06 - REVISTA ENFERMAGEN ATUAL - IN-DERM - ABR

Propaganda
Revista
ISSN 1519-339X
Ano 14 - Nº 69 / 7 - Abril / Maio / Junho - 2014
A Revista Enfermagem Atual In Derme está indexada na base de dados do Cinahl - Information
REVISTA ENFERMAGEM
ATUAL IN B2
DERME
69 e no Grupo EBSCO Publicações.
Systems USA, classificada como Qualis
International
da2014;
Capes
1
2
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Editor:
Viviane Fernandes de Carvalho
Redação:
Cesar Isaac
Assistente Editorial:
André Oliveira Paggiaro
[email protected]
Financeiro:
Sobenfee
Produção:
Charles da S. Santos
Vendas:
Sobenfee
[email protected]
Sac:
[email protected]
A pesquisa em Enfermagem vem ganhando corpo e qualidade, há pelo menos 50 anos. E isto só foi possível a partir do momento que os pesquisadores perceberam a necessidade de dialogar e indagar os preceitos metodológicos e filosóficos que até então embasaram a produção técnico científica dos enfermeiros.
Atualmente, a pesquisa mostra-se um campo aberto para incorporação de
paradigmas de todas as ciências. E a Enfermagem tem estado alerta à esta aber-
Envio de Artigos:
[email protected]
ENFERMAGEM ATUAL IN DERME é uma
revista científica, cultural e profissional, trimestralmente lida por 5.000 enfermeiros.
ENFERMAGEM ATUAL IN DERME não aceita
matéria paga em seu espaço editorial.
tura, trazendo à sociedade sua vivência, seu sentir e saber, porém adicionados
de conhecimentos desde cadeiras básicas, como a biologia às amplas discussões
referentes à morte.
Nesta edição da Revista Enfermagem Atual – In Derme, poderemos perceber
com exatidão os pressupostos acima apontados, a partir da leitura de:
CIRCULAÇÃO: Em todo Território Nacional.
CORRESPONDÊNCIAS: Rua México, nº 164
sala 62 Centro –Rio de Janeiro - RJ - (21)
2259-6232 - [email protected]
Periodicidade: Trimestral
Distribuição: Sobenfee
Produção: EPUB - Editora de Publicações Biomédicas Ltda.
ENFERMAGEM ATUAL IN DERME reserva
todos os direitos, inclusive os de tradução, em
todos os países signatários da Convenção Pan
-Americana e da Convenção Internacional sobre
Direitos Autorais.
A Revista Enfermagem Atual In Derme
está indexada na base de dados do Cinahl Information Systems USA e classificada como
Qualis Internacional B2 da Capes e no Grupo
EBSCO Publicações.
Os Trabalhos publicados terão seus direitos
autorais resguardados pela Sobenfee que, em
qualquer situação agirá como detentora dos
mesmos.
•
Santos, et al., sobre a Avaliação antibacteriana e tóxica da espécie Cordia
nodosa Cham.: perspctiva no tratamento de feridas infectadas;
•
Chagas e Borges mostram as Evidências da ozonioterapia no tratamento
da lesão cutânea crônica;
•
Lima e Fernandes, discutem sobre a Violência contra a mulher e qualidade de vida;
•
Zani, Oliveira e Araújo, por meio qualitativo nos apresentam a Dignidade
no fim da vida – percepção de enfermeiros;
•
Trentino, et al., mostram o Desempenho acadêmico e qualidade do relacionamento interpessoal de graduandos de enfermagem.
Certa de um novo encontro em breve, desejo a todos excelente leitura!
Circulação: 4 números anuais: JAN/FEV/MAR
– ABR/MAI/JUN – JUL/AGO/SET – OUT/NOV/
DEZ
DATA DE IMPRESSÃO: Junho 2014
A Revista Enfermagem Atual In Derme é uma
publicação trimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem,
Saúde e Áreas Afins, como resultados de pesquisas, artigos de reflexão, relato de experiência e discussão de temas atuais.
Viviane Fernandes de Carvalho
Editora chefe
ISSN 1519-339X
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
3
Conselho Científico
Ana Claudia Puggina
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
Ana Karine Brum
Universidade Federal Fluminense
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
Ana Llonch Sabates
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
Sumário
EDITORIAL
3
ARTIGOS
5 Normas de Publicação
Revista Enfermagem Atual - In Derme
Andre Oliveira Paggiaro
Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina Universidade de São Paulo
São Paulo, SP-Brasil
Arlete Silva
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
________
Beatriz Guitton
Universidade Federal Fluminense
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
8 Avaliação antibacteriana e tóxica da espécie
Cordia nodosa cham.: PerspEctiva no tratamento
de feridas infectadas
Cesar Isaac
Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina Universidade de São Paulo
São Paulo, SP-Brasil
Evaluation of antibacterial and toxic species Cordia nodosa
cham .: Perspectiva in the treatment of infected wounds
Denise Sória
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
Raíssa Fernanda Evangelista Pires dos Santos, Isabelle Souza de Mélo Silva,
Edna Apparecida Moura Arcuri
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
Kátia Mayumi Takarabe Caffaro, Regina Célia Sales Santos Veríssimo, Thais Honório Lins,
Fulvia Maria dos Santos
Universidade Estácio de Sá
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
João Xavier de Araújo-Júnior, Lucia Maria Conserva, Eliane Aparecida Campesatto,
Maria Lysete de Assis Bastos
Javier Soldevilla Agreda
Universidade de La Rioja
Logroño-Espanha
José Carlos Martins
Universidade de Coimbra
Coimbra-Portugal
________
José Verdu Soriano
Universidade de Alicante
Alicante-Espanha
14 Evidências da ozonioterapia no tratamento
da lesão cutânea crônica
Ozone therapy evidencies on cutaneous lesione treatment
Josiane Lima de Gusmão
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
Izabel Cristina Sad das Chagas, Eline Lima Borges.
Karina Chamma Di Piero
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
Marcus Castro Ferreira
Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo
São Paulo, SP-Brasil
________
Maria Celeste Dalia Barros
Universidade Estácio de Sá
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
Violence against women and Quality of life
Mari Anna Tavares de Lima, Rosa Aurea Quintella Fernandes
Maria de Belém Cavalcante
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
Maria Helena Gonçalves Jardim
Universidade da Madeira
Funchal-Portugal
Maria Luiza Santos
Universidade da Madeira
Funchal-Portugal
20 Violência contra a mulher e qualidade de vida
________
24 Dignidade no fim da vida – percepção de enfermeiros*
Dignity at the end of life – perception of nurses
Maria Marcia Bachion
Universidade Federal de Goiás
Goiania, GO-Brasil
Andrea Cristina Marchesoni Zani, Talita Camila de Oliveira, Monica Martins Trovo de Araújo
Neida Luiza Kaspary
Universidade Federal de Santa Maria
Santa Maria, RS-Brasil
Patricia Helena Castro Nunes
IPEC / FIOCRUZ
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
Rosa Aurea Quintela Fernandes
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
Simone Aranha Nouer
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, RJ-Brasil
Tamara Iwanow Cianciarullo
Universidade de Mogi das Cruzes
Mogi das Cruzes, SP-Brasil
4
Viviane Fernandes de Carvalho
Universidade Guarulhos
Guarulhos, SP-Brasil
________
31 Desempenho acadêmico e qualidade do relacionamento
interpessoal de graduandos de enfermagem
Academic performance and quality of interpersonal
relationships in nursing students
Jéssica Pereira Trentino, Ana Carolina Cavalheiro, Maria Júlia Paes da Silva,
Ana Cláudia Puggina
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Normas de Publicação
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL - IN DERME
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
A Revista Enfermagem Atual - In Derme é o órgão oficial de
divulgação da Sociedade Brasileira de Feridas e Estética (Sobenfee). Impressa e on-line, tem como objetivo principal registrar
a produção científica de autores nacionais e internacionais, que
possam contribuir para o estudo, desenvolvimento, aperfeiçoamento e atualização da Enfermagem, da saúde e de ciências
afins, na prevenção e tratamento de feridas.
O desenvolvimento do conhecimento de Enfermagem visto,
principalmente, nas últimas quatro décadas, é o resultado da
somatória dos esforços dos cientistas, teóricos e estudiosos em
Enfermagem, a fim de que a prática seja mais segura e eficiente.
Desta maneira, cabe também a esta sociedade trazer à comunidade as descobertas científicas conseguidas pela Enfermagem,
também nas seguintes seções especiais: Saúde da Mulher, Saúde
da Criança e Adolescente, Saúde Mental, Saúde do Trabalhador
e Saúde do Adulto e Idoso.
As instruções aqui descritas visam orientar os pesquisadores sobre
as normas adotadas para avaliar os manuscritos submetidos. Os
manuscritos devem destinar-se exclusivamente à Revista Enfermagem Atual - In Derme, não sendo permitida sua submissão
simultânea a outro(s) periódico(s). Quando publicados, passam a
ser propriedade da Revista Enfermagem Atual - In Derme, sendo vedada a reprodução parcial ou total dos mesmos, em qualquer
meio de divulgação, impresso ou eletrônico, sem a autorização
prévia do(a) Editor(a) Científico(a) da Revista.
A publicação dos manuscritos dependerá da observância das
normas da Revista Enfermagem Atual - In Derme e da apreciação do Conselho Editorial, que dispõe de plena autoridade
para decidir sobre sua aceitação, podendo, inclusive apresentar
sugestões (sem alterar o conteúdo científico) ao(s) autor(es) para
as alterações necessárias. Neste caso, o referido trabalho será
reavaliado pelo Conselho Editorial, permanecendo em sigilo o
nome do consultor, e omitindo também o(s) nome(s) do(s) autor(es) aos consultores. Manuscritos recusados para publicação
serão notificados e disponibilizados a sua devolução ao(s) autor(es) na sede da Revista.
MODALIDADES DE ARTIGOS
Artigos de revisão (sistemática ou integrativa): estudo que
reúne, de maneira crítica e ordenada resultados de pesquisas a
respeito de um tema específico sobre feridas, aprofunda o conhecimento sobre o objeto da investigação. Deve limitar-se a
6000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras. As referências deverão ser atuais e em número mínimo de 30.
Reflexão: consideração teórica sobre aspectos conceituais no
contexto das feridas, suas etiologias, tratamentos e reabilitação.
Formulação discursiva aprofundada, focalizando conceitos ou
constructo teórico da Enfermagem ou de área afim; ou discussão
sobre um tema específico, estabelecendo analogias, apresentando e analisando diferentes pontos de vista, teóricos e/ou práticos.
Deve conter um máximo de dez (10) páginas, incluindo resumos
e referências.
Relatos de caso: descrição de pacientes ou situações singulares, doenças especialmente raras ou nunca descritas, assim como
formas inovadoras de diagnóstico e tratamento. O texto é composto por uma introdução breve que situa o leitor em relação à
importância do assunto e apresenta os objetivos do relato do(s)
caso(s) em questão; o relato resumido do caso e os comentários
no qual são abordados os aspectos relevantes, os quais são comparados com a literatura. O número de palavras deve ser inferior
a 2000, excluindo referências e tabelas. O número máximo de
referência é 15.
Relato de experiência: descrição de experiências acadêmicas,
assistenciais e de extensão na área da enfermagem dermatológica e áreas afins. Deve conter ate dez (10) páginas, incluindo
resumos e referências.
Comunicação breve: pequenas experiências que tenham caráter de originalidade, não ultrapassando 1500 palavras e dez
referências bibliográficas.
Cartas ao editor: são sempre altamente estimuladas. Em princípio, devem comentar discutir ou criticar artigos publicados na
Revista In Derme, mas também podem versar sobre outros temas
de interesse geral. Recomenda-se tamanho máximo 1000 palavras, incluindo referências bibliográficas, que não devem exceder
a seis (6). Sempre que possível, uma resposta dos autores será
publicada junto com a carta.
Editorial: geralmente refere-se a artigos escolhidos em cada
número da Revista Enfermagem Atual - In Derme pela sua
importância para comunidade científica. São redigidos pelo Conselho Editorial ou encomendados a especialistas de notoriedade
na área em questão. O Conselho Editorial poderá, eventualmente, considerar a publicação de editoriais submetidos espontaneamente. Pode conter até duas (2) páginas.
Resumo de dissertação ou tese: devem conter introdução, objetivos, métodos, resultados e conclusões. Deve conter ate quinze (15) páginas, incluindo resumos e referências.
Artigo original: pesquisa original e inédita. Estão incluídos estudos controlados e randomizados, estudos observacionais e pesquisa
básica com modelos de experimentação animal. Deverão obrigatoriamente obedecer à estrutura: Introdução, contendo o problema
de pesquisa, hipótese(s), objetivo; Método; Resultados; Discussão;
Conclusões; Referências; Resumo; Abstract. O texto poderá conter
entre 2000 e 3000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras.
O número de referências não deve exceder a 30. Pode conter até
quinze (15) páginas, incluindo resumos e referências.
Previamente à publicação, todos os artigos enviados à Revista
Enfermagem Atual - In Derme passam por processo de revisão
e julgamento, a fim de garantir seu padrão de qualidade e a isenção na seleção dos trabalhos a serem publicados. Inicialmente, o
artigo é avaliado pela secretaria para verificar se está de acordo
com as normas de publicação e completo. Todos os trabalhos são
submetidos à avaliação pelos pares (peer review) por pelo menos três revisores selecionados dentre os membros do Conselho
Editorial. A aceitação é baseada na originalidade, significância
POLÍTICA EDITORIAL
Avaliação pelos pares (peer review)
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
5
Normas de Publicação
e contribuição científica. Os revisores, de acordo com as recomendações adotadas por este veículo de informação, fazem uma
apreciação rigorosa de todos os itens que compõem o trabalho.
Ao final, farão comentários gerais sobre o trabalho e opinarão
se o mesmo deve ser publicado. O editor toma a decisão final.
Em caso de discrepâncias entre os avaliadores, pode ser solicitada uma nova opinião para melhor julgamento. Quando são
sugeridas modificações pelos revisores, as mesmas são encaminhadas ao autor correspondente e, a nova versão encaminhada
aos revisores para verificação se as sugestões/exigências foram
atendidas. Em casos excepcionais, quando o assunto do manuscrito assim o exigir, o Editor poderá solicitar a colaboração de um
profissional que não conste da relação do Conselho Editorial para
fazer a avaliação. O sistema de avaliação é o duplo cego, garantindo o anonimato em todo processo de avaliação. A decisão
sobre a aceitação do artigo para publicação ocorrerá, sempre que
possível, no prazo de três meses a partir da data de seu recebimento. As datas do recebimento e da aprovação do artigo para
publicação são informadas no artigo publicado com o intuito de
respeitar os interesses de prioridade dos autores.
Idioma
Devem ser redigidos em português. Eles devem obedecer à ortografia vigente, empregando linguagem fácil e precisa e evitando-se a informalidade da linguagem coloquial. As versões serão
disponibilizadas na íntegra no endereço eletrônico da Sobenfee
(http://www.sobenfee.org.br).
Pesquisa com Seres Humanos e Animais
Os autores devem, no item Método, declarar que a pesquisa foi
aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa de sua Instituição
(enviar declaração assinada que aprova a pesquisa), em consoante à Declaração de Helsinki revisada em 2000 [World Medical Association (www.wma.net/e/policy/b3.htm)] e da Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde (http://conselho.saude.
gov.br/resolucoes/reso_96.htm).
Na experimentação com animais, os autores devem seguir o
CIOMS (Council for International Organizationof Medical Sciences) Ethical Code for Animal Experimentation (WHO Chronicle
1985; 39(2):51-6) e os preceitos do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal - COBEA (www.cobea.org.br). O Corpo Editorial da Revista poderá recusar artigos que não cumpram rigorosamente os preceitos éticos da pesquisa, seja em humanos seja
em animais. Os autores devem identificar precisamente todas as
drogas e substâncias químicas usadas, incluindo os nomes do
princípio ativo, dosagens e formas de administração. Devem,
também, evitar nomes comerciais ou de empresas.
Política para registro de ensaios clínicos
A Revista In Derme, em apoio às políticas para registro de ensaios
clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do International Committeeof Medical Journal Editors (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação
internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso
aberto, somente aceitará para publicação, os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação
em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios
estabelecidos pela OMS e ICMJE, disponível no endereço: http://
clinicaltrials.gov ou no site do Pubmed. O número de identificação deve ser registrado ao final do resumo.
Direitos Autorais
Os autores dos manuscritos aprovados deverão encaminhar, previamente à publicação, a seguinte declaração escrita e assinada
por todos os co-autores: “O(s) autor(es) abaixo assinado(s) transfere(m) todos os direitos autorais do manuscrito (título do artigo)
6
à Revista Enfermagem Atual - In Derme. O(s) signatário(s) garante(m) que o artigo é original, que não infringe os direitos autorais ou qualquer outro direito de propriedade de terceiros, que
não foi enviado para publicação em nenhuma outra revista e que
não foi publicado anteriormente. O(s) autor(es) confirma(m) que
a versão final do manuscrito foi revisada e aprovada por ele(s)”.
Todos os manuscritos publicados tornam-se propriedade permanente da Revista Enfermagem Atual - In Derme e não podem
ser publicados sem o consentimento por escrito de seu editor.
Critérios de Autoria
Sugerimos que sejam adotados os critérios de autoria dos artigos
segundo as recomendações do International Committee of Medical Journal Editors. Assim, apenas aquelas pessoas que contribuíram diretamente para o conteúdo intelectual do trabalho devem
ser listadas como autores.
Os autores devem satisfazer a todos os seguintes critérios, de
forma a poderem ter responsabilidade pública pelo conteúdo do
trabalho:
1. ter concebido e planejado as atividades que levaram ao trabalho ou interpretado os resultados a que ele chegou, ou ambos;
2. ter escrito o trabalho ou revisado as versões sucessivas e tomado parte no processo de revisão;
3. ter aprovado a versão final.
Pessoas que não preencham os requisitos acima e que tiveram
participação puramente técnica ou de apoio geral, podem ser
citadas na seção Agradecimentos.
PREPARO DOS MANUSCRITOS
Envio dos manuscritos: Os manuscritos de todas as categorias
aceitas para submissão deverão ser digitados em arquivo do Microsoft Office Word, com configuração obrigatória das páginas
em papel A4 (210x297mm) e margens de 2 cm em todos os lados, fonte Times New Roman tamanho 12, espaçamento de 1,5
pt entre linhas. As páginas devem ser numeradas, consecutivamente, até as Referências. O uso de negrito deve se restringir ao
título e subtítulos do manuscrito. O itálico será aplicado somente
para destacar termos ou expressões relevantes para o objeto do
estudo, ou trechos de depoimentos ou entrevistas. Nas citações
de autores, ipsis litteris, com até três linhas, usar aspas e inseri-las
na sequência normal do texto; naquelas com mais de três linhas,
destacá-las em novo parágrafo, sem aspas, fonte Times New Roman tamanho 11, espaçamento simples entre linhas e recuo de
3 cm da margem esquerda. Não devem ser usadas abreviaturas no título e subtítulos do manuscrito. No texto, usar somente
abreviações padronizadas. Na primeira citação, a abreviatura é
apresentada entre parênteses, e os termos a que corresponde
devem precedê-la.
PRIMEIRA PÁGINA: Identificação: É a primeira página do manuscrito e deverá conter, na ordem apresentada, os seguintes
dados: título do artigo (máximo de 15 palavras) nos idiomas
(português e inglês); nome do(s) autor(es), indicando, em nota
de rodapé, título(s) universitário(s), cargo e função ocupados;
Instituição a que pertence(m) e endereço eletrônico para troca
de correspondência. Se o manuscrito estiver baseado em tese de
doutorado, dissertação de mestrado ou monografia de especialização ou de conclusão de curso de graduação, indicar, em nota
de rodapé, a autoria, título, categoria (tese de doutorado, etc.),
cidade, instituição a que foi apresentada, e ano. Devem ser declarados conflitos de interesse e fontes de financiamento.
SEGUNDA PÁGINA: Resumo e Summary: O resumo inicia
uma nova página. Independente da categoria do manuscrito,
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL - IN DERME
o Resumo deverá conter, no máximo, 200 palavras. Deve
ser escrito com clareza e objetividade. No resumo deverão
estar descritos o objetivo, a metodologia, os principais resultados e as conclusões. O Resumo em português deverá estar
acompanhado da versão em inglês (Summary). Logo abaixo
de cada resumo, incluir, respectivamente, três (3) a cinco (5)
descritores e key words. Recomenda-se que os descritores
estejam incluídos entre os Descritores em Ciências da Saúde DeCS (http://decs.bvs.br) que contem termos em português,
inglês e espanhol.
Corpo do texto: O corpo do texto inicia nova página, em que
não devem constar o título do manuscrito ou o nome do(s) autor(es). O corpo do texto é contínuo. É recomendável que os artigos sigam a estrutura: Introdução, Método, Resultados, Discussão e Conclusões.
Introdução: Deve conter o propósito do artigo. Reunir a lógica
do estudo. Mostrar o que levou aos autores estudarem o assunto, esclarecendo falhas ou incongruências na literatura e/ou dificuldades na prática clínica que tornam o trabalho interessante
aos leitores.
Método: Descrever claramente os procedimentos de seleção dos
elementos envolvidos no estudo (voluntários, animais de laboratório, prontuários de pacientes). Quando cabível devem incluir
critérios de inclusão e exclusão. Esta seção deverá conter detalhes que permitam a replicação do método por outros pesquisadores. Explicitar o tratamento estatístico aplicado, assim como os
programas de computação utilizados. Os autores devem declarar
que o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição
onde o trabalho foi realizado.
Resultados: Apresentar em sequência lógica no texto, tabelas
e ilustrações. O uso de tabelas e gráficos deve ser privilegiado.
Discussão: Espaço reservado ao autor para confronto dos seus
resultados com a literatura corrente, conhecimento pessoal e capacidade crítica para interpretar seus achados. Os comentários
devem incluir limitações e perspectivas futuras.
Conclusões: Devem ser concisas e responder apenas aos objetivos propostos.
Referências: O número de referências no manuscrito deve ser limitado a vinte (20), exceto nos artigos de Revisão. As referências,
apresentadas no final do trabalho, devem ser numeradas, consecutivamente, de acordo com a ordem em que foram incluídas
no texto; e elaboradas de acordo com o estilo Vancouver. Devem
ser utilizados números arábicos, sobrescritos, sem espaço entre o
número da citação e a palavra anterior, e antecedendo a pontuação da frase ou parágrafo [Exemplo: enfermagem1,]. Quando se
tratar de citações sequenciais, os números serão separados por
um traço [Exemplo: diabetes1-3;], quando intercaladas, separados
por vírgula [Exemplo: feridas1,3,5.].
Apresentar as Referências de acordo com os exemplos:
-Artigo de Periódico:
Shikanai-Yasuda MA, Sartori AMC, Guastini CMF, Lopes MH. Novas características das endemias em centros urbanos. RevMed
(São Paulo). 2000;79(1):27-31.
- Livros e outras monografias:
Pastore AR, Cerri GG. Ultra-sonografia: ginecologia, obstetrícia.
São Paulo: Sarvier; 1997.
- Capítulo de livros:
Ribeiro RM, Haddad JM, Rossi P. Imagenologia em uroginecologia. In: Girão MBC, Lima GR, Baracat EC. Cirurgia vaginal em
uroginecologia. 2a.ed. São Paulo: Artes Médicas; 2002. p. 41-7.
- Dissertações e Teses:
Del Sant R. Propedêutica das síndromes catatônicas agudas [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo; 1989.
- Eventos considerados no todo:
7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North-Holland; 1992. p.1561-5.
- Eventos considerados em parte:
House AK, Levin E. Immune response in patients with carcinoma
of the colo and rectum and stomach. In: Resumenes do 12º Congreso Internacional de Cancer; 1978; Buenos Aires; 1978. p.135.
- Material eletrônico:
Morse SS. Factors in the emergence of infections diseases. Emerg
Infect Dis [serial online];1(1):[24 screens]. Available from: http://
www.cdc.gov/oncidod/eID/eid.htm. CDI, clinical dermatology
illustrated [monograph on CD-ROM], Reeves JRT, Maibach H.
CMeA Multimedia group, producers. 2nd ed. Version 2.0. Sand
Diego: CMeA; 1995.
Figuras e Tabelas
Todas as ilustrações, fotografias, desenhos, slides e gráficos devem ser numerados consecutivamente em algarismos arábicos
na ordem em que forem citados no texto, identificados como
figuras por número e título do trabalho. As legendas devem ser
apresentadas em folha à parte, de forma breve e clara. Devem
ser enviadas separadas do texto, formato jpeg, com 300 dpi de
resolução.
As tabelas devem ser apresentadas apenas quando necessárias
para a efetiva compreensão do manuscrito. Assim como as figuras devem trazer suas respectivas legendas em folha à parte. A
entidade responsável pelo levantamento de dados deve ser indicada no rodapé da tabela.
COMO SUBMETER O MANUSCRITO
Os manuscritos devem ser obrigatoriamente, submetidos eletronicamente via email: [email protected].
Os artigos deverão vir acompanhados por uma Carta de apresentação, sugerindo a seção em que o artigo deve ser publicado.
Na carta o(s) autor(es) explicitarão que estão de acordo com as
normas da revista e são os únicos responsáveis pelo conteúdo
expresso no texto. Declarar se há ou não conflito de interesse e a
inexistência de problema ético relacionado ao manuscrito.
ARTIGOS REVISADOS
Os artigos que precisarem ser revisados para aceite e publicação
na Revista Enfermagem Atual - In Derme serão reenviados por
email aos autores com os comentários dos revisores.
Uma vez terminada a revisão pelos autores, o manuscrito deverá
ser devolvido ao editor no prazo máximo de 60 dias. Caso a revisão ultrapasse este prazo, o artigo será considerado como novo e
passará novamente por todo processo de submissão.
Na resposta aos comentários dos revisores, os autores deverão
destacar no texto as alterações realizadas.
ARTIGOS ACEITOS PRA PUBLICAÇÃO
Uma vez aceito para publicação, uma prova do artigo editorado
(formato PDF) será enviada ao autor correspondente para sua
apreciação e aprovação final. n
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
7
Artigo Original
Avaliação antibacteriana e tóxica da espécie
Cordia nodosa cham.: Perspectiva no
tratamento de feridas infectadas
Evaluation of antibacterial and toxic species Cordia nodosa
Cham .: Perspectiva in the treatment of infected wounds
*
**
***
****
****
*****
******
*******
********
Raíssa Fernanda Evangelista Pires dos Santos
Isabelle Souza de Mélo Silva
Kátia Mayumi Takarabe Caffaro
Regina Célia Sales Santos Veríssimo
Thais Honório Lins
João Xavier de Araújo-Júnior
Lucia Maria Conserva
Eliane Aparecida Campesatto
Maria Lysete de Assis Bastos
Pesquisa realizada com apoio financeiro da
Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de
Alagoas/FAPEAL e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq.
RESUMO: O Brasil detém uma das maiores biodiversidades
do planeta, no qual o uso popular de plantas medicinais tornouse fonte para descoberta de novos compostos ativos. Porém, o
conhecimento popular deve relacionar-se à realização de bioensaios que comprovem a eficácia terapêutica e a baixa toxicidade
das plantas. A integração da enfermagem na descoberta de novos fitoterápicos é uma das muitas contribuições dessa área da
saúde agregando a pesquisa básica com a área assistencial. O
objetivo do estudo foi avaliar a atividade antibacteriana e tóxica da C. nodosa, na perspectiva de tratar feridas infectadas. As
amostras foram submetidas à triagem preliminar, pela difusão em
disco, com S. aureus e S. epidermidis evidenciando sensibilidade à fração acetato de etila e ao extrato etanólico do caule. As
amostras foram levadas à determinação da Concentração Inibitória Mínima, demonstrando ação inibitória do extrato etanólico
do caule frente ao S. epidermidis e S. aureus na concentração
de 125 e 1000 µg mL-1, respectivamente. O Teste de toxicidade frente à Artemia Salina identificou ausência de toxidez nas
amostras avaliadas. O melhor resultado foi com o extrato etanólico do caule frente ao S. epidermidis, apontando perspectivas
para desenvolvimento e inovação de alternativas na terapêutica
de feridas infectadas.
Descritores: Cordia nodosa; Atividade Antimicrobiana;
Plantas Medicinais.
SUMMARY: Brazil has one of the greatest biodiversity on the
planet, where the popular use of medicinal plants has become a
source for discovering new active compounds. However, popular
knowledge must relate to the performance of bioassays demonstrating the therapeutic efficacy and low toxicity of the plants.
8
The integration of nursing in the discovery of new herbal is one
of the many contributions that health aggregating basic research
with the care area. The aim of the study was to evaluate the antibacterial activity of toxic and C. nodosa, the perspective of treating infected wounds. The samples were subjected to preliminary
screening by disk diffusion with S. aureus and S. epidermidis showing sensitivity to ethyl acetate fraction and the ethanol
extract of the stem. The samples were taken to determine the
minimum inhibitory concentration, demonstrating the inhibitory
action of ethanol extract of the stem against S. epidermidis and
S. aureus at a concentration of 125 and 1000 µg mL-1, respectively. The opposite pattern of toxicity Artemia salina identified
no toxicity were shown. The best result was with the ethanol
extract of the stem against S. epidermidis, indicating prospects
for development and innovation of alternative therapy in infected wounds.
Descriptors: Cordia nodosa; Antimicrobial Activity; Medicinal Plants.
INTRODUÇÃO
O sistema tegumentar, formado pela pele e anexos é
responsável pela interface entre o corpo e o ambiente estando sujeito às adversidades ambientais, como a agressão
por agentes físico, químico ou biológico, que promovem
sua ruptura e caracterizam a ferida. Seu processo de cicatrização consiste em promover a reepitelização e a reconstituição do tecido. Porém, alguns fatores poderão alterar
este processo, como a infecção da ferida. A infecção, por
sua vez, caracteriza-se por um efeito debilitante, causado
por um agente patogênico (vírus, bactérias, fungos ou parasitos) que poderá penetrar, se desenvolver e multiplicar
no organismo do hospedeiro 1.
Uma das razões pela qual há falha na terapêutica para tratar
pacientes portadores de infecções bacterianas é o surgimento de
bactérias resistentes aos antibióticos, ocasionadas pelo seu uso
indiscriminado. A infecção das feridas se encaixa nesta problemática, visto que compreendem um dos fatores que retardam
o processo cicatricial e promovem um dano tecidual mais acentuado, pela maior suscetibilidade, ocasionada pelo fechamento
lento e insuficiente2. Em decorrência deste problema, a busca
por novas substâncias antimicrobianas a partir de produtos naturais tem aumentado o interesse das empresas farmacêuticas e de
pesquisadores de diversas áreas, inclusive da enfermagem, por
espécies utilizadas na medicina popular.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Santos, R. F. E. P. dos; Silva, I. S. de M.; Caffaro, K. M. T.; Veríssimo, R. C. S. S.; Lins, T. H.; Araújo, J. X. de - Júnior; Conserva, L. M.; Campesatto, E. A.; Bastos, M. L. de A.;
O Brasil, país de maior biodiversidade do planeta, com
sua rica diversidade étnica e cultural é detentor de um valioso conhecimento tradicional e empírico associado ao uso de
plantas medicinais. Sendo assim, tem um grande potencial
para desenvolvimento de pesquisas que resultem em tecnologias e terapêuticas apropriadas no tratamento de feridas
infectadas com uso de plantas. No intuito de estabelecer
as diretrizes para a atuação na área de plantas medicinais
e fitoterápicos, o governo federal implementou em 2006 a
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que
se constitui parte essencial das políticas públicas de saúde,
meio ambiente, desenvolvimento econômico e social capaz
de promover melhorias na qualidade de vida da população
brasileira 3.
A integração da enfermagem em pesquisas com plantas medicinais na descoberta de novos fitoterápicos é uma das muitas
contribuições da enfermagem na intersecção da pesquisa básica
com a área assistencial, uma vez que é o principal facilitador do
cuidado4.
Pesquisas experimentais in vitro desenvolvidas por enfermeiros da Universidade Federal do Ceará que atuam em
projetos para o desenvolvimento de novas tecnologias para
o tratamento de feridas avaliou o uso de uma cobertura de
colágeno e Aloe vera no tratamento de ferida isquêmica,
que evidenciou boa tolerabilidade e eficácia terapêutica 5.
Úlceras crônicas, infectadas e recorrentes em membros inferiores, de pessoas curadas de hanseníase, foram analisadas por enfermeiros quanto à comparação da ação de
uma biomembrana de látex (Biocure®) e de um produto
à base de AGE – Ácidos Graxos Essenciais (Dersani®), que
demonstraram efeito antimicrobiano sobre E. aerogenes e
P. aeruginosa, respectivamente. Também foi identificado
que os microrganismos mais prevalentes em feridas cutâneas foram S. aureus, P. aeruginosa, P. vulgaris, E. aerogenes e E. coli 6.
A planta testada neste estudo, pertence à família Boraginaceae (Dicotyledonae), descrita por Antoine Laurent de Jussieu, que inclui 130 gêneros distintos, com aproximadamente
2.300 espécies, sendo os gêneros mais importantes: Cordia,
um dos mais comuns no Brasil; Heliotropium; Cynoglossum;
Borago e Symphytum. Além disso, possui inúmeras espécies
consideradas medicinais, porém, muitas delas ainda não foram comprovadas cientificamente. As principais substâncias
encontradas nessa família são alcalóides, quinonas, naftoquinonas, saponinas, taninos, ácidos fenólicos, alantoínas, mucilagens, polissacarídeos, flavonóides, ciclitóis e ácidos graxos
de interesse terapêutico e nutricional, como o ácido gamalinolênico7.
O gênero Cordia foi descrito por Linnaeus em 1753, no Brasil, a região Nordeste se sobressai e engloba sete gêneros e cerca
de 70 espécies. Além disso, tem sido usado na medicina popular
no tratamento de úlceras gástricas, como antiinflamatório, no
tratamento de tumores, sendo ainda utilizadas como anti-reumática e hemostática8. Plantas medicinais com atividade candidíase estudadas no Brasil nos últimos dez anos, incluem a Cordia
nodosa, porém, os trabalhos no que dizem respeito à atividade
antibacteriana são escassos9.
Visto que espécies do gênero Cordia, popularmente conhecida como grão-de-galo, apresentam promissoras ações antimicrobianas e sabendo do potencial que o Brasil apresenta como fonte de matérias-primas de origem vegetal, este trabalho buscou
avaliar o potencial antibacteriano e tóxico in vitro de extratos de
Cordia nodosa Cham.
MÉTODO
Pesquisa básica de caráter quantitativo e experimental in vitro, no qual condições biológicas são simuladas em laboratório,
para avaliar o potencial antimicrobiano de uma espécie vegetal,
bem como gerar novos conhecimentos para o avanço da ciência.
Obtenção do Material vegetal
Foram coletadas amostras das folhas, caule e cascas do caule
de Cordia nodosa em uma propriedade no município de Marechal Deodoro em Alagoas. A identificação foi feita por uma
botânica do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas
(IMA), onde exsicata do referido material encontra-se depositada
em seu Herbário, com a identificação MAC nº 14.904.
As serragens dos materiais vegetais (folhas, caule e cascas do
caule) obtidas após secagem a temperatura ambiente e trituração, foram individualmente extraídas, através da maceração com
etanol (EtOH) a 90%. Após concentração das soluções em evaporador rotatório, obtiveram-se três extratos. Desses separou-se
uma parte do extrato das folhas e outra do extrato do caule,
para extração líquido/líquido pelo método da partição em funil
de separação. Assim, parte dos extratos das folhas e do caule
foram suspensos em uma solução de metanol-água [MeOH-H2O
(3:2)] e extraídos sucessivamente em hexano (C6H14), clorofórmio
(CHCl3) e acetato de etila (AcOEt). Foram avaliados na presente
pesquisa quatro amostras, quais sejam: as frações em AcOET das
folhas e do caule, o extrato etanólico das cascas do caule. Toda
a parte fitoquímica foi realizada no Laboratório de Pesquisa em
Produtos Naturais do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB)
pertencente à Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
Linhagens microbianas
As linhagens bacterianas utilizadas neste estudo foram padronizadas pela American Type Cell Cellection – ATCC/Manassas-VA/USA e CEFAR diagnóstica Ltda., São Paulo. Foram avaliadas as bactérias Gram-positivas: Staphylococcus aureus (ATCC
25923) e Staphylococcus epidermidis (CCCD 14990).
A microbiota encontrada em feridas cutâneas infectadas
guiou a escolha dos microrganismos avaliados nesta pesquisa.
Sabe-se que a microbiota transitória dependerá da localização
da ferida e poderão ser encontradas na pele exposta, que, por
vezes, é incapaz de crescer e se multiplicar, ao passo que podem
variar conforme a espécie, o número de microrganismos e a localização da ferida, podendo persistir6.
Testes antimicrobianos
Para avaliação da sensibilidade microbiana frente à espécie C.
nodosa foi realizado o teste de difusão em disco, no qual uma
amostra de 100 mg de cada amostra foi solubilizada em EtOH,
para obtenção de soluções estoques nas concentrações 2.000
µg mL-1. No teste quantitativo para a determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) da amostra, responsável por inibir
o crescimento microbiano, uma amostra 2 mg de cada amostra
foi solubilizada em Dimetilsufóxido (DMSO) a 10%, alcançando
a mesma concentração estoque utilizada no teste qualitativo de
difusão em disco de 2.000 µg mL-1.
Para a avaliação qualitativa da atividade antibacteriana foram
preparados inóculos, correspondente a cada linhagem investigada, a partir das suas suspensões em Solução Salina Tamponada (SST). A solução foi preparada de acordo com a turbidez do
frasco nº 5, da escala de MacFarland, correspondendo a 1,5 x
108 Unidades Formadoras de Colônias (UFC) mL-1, considerado
o padrão de turvação para determinação da carga microbiana.
Em seguida este inóculo padronizado foi semeado de maneira
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
9
Avaliação antibacteriana e tóxica da espécie Cordia nodosa Cham.: Perspctiva no tratamento de feridas infectadas
uniforme na superfície de placas de Petri com Ágar Mueller-Hinton (AMH) esfregando-se um swab de algodão estéril em três
sentidos, horizontal, vertical e diagonal; e por três vezes, girando
a placa em 6010.
Discos de papel Whatman nº.1 estéreis, de 6 mm de diâmetro,
foram impregnados com 20 µL das soluções estoques provenientes das amostras vegetais nas concentrações 2.000 µg µL-1. Após
a secagem os mesmos foram pressionados contra a superfície
do meio de cultivo contendo o inóculo, previamente semeado,
garantindo a difusão das amostras e o contato com os microrganismos. Posteriormente, estas placas foram acondicionadas em
estufa bacteriológica por 24 horas a 35 °C.
Os resultados foram mensurados por meio de um paquímetro. Instrumento utilizado para medir a área, em milímetros, sem
crescimento microbiano detectável a olho nu, chamado de halo
de inibição. Para a análise dos resultados adotou-se o seguinte
critério: halo de inibição inferior a 9 mm as amostras foram consideradas inativas; entre 9-14 mm, moderadamente ativas; maior
que 14 e inferior a 17 mm, ativas; e maior que 17 mm, muito
ativas. Os bioensaios foram realizados em triplicata11.
O controle positivo, que evidencia a viabilidade bacteriana,
seguiu o proposto pelo Clinical Laboratory Standards (CLSI)12.
Como controle positivo foi usado Ceftriaxona (30 µg/disco).
Para a determinação da CIM, o inóculo de 1,5 x 108 UFC mL-1
foi rediluído numa proporção de 1:10 (volume/volume) para obter a
concentração padrão utilizada (104 UFC mL-1)12 A CIM foi realizada
em microplacas de poliestireno estéreis de 96 poços, com 12 colunas (1 a 12) e 8 linhas (A a H). Um volume de 200 µL da solução
estoque na concentração de 2.000 µg mL-1 das diversas amostras
vegetais foi inoculado, em triplicata, nas colunas de 1 a 9 da linha A.
Os demais orifícios a partir da linha B foram preenchidos com 100
µL de caldo Brain Heart Infusion (BHI) duplamente concentrado.
Uma alíquota de 100 µg mL-1 do conteúdo de cada orifício
da linha A foi transferido para os orifícios da linha B, e após homogeneização o mesmo volume foi transferido para a linha C,
repetindo-se até a linha H, desprezando-se o excesso da diluição.
Obtiveram-se assim concentrações decrescentes das amostras
testadas (1.000 µg mL-1; 500 µg mL-1; 250 µg mL-1; 125 µg mL-1;
62,5 µg mL-1; 31,25 µg mL-1; 15,62 µg mL-1). Posteriormente,
em cada orifício foi adicionado 5 µL de inóculo microbiano. Para
o controle da viabilidade bacteriana utilizou-se o caldo BHI e o
inóculo microbiano (5 µL); o controle negativo foi avaliado por
meio da atividade inibitória do diluente DMSO a 10%; e para o
controle de esterilidade utilizou-se apenas o caldo BHI.
Em seguida, estas placas foram incubadas em estufa bacteriológica a 35ºC por 18 horas, para bactérias. Após este período,
foram adicionados 20 µL de Cloreto de Trifeniltetrazólio (TTC)
(5% v/v) em cada poço, e as placas foram reincubadas. Esta substância provoca a mudança de incolor para coloração vermelha
quando há a presença de microrganismos. O grau de atividade
foi determinado segundo os seguintes critérios: CIM ≤ 100 μg
mL-1 (ativa); 100 < CMI ≤ 500 μg mL-1 (moderadamente ativa);
500 < CMI ≤ 1000 μg mL-1 (baixa atividade); e CIM ≥1000 μg
mL-1 (inativos)11.
Toxicidade frente Artemia salina Leach
Para a avaliação da toxicidade das amostras frente à Artemia
salina, um microcrustáceo de água salgada comumente usada
como alimento para peixes. Porém, também é utilizado em laboratório para experimentos in vitro preliminares para determinar a
toxicidade de extratos e produtos de origem natural com potencial
ativo biológico13.
Uma solução estoque de 5 mg (5.000 µg mL-1 da amostra
da C. nodosa) foi dissolvida com o solvente DMSO a 10%. O
controle positivo foi uma solução de timol a 1% e o negativo a
água do mar com o solvente que solubilizou a amostra. O timol
a 0,01% foi utilizado como controle positivo e sua atividade artemicida, encontra-se na sua capacidade de romper a membrana
citoplasmática e consequentemente levar as larvas de A. salina à
morte por desidratação.
As amostras foram testadas nas concentrações de 1.000,
100, 10 e 1 µg mL-1, em triplicata, na qual, alíquotas da solução
estoque foram aplicadas nestes de tubos de ensaio para secar
previamente. Em seguida foram adicionados 1 mL de A. salina,
contendo 10 larvas e mais 1,5 mL de água do mar. Após 24 horas
realizou-se a leitura do experimento.
Os extratos e frações que promoverem mortalidade < que
30% na concentração de 1.000 µg mL-1 foram considerados
atóxicos e aqueles com mortalidade ≥ 30% nesta concentração foram submetidos ao ensaio quantitativo14. Nestes ensaios
os valores de concentração letal (CL50) também foram avaliados
conforme preconizado por Déciga-Campos et al.14. Estes autores
consideram comos atóxicos as amostras com CL50 ≥ 1000 µg
mL-1; com baixa toxicidade - CL50 ≥ 500 e < 1000 µg mL-1; e
altamente tóxico se CL50 < 500 µgmL-1.
RESULTADOS
As frações e os extratos da espécie C. nodosa demonstraram
atividade bacteriana frente às bactérias Gram-positivas: S. aureus e S. epidermides no teste de difusão em disco (Tabela 1).
Frente à linhagem de S. aureus, apenas o extrato etanólico do
caule apresentou-se ativo, com halo de inibição igual a 15 mm
(Figura 1). A fração AcOEt do caule também inibiu o crescimento
deste microrganismo, com um halo de inibição inferior a 9 mm,
ou seja, houve uma pequena sensibilização. Porém, frente à linhagem de S. epidermidis, tanto o extrato etanólico quando a
fração AcOEt do caule inibiram de forma moderadamente ativa
(halos de inibição = 10mm, conforme Tabela 1).
TABELA 1. Atividade antibacteriana de extratos etanólicos e
frações da Cordia nodosa. Maceió/AL, 2014.
Média dos halos de inibição* (mm)
Microrganismo
S. aureus
S. epidermidis
10
Folha- Fr.
AcOEt
-
Ext. EtOH Cascas do
caule
Caule - Fr.
AcOEt
Ext. EtOH
-
8
-
10
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
C+
C-
15
27
-
10
30
-
Caule
Santos, R. F. E. P. dos; Silva, I. S. de M.; Caffaro, K. M. T.; Veríssimo, R. C. S. S.; Lins, T. H.; Araújo, J. X. de - Júnior; Conserva, L. M.; Campesatto, E. A.; Bastos, M. L. de A.;
A
B
Figura 2. A e B: Halo de inibição do crescimento bacteriano, evidenciando a sensibilidade à fração EtOH do caule frente à bactéria
S. aureus, na concentração de 2.000μg/disco.
Com base no teste de difusão em disco, apenas o extrato
em EtOH e a fração em AcOEt do caule foram avaliadas quanto a determinação da CIM, visto que foram as únicas amostras
que evidenciaram atividade antibacteriana frente às linhagens
de S. aureus e S.epidermidis. O extrato etanólico do caule
inibiu o crescimento da linhagem de S. aureus na concentração de 1000 µg mL-1. Porém, frente à linhagem de S. epidermides a inibição foi até a concentração de 125 µg mL-1,
indicando um potencial promissor, com ação moderadamente
ativa. A fração AcOEt do caule não inibiu o crescimento da
linhagem de S. epidermidis, indicando que a CIM foi superior
a 1.000 µg mL-1.
Teste de Toxicidade frente à Artemia Salina (TAS)
No TAS preliminar realizado nesta pesquisa identificou-se a
ausência de toxicidade em todos os extratos da espécie estudada (percentual de mortalidade ≤30%). Este achado dispensou a
realização do ensaio quantitativo, e consequentemente a determinação CL50.
TABELA 2. Extratos e frações de C. nodosa submetidas ao Teste de Toxicidade frente à A. Salina. Maceió/AL, 2014.
Parte da Planta
Extrato/Fração
Percentual de Mortalidade (%)a
CL50 (µg/mL)
IC95(µg/mL)
Grau de Toxicidade
EtOH
10
> 1000
-
Atóxico
EtOH
20
> 1000
-
Atóxico
EtOH/
3,34
> 1000
-
Atóxico
AcOEt
3,34
> 1000
-
Atóxico
H2O do mar + EtOH
Controle (-)
0
0,0
0,0
Atóxico
H2O do mar + Timol
Controle (+)
100%
2,9b
2,3-3,3a
Tóxico
Folhas
Cascas do Caule
Caule
a
Os valores correspondem às médias da triplicata na concentração de 1.000 (µg/mL).
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
11
Avaliação antibacteriana e tóxica da espécie Cordia nodosa Cham.: Perspctiva no tratamento de feridas infectadas
DISCUSSÃO
A fração em AcOET e extrato em EtOH do caule da espécie
C. nodosa demonstraram atividade frente a S. aureus e S.
epidermidis foram considerados atóxicos.
O S. aureus é o patógeno humano mais importante do
gênero Staphylococcus e faz parte da microbiota normal da
pele e mucosa de uma grande parte de mamíferos. Uma das
características mais relevantes deste gênero é determinada
pela prova da coagulase, visto que bactérias que a produzem
são capazes de promoverem uma reação de coagulação15.
Ensaios que avaliam a atividade inibitória de extratos vegetais contra as espécies pertencentes ao gênero Staphylococcus requerem maior aprofundamento e resultados promissores que revelam atividade biológica das plantas devem ser
bem explorados16. Diante desta indicação da literatura podese afirmar que a continuação de estudos com a C. nodosa
deve ser ampliados, visando o isolamento de princípios ativos,
nas amostras testadas para a descoberta de novos fitoterápicos ou de fármacos.
Em um estudo realizado por Matias, Santos e cols.17 os extratos em MeOH e C6H14 de outra espécie do gênero Cordia, a
Cordia verbenácea foram avaliados para atividade antibacteriana frente às linhagens de Escherichia coli e Staphylococcus aureus e inibiram o crescimento microbiano. Os valores
da CIM variaram de 128 a ≥ 1.024 µg mL-1, o que revelam a
presença de componentes ativos em espécies do gênero Cordia que corroboram com o uso popular de espécies deste gênero para cura de doenças infecciosas da pele. Estes resultados
corroboram com os achados da presente pesquisa, no que diz
respeito à ação frente à linhagem de S. aureus.
A espécie Cordia dichotoma também evidenciou atividade
antimicrobiana18, bem como, diversas espécies de Cordia spp
evidenciaram atividade bactericida frente a Streptococcus mutans e Streptococcus sanguinis19, o que contribui para reforçar
as evidências da presente pesquisa.
No teste de toxicidade TAS (preliminar) foi identificado a
ausência de toxidez em todas as amostras da espécie estudada
(percentual de mortalidade ≤ 30%), dispensando a realização
do ensaio quantitativo, e consequentemente a determinação
CL50. Isso significa que as concentrações testadas estavam
abaixo da CL50 de cada extrato ou fração. Um estudo estabeleceu uma relação entre o grau de toxicidade e a dose letal
média, CL50, apresentada por extratos de plantas sobre larvas
de A. salina, desde então, consideraram que quando são verificados valores acima 1.000 µg/mL, estes, são considerados
atóxicos14.
Esses dados demonstram a ausência de toxidez, indispensável para uso seguro, elegendo esse extrato à condição de
promissor, para ser avaliado quanto ao seu potencial biológico, uma vez que a ausência de toxicidade diz respeito aos efeitos adversos que o extrato possa vir a apresentar. Nos estudos
de plantas e de novas substâncias, um balanço entre a atividade biológica versus a toxicidade é um parâmetro fundamental
para verificar sua aplicabilidade .
avaliação da espécie C. nodosa na perspectiva do desenvolvimento e inovação de novas alternativas na terapêutica de feridas cutâneas infectadas por bactérias. Valorizando-se assim
a cultura e a tradição popular no uso de plantas medicinais
que promovam à incorporação de novos conhecimentos científicos, bem como o desenvolvimento de pesquisas inéditas
com esta espécie, com a perspectiva no controle de infecção
de feridas.
REFERÊNCIAS
1.
Carneiro MIS, Ribas Filho JM, Marcondes J, Malafaia O, Ribas
CAPM, Santos CA, et al. Estudo comparativo do uso de extrato de
Pfaffia glomerata e do laser de baixa potência (hélio-neônio) na
cicatrização de feridas em ratos. ABCD - Arq Bras Cir Dig. 2010;
23(3):163-7.
2.
Oliveira BGRB, Araújo JO, Lima FFS, DI Piero KC. Avaliação clínica
de úlceras cutâneas em cicatrização: um estudo prospectivo. Rev
Enferm Atual In Derme. 2012; 63 14-7.
3.
Brasil, MS. A fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisa
de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. [Acesso em: 24 Abr. 2014];
Disponível
em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
fitoterapia_no_sus.pdf
4.
Alves LMM, Nogueira MS, Godoy S, Cárnio EC. Pesquisa básica
na enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem. 2004; 12(1):122-7.
5.
Oliveira SHS, Soares MJGO, Rocha OS. Uso de cobertura com colágeno e Aloe vera no tratamento de ferida isquêmica: estudo de
caso. Rev Esc Enferm USP. 2010; 44(2):346-51. [acesso em: 25 Set.
2013]; Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n2/15.
pdf
6.
Quege GE, Bachion MM, Lino Junior RS, Lima ABM, Ferreira PS,
Santos QR, Pimenta FC. Comparação da atividade de ácidos graxos essenciais e biomembrana na microbiota de feridas crônicas
infectadas. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2008; 10(4):890-905. [acesso em: 27 Abr. 2014]. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n4/v10n4a02.htm
7.
Kuroyanagi M, Seki T, Hayashi T, Nagashima Y, Kawahara N, Sekita
S, Satake M. Anti-androgenic triterpenoids from Brazilian medicinal plants. Chem Pharm Bull., 2001;.49(8):954-7.
8.
Barroso ICE, Oliveira F, Branco LHZ, Kato ETM, Dias TG. O gênero
Cordia L.: botânica, química e farmacologia. Lecta –USF. 2002;
20(1):15-34.
9.
Costa JBP, Maranhão CA, Santos JC, Silva LLD, Nascimento MS.
Avaliação da atividade antimicrobiana e estudo fitoquímico das
raízes de Cordia nodosa. In: Anais do XVII Simpósio de Plantas
Medicinais do Brasil; 2002; Cuiabá ; 2002. p. 150.
10. Sangetha SN, Zuraini Z, Sasidharan S, Suryani S. Antimicrobial activities of Cassia surattensis and Cassia fistula. J Mol Bio Biotech. 2008;1(1):1-4.
11. Ayres MCC, Brandão MS, Vieira-Junior GM, Menor JCAS, Silva HB,
Soares MJS, Chaves MH. Atividade antibacteriana de plantas uteis
e constituintes químicos da raiz de Copernicia prunifera. Rev.
bras. farmacogn. 2008; 18(1):90-7.
12. CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute. Performance
Standards for Antimicrobial Disk Susceptibility Tests. Document
CONCLUSÃO
Estes resultados representam os primeiros indícios de segurança de C. nodosa para que a mesma venha a ser avaliada
em bioensaios in vivo em modelos animais de pequeno porte, visto que apresenta ausência de toxicidade. Além disso, as
amostras provenientes do caule evidenciaram promissor potencial bactericida frente S. aureus e S. epidermidis.
Cabe enfatizar a importância dos resultados obtidos com a
12
M02-A11. Approved Standard — 11.ed.. Wayne. PA: Clinical and
Laboratory Standards Institute, 2012.
13. Luna JS, Santos AF, Lima MRF, Omena MC, Mendonça FAC, Bieber LW, Sant’Ana AEG. A study of the larvicidal and molluscicidal
activities of some medicinal plants from northeast Brazil. J Ethnopharmacol. 2005; 97(2):199-206. [acesso em: 27 Jan. 2014].
Disponível em: http://www.fcfar.unesp.br/revista_pdfs/vol29n2/
trab28.pdf
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Santos, R. F. E. P. dos; Silva, I. S. de M.; Caffaro, K. M. T.; Veríssimo, R. C. S. S.; Lins, T. H.; Araújo, J. X. de - Júnior; Conserva, L. M.; Campesatto, E. A.; Bastos, M. L. de A.;
14. Déciga-Campos M, Rivero-Cruz I, Arriaga-Alba M, Castañeda-Cor-
17. Matias EFF, Santos KKA, Almeida TS, Costa JGM, Coutinho HDM.
ral G, Angeles-López GE, Navarrete A, Mata R. Acute toxicity and
Atividade antibacteriana In vitro de Croton campestris A., Oci-
mutagenic activity of Mexican plants used in traditional medicine.
mum gratissimum L. e Cordia verbenacea DC. R. bras. Bioci.
J Ethnopharmacol. 2007; 110(2):334-42.
2010; 8(3):294-8.
15. Devriese LA, Vancanneyt M, Baele M, Vaneechoutte M, De Graef
E, Snauwaert C, Cleenwerck I, Dawyndt P, Swings J, Decostere A,
Haesebrouck F. Staphylococcus pseudintermedius sp. Nov., a
coagulase-positive species from animals. Int J Syst Evol Microbiol.
18. Pankaj B N,
Nayan RB, Shukla VJ, Acharya RN.
Antimicrobial and antifungal
activies of Cordia dichotoma (Forster F) bark extracts. 2011;
32(4):585-9.
19. Silva JPC. Avaliação in vitro da atividade de extratos de plantas
da amazônia e mata atlântica frente à Streptococcus mutans e
2005; 55(4):1569-73.
16. Chandrasekaran M, Venkatesalu V. Antibacterial and antifungal
à Streptococcus sanguinis. Dissertação apresentada ao Progra-
activity of Syzygium jabolanum seeds. J. Ethnopharmacol. 2004;
ma de Pós-graduação em Odontologia da Universidade Paulista
9(1):105-8.
– UNIP. São Paulo; 2009.
NOTA
* Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem e Farmácia da Universidade Federal de Alagoas /
PPGENF/ESENFAR/UFAL. E-mail: [email protected]
**
Enfermeira. Mestranda em Biotecnologia Industrial pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Tiradentes. Aracaju/SE. E-mail: isabelledemelo@
hotmail.com
***
Enfermeira. Mestre em Enfermagem pelo PPGENF/ESENFAR/UFAL. E-mail: [email protected]
****
Enfermeira. Doutoranda em Biotecnologia pela RENORBIO. Professora da ESENFAR/UFAL. E-mail: [email protected] / [email protected]
*****
Farmacêutico. Pós-doutor em Química Medicinal. Professor da ESENFAR/UFAL. E-mail: [email protected]
******
Farmacêutica. Doutora em. Ciências. Professora do Instituto de Química e Biotecnologia/UFAL. E-mail: [email protected]
*******
Farmacêutica. Doutora em Ciências Biológicas. Professora do Instituto de Ciências Biológicas/UFAL. [email protected]
********
Enfermeira. Doutora em Ciências. Professora da ESENFAR/UFAL. E-mail: [email protected]
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
13
Revisão
Evidências da ozonioterapia no
tratamento da lesão cutânea crônica
Ozone therapy evidencies on cutaneous lesione treatment
* Izabel Cristina Sad das Chagas
** Eline Lima Borges.
Nota: Monografia apresentada, em 2012,
ao Curso de Especialização em Enfermagem
Hospitalar-Área de Concentração Estomaterapia do Departamento de Enfermagem Básica da Escola de Enfermagem da Universidade
Federal de Minas Gerais.
Resumo
A ozonioterapia é uma modalidade de tratamento que consiste no uso do ozônio na forma de gás ou veiculado em água
ou óleo. Para ser utilizado como agente terapêutico, deve ser
extraído do oxigênio medicinal utilizando equipamentos. O ozônio, em contato com o tecido lesado, proporciona o aumento da
liberação de fatores de crescimento capazes de contribuir para
reparação tecidual. O objetivo desta pesquisa foi estabelecer
recomendações para o uso do ozônio no tratamento de lesão
cutânea crônica. Este estudo adotou como referencial teórico a
prática baseada em evidência e, como metodológico, a revisão
integrativa. Para tanto, foi realizada uma busca de artigos nas
bases de dados: MEDLINE, LILACS CINAHAL, COCHRANE, IBECS e SCIELO tendo como critério de inclusão estudos primários,
randomizado controlado, não randomizado controlado e descritivo, cuja amostra fosse composta por adultos com lesão cutânea
de qualquer etiologia e que o tratamento tivesse sido feito com
aplicação tópica do ozônio. Após análise descritiva dos estudos,
aplicou-se a Escala adaptada de Jadad para verificar a validade
interna. O total da amostra foi de 03 artigos, sendo 02 ensaios
clínicos randomizados controlados e 01 descritivo prospectivo.
Todos os estudos consideraram como desfecho a cicatrização
total da ferida ou a redução do tamanho da lesão, seguidos
da ação bactericida. Quanto a validade interna dos estudos, as
pontuações obtidas foram, em sua maioria, inferiores ao mínimo
estabelecido para um estudo de alta qualidade. Conclui-se que
ao considerar apenas 01 estudo de qualidade, não foi possível
estabelecer recomendações para a utilização da ozonioterapia no
tratamento de lesões cutâneas.
Descritores: Ozonioterapia. Cicatrização de feridas. Evidências.
Summary
Ozone therapy is a treatment that consists in the use of ozone
as a gas or in water or oil conveyed. Its use as a therapeutic agent
must be extracted from medical oxygen using equipments. The
ozone, in contact with injured tissue, provides an increased release of growth factors that contribute to tissue repair. The objective of this research was to provide recommendations for the
use of ozone in the treatment of chronic skin lesion. This study
14
adopted as theoretical referential evidence-based practice and as
methodological, referential the integrative review. To this end, we
conducted a search for articles in databases: MEDLINE, LILACS
CINAHAL, COCHRANE, IBECS and SCIELO having as inclusion
criteria primary studies, randomized controlled, non-randomized
controlled and descriptive studies, whose samples were composed of adults with cutaneous injury of any etiology and treatment, has been done with topical application of ozone. The total
sample were 03 articles, 02 randomized controlled trials and 01
prospective descriptive. All studies considered as endpoint total
healing of the wound or lesion size reduction, followed by bactericidal action. Descriptive analysis was made and the Adapted
Jadad Scale was applied to check the internal validity of studies,
whose scores were mostly below the minimum established for a
study of high quality. We conclude that by considering only 01
quality study, it was not possible to establish recommendations
for the use of ozone therapy in the treatment of skin lesions.
Descriptors: Ozone therapy. Wound healing. Evidence.
Introdução
A pele, como qualquer órgão, é passível de sofrer agressões,
que poderão resultar em lesões teciduais, oriundas de agentes
físicos, químicos ou biológicos, causando a perda da integridade
cutânea 1,2.
Quando há perda da integridade da pele ou ruptura do tecido, pode ocorrer o comprometimento da derme, tecido celular
subcutâneo até músculos e ossos. Assim, a lesão cutânea é denominada de ferida 3, 4.
No Brasil, as feridas constituem um sério problema de saúde
pública devido a sua alta prevalência, acarretando aumento do
gasto público e piora da qualidade de vida dos pacientes. Porém,
não há dados estatísticos que comprovem este fato 5,6,7.
Assim, devido ao aumento do custo com o tratamento das
lesões cutâneas, torna-se necessário realizar estudos para quantificar de forma mais precisa tal população e identificar novos
recursos e tecnologias, com menor custo e maior eficácia, tendo
por objetivo acelerar o processo de cicatrização e reduzir as complicações 4.
A ozonioterapia é uma modalidade de tratamento não tóxica,
que consiste no uso do ozônio como princípio ativo, na forma de
gás ou veiculado em água ou óleo. Para ser utilizado como agente terapêutico, o ozônio deve ser extraído do oxigênio medicinal
puro por meio de descargas elétricas de aproximadamente
10.000V, onde moléculas de oxigênio são quebradas dando origem à formação de átomos de oxigênio. Esses, ao se juntarem ao
oxigênio molecular (O2), dão origem às moléculas de ozônio 8,9.
Esse processo ocorre com a utilização de equipamentos.
O mecanismo de ação do ozônio em tecidos lesados ocorre
da seguinte forma: o ozônio, em contato com os tecidos, gera
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Chagas, I. C. S. das; Borges, E. L.
o peróxido de hidrogênio que atua como molécula sinalizadora intracelular, capaz de interagir com diferentes tipos celulares.
Em contato com eritrócitos, o peróxido de hidrogênio aumenta
a glicólise, a formação de adenosina tri-fosfato (ATP) e o transporte de oxigênio para os tecidos e ainda, ativam os leucócitos
aumentando a produção de interleucinas e citocinas capazes de
favorecer a resposta do sistema imune. Proporciona o aumento
da atividade plaquetária e o aumento da liberação de fatores
de crescimento capazes de contribuir para reparação tecidual 10.
O ozônio tem alto poder oxidante, o que confere grande ação
microbicida contra bactérias, vírus e fungos 9.
Diversos estudos realizados utilizando o ozônio no tratamento de lesões cutâneas relataram a importância do recurso no tratamento dessas, uma vez que o ozônio demonstrou suas propriedades antissépticas, induziu a formação de tecido de granulação
e a neoangiogênese, acelerando a cicatrização 9, 10, 11,12, 13.
Atualmente, existem questionamentos com relação à dose
terapêutica adequada, pois, se o ozônio for empregado em concentrações impróprias, pode ser inútil ou tóxico, o que torna
muitas vezes sua aplicação controversa e questionada na literatura. Entretanto, na prática clínica, alguns profissionais de saúde
têm adotado esta terapêutica no tratamento das lesões sem considerar os riscos decorrentes 10- 14 .
Para que se utilize a ozonioterapia no tratamento de
lesões cutâneas é preciso que haja embasamento científico desta
prática por meio de resultados de estudos que justifiquem o seu
uso e certifiquem suas ações terapêuticas.
Sendo assim, devido ao aumento do uso da ozonioterapia
pelos profissionais de saúde no tratamento de lesões, torna-se
necessário identificar evidências científicas que amparem a utilização do seu uso na prática clínica. Questiona-se então: o uso
da ozonioterapia influencia o processo de cicatrização de lesões
cutâneas?
Objetivos
Estabelecer recomendações para o uso do ozônio no tratamento de lesão cutânea.
Identificar as publicações científicas relacionadas ao uso da
ozonioterapia no tratamento de lesão cutânea.
Caracterizar as evidências do uso da ozonioterapia no tratamento de lesões cutâneas na prática clínica.
Método
Para o desenvolvimento deste estudo adotou como referencial teórico a prática baseada em evidência (PBE) que compreende o uso consciente, explícito e judicioso da melhor evidência
atual para a tomada de decisão sobre o cuidar do paciente 15,16.
O referencial metodológico escolhido foi a revisão integrativa. Esse método de pesquisa propicia a síntese dos resultados
dos estudos sobre um determinado assunto, além de identificar
lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a
realização de novos estudos.
Para a construção da revisão integrativa é preciso percorrer
seis etapas distintas. A primeira etapa corresponde à identificação do tema e seleção da hipótese ou questão da pesquisa. A
seguir, estabelecem-se os critérios para inclusão e exclusão de estudos, composição da amostragem ou busca na literatura, definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados
com a respectiva categorização, avaliação dos estudos incluídos,
interpretação dos resultados obtidos com a revisão e, finalmente,
a elaboração da síntese do conhecimento 17.
Todas as etapas descritas anteriormente foram seguidas para
elaboração deste estudo, que teve como eixo norteador a se-
guinte questão: quais são as evidências disponíveis quanto ao
uso de ozonioterapia no tratamento de lesões cutâneas?
Para a inclusão dos artigos, os estudos deveriam atender os
critérios de inclusão: estudos primários, publicados no período
de junho de 2002 a junho de 2012, em inglês, espanhol e português, ser randomizado controlado, não randomizado controlado ou descritivo, com amostra composta por adultos com lesão
cutânea de qualquer etiologia e tempo de existência. As lesões
cutâneas deveriam ser tratadas com aplicação tópica do ozônio
independente do tempo de sua utilização.
Outro critério de inclusão considerado foi o desfecho avaliado pelo pesquisador do estudo. Foram incluídos estudos nos
quais foram avaliados pelos menos um dos seguintes desfechos:
tecido de granulação, área lesada em cm2, número de feridas
epitelizadas e a ação bactericida do ozônio.
Foram incluídos estudos disponíveis online e os obtidos por
meio do Serviço de Comutação da Biblioteca J. Baeta Viana, do
Campus Saúde da Universidade Federal de Minas Gerais.
Como critérios de exclusão foram considerados estudos in
vitro ou realizados em pacientes com lesão na cavidade oral e a
impossibilidade de aquisição do artigo na íntegra.
Realizou- se a busca bibliográfica por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) nas seguintes bases de dados: MEDLINE,
LILACS, COCHRANE, IBECS, CINAHL e SCIELO, utilizando-se
os seguintes descritores controlados: ozônio, úlcera cutânea,
cicatrização de feridas, úlcera da perna, úlcera plantar, pé
diabético, úlcera venosa, úlcera por pressão. Para ampliar a
estratégia de busca e aumentar a possibilidade de identificação
de estudos optou-se por usar como descritor não-controlado o
termo ozonioterapia. Os mesmos descritores foram utilizados
no idioma inglês e espanhol conforme a base de dados pesquisada.
As publicações identificadas resultaram em 49 estudos que
foram submetidas à leitura do título e resumo. Nesta etapa foram selecionadas 12 publicações. Todos foram submetidos à leitura na intera e analisados quanto aos critérios estabelecidos. Ao
final, foram mantidos três artigos que compuseram a amostra,
sendo identificados como Estudo 1 (E1) 18, Estudo 2 (E2) 19, Estudo 3 (E3) 20.
Após a seleção dos estudos, foi realizada uma nova leitura
pelos pesquisadores visando extrair as informações para o preenchimento do instrumento de coleta de dados. Esta etapa teve
como objetivo avaliar a qualidade metodológica dos estudos e
extrair respostas sobre o uso do ozônio no tratamento a lesão
cutânea.
Após a análise dos estudos, foi feita a classificação das recomendações sobre uso do ozônio no tratamento de lesão cutânea conforme os níveis de evidência em: nível I - metanálise de
múltiplos estudos controlados; nível II - estudo individual experimental; nível III - estudo quase-experimental não randomizado,
controlado; nível IV - estudo não experimental como pesquisa
descritiva correlacional, qualitativa ou estudos de caso; nível V
- relatório de casos ou dados obtidos de forma sistemática, de
qualidade verificável ou dados de avaliação de programas e nível
VI - opinião de autoridades respeitáveis ou opinião de comitê de
peritos 21.
Os estudos selecionados também foram submetidos a critérios de avaliação da qualidade, que acrescem ou decrescem seus
níveis de evidência. Para tanto, utilizou-se um instrumento de
avaliação de qualidade descrita por Jadad e colaboradores22, a
qual avalia três condições, relacionadas com a redução de tendenciosidade (validade interna): randomização; cegamento; perdas ou exclusões de participantes 22-23.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
15
Evidências da ozonioterapia no tratamento da lesão cutânea crônica
Este instrumento de avaliação da qualidade tem duas opções
de resposta: sim ou não para cinco questões. Um máximo de
cinco pontos pode ser obtido: três pontos para cada sim, um
ponto adicional para um método adequado de randomização e
um ponto adicional para um método adequado de mascaramento. Um estudo é considerado de qualidade pobre se ele receber
dois pontos ou menos 22.
Resultados
Os três artigos que compuseram a amostra estavam disponíveis na base de dados MEDLINE (02) ou CINAHL (01). Os estudos
foram publicados no período de 2002 a 2011. Os estudos foram publicados predominantemente em periódicos de circulação
internacional, como o Diabetes Technology & Therapeutics
(E1), European Journal of Pharmacology (E2) e European
Journal of Oncology Nursing (E3).
Todos os estudos eram clínicos, apenas com diferença no delineamento. O E3 era estudo descritivo e E1 e E2 eram estudos
randomizados e controlados, porém, o E1 foi com duplo mascaramento e o E2 aberto.
As características metodológicas dos estudos incluídos na
presente revisão encontram-se no Quadro I.
Quadro I
Análise das características dos estudos da amostra. Belo Horizonte, 2012
O objetivo dos três estudos (E1, E2, E3) foi avaliar a efetividade da ozonioterapia no tratamento de lesões, sendo que o E1 e
o E2 tiveram como desfechos principais a redução da área lesada
e o fechamento total da lesão. O E3 avaliou a redução da área e
a diminuição da dor.
Dos desfechos avaliados o E1 e o E2 obtiveram redução
da área lesada e a cicatrização total da lesão no grupo tratado
com o ozônio comparando com o grupo controle. Em relação à
ação bactericida do ozônio, somente o estudo E2 avaliou este
desfecho e os autores observaram que o as lesões infectadas
tratadas com ozônio tiveram uma cicatrização mais rápida em
comparação ao grupo controle, que fez uso somente da antibioticoterapia sistêmica.
Em relação à forma de aplicação do ozônio, os estudos E1e
E2 utilizaram a aplicação do ozônio sob a forma de gás por meio
16
de bolsas, e no E3 foi utilizado gerador de alta frequência. Vale
ressaltar que em um estudo (E2) foi utilizado também insuflação
retal do gás e aplicação do óleo ozonizado na lesão.
A concentração utilizada na aplicação do ozônio sob a forma
de gás através de bolsas no estudo E1 foi de 80 μg/mL nas 04
primeiras semanas ou quando surgisse tecido de granulação em
50% da área e nas semanas seguintes foi utilizada a concentração de 40 μg/mL até o final do tratamento, que difere do estudo
E2, no qual a concentração utilizada foi de 60 μg/mL durante 20
dias, sendo que foi utilizado também a insuflação retal de 50 μg/
mL do ozônio. No estudo E3 não foi identificado a concentração
utilizada. No estudo E1 a concentração utilizada no início do tratamento foi mais alta do que a utilizada no E2, cujas lesões estavam infectadas e foi utilizada a mesma concentração do início ao
fim do tratamento. Em ambos os estudos, no grupo tratado com
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Chagas, I. C. S. das; Borges, E. L.
ozônio, houve significativamente maior proporção da redução da
área lesada comparado ao grupo controle.
Quanto aos curativos realizados nas lesões, no E2 era usado
óleo de girassol ozonizado, porém a concentração do ozônio no
óleo não é citada. Os estudos E2 e E3 não citam quais tipos de
curativos eram realizados nos pacientes.
O número de sessões realizadas variou de 20 (E2) a 32 (E1).
Destaca-se que em um estudo (E3) esse dado não foi informado.
O tempo de duração das sessões variou 10 a 60 minutos. No E1 o
tempo foi de 26 minutos, no E2 foi de 60 minutos e no E3 variou
de 10 a 20 minutos. O E1 e o E3 tiveram o tempo de duração
das sessões mais aproximado, já o E2, a aplicação do ozônio sob
a forma de gás foi por um tempo maior. Nesse mesmo estudo,
o tempo de aplicação do ozônio pela insuflação retal não foi
citado. A frequência da aplicação do ozônio não variou em todos
os estudos onde o ozônio era aplicado diariamente, sendo que
no estudo E3 era aplicado 2 a 3 vezes por dia, porém não houve
melhora das lesões.
Houve variação importante em relação ao tempo de tratamento, sendo que esse dado variou em média de 06 dias (E3) a
12 semanas (E1). O tempo de tratamento no é E2 foi de 20 dias.
Quanto aos resultados encontrados, os pacientes tratados
com o ozônio tiveram significativamente maior redução da área
lesada nos estudos E1 e E2, porém mesmo com esses resultados
favoráveis do uso da ozonioterapia no tratamento de lesão cutânea é necessário estabelecer o tempo e a concentração ideal a ser
utilizada, pois em todos os estudos foram usadas concentrações
diferentes e o tempo de aplicação também não foi o mesmo.
Os autores do estudo E1 sugerem a realização de novos estudos com uma amostra maior. Entretanto no estudo E2 os autores
sugerem que a ozonioterapia pode ser uma alternativa futura na
terapia das complicações que o diabetes mellitus pode causar.
Por meio da análise crítica dos estudos foi possível identificar
os níveis de evidência a respeito do uso da ozonioterapia no tratamento da lesão cutânea crônica. O detalhamento do delineamento dos estudos e o nível de evidência recomendado ao final
da análise são apresentados no Quadro II, juntamente com os
resultados da avaliação de qualidade conforme escala adaptada
por Jadad e colaboradores 22.
Quadro II
Caracterização das evidências para o uso da ozonioterapia
no tratamento da lesão cutânea crônica. Belo Horizonte, 2012
Estudo
Nível e qualidade da evidência
Delineamento
Proposto
por Stetler
et al.21
Teste de
relevância
Jadad et
al. 22
E1
Ensaio clínico randomizado controlado com
duplo mascaramento
II
3
E2
Ensaio clínico randomizado controlado aberto
II
1
E3
Ensaio clínico descritivo
prospectivo
IV
0
Dois estudos eram ensaios clínicos randomizados controlados. Para o estabelecimento de recomendações com melhor nível
de evidência é importante que pesquisas clínicas sejam realizadas
com aleatorização e rigor metodológico o que foi observado nos
estudos E1 e E2.
Porém, analisando a qualidade dos ensaios por meio da
aplicação da Escala proposta por Jadad e colaboradores 22 verifica-se que, apesar da maioria dos estudos serem randomizados, somente um pode ser considerado de qualidade alta.
Os demais são considerados de qualidade pobre, já que eles
precisam obter mais de 3 pontos para ter alta qualidade de
validade interna.
Ao analisar a conclusão dos estudos, somente os autores do
estudo E2 recomendam a utilização da ozonioterapia no tratamento de lesão cutânea. Porém, os autores dos estudos E1 e E3,
não recomendaram a utilização da ozonioterapia no tratamento
de lesão cutânea por acharem necessário a realização de novos
estudos com um número maior de pacientes ou por não haver
significância nos resultados encontrados.
Discussão
A ozonioterapia foi utilizada com maior frequência em lesões
decorrentes do diabetes melito. Diversos autores afirmam que a
ozonioterapia pode ser uma modalidade terapêutica promissora para o tratamento das complicações decorrentes do diabetes melito, incluindo as lesões cutâneas, devido às propriedades
antioxidantes deste gás, que reduz a hiperglicemia, melhora a
utilização do oxigênio pelo organismo e estimula a liberação de
fatores de crescimento, que estão reduzidos nas doenças isquêmicas vasculares, além de ativar o sistema imunológico 24,25,26.
No presente estudo foi possível constatar que o tipo de aplicação mais utilizado foi aplicação do ozônio sob a forma de gás
através de bolsas, diferentemente do que foi encontrado na revisão sistemática realizada por Oliveira 27 na qual a forma de aplicação do ozônio mais utilizada foi o óleo ozonizado.
Quanto à concentração a ser utilizada Oliveira 27 e Traina 14
ressaltam que a dosagem de ozônio deve ser controlada, pois da
mesma forma que pode ser útil, também pode provocar efeitos
maléficos ao organismo quando em doses elevadas. Neste estudo foi possível identificar que não houve uma padronização das
concentrações utilizadas. Em um estudo realizado por Dupláa e
Planas 12 os autores afirmam que a concentração deve ser escolhida de acordo com o aspecto da lesão, neste mesmo estudo
os autores utilizaram 75 μg/mL de ozônio sob a forma de gás
através de bolsas em lesões com tecido necrosado. Já em estudo
realizado por Rosales 28 com o objetivo de avaliar o controle da
infecção e a cicatrização de lesões infectadas no pé decorrente
do diabetes melito o autor utilizou a concentração de 80 μg/mL
do início ao fim do tratamento.
Vale ressaltar que nos estudos da revisão integrativa não foi
citado o aspecto da lesão antes de iniciar o tratamento proposto
para respaldar a escolha da concentração, porém em um estudo
cita que as lesões estavam infectadas e a concentração utilizada
estava dentro dos parâmetros recomendados na literatura, de 40
a 80 μg/mL em lesões infectadas 12, 27,29.
Em relação ao desfecho ação bactericida avaliado no presente estudo, os resultados foram favoráveis ao uso do ozônio,
fato também encontrado no estudo realizado por Rosales28 que
observou eliminação da infecção em 45% dos pacientes tratados com ozônio e no grupo controle somente 16,6% tiverem a
eliminação da infecção.
Quanto ao tipo de curativo utilizado nas lesões entre os intervalos das sessões de ozonioterapia, esse dado somente foi
relatado em um estudo no qual usou óleo ozonizado. Tal fato
chama atenção, pois atualmente existem diversos produtos no
mercado que aceleram a cicatrização e se estes forem associados
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
17
Evidências da ozonioterapia no tratamento da lesão cutânea crônica
a ozonioterapia, suas ações podem interferir na avaliação dos resultados deste gás nas lesões. De acordo com Oliveira 27 e Rosales
28
o uso do ozônio deve ser considerado como um tratamento
complementar aos tratamentos usuais, principalmente, quando
estes últimos não obtiveram efeitos satisfatórios.
O número de sessões realizadas nos estudos da revisão integrativa variou entre 20 e 32 sessões, o que difere do estudo realizado por Rosales 28 com o objetivo de avaliar a cicatrização de
lesões em pé diabético utilizando ozonioterapia, no qual 53,4%
dos pacientes tratados com ozônio apresentaram cicatrização da
lesão com 37 sessões.
Também foi constatado nos resultados variação quanto ao
tempo de duração das sessões de aplicação do ozônio de 10 minutos a 60 minutos. O estudo realizado por Hernandez e González 13 com o objetivo de avaliar a cicatrização de úlceras venosas
utilizando a ozonioterapia, os autores aplicaram o gás nas lesões
durante 1 hora. O mesmo tempo foi identificado no estudo realizado por Rosales 28 no qual o ozônio foi aplicado nas lesões sob
a forma de gás através de bolsas por 1 hora.
Quanto aos desfechos avaliados nesta pesquisa, foi possível
observar que a ozonioterapia proporcionou redução do tamanho da lesão e a cicatrização mais rápida em comparação ao
grupo controle. Resultados semelhantes foram encontrados por
Hernandez e González 13, em cujo estudo, 90,9% dos pacientes
tiveram cicatrização da lesão usando a ozonioterapia. Já Rosales
28
obteve a cicatrização das lesões em 53,4% dos pacientes avaliados.
biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/bbo/33004064079P5/2009/giovanazzi_rsd_me_botfm.pdf. Acesso em: 21 mar. 2012.
5.
Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de condutas para
tratamento de úlceras em hanseníase e diabetes – 2. ed. rev. e ampl.
– Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 92 p.
6.
Frade MAC et al. Úlcera de perna: um estudo de casos em Juiz de
Fora- MG (Brasil) e região. Anais Brasileiros de Dermatologia [Internet]. 2005; 80 (1): 41-46. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
abd/v80n1/v80n01a06.pdf. Acesso em: 20 mar. de 2012.
7.
Waidman MAP et al. O cotidiano do indivíduo com ferida crônica e sua saúde mental. Texto Contexto Enferm. [Internet]. 2011; 20
(4): 691-9. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n4/07.pdf.
Acesso em: 20 mar. 2012.
8.
Sanchez CMS. A Utilização do Óleo Ozonizado para o Tratamento
Tópico de lesões em Porquinho da Índia (CAVIA PORCELLUS) [Monografia]. Itatiba: Centro de Ciências da Saúde e Biológicas de Itatiba;
2008. Disponível em: http://www.polivet-itapetininga.vet.br/mhav/
tbo/Oleo_ozonizado.pdf. Acesso em: 22 abr. 2012.
9.
Silva AS, Silva ALC, Corrêa AL. O conhecimento de profissionais da
enfermagem sobre ozonioterapia tópica em feridas. In: XII INIC / VIII
EPG - UNIVAP 2008. Disponível em: http://www.inicepg.univap.br/cd/
INIC_2008/anais/arquivosINIC/INIC0834_01_A.pdf. Acesso em: 20
mar. de 2012.
10. Frascino AVM. Efeitos do ozônio diluído em água no reparo de feridas monocorticais em fêmures de ratos Wistar induzidos ou não ao
diabetes: estudo histomorfológico e histomorfométrio. [Dissertação].
São Paulo (SP): Faculdade de Odontologia da Universidade de São
Conclusão
Após análise crítica dos artigos revisados não foi possível estabelecer a ozonioterapia como terapia alternativa para o tratamento das lesões cutâneas, pois os autores não chegaram a
um consenso quanto à concentração do ozônio a ser utilizada,
o tempo e a freqüência, o que pode inviabilizar a utilização do
ozônio na prática clínica trazendo riscos aos pacientes e ao profissional.
Na análise de validade interna dos estudos, somente um foi
considerado como pesquisa de alta qualidade. Mas para obter
conclusões definitivas a respeito desta modalidade terapêutica,
recomenda-se realização de pesquisas do tipo ensaio clínico randomizado controlado com duplo mascaramento e bem conduzido, incluindo a realização de cálculo amostral a priori para estabelecer o regime terapêutico ideal para o sucesso do tratamento.
Sendo assim, com a presente pesquisa não foi possível estabelecer recomendações para a utilização da ozonioterapia no
tratamento de lesões cutâneas.
Paulo; 2011. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23149/tde-18062011-104529/pt-br.php. Acesso em: 20 abr.
2012.
11. Cardoso CC et al. Ozonoterapia como tratamento adjuvante na ferida de pé diabético. Rev Méd Minas Gerais [Internet]. 2010; 20 (Esp):
442-445. Disponível em: http://rmmg.medicina.ufmg.br/index.php/
rmmg/article/viewFile/294/279. Acesso em: 08 mai. 2012.
12. Dupláa GR, Planas NG. La Ozonoterapia em el tratamiento de las úlceras crônicas de las extremidades inferiores. Rev. Angiologia [Internet].
1999; 43(2): p.47-50. Disponível em: http://www.naturozone.com/
documen/RevAngiologia/ULCERAS%20CRONICAS.pdf. Acesso em:
20 mar. 2012.
13. Hernandez OD, Gonzalez RC. Ozonoterapia en úlceras flebostáticas.
Rev Cubana Cir. [Internet]. 2001; 40 (2): 123-129. Disponível em:
http://www.bvs.sld.cu/revistas/cir/vol40_2_01/cir07201.htm.
Acesso
em: 25 abr. 2012.
14. Traina AA. Efeitos biológicos da água ozonizada na reparação tecidual de feridas dérmicas em ratos [Tese]. São Paulo (SP): Faculdade
de Odontologia da Universidade de São Paulo; 2008. Disponível em:
Referências
1.
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/23/23149/tde-08042009-
tratar. Belo Horizonte: Coopmed; 2008. pag. 31.
2.
150340/pt-br.php. Acesso em: 20 mar. de 2012.
Borges EL. Evolução da cicatrização. In: Borges EL et al. Feridas: como
15. Atallah NA, Castro AA. Evidências para melhores decisões clínicas.
1998. São Paulo: Centro Cochrane do Brasil.
Côrtes SMS. Avaliação da cicatrização estimulada por aceleradores,
em pacientes adultos com hanseníase, portadores de úlcera plantar.
16. Domenico EBL, Ide CAC. Enfermagem baseada em evidências:
[Dissertação] Brasília (DF): Universidade de Brasília; 2008. Disponível
princípios e aplicabilidades. Rev Latino-am Enfermagem [Internet].
em: http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/5118/1/2008_Sel-
2003; 11 (1): 115-8. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/
v11n1/16568.pdf. Acesso em: 20 mai. 2012.
maMarciaSantosCortes.pdf. Acesso em: 20 de março de 2012.
3.
4.
Mandelbaum SH et al. Cicatrização: conceitos atuais e recursos
17. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão integrativa: método
auxiliares - Parte I. Cicatrization: current concepts and auxiliary re-
de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfer-
sources - Parte I. Anais Brasileiro de Dermatologia [Internet]. 2003;
magem. Texto Contexto Enfermagem 2008; 17(4): 768-64. Disponível
78(4): 393-408. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pi-
em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
d=S0365-05962003000500002&script=sci_arttext.
072008000400018&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 08 mai. de 2012.
de origem multifatorial. [Dissertação] Botucatu (SP): Faculdade de
Medicina de Botucatu; 2009.
18
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018.
Giovanazzi RSD. Uso do curativo bioativo em pacientes com feridas
Disponível em: http://www.athena.
18.
Wainstein J, Feldbrin Z, Boaz M, Harman-boehm I. Efficacy of Ozone–
Oxygen Therapy for the Treatment of Diabetic Foot Ulcers. Diabetes
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Chagas, I. C. S. das; Borges, E. L.
Technology & Therapeutics. 2011; 13 (12): 1255-1260.
19.
Disponível em: http://www.oxozon.com/UserFiles/file/saglik_pro_pdf/
with diabetic foot. European Journal of Pharmacology. 2005; 523:
oxozon%20ozon%20genel%20bilgiler;%20ozone%20therapy%20
151-161. Disponível em: http://sauerstoff-ozon-therapie.de/images/
clinical%20and%20basic%20evidence%20of%20its%20therapeu-
upload/File/Diabetes_2_Leon_EJP_2005_final.pdf. Acesso em: 17 mai.
21.
Jordan L, Beaver K, Foy S. Ozone treatment for radiotherapy skin
pacientes diabéticos tratados con ozonoterapia: informe preliminar.
reactions: is there an evidence base for practice? European Journal of
Rev Cubana Invest Biomed [Internet]. 2001; 20 (1):45-7. Disponível
Oncology Nursing. 2002; 6 (4): 220 – 227.
em:
Steler CB et al. Utilization-focused integrative reviews in a nursing
23.
http://bvs.sld.cu/revistas/ibi/vol20_1_01/ibi10101.htm.
Acesso
em: 16 ago. de e 2012.
27. Oliveira JTC. Revisão sistemática sobre o uso terapêutico do ozônio
service. Appl Nurs. Res. 1198: 11(4): 195-206.
22.
tic%20potential.pdf. Acesso: 16 ago. 2012.
26. Batista AD et al. Efecto del ozono sobre la activación plaquetaria en
2012.
20.
tic Potential. Archives of Medical Research [Internet]. 2008; 39: 17-26.
Martínez-sánchez G. et al. Therapeutic efficacy of ozone in patients
Jadad AR et al. Assessing the quality of reports of randomized clini-
em feridas. [Dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem
cal trials: is blinding necessary? Control Clin Trials. 1996; 17(1): 1-12.
da Universidade de São Paulo. 2007. Disponível em: http://www.te-
Castro AA. Revisão sistemática: análise e apresentação dos resulta-
ses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-20122007-094050/pt-br.php.
dos. In: Castro AA. Revisão sistemática com ou sem metanálise [Internet]. São Paulo: AAC: 2001. Disponível em http://www.metodologia.
Acesso em: 20 mar. de 2012.
28. Rosales FJM. Ozono en el tratamento de La infeccion y cicatrizacion e ulceras em pie diabético. [Dissertação]. Colima (ME): Facul-
org. Acesso em: 20 ago. 2012.
24. Dalien SM et al. Ozone therapy effects in the oxidative
dade de Medicina. 2007. Disponível em: http://digeset.ucol.mx/
stress associated to Diabetes Mellitus. Rev. Cubana Invest
tesis_posgrado/Pdf/Francisco_Javier_Martinez_Rosales.pdf. Acesso
[Internet].
1999.
http://www.ozonterapiklinigi.com/litera-
tur/i%C3%A7%20hastal%C4%B1klar%C4%B1-diabet-oksidatif%20stress%20ve%20ozon.PDF
em: 16 ago. 2012.
29. International Scientific Committee of Ozonetherapy (ISCO3). Declaração de Madrid sobre Ozonoterapia. Disponível em: www.isco3.org.
25. Re L et al. Ozone Therapy: Clinical and Basic Evidence of Its Therapeu-
Acesso em: 22 abr. 2012.
NOTA
* Enfermeira Estomaterapeuta UFMG-MG e Enfermeira do Ambulatório de Dermatologia do Hospital Eduardo de Menezes da Fundação Hospitalar de Minas Gerais.
- Endereço para correspondência: Izabel Cristina Sad das Chagas - Email: [email protected] - Rua Castro Caldas nº 182. Bairro Padre Eustáquio – Belo
Horizonte - Minas Gerais - Cep.:30730010
* Enfermeira Estomaterapeuta (TiSOBST). Professora Adjunta da Escola de Enfermagem da UFMG. Mestre pela EEUFMG. Doutora pela EERP-USP.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
19
Artigo Original
Violência contra a mulher e qualidade de vida
Violence against women and Quality of life
and the visibility of the negative aspects that this represents in
their lives.
Descriptors: Violence against Women, Gender and Health,
Quality of life, Nursing.
* Mari Anna Tavares de Lima
** Rosa Aurea Quintella Fernandes
Resumo
Objetivo. O objetivo foi avaliar a Qualidade de Vida (QV) de
mulheres que sofrem violência e associar as características sociodemográficas, tipo de agressão, grau de parentesco do agressor
e frequência das agressões com a QV. Método. Estudo exploratório, descritivo, desenvolvido na Associação Brasileira de Defesa
da Mulher, da Infância e da Juventude. Participaram 70 mulheres
e o instrumento de QV utilizado foi o WHOQOL-BREF. Resultados. A QV geral das mulheres foi baixa com escore médio de
(42,1). O domínio com maior média foi o das relações sociais
(51,9). Houve associação estatisticamente significativa entre a
QV e as mulheres casadas e separadas no domínio psicológico (p=0, 038) e, entre as casadas e solteiras, no domínio das
relações sociais (p=0, 027). Observou-se, diferença estatística
significativa na QV das mulheres com filhos no domínio psicológico (p=0, 042) e no meio ambiente (p=0, 011) e nas que
sofreram violência repetidamente, no domínio psicológico (p=0,
030) e na QV geral (p=0, 005). Na QV geral houve diferença
estatística para aquelas que sofreram violência física (p=0, 007).
Conclusão. Os resultados desta pesquisa podem contribuir para
conhecer a Qualidade de Vida de mulheres que sofrem violência
e para a visibilidade da carga negativa que isto representa em
suas vidas.
Palavras-Chave: Violência contra a Mulher, Gênero e saúde,
Qualidade de vida, Enfermagem.
Summary
Objective: To evaluate the Quality of Life (QOL) of women
who suffer violence and associate the sociodemographic characteristics, type of assault, relationship of the perpetrator and
frequency of aggression with QOL. Method: An exploratory
and descriptive study, developed by the Brazilian Association for
the Defense of Women, Children and Youth. Seventy (70) women participated and the QOL instrument used was the WHOQOL-BREF. Results: The overall QOL of women was low with
an average score (42.1). The area with the highest average was
the social relations (51.9). There was a statistically significant association between QOL and married and separated women in
the psychological domain (p = 0.038) and between married and
unmarried, in the domain of social relations (p = 0.027). Statistically significant differences were observed in QOL of women with
children in the psychological domain (p = 0.042) and the environment (p = 0.011) and those who have experienced violence
repeatedly in the psychological domain (p = 0.030) and in overall
QOL (p = 0.005). In general, QOL showed a statistical difference for those who have suffered physical violence (p = 0.007).
Conclusion: The results of this research can contribute to better
understanding the Quality of Life for women suffering violence
20
INTRODUÇÃO
A violência contra a mulher é uma forma de agressão que
persiste no tempo e ocorre praticamente em todas as classes sociais, culturas e sociedades, independe de idade, cor, etnia, nacionalidade, opção sexual ou condição social e tomou tal dimensão que
é considerada um grave problema social com inúmeras repercussões
sobre sua saúde física e psicológica1.
A maioria das queixas de violência parte de mulheres que sofrem alguma forma de agressão no interior do espaço doméstico,
pois são vistas pelo homem como objeto de posse e subjugação.
Revisão de literatura, que cobriu o período de 2003 a 2007,
concluiu que a violência contra a mulher é um tema pesquisado
em diferentes continentes e que o perfil das mais atingidas pode
ser delineado como jovens, na faixa etária de 20 a 39 anos, casadas e agredidas por seus parceiros atuais. 2
O estudo da violência é importante por ser uma das principais
causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo, é um
fenômeno possuidor de determinantes sociais e condicionantes
culturais que podem significar agravos à saúde e ameaça à vida,
às condições de trabalho, às relações interpessoais e à qualidade
da existência.1
A violência contra a mulher tem se agravado tanto em
termos de quantidade, quanto de qualidade, ou seja, as vítimas têm sofrido agressões, inicialmente, mais leves que vão se
tornando cada vez mais severas e chegam a ocasionar a morte
ou graves sequelas, impossibilitando a vítima de ter qualidade
de vida. 3
A repetição da violência, a par das consequências físicas
que imprimem à saúde da mulher, deixa marcas indeléveis
em seu espírito, minando sua autoestima e possivelmente
influenciando sua QV. Os estudos que relacionam esses dois
temas ainda são muito escassos e pouco se conhece sobre
o impacto da violência na qualidade de vida (QV) das mulheres vitimizadas.
Os objetivos do estudo foram: avaliar o índice de Qualidade
de Vida de mulheres que sofrem violência e associar o índice com
as características sociodemográficas, tipo de agressão, grau de
parentesco do agressor e frequência das agressões.
MÉTODO
Pesquisa transversal, exploratória e descritiva desenvolvida
na Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da
Juventude (ASBRAD).
A ASBRAD é uma Organização Não Governamental (ONG),
fundada em 18 de dezembro de 1997, sem fins lucrativos, de
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Chagas, I. C. S. das; Borges, E. L.
caráter social, que tem como missão e finalidade estatutárias,
defender os direitos da mulher, da família, da maternidade, da
infância, da adolescência e da velhice. Oferece assistência social,
psicológica e jurídica, gratuitamente, combatendo e denunciando os casos de violência em todos os âmbitos da convivência
humana.4
A amostra foi constituída por 70 mulheres elegíveis para o estudo que estavam em acompanhamento na ASBRAD, há pelo menos
12 meses e que atenderam aos critérios de inclusão: saber ler e
escrever e ter idade mínima de 20 anos.Foram excluídas as adolescentes e gestantes.
Os dados foram coletados no período de maio a agosto de
2010 foram utilizados dois (2) instrumentos um (1) com o objetivo de coletar os dados sociodemográficos das mulheres e o outro
para medir a qualidade de vida (QV).
A QV foi mensurada pela aplicação do WHOQOL-BREF,
criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Este instrumento avalia cinco domínios da qualidade de vida: o físico, o psicológico, as relações sociais, o meio ambiente
e o geral, e está constituído por 26 questões. Os escores
podem variar de zero a 100 e quanto maior o escore, melhor a qualidade de vida.
O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Guarulhos, Parecer 34/2010, SISNEP/530.
Para avaliar a influência das características sociodemográficas, características da violência e do agressor na QV, foram
realizadas análises univariadas de associação utilizando os
testes t-Student e ANOVA. Para estudar a associação dos
escores de cada um dos domínios da QV e a QV geral com as
variáveis demográficas (idade, estado civil, escolaridade, raça,
situação empregatícia), tipo de violência e número da agressão foi aplicado o teste t-Student (no caso de variáveis com
duas categorias de resposta) e a metodologia de análise de
variância – ANOVA (para variáveis com três ou mais categorias de resposta). No caso da ANOVA onde houve significância
estatística (p<0,05), foram realizadas comparações múltiplas
pelo teste de Bonferroni. Valores de p ≤ 0,05 indicam que
existe diferença estatisticamente significante das médias do
escore de QV entre as categorias de respostas analisadas.
RESULTADOS
O perfil das participantes do estudo revelou tratar-se de jovens com idade média de 36 anos, 44,3% autodefinidas como
brancas e 31,4% como pardas. A maioria (57,1%) vivia com
companheiro, 44,3% com ensino fundamental completo ou incompleto. A renda familiar mensal estava por volta de um (1) a
três (3) salários mínimos, que à época era R$ 756,91. A maioria
(95,7%) tinha filhos e atividade remunerada (64,3%).
Tabela 1. Distribuição da amostra segundo o tipo de violência, agressor e reincidência (n=70).
Guarulhos, 2010.
Variáveis
N
Companheiro
49
70,0
Ex-marido
17
24,3
Namorado
03
4,3
Estranho
01
1,4
1-5 vezes
17
24,3
6-10 vezes
09
12,9
11 ou mais
44
62,9
Reincidência
Observa-se, na Tabela 1, que as mulheres sofrem diferentes
tipos de agressão ou mais de um tipo. A associação da agressão
física e psicológica foi a que obteve maior percentual (45,8%),
seguida da psicológica (38,6%). O agressor na maioria das vezes
(70%) foi o companheiro e a mulher foi agredida repetidas vezes
(62,9%).
As mulheres caracterizaram o perfil dos agressores como
brancos e pardos, com baixa escolaridade, maioria (52,8%) estudou até no máximo o ensino fundamental e 8,6% eram analfabetos. A maioria (82,9%) tinha atividade remunerada e consumia drogas (60%).
Tabela 2. Distribuição da amostra, segundo a topografia da
agressão. Guarulhos, 2010.
Local
Sim
Total
Não
N
%
N
%
Cabeça
50
71,4
20
28,6
70
100
Membros
Superiores
64
91,4
06
08,6
70
100
Membros
Inferiores
47
67,1
23
32,9
70
100
Esterno frente
05
7,1
65
92,9
70
100
Tórax
09
2,9
61
87,1
70
100
Abdomen
08
1,4
62
88,6
Costas
15
21,4
55
Partes íntimas
Física
02
2,8
Psicológica
27
38,6
Sexual
01
1,4
Física e Psicológica
32
45,8
08
11,4
N
70
%
100
70
100
70
100
78,6
%
Tipo de Violência
Física/ psicológica e sexual
Agressor
14
20,0
56
80,0
Na Tabela 2, observa-se que os locais mais agredidos foram,
em primeiro lugar, os membros superiores com 91,4% de referências, a seguir a cabeça (71,4%), membros inferiores (67,1%),
costas (21,4%) e partes íntimas (20%).
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
21
Violência contra a mulher e qualidade de vida
Tabela 3. Estatísticas descritivas dos domínios do WHOQOL- BREF. Guarulhos. 2010.
Domínios
Físico
Psicológico
Relações Sociais
Meio Ambiente
QV geral
n
70
70
70
70
70
Média
48,57
46,37
51,90
38,35
42,14
Mediana
46,43
47,92
50,00
37,50
37,50
Desvio-Padrão
16,92
18,98
18,78
11,88
21,72
Mínimo
7,14
8,33
0,00
0,00
0,00
Máximo
82,14
87,50
91,67
62,50
87,50
Observa-se, na Tabela 3, que o domínio com maior média de escore foi o das Relações Sociais (51,90) e que o escore Geral de QV
foi baixo (42,14) considerando que o máximo é 100.
Associação entre qualidade de vida e características sociodemográficas
Na associação entre QV e as características sociodemográficas observou-se que as variáveis: idade, raça e situação empregatícia, não interferiram na QV das mulheres, pois não houve
diferenças estatisticamente significantes (p≥0,05).
Entretanto, as variáveis: estado civil e presença de filhos interferiram na QV das mulheres. As mulheres separadas, em comparação com as demais, referiram melhor QV geral assim como
nos domínios psicológico e meio ambiente. Já as solteiras, em
comparação com as demais, tiveram melhor QV nos domínios
físico e relações sociais. Contudo, a diferença foi estatisticamente significante apenas no domínio psicológico (p=0, 049) e
das relações sociais (p=0, 030). No domínio psicológico a diferença significativa foi observada apenas entre casadas e separadas (p=0, 038). E no domínio relações sociais, entre casadas
e solteiras (p=0, 027). As mulheres que vivem com os parceiros,
seja em união consensual ou oficialmente casada, tiveram escores menores de QV.
Na associação entre QV e presença de filhos verificou-se
que, em todos os domínios, as mulheres que não tinham filhos apresentaram melhor QV quando comparadas com as
que tinham filhos. Porém, houve diferença estatisticamente
significante apenas no domínio psicológico (p=0, 042) e meio
ambiente (p=0, 011).
Associação entre Qualidade de Vida e violência
Ao avaliar a associação entre QV e o tipo de violência sofrida.
Verificou-se que, em todos os domínios, as mulheres que sofreram violência física tiveram escores menores do que as que não
sofreram. Porém, somente na QV geral houve diferença estatisticamente significante (p= 0, 007).
Na comparação entre as mulheres que foram agredidas psicologicamente e as que não foram, tanto o escore geral como o
por domínios (p>0,05) indicam que a violência psicológica não
influenciou a qualidade de vida das mulheres do estudo.
No caso da violência sexual os resultados apontam que as
médias dos escores de QV das mulheres que sofreram ou não
este tipo de violência são semelhantes, mas, em todos os domínios da QV, os escores daquelas que não sofreram esse tipo
de violência são melhores, inclusive no geral. Entretanto, não
foi observada diferença estatisticamente significante entre elas
(p>0,05).
O número de vezes que as mulheres foram agredidas influenciou em sua QV uma vez que houve diferença estatisticamente
significante na comparação das médias dos escores entre as que
foram agredidas ou não mais de dez vezes, apenas no domínio
psicológico (p=0,030) e na QV geral (p=0,005).
22
DISCUSSÃO
A média de idade das mulheres entrevistadas foi de 36 anos,
resultado semelhante ao de outros estudos 5,6,7 nos quais as mulheres agredidas encontravam-se na faixa etária de 34 a 37 anos,
respectivamente. Outros trabalhos sobre violência de gênero
apontam mulheres mais jovens, entre 18-29 anos2,8. A definição
da raça/cor foi autorreferida e 44,3% das mulheres consideraram-se brancas. Este dado pode estar mascarado, porque, muitas
vezes, as pessoas se autodenominam de uma etnia quando, na
realidade, pertencem à outra. Outras publicações 9,5,10 apresentam
a raça/cor negra como predominante nas amostras estudadas.
Em relação ao estado civil, a maioria das mulheres (57,1%)
vivia com o companheiro. Outros estudos2,5,11 que traçam o perfil
de mulheres submetidas à violência doméstica apontam que a
maioria vivia com o parceiro e, em um desses estudos, o percentual de mulheres casadas foi de 64% e, em outro, de 72,2%.
Estudo8 sobre a violência de gênero enfatiza que a escolaridade influencia a ocorrência do fenômeno, pois, quanto mais
elevado o nível de estudo das mulheres, menor sua tolerância
para os atos agressivos. Entretanto, vale ressaltar que dados sobre violência doméstica que envolvem mulheres de melhor nível
socioeconômico, podem estar sub representados pela tendência
de ocultar a ocorrência neste estrato social 5.
No presente trabalho, a maioria das mulheres (95,7%) tinha filhos e 64,3% exerciam atividade remunerada. Alguns trabalhos5,8 apontam que os filhos podem ser um impeditivo dela
romper a relação com o agressor e, por isso, a mulher permanece
sofrendo violência. O fato de a maioria estar empregada (64,3%)
corrobora o estudo 11 que cita uma porcentagem considerável de
mulheres que trabalhavam (41%) e foram vítimas de violência.
As mulheres que participaram deste estudo sofreram diferentes tipos de agressão e/ou a associação de mais de um tipo.
Embora as mulheres não saibam classificar os insultos, humilhações e palavras afrontosas como violência psicológica, elas são
capazes de identificar essas situações como agressão. Resultados
de outros trabalhos5,11 indicam, também, que as vitimas sofreram
a associação de mais de um tipo de violência.
A pessoa mais referida como agressor foi o companheiro
(70%), dado encontrado em outros estudos identificados na literatura12,3 que referem o parceiro íntimo como o agressor principal.Outro aspecto enfatizado pelos resultados deste estudo é
a reincidência da agressão, referida por 62,9% das mulheres,
assim como o medo do agressor (75,7%).
Alguns estudos 5,13 apontam que, apesar de a vítima sentir
medo do agressor, elas não se separam por diferentes razões,
entre elas a existência de filhos, dependência financeira, paixão,
perda de suporte da família e esperança de que o agressor mude
de comportamento.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Lima, M. A. T. de; Fernandes, R. A. Q.;
Os locais mais agredidos foram os membros superiores, cabeça e membros inferiores. Outros estudos 14,15,16 apresentam
a mesma topografia para as agressões. Pode-se supor que os
membros superiores são mais atingidos por alguma tentativa de
defesa da mulher no momento da agressão.
A análise dos resultados da QV identificou média dos escores de QV Geral de 42,14 e o domínio com maior média o das
Relações Sócias (51,90). Considerando que o escore máximo é
100, pode-se inferir que a QV destas mulheres não é boa embora, Castro16 sugira que escores entre 41 e 60 classificariam uma
Qualidade Vida como Nem Ruim Nem Boa.
Os resultados da associação da QV e das variáveis sociodemográficas permitem inferir que situações como conviver com
o companheiro e ter filhos, interferiu negativamente na QV
das mulheres. Não é fácil para a vítima dividir o domicilio com
quem a agride continuadamente mas, mesmo assim muitas elas
não encontram força para romper com esta situação e os filhos
podem constituir uma barreira na quebra do laço com o agressor.
Assim, mesmo sofrendo, ela persiste no relacionamento.
A violência física repercutiu na QV das mulheres. Estudo17 que
comparou violência doméstica com QV, identificou escores compatíveis com uma má QV e depressão, assim como associação
significante entre distúrbios mentais, disfunção psicossocial e violência de gênero. As mulheres que sofrem violência física podem
apresentar sintomas recorrentes de dor e dificuldade para dormir.
Os profissionais que atendem emergência devem estar alertas para
a necessidade de investigar a possibilidade de situações de violência em mulheres que apresentam recorrência desses sintomas.
A repetição dos maus tratos foi outra variável que influenciou
a QV das mulheres. A violência em si já representa um trauma na
vida da mulher. A repetição das agressões, a convivência diária
com o medo, a insegurança, a incerteza do que virá dia após
dia fragilizam o emocional da mulher, o que pode explicar os
resultados obtidos no domínio psicológico e na QV geral, neste
estudo. Muitos trabalhos5,8,16, apontam a influência da violência
na saúde mental das mulheres que podem apresentar fobias, depressão, estresse pós traumático, insônia, ansiedade, distúrbios
sociais, tendência ao suicídio e abuso de drogas e álcool.
2.
CONCLUSÕES
A violência em suas diferentes formas de manifestação interfere negativamente na QV das mulheres sobretudo, daquelas
que sofrem agressão repetidas vezes, convivem com o agressor e
tem filhos.Outros estudos que comparem violência e QV devem
ser realizados de modo a possibilitar comparações e dar visibilidade ao problema.
14. Dossi AP, Saliba O, Garbin CAS, Garbin AJI. Perfil epidemiológico da
Frank S, Coelho EBS, Boing AF. Perfil dos estudos sobre violência contra as mulheres por parceiro íntimo: 2003 a 2007. Rev Panam Salud
Publica 2010; 27(5): 376-81.
3.
Silva LL, Coelho EBS, Caponi SNC. Violência silenciosa: violência psicológica como condição da violência física doméstica. Interface (Botucatu) 2007; 11(21): 93-103.
4.
Asbrad- Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da
Juventude [home Page da internet]. Guarulhos: ASBRAD; 1997-2009;
[acesso em 2009 Oct 29]; [aproximadamente 5 telas]. Disponível em
<http//www.asbrad.com.br/HTML/quemsomos.html>
5.
Adeodato VG, Carvalho RR, Siqueira VR, Souza FGM. Qualidade de
Vida e depressão em mulheres vítimas de seus parceiros. Rev. Saúde
pública 2006; 39 (1): 108-13
6.
Mota JC, Vasconcelos AGG, Assis SG. Análise de correspondência
como estratégia para descrição da mulher vítima do parceiro atendida
em serviço especializado. Ciência saúde coletiva. 2007;12(3):799-809.
7.
Julia G D, Schraiber LB, França J I, Barros C. Repercussão da exposição
à violência por parceiro íntimo no comportamento dos filhos. Rev Saúde Pública 2011;45(2):355-64.
8.
Silva MA, Neto GHF, Figueiroa JN, Filho JEC. Violence against women: prevalence and associated factors in patients attending a public
healthcare service in the Northeast of Brazil. Cad Saúde Pública 2010;
26(2): 264-272.
9.
Kronbauer JFD, Meneghel SN. Perfil da Violência de gênero perpetrada por companheiro. Rev
Saúde Pública 2005;39 (5):695-701.
10. Romio JAF. Mortalidade feminina e violência contra a mulher: abordagem segundo raça/ cor. Trabalho apresentado no XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais ABEP. Caxambú (MG); 2010. Disponível
em: www.abep.nepo.unicamp.br. Acesso em maio/ 2011.
11. Garcia MV, Ribeiro LA, Jorge MT, Pereira GR, Resende AP. Caracterização dos casos de violência contra a mulher atendidos em três serviços
na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública.
2008; 24(11): 2551-2563.
12. Schraiber LB, D’Oliveira ANPL, Couto MT, Hanada H. e et al. Violência
contra mulheres entre usuárias de serviços públicos de saúde da Grande São Paulo. Rev Saúde Pública 2007; 41 (3): 359-67.
13. Day VP, Telles LEB, Zoratto PH, Azambuja MRF, Machado DA et al.
Violência doméstica e suas diferentes manifestações. Rev. psiquiatr.
Rio Gd. Sul. 2003; 25 (suppl. 1): 9-21.
violência física intrafamiliar: agressões denunciadas em um município
do Estado de São Paulo, Brasil, entre 2001 e 2005. Cad. Saúde Pública. 2008; 24(8): 1939-1952
15. Garbin CAS, Garbin AJI, Dossi AP, Dossi MO. Violência doméstica:
análise das lesões em mulheres. Cad. Saúde Pública. 2006; 22(12):
2567-2573
16. Castro DFA de, Fracolli LA. Qualidade de vida e promoção da saúde:
REFERÊNCIAS
1.
em foco as gestantes. Mundo Saúde.2013,37(2):159-165.
Penna LHG, Santos NC dos. Violência contra a mulher. In: Fernan-
17. Rees S, Silove D, Chey T et al. Lifetime Prevalence of Gender-Based
des RAQ, Narchi NZ. Enfermagem e saúde da mulher. 2ed. Manole;
Violence in Women and Relationship with Mental Disorders and Psy-
2013.p.209-32.
chosocial Function. JAMA. 2011; 306 (5): 513-521.
NOTA
* Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Guarulhos-SP
** Obstetriz. Doutor em Enfermagem. Docente do Mestrado Enfermagem da Universidade Guarulhos-SP
Trabalho extraído da dissertação de mestrado Violência contra a mulher e qualidade de vida da aluna Mari Anna Tavares de Lima. Universidade Guarulhos.2011.
Não há conflito de interesses.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
23
Artigo Original
Dignidade no fim da vida – percepção de enfermeiros*
Dignity at the end of life – perception of nurses
** Andrea Cristina Marchesoni Zani
** Talita Camila de Oliveira
*** Monica Martins Trovo de Araújo
Resumo
Trabalhar com pacientes que vivenciam o processo de morrer
é um desafio cotidiano para a equipe de enfermagem. O presente estudo teve como objetivos conhecer a percepção dos enfermeiros acerca de dignidade ao final da vida e identificar barreiras
e facilitadores para assistência prestada a pacientes hospitalizados ao fim da vida. Caracterizou-se como um estudo descritivo,
exploratório, transversal e de campo, com abordagem qualitativa, realizado por meio de entrevista semi estruturada com 20 enfermeiros de uma instituição hospitalar pública da cidade de São
Paulo, em junho de 2013. Por meio da análise de conteúdo das
falas dos entrevistados foi possível identificar quatro categorias
que evidenciaram dificuldades na compreensão acerca de cuidado digno e na identificação de necessidades ao fim da vida, assim
como obstáculos e elementos fundamentais para o provimento
deste tipo de atenção. Denotando a necessidade de maior preparo teórico-prático dos profissionais no que tange à assistência
de enfermagem na etapa final de vida.
Descritores: Assistência terminal; Cuidados de Enfermagem;
Atitudes frente à morte.
Summary: Working with patients who experience the dying process is an everyday challenge for the nursing staff. The
present study aims to identify the perceptions of nurses about
dignity at the end of life and to identify barriers and facilitators
to care provided to hospitalized patients at end of life. Was characterized as a descriptive, exploratory, cross-sectional field study
with a qualitative approach, performed through semi-structured
interviews with 20 nurses from a public hospital in the city of São
Paulo, in June 2013. Through content analysis of the speeches of
the respondents, it was possible to identify four categories that
showed difficulties in understanding dignified care concept and
identifying personal needs at end of life, as well as barriers and
key elements for the provision of this kind of attention. Denoting
need for greater theoretical and practical training of professionals concerning nursing end of life care.
Descriptors: Terminal assistance. Nursing care. Attitude to
death.
Introdução
Ao analisar historicamente as representações da morte
é possível perceber que houve importante alteração em sua
trajetória, que de conhecida, passou a ser negada. Até meados do século XX a morte era aceita como acontecimento na-
24
tural, familiar; contudo, a partir da década de 1930 começou
crescer o número de pessoas que morriam em hospitais1. De
acordo com dados do Ministério da Saúde2, no ano de 2006
mais de 690 mil pessoas faleceram em hospitais brasileiros
e apenas 224 mil nos domicílios. Assim, consequentemente,
aumentou o número de pessoas dependentes de cuidados,
com a necessidade de maior envolvimento da equipe de enfermagem no processo de cuidar de quem vivencia o fim da
vida.
Trabalhar no cotidiano com pessoas em processo de morrer é um grande desafio para a equipe de enfermagem, porque reflete a dificuldade do ser humano em lidar com o fenômeno morte, assunto que ainda se configura como “tabu”
na sociedade. Com o intenso desenvolvimento tecnológico
na área da saúde nas últimas décadas, criou-se a falsa ilusão
de que a morte pode ser adiada por tempo indeterminado
e qualquer problema que afete as condições de saúde pode
ser superado. A negação da morte que ocorre na atualidade
dificulta o entendimento acerca do cuidado ao fim da vida,
podendo trazer prejuízos para o paciente. Um paciente que
vivencia o processo de morrer precisa de paz, descanso e
dignidade 3.
Contudo, nos hospitais, há uma variedade de pessoas
atarefadas, correndo, sem ao menos atentar para os aspectos emocionais da pessoa doente4, que permanece a maior
parte do tempo sozinha, lidando com o sofrimento em suas
múltiplas dimensões: físico, emocional, espiritual e social. Vivenciar a finitude nos hospitais pode se caracterizar como
um longo, solitário e doloroso processo.
Morrer dignamente é ter respeitado o desejo de ter uma
morte humanizada, ou seja, que valorize o ser humano e
sua trajetória de vida, seu direito à autonomia para tomada
de decisão quando possível, suas preferências quanto à alimentação, presença de amigos e entes queridos, momentos
para movimentação e repouso e local de morte 5. Significa ser
estimado e ter permissão de morrer com caráter, personalidade e estilo4, tendo seus desejos e necessidades identificados e respeitados, considerando-se o tempo limitado como
fator agravante para a atenção a estas demandas. Envolve
possibilitar que o paciente participe de seu próprio cuidado,
ouvindo-o para identificar necessidades e expectativas. Assim, depende da comunicação que ouve, acolhe e respeita
o outro ser humano em suas verdades, clamores e valores6.
A dignidade envolve o reconhecimento da autonomia
representada como autogoverno e autodeterminação de tomada de decisão pela saúde e bem estar. Trata-se de liberdade de escolha. Assim, a equipe que cuida do paciente no
processo de morte deve estar atenta ao que diz respeito às
manifestações dos medos e necessidades, sempre acolhendo
o paciente e seu familiar. É necessário escutar os temores e
proporcionar uma comunicação que possibilite obter-se certo
grau de profundidade 7.
Neste contexto, pela natureza do cuidado prestado, a
equipe de enfermagem desempenha papel central, uma vez
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Zani, A. C. M.; Oliveira, T. C. de; Araújo, M. M. T. de;
que permanece mais tempo do que outros profissionais junto ao paciente em etapa final de vida, o que lhe possibilita
a identificação de demandas e atenção mais direcionada às
necessidades individuais.
O enfermeiro, enquanto líder da equipe, deve reconhecer quando o paciente se encontra em processo de morrer
e redirecionar o planejamento e implementação do cuidado para ações focadas no conforto e apoio emocional, para
que o indivíduo viva com dignidade seus últimos dias. Assim, torna-se importante saber: qual o entendimento que o
enfermeiro tem acerca do cuidado que propicia uma morte
digna? E, frente ao fato de que muitos pacientes ao fim da
vida não podem mais verbalizar suas necessidades devido ao
rebaixamento de nível de consciência, como os enfermeiros
identificam as necessidades destes doentes? O que favorece
e o que dificulta este cuidado? Faz-se necessária esta pesquisa para buscar respostas a estes anseios.
Objetivos
Conhecer a percepção dos enfermeiros acerca de dignidade ao final da vida.
Identificar barreiras e facilitadores para assistência prestada pelo enfermeiro a pacientes hospitalizados em fim de
vida.
Trajetória metodológica
Trata-se de um estudo de campo de caráter descritivo, exploratório e transversal, com abordagem qualitativa. A escolha pela abordagem qualitativa é justificada pelos complexos
fenômenos investigados – a finitude humana e a concepção
de dignidade que o enfermeiro traz, sendo necessária exploração mais aprofundada do que a mensuração de variáveis
possibilita. Para tanto, fez-se necessária à busca da essência
destes fenômenos na fala dos enfermeiros, profissionais que
vivenciam em seu cotidiano o cuidado de pessoas em fase
avançada de doenças irreversíveis.
A pesquisa foi desenvolvida em um hospital público de
grande porte, localizado na região norte da cidade de São
Paulo. Esta instituição possui aproximadamente 400 leitos e
oferece atendimento voltado a população em geral, através
do Sistema Único de Saúde, em especialidades diversas. A
população da pesquisa constituiu-se por enfermeiros atuantes em unidades que atendem com frequência pacientes
ao final da vida, ou seja, que trabalham em enfermarias de
Clínica Médica (13 profissionais) e na Unidade de Terapia
Intensiva (22 enfermeiros) da instituição. A amostragem foi
realizada de modo não aleatório e por conveniência, considerando-se os seguintes critérios: ser enfermeiro, trabalhar
na instituição em uma das unidades citadas e aceitar participar da pesquisa. A amostra foi determinada por saturação do
discurso, com 20 entrevistados.
Para a coleta dos dados inicialmente foi solicitado à instituição de saúde carta de ciência sobre a intenção de realização da pesquisa e autorização para realização da mesma. Em
seguida, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) do Centro Universitário São Camilo, instituição
onde as pesquisadoras possuíam vínculo acadêmico, sendo
aprovado em maio de 2013 (parecer número 291.851). Após
a aprovação do COEP, foi solicitada à chefia de enfermagem
das duas unidades uma relação com os nomes dos colaboradores enfermeiros nos distintos turnos.
Durante o mês de junho de 2013, em datas e horários
pré-acordadas com as chefias, as pesquisadoras abordaram
individualmente cada enfermeiro, apresentando a proposta
da pesquisa e o termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE). Após firmar sua participação na pesquisa com a assinatura do TCLE o colaborador foi individualmente entrevistado, de acordo com roteiro semiestruturado de questões,
especialmente elaborado pelas pesquisadoras para este estudo.
Neste roteiro, além das questões norteadoras para a entrevista “No seu cotidiano de trabalho no hospital, o que
você considera importante para o cuidado das pessoas
que estão vivenciando o fim da vida? Quais são as facilidades e as dificuldades que você encontra quando
cuida de um paciente no final da vida? O que você entende por dignidade no fim da vida?”, também foram
contempladas questões fechadas acerca de variáveis (idade,
sexo, tempo de formação como enfermeiro e de atuação na
unidade) que possibilitaram a caracterização da amostra. As
entrevistas tiveram o áudio digitalmente gravado e as falas
dos entrevistados foram transcritas na íntegra, respeitandose a coloquialidade do discurso.
Os dados foram analisados de forma qualitativa, segundo
a metodologia de análise de conteúdo proposta por Bardin 8,
que propõe um conjunto de técnicas de análise da comunicação verbal aplicados aos discursos para obter indicadores,
qualitativos ou não, que permitem a descrição do conteúdo
das mensagens dos entrevistados. Seu método é composto de três fases: a) pré-análise, com leitura flutuante para
reconhecimento do texto; b) exploração do material, com
leitura analítica, identificação indicadores segundo temática
e operações de codificação para agrupamento de temas semelhantes e c) tratamento dos resultados, inferência e interpretação, quando foram identificadas categorias temáticas
que possibilitaram a descrição e análise dos conteúdos dos
discursos.
Resultados
Dos 20 enfermeiros entrevistados, 14 (70%) eram do gênero feminino e seis (30%) masculino. A idade dos entrevistados variou de 27 a 55 anos, com a média de 40,3 anos. O
tempo de formação como enfermeiro variou entre três e 24
anos, com média de 12,8 anos e o tempo de atuação na instituição também alternou entre três e 24 anos, porém com
média de 10,5 anos.
Com base na análise do conteúdo dos discursos dos
entrevistados surgiram quatro categorias, que evidenciaram
a dificuldade de expressar a complexidade do significado de
cuidado digno ao fim da vida, assim como também de identificar necessidades específicas do paciente nesta etapa, apontando obstáculos e elementos essenciais para a realização
deste tipo de cuidado.
Categoria 1: Descaracterizando a complexidade do
cuidado digno ao fim da vida.
Grande parte dos participantes encontrou grande dificuldade em expressar sua compreensão acerca de dignidade no
cuidado ao fim da vida, uma vez que alguns se mostraram
pensativos por longo período, outros gaguejavam ou eram
extremamente reticentes em suas colocações, como evidenciam os discursos seguintes:
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
“Olha... dignidade no fim da vida...
é você não ser tratado... é... você não
tratar o paciente... ou o paciente ver...
25
Dignidade no fim da vida – percepção de enfermeiros
talvez no sentimento envolvido no momento do cuidado.” (E15).
que ele esta sendo tratado como um
lixo né... um lixo humano... como mais
um... (pensando)... é dessa forma que
eu vejo.” (E17)
“A dignidade no final da vida para
mim envolve [...] produzir o máximo de
bem estar para ele, pra que tenha um
final da vida bom. Não digo que é bom,
porque o final da vida não é aceitável
para nós facilmente, mas que seja digno
para ele.” (E2)
“Ah, dignidade para mim é [...] ter
os cuidados necessários... o básico que
a gente tem que ter antes da morte.”
(E10)
Compreende-se que falar sobre temas subjetivos seja
um desafio para os profissionais do cuidado dos quais são
exigidas ações concretas, práticas e objetivas. E, neste contexto em que os participantes denotaram dificuldade para
discorrer acerca do cuidado digno ao fim da vida, poucos
participantes citaram ao menos princípios ou valores morais
norteadores do cuidado digno, como o respeito, conforme
apontam os discursos abaixo destacados:
“[...] você tem que aceitar o jeito
que está e tratar as pessoas do mesmo
jeito, igual a todas. Igual todo mundo...” (E6)
No paciente em estado avançado de doença torna-se essencial à identificação de necessidades próprias, para o direcionamento de um cuidado que suporta e conforta. Para
tanto, o enfermeiro precisa considerar que cuidar de modo
holístico e individualizado pressupõe preocupação, responsabilidade e envolvimento afetivo com o outro. Assim, os profissionais devem demonstrar preocupação e, muitas vezes,
entender que é necessário quebrar algumas regras estipuladas pelas instituições com relação ao horário de visita, a
importância do conforto, carinho e a realização de alguns
desejos do paciente, como nos exemplos dos participantes:
“[...] a gente tem que aceitar o que
a pessoa ta pedindo, saber um pouco
mais do que essa pessoa ta pedindo...
Por que tem pessoa que não quer receber visita, outras que querem receber
todas as visitas, outras que querem músicas, uma alimentação diferenciada e
até ficar em casa” (E6).
“Dignidade é […] como eu falei, eu
trato igualmente, independente de estar bem ou não, mesmo após sua morte eles continuam tendo sua dignidade
como pessoa, como ser humano, então... é se dar o respeito, atenção e o
cuidado...” (E8).
“[...] ter um cuidado e bem receptivo
para o paciente e com a família dele...
[...] Saber respeitar o último momento
dele... Então tem que cuidar... A parte
de higienização, alimentação, dar tudo
o que o paciente necessita...” (E9)
“Dignidade? Dignidade é você respeitar... é... sabe aquele desejo do paciente?” (E19).
“Então é... Normalmente sempre é
liberado algumas vontades dos pacientes... Até comida é liberado... Pra que
tenha mais dignidade né?” (E18).
Categoria 2: Identificando necessidades específicas
no cuidado ao paciente no fim da vida.
A individualidade do cuidado é um dos fundamentos da
atenção de enfermagem. Destacam-se nas falas de alguns
participantes a dificuldade em sustentar este pilar, envolvendo não apenas os pacientes em situação de final de vida, mas
todos os que são submetidos à atenção da equipe:
“Acredito que devem ser tratados da
mesma forma que eu tratos dos outros
pacientes em relação aos cuidados de
enfermagem... Considerando que o ser
humano, é um ser único, um ser precioso, e nosso juramento, um dos juramentos nossos é a luta pela vida, acho
importante ter uma boa harmonização
que seja eficiente e eficaz...” (E4).
“O cuidado com esses pacientes e
com outros tem que ser igual... pois
tem que ter respeito e atenção. Olha,
acho que cuidado de um paciente intubado ou consciente... sinceramente
não vejo diferença... no cuidado... mas
26
“Dignidade é não só ter o familiar,
mas respeitar seus valores. Higiene, dor...
E dar os cuidados que ele merece... tentar
avaliar a dor desse paciente... Tentar passar alguma coisa positiva pra ele...” (E7).
Contudo, dos 20 relatos dos participantes, apenas os quatro descritos acima destacaram de modo superficial as necessidades específicas do paciente em fim de vida. Apenas o participante denominado enfermeiro 7 apontou em sua fala um
aspecto fundamental a ser considerado no cuidado ao fim da
vida: a necessidade de avaliação da dor. Não apenas a dor, mas
também outros incômodos de origem física, tais como dispneia,
náuseas, constipação devem ser identificados e avaliados para
serem adequadamente abordados, de modo farmacológico e
não farmacológico, uma vez que o desconforto causado pelos
mesmos não possibilita uma boa vivência desta etapa de vida.
Categoria 3: Apontando barreiras para ofertar cuidado digno no fim da vida
Por meio dos relatos dos participantes foi possível identificar nesta categoria os principais obstáculos apontados para
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Zani, A. C. M.; Oliveira, T. C. de; Araújo, M. M. T. de;
a provisão do cuidado digno ao fim da vida. Trabalhar com
os anseios e as necessidades dos familiares dos pacientes foi
à barreira mais frequentemente identificada, apontada por
16 dos 20 entrevistados, conforme ilustram os relatos:
ainda sofre, e isso pra mim é o pior...
E não poder fazer nada... Sabe... Me
sentir com as mãos atadas, isso é a pior
parte.” (E8)
“Acredito que a maior dificuldade
em tratar desse pacientes são os familiares, que chegam assustados e nervosos com toda a situação e... Principalmente com a iminência de morte de
uma pessoa querida.” (E15)
“A parte emocional, seja do familiar, seja do paciente e de nós próprios,
porque você acaba criando um vínculo
muito grande com todos e você se envolve... Tem que ter um controle emocional muito bom para que você acabe
não sofrendo juntamente com todos
e acabe deixando de fazer seu serviço
adequadamente e nessa dificuldade engloba também do emocional de você
tranquilizar todos que tenham o cuidado com o paciente, próprios auxiliares e
próprios familiares.” (E2)
“O familiar é o principal, porque eles
estão mais de perto, quando o paciente
acaba ficando sozinho no hospital. [...]
Se tem familiar que fica sempre junto é
mais difícil.” (E13)
“... e esse parente aceitar essa partida, essa morte... [...] Ele deposita a
culpa em alguém, e normalmente é na
enfermagem... É o que está mais perto,
mais próximo... Às vezes o que é mais
difícil é o familiar...” (E16)
“... é muito difícil lidar com a família,
com a ansiedade da família, com essa
esperança que a família tem...” (E5)
Além das dificuldades relacionadas à atenção aos familiares, os entrevistados também apontaram o próprio desconforto em lidar com a morte como obstáculo para o cuidado
digno, como denotam as seguintes falas:
“[...] não é fácil você cuidar de uma
pessoa que ela está consciente sabendo
que ela vai morrer...” (E1)
“Trabalhar com a morte é um tabu
pra gente ainda...” (E7)
“[...] o paciente quer conversar e a
gente não está pronto pra ouvir, nem é
isso... A gente não tem como mesmo...
E quem cuida de você depois né? Ai vai
acumulando a tristeza, uma coisa puxa
a outra...” (E20)
Evidencia-se nas falas transcritas o desgaste emocional
dos profissionais na assistência ao paciente em final de vida.
Esta sobrecarga emocional influencia a qualidade da assistência prestada, uma vez que o enfermeiro, como qualquer
ser humano, tem a tendência de evitar o contato ou a exposição a situações que lhe cause sofrimento, como sugere o
relato do participante E20.
As falas seguintes além de reforçarem o destaque ao sofrimento do enfermeiro em situação de cuidado ao fim da
vida, também salientam a necessidade de apoio emocional a
estes profissionais, enfatizando a necessidade da instituição
prover cuidado aos cuidadores:
“Sempre tive dificuldade em trabalhar com este tipo de paciente, porque
é difícil mesmo, né? Muitas vezes não
sei o que dizer para o paciente... Porque, afinal... Nem eu estou pronta pra
aceitar a morte... Acho que a morte é
um tabu e não estamos prontos pra falar sobre isso...” (E18)
Neste contexto em que há necessidade de responder aos
anseios da família associado ao desconforto do profissional
por lidar com a morte, somam-se alguns outros fatores, como
os sentimentos tristeza e pesar pela perda e rompimento de
vínculos, de impotência e frustração frente ao sofrimento:
“Cuidar do paciente, saber que ele
está sofrendo e você não poder fazer
nada para ajudá-lo, você já está fazendo tudo o que pode... Assim, você vê
que não é o suficiente, que infelizmente
o sofrimento dele... A melhora do sofrimento dele não depende só de você,
você faz de tudo e mesmo assim ele
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
“[...] temos muitos afastamentos
por questão psiquiátrica mesmo, sendo
que poderia ser aliviada se nós tivéssemos um respaldo de um psicólogo, por
exemplo, na unidade, assim no andar,
ou a cada dois andares, não sei qual
seria a melhor forma. Mas assim, que
tivesse um profissional, que a pessoa
tivesse a possibilidade de poder conversar, e assim ter esse apoio para poder
lidar com essa situação.” (E5)
“... a enfermagem é muito solitária, você trabalha com o que você acha
melhor, não trabalha com o que tem de
melhor. Você poderia oferecer muito
mais para o paciente, só que você não
tem aquele que te acolhe também. Porque você ta deprimida, você ta estressada e... Você não tem ninguém que te
ajude, que te apoie... Você cuida de alguém e ninguém cuida de você... [Pausa longa]. Ninguém te ouve, o que está
faltando muito é isso. Porque a gente
27
Dignidade no fim da vida – percepção de enfermeiros
“... o mais importante é morrer sem
dor.” (E3)
também passa por estresse e também
pega um pedacinho do sofrimento da
pessoa... né? A gente sabe que está
sofrendo, tenta ajudar... só que aquilo
que você tirou dela passa pra você... e
você não vê ninguém que consiga desabafar, te escutar... A vida da enfermagem está diminuindo [...], acho que a
enfermagem está se aposentando antes
do que deveria...” (E6).
Categoria 4: Reconhecendo os elementos essenciais
para prover cuidado digno na etapa final de vida.
A análise dos discursos dos enfermeiros entrevistados
permitiu a identificação das bases para prover dignidade ao
cuidado do paciente que está vivenciando a finitude nos hospitais. Neste sentido, proporcionar conforto físico ao doente
foi o aspecto apontado com maior frequência pelos profissionais para a assistência que proporcione dignidade ao fim
da vida, destacando-se os cuidados com a higiene corporal,
posicionamento confortável no leito e a provisão de ambiente tranquilo, conforme evidenciam a falas seguintes:
“O cuidado às pessoas que são
pacientes em estado terminal engloba
ter um ambiente tranquilo, pra que ele
não passe ou fique irritado ou cansado demais. Isso tem que ser conversado
com familiares ou com próprio paciente
quando tem condição, permitir o máximo que esse ambiente seja tranquilo
para ele, até em relação também a luminosidade e barulho [...] Ou até posição na cama, deixá-lo de uma forma
bem confortável, posicionamento na
cama, coisas que levem a um conforto
máximo.” (E2)
“... você tem que ser mais zeloso no
sentido do paciente ficar mais confortável, melhor higienizado. Nós temos que
ver o lado da dignidade... Tem profissionais da enfermagem que falam “pô esse
paciente ai daqui a pouco vai parar” e
muitas vezes opta por não dar um banho, não aspirar de forma adequada...
Eu vejo como um paciente que você
tem que se possível aumentar os cuidados né? [...] Deixar ele sempre confortável, sempre pra ele ter uma dignidade.”
(E12)
Atrelado ao provimento de conforto físico foi destacado
também destacado pelos profissionais o alívio da dor como
aspecto fundamental para possibilitar cuidado digno ao paciente, como mostram os relatos:
“... mas a parte principal para esses
pacientes terminais é a parte de dor é
ajudar ele passar por essa parte aí...” (E7)
“[...] a gente tem que tentar amenizar o sofrimento do paciente, a gente
continua fazendo todas as medicações
precisas para que ele não consiga sentir
mais esse sofrimento [...], para que ele
não sinta dor.” (E8)
“[...] a analgesia, é uma forma de
dignidade, de livrar ele do sofrimento,
às vezes é um sofrimento desnecessário.” (E12).
Todos os enfermeiros, em distintos momentos da entrevista, citaram a família de alguma maneira. Conforme já
apontado na categoria anterior, alguns destacaram a dificuldade em lidar com a família no que tange aos seus anseios
no contexto da atenção ao fim da vida. Contudo, a maioria identificou a presença da família no cenário do cuidado
como elemento fundamental para proporcionar cuidado digno ao paciente em etapa avançada de doença:
“[...] pessoas que ele gosta, com um
limite para que não deixe irritado ou
cansado demais... O contato com pessoas que ele gosta, sejam familiares ou
amigos, acompanhantes também que
sejam do gosto do paciente...” (E2)
“Com o familiar vindo e com a visita
sendo liberada meio que fora de horário, [...] estando sempre em concordância com a família” (E3)
“...é muito importante que a família
esteja presente.” (E5)
Por fim, a comunicação também foi apontada pelos profissionais nesta pesquisa como base para o cuidado digno ao
paciente que vivencia a finitude. Ressalta-se que os enfermeiros apontaram a comunicação não apenas como transmissão
de informações acerca de condições clínicas e aspectos do
cuidado, mas como instrumento que embasa a relação interpessoal e possibilita formação e fortalecimento de vínculos
e provisão de apoio emocional para pacientes e familiares,
expresso por eles como “carinho, atenção”. As falas abaixo reproduzidas destacam a importância da comunicação no
cuidado de pacientes nesta etapa avançada de adoecimento:
“[...] em relação à dor, que muitas
vezes é o principal que a gente verifica,
seja por medicações ou proporcionar
tranquilidade para ele, posicionamento
na cama, coisas que levem a um conforto máximo.” (E2)
28
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
“[...] conversar com ele... A situação
da humanização permanece a mesma
né, tratar com mais respeito e dedicação com carinho, conversar com o paciente, explicar o que esta fazendo é
extremamente importante...” (E5)
“Então eu acho que tem que dar um
pouco mais de atenção, carinho, mos-
Zani, A. C. M.; Oliveira, T. C. de; Araújo, M. M. T. de;
trar que entende, né? Que entende o
que ela está passando. [...] Acho isso
importante.” (E6)
“[...] dar um carinho para este paciente, entendeu? Que é o último momento dele... Então se o paciente está
conversando, você dá apoio, sabe...
Trazer aquela coisinha escondida e dar
para o paciente? [Risos]” (E9)
.
“Eu vejo um cuidado de enfermagem assim, de uma forma que você tem
que ser muito carinhoso, zeloso né?”
(E12)
Discussão
A amostra de enfermeiros entrevistados para esta pesquisa foi composta predominantemente por mulheres com razoável experiência profissional e tempo de atuação no contexto
de atenção à pacientes em etapa avançada de doença. A fala
destes profissionais evidenciou nas três primeiras categorias
a potencial fragilidade do cuidado que tem sido ofertado aos
pacientes no fim da vida nos hospitais.
Esta potencial fragilidade pode ser denotada pela dificuldade em se considerar e expressar a própria compreensão do
que seja dignidade no final da vida, assim como de identificar as necessidades individuais do paciente neste contexto.
Este é um dado preocupante evidenciado pela pesquisa, pois
possibilita o surgimento de questionamentos acerca da massificação do cuidado a indivíduos que, com muita frequência,
não estão aptos a verbalizar suas preferências e necessidades
de cunho físico, quiçá emocional e espiritual. Assim, preocupa a evidência de que os entrevistados pouco refletem sobre
o cuidado no final da vida de seus pacientes e sobre a dignidade nesta etapa, ferindo direitos básicos do ser humano.
Ribeiro 9 define que assim como a vida, a morte digna, sem
dor e angústia, é um direito humano. A autonomia e a dignidade podem oferecer soluções e caminhos para que este
direito venha a ser respeitado.
Compreende-se que esta fragilidade do cuidado esteja
ancorada em uma base de sofrimento emocional do profissional. O enfermeiro, por sua proximidade com o paciente
no dia-a-dia, é um dos profissionais que mais sofre e sente a
morte de um doente. Sente tristeza, frustração, impotência
e culpa por falhas na assistência prestada. E, além que além
de ter que lidar com o sofrimento e morte dos pacientes em
seu cotidiano, também é solicitado a ofertar apoio e atender
necessidades e anseios dos familiares que também vivenciam
situações de vulnerabilidade emocional.
O complexo cotidiano de trabalho com doentes em sofrimento profundo implica que o enfermeiro regule emoções,
expresse sentimentos de entusiasmo, manifeste zelo, confiança, capacidade e dedicação ao trabalho, tenacidade, persistência, raciocínio analítico, capacidade relacional e de comunicação, auto-organização, autoconfiança, autocontrole,
autoeficácia, curiosidade, prazer em aprender, compreensão
das emoções e dos sentimentos, capacidade de decisão, de
partilha e de cooperação 10.
Mas como um profissional que denota vivenciar imensa sobrecarga psíquica conseguirá prestar assistência que
abarque estas características descritas? Neste contexto, são
comuns atitudes de afastamento por parte do enfermeiro,
limitando-se por vezes a uma assistência apressada e superficial. Essa atitude se explica no sentido de defesa11, ou forma
de controlar seus sentimentos e evitar o sofrimento e pode
auxiliar na compreensão das causas da potencial fragilidade
do cuidado ao fim da vida prestado.
Para favorecer o provimento do cuidado que atente à
dignidade ao final da vida é fundamental unir ao planejamento da assistência uma proposta de humanização, não
como uma obrigação, mas sim como um ato de respeito e
solidariedade 11. Assim, ao serem evidenciados na última categoria os elementos essenciais ao cuidado digno desvelamse subsídios que podem auxiliar os enfermeiros a implantar
uma assistência de enfermagem pautada no respeito ao ser
humano, sua autonomia e individualidade. Isto possibilitaria
por em prática o conceito de cuidado digno ao fim da vida.
Outro fator que indubitavelmente poderia auxiliar o enfermeiro no provimento de cuidado digno ao fim da vida seria melhor preparo teórico para lidar com as complexas questões que tangenciam o processo de morrer e a assistência ao
final da vida. Faz-se essencial não apenas o apoio emocional
ao profissional, mas também a educação permanente dos
mesmos. A educação continuada, por meio de aprimoramentos, treinamentos, simpósios e aulas, pode criar espaço para
a abordagem do tema morte e cuidado ao final da vida11.
Isto pode proporcionar ao profissional o esclarecimento de
suas preocupações e dúvidas, diminuindo seu sofrimento em
relação ao desconhecido e, como consequência, maior segurança para o planejamento e implantação do cuidado 12.
Conclusões e considerações finais
A partir da análise de dados obtidos e considerando os
objetivos proposto para a realização desta pesquisa foi possível identificar, por meio da análise das falas dos entrevistados, sua percepção sobre dignidade ao final da vida, as
barreiras e elementos essenciais para que esta assistência
ocorra. Assim, com base na fala dos entrevistados, foram
evidenciadas quatro categorias que denotaram a superficialidade da compreensão acerca de dignidade no cuidado ao
fim da vida, além da dificuldade em identificar necessidades
e demandas específicas neste contexto.
Também apontaram como obstáculos para o provimento
do cuidado digno a necessidade de lidar com os anseios dos
familiares e com a morte, a sobrecarga psíquica do enfermeiro e a falta de apoio emocional para o profissional. Como
elementos fundamentais para proporcionar cuidado que possibilite dignidade ao paciente foram apontados o conforto
físico e alívio da dor, a presença dos familiares no cenário
de assistência e o uso de habilidades de comunicação para
o estabelecimento de relacionamento empático e oferta de
apoio emocional para o paciente e familiar.
Para aprimorar a assistência prestada pelo enfermeiro na
etapa final da vida dos pacientes faz-se necessário o investimento na capacitação dos profissionais. Para os já atuantes,
cabe à educação permanente fomentar o aprimoramento teórico-prático, proporcionando a discussão sobre a temática
morte e cuidados ao fim da vida sob a forma de aulas, palestras, cursos e simpósios, com o intuito atentar à formação
continuada.
Porém, é considerando o atual contexto de envelhecimento
populacional e cronificação do processo de adoecimento e morte que se mostra urgente a formalização do preparo dos futuros
enfermeiros. Poucas são as instituições de ensino de graduação
que abarcam em sua grade curricular disciplinas ou aulas sobre
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
29
Dignidade no fim da vida – percepção de enfermeiros
morte, processo de morrer e demais questões que tangenciam
o cuidado na finitude humana. As escolas devem ter o compromisso com a formação de enfermeiros aptos a cuidar de quem
está morrendo, ensinando-lhes a lidar com pacientes em situação de sofrimento e seus familiares, não só enfocando o conhecimento teórico prático visível, mas também o subjetivo vivido.
Esta pesquisa apresenta fatores limitadores, como regionalização da amostra, mas espera-se que a partir desse estudo outros sejam desenvolvidos, estimulando a pesquisa e o
ensino no âmbito cuidado ao final da vida.
Referências
4.
Kovács MJ Bioética nas questões da vida e da morte. Rev Piscol.
USP. 2003; 14(2):115- 17.
5.
Santana B, Batista JC. Conflitos éticos na área da saúde: como
lidar com essa situação. São Paulo: Erica; 2012.
6.
Pessini L. Cuidados paliativos: alguns aspectos conceituais, biográficos e éticos. Rev. Prática Hospitalar. 2005; 41(7): 107-12.
7.
Carvalho MVB. O cuidar no processo de morrer na percepção das
mulheres com câncer. [Tese]. São Paulo: Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo; 2003.
8.
Bardin, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011.
9.
Ribeiro DC. Autonomia: viver a própria vida e morrer a própria
morte. Cad. Saúde Pública. 2006; 22(8): 1749-54.
10. Simões RMP, Rodrigues MA. Relação de ajuda no desempenho dos
1.
Shimizu HE. Como os trabalhadores de enfermagem enfrentam
o processo de morrer. Rev Bras Enferm. 2007; 60 (3): 257- 262.
2.
Brasil. Ministério da Saúde, DATASUS. Dados de mortalidade Brasil. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.
Nery. 2010; 14(3): 485- 489.
11. Moritz RD, Lago PM, Souza RP. Terminalidade e cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva. Rev Bras. Ter Intensiva. 2008; 20 (4): 422-428.
12. Souza DM, Soares EO, Costa KMS, Pacifico AL, Parente ACM. A vi-
php?area=0205 [Acesso em: 20 nov. 2012].
3.
cuidados de enfermagem a doentes em fim de vida. Rev Esc Anna
Kubler-Ross E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fon-
vência da enfermeira no processo de morte e morrer dos pacientes
tes; 2001.
oncológico. Texto Contexto Enferm. 2009; 18(1): 41-7.
NOTA
* Derivado de Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem: Zani ACM; Oliveira TC. Dignidade no fim da vida - percepção do enfermeiro [Trabalho
de Conclusão de Curso]. São Paulo: Centro Universitário São Camilo; 2013.
** Enfermeiras, graduadas pelo Centro Universitário São Camilo
*** Enfermeira, orientadora do trabalho. Especialista em cuidados paliativos, mestre e doutora em ciências. Docente do Centro Universitário São Camilo e da Universidade
de Guarulhos. Contato: [email protected]
30
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Artigo Original
Desempenho acadêmico e qualidade do relacionamento interpessoal de graduandos de enfermagem
Academic performance and quality of
interpersonal relationships in nursing students
*
**
***
****
Jéssica Pereira Trentino
Ana Carolina Cavalheiro
Maria Júlia Paes da Silva
Ana Cláudia Puggina
ARTIGO ORIGINAL
Declaramos não haver conflitos de interesse.
Autor correspondente: Ana Claudia Puggina
Resumo
Objetivo: avaliar se a percepção do desempenho acadêmico
influencia a qualidade do relacionamento interpessoal dos graduandos de enfermagem. Método: Estudo descritivo quantitativo.
Os participantes responderam um questionário sobre o desempenho acadêmico em três situações (auto avaliação, amigo com
grau máximo de proximidade e as pessoas que não considera
ser tão próximo) e o Inventário dos relacionamentos interpessoais – versão amigo. Resultados: A amostra foi de 26 alunos
de enfermagem com média de idade de 23,1 anos (dp=±4,2).
Os alunos referiram que costumam ter um relacionamento mais
próximo de pessoas com o comportamento semelhante (n=22;
84,6%), avaliaram seu próprio desempenho acadêmico como
bom (n=21; 80,8%) e avaliaram o desempenho acadêmico do
seu melhor amigo como bom (n=16; 61,5%). O escore médio
total das respostas dos participantes em relação ao Inventário
dos Relacionamentos Interpessoais – versão amigo foi de 78,1
(dp=±9,03). Houve diferença estatisticamente significante na
comparação da Dimensão Conflito com a variável proximidade
mostrando mais conflitos nos relacionamentos interpessoais com
pessoas semelhantes (p-valor=0,04). Conclusões: A percepção
do próprio desempenho acadêmico e dos outros alunos de graduação em enfermagem parece interferir diretamente na escolha
das amizades na sala de aula, pois a aproximação muitas vezes se
dá pela semelhança; entretanto, o desempenho acadêmico não
apareceu como um fator primordial na qualidade dos relacionamentos interpessoais.
Palavras-chave: Relações Interpessoais; Percepção Social;
Estudantes de Enfermagem; Enfermagem.
ABSTRACT
Objective: To assess whether the perception of academic
performance influences the quality of the interpersonal relationship of nursing students. Method: A quantitative descriptive study. The participants answered a questionnaire about
their academic performance in three situations (self-evaluation,
friend with maximum degree of closeness and people who do
not consider being so close) and the Inventory of Interpersonal
Relationships - version friend. Results: The sample was 26 nur-
sing students with a mean age of 23.1 years (SD=±4.2). Students
said they usually have a closer relationship of people with similar
behavior (n=22, 84.6%) rated their own academic performance as good (n=21, 80.8%) and rated the academic performance
his best friend as good (n=16, 61.5%). The total mean score of
participants’ responses regarding the Inventory of Interpersonal
Relationships - version friend was 78.1 (SD=±9.03). There was a
statistically significant difference when comparing the Dimension
Conflict with proximity variable showing more conflicts in interpersonal relationships with similar people (p-value = 0.04). Conclusions: Perceived academic performance, and the other graduate students in nursing seems to directly interfere in the choice
of friendships in the classroom because the approach often gives
the similarity; However, academic performance did not appear
as a primary factor in the quality of interpersonal relationships.
Key words: Interpersonal Relations; Social Perception; Students, Nursing; Nursing.
INTRODUÇÃO
Interagir com outras pessoas é fundamental e inevitável em
todos os contextos. O relacionamento interpessoal é caracterizado pela maneira como as pessoas interagem entre si, bem como
percebem e agem perante a outra. Este está estreitamente relacionado com o autoconhecimento, pois quanto melhor uma pessoa se conhece, maior é sua habilidade de entender os outros,
compreendendo que cada um possui características individuais
que precisam ser respeitadas e valorizadas para que exista uma
relação harmoniosa e efetiva1-2.
A capacidade de conhecer a si próprio e perceber o outro são
fatores importantes nas relações, pois essas pessoas conseguem
estabelecer relações interpessoais mais efetivas e duradouras.
Quando a pessoa se conhece verdadeiramente, consegue entender qual seria a melhor maneira de estabelecer e manter relacionamentos saudáveis, reconhecendo o outro na sua complexidade. Cada indivíduo é único, repleto de particularidades, e essas
diferenças são construídas ao longo da vida, pelas experiências
vivenciadas por cada um, além da influência das pessoas e do
ambiente que a cercam3.
Ninguém pode experimentar a mesma felicidade, sofrimento,
angustia e saudades que o outro sente, porque as percepções
são diferentes e o produto é único. Esta originalidade de cada
um é o que dificulta a comunicação interpessoal e o esquema de
relações associadas ao “conviver”, pois isso torna a comunicação
subjetiva1.
A comunicação verbal (mensagem, conteúdo ou informação)
é um fator importante e relativamente objetivo nas relações in-
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
31
Desempenho acadêmico e qualidade do relacionamento interpessoal de graduandos de enfermagem
terpessoais, no entanto, pode-se afirmar que apenas a comunicação verbal não é suficiente, pois é na comunicação não verbal
que os sentimentos e intenções estão implícitos. Uma comunicação sempre terá duas partes: o conteúdo propriamente dito que
é a informação em si que será transmitida e o que o indivíduo
sente naquele contexto e por aquelas pessoas2.
Para a enfermagem o trabalho em grupo é uma realidade
vivenciada desde a graduação; por isso, é importante verificar a
qualidade destas relações, garantindo estratégias positivas para
atividades profissionais futuras no contexto de trabalho.
Grupos podem existir em diferentes instituições, mas as verdadeiras equipes são raras. Um grupo quando se empenha em
alcançar objetivos comuns e claros pode ser considerado uma
equipe. Nesta, os membros têm uma comunicação efetiva, elevada interdependência na execução das atividades, são estimulados a terem opiniões divergentes, no entanto, complementares
e voltadas para o crescimento mutuo, o que possibilita o alcance
de resultados. O grupo está constantemente investindo em seu
próprio crescimento, há respeito e cooperação, mas as ações são
normalmente variadas e aleatórias4.
Conflitos são inevitáveis dentro dos grupos, porém o modo
como eles são enfrentados e resolvidos é o que resulta no crescimento e amadurecimento das pessoas. É importante entender
que o conflito aparece quando os indivíduos não compartilham
as mesmas ideias e não aceitam as ideias alheias, bem como, os
comportamentos5-6.
Um fator de conflito entre os estudantes pode ser a exposição e a valorização do desempenho acadêmico. Normalmente as
instituições costumam avaliar o desempenho de seus alunos por
meio de notas que podem variar de zero a dez. Esta maneira de
avaliação pode gerar competição entre os alunos.
A competição faz parte da formação de um grupo, existe
em todos os âmbitos. Pode ser considerada saudável quando o
indivíduo a usa para se destacar mais que o outro, mas de forma
correta e ética. Em algumas ocasiões, a competição é planejada e
incentivada como forma de melhorar a qualidade, crescimento e
desenvolvimento dos grupos. Desta maneira, quando a competição declarada é realizada de forma honesta entre os envolvidos,
pode ser considerada sadia e até mesmo eficaz4-5.
Podem surgir problemas de relacionamento quando a competição ocorre de maneira negativa, com estereótipos de superioridade e inferioridade. Quando adotada de maneira equivocada, a competição pode ter consequências incontornáveis entre
os envolvidos e dificilmente estes conflitos serão resolvidos. O
relacionamento interpessoal pode ser totalmente comprometido
podendo atrapalhar o desenvolvimento do grupo4-5.
Em algumas instituições de ensino superior, melhores desempenhos acadêmicos proporcionam melhores oportunidades.
Considerando estes preceitos é que surge a finalidade deste
trabalho. Até que ponto o desempenho acadêmico interfere na
qualidade das relações entre colegas de turma? Quais critérios e
características são utilizadas nas aproximações entre os indivíduos no contexto acadêmico?
OBJETIVO
Avaliar se a percepção do desempenho acadêmico entre os
alunos de graduação em enfermagem interfere na qualidade dos
relacionamentos interpessoais deste grupo.
Método
Estudo original descritivo quantitativo tendo como variáveis
dependentes a avaliação do desempenho acadêmico e a qualidade dos relacionamentos interpessoais, e como variáveis inde-
32
pendentes idade, sexo, ano vigente da graduação, ter ou não
dependência ou exame em disciplinas, proximidade com pessoas
com comportamento semelhante ou diferente.
O estudo foi realizado em uma autarquia municipal de Jundiaí. A população do estudo de graduandos de enfermagem era
de 30 alunos e a amostra obtida foi de 26 alunos. Os critérios de
inclusão foram: (1) adultos de 18 a 60 anos e (2) graduandos de
enfermagem da instituição no ano letivo de 2013.
O desenvolvimento do estudo atendeu as normas nacionais
e internacionais de ética em pesquisa envolvendo seres humanos
e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o número
CAAE 16979813.6.0000.5412.
Foram utilizados na coleta de dados 3 instrumentos auto aplicáveis: instrumento de caracterização da amostra, instrumento
de avaliação do desempenho e o Inventário dos Relacionamentos
Interpessoais - versão amigo.
O instrumento de caracterização da amostra continha as
seguintes variáveis: idade, sexo, ano vigente da graduação, dependência em alguma disciplina, exame em alguma disciplina,
proximidade com pessoas com comportamento semelhante ou
diferente.
No instrumento para avaliação do desempenho acadêmico, o participante avaliava-o em três situações (auto avaliação,
amigo com grau máximo de proximidade e as pessoas que não
considera ser tão próximo), considerando a seguinte variação:
ótimo, bom, razoável ou ruim. Neste questionário o participante também deveria responder de maneira descritiva e livre quais
características o fizeram ser ter mais proximidade com o colega e
quais características o distanciam daqueles não ser tão próximos.
O Inventário dos Relacionamentos Interpessoais - versão
amigo tem por finalidade avaliar a percepção do suporte, do
conflito e da profundidade sentida pelo indivíduo em relação a
um determinado apoiante, é composto por 24 itens distribuídos
por 3 fatores: Suporte, Conflito e Profundidade. Os itens serão
respondidos com uma escala tipo Likert com quatro pontos: (1)
Nunca ou Nada, (2) Poucas vezes ou pouco, (3) Bastante vezes ou
bastante, (4) Sempre ou Muito7.
Foram realizadas análise descritiva (média, desvio-padrão e
mediana) e análise comparativa por meio de testes estatísticos.
A probabilidade de erro adotada nos testes foi de p<0,05 e o
software utilizado para análise o SAS versão 9.2.
A avaliação da consistência interna do questionário foi mensurada por meio do coeficiente alpha de Cronbach. A avaliação
dos domínios do questionário segundo as variáveis independentes
foi realizada por meio dos testes de Mann-Whitney (quando
avaliada em duas categorias) e Kruskal-Wallis (para avaliação em
3 ou mais categorias), pois os domínios não apresentaram distribuição normal (avaliação não apresentada, realizada pelo teste
de Kolmogorov-Smirnov).
Resultados
Para a amostra selecionada neste estudo, o coeficiente de
consistência e validade interna do Inventário dos Relacionamentos Interpessoais – versão amigo apresentou uma confiabilidade
moderada (0,640), ou seja, quando o Alfa de Cronbach está entre 0,60 a 0,758. O Alfa de Cronbach foi de 0,829 na dimensão
Suporte, 0,858 na dimensão Conflito e 0,745 na dimensão Profundidade.
A amostra total foi de 26 alunos de enfermagem com
média de idade de 23,1 anos (dp=±4,2), quantidade média de
exames 2,9 (dp=±2,2), composta na maioria por mulheres (n=21;
80,8%), alunos sem dependência em disciplinas até o momento
da coleta de dados (n=23; 88,5%), alunos com histórico de exa-
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
Trentino, J. P.; Cavalheiro, A. C.; Silva, M. J. P. da; Puggina, A. C.
mes nas disciplinas cursadas (n=22; 84,6%). Os alunos cursavam
predominantemente o 3° ano letivo (n=12; 46,2%), em seguida
o 2° ano (n=10; 38,5%) e o 4° ano letivo do curso de enfermagem (n=4; 15,4%) (Tabela 1).
Em relação aos relacionamentos e proximidade, os alunos
referiram que costumam ter um relacionamento mais próximo
de pessoas com o comportamento semelhante (n=22; 84,6%),
avaliaram seu próprio desempenho acadêmico como bom (n=21;
80,8%) e avaliaram o desempenho acadêmico do seu melhor
amigo como bom (n=16; 61,5%).
Na avaliação do desempenho das pessoas com menos proximidade, não houve maioria, metade dos participantes avaliaram
as pessoas com menos proximidade da sala de aula com bom
desempenho (n=13; 50%), seguido por frequências mais baixas
de avaliações como razoável (n=8; 30,8%), ótimo (n=4; 15,4%)
e ruim (n=1; 3,8%) (Tabela 1).
Tabela 1 – Descrição das características da amostra estudada.
Jundiaí, 2013.
Não
4
15,4%
Semelhante
22
84,6%
Diferente
4
15,4%
Ruim
1
3,8%
Razoável
2
7,7%
Bom
21
80,8%
Ótimo
2
7,7%
Bom
16
61,5%
Ótimo
10
38,5%
Proximidade
Auto - avaliação
Avaliação do amigo com maior proximidade
Avaliação da pessoa com menos proximidade
N
%
Ruim
1
3,8%
Feminino
21
80,8%
Razoável
8
30,8%
Masculino
5
19,2%
Bom
13
50,0%
Ótimo
4
15,4%
2°
10
38,5%
3°
12
46,2%
4°
4
15,4%
Sim
3
11,5%
Não
23
88,5%
Sexo
Ano
Dependência
Exame
Sim
Dimensão
22
84,6%
O escore médio total das respostas dos participantes em relação ao Inventário dos Relacionamentos Interpessoais – versão
amigo foi de 78,1 (dp=±9,03), acima da média aritmética do instrumento (24+96/2=60), apresentando uma boa percepção do
suporte, conflito e profundidade em relação a um determinado
colega de classe (Tabela 2).
Tabela 2 – Descrição das dimensões avaliadas e do escore
total da amostra ao Inventário dos Relacionamentos Interpessoais – versão amigo. Jundiaí, 2013.
N° de itens
Variação do escore
Média
Desvio-padrão
Mediana
Suporte
7
7-28
24,5
3,2
25,0
Conflito
11
11-44
36,1
5,5
37,0
Profundidade
6
6-24
17,5
3,1
18,0
Escore total 24
78,1
9,03
80
24-96
Em relação a análise descritiva das respostas dos participantes em relação ao Inventário dos Relacionamentos
Interpessoais – versão amigo, pode-se observar na dimensão Suporte maiores frequências de respostas “sempre ou muito” nas questões 2 (n=18; 69,2%), 4 (n=19;
73,1%) e 17 (n=16; 61,5%) mostrando que sempre o
participante pode contar com o amigo para o ajuda-lo a
resolver algum problema, para lhe dar uma opinião honesta e ouvi-lo quando estiver bastante zangado com outra pessoa (Tabela 3).
Na dimensão Conflito houve predominância das res-
postas “nunca ou nada” nas questões 3 (n=17;65,4%), 22
(n=19;73,1%) e 23 (n=18;69,2%) mostrando que nunca o amigo os chateia, os faz sentir zangado e tenta controlar ou influenciar sua vida (Tabela 3).
Na dimensão Profundidade, as maiores frequências relativas
foram apresentadas na resposta “sempre ou muito” na questão 10 (n=14;53,8%) e “poucas vezes ou pouco” na questão 16
(n=13;50%) mostrando que apesar do participante considerar
este relacionamento com o amigo de sala muito importante, metade dos participantes relataram depender pouco desta relação
(Tabela 3).
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
33
Desempenho acadêmico e qualidade do relacionamento interpessoal de graduandos de enfermagem
Profundidade
Conflito
Suporte
Dimensão
Tabela 3 – Análise descritiva das respostas dos participantes ao Inventário dos Relacionamentos Interpessoais – versão amigo.
Jundiaí, 2013.
Poucas vezes ou
pouco
Nunca ou nada
Questões
N
%
N
Bastante vezes ou bastante
%
N
%
Sempre ou muito
N
%
1
0
0
2
7,7
12
46,2
12
46,2
2
0
0
0
0,0
8
30,8
18
69,2
4
0
0
1
3,8
6
23,1
19
73,1
7
0
0
5
19,2
6
23,1
15
57,7
14
0
0
5
19,2
6
23,1
15
57,7
17
0
0
2
7,7
8
30,8
16
61,5
21
1
4
0
0,0
11
42,3
14
53,8
3
17
65,4
6
23,1
3
11,5
0
0
5
13
50,0
10
38,5
2
7,7
0
0
6
8
30,8
13
50,0
3
11,5
1
4
8
13
50,0
8
30,8
5
19,2
0
0
13
3
11,5
8
30,8
9
34,6
6
23
18
15
57,7
9
34,6
2
7,7
0
0
19
15
57,7
8
30,8
1
3,8
2
8
20
15
57,7
8
30,8
3
11,5
0
0
22
19
73,1
4
15,4
2
7,7
1
4
23
18
69,2
3
11,5
5
19,2
0
0
24
8
30,8
15
57,7
3
11,5
0
0
9
0
0
4
15,4
9
34,6
12
46,2
10
1
4
2
7,7
9
34,6
14
53,8
11
1
4
7
26,9
8
30,8
10
38,5
12
1
4
3
11,5
12
46,2
10
38,5
15
0
0
10
38,5
12
46,2
4
15,4
16
8
31
13
50,0
4
15,4
1
3,8
Nota: Número total de respostas em cada questão=26 (100%).
Comparando-se as características da amostra com as respostas dos participantes em cada uma das dimensões (Suporte,
Conflito e Profundidade), encontrou-se diferença estatisticamente significante na Dimensão Conflito em relação a tendência do
indivíduo se tornar mais próximo de pessoas com comportamentos semelhantes ou diferentes do seu (p-valor=0,04). O dado
aponta mais conflitos nos relacionamentos interpessoais com
pessoas semelhantes. Não houveram diferenças estatisticamente
significativas na comparação entre as características da amostra
e as dimensões Suporte e Profundidade.
As características mencionadas que aproximam o participante de um amigo de turma foram agrupadas em três categorias:
características de alegria e positivismo, características relacionais
importantes na manutenção de relacionamentos mais verdadeiros e características relacionadas ao envolvimento com a faculdade. Foi valorizado o amigo carismático, simpático, divertido,
extrovertido, companheiro, sincero, com afinidade, empático,
comprometido e responsável (Tabela 4).
34
Tabela 4 – Descrição e agrupamento das características que
aproximam o participante de um amigo de sua turma. Jundiaí,
2013.
Características que aproximam o participante de
um amigo de sua turma
Características de alegria e positivismo
22
Carismático (n=7), Simpático (n=4), Divertido (n=3),
Extrovertido (n=2), Alegre (n=1), Legal (n=1), Brincalhão (n=1), Engraçado (n=1), Otimista (n=1), Aventureiro (n=1).
Características relacionais importantes na manutenção de relacionamentos mais verdadeiros
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
18
Trentino, J. P.; Cavalheiro, A. C.; Silva, M. J. P. da; Puggina, A. C.
Companheiro (n=5), Sincero (n=3), com afinidade
(n=2), Empático (n=2), Leal (n=1), Amigo (n=1), Atencioso (n=1), Afetuoso (n=1), Humilde (n=1) Espontâneo (n=1).
Características relacionadas ao envolvimento
com a faculdade
9
Comprometido (n=3), Responsável (n=2), Profissional
(n=1), Inteligente (n=1), Educado (n=1), Organizado
(n=1).
Total
49*
Nota: o número de características é maior que a amostra pois
os participantes relataram mais de uma característica.
As características mencionadas que afastam o participante de
uma pessoa da turma também foram agrupadas em três categorias:
características relacionais negativas que geram conflitos e atrapalham as relações, características relacionadas ao envolvimento com
a faculdade e características relacionadas a aproximação e afinidade. Os participantes mantiveram-se afastados de pessoas julgadas
como egoístas, arrogantes, irresponsáveis, descomprometidos e
com quem eles não tinham afinidades (Tabela 5).
Tabela 5 – Descrição e agrupamento das características que
afastam o participante de uma pessoa da sua turma. Jundiaí, 2013.
Características que afastam o participante de
uma pessoa da sua turma
Características relacionais negativas que geram
conflitos e atrapalham as relações
Total
13
Egoísta (n=4), Arrogante (n=2), Falta de humildade
(n=1), Exibicionista (n=1), Ignorante (n=1), Falta de
consideração (n=1), Individualista (n=1), Falante
(n=1), Prolixo (n=1).
Características relacionadas ao envolvimento
com a faculdade
8
Irresponsável (n=3), Descomprometido (n=2), Falta de
objetividade (n=1), Relapso (n=1), Distraído (n=1).
Características relacionadas a aproximação e
afinidade
7
Falta de afinidade (n=2), Falta de intimidade (n=1),
Falta de proximidade (n=1), Falta de comunicação
(n=1), Falta de interação (n=1), Interesses diferentes
(n=1).
Total
28*
Nota: o número de características é maior que a amostra pois
os participantes relataram mais de uma característica.
No questionário de coleta de dados, para citação das características que afastam ou aproximam o participante de uma pessoa da
sua turma, foi deixado em aberto quatro espaços para cada uma das
situações e os resultados obtidos mostraram uma maior facilidade
do participante em relatar aspectos positivos e que o aproximam de
um colega de turma em detrimento dos negativos e que os afastam.
Discussão
Para compreender a qualidade de um relacionamento inter-
pessoal específico é importante conhecer o grau de satisfação
dos indivíduos7. Uma pesquisa realizada com 116 universitários
de Belo Horizonte e com 116 de Porto Alegre teve como objetivo analisar a relação entre as variáveis amizade e bem-estar
subjetivo. Os participantes responderam aos Questionários McGill de Amizade, escalas PANAS e Escala de Satisfação de Vida.
As mulheres mostraram mais satisfação e mais sentimentos positivos com a melhor amizade; a amostra mineira indicou mais
sentimentos negativos; a satisfação com a amizade correlacionou
positivamente com satisfação de vida e afetos positivos, mas não
predisse satisfação de vida. Há uma relação próxima, mas não
causal, entre bem-estar subjetivo e amizade9.
Amizade é, tão somente, a textura do “tecido relacional” de
um tempo, em que pesem as capturas e as liberdades que nele se
encontram. Nessa relação, os indivíduos vivem pelas suas diferenças, não são espelhos para os outros em uma identidade coletiva
ou ideal. Não se deve buscar encontrar no amigo um reforço para
sua identidade, mas, pelo contrário, material para transformação
e criação de si. Por isso, entende-se amizade, em primeiro lugar,
como o campo de relações em que as pessoas se constituem e se
constroem10. Essa visão de amizade atribui a ela, um importante
poder transformador e desafiante, principalmente por ela ocorrer
entre pessoas com conceitos e experiências próprias.
As diferenças são mais facilmente amenizadas entre pessoas
próximas. Pessoas conseguem relacionar-se melhor com outras
quando a predominância e a ênfase estão baseadas na redução
das diferenças, das percepções e na busca incessante do entendimento do outro. Como aconteceu no presente trabalho.
Instituições de ensino e ambiente de sala de aula tendem unir pessoas diferentes em torno de um objetivo comum, sendo relativamente
normal nesse contexto o aparecimento de conflitos de diferentes origens, tipos e magnitudes. Conflitos interpessoais são os que causam
mais alteração na dinâmica do ambiente, por causar tensão, instabilidade e, até, falta de cooperação entre os envolvidos11.
Diferenças como valores, crenças, atitudes, sexo, idade e experiências podem causar situações inevitáveis de conflito dentro dos
relacionamentos. Conflito pode ser definido como um processo em
que uma das partes envolvidas percebe que a outra parte frustrou
ou irá frustrar seus interesses. Ele sempre irá existir, porque o ser humano é caracteristicamente dinâmico em relação às suas emoções.
No entanto, conflitos também podem ser vistos como algo positivo,
pois são fontes de novas ideias, podendo levar a discussões abertas
sobre determinados assuntos, permitindo a expressão e exploração
de diferentes pontos de vista, interesses e valores12.
O desempenho acadêmico pode ser um fator de conflito ou
motivo de aproximação. Um estudo realizado com 848 adolescentes de diferentes escolas de Portugal levantou dados sobre o
estilo de vida e dados sociodemográficos dos alunos. Os resultados mostraram que alunos sem dificuldades de aprendizagem
relataram maior aceitação pelos pares, apresentaram mais habilidades assertivas e menos problemas de comportamento; além
disso, alunos do sexo masculino relataram maior aceitação pelos
pares e, maior tendência a apresentar dificuldades de aprendizagem do que no sexo feminino13.
Um estudo realizado com 826 alunos teve como objetivo investigar a existência de associação entre elementos atributivos
comuns na literatura e o desempenho acadêmico de alunos da
graduação em ciências contábeis de quatro universidades. Constatou-se que 68% dos alunos que consideram seu desempenho
acadêmico superior o atribuem ao seu próprio esforço, enquanto
menos de 10% o relacionam a causas externas. Daqueles que
avaliaram seu desempenho acadêmico como inferior, quase
24% relacionam esse fracasso a causas externas (família, pro-
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
35
Desempenho acadêmico e qualidade do relacionamento interpessoal de graduandos de enfermagem
vas, colegas e professores)14. Sendo assim, um bom desempenho
acadêmico foi mais atribuído a causas internas, em congruência
ao encontrado no presente estudo em que os participantes não
mostraram relações de dependência com os colegas de classe. Os
relacionamentos interpessoais neste grupo foram entre pessoas
com comportamento e desempenho acadêmico semelhantes.
Uma pesquisa realizada com 207 alunos universitários, sendo
88 do curso de Administração (42,51%) e 119 de cursos da área
da Saúde (57,49%), teve por objetivo identificar a existência ou
não de relação entre a racionalidade das escolhas e o desempenho acadêmico dos discentes. Realizar escolhas racionais consiste
em conferir o mesmo peso a cenários distintos, ou seja, avaliar
uniformemente as probabilidades em situações de ganhos e perdas. O desempenho acadêmico apresentou relação direta com a
racionalidade de escolhas. Os discentes com desempenho acadêmico superior realizaram escolhas mais racionais que os estudantes com desempenho acadêmico inferior, mostrando-se, dessa
forma, menos susceptíveis à influência dos vieses cognitivos15.
Mesmo não agindo de maneira totalmente racional, reconhecer
a forma normativa da racionalidade e influenciar suas próprias
ações, pode ser uma importante habilidade para se adaptar melhor a um contexto e ter menos conflitos interpessoais. Quando
os participantes mencionaram características que o aproximaram
ou o distanciaram de determinados colegas de classe, isso foi
uma forma de racionalizar a escolha e demostrou clareza em relação a aspectos positivos e negativos que podem influenciar no
bem-estar dos relacionamentos.
O bem-estar interpessoal no ambiente de sala de aula pode
ser considerado um desafio do ensino superior, pois dele depende a motivação do aluno para cumprir suas obrigações acadêmicas de forma adequada, prazerosa e cooperativa.
Cabe aos educadores universitários tomarem consciência da
complexa relação entre indivíduo (com seus desejos, angústias e
ideais), educação (conteúdo científico e acadêmico), sociedade
(com seus problemas e desafios)16, bem como, comunicação e
relacionamento interpessoal dentro dos grupos.
A educação tem um papel fundamental que não pode ser
negligenciado: ajudar o indivíduo a compreender o mundo e o
outro, a fim de que cada um compreenda melhor a si mesmo. O
indivíduo define-se em relação ao outro, aos outros e aos vários
grupos a que pertence segundo modalidades dinâmicas. A descoberta da multiplicidade dessas relações leva à busca de valores
comuns e maior aceitação das diferenças17.
nos proximidade, a resposta foi mais variada. Metade dos participantes avaliaram as pessoas com menos proximidade da sala
de aula com bom desempenho, seguido respectivamente pelas
avaliações razoável, ótimo e ruim.
Os alunos apresentaram boa qualidade nos relacionamentos
interpessoais com o colega de sala em relação ao Suporte, Conflito e Profundidade nas relações. Foi valorizado o amigo carismático, simpático, divertido, extrovertido, companheiro, sincero,
com afinidade, empático, comprometido e responsável.
Referências
1.
Antunes C. Relações interpessoais e autoestima: a sala de aula como
um espaço do crescimento integral. 9ª ed. São Paulo: Vozes; 2012.
2.
Silva MJP. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde. 8° ed. São Paulo: Loyola; 2012.
3.
Moscovici F. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. Rio
de Janeiro: José Olympio; 2011.
4.
Carlos J. Definições de relacionamentos interpessoais. Revista Intellectus. 2012;8(20):99-105.
5.
Moscovici F, Crespo AV, Castello FG, Oliveira GA. Análise da adequação
da teoria do relacionamento interpessoal em grupos conduzidos por
enfermeira. 9ª ed. São Paulo: José Olympio; 2003.
6.
Silva MJP. O Papel da comunicação na humanização da atenção à saúde. Rev Bioética. 2002;10(2):73-88.
7.
Neves CIC, Pinheiro MRM. A Qualidade dos relacionamentos interpessoais com os amigos: adaptação e validação do Quality of Relationhips Invetory (QRI) numa amostra de estudantes do ensino superior.
Exedra. 2009;(2):10-31.
8.
Freitas ALP, Rodrigues SG. A avaliação da confiabilidade de questionários: uma análise utilizando o coeficiente alfa de Cronbach. XII SIMPEP
– Bauru-SP; 2005.
9.
Souza LK, Duarte MG. Amizade e bem-estar subjetivo. Psic Teor e Pesq.
2013;29(4):429-36.
10. Cardoso Junior HR, Naldinho TC. A amizade para Foucault: resistências
criativas face ao biopoder. Fractal Rev Psicol. 2009;21(1):43-56.
11. Nascimento TAC, Simões JM. Análise da gestão de conflitos interpessoais nas organizações públicas de ensino profissionalizante em Nova
Iguaçu – RJ. Rege Revista de Gestão. 2011;18(4):585-604.
12. Nascimento EM, Sayed KM. Administração de conflitos. In: Capital humano. Curitiba: Bom Jesus; 2002.
13. Feitosa FB, Matos MG, Prette ZAP, Prette A. Desempenho acadêmico e interpessoal em adolescentes portugueses. Psicologia em Estudo.
2009;14(2): 259-66.
14. Cornachione Junior EB, Cunha JVA, Luca MMM, Ott E. O bom é meu,
Conclusão
De acordo com os resultados obtidos, a percepção do próprio
desempenho acadêmico e dos outros alunos de graduação em
enfermagem parece interferir diretamente na escolha das amizades na sala de aula, pois a aproximação muitas vezes se dá pela
semelhança; entretanto, o desempenho acadêmico não apareceu como um fator primordial na qualidade dos relacionamentos
interpessoais.
Apesar da maioria dos alunos avaliarem como bom tanto seu
próprio desempenho acadêmico quanto o do seu melhor amigo,
na avaliação do desempenho acadêmico das pessoas com me-
o ruim é seu: perspectivas da teoria da atribuição sobre o desempenho
acadêmico de alunos da graduação em Ciências Contábeis. Rev Contab Finanç. 2010;21(53):1-24.
15. Soares HFG, Barbedo CHS. Desempenho acadêmico e a Teoria do Prospecto: estudo empírico sobre comportamento decisório. Rev Adm Contemp. 2013;17(1):64-82.
16. Guindani ER. O ensino universitário na perspectiva da complexidade: uma abordagem moriniana. Revista de Educação PUC-Campinas.
2006;(21):133-40.
17. Delors J. Educação: um tesouro a descobrir? 3ª ed. São Paulo: Cortez;
Brasília: MEC: UNESCO; 1999.
NOTA
* Aluna de graduação em Enfermagem. Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, SP, Brasil. Bolsista PIBIC 2013-2014. E-mail: [email protected]
* Aluna de graduação em Enfermagem. Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, SP, Brasil. E-mail: [email protected]
* Enfermeira. Professora Titular. Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected]
* Enfermeira. Professora Doutora. Universidade Guarulhos, Guarulhos, SP, Brasil. Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, SP, Brasil. E-mail: [email protected]
36
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
37
38
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL IN DERME 2014; 69
39
Download
Study collections