os integrantes das sociedades carnavalescas iam para as ruas fantasiados liderados por dois balizas que comandavam a evolução e o repertório musical era comandado por uma banda de música militar. Em 1901 foi criado o Clube de Alegorias e Críticas dos Cara-Duras, tinha um estilo bastante ruidoso com seus zé-pereiras. A banda executava marchas e polcas aceleradas que levava todos ao delírio ao que se chamou de “frevedouro” que mais tarde passou a chamar frevo. A quem diga que o termo surgiu da expressão errônea do negro querendo dizer:” Eu fervo todo. O repertório executado pelas bandas militares era composto por maxixe, tango brasileiro, a quadrilha, o galope, dobrado e polca. Já a coreografia tinha origem na capoeira. Os passos eram estilizados pois na época os capoeiras eram perseguidos pela polícia. Os capoeiristas precisavam de um disfarce para acompanhar as bandas, assim modificaram seus golpes acompanhando a música, originando tempos depois o “passo” e trocaram suas antigas armas pelos símbolos dos clubes. A sombrinha teria sido usada como arma pelos capoeiristas. No início eram simples como guarda-chuvas geralmente velhos, atualmente a sombrinha é o ornamento que mais caracteriza o frevo. É uma das danças mais vivas e tem uma música contagiante, é tanto dançado nas ruas, como nos salões, contudo, na década de 30 no século passado dividiu-se o frevo em: frevo-de-rua (instrumental), frevo-canção (orquestrado) e o frevode-bloco (executado por orquestra de madeiras e cordas é também chamado de marcha-de-bloco). 2 “O frevo surge somo expressão máxima do carnaval popular porque refletia as mudanças da realidade social e a alteração das relações de força entre os grupos de trabalhadores urbanos”, segundo o Iphan. Os nomes dos clubes remetem a esta colocação entre estes, Vassourinhas, Pás, Espanadores, Suíneiros, Verdureiros. BANGUÊ É uma dança que teve origem nos engenhos após a abolição da escravatura, desenvolvida pelos descendentes de escravos que habitavam a região da ilha de Marajó, no município de Cametá, nesse local formou-se um quilombo para a proteção dos negros que conseguiam fugir dos seus senhores e de seus penosos trabalhos. O termo banguê significa engenho em dialeto africano, e era nos bangüês que aconteciam as apresentações artísticas que encantavam a todas que as presenciavam. Tem uma coreografia bem característica, os dançarinos , homens e mulheres imitam as ondulações feitas pela espumas descidas do tacho onde se ´preparava o mel de cana. Em determinados momentos a dança apresenta coreografia mais acelerada e mais desenvolvida. Conta a tradição que esta atitude representa a alegria do negro com a parada do trabalho árduo no engenho dos senhores dos escravos. Os dançarinos não usam calçados, as mulheres usam saias franzidas e enfeites na cabeça e os homens usam calça comprida e camisas coloridas que geralmente combinam com as estampas das roupas femininas. 2 JONGO É uma dança de origem afro-brasileira, dos mesmos troncos do batuque ambos ancestrais do samba e do pagode. É uma dança de roda em torno de uma fogueira, a qual ajuda a manter a afinação dos instrumentos, acontece em praças públicas em homenagem aos santos negros e aos antepassados. Na dança participam homens e mulheres alternadamente, sendo que um participante fica ao centro e canta seu “ponto”. Os outros integrantes respondem em coro fazendo movimentos laterais e batendo palmas. Os solistas improvisam movimentos com todo o corpo. Os instrumentos musicais são geralmente um tambor grande chamado de “Tambu” e outro pequeno “Candogueiro. É utilizado ainda uma puíta (cuíca artesanal), um chocalho de guaiá ( feito de latas usadas ). O tocador do Tambu toca montado sobre ele batendo no couro com as mãos espalmadas. O Candogueiro fica preso na cintura do tocador. Nos últimos tempos vem sendo incluído ao Jongo outros instrumentos como violões e cavaquinhos. Os “pontos” são enigmáticos e metafóricos, sem sentido simbólico.Teve início durante a escravidão quando os negros necessitavam transmitir informações indecifráveis pelos senhores. O início da dança tem todo um ritual de louvação e muito respeito. Em seguida são cantados os “os pontos” ajustando as palavras aos compassos fortes da música. Quando o solista quer desafiar alguém canta o “ ponto de demanda”, sendo que o desafiado deve decifrá-lo, fala-se então que este“desatou o nó”, quando não consegue decifra-lo diz-se que”ficou amarrado”. O jongadeiro amarrado pode passar por várias situações humilhantes e vexatórias. No Brasil colônia o Jongo era uma brincadeira, que os senhores de escravos permitiam aos negros, pois não lhes representava perigo. Nos nossos dias existem redutos de jongadeiro em alguns municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. 2 CHORO A origem do choro já foi explicada de várias maneiras. Para Luís Câmara Cascudo, esse nome vem de xolo, um tipo de baile que reunia os escravos das fazendas. Ary Vasconcelos diz que o termo está ligado aos choromeleiros, muito atuantes no Brasil colonial. Henrique Cazes, autor do livro Choro- Do Quintal ao Municipal, defende que o termo decorreu do jeito sentimental de dar sentido brasileiro para as danças européias (schottisch, valsa, minueto e polca) com influências da música africana como o batuque e o lundu. Era uma maneira mais emotiva de interpretar uma melodia, cujos praticantes eram chamados “chorões”. Desde o século XIX o que se chamava de choro era a música tocada em bailes, tendo como formação do conjunto os instrumentos: flauta, responsável pela condução da melodia principal; cavaquinho centrador do ritmo e violão harmonizador. Até o início do século XX era apenas instrumental passando a ser cantado aproximando-se do maxixe e do samba com ritmo mais agitado, rápido e alegre. O seguimento da sociedade que mais se interessou pelo gênero era composto por pequenos comerciantes e funcionários públicos, geralmente de origem negra. Os chorões eram da classe popular composta por brancos, mestiços e negros típicos boêmios, músicos que tocavam por puro prazer. José Ramos Tinhorão, constata que os componentes do choro eram da baixa classe média. Dos 128 chorões cujos empregos Alexandre Gonçalves Pinto revelou, 31 eram pequenos funcionários públicos federais, principalmente da Alfândega (9); 8 eram da Central do Brasil; 4 do Tesouro;4 da Casa da Moeda; e 13 outros pequenos servidores municipais (...). Fora das repartições públicas, o carteiro chorão só citaria com mais freqüência a Light, ao lembrar os nomes de Juca Tenente(que diz ter sido motorneiro do bonde), o cocheiro de bondes de burro 2 Crispim, que tocava oficlide, e o flautista Loló, que era condutor de bondes da Companhia de São Cristóvão(...) um palhaço de circo, um “oficial de ortopedia”, Raul que tocava flautim, um sacristão da Igreja de Santo Antônio e um vendedor de folhetos de modinha, o cantor Francisco Esquerdo. Vários músicos e compositores contribuíram para torna-lo em gênero musical entre estes Joaquim Antonio da Silva Callado, Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros. Foi com Ernesto Nazareth que extrapolou as fronteiras entre a música popular e a erudita. Também Pixinguinha(Alfredo da Rocha Vianna Filho), contribuiu diretamente para o choro introduzindo elementos da música afro- brasileira e da música rural, é o caso da música Os Oito Batutas, que mais tarde passou a titular o nome de conjunto musical de grande sucesso. A partir co século XX a música popular brasileira começou a sofrer influência norte americana, fazendo que antigos instrumentistas parassem de tocar dando lugar a outros que se profissionalizaram, aderindo às grandes “jazz-bands” introduzindo o saxofone, outros introduziram a percussão sendo chamados regionais do choro. A partir da Segunda Guerra, o choro transformou-se em mais um dentre os gêneros criados com o aparecimento da música de consumo ligada aos interesses de grandes gravadoras internacionais, apesar disso o choro conseguiu sobreviver pelo seu estilo de acompanhamento dos regionais da era do rádio. Quando foi inaugurada a nova capital do Brasil, vários músicos foram à Brasília com finalidade de trabalhar nos conjuntos da Rádio Nacional, alguns deles sendo músicos de choro como Pernambucano do Pandeiro, João Tomé, Chico Gil, Avena de Castro e outros os quais desenvolveram atividades musicais envolvendo o gênero. No ano de 1928 o crítico Cruz Cordeiro criticou duramente Pixinguinha e sua banda, Os Batutas pela composição Lamentos (1928) e Carinhoso (composto em 1917, porém gravado somente em 1928) pois houve a alegação de ter sido influenciado pelo jazz. Outro destaque foi também Jacob Bittencourt, o Jacob do Bandolim, que entre os anos 50 e 60 do século passado promovia em 2 sua casa encontros de choro, sem falar de suas importantes composições como, Remeleixo, Noites Cariocas e Doce de Coco. Porém comercialmente Waldir Azevedo superou todas as expectativas ao compor Brasileirinho lançado em 1949 e Pedacinhos do céu. Dia 3de abril é comemorado o dia nacional do choro em homenagem ao seu maior representante Pixinguinha. O interessante é que no Brasil esta data quase não é lembrada, porém, é comemorada na França e no Japão. FOLGUEDOS E FOLGANÇAS São manifestações artísticas e culturais que tem espírito criativo e lúdico apresentando muita dramaticidade e a alegria. A princípio foram trazidas pelos jesuítas que usavam como método de catequese a incorporação de elementos católicos nas festas e mitos dos diversos povos com que tiveram contato. Os folguedos são apresentações que reúnem música, dança e teatro. Em cada parte do país adquirem características próprias da região e ocorrem simultaneamente. A tradição passa de uma geração a outra através da tradição oral, ú uma forma de preservar a memória do negro. 2 ESTADO Roraima Amapá Amazonas Acre FOLGUEDO Boi-bumbá ESTADO Alagoas FOLGUEDO Coco Sergipe Mato Grosso Goiás Bumba-meu-boi Congada Boi à serra Cavalhadas Moçambique Grosso Rondônia Mato Pará do Sul Minas Gerais Congada Boi-bumbá Carimbó Moçambique 2 Maranhão Bumba-meu-boi Bumba-meu-boi Espírito SantoCongada Tambor-de- Tocantins crioula Cavalhada Piauí Bumba-meu-boi Bumba-meu-boi São Paulo Bumba-meu-boi Moçambique Coco Congada Bumba-meu-boi Paraná Jongo Congada Bahia Congada Rio de Janeiro Jongo Ceará Lapeana Santa CatarinaCongada Coco Rio Grande do Boi-de-mamão Rio Grande do Moçambique Norte Bumba-meu-Boi Paraíba Congada Coco Bumba-meu-boi Pernambuco Coco Bumba-meu-boi Frevo É BOM SABER : BUMBA-MEU-BOI: É um folgue conhecido por diferentes denominações. Em todos o tema central é a morte e ressurreição de um boi, sendo este personagem feito com armação e coberto com tecido colorido. TAMBOR-DE-CRIOULA : É uma espécie de batuque de terreiro, marcado por tambores feitos de troncos de árvores escavados, sua principal característica é a umbigada. 2 CONGADA: É um auto-encenado nas festas dedicadas a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, muito comuns em Minas Gerais e no vale do Paraíba Paulista. Representa da coroação dos antigos reis do Congo. Pode ser vista nas cidades litorâneas de São Paulo, Espírito Santo e Ceará. Destacamos no Paraná a Congada Lapeana COCO: Típico das regiões norte e nordeste, são executadas em círculos, pares ou fileiras. Sua principal característica é a umbigada. Segundo consta sua origem vem dos tiradores de coco. São conhecidas como coco-de-praia, coco-deganzá e coco-de-parelha, entre outros. É representado nas festas juninas, mas pode ser encontrado em outras épocas. MOÇAMBIQUE: É uma festa dedicada aos santos padroeiros dos negros. Em Minas Gerais faz parte do cortejo que acompanha a Congada. No Vale do Paraíba Paulista são usados bastões para marcar o ritmo. Pode também ser usado lata com chumbos nos tornozelos para fazer barulho. MARACATU: O termo significa ’confusão’. Há dois tipos de folguedo: maracatunação, de origem banto, e o maracatu rural. No maracatu nação o rei e a rainha bailam entre os outros personagens, já no maracatu rural, os personagens dançam sob um traje que chega a pesar 25 quilos. CUCUMBIS : São autos festivos, podendo tomar como tema principal à batalha entre negros e índios ou mouros e cristãos, ou apenas as passeatas das embaixadas desses guerreiros. O CARNAVAL O Carnaval é o termo utilizado para designar os folguedos dedicados ao Momo. Iniciou com os bailes de máscaras da classe burguesa esses bailes aconteciam na Europa em países como a Itália e França , introduzidos no Brasil na década de 1840 . São heranças do carnaval europeu a colombina, o pierrô e o próprio Rei Momo. 2 No final do século XIX acontecia no Brasil o desfile dos corsos que popularizaram –se no início do século XX, as pessoas enfeitavam seus carros e saíam pelas ruas (origem dos carros alegóricos). A primeira escola de samba foi a ‘Deixa Falar’ criada no Rio de Janeiro por Ismael Silva. O Carnaval é comemorado no Brasil de maneiras distintas entre as regiões , no Rio de Janeiro e São Paulo o destaque está no desfile das escolas de samba. No nordeste em cidades como Olinda e Recife prevalecem o frevo e o maracatu. Em Salvador na Bahia existem os trios elétricos, os blocos negros e os afoxés. RAÍZES DO CARNAVAL ENTRUDO - O entrudo iniciou no século XVII era herança das festas grecoromanas, que comemoravam as colheitas. Era uma festa em que os escravos das colônias brincavam pelas ruas jogando farinha de trigo e polvilho uns nos outros. As famílias brancas brincavam em suas casas e jogavam água suja naqueles que passavam pelas ruas. Era apenas uma brincadeira, não havia dança nem música. O destaque estava nos limões-de-cheiro-pequenos objetos em forma de laranja feitos de cera, com água suja dentro. Era uma atividade proibida e reprimida pela polícia, no início do século xx caiu em desuso dando lugar ao confete e à serpentina. No Rio de Janeiro as máscaras começaram a ser usadas entre 1835 , porém, o primeiro baile de máscaras aconteceu em 1840 no Hotel Itália na cidade do Rio de Janeiro. O entrudo era uma imitação do carnaval europeu, acontecia nos famosos bailes de máscaras, enquanto isso negros e místicos brincavam pelas ruas. 2 ZÉ PEREIRA e RANCHOS -O elemento Zé Pereira surgiu nos carnavais cariocas criado pelo sapateiro português Jose Nogueira de Azevedo Paredes e perdurou ate a primeira década do século XX. Ari de Araújo e seu livro as Escolas de Samba relata: Quem não conhece o Zé Pereira? Que infeliz conduto auditivo não foi ainda alvo de surra musical da diabólica e lusa invenção? Se nessa terra de impostos houvesse policia e ela lesse as reclamações do publico, de há muito, por toda parte, se não ouviram, aos domingos e dias santificados insuportabilíssimos rufos de tambor. Numa cidade que se pretende civilizada, a policia não acode aos desditosos habitantes. A autoridade consente semelhantes exibições grotescas dignas de zulus ou cafres boçais. (ARAÚJO, p.46). Já os Ranchos carnavalescos surgiram por volta de 1870, criado pelos negros baianos moradores no Rio de Janeiro. As fantasias usadas nos ranchos eram luxuosas com aplique de vidrilhos e pedrarias tendo como símbolos objetos, animais ou plantas. São exemplos: Ameno Resedá, Flor do Abacate, Rosa de Ouro, Recreio das Flores, Mimosas Cravinas entre outros, esses elementos encontrados nos primeiros Blocos* e depois originando as Escolas de Samba. Eram influenciados pelos folguedos negros como os Cucumbis e Congos. O desfile de um Rancho era um cortejo com a presença de um rei e uma rainha, os instrumentos utilizados eram de sopro e cordas e havia os mestres de harmonia, de canto, de sala (responsável pela coreografia).Fazia parte dos Ranchos o porta-estandarte. Blocos Afro-Carnavalescos Baianos O trabalho dos blocos afro-carnavalescos baianos está além do carnaval, não começam e nem terminam com este. Durante todo ano realizam trabalhos de cunho social junto as suas comunidades de origem. Acima de tudo buscam o 3 resgate da cultura africana e propiciar ao negro conhecimento de sua cultura e sua politização visando transformações sociais e econômicas. E essa consciência é retratada nas letras das músicas que buscam permitir a construção da identidade. Representam a força da negritude baiana. ILÊ AIYÊ - Foi criado em 1974 no Bairro da Liberdade(Salvador-BA)- seu ritmo impõe uma mistura de samba com candomblé. É um bloco negro que veta a entrada de brancos, luta para desfazer o mito da democracia racial e principalmente procura modificar a auto imagem do negro. Lançou o primeiro disco de um bloco afro em 1984 A roupa ou indumentária é cuidadosamente elaborada através da pesquisa de diferentes regiões da África, as letras das canções são também referentes a pesquisas da história africana, os cabelos são estilo rastafári ou dreadlocks (cabelos em forma de gomos.). Para o antroplólogo Valdeloir Rego, “o Ilê foi uma revolução no comportamento do negro baiano. Foi quando o negro deixou de alisar o cabelo, assumir sua beleza e começou a retornar sua tradição rítmica.” (Santos, 103). O primeiro nome do bloco foi “Poder Negro”, proibido pela polícia federal que temia um levante negro, então foi escolhido Ilê Aiyê que significa em iorubá “casa dos negros”. ARA KETU – Foi fundado em 1980, no subúrbio do Periperi. O termo Ara Ketu tem origem iorubá significando povo do reino de Ketu. É muito semelhante ao Ilê Aiyê pela força da africanidade, enredo em homenagem aos deuses africanos, presença do candomblé. Embora não esteja preso aos preceitos religiosos, a dança afro é predominante no bloco. Foi o pioneiro no uso de bateria percussiva, somada ao aos metais de sopro, teclados e guitarras elétricas. O Ara Ketu tem como objetivo a emancipação social da população periférica que é predominantemente negra, através de oficinas que 3 desenvolvem um trabalho educacional para crianças e adultos como música (tocador de tambores), dança afro, teatro, capoeira, cursos profissionalizantes como corte e costura, estamparia, cabeleireiro (trançadeiras afro) entre outras atividades. MALÊ DELABÊ - Surgiu em Itapuã, um grande bairro baiano com numerosa população negromestiça. Malê Debalê em iorubá significa negros islamizados. Tem como referência cultural a Revolta dos Malês ocorrida em 1835. Este bloco saiu pela primeira vez no carnaval baiano em 1980, foi o precursor de uma ala de danças em blocos afro. É de pequeno porte , mas mesmo assim tem finalidades sociais como os demais grupos. A cada carnaval tem como tema a África, mas não com os mesmos recursos dos blocos grandes que sempre estão indo ao continente africano pesquisar a história para comporem seus repertórios. OLODUM – Instituiu ao carnaval baiano o samba reggae, e tem como referência musical Bob Marley. Dedica-se a pesquisa histórica da ancestralidade negra culta como a egípcia por exemplo. Investe na formação musical de crianças, que após seleção passam a integrar a banda mirim do Olodum. Este bloco deu nova cara ao Pelourinho, os ensaios tornaram-se atração da cidade mobilizando tanto a negros como brancos. É internacionalmente conhecido por sua música e por sua consciência política. TIMBALADA – Foi criado por Carlinhos Brown para desfilar nas festas da cidade, nasceu no bairro do Candeal de Brotas , o bloco usa timbaus* para fazer uma batucada pop. É caracterizado por pinturas corporais representando o mesmo tempo tribalismo e pós-modernidade não é um grupo dedicado somente a sonoridade africana como os demais, prioriza a pesquisa de diversos ritmos baianos e a música é para ricos, pobres, negros, brancos. Investe-se na 3 conscientização, na cidadania e na auto-estima. Alcançou fama nacional e internacional. *Timbau – instrumento percussivo de sintético,semelhante aos três atabaques forma cônica, feito de material dos terreiros de candomblé. Na Timbalada o timbau é tocado com as mãos. FILHOS DE GANDHI – É o mais antigo bloco afro da Bahia. O nome é uma homenagem a Mahatma Gandhi líder pacifista, O cantor e compositor Gilberto Gil é o mais famoso integrante do afoxé Filhos de Gandhi.. Sua indumentária é composta de roupa branca, turbante. Seus componentes são homens humildes ligados ao candomblé da Bahia. Afoxé uma manifestação com comportamento específico unido por uma dança, língua e códigos de origem nagô. É um grupo voltado à comunidade e a consciência de grupo e prima pela manutenção dos valores culturais e tradições africanas. Capoeira - Luta ou Dança ? 3 RUGENDAZ, Johann Moritz, Capoeira e Batucada,1835 (domínio público) Era uma forma de proteção contra a violência dos senhores de engenho. Sendo proibidos pelos senhores de praticar qualquer tipo de luta, adaptaram movimentos de danças africanas a um tipo de luta. Surgindo então uma luta disfarçada de dança. Impedidos de usar armas de fogo, espadas- os escravos principalmente os negros de ganho e carregadores de fardo, tornaram-se peritos, nas cabeçadas, nos rabos –de- arraia e nas rasteiras de capoeiragem. A arte de capoeiragem mais uma vez lhes permitiu suprir a falta de armas de fogo com movimentos de dança. Dançando esses bailarinos enfrentaram com pés ligeiros, pequenos, delicados (...) soldados armados, nórdicos vigorosos, marinheiros ingleses (...) (Freyre,p.644-645). Foi também para os negros uma forma de transmitir a cultura para as novas gerações e originou os passos do frevo Até a década de30 sua prática era proibida no Brasil e os capoeiristas eram presos pela polícia e constantemente perseguidos. Passou a ser instituída como esporte nacional , após uma exibição do mestre Bimba em 1937ao Presidente da República Getúlio Vargas que visava o nacionalismo , buscando valorizar elementos que considerava tipicamente nacionais como futebol e o carnaval. 3 ANGOLA É o mais antigo, tem ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos e muita malícia. O berimbau –mestre é acompanhado por outros berimbaus e instrumentos de percussão REGIONAL O jogo dos movimentos é mais rápido e é acompanhado somente pelo berimbau. Os golpes são rápidos,sem acrobacias e ainda foram introduzidos golpes de lutas como boxe, judô e o jiu-jitsu. CONTEMPORÂNEO Une um pouco dos dois estilos Angola e Regional.É a modalidade mais praticada na atualidade. MESTRE BIMBA MESTRE PASTINHA MANUEL DOS REIS MACHADO VICENTE FERREIRA PASTINHA 1899-1974 1889-1981 É considerado o pai da Capoeira Maior representante da Capoeira de Angola Regional. Treinava Capoeira nas horas vagas e as Criou método de ensino da Capoeira escondidas. Oficializou o uso do uniforme branco Fundou o Centro Esportivo Angola em 1941. Participou para o reconhecimento da Primava pela disciplina e pela ordem. Capoeira. Condenava a violência. Fundou o centro de Cultura Física Representou e o Brasil no I Festival de Arte Luta Regional Negra, no Senegal. Sua escola ainda é mantida nos dias de hoje. 3 SUGESTÃO DE OFICINAS As atividades a seguir são sugestões , a partir das quais, poderão ser criadas outras de interesse de sua comunidade escolar. • OFICINA I Sugerir as crianças ou jovens a fazer um levantamento na biblioteca ou internet de músicos negros de nosso estado, de renome nacional ou internacional. Depois de terminada a pesquisa da vida e da obra destes artistas organizar uma exposição com reproduções de suas obras, reportagens e entrevistas em jornais ou revistas. • OFICINA II Ampliar o acervo de imagens da escola, procurando em revistas, catálogos, jornais, tudo que se relacione à música, podendo ser samba, funk, 3 hip-hop, jazz, blues, (tanto reprodução de obras como textos), passando esse trabalho a fazer parte do acervo da biblioteca. • OFICINA III Criar um painel coletivo com o grupo; entender a música como expressão de sentimentos, idéias registro de uma cultura; as crianças ou jovens devem captar por meio do desenho, seus sonhos e aspirações; Materiais – letras de música (choro, samba, lundu), aparelho de som e cds, tinta, papel, pincéis e outros que achar necessário. • OFICINA IV Objetivo: Conhecer as principais manifestações da cultura negra nas diferentes regiões do país. Materiais: Mapa do Brasil com suas regiões ou estados demarcados, com ilustrações das principais danças e folguedos da cultura negra. Execução: *Os participantes identificam no mapa as várias regiões do país; Cada grupo se responsabiliza pela pesquisa de uma região; Construir um roteiro que possibilite conhecer músicas e danças de origem negra; As equipes devem ter um tempo para que possam encontrar músicas, vídeos, ou contatar pessoas que possam ensinar, por exemplo, a confeccionar vestimentas típicas; *Agendar um dia para a exposição de materiais e apresentação das músicas, danças e folguedos. • OFICINA V Teatro de bonecos, transformando uma caixa de papelão em palcobiombo. 3 Materiais: Caixa de papelão, tintas, pincéis,cola e outros materiais Execução: *Abra a caixa e na face central faz uma abertura, elabore os bonecos de acordo com o folguedo ou musica que quer apresentar (os bonecos podem ser fantoches de pano, dedo, cartucho e outros materiais); *Realizar uma pesquisa sobre folguedo ou dança a ser apresentada; *enfeitar o palco, porém, deve se dar destaque aos bonecos; Agendar o dia para a apresentação dos trabalhos. • OFICINA VI Objetivo: Relembrar que os negros que foram trazidos ao Brasil e escravizados utilizavam máscaras em seus rituais e máscaras fazem parte da história do carnaval. Materiais: folha de papel, giz de cera, cola , tintas, retalhos de papel e de pano, tesoura, pincéis. Execução: Primeiro pesquisar a história das máscaras principalmente dos ranchos carnavalescos; Distribuir material para que os participantes criem suas máscaras; Após a confecção pode-se organizar um desfile de máscara e ainda fazer um mural. • OFICINA VII Organizar um grupo de alunos e conversar com eles sobre as contribuições do negro na música brasileira. Se possível organizar um cine fórum após assistir a um filme ou vídeo que mostre festejos da cultura negra. Procurar na biblioteca, livros, documentos, publicações, com informações sobre as manifestações, ou ainda convidar professores de História 3 da Universidade local (caso haja) para conversar com o grupo sobre as influências da musica negra no Brasil. • OFICINA VIII Os instrumentos de percussão são aqueles cujo som é obtido por meio de batidas ou sacudidas, como exemplo, temos tambores, pandeiros, bateria, chocalhos, etc. Faça uma busca com seus alunos e arrecadem elementos da natureza como pedras, galhos, conchas e ainda latas e confeccionem instrumentos simples como chocalhos, por exemplo. E depois forme equipes e criem pequenas composições para os instrumentos criados e apresentem para toda as escola . Confeccionar instrumentos é bastante divertido e acessível a todas as faixas etárias. Negros Nomes da Música Brasileira Caninha Tia Ciata João da Baiana José Luis Morais Hilária Batista de João Almeida em Nasceu conhecido Caninha vendia por tias por rolete baianas que início do de passado Machado José Guedes Jacarepaguá , ficou A mais famosa das Era Zé Kéti o Flores Jesus caçula de Foi um grande do uma família de 12 cantor e compositor século irmãos. É tido como brasileiro, além de que veio o introdutor do membro da Ala de cana nas ruas do morar na Pequena pandeiro no samba. Compositores Rio de Janeiro. África (Rio Janeiro). Na década de 20 do de Além do dos ficava da pandeiro Portela. era especialista no Sua composição de prato século passado era Em sua casa que um de na faca.Participou Praça e maior sucesso foi “A voz do morro”, que 3 freqüentadores da Onze onde se com a música “Ketambém foi o nome casa de tia Ciata. reuniam ke-ke-ké da de compositores como gravação Participou de vários da Baiana. “Grupo como Lobos do Caxangá” e “Grupo ”Uruguai”. Cidade Nova”. Em De profissão 1968 com Pixinguinha e era Nos anos 30 já era Jesus considerado “Gente da Antiga”. ultrapassado e em É autor da música resposta em 1933 “Batuque na compõem Cozinha”, também em de o disco resposta a música lançada em 1968, “É regravada Batucada”. mais tarde por Martinho 49 da Vila. músicas. Pixinguinha Sinhô Alfredo da Rocha José Viana Foi lançaram gravou Clementina Compôs Keti, navio três discos. funcionário público. m conjunto musical criado por Donga, Sinhô e João organizada por Villa Zé musicais grupos um Donga Barbosa da Ernesto saxofonista, Cantor Joaquim versátil Maria dos Santosnasceu em Maceió Silva flautista, Foi Djavan (AL). músico, compositor Foi carioca garoto e mais compositor compositor, cantor, reconhecido em violinista . cantarolava músicas de Angela foi Maria envolvido arranjador. Um dos 1920, pelas músicas criado Desde e maiores Gonçalves. Fala meu Louro e a pela música já que compositores marcha O Pé de seu pai Aprendeu tocava Nelson tocar 4 brasileiros, dúvida sem Anjo. o maior Foi representante Choro. bombardino e sua violão Em mãe bastante do polêmico 1919, vezes tocar muitas acusado gostava modinha sozinho de acompanhando cifras e promover reuniões que de em as revistas comprava em formou o conjunto de samba em sua bancas de jornal. plagio. Era um dos Oito Batutas. freqüentadores casa. da Com dezoito anos Ao compor a música casa de tia Ciata. Tocava cavaquinho formou o conjunto “Carinhoso” de ouvido. Em 1917 Luz, Sua música “Jura”, (1916/1917) e fez sucesso gravou como a música Dimensão. Lamentos (1928) foi “Pelo Telefone”. abertura da novela criticado na sendo interpretada Pixinguinha verdade eram muito por para a Pagodinho. época. Teve maior , Sua paixão está em compor. O Cravo e a Rosa, Integrou junto com duramente, avançadas Som Zeca “Oito Batutas”. os No início carreira encontrou muitas dificuldades, porém centenas de de não desanimou. Suas composições, entre composições elas verdadeiras poesias. “Rosa”, “Vou Vivendo”, “A vida é Suas um Buraco”. composições são principais são: Dupla Traição, Álibi, A Ilha, Samurai, Açaí, Lilás, Esquinas, Oceano e muito mais. 4 Milton Clementina Nascimento Jesus de Cartola Gilberto Gil Angenor Estudou de desde É um dos destaques Nasceu no interior Oliveira pequeno acordeon da música popular do Rio de Jesus. Talentosíssimo e brasileira. Apareceu Trabalhou em 1960 na intensificou músicas como compôs estudo II doméstica até ser como “As Rosas Não no Festival da Canção descoberta da Rede Globo. juventude o Hermínio Carvalho onde chapéu-coco e então passou usava a mistura jazz, blues, nas já na faculdade que entra em contato obras a do show rock, música latina participar e para não sujar com a erudita. “Rosa de Ouro” outros. cabeça com reboco diretor que mais e virou disco. Rádio locutor da o 18 anos o conjunto pelo Seu apelido vem “Os Desafinados”, pelo uso de um 1963 sincrético, DJ, que levou a formar aos em Falam”. Seu estilo musical compositor é Foi seu música tarde Em 1962 Caetano e cimento, pois era Veloso,Maria pedreiro. Bethânia e Gal considerada a Não teve nenhuma Três Pontas (MG) Era e Costa fazem o show rainha do samba cantava nas formação musical, “Nós por Exemplo” partido –alto e madrugadas como mas desde cedo crooner. formou o também Também gravou ouvia jongos e músicas Conjunto Handel. Luar da Prata. Morando em de cultos afro. Em São sua Bach Foi em e Salvador. Começou um carreira fundadores parcerias escola de a tornar famoso dos programa da se no de televisão “O Fino samba da Bossa” com as musicais com Regina que gravou Mangueira, escolheu “Eu vim Pixinguinha e João sua primeira música suas cores verde músicas e fez Paulo conheceu Elis “Canção de Sal”. da Bahia” e da Baiana além de rosa e ainda compôs “Louvação”, já na ter gravado quatro o primeiro sambacidade de São discos solo. enredo “Chega de Demanda”. Paulo. 4 Na tentativa de Participou levar o samba dos vários de festivais morros para as ruas música, e da cidade abriu com partir Dona e foi a do 3ª Zica (sua Festival da Record o bar cantando “Domingo esposa) Zicartola. conseguiu Só no Parque” gravar 1967 seu primeiro disco juntamente em 1974. Caetano em que com Veloso disseminam as primeiras sementes do Tropicalismo. Padre José Maurício Nunes Garcia Carioca filho de pai português e escrava. Foi músico o mais importante período mesmo mãe do colonial., sem nunca sair do Brasil, suas obras conhecidas eram na Europa. Começou suas composições com 16 4 anos de idade, porém muitas foram perdidas. Foi o primeiro brasileiro a destacar-se na música. BIBIOGRAFIA 01 - ALVES, Henrique. Sua Excelência o samba. São Paulo:Símbolo, 1976. 4 02 - ALMEIDA, Tereza Virginia. No balanço malicioso do lundu. Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH. fev/mar, 2005, p.16-21. 03 - ARAÚJO, Ari. As Escolas de Samba: um episódio antropofágico . Petrópolis: Vozes/SEEC-RJ. 101.p. 04 – BRANCO, Mirian Adriana. O processo de constituição da imagem de sexualidade negra no Brasil em finais do século XIX e no início do século XX. UFSC.P1-12. 05 - BRASIL. Lei nº 10.639 de 09 de Janeiro de 2003. Dispõe sobre a inserção de História e Cultura Afro- Brasileira nos Currículos Escolares, Brasília,p. 40, jan, 2003. Legislação Federal. 06 - CAMPOS, Flávio(coord.). 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