Informações sobre a tradução: Medida por medida - DBD PUC-Rio

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PEÇA:
Measure for Measure
TÍTULO TRADUZIDO:
Medida por medida
TRADUTOR:
Carlos Alberto Nunes
DADOS BIOGRÁFICOS DO TRADUTOR:
Carlos Alberto da Costa Nunes nasceu no dia 19 de janeiro de 1897, em São Luís do Maranhão,
onde completou o ensino primário e secundário. Em 1920, depois de se doutorar em medicina
pela Faculdade da Bahia, foi morar no estado de São Paulo, primeiro na capital e, depois, em
Sorocaba. Por meio de concurso, firmou-se como médico-legista público. Casou-se com
Filomena Nunes, que também foi sua colaboradora. Ocupou a cadeira número 5 (Eduardo
Prado) da Academia Paulista de Letras, para a qual foi eleito em 1956, e foi membro do
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Autor do poema Os brasileidas e dos dramas
Estácio e Moema, traduziu e publicou Clavigo e Stela, de Goethe, Judith, de Hebel, o teatro
completo de Shakespeare, a Ilíada e a Odisséia, de Homero, a Eneida, de Virgílio e, pela
Universidade Federal do Pará, a obra de Platão (Diálogos e Cartas). Faleceu em Sorocaba, em
01 de outubro de 1990.(Fonte: Professor Benedito Nunes, sobrinho do tradutor.)
EDITORA:
Ediouro (edição original da Melhoramentos)
COLEÇÃO: Clássicos de Bolso
LOCAL E DATA DE PUBLICAÇÃO:
Rio de Janeiro (data não especificada). A edição original, da Melhoramentos, foi publicada em
São Paulo, em 1955.
NÚMERO DE PÁGINAS:
95 (a edição com duas peças tem 199 páginas)
TEXTO-FONTE: não informado
EDIÇÃO: Monolíngue, em volume com Conto do inverno. A respeito do plano da publicação
do Teatro Completo de Shakespeare, informa o tradutor na Introdução Geral: “Conquanto
editado o Teatro Completo de Shakespeare em volumes pequenos, de duas peças, que o leitor
poderá dispor na ordem que bem lhe parecer, foi concebida a publicação segundo o clássico
modelo tripartido, de comédias, dramas históricos e tragédias, adotado desde o Fólio de 1623 e
seguido pela maioria dos editores subseqüentes” (p. 11).
CARACTERÍSTICAS DO VOLUME
1.
CAPA: Ilustrada, traz o nome da coleção, a logomarca da editora, o nome do autor, os
títulos das duas obras e sua classificação como “comédias”, e o nomes do tradutor (este, em
tamanho menor)
2.
ORELHA: Não há orelha
3.
QUARTA CAPA: Apresenta a classificação “Literatura estrangeira” e o nome da
coleção acompanhado por um breve comentário. Abaixo estão o nome do autor e dos dois
títulos, juntamente com seus respectivos comentários. Mais abaixo, há o nome da editora
com sua respectiva logomarca.
4.
TEXTOS DE APRESENTAÇÃO:
a.
b.
Prefácio: Resumo detalhado da peça
Introdução: Brevíssima apresentação da obra, introduzindo a trama e os
personagens principais.
5.
NOTAS: Não contém notas
6.
OUTROS ELEMENTOS:
Quadro cronológico das peças teatrais de Shakespeare segundo E. K. Chambers. Ilustrações de
John Gilbert ao longo da peça. Além de Medida por medida, a edição traz também a tradução de
Conto do inverno.
CARACTERÍSTICAS DA TRADUÇÃO:
Em prosa/verso branco/verso rimado seguindo a mesma distribuição do original. Nas passagens
em verso, o tradutor adotou, salvo algumas exceções, o decassílabo heróico (verso de dez
sílabas com acentos na sexta e na décima), por julgá-lo o verso português que mais se assemelha
ao decassílabo inglês de cinco pés. Para as canções e demais passagens líricas, foram
empregados metros variados, de acordo com os versos do original e a natureza do assunto.
(Fonte: Introdução Geral aos três volumes do Teatro Completo publicados pela Ediouro).
Na Introdução Geral e Plano da Publicação do Teatro Completo, que acompanha cada um dos
três volumes do Teatro Completo (Ediouro, s/d), o tradutor escreveu o seguinte sobre o uso do
verso branco em suas traduções: “Naturalmente no manejo do verso branco uma particularidade
do original não pode ser acompanhada na tradução: o período métrico, por assim dizer, a
estrutura íntima do verso, que nas primeiras produções do autor é diferente das de sua fase de
maturidade literária. Nesse particular foi inevitável, na tradução, certa uniformidade de estilo.
Mas o certo é que nas primeiras peças de Shakespeare os decassílabos brancos, de regra, são
completos em si mesmos, raramente passando a frase métrica para o subseqüente, ao passo que
nas obras mais amadurecidas (...) é quase regra geral o encadeamento e a variedade das pausas
dentro do próprio verso (...). (p. 10)
No site da Livrarte, livraria virtual criada em Juiz de Fora (MG) para comercializar livros
esgotados, raros e usados, informa-se que a edição da Melhoramentos com as obras de
Shakespeare foi feita por Carlos Alberto Nunes e grande equipe de tradutores, sob a direção
daquele (http://br.geocities.com/livrartedigital/LetraC.html).
MOTIVAÇÃO DA TRADUÇÃO: não informada
RECEPÇÃO CRÍTICA:
O crítico Eugenio Gomes, em seu livro Shakespeare no Brasil (São Paulo: MEC, 1961) louva o
apurado conhecimento que Carlos Alberto Nunes demonstra tanto do inglês quanto do
português, mas lamenta que a sua preocupação dominante de “tornar as suas traduções mais
deleitáveis nem sempre haja se conciliado satisfatoriamente com a fidelidade textual” (p.32).
Em seus comentários, o crítico revela um grande cuidado em valorizar os esforços de Nunes,
classificando a sua tradução de toda a poesia dramática shakespeariana como um trabalho de
grande envergadura, geralmente consciencioso e seguro, “capaz de impor-se como verdadeiro
modêlo do que deverá ser uma tradução brasileira de Shakespeare” (p. 68). Ressalta, ainda, a
sua capacidade de dar “solução aceitável” a muitos problemas do texto, “notòriamente havidos
como cruciais para o tradutor” (ibid.). Por outro lado, o crítico lamenta a falta de aparato crítico
e faz restrições à métrica: além de algumas incoerências rítmicas, Gomes observa uma
“inelutável coação” da métrica sobre o espírito do tradutor, provocando o surgimento de
arcaísmos que deveriam ser evitados.
O crítico e tradutor Nelson Ascher, segundo comentários enunciados por ocasião de sua palestra
Shakespeare em tradução, que integrou as atividades do curso Códigos Verbais: Shakespeare I,
ministrado pelo Dr. Artur Nestrovski no Programa de Estudos Pós-Graduados da PUC/SP
(março-junho de 1994), considera Nunes um tradutor erudito e rigoroso, que procurou manter o
esquema métrico do original, combinando verso rimado/verso livre/prosa.
Para a tradutora e pesquisadora Margarida Rauen (“Merging Intertextualities on the Brazilian
Stage”. Allegorica 14, 53-60, 1993), as traduções de Nunes são difíceis de ler, por causa do seu
estilo ornamentado e grandiloquente, e por observarem as normas da linguagem escrita, tão
diferentes daquelas da linguagem oral.
A tradutora e crítica Barbara Heliodora critica em Nunes o excesso de inversões, que
inviabilizam o uso da sua tradução no palco (Falando de Shakespeare. São Paulo: Perspectiva,
1997).
Em seu artigo “Figura em minha língua: da tradução em verso do verso dramático de William
Shakespeare, um projeto para Ricardo III”, publicado no número 3 do periódico online
Tradução
em
Revista”
(http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgibin/db2www/PRG_1188.D2W/INPUT?CdLinPrg=pt), o dramaturgo e tradutor de textos teatrais
Marcos Barbosa de Albuquerque considera Nunes um tradutor brilhante, embora “[b]astante
particular em sua escolha de palavras e vasto no emprego de inversões e de malabarismos
sintáticos”, o que o tornou objeto de recorrentes acusações de arcaísmo por parte da crítica.
MONTAGENS TEATRAIS FEITAS A PARTIR DESTA TRADUÇÃO: informação não
localizada
REEDIÇÕES/REIMPRESSÕES:
A edição original foi da Editora Melhoramentos, em 1955, em volume duplo com Conto do
inverno (Obras completas de Shakespeare 7, 225p. ilust.), reeditado em 1958. Posteriormente,
os direitos sobre as traduções do drama shakespeariano realizadas por Nunes passaram para a
Ediouro Publicações, que fez sucessivos lançamentos em três formatos: (i) o Teatro Completo
de Shakespeare em três volumes, organizados em torno de Tragédias, Comédias e Dramas
Históricos; (ii) em edições individuais, contendo uma única peça; e (iii) em edições com duas
peças, como é o caso desta, que traz também Conto do inverno.
Em 2008, a Agir, uma das editoras do grupo Ediouro, relançou o Teatro Completo em três
volumes. Trata-se de uma edição de luxo (21,5cm x 28,5cm), com capa dura e ilustrada,
mantendo a distribuição tradicional em Tragédias, Comédias e Dramas Históricos, bem como os
paratextos da edição original assinados por Carlos Alberto Nunes: “Introdução geral e plano da
publicação do teatro completo”, “Quadro cronológico das peças teatrais de Shakespeare” e uma
apresentação e um prefácio curtos para cada peça. Nesta edição, Medida por medida integra o
volume de Comédias.
DISPONIBILIDADE: Edições antigas (Melhoramentos e Ediouro): exemplares esparsos em
livrarias e sebos; disponível em bibliotecas. Edição da Agir (2008): à venda em livrarias.
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