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EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS - EPAMIG
CLIPPING
10/10/2012
Produção Ascom
Café Point
8/10/12
www.cafepoint.com.br
Manejo Integrado de Pragas promove cafeicultura sustentável
As lavouras de cafeeiro hospedam poucas espécies de pragas, sendo que a grande
maioria dos artrópodes (insetos, ácaros, aranhas, por exemplo) encontrados nas
lavouras de cafeeiro são considerados benéficos, e só algumas poucas espécies
podem ser consideradas como pragas. Entre essas poucas espécies de pragas, uma
parte delas - como alguns ácaros, o bicho-mineiro e a broca-do-café - podem
eventualmente causar prejuízos econômicos ao produtor e ainda à qualidade da
bebida. Em decorrência do emprego de defensivos para controlá-los, há também
prejuízos socioambientais e à saúde da população e aumento de custos na
produção.
Os métodos de controle mais eficazes dessas pragas, no sentido real do termo, são
os que usam os princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP), ou seja, aliam o
manejo químico e biológico, entre outros, em prol da preservação no
agroecossistema, usando defensivos como último recurso, somente no momento
certo para cada praga e de forma controlada, seletivos aos artrópodes não alvos,
preservando os inimigos naturais das pragas e favorecendo seu controle.
Desde a criação, em 1997, do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa
é coordenado pela Embrapa Café (Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - Mapa), projetos têm sido conduzidos com essa visão integrada e
ecológica do manejo das pragas. Reflexo disso foi a inauguração, em 2000, do
Centro de Pesquisa em Manejo Ecológico das Pragas e Doenças de Plantas
Cultivadas - EcoCentro, sendo o café sua cultura-chave.
O EcoCentro reuniu equipe de pesquisadores da Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, instituição participante do Consórcio,
que trabalhavam há décadas com esse pensamento e ainda permitiu
estabelecimento de parceria com pesquisadores de outras instituições consorciadas,
como a Universidade Federal de Lavras - Ufla, o Instituto Mineiro de Agropecuária IMA e a Embrapa Café. Hoje os projetos do EcoCentro abarcam principalmente o
Sul de Minas e Alto Paranaíba, regiões onde são mais relevantes as infestações por
pragas como ácaros, o bicho-mineiro e a broca-do-café.
Segundo o pesquisador da Embrapa Café Mauricio Sergio Zacarias, que trabalha no
EcoCentro desde 2003, esses projetos têm em comum uma visão mais abrangente
do agroecossistema da lavoura e a busca de uma solução não imediatista para o
problema, mas sim duradoura, de efeitos contínuos. Nessa linha, a
multidisciplinaridade é fundamental. "Olhar o entorno, a propriedade e a lavoura, o
lado socioeconômico, cultural e químico da questão e suas consequências. Hoje
estima-se que cerca de 15% do custo da produção de café é devido aos gastos com
o controle químico de pragas. Levando em consideração que o Brasil é o maior
consumidor de produtos fitossanitários do mundo, a tendência em pender por essa
via
é
forte
e
tardia,
se
pensarmos
em
países
mais
avançados
socioeconomicamente. Estamos tentando fazer o contraponto, mas falta apoio para
os pesquisadores da área. Trabalhamos por essa mudança de consciência", diz.
Manejo Integrado de Pragas do Cafeeiro (MIP Café) - O pesquisador explica que o
MIP tem base em pesquisas de táticas de manejo ecológico das pragas que utilizam
ao máximo a ação benéfica dos inimigos naturais, pois reconhece que o próprio
agroecossistema possui um complexo desses organismos benéficos que controlam
pragas e doenças, reduzindo perdas econômicas sem causar danos à saúde
humana e ao ambiente. "No Manejo Integrado de Pragas, pode-se eventualmente
vir a se dispensar totalmente o uso de produtos fitossanitários. Esse sistema é
chave para a produção organomineral, ou seja, produção na qual tais produtos são
dispensáveis (se diferencia da produção orgânica por utilizar o manejo racional de
fertilizantes), e também no processo de transição para o sistema orgânico de
produção".
Zacarias acredita que essas formas de condução da lavoura ensinam a conviver e
tolerar a presença de pragas (insetos, ácaros e plantas daninhas), doenças e danos
que provocam enquanto não representam prejuízo econômico. "Essa tolerância tem
o objetivo de preservar a ação do meio ambiente, principalmente dos inimigos
naturais, permitindo que se tornem mais eficientes, aliado à capacidade de
recuperação natural das plantas", pondera o pesquisador.
Ácaros do cafeeiro - Entre as centenas de espécies de ácaros que vivem e
convivem no agroecossistema cafeeiro, há muito mais espécies de ácaros
predadores que pragas. Somente o ácaro-vermelho e o ácaro-branco podem vir a
causar danos diretos e o ácaro-da-mancha-anular indiretos, por meio da
transmissão de doenças.
Segundo o pesquisador da Embrapa Café Mauricio Sergio Zacarias e pesquisadores
da Epamig Paulo Rebelles Reis, Rogério Antônio Silva e Júlio César de Souza, o
ácaro-vermelho, ao se alimentar das folhas do cafeeiro, causa perda do brilho da
folha, péssimo aspectos às plantas e até desfolhamento. São pragas típicas de
períodos de seca, com estiagem prolongada. "A preservação e o aumento das
espécies de ácaros predadores são importantes para a manutenção do controle
biológico desses ácaros e, se necessário, o controle químico com aplicação de
defensivos deve ser feito com acaricidas específicos ou inseticidas-acaricidas
seletivos. O uso em excesso de defensivos para outras pragas ou doenças pode
ocasionar a resistência e/ou ressurgência desses ácaros", explica Rebelles.
Sobre o ácaro-da-mancha-anular, os pesquisadores afirmam ser uma espécie
comum e amplamente disseminada. Aparece em todas as regiões cafeeiras do País,
sendo que sua importância é devida à transmissão do vírus causador da doença
virótica mancha-anular. A severidade dessa doença é maior nas áreas de Cerrado,
sendo muito relevante e demandando constante vigilância na região do Alto
Paranaíba de Minas Gerais. A doença se caracteriza por causar manchas em
formato de anel nas folhas, ramos e frutos das plantas e consequente queda das
folhas e redução na qualidade do café. "Também nessa espécie de praga percebese a ocorrência de inimigos naturais, como ácaros predadores. O controle químico
deve ser feito somente quando necessário e nas reboleiras, característica da
infestação do ácaro, e com produtos fitossanitários seletivos aos ácaros predadores,
priorizando-se o Manejo Integrado dessa espécie de ácaro", completa o
pesquisador.
Já o ácaro-branco ataca folhas e ramos ou folhas novas em condições de alta
umidade relativa, uma condição típica em viveiros. Sua importância reside na má
formação das mudas nos viveiros.
Bicho-mineiro - É a principal e a mais disseminada praga do cafeeiro e tem esse
nome por minar as folhas da planta. Tem ocorrência generalizada em Minas Gerais,
tendo chegado ao Brasil junto com o café, da África. Pesquisadores afirmam que
essa praga aparece principalmente em longos períodos de estiagem e baixa
umidade; depois do uso excessivo de fungicidas cúpricos ou alguns inseticidas; em
áreas de espaçamento muito abertas ou muito ensolaradas e onde há presença de
cobertura morta, cultura intercalar ou mato nas ruas e ainda adubações e tratos
insuficientes.
Há várias formas de manejo dessa praga, entre elas o cultural, com a utilização de
quebra-ventos, ou arborização com leguminosas, que reduzem as infestações da
praga. Segundos Reis e Souza, "o controle biológico do bicho mineiro existe
naturalmente podendo ser realizado por parasitoides (pequenas vespas) e/ou
predadores (vespas, marimbondos), que procuram nas lesões das folhas do
cafeeiro, lagartas do bicho-mineiro para parasitar ou delas se alimentar. A
eficiência dos predadores é de cerca de 70%, enquanto que a dos parasitas é de
18%. A utilização de controle químico para complementação torna-se necessária
somente quando 30% (Sul de Minas) ou 20% (Triângulo mineiro) das folhas
apresentarem minas intactas e com lagartas vivas".
Estudos realizados por esses pesquisadores do Consórcio Pesquisa Café mostram
que, em ataques mais severos, cerca de 60% das folhas atacadas caem e,
independente do tamanho da lesão, todas as folhas atacadas tem sua eficiência
fotossintética bastante reduzida. Dessa forma, dependendo da intensidade de
infestação, podem ocorrer de 30 a 80% de prejuízos na produção.
Broca-do-café - De ocorrência mais generalizada no Paraná, na Zona da Mata de
Minas Gerais e nas regiões de produção de Conilon, pode ser considerada
atualmente a segunda principal praga da cafeicultura de arábica e a principal praga
do Conilon. Juntamente com o bicho-mineiro, são consideradas as pragas-chave no
Manejo Integrado de Pragas do Café (MIP Café).
A broca causa dano direto no produto final da lavoura - os frutos do cafeeiro reduzindo a produtividade (seja por frutos caídos ou perda de peso) e a qualidade
da bebida. Sem manejo adequado, a broca permanece nos frutos úmidos
remanescentes da colheita, nos que ficam nas plantas ou sobre o solo, causando
infestação na safra seguinte, com consequente redução do peso dos grãos, queda
dos frutos e redução da qualidade do café.
Na natureza, conforme ensinam os pesquisadores do Consórcio, já existem inimigos
naturais de pragas como a broca, muitos deles em estudo e testes, como a vespade Uganda, a vespa-da-Costa-do-Marfim, vespa-do-Togo, a formiga Crematogaster
curvispinosus e os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae. Segundo os
estudiosos, esse fato combinado a práticas de manejo ecológico se aliam na
prevenção e no controle dessa praga, evitando ou mesmo diminuindo
consideravelmente o uso de produtos fitossanitários nas lavouras de café.
Entre as práticas recomendadas pelos pesquisadores está o plantio dos cafezais em
espaçamentos que permitam arejamento e penetração de luz para propiciar baixa
umidade do ar em seu interior. A colheita de café deve ser muito bem feita, limpa,
devendo ser evitado que fiquem frutos nas plantas e no chão, nos quais a broca
poderá sobreviver na entressafra, principalmente se for chuvosa. Outra
recomendação é que, após a colheita, caso tenham ficado muitos grãos nas plantas
e no chão, se faça o "repasse" ou catação dos frutos remanescentes da colheita. É
importante também, segundo os pesquisadores, monitoramento sistemático das
lavouras irrigadas, pois devido à umidade têm mais facilidade de infestação.
"Mais do que a criação de um produto biológico, uma tecnologia, nós buscamos
trabalhar a sustentabilidade do agroecossistema, a paisagem, com ações de
prevenção e conscientização. Isso implica mudança de comportamento do
agricultor na condução de seu trabalho, que precisa geralmente investir num
trabalho de um a dois anos para perceber e compreender que os resultados valem
a pena" ressalta Zacarias.
EcoCentro - Coordenado pelo pesquisador Paulo Rebelles Reis, tem como objetivo
pesquisar e difundir princípios e práticas de controle de pragas (artrópodes e
plantas daninhas) e doenças de forma ecológica. Propõe ainda o emprego de
insumos e energias de forma racional para obtenção de uma rentabilidade
sustentável com um mínimo de impacto ambiental.
Consórcio Pesquisa Café - O Brasil desenvolve o maior programa mundial de
pesquisas em café, o Programa Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.
Essa rede integrada de pesquisa é possível graças ao Consórcio Pesquisa Café, que
reúne dezenas de instituições brasileiras de pesquisa, ensino e extensão
estrategicamente localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo
de gestão incentiva a interação entre as instituições e a união de recursos
humanos, físicos, financeiros e materiais, que permitem elaborar projetos
inovadores. A evolução da cafeicultura brasileira, ao longo dos últimos anos,
comprova
a
importância
dos
trabalhos
de
pesquisa.
Esse arranjo institucional atua em todos os segmentos da cadeia produtiva, tendo
por base a sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental,
o desenvolvimento e o incentivo a pequenos e grandes produtores. Hoje reúne mais
de 700 pesquisadores de cerca de 40 instituições, envolvidos em 74 projetos dos
quais fazem parte 355 Planos de ação.
Foi criado por iniciativa de dez instituições ligadas à pesquisa e ao café: Empresa
Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
- Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar,
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper,
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de
Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.
As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com o apoio e o financiamento do
Fundo de Defesa da Economia Cafeeira - Funcafé, do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento - Mapa.
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